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PROGRAMA SOCIAL- DEMOCRATA

PROPOSTA DE RENOVAÇÃO DE PROGRAMA PARA O


PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA DE PORTUGAL

(2ª revisão do programa; em 2007)


(2ª versão da revisão, Maio de 2008)
Autor:
José Manuel Macedo de Barros; militante 11905 do PSD, secção de
Póvoa do Lanhoso, representante na Assembleia distrital de Braga.

macedo.terraforma@gmail.com

PREFÁCIO:

O desencanto não é com a política, porquanto todos a fazemos,


quando tomamos opções durante os processos de tratamento dos
assuntos comunitários, para definir o futuro das organizações, onde
nos inserimos. Estamos apenas desiludidos com a prestação dos
políticos que se arvoraram como tal, sem qualquer preparação
intelectual própria; são apenas tecnocratas e burocratas, ávidos pelas
fórmulas instituídas e incapazes de questionarem a verdade, a
preceito de um modelo educacional escolástico, dogmático e
primitivo, meramente exercitador da memória e castrador da
inteligência.
No entanto, a realidade muda muito mais depressa do que a
velocidade de actualização da formação mental de personalidades,
deixando os problemas sem resposta e os políticos perdidos em
iniciativas avulsas de espectáculo folclórico, disfarçando a
inoperância técnica e as suas incompetências intelectuais, mas
também aldrabando o significado das atitudes, reduzidas às
conveniências dos decisores e seus influenciadores; teimam
constantemente em certificar o conhecimento, que deve ser verdade
(conveniente ou relativa), e sem estarem interessados nas certezas.
A religião, outrora criada pela necessidade de obter explicações e
depois instituída pelo oportunismo egoísta de alguns, é agora o culto
material do fácil e do secundário, em que o essencial é o
desenrasque individual e o exercício dos truques enganadores,
substituindo o governo dos outros pelo governo da vidinha de cada
um! Viver é obter e não dar; é exigir do País e nada oferecer à
grandeza nacional; é pedir aos outros e nada resolver; é não querer
compreender, nem querer compartilhar. Por isto não há coesão entre
as pessoas, que também não se tocam nas diferenças normais e
acabam por produzir comportamentos bizarros anti-naturais.
De facto, precisamos de repensar a política, utilizando-a para
estruturar o equilíbrio da sociedade humana, baseados naquilo que
conhecemos dos equilíbrios naturais e da sua regulação. Planificar a
eco -sociedade é estabelecer equilíbrios de Poderes, todos regulados
uns pelos outros, como num verdadeiro sistema de homeostasia e
fluxos de distúrbios re -equilibrantes para a resiliência, em que os
desequilíbrios conduzem a novos equilíbrios, por actuação nas
causas antagónicas das perturbações. Como exemplo, para
resolvermos o mal da pobreza, temos de actuar na riqueza,
desconcentrando-a e fluindo-a para o compartimento da pobreza, até
que o equilíbrio seja a redução do excesso de concentração.
A política deve ser informada pelos filósofos, enquanto criativos
produtores de conhecimento, porque estes são habilitados para
determinar o valor das decisões técnicas, validando-as ou não, no
âmbito de um julgamento de ética e moral, conducente para o
objectivo do cumprimento dos ideais de justiça universal, aceites
pelos cidadãos.
Mas, a política não é propriedade dos Partidos, sendo antes definida
por todos os cidadãos, que têm a capacidade de delegar funções de
administração nos eleitos. O nosso Partido é apenas um estereótipo
definido e organizado de propostas para o modelo social, baseado
num conjunto de intenções governativas, para que os cidadãos
tenham presente o valor do padrão das nossas propostas, em
qualquer momento considerado, no sentido de confiarem no nosso
exercício governativo.
De resto, é o carácter mental das personalidades que está em causa,
e que determina o sentido das decisões, pelo que temos de instituir o
altruísmo e reforçar a coesão social, em torno da necessidade de
trabalhar para o Bem comum e para o sucesso da nossa espécie,
estimulando os talentos individuais e a generosidade dos que negam
o egoísmo, tratando todos por igual, sem qualquer discriminação
artificial e prévia de importância social ou outra! Cada um vale pela
sua contribuição para o bem – estar dos outros e para o sucesso da
nossa civilização, merecendo daqui a correspondente remuneração.
Por uma social - democracia evoluída e popular, para termos melhor
mentalidade e mais justiça social, de modo a fundamentarmos e
distribuirmos a todos uma forte consciência social na prática da
liberdade responsável! Para substituirmos Poder de proibição por
função de responsabilização; a função de administrar a vontade dos
cidadãos, aconselhando, reunindo consensos e aplicando as
melhores directivas de resolução, deixando sempre a liberdade de
opção a cada um, em vez da imposição autoritária, embora com
diferentes respostas sociais. Para os que aceitam a obrigação
socialmente estabelecida, há o benefício da ajuda comunitária. Para
os que não aceitam o estipulado, há o dever de pagar totalmente os
serviços que usufruam do Estado; em qualquer caso, importa que o
direito de opção de cada um não resulte em prejuízo dos
concidadãos, ou do seu meio ambiente!

PREÂMBULO:

O programa do nosso Partido é o documento orientador para as


directivas do projecto de transformação global da sociedade,
marcando a estrutura da nossa actuação e definindo as nossas
opções essenciais, de resolução dos problemas colocados à nossa
civilização.
Com ele, orientaremos a sociedade para os valores humanistas,
rejeitando todas as fórmulas ditatoriais e toda a lógica de Poder
autoritário, de modo a dignificar a vivência social realmente
democrática, livre e responsável. É um documento votado a inculcar
uma profunda consciência social, baseada no altruísmo, no espírito
cooperativo e na necessidade de sucesso da nossa espécie, no plano
da evolução universal, na contingência de termos que partilhar os
recursos actualmente disponíveis, que pertencem a todos, por todos
lhes pertencermos, sob pena de estarmos a aumentar a
insustentabilidade civilizacional; não podemos esquecer que
estamos a utilizar matéria que já foi parte de outros seres, e os
nossos corpos servirão de recurso material a outros seres vivos.
Devemos criar um instrumento que não seja de mera retórica,
passando a comprometer mais os gestores políticos em práticas de
decisão, consentâneas com os princípios políticos formulados,
expressos de forma clara e de compreensão acessível às bases
eleitorais, de modo que os cidadãos possam apoiar amplamente as
medidas gerais, criando-se a base efectiva de confiança social.
Não devemos fugir à concretização de propostas para os temas
actuais mais relevantes, que se reconhecem nos problemas sociais
mais gritantes e que relevam dos efeitos comportamentais dos
cidadãos, uns sobre os outros e no seu modo de vida, cada vez mais
competitivo e desleal, transportando a nossa espécie animal para
níveis inaceitáveis e perigosos de competição intra-específica, que
só nos conduzirá à aniquilação, por insustentabilidade das
desigualdades económicas, geradas pelo egoísmo humano da
ambição material competitiva.
Precisamos clarificar os princípios universais, balizadores das
decisões políticas, eventualmente aqui não previstas, bem como
escalonar as prioridades da acção governativa, para que se resolvam
em primeiro lugar as questões essenciais da vida social e que
afectam a sobrevivência dos cidadãos. É fundamental que não se
perca de vista o papel essencial do Estado, a sua missão social e a
razão da sua existência, para que não persistam as promiscuidades
entre interesses públicos e interesses privados.
Um programa partidário deve estar para os programas eleitorais,
como a constituição está para a produção legislativa, no sentido em
que os primeiros devem balizar a produção dos segundos, no
respeito por princípios consagrados e no cumprimento de objectivos
organizativos e funcionais da sociedade, defendidos no nosso
modelo social. No caso do nosso programa partidário, ele não pode
deixar de indicar o sentido e opções dos projectos nacionais
prementes, nem deixar de estabelecer os desígnios que os nossos
militantes têm de cumprir, quando em funções governativas, ou de
serviço público, sob pena de comprometermos a nossa
credibilidade, transmitindo a ideia de que os políticos negam os
Partidos em que estão, por negarem as respectivas ideologias.
Idealmente, os nossos militantes deviam pautar-se por
comportamentos social -democratas em todos os domínios da sua
vida, para não sucumbirem às suas contradições!
Portanto, precisamos que o programa comece a concretizar mais e
melhor as linhas ideológicas, muitas vezes latas e vagas, com
medidas de grande alcance para o futuro e desígnio de Portugal, de
modo que a acção política fique condicionada ao exercício de
melhores juízos, no âmbito dos planos de desenvolvimento social,
económico e ambiental do País, restringindo-se a opções validadas
pelos princípios que defendemos!
A nossa acção política visa gerir os assuntos públicos, decidindo
sobre as opções de resolução dos problemas colocados aos
cidadãos, ao longo do processo civilizacional e ético de
relacionamento entre todos e com o mundo.
Não temos tido uma filosofia determinista para o final evolutivo da
sociedade humana, mas estamos sempre dispostos a encarar novas
soluções, em função de novas abordagens e conhecimento dos
problemas, que se vão colocando. Esta proposta visa apontar opções
últimas para o modelo social, que não podem ser imediatamente
cumpridas, mas que não podemos perder de vista, com a
implementação de políticas concorrentes e preparatórias do caminho
a percorrer, para lá chegarmos.
Enveredamos pelo reformismo gradual, de modo que os cidadãos
possam apreender os resultados intermédios e sintam a necessidade
e benefício das mudanças.
Muitos dos problemas quotidianos são decorrentes das regras
impostas pelos sistemas artificiais humanos e resultam da acção
política inconsciente e mal preparada, mas também
intencionalmente dolosa, sem mecanismos sérios de controlo
democrático.
Como tal, a nossa proposta tem de reflectir sobre a
inoperacionalidade e ineficácia actuais do nosso programa, testando
novas fórmulas culturais de avanço mental de todos os intérpretes e
destinatários da política, para que venham a agir sujeitos apenas aos
ideais social -democratas. Este processo evolutivo tem o condão de
aperfeiçoar o conjunto das iniciativas políticas, de amadurecer a
cultura das pessoas e de objectivar os valores que melhor servem o
sucesso da cultura Portuguesa, por acreditarmos na sua mística e
potencialidades de síntese universal.
Contribuiremos com resoluções, adequando a nossa acção à
realidade do mundo em que vivemos, desenvolvendo novas
fórmulas, baseadas na cultura portuguesa, para que os portugueses
sejam cada vez mais eles e deixem de querer ser tudo, afirmando as
suas personalidades.
Procuraremos a inovação do engenho português, face à visão
esclarecida do nosso futuro provável, estando atentos ao evoluir da
realidade natural dos sistemas cósmicos em que nos inserimos.
Propomos o sucesso da nossa sociedade, adequando o sistema
económico e cultural humano ao sistema natural de sociedade mais
justa, fraterna, inclusiva, cooperante e mentalmente evoluída!
A revisão do nosso programa é uma oportunidade de reflexão sobre
as nossas condutas e é uma medida da distância, que nos separa do
comportamento de justiça social e da mentalidade altruísta de
efectiva cidadania, para partilhar o que pertence a todos e a
ninguém em concreto. É preciso entender a Vida, na perspectiva do
rumo do universo, ao qual estamos ligados, apenas como matéria e
energia em mutação episódica!

