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O ato de escrever: desafios e conquistas no mundo globalizado

“Somos todos escritores. Só que uns escrevem, outros não.”


José Saramago

Profa. Dra. Kátia Aparecida Cruzes


Centro Universitário Fundação Santo André
Universidade Metodista de São Paulo

O ato de escrever tem ganhado, através dos tempos, contribuições inestimáveis.


Tanto é verdade essa afirmação, que já encontramos, desde os textos greco-romanos,
herdados da Antiguidade, assinados por Aristóteles e por Horácio, respectivamente,
assim como medievais, por Longino, e também modernos, com vários exemplos de
autores a serem citados, como veremos a seguir, orientações para aqueles que precisam
deixar, por escrito, os mais variados assuntos que podem ser tratados pelo ser humano.
Não é só o ato de falar que distingue o homem dos outros seres vivos: o ato de
escrever é o que permite a ele não apenas eternizar-se, mas também lhe permite, ao
tratar do universo que o circunda, que ele se eternize junto ao homem. Pensemos num
mundo sem a escrita: como acompanharíamos a evolução do ser humano? O ato de
escrever testemunha a presença do homem na face da terra.
É pensando um pouco no que foi citado, e também na contínua necessidade do
ato de escrever, os desafios que este ato implica e as conquistas advindas de um texto
bem redigido, tudo isso vai produzir algumas das questões que este texto vai abordar. A
primeira delas: escrever é apresentar-se por escrito, é uma assinatura pessoal, e quanta
responsabilidade este ato envolve em relação à pessoa que o pratica. Como devemos
encará-lo quando não houver outra saída?
A primeira recomendação: muita calma nessa hora. Não existe uma receita que
leve alguém a confeccionar um texto perfeito em si mesmo, na primeira tentativa. O ato
de escrever pressupõe paciência e organização das ideias ou informações que a pessoa
tenha em relação àquilo que deverá ser tratado formalmente no papel.
Uma das primeiras lições para quem quer escrever está na seguinte premissa: se
nós temos de escrever, que nós o façamos de uma vez, como nos apresenta a profa.
Edna Barian Perrotti, em seu livro Superdicas para escrever bem (Editora Saraiva).
Trata-se de uma preocupação, da qual todos deveriam se livrar o mais rápido possível: o
ato de escrever deve ser encarado como uma missão a ser cumprida com final honroso.
Por isso, adiar o processo em nada resolve a situação.
Uma questão que veríamos despontar neste receio que o ato de escrever
desperta na grande maioria das pessoas é a crença de que deveríamos apresentar nossas
ideias de forma bem diferente daquela que nós utilizamos nas conversas do dia-a-dia,
pois certamente seremos julgados por aqueles que nos lerem.
Esta sensação de insegurança deve ser evitada: ao tratar de um assunto, partindo
da afirmação de que você tenha o conhecimento necessário a respeito dele, fruto de
leituras e de outras pesquisas elaboradas acerca do tema a ser tratado, é só começar a
escrever. A profa. Edna B. Perrotti, no livro supramencionado, nos ensina um segredo
para o pontapé inicial do ato de escrever: imagine-se apresentando suas ideias para um
amigo que não vai censurá-lo. Com certeza, seus argumentos vão fluir naturalmente,
numa sequência lógica que apresente seu ponto de vista a respeito do dado assunto.
À medida que você for se soltando, parando, quando achar necessário,
retomando o texto, quando convier, relendo-o, organizando as ideias, observando se o
texto está claro e coerente, independente da natureza que ele apresente, seja um artigo
científico, uma monografia, um ensaio, uma dissertação, um relatório, por exemplo,
veja se ele está comunicando sua mensagem de modo persuasivo, fluente e eficiente.
Lembre-se sempre de que escrever bem é uma habilidade que está sendo cada
vez mais exigida nos mais variados setores da vida profissional. A esta habilidade,
soma-se uma outra: a de bem falar. Estudos apontam que estas duas habilidades podem
alavancar um profissional para a conquista do sucesso. Por isso, faça do ato de escrever
uma prática amparada em sua segurança quanto ao conhecimento do assunto que se
espera que você tenha, e da mesma forma a habilidade que se espera para tratá-lo
verbalmente, se for necessário.
Um equívoco muito comum que parece perseguir boa parte daqueles que se
sentem temerosos ou desanimados durante o ato de escrever relaciona-se ao desencontro
das ideias que muitas vezes acontece entre quem está escrevendo e o leitor em potencial
do material a ser confeccionado. O que para nós pode parecer um pensamento claro e
lógico, em nossa mente, transportado literalmente para o papel, costuma, muitas vezes,
não chegar com a mesma clareza e lógica para o leitor. Segundo o prof. Izidoro
Blikstein, em Técnicas de comunicação moderna (Editora Ática), isto se explica pelo
fato de que não existem duas cabeças iguais neste mundo. Como ainda nos revela o
