Anda di halaman 1dari 9

641

ARTIGO ARTICLE
“Quando o anúncio é bom, todo mundo compra.”
O Projeto MonitorAÇÃO
e a propaganda de medicamentos no Brasil

“When the ad is good, the product is sold.”


The MonitorAÇÃO Project and drug advertising in Brazil

Jussara Calmon Reis de Souza Soares 1

Abstract This paper presents an analysis on drug Resumo O presente artigo apresenta uma refle-
advertising in Brazil, based on the final report of xão sobre a propaganda de medicamentos no Bra-
the MonitorAÇÃO Project, by the group from the sil baseada no relatório final da equipe UFF do
Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Projeto MonitorAÇÃO. A partir de um convênio
Janeiro. Due to a partnership between the univer- com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
sity and the National Agency for Health Surveil- (ANVISA), durante um ano foram monitoradas
lance (ANVISA), drug advertisements were mon- e analisadas peças publicitárias de medicamen-
itored and analyzed for one year, according to the tos, entre outros produtos sujeitos à vigilância
methodology defined by the Agency. The samples sanitária, de acordo com metodologia proposta
were collected in medical practices and hospitals, pela Agência. A monitoração incluiu coleta men-
drugstores, pharmacies and in scientific magazi- sal de peças em consultórios e clínicas, em farmá-
nes. TV and radio programs were monitored, in cias e drogarias, revistas especializadas, além de
the case of OTC drugs. 159 advertisements refer- programas de rádio e TV, no caso dos medica-
ring to pharmaceuticals were sent to ANVISA, from mentos isentos de prescrição. Para as análises, fo-
a total of 263 irregular ads analyzed between Oc- ram elaborados pareceres técnico-científico, de
tober 2004 and August 2005. The main problems risco sanitário, publicitário e o parecer legal con-
found were the poor quality of drug information clusivo. Foram enviadas 159 peças publicitárias
to health professionals, as well as misleading drug referentes a todos os medicamentos, de um total
use to lay population. Based on the results of this de 263 peças irregulares analisadas de outubro de
project and on other studies, the banning of drug 2004 a agosto de 2005. Foram constatados a má
advertising in Brazil is proposed. qualidade das informações prestadas aos profissio-
Key words Drug advertising, Health surveillan- nais de saúde e o estímulo ao uso indiscriminado
ce, Health legislation dos produtos, no caso das peças publicitárias de
medicamentos de venda livre. Com base nos re-
1
Departamento de Saúde sultados obtidos neste e em outros estudos sobre o
e Sociedade, Instituto de
Saúde da Comunidade,
tema, propõe-se a proibição da propaganda de
Universidade Federal medicamentos no país.
Fluminense. Rua Marquês Palavras-chave Propaganda de medicamentos,
do Paraná 303/3º andar
(anexo ao HUAP), Centro.
Vigilância sanitária, Legislação sanitária
24030-210 Niterói RJ.
jucalmon@vm.uff.br
642
Soares, J. C. R. S.