INTRODUÇÃO:

A situação actual revela resultados políticos, esvaziados de ideias


concertadas e fortemente condicionados ao passado, sujeita a uma
alternância de vontades, com grande deriva ideológica; as pessoas,
de carreira política longa, estão comprometidas com ideias clássicas
e têm fobia do pensamento inovador, rejeitando as aspirações da
sociedade governada. É notório que os intérpretes da política, que se
têm imposto aos concidadãos, primam por alguma falta de juízo e
de bom senso, quer por falta de reflexão e preparação intelectual,
quer por se apressarem a defender interesses particulares,
constituídos nos grupos partidários.
A corrupção está generalizada, por ser um modo de conduta
instituído no convívio social das pessoas e forçado pela necessidade
de sucesso económico, dos que são gananciosos ou temem a
miséria. Há, de facto, um carrossel de favores e contrapartidas, em
que se recorrem uns dos outros, com claro prejuízo dos que não têm
o hábito de pedir, ou não são socialmente activos. Em tudo
abundam as faltas de bom carácter nas pessoas, que se humilham
umas às outras, na disputa pelos estatutos, acabando por impor a
autoridade ditatorial das suas vontades e conduzindo as pessoas ao
conflito, à rejeição social e à exclusão, pela via da introversão e
marginalidade. Isto retira a participação às pessoas para lutarem na
esperança de um mundo melhor, criando-se o marasmo social dos
acomodados e instalados no privilégio.
Desta forma, separam-se grupos de intenções opostas. As decisões
políticas acabam por ser pervertidas pelos procedimentos dos
serviços, e pela prática lesiva dos direitos de igualdade de condições
de acesso e de oportunidades. Basta referir o exemplo dos concursos
para candidatura a vagas no funcionalismo público, ou de
recrutamento de pessoal do Estado; actualmente, os concursos são
apenas fachada legal inconsequente, para justificar a entrada das
pessoas, que já pediram o seu ingresso aos directores dos serviços,
autênticos padrinhos dos seus subordinados.
O Poder revela as pessoas na sua essência. Tudo o que confere
Poder, nomeadamente económico, coloca as pessoas investidas em
posição de afirmar o seu íntimo, por julgarem vencer as suas
fraquezas e dependências, com a arrogância da subjugação.
O Poder é consubstanciado pelo estatuto, nomeadamente
remuneratório, o que determina a sua diferenciação e hierarquias
nas cadeias de mando. A diferenciação de classes remuneratórias é a
base do abuso de Poder, da autoridade e subjugação social. Por isto,
tem de haver aproximação mais racional entre tectos e bases
salariais, para que a arrogância do complexo de superioridade seja
dirimida, originando relações de comando e um exercício do
controlo de Poderes, por parte dos contribuintes dos sistemas
(servidos). O sistema actual lança as pessoas na disputa do Poder
político, porque este determina quem vão ser os detentores do Poder
económico imediato; os actuais governantes são pródigos em criar
comissões e gabinetes ministeriais ou governamentais, para passeio
dos príncipes do regime, altamente remunerados ao absurdo, bem
como se apressam a lançar projectos megalómanos, cuja conclusão
é adjudicada a empresas, com eles relacionadas. Os programas de
subvenção e concessão de subsídios têm destinos diferentes,
consoante as pessoas de governo. O património do Estado vai sendo
transferido paulatinamente para os particulares afectos e
simpatizantes, que vão constituindo fortunas pessoais à custa dos
cidadãos contribuintes. Nesta matéria já evoluímos; no pós25 Abril
desviaram-se parte das reservas de ouro do Banco de Portugal; hoje,
são vendidas as remanescentes, para se transferir a riqueza colectiva
(Estado - cidadãos) para os representantes dos grupos económicos
financeiros, em nome da alegada crise.
A persistência dos erros deve-se à necessidade financeira dos
grupos, sempre representados nas figuras dos dirigentes, forçando o
pendor dos favorecimentos e da segregação dos privilégios. Estes
alimentam a cultura de Poder, traduzida cada vez mais no exercício
habilidoso da ditadura económica, operado de dentro das
instituições públicas. As tendências ideológicas são controladas por
grupos discretos, por intermédio dos feitores de opinião, instalados
nos locais chave do ensino e dos órgãos de comunicação social,
dedicados a consolidar agora o neo -capitalismo e o neo
-liberalismo, fortemente libertinos e anti -sociais. Ou seja, o sistema
económico, na área comercial, coloca o sistema político ao serviço
da acumulação de riqueza e da despersonalização do indivíduo
trabalhador, por exploração do tecido produtivo.
Caminha-se para uma Era de obrigações esclavagistas, ao serviço da
ganância de Poder, baseado na gestão das alienações dos activos
patrimoniais. O próprio Estado é uma fonte de imposições absurdas,
fruto da sua necessidade crescente de recursos financeiros, para
acomodar os excessos remuneratórios, os privilégios dos quadros
públicos e as despesas supérfluas e imorais de funcionamento da
actividade política, quer nas instâncias locais, nacionais ou
comunitárias internacionais, além dos desperdícios de recursos e
energia das instalações dos serviços. Isto explica porque o Estado é
cada vez mais uma força de bloqueio da iniciativa dos cidadãos,
paralisando as atitudes e oprimindo a liberdade, pelo que se
transfere para a vida activa das pessoas a velocidade de supervisão
do Estado, que é cada vez mais lenta, face às necessidades de
controlar tudo, espiolhando e condicionando as atitudes dos
cidadãos. Ao contrário do que dizem pretender, os governantes
obrigam à diminuição da produtividade nacional, dado que o
excesso de intervenção introduz inúmeros compassos de espera nos
actos.
Paralelamente, as empresas multi-nacionais colocam os Estados ao
seu serviço, como fonte de receita, cobrando dos impostos
redistribuídos, via subsídios, e cobrando dos preços que praticam
aos seus clientes. Esta dupla cobrança, aliada à incessante redução
de custos, maximiza lucros a níveis humilhantes para os cidadãos,
condenados a serem clientes despojados.
Na procura de novas oportunidades, as empresas deslocam-se para
outros mercados, de menor custo associado à formação de
rendimento. A vantagem da globalização é a uniformização de
processos e o alastramento do conhecimento, com ajuste do nível de
vida, para cada País visitado, ao nível médio mundial actual, pois
que uns vão melhorar (acolhedores) e outros vão piorar
(proveniência das unidades produtivas), embora sempre com clara
vantagem para os grandes grupos económicos, apenas interessados
na rentabilidade de capitais e na constituição de príncipes das
fortunas.
Por outro lado, o reforço estrutural burocrático, tecnocrático e
político das organizações Europeias, vem facilitar o controlo do
velho continente e o exercício das pressões económicas, dada a
produção centralizada de normativos obrigatórios para os Estados
membros; nem todos os normativos têm um carácter democrático e
nem todos são lícitos. O peso destas estruturas começa a fazer-se
sentir no orçamento comunitário, dada a voracidade pelas elevadas
remunerações e altíssimos privilégios detidos pelos seus
funcionários, pelo que a tendência tem sido a directiva de redução
do peso das instituições estatais nacionais.
Mais uma vez, a velha mentalidade senhorial feudal começa a
conduzir a Europa para graves injustiças sociais, produzidas pela
enorme diferenciação de estatutos e privilégios, bem como para
uma maior vulnerabilidade à acção dos grupos económicos
mundiais, que já não têm de lidar com as incompatibilidades legais
entre os vários Estados. A construção europeia caminha para um
novo totalitarismo, nascente na autoridade das instituições e
alheadas da síntese das vontades dos cidadãos europeus, que já se
manifestam violentamente contra este estado de coisas.
Incontornável é a assumpção errada de um desenvolvimento pró –
americano, que não podemos esconder ter sido um modelo de
supressão étnica e cultural, por força de imposição de um sistema
hegemónico de captação de recursos e capitalização desmedida,
para suprir um desenvolvimento desenfreado e insustentável.
O referendo, com recurso às novas tecnologias electrónicas e ao
instrumento de sondagem dos “mass - media”, não é instituído
como prática comum, e portanto não é agilizado nem tornado
eficiente e nem seguro, para o controlo e crítica do exercício
político.
Os cidadãos continuam a ser tratados como serventes e não como
servidos, como empregados e não como accionistas dos países,
como escravos da vontade alheia e não como senhores dos seus
destinos, como miseráveis e não como dignificados na instituição
humana. Em suma, os muitos que tudo pagam com o seu trabalho
árduo e menos valorizado, enriquecem uns poucos afortunados, sem
poderem decidir o que os seus servidores políticos devem auferir,
nem sequer poderem determinar o quanto podem entregar à colecta,
nem o destino dos impostos, e muito menos podem estipular quanto
vale o seu trabalho.
No entanto, sabemos que o que importa é partilhar pelo mundo
político os recursos dos outros cidadãos, num autêntico esquema
negocial de assalto ao Poder, em que os instalados estão libertos dos
controlos que instituem.
A mentalidade tribal arcaica romana, conjugada com a senhorial
feudal medieval, não deixa perceber aos nossos políticos o seu
verdadeiro papel e condição; o de gestores contratados pelo povo,
para tratarem dos assuntos colectivos do condomínio nacional.
Deviam ser apenas conselheiros dos interesses comuns, preparados
com o esforço de todos, para se especializarem numa matéria
governativa. Mesmo isto ainda é deficiente, uma vez que não
existem cursos específicos para a formação em filosofia e gestão
política, que habilitem os formandos a ajuizar o valor das decisões,
confrontando-as com a ética e moral, ainda pouco implícitas nos
actuais procedimentos governativos!
De facto, os aspirantes a políticos, quais ambiciosos materialistas,
julgam que a sua preparação disciplinar técnica os habilita a tratar
de assuntos políticos, quando não tiveram formação que os habilite
a avaliar o valor do conhecimento, segundo princípios justos de
utilidade social. Actualmente, na perspectiva do amadorismo, os
políticos produzem decisões segundo o seu entender de Bem e Mal,
quase sempre mesclado de tendências díspares. Em suma, não
aprenderam as várias correntes ideológicas e, por conseguinte, não
se identificam nos manifestos partidários, que acabam por não
saber. Logo, percebe-se porque os governantes não cumprem os
programas partidários e afundam-se no autismo tecnocrático das
suas formações, acabando por dar por bem a proposta de
independentes (?!) para o desempenho governativo, em nome de um
Partido.
São sintomas contrários à social -democracia. Portanto, devemos
colocar pessoas mais humanas, maduras, objectivas e de grande
consciência social, nos centros de decisão, destituindo-se as
materialistas, imaturas, alienadas e egoístas.
Fundamentalmente, importa traçar o perfil do político, que não deve
ser um tecnocrata, mas antes um pensador filósofo capaz de
questionar as Leis instituídas, face à tentativa de resolução dos
problemas civilizacionais e apenas submetido à aplicação do Bem,
no respeito pela justiça social ética e moral. Do tecnocrata espera-se
a obediência rigorosa às Leis, mas do político espera-se apenas a
obediência ao que é justo e espera-se a sua coragem e segurança
para corrigir celeradamente as Leis injustas, resolvendo a agitação e
contestação social lícitas. É esta a postura que os cidadãos esperam
dos políticos, para todos darmos fundamento à missão política e
darmos por bem empregue os salários que dispensamos com os
parlamentares e gestores políticos.
Portanto, a definição e regulamentação dos contratos de prestação
do serviço político tem de ser referendada pela população. O mesmo
se aplica a todos os cargos públicos, no contexto da realidade dos
sistemas de colaboração, em que uns são fornecedores e outros
clientes, tendo que atribuir-se importância primordial ao cliente, por
tudo pagar e ser o garante do sustento total das organizações
laborais.
Isto urge no plano da social-democracia, sob pena de aumentar o
descrédito nos políticos, afinal as pessoas em quem se deposita a
esperança de virem a mudar as atitudes sociais para melhor. Por
agora, revemos o egoísmo, uns nos outros, estando cada vez mais
insatisfeitos e desencontrados.

