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RESUMO DA TEORIA

MINISTRADA EM
CLASSE

2009.2

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Caro Aluno

Compartilhando com o que será mencionado a seguir, por Brunetti,


ao longo desses anos em classe verifiquei um maior aproveitamento
dos meus alunos quando mostrava as aplicações mais simples, mais
mensuráveis, exemplos em que os mesmos conseguissem visualizar
os fenômenos e começassem a perceber como esta disciplina faz
parte do nosso dia a dia, em todas as áreas em que tenhamos
presente “um fluido”. É uma disciplina apaixonante quando a ela nos
dedicamos e buscamos enxergar através não só de uma aula de uma
apostila ou mesmo de um livro, mas quando a enxergamos como
engenheiros que somos.
Logo, a idéia desta apostila é auxiliar seus estudos ligados a
Fenômenos de Transporte, o que implica dizer que ela não
substituirá nem a bibliografia recomendada e nem tão pouco as
aulas de seu curso.
A proposta é que você assuma o volante de sua aprendizagem,
ou seja, você se ensine, já que meu papel será simplesmente de
apoio para que isto aconteça.

Bom aprendizado.

Solange Maria Ribeiro de Assis

2
PREFÁCIO

Vivemos cercados de fluídos.

A Água que sai pela torneira; o ar que respiramos, que também sustenta
o avião e, ao mesmo tempo, cria uma resistência ao seu movimento; o óleo
que lubrifica os mecanismos; o bocal da mangueira de jardim, que provoca
uma alta velocidade do jato de água na saída, são, entre outros, fenômenos
que observamos ou dos quais participamos diariamente.

Ao observar o comportamento dos fluidos, verifica-se que é repetitivo o


que permite concluir que deve ser comandado por leis físicas.

Cabe ao cientista pesquisador estudar os fenômenos, compreendê-los,


descobrir as variáveis envolvidas e arranja-las em modelos matemáticos
cada vez mais precisos e completos.

É vocação do engenheiro se valer do conhecimento das leis que regem


o comportamento dos fluidos para tirar proveito deles e fazer acontecer o
que se deseja para o progresso e o conforto da humanidade.

Devido ao grande número de variáveis que influem em cada fenômeno,


os modelos matemáticos tornam-se complexos para a compreensão e o seu
manuseio. Entretanto, em muitas aplicações da engenharia, algumas
dessas variáveis e alguns efeitos são de importância secundaria, permitindo
a simplificação das equações para a solução da maioria dos problemas
práticos.

Assim, por exemplo, ao considerar o regime permanente, mesmo que


seja em media, elimina-se a variável tempo, o que simplifica a solução dos
problemas, já que o resultado será o mesmo em qualquer instante.

Ao desprezar o atrito (efeitos tangenciais), a compreensão de alguns


fenômenos torna-se qualitativamente mais fácil.

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Desprezando-se a variação da massa especifica ou densidade como no
caso dos líquidos, o manuseio dos modelos fica muito mais simples.

Assim, partindo de modelos matemáticos complexos, ao impor


simplificações validas para obter resultados razoáveis em muitos problemas,
pode-se chegar a equações mais amenas e compreensíveis para a
aplicação pratica.

A pratica de ensino, ao longo de muitos anos, mostrou-nos que o


caminho inverso parece ser o mais proveitoso para o aprendizado.

Com o conhecimento do conteúdo podem-se acompanhar facilmente


outras disciplinas profissionalizantes de um curso de engenharia ou resolver
inúmeros problemas da vida profissional.

Citado pelo Prof Eng Franco Brunetti no seu livro Mecânica dos
Fluídos.

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1 - INTRODUCÃO
Sumário
1 - INTRODUCÃO 06
1.1 – Definição de um Fluido 09
12 – Equações Básicas 11
1.3 – Métodos de Análise 11
1.4 - Lei do Movimento 12
1.5 – Dimensões e Sistemas de Unidades 12
1.6 – Propriedades dos Fluidos 16

2 - ESTÁTICA DOS FLUIDOS


2.1 - Definição 24
2.2 - Pressão em um ponto 24
2.3 - Equação básica da estática dos fluidos 25
2.4 - Pressões Instrumentais e absolutas 28
2.5 -Manômetros 30

3. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
3.1 - O Fluido como um continuo 37
3.2 - Campo de velocidade 37
3.3 - Campo de tensões 40
3.4 - Tensão em um ponto 41
3.5 - Fluido Newtoniano: Viscosidade 43
3.6 - Descrição e classificação dos escoamentos de fluidos 46
3.7 - Propriedades do Transporte Molecular 50

4. ANÁLISE DIMENSIONAL E SEMELHANÇA DINÂMICA


4.1- Introdução 53
4.1- Teorema de Buckinghan 56

5. DINÂMICA DOS FLUÍDOS 63


5.1 - Principio de conservação de massa - Equação da continuidade 64
5.2 - Equação da quantidade de movimento - Equação de Bernoulli 66
5.3 - Equação de Euler 69
5.4 - Teorema de Torricelli 69

6 - ESCOAMENTO VISCOSO INCOMPRESSIVEL


6.1- Movimento Laminar e Turbulento 71
6.2 - Perda de Carga Normal 72
6.3 - Perda da Carga Localizada 74

7 - PROBLEMAS SIMPLES DE ESCOAMENTO EM TUBOS 77

8 - ASSOCIAÇÕES DE TUBULAÇÕES 79

9 - BIBLIOGRAFIA 82
5
FENÔMENOS DE TRANSPORTE:
Estuda o transporte de quantidade de movimento (ou momentum),
transporte de calor e transporte de massa.

MECÂNICA:
É a ciência que estuda o equilíbrio e o movimento dos corpos sólidos,
líquidos e gasosos, bem como as causas que provocam este movimento.

MECÂNICA DOS FLUIDOS:


A mecânica dos fluidos é a ciência que estuda o comportamento físico
dos fluídos, assim como as leis que regem esse comportamento, tanto com
o fluido em repouso como em movimento.
São denominados fluidos os líquidos e gases.
Quando temos um fluido como meio atuante em algum sistema, o
conhecimento e desenvolvimento dos princípios básicos da mecânica dos
fluidos se fazem necessário.
A mecânica dos fluídos tem dois ramos importantes no estudo das
operações básicas:
 A estática dos fluídos: estuda os fluídos em estado de equilíbrio em
ausência de esforços cortantes.
 A dinâmica dos fluídos: estuda os fluídos em movimento sujeitos a
tensões cisalhantes.
Na estática dos fluídos, o PESO ESPECÍFICO é a propriedade mais
importante, ao passo que no escoamento de fluídos, a MASSA
ESPECÍFICA e a VISCOSIDADE são propriedades predominantes.
Onde ocorre apreciável compressibilidade, princípios da
termodinâmica devem ser considerados.

CAMPO DA MECÃNICA DOS FLUIDOS


As bases lançadas pela mecânica dos fluidos são fundamentais para
muitos ramos de aplicação da engenharia. Este amplo campo tem chegado
a incluir muitas áreas extremamente especializadas como, por exemplo:
 O estudo do comportamento de um furacão
 Os esforços em barragens
 Lubrificação
 Os corpos flutuantes
 As maquinas hidráulicas e de grande efeito

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 Pistas inclinadas e verticais para decolagem
 Ventilação
 O fluxo de água através de canais e condutos
 As ondas de pressão produzidas na explosão de uma bomba
 As características aerodinâmicas de um avião supersônico.
 As asas de aviões para vôos subsônicos e supersônicos
 Cascos de barcos, navios e aerobarcos.
 Projeto para fogos de artifício.
 Projetos de submarinos e automóveis
Uma das perguntas mais comuns nos cursos de Engenharia é: Por que
estudar Mecânica dos Fluidos?
Como se podem observar, pelo exposto, poucos são os ramos da
engenharia que escapam totalmente do conhecimento dessa ciência que se
torna assim, uma das de maior importância entre as que devem fazer parte
dos conhecimentos básicos do engenheiro.

Aplicações:
Transportes:
- Recentemente as industriais de automóvel têm dado maior importância
ainda ao projeto aerodinâmico. Esta importância também tem sido verificada
no projeto de carros e barcos de corrida.
- Projeto de sistemas de propulsão para vôos espaciais. Exemplo
mostrado na figura 1 - um foguetão espacial possui uma grande quantidade
de energia química (no combustível) pronta a ser utilizada enquanto espera
na rampa. Quando o combustível é queimado, esta energia é transformada
em calor, uma forma de energia cinética. Os gases de escape produzidos
impelem o foguetão cima.
-

Figura 1 Figura 2

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- Na figura 2 temos o exemplo de uma velha locomotiva a vapor que
transforma energia química em energia cinética. A queima de madeira ou
carvão na caldeira é uma reação química que produz calor, obtendo vapor que
dá energia à locomotiva.

Figura 3

Figura 3 Figura 4
- A Espiral é provocada por um avião a decolar, visível pelo impacto do
ar, que desliza das suas asas, com um corante gasoso expelido do chão é visto
na figura 3.
- O desastre da ponte de Tacoma ocorrido há alguns anos atrás
evidencia as possíveis conseqüências que ocorrem, quando os princípios
básicos da mecânica dos fluidos são negligenciados – figura 4.

Engenharia:
- Estes mesmos princípios são utilizados em modelos para determinação
das forças aerodinâmicas devidas às correntes de ar em torno de edifícios e
estruturas. Ex : vibração de um edifício durante um terremoto

- O projeto de todo o tipo de maquinas de fluxo incluindo bombas,


separadores, compressores e turbinas requer claramente o conhecimento
de Mecânica dos Fluidos.
- Lubrificação, sistemas de aquecimento e refrigeração para residências
particulares e grandes edifícios comerciais, sistemas de ventilação em
túneis e o projeto de sistemas de tubulação para transporte de fluidos
requer também o conhecimento da mecânica dos Fluidos.
Medicina:
- O sistema de circulação do sangue no corpo humano é
essencialmente um sistema de transporte de fluido e como conseqüência o
projeto de corações e pulmões artificiais são baseados nos princípios da
mecânica dos fluidos.
Recreação:
- O posicionamento da vela de um barco para obter maior rendimento
com o vento.

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- A forma e superfície da bola de golfe para um melhor desempenho são
ditadas pelos referidos princípios.
Esta lista poderia ser acrescida, mas ela por si só já comprova que a
mecânica dos fluidos não é de interesse puramente acadêmico, mas sim
uma ciência de enorme importância para as experiências do dia a dia e para
a moderna tecnologia.
Claro está que iremos estudar em detalhes apenas uma pequena
porcentagem destes problemas. Não obstante, estudaremos as leis básicas
e os conceitos físicos associados, que serão a base, ou seja, o ponto de
partida para a analise de qualquer problema em Mecânica dos Fluidos.
IMPORTÂNCIA:
Nos problemas mais importantes, tais como:
 Produção de energia
 Produção e Conservação de Alimentos
 Obtenção de água potável
 Poluição
 Processamento de Minérios
 Desenvolvimento industrial
 Aplicações da Engenharia à Medicina

Sempre aparecem cálculos de:


 Perda de carga
 Forças de arraste
 Trocas de calor
 Troca de substancia entre fases.
Desta forma, torna-se importante o conhecimento global das leis tratadas
no que se denomina Fenômenos de Transporte.

1.1- DEFINICÃO DE UM FLUIDO:

São substâncias que podem escoar movendo as partículas e


mudando a posição relativa, sem desintegração da massa, não oferecendo
praticamente resistência à deformação e se adaptando às formas dos
recipientes que os contém.
É também definido como uma substancia que se deforma
continuamente sob a aplicação de uma tensão de cisalhamento (tangencial),
por menor que seja esta tensão.

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Seja um sólido preso entre duas placas planas, uma inferior fixa e uma
superior submetida a uma força tangencial Ft (na direção do plano da
placa) como mostrado na figura (a).
Mantida a Ft constante, nota-se que o sólido se deforma angularmente
até alcançar uma nova posição de equilíbrio estático.
Nessa posição as tensões internas equilibram a força externa aplicada e
somente uma variação da força Ft faria com que houvesse uma
modificação da nova configuração do sólido.
Pode-se dizer, então que um sólido submetido a uma força tangencial
constante, deforma-se angularmente, mas atinge uma nova configuração
de equilíbrio estático.
Nesta nova configuração, o sólido atinge o seu limite elástico e a
deformação é diretamente proporcional à tensão de cisalhamento τ .
F
τ= (A = área da superfície em contato com a placa)
A
Na experiência descrita na figura (b) é colocado um fluido entre as duas
placas. Sendo a placa inferior fixa e a superior móvel, ao se aplicar a força
tangencial Ft na placa superior, esta irá se deslocar.
A primeira observação importante nessa experiência é que pontos
correspondentes do fluido e da placa continuam em correspondência
durante o movimento; assim, se a placa superior adquire uma velocidade v,
os pontos do fluido em contato com ela terão a mesma velocidade v, e os
pontos do fluido em contato com a placa fixa ficarão parados junto dela. Tal
observação conduz ao chamado principio da aderência: Os pontos de um
fluido, em contato com uma superfície sólida, aderem aos pontos dela, com
os quais estão em contato.
Então, o que se observa é que o volume do fluido, sob a ação da força
Ft , deforma-se continuamente, não alcançando uma nova posição de
equilíbrio estático, supondo-se as placas de comprimento infinito.
A uma determinada temperatura e pressão, um fluído possui uma
densidade definida. Com a densidade de um fluído depende da temperatura
e da pressão, a variação da densidade ao modificar estas condições pode
ser grande ou pequena.
Se a densidade varia pouco com variações moderadas de temperatura
e pressão o fluído se denomina incompressível.

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Se a densidade varia consideravelmente com relação à pressão e
temperatura, o fluído recebe o nome de compressível.
Os fluídos podem ser ainda divididos em:
• LÍQUIDOS: são praticamente incompressíveis; ocupam
volumes definidos e tem superfícies livres.
• GASES: são compressíveis, e uma dada massa de gás
expande-se até ocupar todas as partes do recipiente em que está contida.

