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ESTUDOS BÍBLICOS MISSIONÁRIOS
Estudo 1
Pr. Tomé A. Fernandes,
missionário de Missões Mundiais em Portugal
Chamado de todos, missão de cada um
Introdução
As palavras da Grande Comissão de Mateus 28.16-
20 são consideradas umas das últimas de Jesus na Terra.
Elas foram dadas a um grupo misto de pessoas e num
contexto de obediência e louvor. Crê-se que estas pala-
vras de Cristo foram ditas entre o 25º e 35º dia após sua
ressurreição. Ele chamou os seus discípulos para uma
tarefa global, mundial e transformadora na história. A ta-
refa não é de cristianizar o mundo, mas de discipular as
nações.
A tarefa não foi só dos apóstolos. Não sabemos ao
certo quantos estavam na Galiléia quando Jesus anun-
ciou seu projeto e a proposta da Grande Comissão. Jesus
escolheu a Galiléia para fazer isso. Era ali que estava o
maior número dos discípulos, não era em Jerusalém, a
capital religiosa da nação. Galiléia era um lugar estraté-
gico porque estava rodeado de povos de várias nações.
Paulo, em 1Coríntios 15, diz que o Cristo ressurreto “apa-
receu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez … e a
todos os apóstolos” (vs.6-7). Conforme Mateus 28.15,
os apóstolos estavam no monte. Contudo, segundo
Mateus 28.7, as mulheres provavelmente também estari-
am, bem como todos os outros discípulos da Galiléia. Os
apóstolos, as mulheres e todos os discípulos foram as-
sim comissionados para a tarefa de alcançar o mundo e
chamados para participar da missão da evangelização
mundial.
1) Os desafios da Grande Comissão
Bill Bright, que foi o fundador do movimento estu-
dantil e profissional para Cristo, disse que “a Grande
Comissão de Cristo é o maior plano já apresentado aos
homens, pela maior pessoa que já viveu, concernente ao
maior poder já revelado e com a maior promessa que já
foi registrada”. Precisamos estar conscientes da identi-
dade da pessoa de Cristo, quem Ele é, sua peculiaridade
Revista da Campanha - Mobilização Missionária - 2008
na História Universal e na história das religiões mundiais.
Cristo é uma pessoa singular, o Criador e Sustentador do
Universo que em Belém se tornou Jesus para ser o Sal-
vador do mundo. Daí a autoridade de Cristo e da relevân-
cia de suas palavras para a Igreja e para os discípulos.
Mateus 28 é essencial para a compreensão da mis-
são da Igreja e do papel do discípulo de Cristo no mun-
do. Os principais pontos da Grande Comissão nesse Evan-
gelho são:
a) Poder para missões (v.18). Realizamos missões com
o poder que vem de Deus. A implicação é que não deve-
mos olhar para os perigos que o mundo nos coloca dian-
te da missão, mas nosso foco tem de estar na autoridade
do Senhor.
b) O programa de missões (vs.19, 20 a). É fazer discí-
pulos em todas as nações. Nações são grupos étnicos.
Nosso programa tem de ser orientado para as pessoas e
não simplesmente orientado para projetos. Nós podemos
trabalhar com máquinas ou num escritório porque o tra-
balho missionário precisa de retaguarda. Contudo, a re-
taguarda deve estar ligada com o fazer discípulos em todo
o mundo.
c) Promessa em missão (v. 20 b). Há aqui uma promes-
sa que é um conforto. Os discípulos não estão sozinhos
na tarefa. A presença, a provisão e a proteção de Cristo
nos são dadas. Podemos nos envolver com confiança na
obra de Deus neste mundo.
2) Implicações para a igreja e os
discípulos de Cristo
a) Consciência do plano global de Deus
O Deus da Bíblia e da humanidade não é territorial,
Revista da Campanha - Mobilização Missionária - 2008
regional ou tribal, mas é o Deus de todos os povos e
nações. Por isso, seu plano de transformação e redenção
é de escopo mundial. Daí “fazei discípulos de todas as
nações”.
O plano global e redentivo do Senhor estão bem pa-
tentes em Gênesis capítulos de 1 a 11 onde vemos Deus
se relacionando com todos os povos da Terra (isto é an-
terior à escolha de Abraão e Israel que começou em
Gênesis 12). Gênesis 10 é o registro universal onde se
explica a origem das nações. É um documento missio-
nário onde é apresentado a preocupação de Deus pelo
mundo (10.5). O pacto com Noé é universal (Gn 9.9, 10).