prof. Izidoro Blikstein, “cada mente tem uma organização de idéias que é particular e
própria a cada indivíduo”.
Reconhecido e entendido um dos grandes entraves do ato de escrever, ligado às
diferenças de organização mental de indivíduo para indivíduo, percebemos que nossos
pensamentos não são tão óbvios quanto imaginávamos. Por conta dessa constatação é
que devemos sempre colocar, no papel, com a maior exatidão possível, as nossas ideias,
conceitos, opiniões, por exemplo, para que as outras pessoas possam interagir conosco.
Vejamos o que nos diz a esse respeito o prof. Izidoro Blikstein, na passagem também
retirada do livro supramencionado: “escrever bem é tornar o nosso pensamento
conhecido dos outros, ou, melhor ainda, escrever bem é tornar comum aos outros o
nosso pensamento”. O ato de tornar “comum” o que pensamos para os outros nos
remete à curiosa etimologia, que aproxima os termos “comum”, de “comunicar” e de
“comunicação”.
O ato de escrever está construído sob uma série de elos, todos eles muitos bem
entrelaçados: não bastam apresentar orientações apenas para aqueles que possuem
dificuldades para escrever; cabe, também, orientações para aqueles textos que se
encontram muito bem redigidos e que não estimulam o leitor a manifestar-se a respeito.
Neste caso, precisamos lembrar que o destinatário do texto deve ser estimulado ou
persuadido para que produza uma resposta para quem o escreveu. Estaremos cometendo
uma falta grave se não nos preocuparmos com esta motivação que também compete a
nós. Devemos ter a preocupação em atrair a simpatia de nossos leitores.
É uma atitude prudente aquela em que o responsável pelo texto indague se o
leitor do material está convencido ou persuadido da necessidade de produzir a resposta
que a ele foi solicitada. Daí a necessidade de que nos textos haja alguns elementos
persuasivos “que suavizem a transmissão dos nossos pensamentos e provoquem a
simpatia dos nossos leitores, isto é, dos indivíduos a quem solicitamos uma resposta”,
como nos apresenta o prof. Izidoro Blikstein. Por isso é que o texto, durante o processo
de elaboração, deve ter uma linguagem “agradável, suave e persuasiva” (prof. Izidoro
Blikstein). Se quisermos escrever bem, devemos ter nossa atenção voltada para as três
funções básicas, também apresentadas pelo prof. Izidoro Blikstein: produzir resposta
para o leitor; tornar comum a mensagem entre nós e este leitor e persuadi-lo por meio de
uma linguagem suave e agradável que o levará a nos responder.
Todos os cuidados para a elaboração do texto, até então apresentados, vão estar
associados, agora, a um outro ponto extremamente fundamental: a ordenação das ideias
que vai garantir a clareza da comunicação escrita.
Exprimir o pensamento de forma clara e objetiva, no plano escrito, é uma arte
que também tem estrutura própria. Se nós queremos, ou pretendemos, ou devemos nos
manifestar por meio escrito, o primeiro passo para ordenar as ideias é o de fazer a
previsão do que vai ser exposto.
A previsão está intimamente relacionada com a reflexão que precisamos ter
acerca do assunto que vamos tratar. Ninguém conhece melhor o assunto do que nós
mesmos, e ter essa segurança é fundamental. Por isso é que devemos partir da reflexão
para a formulação do plano, que vai apresentar a ordem em que se dará o
desenvolvimento do assunto.
Devemos entender o plano como o ponto de partida, que vai apresentar o que se
quer dizer, já pressupondo o ponto de chegada, em que haverá a conclusão daquilo que
foi dito, como nos diz Edivaldo Boaventura, no livro Como ordenar as ideias (Editora
Ática). Entre estes dois momentos, vamos encontrar as etapas do processo de
composição dos argumentos acerca do assunto. Podemos, portanto, entender o plano
como uma divisão das etapas do ato de escrever que vai permitir, por meio da clareza e
objetividade, conhecer, ou mesmo apresentar, um assunto a um leitor, a um destinatário.
Existem vários estudiosos da arte de escrever que apresentam observações
curiosas acerca dela. É o caso de Jean Guitton, na obra Le travail intellectuel; conseils à
ceux qui étudient et à ceux qui écrivent. Segundo o estudioso francês, “toda a arte de se
expressar consiste em dizer a mesma coisa três vezes. Anuncia-se; desenvolve-se;
finalmente, resume-se em poucas palavras”. Os franceses são famosíssimos no que diz
respeito à arte de exprimir os pensamentos de forma ordenada. Para eles, é uma questão
de método a ser adotado. Daí a importância da elaboração do plano, como será
mencionado a seguir.
Tudo aquilo que devemos dizer, deveríamos saber esquematizá-lo. Trata-se de
uma forma de disciplinar nosso raciocínio, até mesmo nossas atitudes. O correto era
haver plano para todas as coisas. Edivaldo Boaventura, na obra supramencionada,
defende este argumento. Segundo ele, é só olharmos para o exercício de várias
profissões ou mesmo de funções administrativas: sem um plano, pode faltar estratégia