1. 2 - EQUACÕES BASICAS
Uma análise de qualquer problema de mecânica dos fluidos começa
necessariamente direta ou indiretamente, pela enunciação das leis básicas
que regem a movimentação dos fluidos. Estas leis, independente da
natureza de um fluido em particular, são:

1. Lei de Conservação de Massa - Equação da continuidade


2. A Segunda Lei de Newton sobre o movimento - Equação da
quantidade de movimento.
3. A Primeira e a Segunda Lei da Termodinâmica – Equação de
energia.

1. 3 - MÉTODOS DE ANÁLISE:
As leis básicas que aplicamos em nosso estudo de mecânica dos fluidos
podem ser formuladas em termos de:
 Sistemas infinitesimais ou finitos
 Volumes de controle
Sistema é definido como uma quantidade fixa de massa, distinta do meio e
dele separada através de suas fronteiras.
 Sistemas finitos – equações globais (comportamento macroscópico
do escoamento).
 Sistemas infinitesimais – equações na forma diferencial (fornece
condições para determinar o comportamento detalhado, ponto a ponto, do
escoamento).
Fronteira é uma superfície fechada que pode variar com o tempo, desde
que contenha sempre a mesma massa, qualquer que seja a transformação.
Volume de Controle refere-se a uma região do espaço escolhida
arbitrariamente para facilitar a resolução e análise de um problema.

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1. 4 - LEI DO MOVIMENTO:
A lei fundamental da mecânica é uma das leis realmente básica da
engenharia; é a correlação de Newton entre a força e a quantidade de
movimento que pode ser expressa da seguinte maneira:
F α d (mv)
dt m = massa do corpo
v = velocidade do corpo
F = somatório de todas as forças que atuam sobre o corpo
mv = quantidade de movimento
F α m dv + v dm
dt dt
Como m é sempre constante para velocidades diferentes da velocidade
da luz no vácuo:
V dm = 0 Fα m dv como dv = a
dt dt dt
F = kma ∴ k = 1/gc, logo:
gc → fator de conversão da lei de Newton

ma
F =
gc

1. 5 - DIMENSÕES E SISTEMAS DE UNIDADES:

As grandezas físicas se dividem em dois grupos:


 Grandezas fundamentais – são aquelas para as quais se
estabelecem escalas de medidas arbitrárias.
 Grandezas derivadas - são aquelas cujas dimensões são expressas
em termos das dimensões das grandezas fundamentais.
A palavra DIMENSÃO é usada em referencia a quaisquer grandezas
mensuráveis:
 Comprimento (L)
 Tempo (t)
 Massa (M)
 Temperatura (T)
 Força (F)

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SISTEMAS QUANTO ÀS DIMENSÕES:
A – Sistema absoluto: Massa (M)
Tempo (t)
Comprimento (L)
Temperatura (T)
B – Sistema técnico ou gravitacional: Força (F)
Massa (M)
Tempo (t)
Comprimento (L)
Temperatura (T)
UNIDADES:
São as diversas maneiras através das quais se podem expressar as
dimensões.

SISTEMAS QUANTO ÀS UNIDADES:


A – Sistema absoluto - M L t T
A1. Métrico – MKS
A2 Métrico – CGS
A3. Inglês
B – Sistema técnico ou gravitacional - F L t T
B1. Métrico
B2. Inglês
A – Sistema absoluto (MLtT) :

A1. Sistema absoluto métrico: Sistème International d’ Unités (SI)


Este sistema está sendo usado internacionalmente e substitui o sistema
anterior M.K.S. (metro- quilograma- segundo)

S.I MKS
Um unidade de comprimento m - metro
Uni unidade de massa kg - quilograma
Uni unidade de tempo s - segundo
Uni unidade de Temperatura °k- grau kelvin

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Dimensão derivada – FORCA
A unidade de força no MKS é chamada NEWTON (N).
CGS
U unidade de comprimento cm -centímetro
Un unidade de massa g - grama
Un unidade de tempo s - segundo
unidade de Temperatura ° K- grau Kelvin
1 Newton = 1kg × 1m /s2 (definição através da segunda lei de Newton)

A2. Sistema absoluto métrico: CGS


Ainda usando MLtT, temos o sistema métrico absoluto de unidade com:

A unidade de força no CGS é chamada DINA.


1g cm
1dina = (definição através da segunda lei de Newton)
s2

A3. Sistema absoluto inglês


Uni unidade de massa Lb lbm – libra massa
Uni unidade de comprimento Ft - ft - pé
Uni unidade de tempo s- s - segundo
Uni unidade de Temperatura º R- Rankine
Dimensão derivada - FORÇA
A unidade de força é o Poundall
1 Poundall = 1 lbm x 1 ft / s2

B – Sistema técnico ou gravitacional (F L t T)

B1. Sistema técnico métrico – MKS ou SI e inglês


unidade de comprimento m - metro
unidade de tempo s - segundo
unidade de força Kgf kgf - quilograma força
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unidade de Temperatura º K- grau Kelvin
Dimensão derivada – MASSA
A unidade de massa nesse sistema é a UTM (unidade técnica de massa).
1 UTM = 1kgf × s2 / m (definição através da segunda lei de Newton)
Este sistema tem como unidade de força o quilograma força (Kgf) que é
a força exercida pela gravidade em uma massa de 1 Kg em condições tais que
a aceleração da gravidade (g) tenha o seu valor padrão de 9,81 m/s2.
B1. Sistema técnico inglês - British Gravitational System
unidade de comprimento ft – pé
unidade de tempo s - segundo
unidade de força lbf – libra força
unidade de Temperatura ºR - grau Rankine
Dimensão derivada – MASSA
A unidade de massa neste sistema é o Slug.
1 Slug = 1lbf × s2/ft (definição através da segunda lei de Newton)
A libra força é definida como a força exercida sobre uma libra massa de
material sob condições onde a aceleração da gravidade vale 32,174 pé por
segundo por segundo.

Nos Estados Unidos os engenheiros usam o sistema especial chamado


English Engineering Sistem – FMLtT
unidade de comprimento ft – pé
unidade de massa lbm – libra massa
unidade de força lbf – libra força
unidade de tempo s - segundo
unidade de Temperatura ºR - grau Rankine

Definição através da Segunda lei de Newton


1lbm 32 ,174 ft / s 2
1lbf =
gc

Ainda usando FMLtT, temos:

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unidade de comprimento M m - metro
unidade de massa kgm - quilograma massa
unidade de força kgf – quilograma força
unidade de tempo s - segundo
U unidade de Temperatura ºK - Kelvin

1kgm 9,81 m / s 2
1kgf =
gc

6 - PRINCIPAIS PROPRIEDADES DE UM FLUÍDO

Certas propriedades físicas dos fluidos são envolvidas no estudo da


mecânica dos fluidos e processos de transporte de quantidade de
movimento, calor e massa.
Entre estas propriedades podemos citar:
 Viscosidade
 Massa especifica
 Peso especifico
 Volume especifico
 Densidade
 Pressão de Vapor
 Tensão Superficial

VISCOSIDADE ABSOLUTA
A viscosidade é a propriedade dos fluidos correspondente ao
transporte microscópico de quantidade de movimento por difusão molecular.
Ou seja, viscosidade, conforme definição de Newton, é a resistência oposta
pelas camadas liquidas ao escoamento recíproco. Quanto maior a
viscosidade, menor a velocidade em que o fluido se movimenta.
Para que se possa entender e equacionar a definição de Newton,
considere uma placa fina de área S imersa em um fluido e a uma distancia
∆ x de uma superfície fixa conforme a figura abaixo. O fluido inicialmente
está em repouso.
Esta placa fina é colocada entre duas placas planas paralelas bem
próximas e grandes de modo que as perturbações nas bordas possam ser
desprezadas.

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F
∆x ∆ v
∆ v1
∆ x1

Placa de área S imersa em um fluido e submetido a uma força F


Ao se aplicar uma força F a esta placa, na direção de cisalhamento ao
fluido, ele adquire uma velocidade ∆ v arrastando o fluido em contato direto
com ela, com a mesma velocidade. Como resultado verifica-se que:
∆V
FαS .
∆X
Para se estabelecer uma igualdade é introduzida uma constante na
expressão acima, passando-se a ter:
∆V
F = µS .
∆X
F é uma força que caracteriza a resistência oposta ao movimento da
placa, devido ao atrito entre camadas de fluido;
A constante de proporcionalidade µ , dá-se o nome de coeficiente de
viscosidade que depende do fluído em estudo. .
Rearranjando a equação acima se tem:
∆V
τ =µ pois τ = F/A
∆X
Onde τ é chamado de tensão de cisalhamento.
Os fluidos que se comportam conforme a equação
∆V
F = µS . são chamados de Newtonianos.
∆X
DIMENSÕES DA VISCOSIDADE ABSOLUTA (µ )

F dX F L
[µ ] = ------- [µ ] = 2
x −1
A dV L Lt
[µ ] = F T L-2
MLT −2 L
[ µ] = −2
X [µ ] = MT-1L-1
L LT −1

UNIDADES DE VISCOSIDADE ABSOLUTA


a) (p) poise = 1 g / cm.s

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Esta unidade é demasiada grande para muitas aplicações pratica,
usa-se normalmente o centipoise.
b) 1 centipoise (cp) = 10-2 poise
c) lbf x s / ft2
d) lbm / ft.s ou slug / ft.seg = lbf . s / ft-2

TRANSFORMAÇÃO
1 po
poise = 0,0672 lbm/ft.s
1 ce centipoise = 6,72 x 10-4 lbm / ft.s = 242 lbm/ft.h
1 lbf.s / ft2 = 479 poises = 1 slug / ft.s
VISCOSIDADE CINEMATICA EM STOKES
É a relação entre a viscosidade absoluta e a massa específica.

[σ ] =  µ  = ML
−1
T −1
logo [σ ] = L2 T-1
ρ ML −3

UNIDADES:
a) stoke = 1 cm2/s
b) centistoke = 10-2 stoke
c) ft2/s 1 ft2/s = 929,03 stokes

obs: para se converter a unidade inglesa de viscosidade cinemática para a


unidade inglesa de viscosidade absoluta, é necessário multiplica-la pela
massa específica em slug/ft3.
Uma vez que o peso especifico dos gases varia com a variação da pressão
(temperatura constante) a viscosidade varia inversamente com a pressão.
Para líquidos µ ↓ se T ↑
Para gases µ ↑ se T ↑ e
µ ↓ se P↑ ( T constante)

UNIDADES INDUSTRIAIS DE VISCOSIDADE

- Segundo Saybolt Universal (SSU)


Orifício de diâmetro 0,1765 +/- 0,0015 cm

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- Segundo Saybolt Furd (SSF)
Orifício de diâmetro 0,315 +/- 0,002 cm

Refere-se ao tempo em 60 cm3 de produto em ensaio a uma


temperatura determinada circulando através de um orifício standard.
Em ambos os casos a viscosidade é dada em segundos de
circulação do fluído à temperatura definida que é geralmente tomada a 100,
130 e 210º F.

CONVERSÃO DE SSU EM POISE E STOKES

a) para t ≤ 100 µ (p) = ( 0,00226 t – 1,35/ t ) x dens.


para t > 100 µ (p) = ( 0,00220 t – 1,35/ t ) x dens
b) para t ≤ 100 σ (st) = ( 0,00226 t – 1,35/t )
para t > 100 σ (st) = ( 0,00220 t – 1,35/t )

 MASSA ESPECÍFICA ( ρ )
Massa específica de uma substância é a quantidade de
massa que ocupa uma unidade de volume a uma determinada
pressão e temperatura.
Unidades: kg/m3 – g/cm3
lbm/ft3 - slug/ft3

 PESO ESPECÍFICO ( γ )
Peso especifico de uma substancia é a razão entre seu peso e a
unidade de volume. Esta definição de uso generalizado, contudo, carece de
certo rigor de conceituação, uma vez que o “peso” de um corpo é função da
aceleração da gravidade onde ele se encontra, conforme garante a
Segunda Lei de Newton.
Unidades: kgf/m3 e lbf/ft3
peso mg
γ = Peso = força = gc
volume
mg 1 ρg
γ = gc logo γ = gc
V

 VOLUME ESPECÍFICO ( v )
Volume específico de uma substancia é o volume ocupado pela
unidade de massa. O volume especifico é igual ao inverso da massa

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especifica e tem particular importância no estudo do escoamento de fluidos
compressíveis.É o inverso da massa específica.
v = 1/ρ ft3/lbm - m3/kg - cm3/ g

 DENSIDADE RELATIVA (SPECIFIC GRAVITY) – ( δ )


É a relação entre o peso específico de uma substância e o peso
específico de outra substância tomada como padrão. Tendo em vista a
definição, a densidade é adimensional.
γ1 ρL
δ = SPGR = γ =
H O
(60 º F ,1atm ) ρ H 2O (60 º F ,1atm )
2

Para o fluído no estado líquido o padrão é a água.


No sistema: CGS = ρ H2O (4º C,1atm)= 1g/cm3 = 103 kg/m3
Inglês = ρ H2O (60 º F,1atm) = 62,37 lb/ft3

Para o fluído no estado gasoso o padrão é o ar.


ρ mol
δ = gás = ρ (60 º F ,1atm ) = 29
AR

ρ AR (60ºF,1 atm) = 0,0764 lb/ft3

Um hidrômetro pode ser usado para medida da densidade de líquidos


diretamente.
Três escalas hidrômetricas são comumente encontradas.
Escala API = usada para óleos
141 .5
d (60ºF/60ºF) =
131 .5+º API
Escala Baumé = para líquidos mais densos que a água
145
δ ( 60ºF/60ºF) =
145 −º Bé
para líquidos menos densos que a água
140
δ (60ºF/60ºF) =
130 + Bé

 PRESSÃO DE VAPOR - PV
Os líquidos evaporam por causa de moléculas que escapam pela
superfície livre. As moléculas de vapor exercem uma pressão parcial no
espaço conhecida como pressão de vapor.