Introdução blicidade da UFF, sob a coordenação de docente


do departamento de Saúde e Sociedade/Instituto
Conhece-se bem o impacto da propaganda de de Saúde da Comunidade. Em dezembro de 2005,
medicamentos e demais produtos relacionados à foi enviado o relatório final das atividades reali-
saúde tanto na prática dos profissionais do setor, zadas durante um ano10.
como nas demandas das populações. As indús- A iniciativa da ANVISA – através da GPROP
trias farmacêuticas, por exemplo, gastam em (gerência de monitoramento e fiscalização de
média 35% do valor das vendas com a chamada propaganda, publicidade, promoção e informa-
“promoção farmacêutica”, publicidade e marke- ção de produtos sujeitos à vigilância sanitária) –
ting de seus produtos. São inúmeros os estudos de buscar a integração com universidades de todo
que mostram a influência das estratégias utiliza- o Brasil para uma atuação conjunta e integrada é
das pelos fabricantes de medicamentos na quali- louvável, a nosso ver; é fundamental que a vigi-
dade da prescrição médica. Basta citar pesquisa- lância sanitária seja compreendida como um
dores como Lexchin1,2, Herxheimer3, Silverman4,5, campo onde todos – órgãos governamentais e
Avorn6 e, no Brasil, Barros7-9, entre aqueles que sociedade civil – devem assumir responsabilida-
publicam estudos sobre o tema há cerca de três des, para conquistar e garantir seus direitos. Sem
décadas, alertando para as conseqüências das re- a participação ativa da sociedade, não é possível
lações conflitantes entre profissionais da saúde e avançar de forma satisfatória na regulamenta-
indústria farmacêutica. O problema é tão grave ção das relações de produção e consumo, de que
que o British Medical Journal (BMJ) publicou em trata o campo da vigilância sanitária. Para que o
maio de 2003 um número exclusivamente dedica- direito dos consumidores prevaleça, é necessário
do a esse debate. Já há ONGs e sítios na Internet que a estrutura legal, o conhecimento técnico-
como o Healthy Skepticism, No Free Lunch, Pres- científico e a organização do poder – tripé que
crire e, no Brasil, a Sociedade Brasileira de Vigi- deve fundamentar as relações entre produção e
lância de Medicamentos (SOBRAVIME), para ci- consumo nas sociedades contemporâneas – es-
tar alguns, também dedicados a alertar e a pro- tejam equilibrados. Como afirmam Mello et al.11:
por alternativas aos problemas causados por essa É necessário que a comunidade exija Qualidade,
dependência de médicos e outros profissionais em fiscalize e polemize as situações vigentes. No en-
relação à indústria farmacêutica. tanto, o sucesso de tal ação depende do conheci-
São grandes os riscos, graves os problemas mento disponível sobre o assunto, da difusão deste
causados pela má qualidade da propaganda, tan- saber pela população e da vontade política de utili-
to em termos sanitários, quanto econômicos. É, zá-lo. Nenhuma sociedade está imune a erros téc-
portanto, essencial que este tema seja discutido nicos, administrativos e à fraude.
nas e pelas universidades. Por este motivo, apre- Este é, a nosso ver, o maior mérito do Projeto
sentamos nossa candidatura ao edital publicado de Monitoração da Propaganda e Publicidade de
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária Produtos sob Vigilância Sanitária: disponibilizar
(ANVISA), a fim de participar de um projeto informações, divulgar o processo de regulamen-
nacional de monitoração de propaganda e pu- tação e controle da propaganda, fazer com que
blicidade de produtos sujeitos à vigilância sanitá- as universidades participem e se integrem ao
ria. Assim, em agosto de 2004, foi assinado con- mesmo, debatam e tragam propostas concretas
vênio entre a UFF e a ANVISA para o desenvolvi- para o avanço desse campo fundamental para a
mento desse trabalho conjunto, que envolveu saúde e a cidadania. Porém, à ANVISA cabe tam-
mais dezessete universidades em todo o Brasil. bém regulamentar as questões que envolvem ris-
Acadêmicos de diversos cursos captaram e anali- cos à saúde da população brasileira, garantir e
saram propagandas veiculadas em suas regiões, fiscalizar o cumprimento da legislação sanitária
com o objetivo de acompanhar e analisar a di- e aplicar as sanções previstas aos infratores.
vulgação de medicamentos, alimentos para fins O presente artigo apresenta uma reflexão so-
especiais e produtos para a saúde em diferentes bre a situação da propaganda de medicamentos
veículos de comunicação, e identificar o teor das no Brasil, com base nas análises, propostas, crí-
mensagens veiculadas, para obter um perfil da ticas e sugestões presentes no relatório final do
propaganda e publicidade de produtos sujeitos à MonitorAÇÃO enviado à ANVISA, como subsí-
vigilância sanitária no Brasil. A equipe do Projeto dio à discussão sobre a legislação sanitária em
“MonitorAÇÃO UFF/ANVISA” contou com aca- vigor, em especial a RDC ANVISA nº 102/00, cuja
dêmicos de Direito, Enfermagem, Farmácia, Jor- revisão está em andamento.
nalismo, Medicina, Nutrição, Odontologia e Pu-
643

Ciência & Saúde Coletiva, 13(Sup):641-649, 2008


Metodologia do trabalho 38,5% das peças publicitárias de medicamentos
de monitoração das propagandas de venda sob prescrição não apresentavam o
número do registro no Ministério da Saúde, en-
A metodologia de coleta e análise das peças pu- tre outros resultados.
blicitárias foi definida pela gerência de propa- Entre as peças publicitárias de medicamentos
ganda (GPROP/ANVISA), e foi seguida de for- de venda sob prescrição monitoradas por nossa
ma padronizada por todas as universidades. O equipe, a irregularidade mais importante foi em
material publicitário relativo aos medicamentos relação às informações prestadas aos profissio-
de venda sob e isenta de prescrição foi coletado nais de saúde, seja através de referências biblio-
mensalmente em farmácias e drogarias, em con- gráficas inexistentes, inacessíveis ou sem valor
sultórios médicos, em hospitais/clínicas públi- científico, seja através da informação inadequa-
cos e privados, revistas especializadas; foi feita, da acerca das contra-indicações, advertências e
ainda, a monitoração de estações de rádio AM e cuidados. Vale lembrar que as empresas fabri-
FM e canais de TV aberta. cantes alegam fazer educação continuada dos
A análise feita pelos acadêmicos, sob super- médicos, através das informações prestadas aos
visão da coordenação, foi realizada nos moldes profissionais.
da ANVISA, ou seja, com pareceres técnico-cien- No caso das peças publicitárias de medica-
tífico, de risco sanitário, publicitário e parecer mentos isentos de prescrição médica, o proble-
legal conclusivo. As peças publicitárias irregula- ma mais grave encontrado foi o estímulo ao uso
res foram enviadas mensalmente à GPROP, a indiscriminado dos produtos, o que remete ao
quem cabe avaliar, revisar e formar processo de fato de serem os medicamentos, há oito anos, o
autuação das empresas, nos casos cabíveis. principal agente de intoxicação humana registra-
do pelo SUS no Brasil. De acordo com o Sistema
Nacional de Informações Toxicológicas (SINI-
Discussão TOX), do Centro de Informação Científica e Tec-
nológica (CICT)/ Fiocruz, foram notificados
Foi enviado, ao longo do projeto, um total de 20.534 casos em 2001.
263 peças publicitárias irregulares, captadas em A Agência Nacional de Vigilância Sanitária
diversos meios de comunicação, de outubro de (ANVISA), criada em 1999, tem entre suas fun-
2004 a agosto de 2005. Destas, 88 eram referentes ções a de definir o Sistema Nacional de Vigilância
a medicamentos de venda sob prescrição e 71 a Sanitária, que poderia minorar os abusos e erros
medicamentos isentos de prescrição. Limitamo- que ocorrem no país em relação a todos os pro-
nos, neste artigo, à análise do perfil da promo- dutos sujeitos à vigilância sanitária. Porém, ape-
ção destes medicamentos pelo MonitorAÇÃO/ sar dos inúmeros avanços sem dúvida obtidos
UFF na região de Niterói. Foi possível confirmar pela Agência, essa estruturação ainda não se deu
os resultados encontrados nacionalmente na I de fato, e o setor continua precário e ineficiente.
Etapa do Projeto de Monitoração da Propagan- O mercado brasileiro de medicamentos conti-
da de Produtos sob Vigilância Sanitária da AN- nua concentrado, com muitos problemas de re-
VISA, disponíveis no sítio da instituição12, os quais gulação; a rede de farmácias existentes no país
mostram um número elevado de infrações à le- envolve aproximadamente 55 mil estabelecimen-
gislação em vigor, tanto pela omissão de infor- tos, que são abertos e distribuídos sem qualquer
mações obrigatórias, quanto pela presença de planejamento ou política. A população brasileira
dados enganosos, além da divulgação de propa- continua exposta diariamente a riscos com os
gandas de produtos sem registro e de medica- mais diversos graus de gravidade. Consideran-
mentos de venda sob prescrição ao público leigo, do, ainda, apenas a área de medicamentos como
entre outros problemas identificados. Em artigo exemplo, podem ser rapidamente listados vários
publicado por um dos grupos que trabalharam problemas que permanecem sem solução: a au-
na primeira etapa, Luchessi et al.13 encontraram sência de farmacêuticos na maioria das farmáci-
que 17,5% das campanhas publicitárias dos pro- as do país, a venda de medicamentos de tarja
dutos de venda livre em São Paulo não apresen- vermelha em farmácias e drogarias sem a exigên-
taram a principal contra-indicação do medica- cia da prescrição, o registro e comercialização de
mento. Os autores observaram também que medicamentos proibidos ou de uso restrito em
15,5% do material analisado estimulavam e/ou outros países, etc.
induziam o uso indiscriminado de medicamen- Em 1989, ou seja, há mais de quinze anos, já
tos, cujo consumo exige prescrição médica, e que defendíamos a necessidade urgente de “sanea-
644
Soares, J. C. R. S.