I- AS NOSSAS MOTIVAÇÕES:

a) CRÍTICA E CONSCIÊNCIA POLÍTICA DO CIDADÃO:

Volvidos todos estes anos, após a transição de regimes, os


portugueses experimentam uma grande sensação de frustração e
desacreditação nas intenções políticas. A política é associada à arte
de bem enganar, para obter benefícios materiais individuais e é
protagonizada por egoístas e gananciosos, desconhecedores ou
subversivos dos programas dos seus Partidos, mas
fundamentalmente amadores, por não terem sido tecnicamente
preparados, no sentido de se fidelizarem conscientemente à ética do
comportamento honrado.
Os cidadãos percebem agora que este sistema, aparentemente
democrático, é apenas um móbil de alternância das ditaduras de
grupos, controladores dos directórios partidários. De facto, ainda
não vivemos em democracia, apesar dos protagonistas do Poder não
se cansarem de proferir a sua existência; vivemos em ditadura das
tecnocracias e das farsas de representação populista das oligarquias.
Pior do que vivermos em ditadura perene e única, só o guinarmos
constantemente nas vontades e desígnios nacionais, o que se traduz
em avanços e recuos, com contradições de políticas e ao sabor das
mudanças de governantes, com as respectivas diferenças de pressão
de interesses económicos restritos!
As organizações partidárias prescindem dos que lutam pelos ideais
de sociedade e acolhem os que lutam por melhorar a sua própria
vida pessoal. Acolhem-se todos os que apostam nas influências
junto dos asilos da mediocridade, em que se transformaram as
instituições públicas, actuais empregadoras de pedintes de salários.
A crise maior é a das mentalidades, por se rejeitarem as
intelectualidades de difícil controlo. A abundância material gera o
marasmo intelectual do pântano em que vivem mentalmente, por
acreditarem que o sucesso fácil está garantido. O mal do País está
nas pessoas e nas idiotices que produzem, pelo que a necessidade de
afirmação da política, com melhores intérpretes, é cada vez mais
premente, face ao marasmo ideológico, que aos beneficiados do
regime interessa continuar a defender!
A moda das autonomias cria agora um País dividido e díspar nos
procedimentos e regras; as autarquias podem lançar as taxas que
quiserem, mesmo ao invés da política nacional e apenas em função
da necessidade de extorquir dinheiro aos munícipes. Estas
necessidades económicas contrariam os princípios constitucionais,
porque o desespero da ganância do funcionalismo público é maior
do que o interesse do cidadão que o sustenta. Os tecnocratas,
instalados nas instituições, pressionam os políticos para as soluções
dispendiosas, incapazes dos julgamentos de valor social das opções
e precipitados na dinamização das medidas injustas.
Generalizou-se a ideia de que as despesas são condicionadoras das
receitas e não o contrário, porquanto ao Estado é mais difícil viver
em função do que realmente podemos entregar-lhe. O mal dos
eleitores é que os eleitos oponentes concordam neste desespero
funcional essencial! O mal dos eleitos é que os eleitores já lhes
voltaram as costas, desinteressando-se do cumprimento e
dedicando-se a viver contra eles, ganhando cada vez maior licitude
a organização de desconfiança do Estado e a vivência na
marginalidade da lei imposta, em sistemas de contra-poder!
Os cidadãos estão saturados pela pressão de financiamento do
Estado e dos grupos económicos internacionais, sobretudo no sector
energético e bancário, em que a estratégia dominante é o
desencadeamento de crises cíclicas, como forma artificial e dolosa
de justificar incrementos de impostos e preços, mas que assegurem
o retorno de capitais dispersos, necessários aos períodos de grandes
investimentos. Assim, concretizam-se ciclos dos movimentos de
capitais, para enriquecer as instituições Estatais e as parcerias dos
grupos privados financiadores dos grandes projectos, agora
comunitários. Temos portanto um Estado policial, apostado na
exploração comercial das obras que lança e na cada vez maior
promiscuidade com os benefícios financeiros dos investimentos
privados!
É este o resultado da globalização e da estratégia de
desenvolvimento da União europeia, que alcança o desejo dos mais
poderosos de poderem participar em negócios cada vez maiores,
numa acção totalmente desequilibrada, uma vez que o grosso dos
cidadãos não participa dos processos de decisão, e portanto não
podem acautelar os seus interesses. De facto, os interesses mais
lícitos não se representam e apenas os interesses das minorias
acumuladoras e egoístas prevalece e tem enorme expressão, no
plano das mentalidades abusivas, que revelam reduzida ou ausente
consciência social.
O Estado, por intermédio dos seus políticos, participa e amplifica
esta estratégia, dado que os representantes eleitos se revelam meros
negociantes, verdadeiros mandatários dos grupos financeiros,
ávidos de investimentos globais e pensadores do desenvolvimento
do negócio mundial. Comportam-se à semelhança de qualquer
cidadão, apenas preocupado com o seu desenrasca financeiro.
Assim, os decisores e controladores são cada vez mais vistos como
exploradores de realidades virtuais, em que alguns eleitores se
julgam livres e democratizados, mas são assaltados constantemente
até ao limite pelos roubos instituídos, ao abrigo das crises
económicas, fundamentalmente para sustentar privilégios das
grandes corporações, apenas interessadas em acumular as retiradas
dos mais pobres. Para os mais ricos, sejam gestores do Estado ou
das empresas, a vantagem negocial começa com a ignorância dos
cidadãos, que os primeiros dizem servir. Portanto, pela Lei, o roubo
só é crime quando praticado pela necessidade do cidadão miserável,
que precisa desesperadamente de pagar a sua sobrevivência.
Assim, os nossos políticos têm sido a maior causa visível do
alargamento das injustiças. É fundamentalmente dos actuais
gestores do Estado que vêm os piores exemplos de acção, na forma
como obrigam à prestação dos tributos, na forma como redigem as
leis e na forma como penalizam, sobretudo quando se intrometem
abusivamente nas questões do foro da intimidade das pessoas, ou
em questões que não resultam em prejuízo claro de ninguém, a não
ser numa desobediência a uma vontade ilícita dos que se afirmam
como donos do próprio Estado.
Face aos problemas, respondem-nos com retalhos de ideias
importadas, compradas em realidades diferentes da nossa, em
resposta às solicitações técnicas dos serviços do Estado. Não
podemos esquecer que os modelos estrangeiros nem sempre são o
que aparentam; algumas pessoas influentes, determinantes na
construção europeia, defendem a americanização das sociedades,
apesar de o modelo social americano enfermar de inúmeros
problemas sociais, que têm resultado em cada vez mais situações de
“stress” psíquico, distúrbio comportamental, desagregação familiar,
marginalização progressiva dos grupos, conspiração organizada,