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Se o espaço acima do líquido for confinado, depois de certo tempo o
número de moléculas de vapor atingindo a superfície livre do líquido e
condensando é exatamente igual ao número de moléculas que escapam em
qualquer intervalo de tempo, e existe equilíbrio.
Como este fenômeno depende da atividade molecular a qual é função
da temperatura, a pressão de vapor de um líquido depende da temperatura
e aumenta com a mesma.
Quando a pressão acima da superfície de um líquido iguala a pressão
de vapor do mesmo, ocorre a ebulição.
Em muitas situações, nos escoamentos de líquidos é possível que
pressões bastante baixas apareçam em certas regiões do sistema. Em tais
circunstâncias, as pressões podem ser iguais ou menores que a pressão de
vapor; quando isto ocorre, o liquido se evapora muito rapidamente. Uma
bolsa de vapor, ou “cavidade”, que se expande rapidamente, é formada e
normalmente se desloca de seu ponto de origem e atinge regiões de
escoamento onde a pressão é maior que a pressão de vapor, ocorrendo o
colapso da bolsa. Este é o fenômeno da “CAVITAÇÃO”.

 TENSÃO SUPERFICIAL – (τ S )
A tensão superficial é a força por unidade de comprimento exercida
por uma fase noutra numa interface.
τ = F/ L

A tensão superficial é responsável pela forma das bolhas de ar e das


gotas de água, pelo fenômeno de capilaridade e pela capacidade que alguns
insetos têm de se manterem à superfície da água.

A tensão superficial deve-se à maior afinidade que as moléculas de uma


determinada substância têm com as moléculas semelhantes a si. No caso das
gotas de água, a gota tem uma forma aproximadamente esférica porque as
moléculas de água atraem-se umas às outras e repelem as moléculas de ar.

Da experiência pode ser observada a tendência que tem as superfícies


livres e as interfaces dos líquidos imiscíveis de se contraírem e formarem
uma película ou camada de líquido especial.
Exemplos:
1. formação de gotas esféricas de líquidos não sujeitos à ação de
forças externas;
2. sustentação de uma agulha pequena na superfície da água.
O efeito da tensão se manifesta em superfícies curvas, exigindo
diferenças de pressões entre os lados côncavo e convexo da superfície,
para manter o equilíbrio de forças.

21
A força de tensão superficial (necessária para manter o citado
equilíbrio) esta associada às interações entre as moléculas do fluido. Essa
interação decresce com o aumento da distância entre as moléculas e pode
ser desprezada para os gases.
No interior dos líquidos as forças intermoleculares se compensam
entre si, mas, para as moléculas da superfície existem forças que evitam
que elas se separem.
Estas forças são responsáveis por manter, por exemplo, uma bolha
de sabão sem se arrebentar.
Tensão Superficial é então a força de coesão necessária, obtida
pela divisão da “energia de superfície” pela unidade de comprimento da
película em equilíbrio.
Energia de superfície – trabalho por unidade de área, necessário
para trazer as moléculas à superfície.

EXISTEM OUTRAS PROPRIEDADES COMO CALOR ESPECÍFICO QUE


DEVERÃO SER ESTUDADAS OU REVISTAS PELOS ALUNOS, VISTO
QUE EM OUTRAS DICIPLINAS PROVAVELMENTE JÁ FORAM
ABORDADAS.

22
2 - ESTÁTICA DOS FLUIDOS

2.1- DEFINIÇÃO:
Um fluido é considerado estático se todos os elementos do fluido estão
parados ou se movem com uma velocidade constante, relativamente a um
sistema de referência.
Para que esta condição seja satisfeita, é necessário que exista um
equilíbrio entre as forças que agem sobre o elemento do fluido considerado.
Casos especiais de fluidos em movimentos, como corpos rígidos, são
incluídos no tratamento da estática por causa da semelhança de forças
envolvidas.
Dentre as forças de superfície as forças tangenciais (responsáveis pela
tensão de cisalhamento) não são consideradas, pois está se estudando
estática dos fluidos e a ação deste tipo de força colocaria o fluido em
movimento. Resta então as forças normais responsáveis pela tensão
normal, tensão de pressão ou simplesmente pressão.
Desta forma, em todos os sistemas estudados pela estática dos fluidos,
agirão somente forças normais de pressão.

2.2 - PRESSÃO EM UM PONTO


A pressão média é calculada dividindo-se a força normal que age
contra uma superfície plana, pela área desta.
A pressão em um ponto M qualquer é definida como o limite da
relação entre a força normal e a área quando fazemos a área tender a zero
no entorno do ponto.


δF
P = lim 
δA →0 δA

A pressão em um ponto de um fluido em repouso é a mesma em


qualquer direção. Seu valor independe da direção, sendo portanto uma
grandeza escalar.
Deste modo, a pressão no seio de um fluido é uma função de posição
(função de ponto), ou seja:
p = p ( x, y , z )

23
Isto significa que num elemento de área δ A, submerso num fluido em
repouso e que pode girar livremente em torno de seu centro agirá uma força
de intensidade constante de cada lado, independente de sua orientação.
Pode-se demonstrar este fato, adotando-se um pequeno corpo em forma de
cunha, de comprimento unitário, no ponto (x,y) de um fluido em repouso.
Como não existi tensão de cisalhamento com o fluido em repouso, as únicas
forças presentes são as normais de contato e de campo (peso).

2. 3 – EQUAÇÃO BÁSICA DA ESTÁTICA DE FLUÍDOS


O objetivo principal é obter uma equação que permita determinar o
campo de pressão no fluido. Em uma massa estacionária de um fluído a
pressão é constante em qualquer secção paralela a superfície da terra, mas
varia de altura a altura.
As forças que agem em um elemento de fluido em repouso são:
 Forças de campo (peso)
 Forças de contato ou superfície (pressão).
Consideremos uma coluna vertical de um fluído, cuja secção
transversal possui uma área S .

Pressão P + dP (lbf/ft3)
ZA

dZ
Pressão P (lbf/ft3)

ZB
Área S (ft2)

24
Vamos supor que a uma distância Z ( ft ) do fundo, a pressão seja
p( lbf/ft2) e a massa especifica do fluido seja ρ (lb/ft3).
Analisando as forças que atuam sobre um pequeno volume de fluido
de altura dZ e área da seção transversal S, teremos três forças verticais
atuando. São elas:

• FORÇA DE PRESSÃO P atuando em direção de baixo para cima.


F= - p.S F = força
P = pressão
S = área
• FORÇA DE PRESSÃO p + dp atuando em direção de cima para
baixo.
F2= (p+dp). S

• FORÇA DE GRAVIDADE (peso) atuando para baixo.

F3 = ρ g S dz

Como o fluído está em repouso, a resultante de todas as forças que atuam


sobre o pequeno volume de fluído é zero.
Logo:
F1 + F2 + F3 = 0
-pS + (p+dp)S + ρ gSdz = 0
-pS + pS + dpS + ρ gSdz = 0
dp + ρ gdz = 0
dp
= −ρg = −γ (1)
dz

Esta equação é a relação básica pressão – altura da estática dos fluidos.


Para o fluido estático a gravidade é a única força de campo.

Variação de pressão em um fluido estático


dp
A equação = −ρ g ≡ −γ é válida tanto para fluido compressível,
dz
quanto para fluido incompressível.

25
Embora ρ g possa ser definido como o peso especifico, γ , na equação
da estática acima, foi escrito como ρ g para enfatizar que ambos ρ e g
devem ser considerados variáveis.
Para a maioria das situações práticas de engenharia, a variação de g é
desprezível. A variação de g precisa ser incluída apenas para situações em
que se calcula com muita precisão, a mudança de pressão numa diferença
de altitude muito grande. A menos que especificada de outra forma, iremos
supor que g é constante com a elevação em qualquer local dado.
Já a variação de ρ em muitos problemas práticos tem que ser
considerada para que resultados com boa exatidão sejam obtidos. Assim
deve-se trabalhar com tratamento diferenciado quando tivermos fluidos
compressíveis e incompressíveis.

a) Fluidos incompressíveis
Neste caso ρ = ρ 0 = constante.
Então considerando a aceleração da gravidade constante,
dp
= −ρ g 0 = cons tan te
dz
Para determinar a variação de pressão, devemos integrar e aplicar as
condições de contorno apropriadas. Caso a pressão no nível de referencia
z0 seja designada por p0 então a pressão p na nível z é encontrada por
integração:
p z

∫ dp = − ∫ ρ 0 g dz ou p − p0 = − ρ 0 g ( z − z 0 ) = ρ 0 g ( z 0 − z ) Para
p0 z0

líquidos é conveniente, muitas vezes, tomar a origem do sistema de


coordenadas na superfície livre e medir como positivas distâncias para
baixo em relação à superfície livre. Com h medido positivo para baixo
temos:
z0 − z = h e p = p0 + ρ 0 g h

A equação acima indica que a diferença de pressão entre dois pontos


num fluido estático pode ser determinada medindo-se a diferença de
elevação entre eles. Os dispositivos utilizados com esse propósito são
chamados manômetros.
REGRAS:

26
1. Dois pontos quaisquer na mesma elevação em uma coluna
contínua do mesmo líquido estarão na mesma pressão.
2. A pressão aumenta à medida que se desce em uma coluna
de líquido.

b) Fluidos compressíveis
Sabemos que a pressão num fluido estático varia com a altura, segundo
dp
= −ρ g
dz
Integrando a mesma, podemos ter a variação também para um fluido
compressível.
Para obter a relação requerida para a massa específica, podemos usar
dados experimentais ou uma equação de estado.
Para muitos líquidos ρ é uma função suave da temperatura.
A pressão e ρ dos líquidos relacionam-se pelo módulo de
compressibilidade ou de elasticidade
dp
Ev ≡
 dρ 
 ρ
Se o módulo de compressibilidade é suposto constante, ρ é função
apenas de p e a equação acima fornece a relação de ρ adicional
necessária para integrar a relação básica pressão-altura.
Temos ainda que: p = ρR T (equação de estado do gás ideal)
sendo:
T – temperatura absoluta
R – constante universal dos gases
Esta equação atende à maioria das condições dos gases que
prevalecem em Engenharia com exatidão bastante aceitável.

2.4 - Pressões instrumentais e absolutas


Valores de pressão devem ser dados relativos a um nível de
pressão referencial.
Se o nível de referência de pressão for um vácuo, temos pressão
absoluta.
Níveis de pressão medidos com relação à pressão atmosférica
são denominados pressões instrumentais ou manométricas.

27
Em sua maioria, os manômetros de pressão, na verdade lê uma
diferença de pressão – a diferença entre o nível de pressão medido e
o nível ambiental (normalmente a pressão atmosférica).
Assim:
Pressão absoluta = pressão instrumental + pressão atmosférica

 Pressão absoluta é definida como a soma da pressão


atmosférica local e a pressão efetiva.
 Pressão efetiva ou instrumental ou manométrica - é a pressão
medida em um ponto (é a leitura do manômetro).

Vimos então que a pressão pode ser expressa em relação a qualquer


referência arbitraria. Usualmente, adota-se como tal, o zero absoluto e a
pressão atmosférica local.
A figura abaixo ilustra as referências e as relações entre as unidades
mais comuns para a medida da pressão.

P atmosférica = 14,696 lbf/ in2 abs (psi) = 2116lb/ft2 = 29,92 pol de Hg


= 33,91 ft de água = 1atm = 760 mm de Hg
= 101,325 Pa = 10,34 m de água.
Pressão atmosférica normal ou padrão é a pressão média ao nível do
mar valendo 29,52 polegada de mercúrio.
Unidades típicas de pressão:
1. lbf/in2 = psi
2. lbf/ft2

28
3. kgf/m2
4. in de Hg
5. mm de Hg
6. Ft de H2O ou m de H2O
7. N/m2 = Pa
8. atm, bar (1 bar = 0,9869 atm)

2. 5 - MANOMETRIA

MANOMETRIA É A MEDIDA DAS PRESSÕES. PARA SE MEDIR


ESSAS PRESSÕES SÃO USADOS APARELHOS QUE CHAMAMOS DE
MANÔMETROS.

ATMOSFERA NORMAL - AN
A atmosfera normal é aquela que equilibra uma coluna de mercúrio
com 760 mm de altura (segundo experiência de Torricelli). É medida ao
nível do mar e tem os seguintes valores:
po = 10.328 kgf / m2 = 1,033 kgf / cm2 = 760 mmHg
Simplificando:
po = 10.000 kgf / m2 = 1 kgf / cm2 (atmosfera técnica – atm).
Se ao invés de mercúrio, Torricelli tivesse usado água com peso
específico(γ ) igual a 1.000kgf/m3, o valor da atmosfera técnica
corresponderia a 10 metros de coluna de água, (mca).
Logo:
1 atm = 10.000kgf/m2 = 1 kgf/cm2 = 10 mca = 0,968AN = 736 mmHg.

2.5.1 - PRESSÃO EFETIVA E PRESSÃO ABSOLUTA


A medida das pressões nos pontos B, C, D, mostrado na figura abaixo,
pode ser feita tomando como referência ou origem das medidas, o valor da
pressão atmosférica (po). Cada uma destas medidas será a pressão efetiva
no ponto:
PefB = pressão efetiva em B
pefC = pressão efetiva em C
pefD = pressão efetiva em D

29
A pressão efetiva pode ser:
a) positiva: quando é superior a po
b) nula: quando é igual à po
c) negativa: quando é inferior a po (é o caso de depressão ou de
vácuo parcial).
A pressão efetiva é também conhecida como pressão manométrica,
devido a ser medida através de manômetros.
A pressão em um ponto pode ser também calculada a partir do zero
absoluto (vácuo perfeito ou total), obtendo-se, neste caso, a PRESSÃO
ABSOLUTA.
A pressão nula corresponde ao vácuo total.
A pressão absoluta é sempre positiva.
Para os pontos citados acima, temos:
p abB = pefB + po
pabC = pefC + po
pabD = pefD + po

2.5.2 - DEFINIÇÕES:
 MANÔMETRO: é um instrumento para medir a pressão em um
ponto, ou seja, medir a pressão efetiva.
 VACUÔMETRO: é um manômetro que indica as “pressões efetivas
negativas”, bem como as positivas e nulas.
 PIEZÔMETRO: é o mais simples dos manômetros, chamado
também de tubo piezométrico.
 BARÔMETRO: mede o valor absoluto da pressão atmosférica.
 ALTIMETRO: é o barômetro construído para a obtenção de altitudes.
Ex: de uma aeronave em relação ao nível do mar.