mento” do mercado de medicamentos brasilei- e o Código de Defesa do Consumidor17, podero-


ro14, o que não ocorreu até hoje, fazendo com so instrumento de regulação das relações entre
que os velhos problemas permaneçam, apesar produção e consumo no Brasil, praticamente
de todos os diagnósticos e demais estudos reali- todas as peças publicitárias analisadas no âmbi-
zados no país. to de Niterói e arredores ao longo do ano pode-
Em relação à questão da informação x pro- riam ser classificadas como propaganda enga-
paganda, afirmávamos que: A informação à qual nosa e/ou abusiva, segundo a definição presente
temos realmente acesso é à propaganda de medica- no Art. 2º da RDC ANVISA nº 102/00: qualquer
mentos de venda livre, veiculada pelos meios de modalidade de informação ou comunicação de
comunicação de massa, e às propagandas dos pro- caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa,
dutos ‘éticos’ (de venda sob prescrição médica), ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão,
divulgados principalmente através de propagan- que seja capaz de induzir em erro o consumidor a
distas e anúncios em revistas científicas; essas pro- respeito da natureza, características, qualidade,
pagandas são orientadas para estimular as vendas quantidade, propriedades, origem, preço e quais-
dos produtos e, portanto, praticamente não trazem quer outros dados sobre medicamentos.
informações sobre contra-indicações, reações ad- Porém, a resolução não prevê qualquer puni-
versas, efeitos colaterais, entre outras. Como apon- ção em tais casos. Já o CDC é muito claro e bem
tam várias pesquisas, os propagandistas são uns mais amplo e objetivo em relação ao tema. No
dos principais responsáveis pela ‘educação conti- Artigo 37, determina-se que: “É proibida toda
nuada’ dos médicos, no Brasil e em outros países14. publicidade enganosa ou abusiva”.
Os resultados gerais do Projeto de Monito- O referido código prevê punições aos infra-
ração de Publicidade e Propaganda de Produtos tores.
sujeitos à Vigilância Sanitária, em suas duas eta- Todos os estudos sobre propagandas de me-
pas, confirmam a permanência de um quadro dicamentos no Brasil vêm mostrando quão ine-
inadmissível para o momento atual, tendo em ficaz tem sido a ação das autoridades sanitárias
vista todo o conhecimento existente sobre o se- neste setor. Por isso, alertamos para o fato de
tor, assim como as inúmeras reflexões, propos- que a falta de medidas eficazes, de fato, faz com
tas e recomendações feitas pelos profissionais e que o atual projeto da ANVISA corra o risco de
setores voltados para a defesa da saúde da popu- se tornar apenas uma versão “dez anos depois”
lação brasileira. Consideremos alguns fatos. daquele programa da SNVS, colaborando para
A antiga Secretaria Nacional de Vigilância que o perfil da propaganda de medicamentos no
Sanitária (SNVS) já havia criado, em 1995, um Brasil permaneça o mesmo, ou pior, uma vez
“Programa de Análise da Propaganda de Medi- que a evidência dos fatos somente vem se acu-
camentos”. Em uma avaliação das peças publici- mulando ao longo dos anos.
tárias monitoradas dentro do referido progra- A título de ilustração, segue-se nossa avalia-
ma, Heineck e colaboradores15 encontraram mais ção acerca da monitoração da RBM – Revista
de 80% de peças com infrações à legislação sani- Brasileira de Medicina –, publicação mensal lan-
tária, com omissão de informações fundamen- çada em 1944, com circulação de 40 mil exempla-
tais a respeito de cuidados, reações adversas e res distribuídos por todo o Brasil, que tem como
contra-indicações. público-alvo os clínicos gerais. A RBM está inde-
No mesmo ano, Pizzol e colaboradores16 ava- xada em: EMBASE Excerpta Medica, Index Me-
liaram a adequação das propagandas de medi- dicus Latino Americano (LILACS), La Prensa
camentos dirigidas à categoria médica no sul do Medica Mundial, Ulrich’s International Periodi-
Brasil. Os resultados mostraram que nenhuma cals Directory Tropical Diseases Bulletin e Biblio-
das 127 peças publicitárias analisadas cumpriu grafia Brasileira de Medicina. Porém, como ob-
na íntegra as exigências da legislação. Constata- servamos, sua qualidade como publicação cien-
ram que as propagandas de medicamentos eram tífica é altamente questionável, uma vez que a
“[...] apenas um artifício para aumentar as ven- revista apresenta uma proporção abusiva de pe-
das da indústria farmacêutica”, e concluíram: É ças publicitárias, sem contar com aquelas veicu-
necessário estabelecer instrumentos efetivos de con- ladas de forma implícita, como ocorre na seção
trole para que se possa ter uma melhor qualidade intitulada “Cápsulas”, presente em todas as edi-
na informação fornecida ao prescritor, divulgada ções. A título de ilustração, em um número de
por esse tipo de publicidade muito comum em nos- 170 páginas, cerca de quarenta foram destinadas
so meio16. às mensagens publicitárias, excluindo aquela pre-
De acordo com a legislação sanitária vigente sente na contracapa.
645

