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Aqui e agora

Nordeste já sente os efeitos do aquecimento global. Para enfrentar os cenários sombrios


projetados, é preciso romper com o paradigma da agricultura de subsistência e explorar
energias renováveis na região, avalia especialista do Inpe.

Por: Bernardo Esteves

Publicado em 27/07/2010 | Atualizado em 19/11/2010

Seca no Nordeste: previsão mais pessimista é que a região possa ficar até 4ºC mais
quente e ter 20% menos chuvas até 2100 (foto: Angela Meurer – CC BY-NC-SA 2.0).

O semi-árido nordestino é a região brasileira mais vulnerável aos impactos das


mudanças climáticas. Mas não será preciso aguardar algumas décadas para a população
local sentir na pele os efeitos do aquecimento global: esses impactos já são palpáveis
hoje, de acordo com o meteorologista Paulo Nobre, pesquisador do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Em conferência na manhã de segunda-feira durante a reunião anual da SBPC, que


acontece esta semana em Natal, Nobre apresentou dados que caracterizam o impacto
das mudanças climáticas no Nordeste brasileiro. O pesquisador do Inpe esboçou
também algumas ações que, segundo ele, permitiriam à população local se adaptar a um
futuro mais quente aproveitando ao máximo seus recursos naturais de forma
sustentável.

A frequência das chuvas intensas praticamente triplicou entre 1964 e 2010 na Zona da
Mata e no litoral pernambucanos

Os números mostrados por Nobre são alarmantes. Eles mostram, por exemplo, que a
média mensal da temperatura máxima registrada em Vitória de Santo Antão, na Zona da
Mata de Pernambuco, aumentou 3,5ºC entre 1960 e 2005.

Outro indicador preocupante é a frequência das chuvas intensas, com mais de 100 mm
em um período de 24 horas: as precipitações desse tipo praticamente triplicaram entre
1964 e 2010 na Zona da Mata e no litoral daquele estado.
As projeções para o futuro são desanimadoras. No cenário pessimista, o Nordeste ficará
de 2 a 4ºC mais quente, e as chuvas terão redução de 15% a 20% até o fim do século.
Na hipótese otimista, o termômetro subirá de 1 a 3ºC, e as precipitações terão redução
de 10 a 15%, segundo dados apresentados por Paulo (que é irmão de Carlos Nobre,
também meteorologista do Inpe).

O parque eólico de Rio do Fogo, no Rio Grande do Norte. O meterologista


Paulo Nobre defende que o Nordeste invista naquilo que tem tem de mais
abundante: Sol e vento (foto: Danish Wind Industry Association – CC BY-NC
2.0).

Mudança de paradigma necessária

Para fazer frente a essa perspectiva assustadora, Paulo Nobre diz que é preciso romper
com o paradigma agrícola predominante no Nordeste. “A agricultura de subsistência no
semi-árido será inviável no futuro”, estima.

“A agricultura de subsistência no semi-árido será inviável no futuro”

Ele defende que os agricultores abram mão de lavouras pouco adaptadas ao clima local,
como o milho. “Quem planta milho terá toda a chuva de uma estação em um único dia”,
prevê. “Ao plantador só restará chorar, porque o milho requer uma distribuição regular
de precipitações.”

Em vez de apostar em atividades econômicas baseadas na disponibilidade da água – um


bem que deve escassear ainda mais no futuro –, Nobre defende que o Nordeste invista
naquilo que a região tem de mais abundante: Sol e vento.

Segundo dados apresentados por ele na conferência, o Nordeste é a região brasileira


com maior potencial de geração de energia eólica (144,3 gigawatts) e solar (5,9
kilowatt-hora por metro quadrado). “Quem investir em usinas de geração de energia
elétrica com painéis solares vai sorrir quando vier a seca”, aposta o meteorologista.

“Quem investir em usinas de geração de energia elétrica com painéis solares vai sorrir
quando vier a seca”
Paralelamente ao investimento em energias renováveis, Nobre defende a criação de
programas de recuperação da mata ciliar nas margens dos rios locais e da caatinga
degradada – ações que garantiriam emprego para a população e protegeriam o meio
ambiente.

“A recuperação da vegetação nativa é uma das formas mais eficazes de mitigação dos
efeitos do aquecimento global”, justifica.

O cultivo de frutas que requerem pouca água para crescer e têm alto valor de mercado
também seria uma aposta adequada à realidade climática do Nordeste, diz o pesquisador
do Inpe.

Mas para que se consiga tudo isso, pondera, é fundamental colocar todas as crianças e
jovens na escola: “Temos de abandonar a visão de que o Nordeste é pobre porque não
tem água, e para isso é preciso que haja educação de qualidade para todos.”

Parque de energia eólica no Nordeste


por Thaís Fernandes — última modificação 26/07/2010 18:59

O parque eólico de Rio do Fogo, no Rio Grande do Norte. O meterologista Paulo Nobre
defende que o Nordeste invista naquilo que tem tem de mais abundante: Sol e vento
(foto: Danish Wind Industry Association – CC BY-NC 2.0).

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