A missão era para incluir todo o mundo (Gn 9.9s/10.32).
A diversidade étnica reflete a natureza da criação de
Deus. Deus deseja a salvação das nações (Is 19.19-25,
45.22; Salmos 68.31-32, 86.9, Sl.87). A ação missionária
de Deus visando o cumprimento de sua agenda está evi-
denciada em Gênesis 3.15. É Deus quem procura o ho-
mem (Gn 3.8). Seu plano é universal, daí o “fazei discí-
pulos de todas as nações” da Grande Comissão.
Portanto, missões não é opcional. O chamado no pla-
no de Deus é para todos. Nesse plano, Deus chama o ser
humano. Chamou a Abraão, Jeremias, Paulo e, também,
a mim e a você.
b) A Missão de cada um no plano global de Deus
A tarefa é da igreja como coletividade e, também, do
discípulo como indivíduo. O contexto de Mateus 28 apre-
senta passos para o envolvimento e ação do discípulo
neste plano universal do Deus Criador e Redentor.
• Disponibilidade e obediência, vs. 16
Os discípulos estavam disponíveis. Seguiram as ins-
truções de Jesus em Mateus 26.2 e Mateus 28.7. O pró-
prio Jesus mencionou acerca da necessidade de irem para
a Galiléia (Mateus 28.10). A notícia se espalhou. Assim,
os “onze discípulos partiram para a Galiléia, para o monte
que Jesus lhes designara”; os seguidores de Cristo até
então tinham fraquezas, temores e até dúvidas. Aos olhos
humanos não seriam as pessoas certas para transformar
a história e fazer diferença no mundo. Contudo, estive-
ram disponíveis. Foram obedientes, estavam prontas para
a tarefa e isso foi importante para a estratégia de Deus.
• Adoração e missão, vs.17
Um item fundamental para o discípulo no programa
mundial de Deus é uma vida de adoração. Adorar é pros-
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trar-se diante de Deus reconhecendo sua grandeza e sua
graça em nós e na humanidade; não é uma postura cir-
cunstancial ou pontual. Adoração é uma atitude de vida.
Para isso, o discípulo precisa conhecer Deus.
A adoração é uma resposta de celebração a tudo o
que Deus tem feito e promete fazer. Para o adorador, a
pessoa de Deus é tão preciosa quanto um copo de água
fresca num dia de intenso calor. O adorador busca a Deus
por causa de Deus. Adorar implica em peneirar os nos-
sos valores num mundo tão consumista e hedonista. Os
valores de Deus são a única paixão do adorador. Pela ado-
ração, o discípulo de Cristo se entrega a Deus e é envia-
do por Ele ao mundo. O discípulo e uma comunidade
que adoram serão, sem dúvida, missionários.
Você adora a Deus? O que isso significa em termos
práticos em sua vida pessoal, profissional e ministerial
de acordo com os dons que o Senhor te deu à luz do
plano global de Deus?
Conclusão
Vemos que a missão, segundo Jesus, é fazer discípu-
los em todas as nações. Existem ainda cerca de 6.000
grupos humanos sem o Evangelho. A missão tem uma
dimensão espiritual mas, também, uma preocupação com
a justiça e a libertação dos oprimidos e marginalizados
da nossa sociedade. Jesus precisa ser proclamado.
Evangelização implica fazer discípulos, batizá-los e
instruí-los na obediência aos ensinos de Cristo. O diálo-
go interreligioso e projetos de desenvolvimento comuni-
tário são importantes. Contudo, não podem diluir a pro-
clamação, a evangelização e o discipulado das nações!
Disse o Dr. Samuel Zwemer, estadista missionário:
“O Evangelho não só converte indivíduos mas transforma
a sociedade... os discípulos e missionários estabelece-
ram padrões de pureza e higiene, promoveram a indús-
tria, elevaram a mulher, reprimiram costumes anti-soci-
ais, aboliram o canibalismo, o sacrifício humano e a cru-
eldade, organizaram a assistência aos necessitados, aca-
baram com as guerras tribais e mudaram a estrutura da
sociedade”.
Sejamos instrumentos para viabilizar o plano do Deus
no mundo. Deus nos convoca para sermos Seu instru-
mento da criação e redenção em Cristo. “Fazei discípulos
de todas as nações…”. Façamos a nossa parte de acor-
do com as nossas capacidades usando sabiamente o tem-
po, as finanças e os dons “enquanto é dia”.