Ciência & Saúde Coletiva, 13(Sup):641-649, 2008


Em relação às mensagens não explícitas, se- nais e revistas editadas pelo Conselho Federal de
gue-se a transcrição de uma análise realizada por Medicina e Conselhos Regionais de Medicina, como
um discente da equipe: Em vez da apresentação também em sítios na Internet. Várias publicações
clássica de uma PP, neste caso o medicamento é estrangeiras de qualidade não permitem a pre-
veiculado em um pequeno box, que contém sua sença de propagandas.
fotografia. A propaganda é apresentada na seção Continuando com o exemplo da monitora-
da revista denominada “Cápsulas”. Esta seção traz ção da RBM, tanto os nossos resultados, como
informações sobre patologias, livros e medicamen- os de Barros e Joany mostram que as propagan-
tos. Teoricamente a seção tem caráter informativo das continuam a desrespeitar os critérios pro-
e científico, o que agrega valor e respaldo aos medi- postos pela OMS e a RDC ANVISA nº 102/00,
camentos apresentados. Os textos apresentados, para citar apenas duas regulamentações. Em uma
transcritos no parecer técnico-científico, compro- percentagem mínima das peças publicitárias di-
vam essa estratégia (de marketing) e realizam rigidas aos profissionais médicos há referência a
massiva propaganda, ressaltando os aspectos posi- reações adversas, contra-indicações e interações
tivos do produto, ainda que sem apresentar refe- medicamentosas. Daí nossa concordância com
rências bibliográficas que os confirmem. as reflexões dos autores citados: Omitindo dados
É interessante perceber que nesta PP não há o importantes, em especial contra-indicações, rea-
emprego de técnicas de design apuradas, utilizan- ções adversas e interações, os anúncios são tenden-
do, no entanto, a estratégia de inserção – em uma ciosos, atendendo a propósitos mercadológicos, não
seção de revista médica que supostamente prioriza sendo um meio que subsidie a prescrição e a utili-
informações de caráter técnico e científico – para zação correta e segura dos produtos anunciados.
realizar o marketing comercial. É importante per- Em um outro estudo realizado também já na
ceber que nesse tipo de marketing os medicamen- vigência da RDC ANVISA nº 102/00, publicado
tos são dispostos próximos aos artigos e textos em em 2003, Mastroianni et al.20 avaliaram a influên-
que podem fazer parte da terapia escolhida pelo cia da legislação sobre 199 propagandas de psi-
médico. Portanto, é de suma importância questio- coativos no Brasil. Entre outros pontos, cons-
narmos até que ponto o conteúdo desta revista é tataram que houve pouca influência dos docu-
técnico-informativo, ou publicitário. mentos existentes (Export Act, de 1986; Critérios
Este parecer sintetiza a discussão sobre o pa- da OMS, de 1988; RDC ANVISA nº 102/00), con-
drão apresentado pela referida publicação, ao cluindo pela necessidade de outras medidas de
longo de todo o ano de monitoração, e confirma controle, além de regulamentos.
os resultados de Barros e Joany18 : em sua análise Enfim, as pesquisas confirmam a necessida-
de todos os anúncios contidos nas edições de de de se pensar em novas estratégias de ação do
agosto de 2000 a fevereiro de 2001 do Jornal de Estado em relação aos fabricantes e/ou empre-
Pediatria, do JBM e da RBM, 30,4% em um total sas, de forma mais abrangente e mais eficaz. A
de 1.774 páginas se destinavam a anúncios. Além nosso ver, são evidentes e inegáveis as seguintes
disso, nenhum dos critérios propostos pela OMS conclusões, que já vimos apontando em diver-
esteve presente em todas as propagandas, e ape- sos fóruns de discussão sobre o tema, entre os
nas em cerca de 20% delas havia referência a rea- quais o III Congresso Brasileiro de Ciências So-
ções adversas, contra-indicações e interações. ciais e Humanas em Saúde21:
Assim, os autores concluíram que [...] os anún- · as propagandas de medicamentos não são
cios são tendenciosos, atendendo a propósitos mer- fontes confiáveis de informação; basicamente
cadológicos, não sendo um meio que subsidie a pres- omitem/minimizam cuidados e riscos; apresen-
crição e a utilização correta e segura dos produtos tam referências bibliográficas inexistentes, de aces-
anunciados. so restrito ou enganosas, que induzem ao consu-
Este foi o perfil que encontramos também no mo inadequado dos produtos;
MonitorAÇÃO, o que nos faz concordar integral- · podem ter conseqüências graves para a saú-
mente com as conclusões dos autores já citados. de da população;
Vale lembrar que a ausência de publicidade é · as propagandas são incompatíveis com o
um indicador da qualidade de publicações aca- uso consciente e responsável de medicamentos,
dêmicas e científicas. Tanto assim que o Conse- pois induzem o seu uso acrítico, abusivo e desne-
lho Federal de Medicina aprovou a Resolução cessário.
CFM nº 1.633/200219, que determina em seu Art. Portanto, com base nos resultados obtidos
1º: Proibir a inserção de matéria publicitária, vin- agora (mas também em várias outras análises
culada à área médico-hospitalar e afim, em jor- que vêm sendo publicadas há décadas no Brasil)
646
Soares, J. C. R. S.