2 .5.3 - CLASSIFICAÇÃO DOS MANÔMETROS


- Manômetro de Líquido;
- Manômetro Metálico.

30
- MANÔMETRO DE LÍQUIDO

São tubos transparentes e recurvados, geralmente em forma de U ou de


duplo U (um deles invertido) ou de múltiplo U.

Os tubos contêm o liquido manométrico (líquido destinado a medir a


pressão). Nos exemplos acima apenas uma extremidade do tubo fica em
contato com a atmosfera. Na figura abaixo as duas extremidades são
abertas para atmosfera.

Para grandes pressões, usa-se o Hg como líquido manométrico.


Pequenas pressões usam-se líquidos de baixa densidade (como o óleo,
água etc).

- MANÔMETROS METÁLICOS
São os mais utilizados nas industriais (pressões elevadas).
Medem as pressões dos fluídos através da deformação de um tubo
metálico recurvado ou de um diafragma (membrana) que cobre um
recipiente hermético de metal. O manômetro metálico é conhecido também
como aneróide, barômetro de Vidi ou de Bourbon.

31
MANOMÊTROS TIPO BOURDON
É um dos dispositivos típicos para a medida de pressões efetivas.
O elemento medidor de pressão é um tubo metálico achatado e
recurvado, fechado de um lado e ligado do outro na tomada da pressão a
ser medida.
Quando a pressão interna ao tubo é aumentada, este tende a endireitar
puxando um sistema de alavancas ligado a um ponteiro, causando desta
forma seu movimento.
O ZERO será indicado no mostrador sempre que as pressões interna
e externa do tubo forem iguais, independentemente de seu valor.
O mostrador pode ser graduado em qualquer unidade: pascals, pol de
mercúrio, milímetros de mercúrio, pés de água, libra por polegada quadrada.
Este manômetro pelas próprias condições medirá a pressão atmosférica.

MANÔMETRO DIFERENCIAL
É o manômetro de líquido, utilizado para medir a diferença de pressão
entre dois pontos.

32
(a) (b)
a) Mede a diferença de pressão entre os pontos B e C que estão em
líquidos diversos (de Pesos específicos γ B e γ C).
b) Mede a diferença de pressão entre os pontos
B e C de um mesmo líquido.

Pequenas diferenças de pressão são medidas:


 Micro manômetros
 Manômetro inclinado (geralmente usado para medir pequenas
diferenças de pressões em gases)

MICROMANÔMETROS
Utilizado para a determinação de pequenas diferenças de pressão
com precisão.
Utilizando-se dois líquidos manométricos, imiscíveis entre si e com o
fluido a ser medido, pode-se produzir, com uma pequena diferença de
pressão, um grande desnível R.

O líquido manométrico mais denso preencherá a parte inferior do


tubo em U até 0-0, enquanto que o menos denso será colocado nos dois
lados preenchendo os reservatórios maiores até 1-1.

33
Quando a pressão em C for levemente maior que em D, os meniscos
sofrerão o movimento indicado na figura. O volume do líquido deslocado em
cada reservatório deverá ser igual ao deslocado no tubo em U.
R
Logo: ∆y A = a
2
onde A e a são as áreas das seções transversais do reservatório e do tubo
em U, respectivamente.
A equação manométrica poderá ser escrita a partir da superfície isobárica

 R
p C + ( k 1 + ∆ y ) γ 1 +  k 2 − ∆ y +  γ 2 = p D + ( k 1 − ∆ y) γ 1
 2
 R
+ k 2 + ∆ y −  γ 2 + R γ 3
 2

 R  R
pC + ( k1 + ∆ y ) γ 1 +  k 2 − ∆ y +  γ 2 − ( k1 − ∆ y ) γ 1 −  k 2 + ∆ y −  γ 2
 2  2
− R γ 3 = pD

p C + 2 ∆ y γ 1 + ( R − 2 ∆ y) γ 2 − R γ 3 = p D

R
Mas ∆y A = a
2
a
2 ∆y =R
A
Substituindo vem:
a  a
pC + R γ1 + R − R  γ 2 − R γ 3 = pD
A  A

  a a
p C − p D = R  γ 3 − γ 2 1 −  − γ 1 
  A A

constante para um dado manômetro e


fluidos prefixados; logo a diferença de
pressão é diretamente proporcional a R.
MANÔMETRO INCLINADO
O manômetro inclinado é usado freqüentemente para medir pequenas
diferenças de pressões em gases. É ajustado para indicar zero, movendo-se
a escala inclinada, quando A e B estão abertos.

34
O tubo inclinado, para uma dada diferença de pressão, ocasiona um
deslocamento do menisco muito maior que o produzido em um tubo vertical,
provindo deste fato uma maior precisão de leitura de escala.

TUBO EM U INCLINADO: usado para medir pequenas diferenças de


pressão em gases.

p1 = p A + γ A k
p1 = p 2 + γ m k m
km
sen α = ∴ k m = R sen α R
R km
α

p1 = p 2 + γ m R sen α = p A + γ A k

p A = p 2 + γ m R sen α − γ A k

p A ( MAN ) = γ m R sen α − γ A k

R será sempre maior que km, permitindo leituras mais precisas por
ampliação da escala. Quanto menor o α , menor o sen α e maior o R.

3 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS

3.1 - O FLUIDO COMO UM CONTÍNUO

35
Na definição de um fluido não foi mencionada a estrutura molecular
do fluido, apesar de todos serem compostos de moléculas em movimento
constante.
No entanto, na maior parte das aplicações de engenharia, é de
interesse somente os efeitos médios de um conjunto de moléculas.
São estes efeitos macroscópicos que podemos perceber e medir.
Então o fluido é tratado como uma substância infinitamente divisível, isto é
como um meio contínuo, e não nos preocupamos com o comportamento
individual das moléculas.
O conceito de Contínuo (Continuum) é à base da Mecânica dos
Fluidos clássica e como esta consiste fundamentalmente na aplicação das
leis da Mecânica ao movimento de fluidos, é evidentemente impraticável
aplicar essas leis para cada molécula do fluido.
Por exemplo: a velocidade em um ponto do espaço é indefinida em
um meio molecular, pois seria zero o tempo todo exceto quando uma
molécula ocupasse exatamente esse ponto, e ai seria a velocidade da
molécula e não a velocidade média das partículas na vizinhança do ponto.
Este dilema é evitado se considerar a velocidade em um ponto como
a média das velocidades de todas as moléculas existentes em torno do
ponto, ou seja, dentro de uma pequena esfera com raio grande se
comparado com a “distancia média entre as moléculas”.
Procura-se então os valores médios (relativos ao espaço e tempo)
das grandezas que caracterizam o comportamento de porções de fluidos, de
dimensões mínimas arbitrárias, de tal maneira que sejam então possível a
aplicação daquelas leis, mediante hipóteses restritivas e extrapolação
adequadas.
O significado atribuído à maioria das propriedades depende da existência
do CONTINUUM no sistema considerado

3.2 - CAMPO DE VELOCIDADE

Ao tratar os fluidos em movimento, estaremos necessariamente


interessados na descrição de um campo de velocidade. Referindo – nos à
figura trabalhada para massa específica

36
A velocidade do fluido no ponto C é definida como a velocidade
instantânea do centro de gravidade do volume envolvendo o ponto C
naquele instante.
Assim se definirmos uma partícula de fluido como uma pequena massa
de fluido, de identidade fixa de volume δ V’ estamos definindo a velocidade
no ponto C como a velocidade instantânea da partícula de fluido a qual, num
dado instante, está passando pelo ponto C.
A velocidade num ponto qual do campo de escoamento é definido de
modo semelhante.
Num dado instante de tempo, o campo de velocidade v é uma
função das coordenadas espaciais x, y e z, isto é, v =v( x, y, z ) . A
velocidade num dado ponto do escoamento pode variar de um instante de
tempo para outro, logo a caracterização completa será v =v( x, y , z , t )
Se as propriedades do fluido em um ponto do campo não mudam com o
tempo, o escoamento é denominado escoamento permanente.

Matematicamente:
∂η
= 0 , onde η representa uma propriedade qualquer do fluido.
∂t

ESCOAMENTOS UNI, BI E TRIDIMENSIONAL


A equação v =v( x, y , z , t ) mostra que o campo de velocidade é uma
função das três coordenadas espaciais e do tempo.
Este tipo de campo de escoamento é chamado tridimensional (é
também transiente ou não permanente), porque a velocidade em qualquer
um dos seus pontos depende das três coordenadas requeridas para
localizar o ponto no espaço.

Nem todos os escoamentos são tridimensionais. Considere-se, por


exemplo, o escoamento através de um cano reto, longo e de seção
constante.

37
Distante da entrada do cano, a distribuição de velocidades pode ser dada
por:
  r 2 
u = umax 1 −   
 R 
 

para r = R u =0
r=0 u = umax

Exemplo de um escoamento unidimensional:

Uma vez que o campo de velocidade é uma função de r apenas,


independente das coordenadas x e θ , este escoamento é um escoamento
unidimensional.
Exemplo de escoamento bidimensional - Escoamento entre paredes
retas divergentes, considerando ser infinitamente longa na direção z
(perpendicular ao plano do papel).

Se o canal é considerado infinito na direção z, o campo de velocidade


deverá ser idêntico em todos os planos perpendiculares ao eixo z.
Conseqüentemente, o campo de velocidade é uma função apenas das
coordenadas espaciais x e y e por isto o fluxo é considerado bidimensional.
Um exemplo de escoamento uniforme

No escoamento uniforme em uma dada seção transversal, a velocidade


é constante em qualquer seção normal ao escoamento. Aqui o campo de
velocidade é uma função apenas de x, e, deste modo, o escoamento é
unidimensional (outras propriedades também podem ser consideradas
uniformes em uma seção se apropriado).

38
ALGUMAS DEFINIÇÕES
TRAJETÓRIAS - caminho traçado por uma partícula de fluido em
movimento
RAIA – linha que une as partículas de um fluido que passaram por um
determinado ponto fixo do espaço
LINHAS DE FLUXO ou LINHA DE CORRENTE – linhas traçadas no campo
de escoamento de tal forma, que, num dado instante de tempo, elas são
tangentes à direção do escoamento em todos os pontos no campo de
escoamento. Pode variar de instante para instante se o escoamento for
transiente.
OBS: Se o escoamento for permanente, TRAJETÓRIA, RAIA, E LINHAS
DE FLUXO são idênticas no campo de escoamento.
Todos são conceitos usados para descrever graficamente um
escoamento.

3.3 - CAMPO DE TENSÕES


As tensões em um meio resultam de forças agindo em alguma parte
do meio.
O conceito de tensão fornece uma maneira conveniente de descrever
o modo pelos quais as forças agindo sobre os limites (fronteiras) do meio
são transmitidas através do meio.
Uma vez que forças e área são ambas quantidades vetoriais,
podemos antecipar que o campo de tensões não será um campo vetorial.
Em geral, são necessárias nove quantidades para especificar o
estado de tensão em um fluido (tensão consiste uma quantidade tensorial
de 2a ordem).
Forças de Superfície e de Campo - São as forças encontradas no
estudo da mecânica dos fluidos do CONTINUUM.
Superfície - incluem todas as forças agindo sobre a periferia de um
meio através de contato direto.
Campo - forças desenvolvidas sem contato físico e distribuídas sobre
o volume do fluido (força gravitacionais, eletromagnética)
A força de campo gravitacional agindo sobre um elemento de volume
dV, é dado por ρg dV , onde ρ é a massa específica e g é a aceleração
gravitacional local.
Logo ρg (força de corpo gravitacional por unidade de volume) e g
(força de corpo gravitacional por unidade de massa).

3.4 - TENSÃO EM UM PONTO

39
A descrição do campo de tensões é desenvolvida a partir da análise
da tensão em um ponto.
Considere-se o elemento de área δA , no ponto C, sofrendo a ação
da força δF

A grandeza de δA é a área do elemento, e a direção é normal à


superfície.
A tensão em um ponto é definida como:
δF
tensão ≡ lim
δA→0
δA
A definição de tensão requer que se calcule a razão entre os dois
vetores δF e δA
Na figura abaixo temos um caso simples onde o elemento de área
δA é o elemento ABC

δ A = iˆ δAX + ˆj δAY + kˆ δAZ


onde:
• δAX é a componente em x de δA , isto é, é a projeção de δA no eixo
dos x.
“ Em grandeza é a projeção de ABC sobre o plano yz (OBC), isto é,
sobre o plano perpendicular ao eixo dos x”.
Similarmente acha-se:
• δAY é a componente em y de δA , em grandeza é a projeção xz
(OCA), sobre o plano perpendicular ao eixo dos y
• δAZ é a componente em z de δA , em grandeza é a projeção xy
(OAB), sobre o plano perpendicular ao eixo dos z
Para a força, temos o vetor:
δ F = iˆ δFX + ˆj δFY + kˆ δFZ

40
Para definir a tensão em um ponto, podemos, então considerar os
componentes δFX , δFY e δFZ da força δF no ponto C agindo sobre os
componentes δAX , δAY e δAZ da área δA no ponto C.
Assim, estamos efetivamente definindo os componentes da tensão no
ponto C.
δF
Assim a equação [ tensão ≡ δlim ] pode ser substituída por nove
A →0
δA
equações, pois temos três componentes da tensão (resultante de cada um
dos três componentes da força δFX , δFY e δFZ ), agindo sobre cada um
dos componentes de área δAX , δAY e δAZ .
Usando uma notação que nos permita delinear ambos os planos nos
quais a tensão está agindo e a direção na qual a tensão está atuando,
teremos:
δF j
τij ≡ lim
δA →0 δA
i
i

tensão atuando sobre o plano i na direção j (i e j) podem representar x, y ou


z.
Logo a equação acima representa nove equações escalares, já que
os elementos subscritos i e j podem assumir os valores x, y e z.
δFy
τ xy ≡ lim que é a definição da tensão sobre um plano x na
δAX →0 δAx
direção z.
A tensão em um ponto é especificada pelos noves componentes:

σ xx τ xy τ xz 
 
τ
 yx σ yy τ yz 
 τ zx τ zy σ zz 
 
onde σ foi usado para denotar uma tensão normal e as tensões de
cisalhamento são denotadas por τ
A figura abaixo nos mostra estas tensões.