em relação a atitudes a serem adotadas. Em havendo a elaboração de um plano, é
possível antever o que se pretende alcançar.
Em termos de comunicação, o plano permite que o pensamento seja expresso
com maior eficácia. Como nos assegura Edivaldo Boaventura, na obra já mencionada,
“Sem estabelecer um plano sobre o que se vai escrever, as dificuldades depressa
começam a surgir. Sem plano, há o risco de se perder sem se aprofundar em nenhum
aspecto e pode-se acabar por fazer um trabalho superficial”. Por esse motivo é que uma
das primeiras recomendações para quem vai escrever é a elaboração de um plano que
trará clareza à exposição.
Se queremos ser entendidos, sem que haja desgaste no ato da comunicação,
certamente reconheceremos a utilidade do plano. Sem ele, o risco de nos tornarmos
repetitivos é grande. Assim, devemos primeiro pensar para depois expressar, sem causar
danos ao ato de comunicação.
Um dos grandes obstáculos para a plena realização da arte de escrever encontra-
se na falta do hábito de disciplinar a mente. Se houvesse essa prática, certamente as
pessoas entenderiam parte do processo do ato de escrever: todos entenderiam que para
comunicar o que pensamos, de modo ordenado, estaríamos coroando, com êxito, o
procedimento de lidar com a lógica das coisas.
Falta-nos entender que a trilha inicial para o ato da escrita está no exercício
contínuo de arrumar o nosso pensamento acerca de fatos e ideias que nos cercam como
uma das justificativas para entendermos a importância do que seja a clareza buscada
num texto. Trata-se de um procedimento que tem de ser praticado rotineiramente, e não
apenas quando nos sentamos diante do papel ou do computador. Se não pararmos, de
vez em quando, para arrumarmos nossos pensamentos, ficará cada vez mais difícil o ato
de escrever.
Falamos, há pouco, a respeito da maneira de arranjar o assunto antes de
apresentá-lo por escrito. Quais seriam as bases necessárias para estruturar o nosso
pensamento?
Temos de estabelecer as indicações para a elaboração do plano que resultará no
texto final. Quando mencionamos “elaboração de plano”, estamos pensando na
exposição mental, pronta, do assunto a ser tratado, sem a haver sequer iniciado na
prática. O conhecimento acerca do assunto a ser tratado e a segurança advinda deste
conhecimento, já citados, e necessários, agora, nesta organização mental, são elementos
imprescindíveis a quem deve ou quer escrever.
Uma vez feito o plano, mentalmente, está pronta a estrutura daquilo que se
pretende tratar. Elaborar o plano é prever o que será apresentado ao leitor. Devemos
entender que a construção do plano pressupõe encontrar as combinações e ligações que
o tema certamente possui. A paciência nesta fase do processo, como já foi mencionada
no início do texto, é um dos grandes segredos, pois fazer e refazer o esquema, riscá-lo,
rasgá-lo, até encontrarmos a forma adequada que apresente o que queremos dizer, de tal
maneira que seja claramente compreendido pelo leitor do texto, é um processo lento e
trabalhoso.
Edivaldo Boaventura, no livro Como ordenar as ideias, nos alerta que durante o
processo acerca da previsão do que se deseja apresentar por escrito, são observados
pontos que devem ser definidos no início; outros que devem ser melhor detalhados no
desenvolvimento da exposição e alguma coisa que deve ser dita para concluir o texto.
Pensando dessa forma, todo o raciocínio que o assunto a ser tratado exigir, estará
apresentado de forma harmônica e ficará perfeito se ele estiver estruturado entre as três
partes fundamentais que nos lembram do esquema da dissertação: introdução,
desenvolvimento do assunto e a conclusão.
Seguindo o raciocínio de Edivaldo Boaventura, a introdução é a porta de entrada
para a apresentação do que será tratado: é nela que vamos anunciar o assunto, colocar o
tema que iremos desenvolver.
Na sequência, temos de desenvolver o tema por partes. Como nos diz o próprio
Edivaldo Boaventura, “A reflexão inicial forneceu os aspectos principais e, ao se firmar
neles, deve-se construir as partes da comunicação”.
Por fim, devemos apresentar nosso ponto de vista acerca de tudo o que foi dito.
O correto é fazermos um resumo do que foi exposto, em poucas palavras, e apresentar,
ou não, dependendo das circunstâncias, a nossa opinião. Esta é a conclusão.
Um outro ingrediente, essencial, para o ato de escrever, apresenta-se como o
reverso da moeda: qual a relação da leitura com a escrita?
Como bem lembra a profa. Edna M. Bariam Perrotti, no livro Superdicas para
escrever bem, já mencionado:
Leitura e escrita são processos relacionados. Ninguém escreve sobre o que não conhece, ainda
que domine as técnicas de escrever bem. O inverso também é verdadeiro: por mais que alguém conheça
um determinado assunto, terá dificuldade em se expressar se não dominar alguns princípios básicos de
redação. (PERROTTI, 2006: p.17)