e no cenário atual, é cada vez mais urgente que ao 43. Exigir que o Governo Federal, por inter-
menos a propaganda de medicamentos seja proi- médio de dispositivo legal adequado, garanta a proi-
bida em nosso país. Até porque todos sabemos bição da propaganda de medicamentos, bebidas
que a eficácia da publicidade e da propaganda alcoólicas e cigarros em todos os meios de comuni-
passa por provocar o interesse do consumidor, cação. No caso dos medicamentos, proibir a pro-
estimular o desejo de compra e transformar o paganda em qualquer veículo de comunicação de
desejo em ação. Por isto é que “quando o anúncio massa, visando a diminuir a automedicação, e re-
é bom, todo mundo compra”, subtítulo que es- vogando imediatamente a Resolução da ANVISA
colhemos para sintetizar nossa avaliação da nº 133, de 12/07/01, que regulamenta e permite a
monitoração da propaganda de produtos sob propaganda de medicamentos sob prescrição mé-
vigilância sanitária. Consideramos que medica- dica nos meios de comunicação de massa, conside-
mentos não podem ser tratados como uma mer- rando que tais disposições contribuem para o au-
cadoria qualquer; trata-se de produtos com es- mento do risco de automedicação no País.
pecificidades que não permitem sua sujeição às 44. Cobrar da indústria farmacêutica aprimo-
regras da publicidade, ao “quando o anúncio é ramento das informações aos usuários, principal-
bom, todo mundo compra”. mente no que tange à eficácia do medicamento e às
Assim, encaminhamos as seguintes reflexões reações adversas provocadas por seus produtos.
e propostas, para que fossem também incluídas Anos antes, no Seminário Nacional sobre Po-
entre as críticas e sugestões relativas à proposta lítica de Medicamentos23 realizado como discus-
de Regulamento Técnico sobre propagandas, são prévia à 10ª CNS, também foi aprovada a
mensagens publicitárias e promocionais e outras seguinte proposta: A propaganda que a indústria
práticas cujo objeto seja a divulgação, promoção farmacêutica promove junto ao comércio é absolu-
ou comercialização de medicamentos de produ- tamente irresponsável e antiética, induzindo à me-
ção nacional ou importados quaisquer que se- dicalização. Devem ser promovidas o mais rápido
jam as formas e meios de sua veiculação incluin- possível as medidas necessárias à sua proibição.
do as transmitidas no decorrer da programação Além disso, como discutido acima, no item
normal das emissoras de rádio e televisão, recen- sobre a monitoração de revistas especializadas,
temente em Consulta Pública na ANVISA: vale lembrar que a ausência de publicidade é um
· A proibição da propaganda de medicamen- indicador da qualidade de publicações acadêmi-
tos no Brasil. Por induzirem o uso irracional e cas e científicas.
acrítico dos medicamentos, as peças publicitári- Nascimento é mais um pesquisador do cam-
as vão de encontro à Política Nacional de Medi- po de regulação da propaganda no Brasil que
camentos (Portaria nº 3.916/98) em vigor no país, defende a sua proibição24. O autor afirma que: A
que propõe a promoção do uso racional de me- propaganda de medicamentos realizada hoje no
dicamentos e o acesso da população àqueles con- Brasil entra em clara contradição com a atual Po-
siderados essenciais. lítica Nacional de Medicamentos (Portaria do
· A garantia, pelos fabricantes dos produtos e Ministério da Saúde no 3.916 de 30 de outubro de
também pelo Estado, através de diversas insti- 1998), segundo a qual o uso de produtos farmacêu-
tuições como a ANVISA, universidades e outras, ticos deve se dar de forma racional, ética e correta,
de ampla produção e divulgação de informações preconizando explicitamente um maior “controle
aos profissionais de saúde, com base em estudos da propaganda dos medicamentos de venda livre.
técnico-científicos idôneos, de fontes confiáveis e Sendo assim, faz-se necessária uma revisão pro-
qualificadas, que subsidiem a prescrição, dispen- funda dos atuais mecanismos regulatórios do setor,
sação e administração consciente e responsável no caminho de superação das enormes fragilidades
dos medicamentos. apontadas neste estudo, que demonstra que a pro-
· À população leiga deve ser garantido tam- paganda de medicamentos realizada no universo
bém o acesso a informações adequadas e orienta- analisado tenta “seduzir” o consumidor psicologi-
ções para o uso consciente e responsável desses camente, utilizando-se de mensagens que se situ-
produtos. am no campo da vulnerabilidade humana e na-
Lembramos que recomendações semelhan- queles de maior importância na sua vida, incluin-
tes constam do relatório final da I Conferência do aí o papel social que cada indivíduo desempe-
Nacional de Vigilância Sanitária22. Transcrevemos nha no seu meio.
as proposições a seguir, que se encontram à pá- O relatório final do MonitorAÇÃO incluiu
gina 63 do referido documento: também um parecer com o embasamento jurí-
647