41
Acima consideramos seis planos (dois x, dois y e dois z) nos quais as
tensões podem atuar. Estes planos são nomeados e denotados como
positivos e negativos, de acordo com o sentido, do plano para fora, da
normal a este plano.
Conversão de sinais para a tensão – Um componente da tensão
é considerado positivo quando o sentido do componente da tensão e o
plano sobre o qual ele atua são ambos positivos ou ambos negativos.
São negativos quando têm sinais opostos.

3.5 - FLUIDO NEWTONIANO: VISCOSIDADE

Definimos fluidos como uma substância que se deforma continuamente


sob a ação de um esforço cisalhante. Na ausência deste esforço, ele não se
deformará.
Pode-se classificar os fluidos de acordo com a relação entre o esforço
aplicado e a taxa de deformação.
Fluidos no qual o esforço aplicado é diretamente proporcional à taxa
de deformação são chamados de Fluidos Newtonianos. São os mais
comuns como água, ar, gasolina, entre outros.
Fluidos não – Newtonianos são todos aqueles nos qual o esforço
aplicado não é diretamente proporcional à taxa de deformação (sangue,
alguns tipos de óleos lubrificantes, certas suspensões, tenso ativos, pastas,
polímeros de elevado peso molecular).
Variação da viscosidade dos fluidos com a temperatura

A viscosidade de um gás aumenta com a temperatura, já nos líquidos a


medida que aumenta a temperatura a viscosidade diminui.
A resistência de um fluido ao cisalhamento depende da força de coesão
entre as moléculas e da velocidade de transferência da quantidade de
movimento.
LÍQUIDOS - as forças de coesão são muito maiores que nos gases. A
coesão parece ser a causa predominante da viscosidade em um líquido, e

42
como a coesão diminui com a temperatura, a viscosidade tem o mesmo
comportamento.
GÁS - as forças de coesão são muito pequenas, sua resistência ao
cisalhamento é principalmente o resultado da transferência da quantidade
de movimento. Com o aumento da temperatura, aumenta a energia cinética
das partículas, logo a probabilidade de choque também aumenta.
Considere-se o comportamento de um elemento de fluido entre duas placas
infinitas na figura a seguir:

A placa superior movimenta-se a velocidade constante, δ u, sob a


influência de uma força aplicada constante δ Fx. A tensão de cisalhamento,
τ yx, aplicada ao elemento de fluido é dada por:
δFx dFx
τ yx ≡ lim =
δAy →0 δAy dA y

sendo que δAy é a área do elemento de fluido em contato com a placa.


No incremento de tempo, δt , o elemento de fluido é deformado da
posição MNOP para a posição M’NOP’ e a taxa de deformação do fluido é
dada por:
δ α dα
taxa de deformação ≡ lim =
δ t →0 δt dt
δ α dα
O fluido é Newtoniano, se τ α lim =
δ t →0 δt dt

Formulando a expressão em termos de quantidades mais facilmente
dt
mensuráveis temos:
δl = δu δt ou para pequenos ângulos δl = δy δx
Equacionando as duas equações para δ l
δy δα = δu δt
e
δ α δu
= Logo se o fluido é Newtoniano
δt δy
du
τ yx α A tensão de cisalhamento age num plano normal ao eixo dos y.
dy

43
3.5.1 – Viscosidade
Sabemos que fluidos diferentes deformam-se diferentemente. Uns
possuem maior resistência ao escoamento que outros. Ex: água e mel
du
A constante de proporcionalidade a equação τ yx α dy é a viscosidade
absoluta (ou dinâmica) µ , logo a lei da viscosidade de Newton é dada por:
du
τ yx = µ
dy

Dimensões
FT M
µ= ou poise = g/cm s
L2 LT
É muito usado em Mecânica dos Fluidos o quociente da viscosidade
absoluta µ , em relação à massa específica.
µ
υ= é chamada de viscosidade cinemática
ρ

L2
Dimensões: υ= stoke = cm2/s
T

3.6 - DESCRIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS ESCOAMENTOS DE


FLUIDOS
Possível classificação dos escoamentos, baseada nas características
físicas observáveis dos campos de escoamento.

ESCOAMENTOS NÃO VISCOSOS – a viscosidade do fluido é suposta


nula. Embora tal escoamento não exista, há muitos problemas onde tal

44
suposição simplificará a análise e, ao mesmo tempo, conduzirá a resultados
significativos.

ESCOAMENTOS INCOMPRESSÍVEIS – quando as variações de densidade


são pequenas e relativamente sem importância.
ESCOAMENTOS COMPRESSÍVEIS – quando as variações de
densidade desempenham um papel importante, tais como em escoamentos
de gás a altas velocidades.
Na maioria dos casos, líquidos são considerados como escoamento
incompressível e gases como compressíveis.
Exceção – escoamento de gases cujo No de Mach for <0,3 as
variações na densidade atingem apenas 2% do valor médio, logo podem ser
tratados como incompressíveis.
(M=v/c onde v é a velocidade do escoamento e c a velocidade do
som)
Um valor de M = 0,3 para o ar nas condições padrões corresponde a
uma velocidade de aproximadamente 100m/s.
Os escoamentos podem ainda ser classificados em:
- Real ou ideal
- Permanente ou variado
- Uniforme ou não uniforme
- Rotacional ou irrotacional
ESCOAMENTO IDEAL OU PERFEITO
Por definição, escoamento ideal ou escoamento sem atrito, é
aquele no qual não existem tensões de cisalhamento atuando no
movimento do fluido. De acordo com a lei de Newton para um fluido
em movimento esta condição é obtida quando a viscosidade do fluido
é nula.
µ =0
ou quando as componentes da velocidade do escoamento não
mais exibem variações de grandeza na direção perpendicular ao
componente da velocidade considerada;

dv x
=0
dy

Não deve ser confundido com um gás perfeito. A hipótese de fluido ideal
é útil na análise de escoamentos em grandes extensões de fluidos, como no

45
movimento de um aeroplano ou um submarino. Um fluido sem atrito é não
viscoso e seu escoamento é reversível

ESCOAMENTO REAL
Não apresentam uma velocidade de deslizamento finita em relação a uma

superfície sólida ou sobre uma camada adjacente.

A viscosidade do fluido real, que determina o grau de atrito entre as


camadas de fluido e entre o fluido e a parede sólida, é responsável pela
variação de velocidade (gradiente de velocidade) entre as camadas.
Próxima a uma parede sólida estacionária, a velocidade de um fluido real
cresce gradualmente do valor zero na fronteira sólida, até um valor limite da
velocidade onde os efeitos viscosos não se fazem mais sentir. Isto é,
próximo a uma fronteira há a formação de uma camada de fluido onde os
efeitos viscosos são mais acentuados. Esta camada é conhecida como
CAMADA LIMITE.

Na região da camada limite, tem:


dv x
τ yx = −µ e vx = vx ( y )
dy
Estes fluidos reais podem ser subdivididos em duas classes
principais: Fluidos Newtonianos e não - Newtonianos
Fluidos Newtonianos são aqueles para os quais a viscosidade
dinâmica (µ ) é independente da taxa de deformação (gradiente de
velocidade), isto é, a viscosidade na equação da Lei de Newton é uma
constante para cada fluido Newtoniano, a uma dada pressão e temperatura
(µ = coeficiente angular da reta).

ESCOAMENTO PERMANENTE

46
É aquele em que as condições em qualquer ponto do fluido não
variam com o tempo. Exemplo: se a velocidade em um certo ponto é 3 m/s
na direção positiva de x, num escoamento permanente, terá exatamente
este valor e direção indefinidamente. Podemos expressar:
∂V
= 0 , onde o espaço (coordenadas x, y e z do ponto) è mantido
∂t
constante.
Da mesma forma não haverá variação com o tempo, em qualquer ponto,
da massa especifica ρ , pressão P ou temperatura T no escoamento
permanente; logo:
∂ρ ∂P ∂T
=0, =0 e =0
∂t ∂t ∂t
No escoamento turbulento, devido ao movimento aleatório
das partículas do fluido, existem sempre pequenas flutuações em qualquer
ponto. A definição de escoamento permanente deve ser generalizada de
alguma forma para levar em consideração tais flutuações. Assim, a
velocidade media com o tempo será expressa como:
1 t
t ∫0
vt = vdt

Quando a velocidade media não variar com o tempo o escoamento é dito


como permanente. A mesma generalização se aplica à massa especifica,
pressão, temperatura, etc. quando tomarem o lugar de v na formula acima.

ESCOAMENTO VARIADO
Quando as condições variarem em qualquer ponto com o tempo, logo

∂v
≠ 0 . Água bombeada por um sistema fixo, com vazão constante é um
∂T
exemplo de escoamento permanente. Água bombeada por um sistema fixo,
com vazão crescente, é um exemplo de escoamento variado.

ESCOAMENTO UNIFORME
É aquele para o qual o vetor velocidade é idêntico em todos os
pontos (em modulo, direção e sentido) para qualquer instante dado ou,
matematicamente:

∂v
=0 t = constante; ∂s →deslocamento em qualquer direção
∂s

47
Quando todas as seções transversais paralelas do conduto forem
idênticas (isto é quando o conduto for prismático) e a velocidade media em
todas as seções, num certo instante, for igual o escoamento é uniforme.
Um escoamento no qual

o vetor velocidade varia de local para local,
∂v
num instante qualquer ≠ 0 , é dito Não Uniforme. Exemplo: liquido
∂S
bombeado por um tubo longo e reto tem escoamento uniforme. Liquido que
escoa por um tubo de seção variável ou por um conduto curvo tem
escoamento não uniforme.
Exemplos de escoamento permanentes e variados e uniformes e não
uniformes são:
1. Liquido escoando por um conduto longo e reto, com vazão constante
tem escoamento uniforme e permanente.
2. Liquido escoando por um conduto longo e reto com vazão crescente
tem escoamento uniforme e variado.
3. O escoamento por um conduto de seção decrescente e vazão constante
tem escoamento não uniforme e permanente.
4. O escoamento por um conduto de seção decrescente e vazão crescente
tem escoamento não uniforme e variado .

ESCOAMENTO ROTACIONAL ou com vórtices - quando as partículas


do fluido numa certa região possuir rotação em relação a qualquer eixo.
ESCOAMENTO IRROTACIONAL – quando o fluido, numa região, não tiver
rotação.

48
3.7 - PROPRIEDADES DO TRANSPORTE MOLECULAR DOS FLUIDOS

As propriedades de transporte molecular dos fluidos são aquelas


relacionadas com os fenômenos de transferência de calor, massa e
quantidade de movimento, por meio de mecanismos de ação molecular.
As taxas de transferência de quantidade de movimento, calor e
massa podem ser expressos por equações análogas, pois, em geral, a taxa
de transporte de uma quantidade conservativa (como é o caso da
quantidade de movimento, da energia e da massa) é proporcional ao
gradiente da grandeza que provoca esta transferência.
A constante de proporcionalidade é uma propriedade física da
substancia em questão, também chamada de propriedade de transporte.
As equações de transferência de quantidade de movimento, calor e
massa são:

a) Transferência da quantidade de movimento:


dv x
τ yx = −µ (1) onde
dy
F
τ yx = = tensão de cisalhamento (força/unidade de área)
A
µ = viscosidade dinâmica do fluido
dv x
= gradiente da componente x da velocidade na direção y
dy
A equação (1) é conhecida como a “ Lei da Viscosidade de Newton “
e pode ser entendida como:
Fluxo de quantidade de movimento = quantidade de mo. transportada
(unid. De área) x (unid. de tempo)
= (viscosidade) x (grad. de veloc.)

A viscosidade de um fluido dá uma medida da resistência desse fluido ao


movimento relativo de suas partículas constituintes.

b) Transferência de Calor:
dT
q y = −k (q = - k ∇ T) (2) onde
dy

49
Q
qy = = fluxo de calor na direção y
A

Q = calor total transportado por unidade de tempo


A = área através da qual Q é transportado
K = condutividade térmica do material.
dT
dy
= gradiente de temperatura na direção y

A equação (2) é conhecida como “Lei de Fourrier” e pode ser entendida


como:
Fluxo de calor = calor transportado
(unidade de área) ( unidade de tempo)
Fluxo de calor = (condutividade térmica) (gradiente de temperatura)
A condutividade térmica k é uma medida da resistência que uma
substancia oferece à transferência de calor.

c) Transporte de massa:
dC A
J Ay = −DAB (3) onde
dy

NA
J Ay = = fluxo molar do componente A na direção y
A
NA = numero de moles de A transportado por difusão.
A = área através da qual A se difunde
DAB = coeficiente de difusão mássica do componente A no componente B

dC A
= gradiente da concentração molar do componente A na direção y.
dy

A equação (3) é conhecida como a “ Primeira Lei de Fick” e pode ser


entendida como:

Fluxo molar de A = numero de moles de A transportado


(unidade de área) (unidade de tempo)

Fluxo molar de A = (coeficiente de difusão) (grad. de concentração)

50
O coeficiente de difusão em um sistema de 2 componentes (A,B ) é a
medida da resistência à difusão molecular de um dos componentes (A) no
outro (B).
Analisando-se as três equações pode-se verificar a analogia existente
entre os 3 processos de transporte, isto é, transporte de calor, massa e
quantidade de movimento.
Deve-se salientar que o fluxo de calor q e o fluxo de massa J são
grandezas vetoriais, enquanto que a tensão de cisalhamento τ é uma
grandeza tensorial.
Deste modo, a analogia que é perfeita entre calor e massa, só pode ser
aplicada ao transporte de quantidade de movimento se este ultimo for
considerado em uma única direção.
As equações (1), (2), (3) podem ser representadas por uma única
equação desde que se tenha em mente a restrição acima:
P = C∇ G
Onde
P é o fluxo de certa quantidade, provocado pelo gradiente de grandeza
G e C é a constante de proporcionalidade que é uma propriedade
característica do material onde ocorre o processo de transporte em questão.