O ato de ler, segundo ela, nos fornece uma série de dados que serão utilizados
em vários procedimentos ligados ao nosso intelecto: atualização e aprofundamento de
conhecimento; desenvolvimento de nosso espírito crítico; ensinamento quanto ao
respeito que devemos ter por pontos de vistas diferentes dos nossos; conhecimento de
outros estilos de escrita.
Existem inúmeras formas agradáveis de aquisição de leitura, como lembra a
profa. Edna Perrotti: jornais, revistas em geral ou específicas de alguma profissão, bons
autores nacionais e estrangeiros, assuntos disponíveis na internet. Para garantir uma boa
assimilação do conteúdo, é imprescindível que sejam estabelecidas algumas estratégias
quando finalizamos uma leitura. Vamos a algumas delas, sugeridas por ela, na obra já
mencionada:
• Quais são os objetivos do autor?
• Quais as informações mais importantes?
• Que informação nova está transmitindo?
• Tem algum ponto de vista especial?
• Induz o leitor a tomar algum posicionamento?
• É possível aplicar o que propõe?

Em muitos casos, a influência que a leitura exerce sobre as pessoas pode ser
apreendida na forma de escrever. Certos estilos adotados por autores podem ser
utilizados como fonte inspiradora para muitos escritores “anônimos”, iniciantes
que, a seu tempo, acabam criando seu próprio estilo.
É importante que o texto, produto final, tenha alcançado o objetivo esperado,
como também nos apresenta a profa. Edna Perrotti:
• Situar o leitor;
• Ter uma intenção (explícita ou implícita);
• Transmitir informações;
• Relacionar-se com outros textos;
• Ser coerente;
• Apresentar coesão (ligação) entre as partes;
• Ter aceitabolidade.

Depois de serem apresentadas e analisadas circunstâncias que envolvem o ato de


escrever, soma-se a ele também, a responsabilidade daquele que vai deixá-lo por escrito:
pede-se que o autor do texto seja criativo, de tal maneira que evite utilizar o recurso do
“cortar” e “colar”, técnica amplamente praticada em várias situações, principalmente na
vida acadêmica. Este recurso pode comprometer a idoneidade da pessoa que o utiliza,
levando-o à acusação de plágio, e criando um mal estar geral, comprometendo até
mesmo a carreira acadêmica e as possíveis contribuições que o texto poderia oferecer.
Não devemos esquecer que a informática proporciona uma série de recursos
facilitadores para agilizar e garantir a qualidade do texto, oferecendo meios para o ato
de escrever e que devem ser utilizados. É o caso do recurso dos hipertextos, que
certamente devem ser bem explorados, pois melhoram a qualidade do texto. Utilizados
corretamente, o texto, e em particular, o conteúdo, certamente ganharão em qualidade.
Dessa maneira, podemos perceber que o caminho para a arte de escrever não é
complicado: ele requer disciplina, planejamento, estrutura clara e objetiva. O mundo
globalizado aposta nas pessoas que seguem estes princípios para delegarem a elas as
funções que certamente envolverão muita responsabilidade.

Referências:

BLIKSTEIN, Izidoro. Técnicas de comunicação escrita. 15 ed. São Paulo:Ática,


1997.
BOAVENTURA, Edivaldo. Como ordenar as idéias. 5 ed. São Paulo: Ática,
1997.
GUITTON, Jean. Lê travail intellectuel: conseils à ceux qui étudient et à ceux
qui écrivent. Paris: Aubier/ Montaigne, 1951.
PERROTTI, Edna M. Barian. Superdicas para escrever bem. São Paulo:
Saraiva, 2006.

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