Ciência & Saúde Coletiva, 13(Sup):641-649, 2008


dico necessário para a proibição de medicamen- para a fabricação de produtos e prestação de ser-
tos, elaborado pelo acadêmico de direito da equi- viços que o fornecedor detém, mas também ao
pe, com diversas contribuições importantes para elemento fundamental da decisão: é o fornece-
a tomada de decisão a favor de uma legislação dor que escolhe o quê, quando e de que maneira
voltada, de fato, para os interesses da maioria da produzir, de sorte que o consumidor está à mer-
população brasileira. A seguir, destacamos seus cê daquilo que é produzido25.
pontos centrais. Além disso, sabe-se que a questão da infor-
mação tornou-se vital em qualquer atividade
humana, incluídas naturalmente as relações de
Argumentos jurídicos para a proibição consumo, seja a matéria contratual ou não. Hoje,
da propaganda de medicamentos no Brasil mais do que nunca, informação é poder. Consu-
midor mal informado é presa fácil dos abusos
Basicamente, a justificativa para a proibição da do mercado. Daí a clara preocupação do CDC
propaganda de medicamentos no Brasil está no com a informação ao consumidor, presente em
próprio cenário apresentado pela ANVISA, atra- diversos dispositivos do estatuto. Assim, a par-
vés da GPROP, disponível no sítio da instituição. tir da vigência da Lei nº 8.078/90, tornou-se ilegal
Os diversos estudos citados acima também con- qualquer ato ou procedimento que atente contra
firmam a ineficácia da atual regulamentação, o direito do consumidor à informação, que deve
particularmente da RDC ANVISA nº 102/00. ser ampla, substancial, extensiva a todos os as-
Continuamos a assistir aos abusos e excessos pectos da relação de consumo desenvolvida, e
cometidos, a uma generalização de propagandas cuja responsabilidade cabe aos fornecedores.
enganosas e/ou abusivas, seja nos veículos de Contudo, apesar da proteção e da preocupa-
comunicação de massa, com campanhas volta- ção do CDC, entendemos ser necessária uma
das para a população leiga, seja nas estratégias atenção especial à questão da propaganda e pu-
de marketing e propaganda voltadas para os pro- blicidade de medicamentos, uma vez que conta-
fissionais de saúde. O resultado é uma enorme mos também com um outro pressuposto cons-
exposição do consumidor brasileiro aos interes- titucional expresso em seu Art. 196, que afirma:
ses das indústrias farmacêuticas em busca de- “A saúde é direito de todos e dever do Estado,
senfreada pelo lucro. garantido mediante políticas sociais e econômi-
Porém, como a defesa do consumidor é ob- cas que visem à redução do risco de doença e de
servada como uma cláusula pétrea na nossa outros agravos e ao acesso universal e igualitário
Constituição Federal, tal perfil demonstra uma às ações e serviços para sua promoção, proteção
situação jurídica e socialmente conflituosa com e recuperação”.
as nossas leis e, sobretudo, com nossos princípi- Sobre o mesmo tema, o CDC expõe no Art.
os constitucionais e éticos. O Código de Defesa 31 que: A oferta e apresentação de produtos ou servi-
do Consumidor (Lei nº 8.078 de 11/09/1990) dis- ços devem assegurar informações corretas, claras,
põe de princípios que norteiam a relação de con- precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre
sumo. Como espinha dorsal da proteção ao con- suas características, qualidades, quantidade, compo-
sumidor, tem-se o princípio da vulnerabilidade, sição, preço, garantia, prazos de validade e origem,
expresso no Art. 1º, I, “reconhecimento da vulne- entre outros dados, bem como sobre os riscos que
rabilidade no mercado de consumo”, em que se apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
caracteriza o consumidor, intrínseca e indissoci- Também devemos considerar o Art. 59 da Lei
avelmente, como ente vulnerável nas relações de nº 6.360/76. De acordo com os resultados obti-
consumo, por não dispor do controle sobre a dos pela monitoração das peças publicitárias, este
produção dos produtos, sendo submetido ao é um artigo flagrantemente desrespeitado, uma
poder dos detentores destes. Decorre daí a neces- vez que a publicidade praticamente não observa,
sidade da criação de uma política jurídica que no momento da oferta do medicamento, os reais
busque o equilíbrio entre os sujeitos envolvidos riscos à saúde e segurança do consumidor. Aliás,
nessas relações. Essa fragilidade é real, concreta, seria difícil ocorrer de modo diferente em anún-
e decorre de dois aspectos: um de ordem técnica cios que geralmente duram poucos segundos no
e outro de cunho econômico. O primeiro está rádio ou na televisão, e que ocupam um curto
ligado aos meios de produção, cujo conhecimen- espaço nos meios impressos. Na prática, é inviá-
to é monopólio do fornecedor. E quando se fala vel a divulgação de todos os reais riscos à saúde
em meios de produção não se está apenas refe- dos cidadãos, nos referidos espaços. Tal fato re-
rindo aos aspectos técnicos e administrativos força a falta de coerência presente ao encarar-
648
Soares, J. C. R. S.