Observação:
1. Transferência da quantidade de movimento:
dv x
τ yx = −µ
dy

1. Lei da Viscosidade de Newton:


dv x
τ yx = µ
dy
Deve-se salientar que a diferença de sinal entre as equações (1) e (2)
deve-se ao fato de que a (1) representa a tensão de cisalhamento no fluido
e a segunda representa a tensão de cisalhamento na placa plana.

Assim sendo, quando se deseja estudar os efeitos da tensão no fluido o


sinal negativo da equação (1) deve-se ser levado em consideração.

51
4 - ANÁLISE DIMENSIONAL E SEMELHANÇA DINÂMICA

4.1 - INTRODUÇÃO

É a matemática das dimensões das quantidades e representa uma


usual ferramenta da mecânica dos fluídos.
A aplicação da análise dimensional e da semelhança hidráulica
permite aos engenheiros organizar e simplificar as experiências e analisar
os resultados das mesmas.
Em uma equação, exprimindo uma relação física entre quantidades,
uma igualdade numérica e dimensionalmente absoluta, deve existir. Em
geral todas essas relações físicas podem ser reduzidas a grandezas
fundamentais de:

1. FORÇA ------------------------ F
TEMPO ------------------------ T
COMPRIMENTO ------------ L
2. MASSA ----------------------- M
TEMPO ----------------------- T
COMPRIMENTO ----------- L

APLICAÇÕES DE SISTEMA DE UNIDADES

(1) Conversão de sistema de unidades

52
(2) Desenvolvimento de equação

GRANDEZA SÍMBOLO DIMENSÕES DIMENSÕES


(MLT) (FLT)

Comprimento l L L
Tempo t T T
Massa M M FL -1 t 2
-2
Força F MLT F
-1
Velocidade v LT LT -1
Aceleração a LT - 2 LT -2
Área A L2 L2
Vazão Q L3 T - 1 L 3 T -1
Pressão ou queda ∆p ML-1 T - 2 FL - 2
de pressão
Aceleração da g LT - 2 LT - 2
gravidade
Massa específica ρ ML- 3 FT 2 L- 4
Peso específico γ ML- 2 T - 2 FL- 3
Viscosidade µ ML-1 T - 1 FTL- 2
dinâmica
Viscosidade σ L2 T - 1 L2 T - 1
cinemática
Tensão superficial τ MT - 2 FL- 1
MM Modulo de elasticidade K ML- 1 T - 2 FL- 2

volumétrica
(3) Redução do número de variáveis necessárias em um programa
experimental.
(4) Estabelecimento dos princípios do projeto de modelo.

Aplicação 1
Usando os sistemas FLT e MLT, expressar cada uma das seguintes
grandezas.

53
Aplicação 2
O número de Reynolds é uma função da massa específica, da
viscosidade e da velocidade de um fluído, e de um comprimento
característico. Estabelecer o número de Reynolds pela análise dimensional.
Podemos escrever
Re = f ( ρ , µ , L, V) ou Re = Kρ aµ b
VcLd (A)
ρ = massa especifica
µ = viscosidade
V = Velocidade
L = comprimento
Onde K é um coeficiente adimensional, geralmente determinado
experimentalmente.
Logo
ρ = FT2L-4
µ = FTL-2
V = LT-1
L = L
Substituindo: Re = K ( FT2L-4)a ( FTL-2)b (LT-1)c ( L)d
Então, como a equação deve ser dimensionalmente homogênea, podemos
escrever:

F 0L 0T 0 = (F aT 2a L –4a ) ( Fb Tb L-2b) ( Lc T-1) (L d)

Obs: os expoentes de cada uma das quantidades devem ser os mesmos


em cada lado da equação.
Igualando os expoentes de F, L e T respectivamente, obtêm:

0=a+b (I) a=-b


0 = - 4a – 2b + c + d (II) c=-b
0 = 2a + b – c (III) d=-b

de ( I) a =-b
de (II) 0 = 2( -b) + b – c
0 = 4b – 2b – b + d donde d = - b
Substituindo na expressão anterior (A)
Re = K (ρ )-b ( v)-b ( µ )b (L)-b

54
Os valores de K e b devem ser determinados por análise física e / ou
experimentalmente. Aqui K = 1 e b = -1.
1
Re = ρVL
µ

Aplicação 3
Estabelecer uma equação para a distancia percorrida por um corpo
em queda livre no tempo T, considerando-se que a distancia depende do
peso do corpo, da aceleração da gravidade e do tempo.
Podemos escrever:
Distância = S logo S = f ( W, A, T) ou S = K Wa Ab Tc
Onde K é adimensional.
Os expoentes de cada uma das grandezas devem ser os mesmos em
ambos os membros da equação.
Podemos escrever:
W F
A LT-2
T T
F L T = ( F) (LT ) ( T)c
0 1 0 a -2 b

F0 L1 T0 = ( Fa) (LbT-2b) ( T)c


0= a
1 =b
0 = -2b + c donde a = 0, b = 1 e c = 2
Logo,
S = K W0 A1 T2 ou S = KAT2

4.2 - TEOREMA DE BUCKINGHAN

Quando o número de grandezas físicas ou variáveis for igual a quatro


ou mais, o teorema de Buckinghan fornece um excelente instrumento pelo
quais estas grandezas podem ser organizadas em pequeno número de
símbolos, grupamento adimensionais, a partir dos quais uma equação
poderá ser deduzida. Estes grupos adimensionais são chamados termos
π .
O teorema π ou de Buckinghan demonstra que, num problema físico
envolvendo n grandezas nas quais comparecem m dimensões, as
grandezas podem ser agrupadas em n - m parâmetros adimensionais
independentes.

55
Sejam: A1, A2, A3, A4 ,........, An,
as grandezas envolvidas, tais como pressão, viscosidade, velocidade, etc.
Sabe-se que todas as grandezas são essenciais à solução devendo, pois
existir alguma relação funcional:
F(A1, A2, A3 , A4 , ......, An) = 0
Se π 1, π 2, π 3 ........., representam grupos adimensionais das
grandezas A1, A2,A3 ,A4 ........, com m dimensões envolvidas, então existe
uma expressão do tipo:
F(π 1, π 2, π 3, π 4 ,........, π n-m )=0
O método para a determinação dos parâmetros π consiste em:
1 - Escolher m das n grandezas A, com DIMENSÕES DIFERENTES,
que contenham entre elas as m DIMENSÕES.
2 - Usá-las como base juntamente com uma das outras grandezas A
para cada π . Todas as unidades fundamentais devem ser incluídas
coletivamente nas grandezas escolhidas.
3 – O primeiro termo π pode ser expresso como um produto destas
grandezas escolhidas, cada uma delas elevada a um expoente
desconhecido, e uma outra grandeza elevada a uma potência conhecida
(usualmente tomada como unitária).
4 - Manter as grandezas escolhidas em (2) como variáveis repetitivas e,
escolher uma das variáveis remanescentes para estabelecer o próximo
termo π .
5 - Para cada termo π determinar os expoentes desconhecidos para
análise dimensional.

Ex: Consideremos A1, A2 , A3 , . A 4 ....... contendo M, L, T no conjunto,


logo:
O primeiro parâmetro π é formado por
π 1 = A1x1 A2 y1 A3 z1 A4
o segundo por
π 2 = A1x2 A2 y2 A3 z2 A5
e assim por diante até
π n-m = A1xn-m A2 yn-m A3 zn-m Na
Nestas equações os expoentes devem ser determinados de tal
forma que cada π resulte adimensional. As dimensões das grandezas A
são substituídas e os expoentes M, L e T são todos igualados a zero. Isto
conduz a três equações, a três incógnitas, para cada parâmetro π , de modo
que os expoentes x, y e z e, em conseqüência, os parâmetros · podem ser
determinados.

56
Se apenas duas dimensões estão envolvidas, deve-se selecionar duas
grandezas A para formar a base e obtêm-se duas equações a duas
incógnitas para cada π .

RELAÇÕES ÚTEIS
a - Se uma grandeza é adimensional, ela é um termo π , sem seguir o
processo acima.

b - Se duas grandezas físicas quaisquer tiverem as mesmas dimensões,


sua relação será um dos termos π . Por exemplo, L/L é adimensional e é um
termo π .
c - Qualquer termo π pode ser substituído por qualquer potência deste
termo, incluindo π -1. Por exemplo, π 3 pode ser substituído por π 32, ou π 2
por 1/π 2.
d - Qualquer termo π pode ser multiplicado por uma constante numérica.
Por exemplo, π 1 pode ser substituído por 3π 1.
e - Qualquer termo π pode ser expresso como uma função de outros
termos π . Por exemplo, se existirem dois termos π , π 1= φ (π 2).

Aplicação 1
Estabelecer uma equação para a distância percorrida por um corpo em
queda livre no tempo T, considerando-se que a distancia depende do peso
do corpo, da aceleração da gravidade e do tempo. Usar o Teorema de
Buckingham.

Solução:
O problema pode ser expresso estabelecendo-se uma função da
distancia S, peso γ , aceleração da gravidade g, e tempo t igual a zero, ou
matematicamente: f1 ( s, γ , g, t ) = 0
1ª etapa
Relacionar as grandezas e as unidades:
S = comprimento L g = aceleração LT-2
T = tempo T γ = força F
Existem quatro grandezas físicas e 3 unidades fundamentais, portanto
n – k = (4 – 3) = 1 termo π .
2ª etapa

57
Escolhendo γ e T como grandezas, fornecemos três unidades
fundamentais F, L e T.
3ª etapa
Uma vez que as grandezas físicas heterogêneas não podem ser
adicionadas ou subtraídas, o termo π é expresso como um produto, como
se segue:
π 1 = (s1x) (γ 1
y
) ( T1z) (g)
termo elevado a potencia
conhecida 1 (um)

Dimensionalmente:
π 1 F0 L0 T0
S
L
γ F
T T
G LT-2 F0L0T0 = ( L 1x) ( F1y) ( T1z) (LT-2)

Igualando os expoentes de F, L, T respectivamente, teremos.


0= y
0= x + 1
0 = S1-1 γ 0
T2g donde π 1 =γ 0
T 2 g / S1

Resolvendo para S e notando que 1/π 1 = k, nós obtemos.

S = kgT2

Aplicação 2

Um certo escoamento depende da velocidade V, da massa específica ρ , de


várias dimensões lineares l, l1, l2, da queda de pressão ∆ p, da aceleração da
gravidade g, da viscosidade µ , da tensão superficial τ e do módulo de
elasticidade volumétrica K. Aplicar a análise adimensional a estas variáveis para
determinar um conjunto de parâmetros π .

F(v, ρ , l , l1 , l2 , ∆ p, g, µ , τ , K) = 0

58
GRANDEZA SIMBOLO DIMENSÕES (MLT) DIMENSÕES (FLT)

VELOCIDADE V LT - 1 LT - 1
MASSA
ESPECÍFICA ρ ML- 3 FT 2 L- 4

COMPRIMENTO L L L
PRESSÃO OU
QUEDA DE ∆p ML-1 T - 2 FL - 2
PRESSÃO
ACELERAÇÃO
DA GRAVIDADE g LT - 2 LT - 2
VISCOSIDADE
ABSOLUTA µ ML-1 T - 1 FTL- 2
TENSÃO
SUPERFICIAL τ M T -2 FL- 1
MOD. ELAST.
VOLUMETRICA K ML- 1 T - 2 FL- 2

Escolher: v, ρ , l

π 1 = Vx1 ρ y1 l z1 ∆ p
π 2 = Vx2 ρ y2 l z2 g
π 3 = Vx3 ρ y3 l z3 µ
π 4 = Vx4 ρ y4 l z4 σ
π 5 = Vx5 ρ y5 l z5 K
π 6 = Vx6 ρ y6 l z6 l 1 = l 1 / l
π 7 = Vx7 ρ y7 l z7 l 2 = l 2 / l

59
1- π 1 = (LT-1)x1 (ML-3) y1 L z1 (ML-1T-2 ) = M0 L0 T0
x1 - 3y1 + z1 - 1 = 0 x1 = -2
- x1 - 2 = 0 y1 = - 1
y1 + 1 = 0 z1 = 0

π 1 =∆ p/ρ V 2
Euler (E) ⇒
(coeficiente
de pressão)
2 - - π 2 = (LT-1)x2 (ML-3) y2 L z2 L T -2 = M0 L0 T0

x2 - 3y2 + z2 + 1 = 0 x2 = -2
- x2 - 2 = 0 y2 = 0
y2 = 0 z2 = 1

π 2 =gl/V2 Froude (F)⇒ importante para


escoamentos com efeitos
de superfície livre.

3 - π 3 = (LT-1)x3 (ML-3) y3 L z3 ML-1T-1 = M0 L0 T0

x3 - 3y3 + z3 - 1 = 0 x3 = -1
- x3 - 1 = 0 y3 = -1
Y3 + 1 = 0 z3 = -1

π 3 =µ /ρ Vl Reynolds ( Re )- importante
para
escoamentos em geral.

