preocupações sociais
Resumo
Abstract
This article aims to reflect on graphic design and its relationship to society,
through the practice of a few graphic designers whose work is related to
social change, from the 60´s to nowadays. Possible causes of graphic
design’s current social apathy are discussed too.
At the conclusions a few questions are raised, aiming to stimulate graphic
designers who will exercise good citizenship.
O Design revisitado
Os anos 80 foram marcados pela evolução dos micro-processadores,
que tornou os computadores menores e mais acessíveis. Alguns designers,
como Zuzana Licko e Rudy Vanderlans, começavam a desvendar as reais
possibilidades que os computadores Macintosh, lançados pela Apple no
início desta década, proporcionariam ao design gráfico. De fato haveria
mudanças técnicas que reduziriam o processo de produção e impressão,
e o simplificariam (extinguindo classes profissionais especializadas
inteiras), tornando-o mais barato, mas que também atribuiriam novas
responsabilidades aos designers.
Ao mesmo tempo, uma nova ordem estética surgiu e tomou força ao
Neutralidade e Apatia
Desde que se estabelecera no mundo corporativo décadas atrás, alguns
conceitos predominaram no ensino e na prática do design, defendendo uma
abordagem “neutra” e profissional. Por tais termos, subentendia-se deixar
de lado quaisquers abordagens pessoais. A docente do Illinois Institute of
Technology’s Institute of Design, e também designer, Katherine McCoy,
mostra-se cética quanto a esta abordagem:
“A implicação da palavra profissional é o indicativo do problema
aqui. Quão freqüentemente escutamos, ‘Aja como um profissional’,
ou ‘Eu sou um profissional, posso cuidar disso’. Ser um profissional
significa pôr de lado as reações pessoais independente da situação e
seguir em frente. Prostitutas, praticantes da ‘mais antiga profissão do
mundo’, devem manter um extremo de fria objetividade, sobre a mais
íntima das atividades humanas, disciplinando suas reações para dar um
produto a seus clientes consistente e imparcial”. (McCoy, 1997).
Assim, a idéia de que o designer deveria responder incondicionalmente
ao cliente, ajudou a criar, junto com o já comentado quadro de mudanças
pelas quais o design gráfico passou desde a década de 80, uma mentalidade
que, em geral, cristalizou uma atuação mais ativa do designer frente à
realidade que o circunda – que inclui também, além do cliente, o seu
Outros Rumos
Um dos designers mais reconhecidos por seu lado politizado no mundo
contemporâneo é Jonathan Barnbrook, da Inglaterra. Seu campo de trabalho
é amplo. Inclui livros, identidade corporativa, filmes, fontes e editorial. É
nesses dois últimos que o design de Barnbrook mais se destaca.
A série “9 de setembro” foi feita logo após o atentado que resultou na
queda das torres do World Trade Center, em Nova York, em 2001, e foi
publicada em várias revistas. Numa das páginas, o desenho de um avião
Conclusões
Os designers e grupos citados formam um breve painel e mostram
a diversidade da atuação do design gráfico com preocupações sociais e
políticas. Há o trabalho gráfico desenvolvido dentro das Ong´s, como o
do Wild Plakken; outros, como os de Barnbrook e Taku Satoh, se inserem
(Footnotes)
1
Agradeço à Dra. Belkis Trench, que coordenou o Projeto Ondas, no
qual fui bolsista TT3-FAPESP entre 2002 e 2004, com quem aprendi
muito sobre o universo da pesquisa.
2
O termo “design gráfico social” freqüentemente é usado para
designar trabalhos com preocupação social/política, o que é um pouco
redundante, uma vez que todo trabalho se depara, essencialmente, com o
campo político e social.
3
Não se deve esquecer também que foi nessa década que o designer foi
elevado à condição de celebridade, da qual David Carson é o principal
representante.
4
O manifesto foi assinado por profissionais da área bastante
reconhecidos internacionalmente, como Jonathan Barnbrook, Katherine
McCoy, Tibor Kalman, Zuzana Licko e Erik Spikerman, e reimpresso e
traduzido por diversas revistas ao redor do mundo no ano 2000.
5
No Brasil, não é difícil associar a esta questão a regulamentação da
profissão de designer gráfico, que, apesar de há anos chancelada pelo
primeiro curso superior de desenho industrial na ESDI, em 1962, ainda
hoje patina em seu reconhecimento.
6
Alguns nomes das fontes de Barnbrook são “homenagens”: Bastard,
Nixon e Drone.
7
No projeto da revista Design, da Coréia do Sul, Barnbrook fez severas
críticas ao regime ditatorial na Coréia do Norte; Na Adbusters, também
realizou o número especial “Designer´s Anarchy issue”.
8
A produção do sticker é bastante variada: de ilustrações coladas em
papel Contact à impressões de serigrafia em papel adesivo.
9
Mesmo nos Estados Unidos, houve críticas questionando o conceito do
consumismo como algo negativo (MacDonald, 2000).