mos o medicamento um produto sujeito à di- de que anda tão escassa em nosso país. Ao contrário
vulgação através dos recursos utilizados pelas do povo, a indústria que gasta mais com a promo-
estratégias de marketing e publicidade. ção farmacêutica do que com P&D de seus produ-
Constatamos também inúmeros casos de tos, não pára de auferir lucros cada vez mais exor-
infração ao Art. 36 do mesmo código: “A publi- bitantes ao custo de nossa saúde, bem este, único e
cidade deve ser veiculada de tal forma que o con- primordial do homem10.
sumidor, fácil e imediatamente, a identifique
como tal”. A indústria, sabedora da problemáti-
ca do marketing farmacêutico, usa de artifícios À guisa de conclusão
como o anúncio “travestido” de apelo informa-
cional ou educacional sobre determinada doen- Consideramos fundamental o aprofundamento
ça, mas que, no fim, trata apenas da divulgação do debate e a mobilização da população e dos
do seu produto para resolução daquele mal re- profissionais envolvidos, no sentido da proibi-
ferido. Ou seja, constatamos, assim, mais viola- ção da propaganda de medicamentos em nosso
ções à legislação, pois o público muitas vezes não país. Apenas os interesses econômicos dos fabri-
consegue identificar a publicidade como tal. cantes de medicamentos justificam a veiculação
Vimos acima, na discussão sobre a RBM, de tais campanhas publicitárias.
que tal artifício é também utilizado nas campa- Embora seja esta a posição aqui adotada e
nhas dirigidas aos profissionais de saúde. defendida, foram enviadas também à ANVISA
O parágrafo único do citado artigo traz, por propostas para um período de transição ou como
último, a questão da necessidade de comprova- alternativa à proibição, tais como a recomenda-
ção das afirmações utilizadas pelo anunciante: ção de autorização prévia para as campanhas
“O fornecedor, na publicidade de seus produtos publicitárias de medicamentos, políticas mais res-
ou serviços, manterá, em seu poder, para infor- tritivas em relação à presença de propagandistas
mação dos legítimos interessados, os dados fáti- nas unidades do SUS, maior controle em relação
cos, técnicos e científicos que dão sustentação”. à distribuição de amostras grátis, tendo em vista
No mesmo sentido, segue o Art. 15 da RDC seu impacto nos hábitos de prescrição, entre ou-
ANVISA nº 102/00, in verbis: As citações, tabelas tras, apresentadas durante o Seminário Interna-
ou outras ilustrações extraídas de publicações cien- cional de Propaganda de Medicamentos, realiza-
tíficas utilizadas em qualquer propaganda, publici- do em Brasília, em 200526.
dade ou promoção, devem ser fielmente reproduzi- Com a palavra, a ANVISA...
das e especificar a referência bibliográfica completa.
Em resumo, como podemos observar, temos
inúmeras infrações à legislação brasileira, sendo
estes artigos citados, reforçados pelos direitos Agradecimentos
básicos do consumidor, Art. 6°, III e IV. Em nos-
so entendimento, não há motivo suficientemen- A todos os acadêmicos da Universidade Federal
te justificável para continuarmos a permitir a Fluminense que participaram do projeto como
livre publicidade de medicamentos, haja vista a voluntários e/ou bolsistas, em especial: Bernardo
quantidade de fatos relatados que indicam a Portugal Lasmar e Felipe Malafaia Rezende de
constante disparidade da prática referida com o Figueiredo, acadêmicos de medicina e coordena-
respeito aos direitos constitucionais, do consu- dores bolsistas do projeto; Cinthya Pires Oliveira
midor e dos órgãos reguladores. Assim como a (publicidade), Felipe Rodrigues (farmácia), Flá-
propaganda de cigarros foi drasticamente redu- vio Sueth Nunes (direito), Igor Rodrigo L. da Sil-
zida em nosso país mediante construção de uma va (medicina), Isabela B. Dutra (nutrição), Mar-
política de saúde atenta aos inúmeros riscos para celo de L. Soares (enfermagem) e Taís de S. Lopes
a saúde da população causados por esses pro- (nutrição).
dutos, é possível, necessária e urgente uma ação À ANVISA, pelos recursos financeiros para
neste sentido para o caso dos medicamentos. compra de materiais e equipamentos, assim como
Em suas conclusões, afirmou Sueth: [...] faz- para o pagamento de nove bolsas aos acadêmi-
se mister um aprofundamento nessa questão, pois, cos, ao longo do projeto.
como exposto ao longo do texto, a população bra- À Pró-Reitoria de Extensão (PROEX/UFF),
sileira tanto sofrida por inúmeras injustiças, não pelo apoio ao andamento do projeto, assim como
pode ficar à mercê de mais uma violação aos seus pelas duas bolsas de extensão durante 2005.
direitos básicos, principalmente em relação à saú-
649