4 - π 4 = (LT-1)x4 (ML-3) y4 L z4 M T -2 = M0 L0 T0

x4 - 3y4 + z4 = 0 x4 = -2
- x4 - 2 = 0 y4 = -1
y4 + 1 = 0 z4 = -1

60
π 4 =σ /lρ V2 Weber (W) ⇒ importante em
Escoamento com interface gás-
líquido ou líquido-líquido

5 - π 5 = (LT-1)x5 (ML-3) y5 L z5 (ML-1T-2 ) = M0 L0 T0

X5 - 3y5 + z5 - 1 = 0 x5 = -2
- x5 - 2 = 0 y5 = - 1
Y5 + 1 = 0 z5 = 0

π 5 =K/ρ V2 Mach (M) ⇒ importante


em escoamento com
efeitos de compressibilidade

6 - π 6 = (LT-1)x6 (ML-3) y6 L z6 L = M0 L0 T0

x6 - 3y6 + z6 + 1 = 0 x6 = 0
- x6 = 0 y6 = 0
y6 = 0 z6 = 1

π 6 = l1 / l

7 - π 7 = (LT-1)x7 (ML-3) y7 L z7 L = M0 L0 T0

X7 - 3y7 + z7 + 1 = 0 x7 = 0
- x7 = 0 y7 = 0
Y7 = 0 z7 = 1

π 7 = l2 / l

61
Logo

f(∆ p/ρ V 2, g l/V2, µ /ρ lV, σ / lρ V 2, K/V 2ρ , l1/l, l2/l) =


0

f1(∆ p /ρ V2, F, Re, W, M, l/l1, l/l2 ) = 0

∆ p = ρ V2 f2( F, Re, W, M, l / l1, l / l2) f2 ⇒ teórico ou


experimental

5 - DINÂMICA DOS FLUIDOS

O escoamento de um fluido real é muito complexo. As leis básicas que


descrevem o movimento de um fluido não são de fácil formulação, nem de
fácil manejo matemático, de forma que são necessários recursos
experimentais. Para uma análise baseada na mecânica, termodinâmica e
experiências metódicas, foram construídas grandes estruturas hidráulicas e
maquinas de fluxos eficientes.
Neste capitulo introduziremos os conceitos necessários para a análise
do movimento dos fluidos. As equações básicas que permitem prever o
comportamento dos fluidos serão deduzidas ou postuladas posteriormente.
Tais equações são: do movimento, da continuidade e da quantidade de
movimento e a primeira e segunda lei da termodinâmica aplicada ao
escoamento permanente de um gás perfeito.
Será objeto de estudo a teoria do escoamento unidimensional, com
suas aplicações, limitada aos fluidos incompressíveis em casos nos quais
os efeitos da viscosidade não sejam predominantes.
Dentre as diversas características dos fluidos podemos ainda classifica-
los quanto ao tipo de escoamento em Turbulento e Laminar.

Os Escoamentos Turbulentos são os mais freqüentes na prática da


engenharia. Nestes, as partículas de fluido (pequenas massas) movem-se
em trajetórias irregulares, causando uma transferência de quantidade de
movimento de uma porção do fluido para outra. O tamanho das partículas
pode variar desde muito pequeno (digamos alguns milhares de moléculas)
até muito grande (milhares de pés cúbicos num redemoinho de um rio ou
numa ventania na atmosfera).

62
Para o escoamento turbulento pode-se escrever uma equação semelhante
na forma à lei de Newton da viscosidade:
dv
τ =η
dy

O fator η , não é uma propriedade do fluido somente, dependendo do


movimento do mesmo e da massa especifica. È chamado viscosidade
turbilhonar.
Em muitos escoamentos da pratica tanto a viscosidade quanto às
turbulências contribuem para as tensões de cisalhamento:
dv
τ = ( µ +η )
dy

Experiências são necessárias para a determinação deste tipo de


escoamento.

No Escoamento Laminar, as partículas movem-se ao longo de


trajetórias suaves, em laminas ou camadas, com cada uma destas
deslizando suavemente sobre outra adjacente. As trajetórias das partículas
são bem definidas e não se cruzam.
O escoamento laminar é governado pela lei de Newton da viscosidade. No
escoamento laminar a ação da viscosidade amortece a tendência de
aparecimento de turbulências.

No regime laminar consideram-se as linhas de corrente orientadas


segundo a velocidade do líquido e que têm a propriedade de não serem
atravessadas pelas outras.

63
5.1 - BALANÇO MATERIAL - EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE

Consideremos o trecho da tubulação abaixo:

P2
P1

1 S1 2
S2

V1
Massa que entra = massa que sai + acumulação (estadoVtransiente).
2

Massa que entra = massa que sai (estado estacionário).


ME = MS ou QME = QMS
QME = ρ 1 V1 S1 e QMS = ρ 2 V2 S2

No caso de fluídos incompressíveis ρ 1 =ρ 2

QVE = S1 V1 e QVS = S2 V2 (vazão volumétrica)

2
π ( D1 ) 2 V1 π ( D2 ) 2 V2 V D 
= ⇒ 1 =  2  ρ = massa especifica
4 4 V2  D1 
2
ρ1V1  D 2 
ρ ≠ ρ = 
ρ 2V2  D1 
1 2

Velocidade Mássica : ( G )
QM
G = ρ V = unidades: Kg/s x m2 ou Kg / h. m2
S

EXEMPLO
Pelo trecho de tubulação abaixo escoa petróleo cuja densidade relativa
60ºF / 60ºF = 0,887. O diâmetro do tubo A é de 2 in, o do tubo B de 3 in e
dos tubos C de 1,5 in todos eles sch 40. Por cada um dos tubos C circula

64
igual quantidade de fluido. O fluxo através do tubo A é de 30 gal/min.
Calcular:
a) Vazão mássica em cada tubo expressa em lb/h.
b) Velocidade em cada tubo expressa em ft/seg.
c) Velocidade mássica em cada tubo expressa em lb/ft2.h

P
P 2 C 1,5
S1 1
S2 i
2n
1 3 in
V1 2 in

C V2

1,5 in

Solução: d = 2,0 in sch 40 ---------- SA = 0,02330 ft2


d = 3,0 in sch 40 ---------- SB = 0,05130 ft2
d = 1,5 in sch 40 ---------- SC = 0,01414 ft2
Calculo da massa específica e transformação de unidade da vazão
ρ =dxρ padrão

ρ = 0,887 x 62,37 = 55,3 lb/ft3

1 ft3 = 7,48 galão logo,


QV = 30 (gal / min) x 60 (min/ h) / 7,48 (gal/ ft3)
QV = 240,7 ft3 / h

Então QMA = QMB = 240,7 ft3/h x 55,3 lb/ ft3


QMA = QMB = 13300 lb/h
QMC = 13300 lb/h / 2 = 6650 lb/h

b) VA = QV / S
VA = 240,7 x 1/3600 (h/seg x ft3/ h ) x 1 / 0,0233ft2 VA = 2,87 ft/s
VB = 240,7 / 3600 x 0,0513 VB = 1,30 ft/s
VC = 240,7 / 2 x 1 / 3600 x 0,01414 VC = 2,36 ft/s

c) G = QM / S

65
GA = 13300 / 0,0233 ------ GA = 571000 lb / ft2. h
GB = 13300 / 0,05130 ------ GB = 259000 lb / ft2 . h
GC = 13300 / 2 x 0,01414 ----- GC = 470000 lb / ft2. h

5.2 - BALANÇO DE ENERGIA - EQUAÇÃO DE BERNOULLI

V
V2
P
1
Z1 P
2

Z2

SUPOSIÇÕES:
1 – Sistema Contínuo
2 – Fluido Ideal (sem atrito)

Tipos básicos de energias envolvidas


1. Energia Potencial - EP

É a energia que um objeto possui devido à sua posição. Esta energia está
pronta a ser modificada noutras formas de energia e, conseqüentemente, a
produzir trabalho. Assim que ocorrer algum movimento, a energia potencial da
fonte diminui, enquanto se modifica em energia do movimento (energia cinética).

Ep = W = F.d (I)

ma
F =
Como Força é definido através da equação de Newton como gc ,

aceleração = g e distancia = z, substituindo em ( I ) teremos:

mgz
EP = ( lbf x ft )
gc

2. Energia Cinética - Ec

66
Da definição de energia cinética como trabalho para colocar um corpo em
movimento, podemos obter a expressão geral dada acima para o cálculo da energia
cinética:

como o deslocamento em instante infinitesimal de tempo é, , obtemos:

Físicos adoram cancelar infinitesimais do tipo dt que aparecem em


denominadores com os que aparecem em numeradores, apesar da ânsia que isto
causa nos matemáticos. Cancelando o dt na expressão acima podemos escrever

Logo:
mV 2
Ec = ( lbf x ft )
2g c

Energia de Pressão - Epressão

Epressão = P x V ( lbf/ft2 x ft3) ------ ( lbf x ft )

A energia de pressão (PV) é a energia transportada pelo fluído como


resultado de haver sido introduzido no sistema. Na realidade o produto PV é
um termo de trabalho a expensas da energia das vizinhanças. Esta energia
é a força exercida pelo fluído imediatamente depois do ponto de entrada
multiplicado pela distancia ao longo da qual atua. A distancia ao longo da
qual atua a força é igual ao volume específico do material dividido pela área
transversal no ponto de entrada. Assim o trabalho feito é a força multiplicada
pela distancia, ou seja:
( P x A ) x ( V / A) = P x V
Fazendo o balanço do ponto 1 ao 2 teremos:
m1 g mV2 m g m V2
P1V1 + Z 1 + 1 1 = P2V2 + 2 Z 2 + 2 2
gc 2g c gc 2gc
Através da equação da continuidade m1= m2 = m3 = m. Logo dividindo a
equação por m teremos.

67
P1 g V12 P2 g V22
+ Z1 + = + Z2 +
ρ1 g c 2gc ρ 2 gc 2gc
P g V
+ Z + 2 = cons tan te lbf. Ft / lbm
ρ gc 2g
Multiplicando por gc / g

V2
ft) P + ZEquação de Bernoulli
+ = cons tan te
γ 2g

(despreza-se a variação de energia interna que é desprezível para


fluidos incompressíveis).

5.3 - EQUAÇÃO DE EULER (correção da equação de Bernoulli devido ao


atrito)
Colocando a equação de Bernoulli na forma de diferencial e supondo
fluído real (com atrito).
dP g 2V dV
+ dZ + + dh f = 0 ou
ρ gc 2gc
dP VdV
+ dZ + + dh f = 0
γ gc

Integrando para fluídos incompressíveis (· = constante)


 P2 P1   V22 − V12 
 −  + ( Z 2 − Z1 ) +   + h f = 0
γ γ   2gc 
P2 V2 P V2
+ Z 2 + 2 + h f = 1 + Z1 + 1
γ 2gc γ 2gc
hf energia perdida pelo líquido, por unidade de peso, para se
deslocar do ponto 1 ao ponto 2.

5.4 - APLICAÇÃO DE BERNOULLI (TEOREMA DE TORRICELI)

Vamos supor um reservatório alimentado de forma que a altura do liquido h


mantenha-se constante.
1
o reservatório é alimentado de forma que a
2 altura do líquido mantenha-se constante.

68
Temos: P1 = P2 = atmosfera
V1 desprezível comparado com V2

Aplicando Bernouili temos:


 P2 P1   V 2 − V11 
 −  + ( Z 2 − Z 1 ) +  2  = 0 V22
 γ γ   2 g  onde -h + = 0 → V2 = 2 gh
2g

Correção devido aos efeitos de Superfícies Sólidas

Na maior parte dos problemas de fluxo de fluídos, que se


apresentam em engenharia, intervem correntes que estão
influenciadas por superfícies sólidas e que, portanto contém camada
limite.
Para aplicar a equação de Bernoulli a estes casos práticos, é preciso
introduzir duas modificações. A primeira geralmente de menor importância é
uma correção do termo de energia cinética devido à variação da velocidade
local V com a posição da camada limite. A segunda, que é de maior
importância, consiste em uma correção da equação devido à existência de
atrito do fluído, que tem lugar sempre que se forma camada limite.
Por outra parte, a equação de Bernoulli resulta de maior utilidade para a
resolução de fluídos incompressíveis, se inclui na equação de trabalho
comunicado ao fluído mediante uma bomba.
P / γ + Z + α V2 / 2g = constante
Onde α é o parâmetro de correção e depende do tipo de escoamento
(Foust – fig 20.2 pg 499).

P2 / γ + Z2 + α 2V22 / 2g + h f = P1 / γ + Z1 + α 1 V12 /
2g

Exemplo:
A água na temperatura de 60ºF escoa num tubo conforme indicado na
figura abaixo. Sabe-se que:
S1 = 150cm2 S2 = 120cm2

69
P1 = 0,5 kgf/cm2 P2 = 3,38 kgf/cm2
Z1 = 100m Z2 = 70 m
Calcular a vazão supondo não haver perdas no sistema.

70
m
m 100 m

m
m
6 - ESCOAMENTO VISCOSO INCOMPRESSIVEL

O movimento dos líquidos, levando em conta as trajetórias seguidas


pelas partículas, podem ser classificados em:

 Movimento em regime laminar


 Movimento em regime turbulento

6. 1 - MOVIMENTO LAMINAR E TURBULENTO

Experiência de Reynolds:

Deixando a água escorrer pelo cano transparente juntamente com o


líquido colorido, forma-se um filete desse líquido. O movimento da água está em
regime laminar.
Aumentando a vazão da água abrindo-se a torneira, nota-se que o filete
vai se alterando podendo chegar a difundir-se na massa líquida. Nesse caso o
movimento da água está em regime turbulento.

70
Para se determinar o tipo de movimento em uma canalização, calcula-se o
Número de Reynolds dado pela expressão:

ρVD VD
Re = ou Re =
µ σ

Re = número de Reynolds ( adimensional)


V = velocidade media ( m/s ou ft/s)
D = diâmetro interno do conduto ( m ou ft)
µ = viscosidade absoluta ( g/ cm.s ou lb/ft. s).
σ = viscosidade cinemática ( m2/s ou ft2/s)
ρ = massa especifica a temperatura do escoamento (kg/m3 ou lb/ft3)

Para os tubos comerciais valem os seguintes limites:

Re ≤ 2500 movimento laminar


2500 < Re < 4000 zona critica
Re ≥ 4000 movimento turbulento

 Para dutos não circulares


Toma-se como diâmetro na equação do número de Reynolds um
diâmetro equivalente que se define como igual a quatro vezes o raio hidráulico. O
raio hidráulico se representa por rH e se define como a relação entre a área da
seção transversal da condução e o perímetro molhado.