violência, etc., tudo sintomas do artificialismo tecnocrático das
políticas. Em tudo existe o secretismo dos negócios da política e dos
resultados das contas. Os governantes não dão conta das concessões
que fazem, para obterem os benefícios aparentes dos cidadãos, mas
deixam claro que tudo é um negócio, na relação com os parceiros
sociais, com a comunidade europeia e com o mundo!
Esta necessidade de direcção dos cidadãos, sem definição de papéis
claros, impõe o alargamento tentacular do Estado, cada vez mais
intervencionista e menos controlado, dada a confusão orgânica das
competências hierárquicas. Fácil é o imobilismo, a acomodação, a
desresponsabilização, a indisciplina e o corporativismo. A tudo isto
junta-se a incompetência, uma vez que a admissão de novos
funcionários é obrigatoriamente feita ao abrigo dos pedidos e
influências de favorecimento dos convivas.
Portanto, o desenvolvimento das políticas decorre da apatia
generalizada do funcionalismo público, a que se colam os
portugueses que vivem apenas do que a administração pública
determina, sobretudo quando se redistribuem receitas tributárias.
As políticas de controlo de custos orçamentais afectam apenas a
qualidade da prestação dos serviços aos cidadãos mais
desfavorecidos pelas políticas salariais, em vez de afectar a
opulência dos gastos de representação dos cargos, dos gastos de
ornamentação, decoração e construção dos gabinetes ministeriais,
dos gastos salariais elevados com criação de comissões de estudo e
cargos inúteis, dos gastos acrescidos pela sobre -facturação ao
Estado e das perdas por desvios de capitais públicos. O Estado
sobredimensionado de incapazes é a causa de todos os males
sociais, por maus arbítrios e por não saber definir qual o papel a ter
e como deve representar os interesses dos cidadãos com eficiência.
Sobretudo, as instituições públicas estatais não são os primeiros
defensores dos direitos e interesses dos cidadãos de bem, e muito
menos do Bem comum!
Acredita-se que o Estado governa apenas para si mesmo e para os
interesses corporativistas do funcionalismo público, que os políticos
ajudaram a constituir na sua obrigação de pagamento de favores nas
campanhas eleitorais, e cujo sindicalismo tem acções concertadas
com os governantes, para reivindicação de cada vez mais regalias,
muito acima das que auferem o grosso dos trabalhadores do sector
privado, que os sustentam. O funcionalismo público tem mais
direitos e menos deveres que o privado, em resultado daquela
estratégia, o que é social e economicamente inviável.
Cava-se cada vez mais o fosso entre duas grandes classes; os que
trabalham no sector privado, para gerar riqueza sem proveito, e os
que trabalham no sector público estatal, para consumirem essa
riqueza em proveito próprio. Prolifera o desrespeito, praticado pelos
servidores contra os servidos que os pagam, em que os primeiros
impõem tudo aos segundos, destituindo-os dos seus reais direitos
sobre as instituições do Estado.
Esta prática de submissão das bases de sustento é transferida da
própria vivência partidária, que não tem sido escola de vida política
para ninguém, a não ser para os observadores. O espectáculo das
deliberações nos congressos e em todas as instâncias, onde os
responsáveis e militantes se expressam publicamente, tem mostrado
apenas a luta de disputa do Poder e não a reflexão ideológica sobre
o valor das opções de resolução para os problemas que nos afectam!
Sobretudo, transparece o medo dos intérpretes políticos
relativamente às críticas, fugindo do diálogo com os contrários, por
uns serem desfavorecidos, quais sonhadores apressados e outros
serem favorecidos, tais realistas e viciados acomodados. A luta
política é apenas politiquice de defesa dos interesses económicos,
dos grupos opostos. Quem manda, tem o poder de decidir para
quem vão os dinheiros públicos!
São as instituições de solidariedade social, que gastam mais consigo
mesmas do que com as pessoas necessitadas que dizem servir,
justificando-se cada vez mais como uma estratégia de emprego e
constituição de património.
São também as instituições religiosas, primeiros exemplos da
doutrina romana e da sua estratégia de continuidade do império da
empresa das colectas, que acolhem clérigos detentores de enormes
fortunas pessoais, ocupados a praticar mais o bem próprio do que o
das pessoas que acorrem à promessa de melhor vida póstuma; o que
condenam nos outros faz-lhes mais jeito a eles!
A credibilidade de Portugal, no mundo da esperança em dias
melhores, é nula, atendendo-se aos relatórios dos observatórios
credíveis; neles somos subentendidos como imaturos, apenas
interessados no imediatismo da satisfação pessoal, corrompidos pela
mentalidade miserabilista do açambarcar de dinheiros. Como
alguém já apelidou, somos vistos como um País de brincadeira, em
que as coisas sérias são pervertidas à facilitação do desenrasca.
Como exemplo, os subsídios são gastos nos salários, nos bens de
usufruto privado e na formação do lucro; mais recentemente, as
certificações de competências académicas, ao invés de serem um
atestado real da valorização cultural das pessoas candidatas, nem
sequer constituem a oportunidade para o enriquecimento com
programas de formação integrada, e são apenas uma oportunidade
de compra de um título académico, num prazo menor ao da compra
de uma carta de condução! Quando faremos tudo a sério? Quando
isso já não interessar, porque nessa época o País activo estará
inundado pela transgressão oceânica? Parece termos vocação para
nos sujeitarmos passivamente aos acontecimentos!
Face a isto, os portugueses estão revoltados, mas alguns esforçam-
se generosamente para aplicar a intenção de democracia; surgem os
movimentos cívicos, alternativos ao exercício partidário, embora a
generalidade viva o desânimo e outros desistam da cidadania,
entregando-se aos processos de desconfiança do Poder instituído,
pela constituição de grupos que estorvam e minam a própria justiça.
Do verbalismo popular esperançado passou-se à demagogia
alienadora da intriga pessoal, resultando no actual jogo de lutas
intestinas entre militantes, para dominar o Poder e subverter o
regime. Por isto, as direcções partidárias têm um pensamento
distante dos ideais partidários que representam. Em resultado, os
cidadãos, à semelhança dos seus representantes políticos, investem
no seu egoísmo e no desinteresse pelo trabalho; interessa apenas o
que se ganha e as tentativas de sacar uma fortuna!
Sabe-se que o evoluir da situação actual está cada vez mais ligado
às políticas europeias, estimuladoras de erros e baseada na cultura
de Poder e nas vontades particulares dos grupos, personificados na
Comissão europeia, que não são determinadas pela vontade lícita
dos cidadãos, nem pelos objectivos válidos culturais comuns, mas
onde, apesar de tudo, ainda alguns bem intencionados vão
conseguindo mesclar algumas boas iniciativas.