Ciência & Saúde Coletiva, 13(Sup):641-649, 2008


Referências

1. Lexchin J. Uma fraude planejada: a publicidade far- 16. Pizzol FD, Silva T, Schenkel EP. Análise da adequa-
macêutica no terceiro mundo. In: Bonfim JRA, Mer- ção das propagandas de medicamentos dirigidas à
cucci VL, organizadores. A construção da política de categoria médica distribuídas no Sul do Brasil. Cad
medicamentos. São Paulo: Hucitec; 1997. p. 269-89. Saúde Pública 1998; 14(1):85-91.
2. Lexchin J. Canadian marketing codes: how well are 17. Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990. Dispõe
they controlling pharmaceutical promotion? Int J sobre a proteção do consumidor e dá outras provi-
Health Serv 1994; 24:91-104. dências. Diário Oficial da União 1990; 11 set.
3. Herxheimer A, Lundborg CS, Westerholm B. Ad- 18. Barros JAC, Joany S. Anúncios de medicamentos
vertisements for medicines in leading medical jour- em revistas médicas: ajudando a promover a boa
nals in 18 countries: a 12-month survey of informa- prescrição? Rev C S Col 2002; 7(4):891-898.
tion content and standards. Int J Health Serv 1993; 19. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº
23(1):161-172. 1.633/2002.
4. Silverman M. The epidemiology of drug promo- 20. Mastroianni PC, Galduróz JCF, Carlini EA. Influ-
tion. Int J Health Serv 1977; 7(2):157-166. ence of the legislation on the advertisement of psy-
5. Silverman M, Lee PR, Lydecker M. The drugging of choactive medications in Brazil. Rev Bras Psiquiatr
the third world. Int J Health Serv 1982; 12(4):585-596. 2003; 25(3):146-155.
6. Avorn J. Advertising and prescription drugs: pro- 21. Soares JCRS, Lasmar BP, Figueiredo FMR. Um olhar
motion, education and the public‘s health. Health sobre a propaganda de medicamentos no Brasil: o
Aff 2003; 22:104-108. Projeto MonitorAÇÃO. Pôster apresentado no III
7. Barros JAC. Estratégias mercadológicas da indús- Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Huma-
tria farmacêutica e o consumo de medicamentos. nas em Saúde. Florianópolis, UFSC, julho de 2005.
Rev. Saúde Pública 1983; 17:377-386. 22. Conferência Nacional de Vigilância Sanitária. I
8. Barros JAC. Propaganda de medicamentos: atentado à Conferência Nacional de Vigilância Sanitária: Rela-
saúde? São Paulo: Hucitec/ Sobravime; 1995. tório Final. Brasília: ANVISA; 2001.
9. Barros JAC. A (des)informação sobre medicamen- 23. Seminário Nacional sobre Política de Medicamen-
tos: o duplo padrão de conduta das empresas far- tos. Propostas Aprovadas. Folha do Farmacêutico 1996.
macêuticas. Cad Saúde Pública 2000; 16(2):421-427. 24. Nascimento A. “A persistirem os sintomas o médico
10. Soares JCRS. Relatório Final do Projeto MonitorA- deverá ser consultado”. Isto é regulação? [disserta-
ÇÃO. Niterói: UFF/ANVISA; 2005. ção]. Rio de Janeiro (RJ): Instituto de Medicina
11. Mello AL, Mussoi AS, Gomes C, Paz EP, Lima LFM, Social/UERJ; 2003.
Moura ML. Introdução: as relações de produção e 25. Nunes LAR. Comentários ao Código de Defesa do Con-
consumo. In: Mello AL, Mussoi AS, Gomes C, Paz sumidor: direito material. São Paulo: Saraiva; 2000.
EP, Lima LFM, Moura ML. Vigilância Sanitária de 26. Soares JCRS. O desafio da promoção do uso cons-
medicamentos e correlatos. Rio de Janeiro: Quality- ciente e responsável de medicamentos frente ao for-
mark; 1993. p. 5. te apelo de consumo presente nas mensagens publi-
12. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Projeto de citárias e na mídia. Seminário Internacional de Pro-
Monitoração da Propaganda de Produtos sob Vigilância paganda de Medicamentos. ANVISA/OPAS, Brasí-
Sanitária. I Etapa. Disponível em: www.anvisa. gov.br/ lia; abril 2005. Mesa Redonda sobre Uso Racional e
propaganda/apresenta_projeto_monitora. pdf Propaganda de Medicamentos. Disponível em:
13. Luchessi AD, Marçal BF, Araújo GF, Uliana LZ, www.anvisa.gov.br/divulga/eventos/propaganda
Rocha MRG, Pinto TJA. Monitoração de propa- _medicamentos/apresentacoes/jussara_reis_souza
ganda e publicidade de medicamentos: âmbito de _soares.ppt
São Paulo. Rev Bras Cienc Farm 2005; 41(3):346-349.
14. Soares JCRS. Política de medicamentos no Brasil e
miséria filosófica. Saúde em Debate 1989; 25:41-47.
15. Heineck I, Gallina SM, Silva T, Pizzol FD, Schenkel
EP. Análise da publicidade de medicamentos vei- Artigo apresentado em 12/04/2007
culada em emissoras de rádio do Rio Grande do Aprovado em 13/04/2007
Sul, Brasil. Cad Saúde Pública 1998; 14(1):193-198. Versão final apresentada em 07/05/2007

Anda mungkin juga menyukai