S
rH = S = seção transversal
Lp
Lp = perímetro molhado

 Para o caso particular de um tubo circular

πD 2 / 4 D
rH = = D equivalente. = 4 rH
πD 4
 Para o caso particular de uma seção anular entre dois tubos concêntricos

71
πD2 − πD2
rh = 4 4 = Do − Di
π Di − π Do 4

Sendo Di e Do respectivamente o diâmetro interior e exterior do anel. Logo

4rH Vρ
Re =
µ

6.2 - PERDA DE CARGA

No estudo do Teorema de Bernoulli vimos que deveria ser introduzido um


termo corretivo ∆ denominado perda de carga. Esta perda de carga é
ocasionada pela resistência que o líquido oferece ao escoamento.
No regime laminar a resistência é devida inteiramente à viscosidade do
líquido ao passo que no regime turbulento é devido não só a viscosidade como à
inércia.

CLASSIFICAÇÃO DAS PERDAS

As perdas de carga estão classificadas em:

a) Perdas ao longo do conduto (hf): são ocasionadas pelo movimento da


água na própria tubulação.
b) Perdas de cargas localizadas (hf): provocadas pelas peças e
singularidades ao longo das canalizações tais como: curvas, registros,
derivações, redução ou aumento de diâmetro.

PERDAS AO LONGO DAS CANALIZAÇÕES

A resistência ao escoamento da água ao longo das canalizações depende do


comprimento e do diâmetro do tubo, da velocidade do líquido, da rugosidade
das paredes do tubo, porém não depende da posição do tubo nem da pressão
interna.
As experiências de Nikuradse mostram a importância da rugosidade nas
perdas ao longo das canalizações.

A Rugosidade das paredes depende:


 Material empregado na fabricação dos tubos
 Processo de fabricação dos tubos
 Comprimento dos tubos e número de juntas
 Técnica de assentamento
 Estado de conservação das paredes do tubo
 Existência de revestimento especial
 Emprego de medidas protetoras durante o funcionamento

72
Existem várias formulas empíricas para o calculo da perda de carga ao
longo das canalizações, porém estudaremos apenas a formula universal,
que é a de Darcy- Weisbach.

L V2
hf = f L = comprimento do tubo
D 2g
D = diâmetro do tubo
V = velocidade do líquido
f = coeficiente de atrito

Esta fórmula engloba na mesma lei o escoamento de todos os líquidos


qualquer que seja o tipo de escoamento (livre ou forçado) ou regime (laminar
ou turbulento).
O coeficiente de atrito, sem dimensão, é função do número de Reynolds e
da rugosidade relativa e pode ser determinado com auxilio do DIAGRAMA de
MOODY.

RUGOSIDADE RELATIVA

A rugosidade relativa é definida como sendo:

ε /D sendo ε a rugosidade da parede e


D o diâmetro da canalização.

A turbulência depende não só do número de Reynolds como também da


rugosidade.
Para escoamento LAMINAR ( Re < 2500), temos ainda a equação de
Hagen-Poisewille.
µLV
h f = 32
D 2 gρ

igualando com a equação de Darcy, temos:

L V2 µLV µ
f = 32 2 rearrumando f = 64
D 2g D gρ ρVD

ρVD 64
como Re = teremos f =
µ Re

73
onde f é o fator de atrito.

6.3 - PERDAS DE CARGA LOCALIZADA

As perdas de carga localizadas, também chamadas de perdas singulares


são ocasionadas por mudanças de seção de escoamento e/ou de direção
da corrente. Estas mudanças ocasionam turbilhonamento e, devido à
inércia, parte da energia mecânica disponível se converte em calor e
dissipa sob essa forma resultando, portanto numa perda de energia ou
perda de carga.
São aquelas devido a distúrbios locais do fluxo ao passar por acidentes
(válvulas, curvas, cotovelos, joelhos, têm, registros, etc).
No caso de tubulações de grande extensão estas perdas podem ser
insignificantes em relação a perda normal, entretanto em outros casos ( ex:
tubulação de sucção em um sistema de bombeamento), elas podem ser de
grande valor em relação as perdas normais.
A perda de carga localizada (hfi) pode ser determinada através de um dos
dois métodos descritos a seguir:

1. MÉTODO DIRETO

V2
hf = k k = coeficiente obtido experimentalmente em cada caso
2g
V = velocidade média do líquido na entrada
Hf = perda de carga

1.1 perdas em restrições e expansões


1.2 perdas na entrada: a perda na saída do fluído de um reservatório e entrada
na tubulação depende da forma geométrica empregada.
1.3 perda na saída: na saída de um fluído de uma tubulação, não importa a forma
ou tipo de sistema teremos sempre k = 1.0.
1.4 perdas em válvulas e acessórios
2
 d 
2

quando os gráficos são 1 −  1   usa-se V1 ( velocidade a montante)
  d 2  
2
 d 
2

quando os gráficos são  2  − 1 usa-se V2 (velocidade a jusante)
 d1  

2. MÉTODO DO COMPRIMENTO EQUIVALENTE

Consiste este método em determinarmos um comprimento reto de tubulação


que daria a mesma perda de carga do acessório considerado.
Consideremos então as seguintes expressões:

74
L V2 V2
h fN = f e h fL = k
D 2g 2g
de acordo com a orientação inicial do método, temos:

hfn = hfL

L V2 kV 2 L
f = k= f
D 2g 2g D
D
L equivalente = k f
Os valores de k/f ou do próprio comprimento equivalente dos acessórios

encontram-se tabelados em gráficos e tabelas praticas.

Tendo calculado o comprimento equivalente do acessório o calculo da perda


de carga é feito como se a tubulação fosse um único trecho reto com um
comprimento total.

L total = L trecho reto + L equivalente

Ltotal V 2
hf = f
D 2g

75
7 - PROBLEMAS SIMPLES DE ESCOAMENTO EM TUBOS

Os três casos simples de escoamento em tubos que são básicos na


solução de problemas mais complexos são:
DADO ENCONTRAR
1 – Q , L, D, V, E hf
2 - hf, L, D, E Q
3 - hf, Q, L, V, E D
Em cada um desses casos a equação de DARCY-WEIBACH, a
equação da CONTINUIDADE, e o DIAGRAMA DE MOODY são usados
para determinar a grandeza incógnita.

ROTEIRO A SER SEGUIDO PARA RESOLUÇÃO DESSES


PROBLEMAS:
1º CASO
1. Dado a vazão, calcular a velocidade.
2. Calcular o número de Reynolds através da sua equação
3. Calcular a rugosidade relativa ( E/D) através o ábaco A-23
4. Com (2) e (3) através do gráfico de MOODY calcula f (fator de fricção)
5. Calcula a perda de carga através da equação de Darcy

EXEMPLO
Determinar a perda de carga no escoamento de 2000gpm de óleo
com viscosidade relativa σ = 0,0001ft2/s, num tubo de ferro fundido de
comprimento 1000 ft e diâmetro 8 in sch 40.

2º CASO
1- Arbrita um valor para f
2- Através da equação de Darcy encontra uma velocidade V1
3- Calcula o nº de Re para esta velocidade

76
4- Calcula o e/d no gráfico a-23
5- Com Re e E/D encontra um novo f
6- Calcula uma nova velocidade
7- Calcula um novo Reynolds

8- Calcula um novo f através de Re e ε /D


9- Repete-se esse procedimento até o valor de f não mais variar
EXEMPLO
Água a 60ºF escoa num tubo de aço comercial de 12 in sch 40 com uma
perda de carga de 20 ft em 1000ft. Determinar a Vazão.

3º CASO

1-Admite-se um valor de f
2- Resolve-se a equação em D5
3- resolve a equação do nº de Re

4- Calcula-se ε /D

5- Com Re e ε /D acha-se um novo f por MOODY


6- Usa-se o novo f e repete-se o procedimento
7- Quando o valor de f não mais variar, todas as equações são obedecidas
e o problema está resolvido.

EXEMPLO
Determinar o diâmetro do tubo de aço comercial necessário para
transportar 4000 gpm de um fluído, com viscosidade cinemática de 0,0001
ft2/s à distancia de 10000 ft com uma perda de carga de 75 ft.

77
8- ASSOCIAÇÕES DE TUBULAÇÕES

Sempre que encontramos um sistema com tubulações que apresentam


variações no diâmetro no decorrer de sua extensão, ou com ramificações, uma
das maneiras de simplificar o problema é encontrar uma tubulação que seja
equivalente ao sistema em estudo. Podemos dizer que duas tubulações são
equivalentes quando são capazes de conduzir à mesma vazão sob a mesma
perda de carga.
Pensando assim, os problemas que envolvem perda de carga são
bastante simplificados.
O método consiste em adicionar à extensão da canalização, para efeito de
calculo, comprimentos tais que correspondem à mesma perda de carga que
causariam as peças especiais existentes na canalização.

TUBULAÇÕES EM SÉRIE

O problema consiste em determinar qual seria o comprimento L que


deveria ter uma tubulação de diâmetro prefixado para ser equivalente a uma
tubulação em série que constitui o nosso sistema em estudo.

Nós sabemos que:

78
L V2
hf = f . ;
D 2g
πD 2
como : Q = SV = .V
4

4Q L (4Q / πD 2 ) 2 8 Q2
entãoV = → h f = f . . = . fL
πD 2 D 2g π 2g D 5 Aplicando a definição de
8
fazendoC = 2 temos
π g

Q2
h f = C. fL
D5

tubulações equivalentes ao sistema de tubulações em série da figura (b) acima, temos:


hf = hf1 + hf2
Q = Q1 = Q2

Q2 Q2
Q2 1 2
CfL 5 D 5
D5
Então: D = Cf1L1 1 + Cf2L2 2

fL f L f L
5
= 1 5 + 2 52
D D1 D2

Para resolver essa equação é necessário, inicialmente, determinar os


coeficientes de atrito (f). Entretanto, uma solução aproximada, para fins
estimativos, pode ser desenvolvida se os diâmetros envolvidos D1 e D2 forem do
mesmo material e de dimensões próximas. Neste caso, a variação do valor de f é
menos sensível, principalmente se o escoamento for completamente turbulento.
Neste caso, o diâmetro D é fixado como sendo igual a D1 ou D2 ou a media
aritmética entre eles. Este procedimento reforça a nossa adoção de f=f1=f2. Então
temos:

L L L
5
= 15 + 25
D D1 D2

Ou generalizando:

i =n
L = ∑ ( Li / Di5 ) (I)
D5 i =1

Como conhecemos os valores de L1 e D1, fixamos o valor de D e estimamos o


valor de L através da equação (I) acima.

79
TUBULAÇÕES EM PARALELO

Analogamente ao anterior, este problema consiste em determinar o


comprimento L da tubulação equivalente abaixo, de diâmetro D prefixado, para
ser equivalente ao feixe de tubulações em paralelo em consideração da figura
(d).

As equações que podemos levantar para o problema são:

hf = hf1 = hf2 = hf3


Q = Q1 + Q2 + Q3 Então:

Q2 h f .D 5
h f = C. fL ou Q =
D5 f .C .L

2
Q1 h f 1 .D1
5

h f 1 = C. f1 L1 5 ou Q1 =
D1 f 1 .C .L1
2
Q2 h f 2 .D2
5

h f 2 = C . f 2 L2 5 ou Q2 =
D2 f 2 .C.L2

2
Q3 h f 3 .D3
5

h f 3 = C. f 3 L3 5 ou Q3 =
D3 f 3 .C.L3

Substituindo os valores de Q1, Q2, Q3 e Q na expressão Q = Q1 + Q2 + Q3, vem:

5 5 5
h f .D 5 h f 1 .D1 h f 2 .D2 h f 3 .D3
= + +
f .C.L f 1 .C.L1 f 2 .C.L2 f 3 .C.L3

como hf = hf1 = hf2 = hf3, temos.

5 5 5
D5 .D1 .D2 .D3
= + +
f .. L f 1 .L1 f 2 .L2 f 3 .L3

80
Nesse caso, teríamos que supor uma distribuição inicial de vazões ou
valores para os coeficientes de atrito e posteriormente verificar a solução por um
processo interativo. Fazendo considerações análogas àquelas desenvolvidas no
estudo de tubulações em série, uma solução aproximada para fins interativos
seria supor:
5 5 5
D5 .D1 .D 2 .D3
f = f1 = f2 = f3 e, então = + + ou generalizando
L .L1 .L 2 .L3

D5
i =n
Di5
L
= ∑(
i =1 Li
) (II)

Como conhecemos os valores de Di, Li, fixamos um valor para D e obtemos o


correspondente valor do comprimento equivalente L. Também aqui a escolha do
diâmetro D igual a um dos diâmetros Di reforça a aproximação.

9 - BIBLIOGRAFIA

Fox, Robert W., McDonald, Alan T., Introdução a Mecânica dos Fluidos, 4 °
edição, LTC Editora, 1998.

Street, Victor L., Mecânica dos fluidos, McGraw-Hill do Brasil, 1969 (São Paulo).

Bastos, Francisco de Assis, Problemas de mecânica dos fluidos, editora


Guanabara.

Crane, “ Flow of fluids Throught Valves, Fitting, and Pipe” – Engineering Division.

Giles, Ronald V., Mecânica dos fluidos e hidráulica, editora McGraw-Hill do Brasil
LTDA -coleção Schaum.

Brunetti, Franco, Mecânica dos Fluídos, Pearson Prentice Hall,2005.

Porto, Rodrigo de Melo, Hidráulica Básica, 4, ed. , São Carlos: EESC-USP, 2006

SITES INTERESSANTES:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mec%C3%A2nica_dos_fluidos

o omnis.if.ufrj.br/~marco/fis2

o astro.if.ufrgs.br/evol/takoma.htm Tacoma Bridge

81
o www.cesec.ufpr.br/~tc431/links.htm

Ponte de Tacoma:
http://www.ketchum.org/bridgecollapse.html
http://www.wcsscience.com/tacoma/bridge

82

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