b) PERCEPÇÃO DAS CAUSAS DE DESIGUALDADE

O processo de exploração dos recursos, para servir a exploração


egoísta das necessidades de consumo, conduziu a um sistema
produtivo, baseado no aumento de rentabilidade financeira e na
minimização das personalidades dos trabalhadores. A evolução do
sistema de financiamento económico conduziu ao mercado de
capitais bolsistas, como forma de colmatar as necessidades
financeiras imediatas das empresas, sem os encargos dos
empréstimos bancários. No entanto, para estimular a atracção dos
capitais bolsistas, as empresas mergulharam na estratégia da
redução incessante de custos e maximização de lucros, capaz de
atrair todos os ávidos capitalistas.
Surgiu a espiral da globalização, aproveitada pelos bancos, que
ganham agora mais como accionistas do que antes como credores
de empréstimos. Se há maior libertação de dividendos, significa que
o cidadão consumidor está a ser mais extorquido dos parcos
rendimentos e está a diminuir a sua perspectiva de sustento futuro.
Em consequência, face à diminuição da solidez financeira das bases
de consumo, os volumes negociais podem sofrer um “crash”, dado
haver super -financiamento, que não vai ser remunerado no prazo e
volume esperados. Será o fechar de mais um ciclo desastroso, à
velha maneira da revolução industrial. Os Estados, apenas
preocupados com a criação de emprego, baseado no investimento
oportunista externo, vão ser causadores de distúrbios sociais,
porquanto estão a entregar riqueza pública ao exterior, que anula a
nossa iniciativa e criatividade, enfraquece as nossas potencialidades
produtivas e logo as capacidades futuras de investimento.
Os políticos são autênticos jogadores endividados, porquanto
apostam o nosso dinheiro nos feitos de outros, esperando conseguir
a sorte, que está já viciada! Malogradamente, este tipo de jogador
tem sempre um destino de desgraça, uma vez que conta apenas com
o alívio do desespero na promessa de curto prazo, mas que consente
o prejuízo de longo prazo!
O facto é que a política de acumulação gera desigualdades e
injustiças, e é objectivo dos grandes grupos económicos, apostados
em sonegar recursos, o que se traduz no enriquecimento pessoal e
correspondente empobrecimento das bases de sustento exploradas.
O incremento produtivo conduz ao esgotamento de recursos, às
crises reguladoras do mercado negocial, aos desequilíbrios
ambientais, aos desvios comportamentais e à desintegração social, a
troco da consolidação de estatutos familiares aristocráticos
ancestrais.
Isto, em resultado da liberalização desregrada, alimentadora do mau
carácter humano, atreito a novas categorias de empresários, sem
capacidade cultural para perceber a responsabilidade do seu papel
social. Por isso, vivemos agora com um Poder económico
socialmente pouco consciente, capaz de gerar todos os desrespeitos
pelas pessoas, ofendendo a privacidade e integridade dos mais
fracos e dependentes, que resulta na faceta mais intimista da
disponibilização de mulheres e crianças para satisfação dos abusos,
perpetrados pelos desvios e patologias psico -fisiológicas de
libertinos endinheirados. O poder do dinheiro corrompe as mentes
vazias e abate-se sobre quem não o tem, porque não pode pagar a
realização de justiça!
Paulatinamente, a falta de capacidade reivindicativa dos mais
desfavorecidos conduz ao modelo social de duas classes, os
privilegiados ricos e os humilhados subjugados pobres, com a
colaboração dos administradores dos Estados, porquanto aliam o
aumento da carga fiscal ao aumento dos preços e redistribuem os
impostos à massa salarial e despesas da função pública e aos
subsídios à actividade empresarial lucrativa. Apenas as grandes
instituições sobrevivem; o mesmo é dizer que o telhado vai ficando
cada vez mais pesado e as fundações da estrutura social
proporcionalmente mais fracas e leves!
Esta corrupção moral conduz à generalização de autismos e à tensão
social, geradora de frustração, improdutividade, revolta e violência
dirigida. O relevar destas questões acaba por ser usado pelos seus
causadores, no palco da comunicação social, para controlar a
permanência e intenção governativa, sujeita à luta aparente de dois
pólos partidários alternantes.
As mudanças não são operadas, porquanto o serviço educativo só
serve a programação de ideias de continuidade, via exercitação da
memória do conhecimento antigo instituído, com anulação do poder
de raciocínio livre dos aprendizes sobre o valor do conhecimento.
Assim, este funcionamento já não alicia a massa laboral, estando
falido e decadente; as pessoas não se aliciam com a mentalidade
dogmática clerical medieval, surgida da necessidade romana de
controlar o grupo cristão, que apareceu como dissidente da filosofia
de extorsão fiscal e de domínio governativo do império.
Fundamentalmente, a prática de desigualdades resulta do acesso
diferente à informação, às oportunidades e ao rendimento, bem
como do escalonamento de estatutos de importância social
diferenciados, justificadores dos diferentes privilégios. A Lei tem
sido usada para submeter os cidadãos à cultura de Poder dos grupos
de pressão económica, afirmando uma mentalidade ditatorial de
controlo de interesses, em que os representantes legais impõem a
sua vontade egoísta. Em resposta, os menos afortunados entregam-
se ao sentimento de inveja, enquanto que outros procuram
assemelhar-se nos actos de novo -riquismo e ostentação
exibicionista, sempre com um espírito de revolta, contra o poder
instituído do dinheiro e contra os erros da sua distribuição aos que
muitas vezes menos merecem, por falta de produtividade social!
Por vezes, os governantes ou decisores também são apelidados de
ditadores, por não deixarem afirmar os interesses egoístas dos
grupos de pressão política e social e por teimarem em implementar
o Bem comum e a afirmação da justiça social, pautando-se por uma
moral universal e por uma liberdade responsável.
As políticas reflectem a necessidade dos que têm o Poder de decidir;
a necessidade é a manutenção dos privilégios conseguidos pelo
estatuto de dirigente, sempre tão ambicionado, pela via da
afirmação do egoísmo humano, que relega para o esquecimento a
defesa do interesse comum. Por conveniência, mantém-se o
interesse de manutenção do estado actual da sociedade, em que para
uns terem mais é inevitável que outros terão de ter menos, já que os
recursos naturais são limitados e a população mundial está a
aumentar. A continuar esta situação vamos ter cada vez mais
pobres, originando ricos cada vez mais agressivos e açambarcadores
de recursos, com cada vez menor consciência social de preservação
da espécie e das suas bases planetárias de sustento.

c) CIDADANIA E PARTICIPAÇÃO CÍVICA EM


CONCERTAÇÃO SOCIAL:

Esta é uma das formas de compensação democrática sobre os tiques


ditatoriais das disciplinas partidárias, muitas vezes usadas para criar
cumplicidades entre os directórios e as bases de militância, sob a
orientação das vontades de grupos externos de pressão; os vários
órgãos de soberania acabam por estar em uníssono com o grupo
governante, o que contraria a regulação das maiorias governativas
pelas bases parlamentares. Por isto, a participação parlamentar das
associações cívicas é uma necessidade democrática de regulação e
melhoria qualitativa dos discursos.
Pretendemos que a sociedade evolua cada vez mais para a partilha
de responsabilidades, eliminando-se poderes autoritários, pelo que
aclamamos as estruturas de concertação social, vocacionadas para a
diversidade de opinião e para o controlo de interesses.
Pugnamos pela presença e intervenção das associações cívicas
temáticas nas comissões parlamentares e nos órgãos de gestão das
instituições públicas, de modo que se garanta o efectivo controlo da
qualidade do exercício administrativo estatal.
Defendemos a vigilância activa do exercício político, por
intermédio das associações cívicas, acreditando que estas podem
retirar a sua confiança aos executivos ministeriais, com
consequência para as suas continuidades, caso se prove erro grave
ou má fé, em sede de julgamento judicial, após medidas cautelares
interpostas licitamente.
Estimularemos a constituição de uma associação cívica nacional de
defesa dos interesses do cidadão e da justiça social, orientada para
receber as queixas das vítimas das acções políticas ou
administrativas públicas danosas e para que o cidadão saiba usar o
sistema judicial, no sentido de responsabilizar todos aqueles que
agem contra o interesse comum ou contra o seu direito lícito.
Esperamos que o cidadão seja mais activo na denúncia das falhas
que detecte nos funcionários públicos, que atentem contra a lei,
contra a ética, ou contra a sua necessidade lícita.
Porque o País é de todos e porque todos são responsáveis pelas
situações, por nelas participarem activamente, ou por nada fazerem
para mudá-las. Que o comentário e a desconfiança dê lugar ao
julgamento das responsabilidades que uns têm, por decidirem e
teimarem em ordenar e impor injustiças, e que outros consentem,
por não recusarem licitamente em obedecer.

d) ORGANIZAÇÃO E ESTÍMULO DAS MILITÂNCIAS:

Enveredamos pela via do esclarecimento e das opções conscientes e


assumidas, contribuindo para o auto-conhecimento do pensamento
de cada ser humano, para que estes possam avaliar a adequação da
sua personalidade intelectual à filosofia política da social-
democracia.
Pretendemos que os militantes não se enganem a si mesmos, nem ao
Partido, mas antes participem com empenho e convicção acertada
no seu engrandecimento, lutando pelos mesmos valores e desígnios
e ajudando à construção solidária de uma sociedade mais justa,
porque a responsabilidade é de todos.
O PSD acolhe a diversidade de opinião e estimula a acção crítica e
reguladora entre todas as militâncias, por defender a afirmação
individual e a expressão dos valores e capacidades de cada um dos
militantes. O Partido, nos seus vários órgãos, será sempre a voz de
fundo da consciência social-democrata, crítica da actividade
governamental dos nossos companheiros que sejam chamados às
responsabilidades de gestão do Estado.
Colocamo-nos ao serviço dos cidadãos que queiram socorrer-se dos
nossos conselhos de orientação para a vida activa, no sentido de
resolverem os seus problemas de vida, com intermediação das
nossas estruturas concelhias.
Esta aproximação à sociedade civil destina-nos a uma utilidade de
serviço ao cidadão, devidamente informada pelas simpatias com o
nosso fundo ideológico. Pretendemos que as possíveis adesões às
nossas causas sejam formadas na nossa ideologia, originando uma
coerência interna de pensamento político, complementada pela
formação contínua dos nossos militantes.
O nosso Partido tem de ser uma organização capaz de contribuir
para a resolução dos problemas dos cidadãos, interessando-se no
melhoramento pessoal da cidadania e no sucesso produtivo de todos
os nossos militantes. Pugnamos para que estes não se desviem do
nosso programa, sobretudo quando em funções governativas, mas
que saibam sempre aplicá -lo, respeitando-o na sua vivência diária.
Temos de ter uma posição crítica, entre militantes, para efectuarmos
constantemente uma avaliação da confiança política nos eleitos pelo
Partido. Assim, o Partido fortalece-se e os eleitores sentir-se-ão
confiantes na acção partidária. Estabelece-se o garante do
cumprimento do nosso programa e a fidelidade aos nossos
princípios filosóficos de modelo social, com esta postura de
aconselhamento permanente aos eleitos.
Para isto, interessa aperfeiçoar os regulamentos internos,
emprestando-lhes coerência democrática e concretização da nossa
ideologia de modelo de regulação social. Qualquer militante que se
desvie do cumprimento e fidelidade ao programa deve, em
consciência, resignar à representação do nosso Partido e assumir o
julgamento por traição ao ideal social -democrata. As melhores
interpretações pessoais, no sentido de que respondem mais às
exigências dos cidadãos eleitores, do que às concepções dos
directórios, devem ser acarinhadas, no sentido de correspondermos
às necessidades cívicas e preenchermos convictamente as nossas
responsabilidades governativas, com o apoio e entusiasmo da
população.
Faltam-nos documentos orientadores da prática interna, para
corrigir todas as tarefas, nomeadamente de proposta e selecção de
candidatos, onde é maior a responsabilidade, perante as missões de
serviço público que tivermos de aceitar!
Neste capítulo, e em nome dos processos democráticos de selecção
dos melhores méritos, em cada processo eleitoral, devem auto
-propor-se todos os interessados, preenchendo ficha de candidatura,
onde indiquem habilitação académica e profissional, formação e
curriculum político, experiência e reconhecimento cívico/
associativo, competências adequadas à função, para que se
candidatam, proposta programática de acção e desempenho no
cargo e equipas colaboradoras. As candidaturas são entregues ao
órgão responsável pela condução do acto eleitoral, que as analisará
e apresentará à assembleia de militantes, com a presença
interventora dos candidatos e parecer de selecção da melhor, no
sentido da existência de melhor capacidade de cumprimento da
proposta social -democrata. O universo eleitoral, dos militantes
considerados, votará a melhor candidatura, que terá de ser aprovada
por representação da maioria simples.
Também, neste contexto, não é admissível o recrutamento de
candidatos independentes; estes têm possibilidade de se afirmarem,
ao abrigo da participação e candidatura cívica. È uma
desconsideração pelo sacrifício dos militantes, preteri-los por
pessoas mais comodistas e oportunistas. A única possibilidade passa
por inscreverem na nossa militância, os simpatizantes que queiram
lutar pelos nossos ideais, no preenchimento de cargos de gestão
pública e política. Assim, o Partido alargará a base da militância e
reforçará a qualidade dos contributos, sem ultraje aos que partilham
dos custos, deveres e disciplinas responsáveis.
Portanto, devemos reforçar o espírito de união em torno do
Programa do nosso Partido, e não tanto em torno dos líderes, para
podermos evoluir melhor, não nos sujeitando aos autismos de cada
personalidade.

II- A NOSSA ACÇÃO:

a) OS NOSSOS PENSAMENTO E LEGADO POLÍTICO:

A raiz da social -democracia, germinada da síntese crítica do


pensamento marxista e engelsiano, em 1863, foi preconizada por
Eduard Bernstein em 1897 e assentou no reformismo social e na
transformação permanente e gradual do modelo de sociedade, como
via para um socialismo democrático (revisionismo das ideias
marxistas); implantou-se em figuras do Leste europeu e da
Alemanha, em resultado dos excessos cometidos pelos que lutavam
contra as ditaduras senhoriais, sequelas dos regimes monárquicos. A
sua justificação resulta da necessidade de combater os totalitarismos
e imperialismos, tal como foi feito contra Bismark, Stalin e Hitler.
Normalmente, a oposição feroz, em resultado da revolta popular,
conduz à destituição das oligarquias repressoras, mas com a réplica
de atitudes revolucionárias igualmente condenáveis, face ao valor
da Vida.
A social democracia apareceu para criar a concertação social,
permitindo a convivência de todos em harmonia e respeito mútuo,
mas procurando satisfazer apenas o benefício da sociedade e não o
de um grupo particular, objectivando-se sempre a justiça social e a
opção das escolhas justas. A ideia revolucionária de um Partido do
trabalhador (derrube do capitalismo) originou a ideia reformista de
um Partido do bem-estar social (a riqueza redistribuída pelo
conforto de todos). Historicamente, a estratégia social -democrata
tem sido a alimentação de uma aristocracia operária (classe média),
que possa acomodar-se num consumismo desenfreado e compactuar
com as necessidades capitalistas, minimizando-se a ocorrência de
revoluções. Daí ter aparecido a frase “criar riqueza para poder
beneficiar os mais necessitados”. Face à agitação social, responde
com a melhor redistribuição da riqueza e a sublimação das reformas
sociais.
No entanto, as facções mais liberais aproximam-se mais do
capitalismo, o que conduz a totalitarismos de globalização
económica e às consequentes crises, impostas pela recuperação
capitalista, traduzidas no desmantelamento da acção social do
Estado e na promiscuidade público – privado, de forma a
enfraquecer o papel estatal e a criar mais oportunidades para os
investidores privados. É este novo totalitarismo, alimentado pelas
facções liberais ingénuas, que tem de ser combatido, sob pena de
comprometermos a razão da nossa existência, enquanto social-
democratas, e do próprio Estado.
Esta situação de reforço totalitário está ainda presente no nosso País
e surge em algumas directivas comunitárias, enquanto os nórdicos
já estão a adequar-se à globalização, introduzindo alterações no
reformismo socialista, tentando medir a distância entre o
comunismo de Lenine (respeito da propriedade privada e da
economia de mercado regulamentada) e o capitalismo (exploração
para a concentração de recursos e riqueza). Uma das conclusões tem
sido a adopção da estratégia da circulação de elites, por renovação
de pessoas e grupos, que vão sendo artesãos da sua própria
substituição. Pretende-se que os Partidos sejam menos eleitoralistas
e mais ideológicos, com preocupação de Estado, capazes de se
depurarem das oligarquias, que tendem a perpetuar-se com subornos
e favores entre as elites; estas tendem a desligar-se completamente
das necessidades reais dos eleitores e das hierarquias mais baixas,
que muito gostam de discriminar e subjugar! Determinou-se que
interessa catapultar as inovações ideológicas dos valores individuais
emergentes, por razões de sobrevivência do modelo social
-democrata!
O nosso Partido fundou-se a 6 de Maio de 1974, e viveu sempre
com duas facções, uma de índole revolucionária (Emídio Guerreiro;
combatente das resistências armadas, anti -totalitárias) e outra de
índole reformista (Sá Carneiro; pensador liberalizante do antigo
regime), que, na contenda ideológica, ditaram o desfecho trágico de
um projecto por concretizar, e tem marcado a luta pela liderança.
O primeiro programa social -democrata português reflecte o
pensamento e sua adequação à época, baseando-se no carisma de
pessoas que prepararam a transição para o actual regime,
comprometidas com a necessidade de reformar, para evitar
revoluções, mas no contexto de um Estado conservador. Sobretudo,
vemos espelhado nele a necessidade de reforma das soluções, com
defesa intransigente daquilo em que acreditamos, consubstanciado
no modelo de justiça social, tal como nos foi legado pelo contributo
de Francisco Sá Carneiro, mesmo quando foi incompreendido pelos
seus companheiros de então.
Francisco Sá Carneiro, na sua missão de reformador dos papéis do
Estado e da intervenção política, enunciou a contribuição livre dos
cidadãos para prosseguir o bem comum da sociedade, sujeita ao
interesse nacional, capaz de garantir o nosso sucesso, pela via da
participação democrática acertada e lícita, objectivadora da justiça
social dignificante dos indivíduos, com estímulo da expressão e
participação de todos no esforço de afirmação da cultura portuguesa
e na inovação de soluções. Isto resultava das ideias europeias de
então sobre o socialismo democrático, contraposto aos movimentos
revolucionários.
Para compreendermos as obras e respectivos legados, temos de
compreender as pessoas, dando espaço para a sua total expressão,
de modo a exorcisarmos medos, receios e crenças infundamentadas,
para apostarmos nos diálogos de concertação!
O segundo programa, algo reducionista dos nossos fundamentos e
escamoteador da nossa identidade, porquanto confundiu o espírito
social-democrata genuíno com as tendências neo-capitalistas,
reflecte a necessidade de sistematizar linhas de acção, também
adequado à mentalidade dos dirigentes da época, comprometidos
com o liberalismo selvagem, no contexto de um Estado minimalista.
Baseou-se na gestão tecnocrática das tendências neo-liberais, em
detrimento da carga ideológica democratizante, pelo que a
intelectualidade foi diminuída, afunilando as opções políticas para a
permissividade dos motores de injustiça social, tais como o
princípio da acumulação de riqueza.
O terceiro programa deve reflectir a necessidade de objectivar e
concretizar grandes medidas de correcção para o actual modelo
social, para criar o futuro de Portugal e estabelecer coerência entre
as linhas de acção e os princípios inalienáveis da social-democracia,
anteriormente latos, vagos e não concretizados. Deve também estar
preocupado em corrigir desigualdades e defender a justiça social,
dando capacidade interventiva democrática à instituição individual,
no fundo das bases do Partido, enquanto representantes da base
social nacional humanista e livremente expressa! Procuramos criar
uma base de pensamento que oriente as políticas governativas e que
oriente a produção de decisões dos nossos militantes, sobretudo
quando forem chamados a actos de administração pública!
Queremos que os social-democratas adoptem as medidas que sejam
efectivamente social-democratas e assumam o compromisso com os
ideais que partilhamos e defendemos, na missão de presidir aos
destinos dos portugueses! Optamos por uma linha suficientemente
revolucionária, no sentido de terminar a velha mentalidade arcaica
de antagonismos sociais, responsável pelas injustiças reinantes do
mundo, onde os indivíduos auto – privilegiados se servem dos
poderes instituídos, para tirar vantagem egoísta da desgraça alheia e
para manter a pobreza social, que permita a riqueza individual!
Queremos que os actuais militantes façam um acto de contrição
pelos erros passados e procurem encontrar na social -democracia
uma identidade consigo mesmos; se isto for impossível, encontrarão
o motivo do seu equívoco de militância, pelo que terão de encontrar
alternativas para a sua referência ideológica em outras forças
partidárias.
Sobretudo, não queremos um inter -classicismo, onde as classes
favorecidas afirmem o seu desejo de controlo da sociedade, para
continuar o primado das injustiças sociais e da diferenciação de
privilégios, que permitem a segregação contínua entre ricos e
pobres, em resultado do egoísmo das elites dirigentes, que querem
manter o Poder a todo o custo!

b) AS NOSSAS MISSÃO E COMPETÊNCIA:

Com as nossas ideias pretendemos arquitectar os mecanismos


reguladores das relações sociais, que objectivem uma sociedade de
interesses justos, verdadeiramente democrática no funcionamento
das instituições e responsavelmente livre, para que todos possam ser
igualmente felizes, tratados como adultos autónomos com
consciência social e de escolhas esclarecidas. Queremos anular as
discriminações remuneratórias dos contributos sociais de cada um,
baseadas em artificialismos de castas, classes e outros atributos
artificiais de exercício de Poder económico das famílias. Lutamos
pela anulação dos egoísmos, quer individuais quer dos grupos de
pressão, dirimindo as lutas competitivas pelos recursos do planeta,
que naturalmente pertencem a todos!
Como Partido, queremos lutar contra todos os factores de revolta
social, gerados no antagonismo das classes e assentes nas
desigualdades e injustiças, para contornarmos o destino fatídico do
ocaso das civilizações, iniciado no egoísmo individual e no
parasitismo inter -classista.
Por isto mesmo, queremos também terminar todas as formas de
caciquismo partidário, de modo a eliminar o perigo da supressão da
afirmação democrática de todos. Pugnamos para que os nossos
dirigentes não se obriguem a distribuir favores, por apoios
concedidos, fazendo entender que o apoio é um voto de confiança
dos militantes e simpatizantes, na esperança do sucesso dos ideais
formulados e partilhados por todos.
O PSD visa conseguir a participação esclarecida, eficaz e
reguladora da sociedade, para o processo de análise, decisão e
implementação das medidas escolhidas, de modo a empreendermos
conjuntamente as realizações nacionais com forte empenho de
todos, segundo princípios de concretização da justiça social,
conseguindo-se o sucesso da nossa cultura e a satisfação das nossas
ânsias históricas de protagonismo internacional, para continuarmos
a dar novos mundos ao mundo, sempre com as ideias mais
inovadoras e motoras dos novos desafios da humanidade.
A social-democracia, destituída de qualquer carácter ditatorial, é a
única via possível para evitar a alternância desviante das vontades
autistas, afectas a diferentes visões restritas, características dos
diferentes grupos de egoísmo e cultura de Poder.
O PSD deve ser um Partido dinamizador da cooperação social inter
-classista, para promover a partilha dos recursos nacionais e anular
os estatutos de diferenciação social artificiais. Todos os indivíduos
devem ser igualmente importantes na sua condição, embora
diferentes na qualidade da prestação de serviço aos outros, e de
onde se deve extrair a diferente remuneração da utilidade de cada
um de nós para a sociedade portuguesa e para a prática de Bem
comum. A nossa cultura humanista, no sentido da justiça social, não
é compatível com os absurdos remuneratórios actuais, baseados na
lógica de Poder económico, assente na exploração comercial de
oportunidades e no aproveitamento egoísta das necessidades dos
mais indefesos.
Por isto, queremos evitar a necessidade das revoluções, que se têm
afirmado como meras conspirações de ditadores, no sentido de
alcançarem a posição de privilégio de detenção do Poder, para
decidirem em causa de defesa dos próprios interesses; acaba por
haver apenas transferência de recursos de um grupo para outro, com
ascensão e queda de burguesias.
Neste sentido perverso o povo perde o seu património nacional, que
vai sendo transferido entre grupos de domínio social e económico,
que vão conduzindo as políticas e os Estados.
É esta ilicitude de alternância de regimes que queremos combater,
como também queremos condenar os regimes dominados por
grupos de interesse egoísta da sociedade privilegiada. Queremos
acabar com as intrigas políticas, uma vez que estas tratam-se de
ajustes e contendas entre grupos, com os mesmos objectivos de
provocar o suceder de ciclos políticos, algumas vezes
drasticamente, por revoluções abruptas e violentas, com desfecho
em ajustes pessoais de contas.
A este estádio cultural, a social-democracia propõe a única
revolução possível; a revolução de mentalidades e o crescimento
intelectual dos portugueses, tanto para não se deixarem
instrumentalizar, como para deixarem de ter uma mentalidade
infantil de Poder, de modo a efectivarem a partilha responsável das
decisões, actos e sua aceitação.
Queremos a democracia efectiva dentro do Estado, dentro das
empresas, dentro da família e na relação entre todos, condenando
todas as formas de autoritarismo e domínio, presentes em todas as
mentalidades, sobretudo estimuladas pelas hierarquias de Poder no
interior das instituições.
Defendemos, ao nível das relações sociais, nomeadamente laborais,
uma conduta de prestação de serviço, isenta de excessos
controladores, abusivos dos direitos lícitos dos cidadãos e
limitadores da liberdade individual. Os políticos, enquanto agentes
de Poder do Estado, devem ser os primeiros a penitenciarem-se e a
efectuarem uma contrição pelo atraso mental em que se encontram,
passando a cumprir com isenção o papel de intermediários
imparciais, na escolha das melhores decisões para o Bem comum.

c) A POSTURA DAS NOSSAS ATITUDES:

O PSD não pode ser confundido no espectro partidário clássico,


nem pode confundir-se com qualquer tendência ideológica, dado ter
um património espiritual de sentido democrático e de justiça social
entre classes, sem segregação de estatutos. Temos de ser
identificados com um Partido de equilíbrios, colocado no centro da
contemporaneidade das tendências filosóficas e políticas, produzido
pela síntese das concepções sociais mais justas e atendendo ao
humanismo das decisões e à necessidade de afirmação do respeito
pela pessoa e pelo seu contributo para o Bem comum.
Aceitamos as diferenças e atitudes diversas, desde que
salvaguardem a integridade, o bom -nome e a privacidade dos
indivíduos, contributivas para a paz social cooperante e para as
necessidades colectivas de preservação do Ambiente e da nossa
espécie.
Participamos em todas as iniciativas de cooperação e união dos
povos, que não sacrifiquem os nossos desígnios e decisões
acertadas, identidade cultural e criatividade, nem a nossa
necessidade de afirmação pessoal ou de usufruição responsável dos
nossos recursos e potencialidades.
Somos um Partido humanista, clamando por justiça social,
solidários com a liberdade dos outros e aceitando a axiologia cristã
não repressiva, que nos liberte da subjugação à obediência cega, à
escravatura e ao sofrimento.
Defendemos o inter-classicismo, como forma transitória de terminar
conflitos e aproximar diferenças de estatutos, de modo a concertar
maior justiça social no reconhecimento do mérito de todos, o qual
deve ser o único factor de distinção.
Rejeitamos a cultura de Poder e assumimos a partilha de
responsabilidades, em articulação com as vontades lícitas dos
cidadãos e com a defesa do Bem para a sociedade, contrapondo o
Estado regulador ao Estado autoritário das imposições.
Defendemos o propósito nacional pela afirmação da cultura
portuguesa e da personalidade criativa dos portugueses, rompendo
com as peias tecnocráticas, burocráticas e estatizantes, atrofiadoras
da iniciativa dos cidadãos e limitadoras da sua liberdade, com
propósitos de definição e controlo das suas vidas.
Apostamos na inovação de soluções que origine mudança positiva
apreciável da realidade, agilizando a resposta aos problemas,
promovendo melhor mentalidade e afectando as produções e
criativos independentes aos institutos de investigação nacionais.
Aceitamos a livre iniciativa e a abertura de mercado, que respeite a
necessidade dos consumidores e esteja ao serviço destes, em
detrimento dos oportunismos de constituição de privilégios
económicos egoístas.
Enveredamos pelo diálogo e estímulo da pluralidade, como forma
de abordar todas as visões dos problemas e sintetizar as soluções
melhor informadas. Para tanto, queremos fortalecer o direito à
informação plena e correcta, salientando o dever de incluir os
aspectos negativos das opções que quisermos implementar, ou dos
serviços e produtos que quisermos oferecer, para que os danos
causados possam ser ressarcidos convenientemente com a
devolução aos prejudicados dos benefícios colhidos, ao abrigo do
ressarcir das atitudes de má-fé das teorias de “marketing”, quer
sejam na política, quer sejam no mercado empresarial. Por isto,
apostamos numa concertação social mais representativa dos
cidadãos destinatários.
Apostamos na resolução dos problemas das pessoas de boa fé,
praticando uma política próxima da necessidade do cidadão e
esforçando-nos por terminar com a penalização dos justos, os quais
não se devem desconsiderar, por reacção desconfiada à culpa dos
prevaricadores. Não queremos colocar entraves à felicidade dos
bons cidadãos.
Procuramos o amadurecimento da informação, interessando todas as
boas vontades nos processos de análise e decisão, pelo que
melhoramos o papel da crítica, sobretudo no funcionamento do
parlamentarismo reformador da concertação social, quando
objectivamos o Bem comum, baseado nas relações cooperantes do
trabalho.
Com isto, preenchemos mais um dos requisitos da inclusão social,
melhorando a cultura global da nossa sociedade, assente no maior
apreço às contribuições generosas de todos os participantes, em
solidariedade.
Desenvolvemos a cultura da regulação de Poderes, pela negação do
exercício do Poder de afirmação dos estatutos, bem como pelo
processo de fiscalização inter-sectorial dos actos públicos, através
do controlo feito pelo cidadão utilizador. Não defendemos como
curial o tratamento e designação das pessoas, pelos seus títulos
honoríficos ou habilitações académicas; cada ser humano tem as
suas habilitações técnicas, com reflexo na utilidade aos outros,
sendo aqui que reside o valor apreciado de cada um.
Substituímos as cadeias hierárquicas de mando pelas relações
cliente -fornecedor nas redes de comando, desconcentrando poderes
e funções e terminando com a acumulação de cargos, por estímulo
da utilidade do aperfeiçoamento e dedicação exclusiva a uma
função social. Defendemos a plena ocupação de todos no seu
verdadeiro talento e, como condenamos a acumulação de riqueza,
também condenamos a acumulação de empregos e cargos,
limitadora das oportunidades dos outros, bem como da proficiência
de desempenho de cada um.

d) PRINCÍPIOS DE CORRECÇÃO DAS POLÍTICAS


GOVERNATIVAS:

Os nossos ideais não podem ser considerados utópicos, porquanto


medem a distância a percorrer no sentido do Estado mais perfeito;
só a pressa dos imobilistas apelida negativamente aquilo que
prejudica os seus interesses anti-sociais; existem sempre os que não
querem perder privilégios e diferenças, pois que não estão
interessados no contributo comunitário, nem na generalização da
partilha de recursos pelo real esforço de cada um!
O fim último da social-democracia não é o concurso aos actos
eleitorais, nem o governo do País, mas sim é a prossecução do
nosso ideal de sociedade, lutando por termos uma democracia
efectiva, com regulação das decisões pela participação de todos, de
modo a sermos úteis aos cidadãos. Devemos informar, formar e
ajudar na superação de dificuldades, auscultando e
disponibilizando-nos para a missão de solidariedade instrutiva aos
nossos concidadãos.
A social-democracia não visa o favorecimento de classes, mas
somente o relacionamento justo e democrático entre todos os
cidadãos auto-incluídos e interessados no bem comum,
respeitadores da fraternidade e direito de afirmação de cada um, em
igualdade e liberdade responsável. O benefício de uns não pode
traduzir o prejuízo de outros; o que queremos para nós não podemos
negar aos outros e o que não aceitamos para nós não podemos
permitir para os outros. As responsabilidades dos actos têm de ser
assacadas e bem atribuídas, de modo a desenvolver a justa
indemnização e o ressarcir correcto dos males causados pelos actos
sociais humanos.
Nesta linha de pensamento, todos somos pagadores particulares das
aquisições que fazemos e dos bens que utilizamos, mas também das
responsabilidades que temos nos prejuízos causados ao nosso
ambiente exterior. Portanto, consideramos justos o princípio do
poluidor pagador, o princípio do criminoso pagador, o princípio do
utilizador de bens privados pagador, mas não consideramos justo o
princípio do pagamento de taxas por cada utilização individual de
bens públicos, porquanto aqui todos comparticipam a formação
desse bem, via orçamento do Estado, e igualmente da mesma forma,
todos devem contribuir para a sua manutenção, enquanto
considerada propriedade colectiva, pois que as manutenções são
obrigação solidária de quem é primeiro proprietário do bem e quer
mantê-lo!
A colmatar, o Estado, ou seja todos os portugueses, não podem ser
imputados como pagadores dos prejuízos causados por grupos e
pessoas restritas da sociedade, quer sejam ou não funcionários
públicos; não concordamos com as indemnizações efectuadas pelo
Estado ao cidadão, a título de ressarcir prejuízos originados na culpa
pessoal do seu funcionalismo, porquanto isto constitui uma afronta
clara à justiça. O cidadão justo não pode ser culpado pelos actos do
cidadão pecador, nem ninguém tem de pagar pelos erros de outros.
Isso só é possível ao abrigo da constituição de uma mútua
seguradora, especializada em indemnizar sobre o risco de erro
funcional e responsabilidade civil, onde cada cidadão segurado tem
a expectativa de que todos os mutualistas paguem os prejuízos que
ele cause a terceiros.
Também não aceitamos que os cidadãos, involuntariamente, pela
decisão dos gestores políticos, tenham de custear apoios e ajudas
aos concidadãos que concorrem conscientemente para
comportamentos de risco, resultantes em doenças assistidas ou em
quaisquer prejuízos para os outros. O primeiro prejuízo acontece
quando a comunidade tem de suportar os encargos causados pela
prática consciente e reconhecidamente errada dos cidadãos
individuais. Não é justo arcarmos com a culpa dos outros,
especialmente quando são avisados pela comunidade, relativamente
aos maus hábitos e aos erros de Vida, assim comprovados. A
melhor penalização não é a multa sobre o incumprimento da
proibição, mas antes a responsabilização de cada um assumir os
encargos efectivos das consequências dos seus actos!
Os portugueses devem realizar-se individualmente para a sua
felicidade, em liberdade e responsabilidade de não atentarem contra
os direitos lícitos dos outros, definidos como os seres vivos e seus
espaços habitacionais, de modo a sermos solidários com os
equilíbrios universais, numa lógica de co-habitação, correcção de
assimetrias e partilha de recursos comuns. Cada indivíduo deve
contribuir com a sua criatividade benévola e liberdade de espírito,
para ter capacidade reguladora do exercício das hierarquias
organizacionais. Só assim podemos melhorar eficácias, ajustar
medidas e inovar soluções, participando co-responsavelmente nas
ordens e cumprimentos de vontades colectivas.
Promovemos uma efectiva autonomia dos cidadãos, por
colaboração na formação de co-responsabilidades, de forma a
terminar despotismos no seio dos grupos sociais e conseguir uma
evolução solidária das mentalidades e atitudes comunitárias.
Radica aqui a cultura social-democrata, produzida por uma
mentalidade subjacente ao exercício correcto da autoridade,
legitimada pela vontade popular que preconize o bem comum, ou
seja que não se prejudique gratuita e ilicitamente terceiros (carácter
da licitude).
É esta a via para terminar as formas de escravatura e os regimes de
domínio egoísta autoritário, instalado nas organizações públicas e
privadas.
Queremos uma democracia previamente esclarecida, para poder ser
correctamente participativa, disponível para avaliar as necessidades
futuras das populações e satisfazer as urgentes, de acordo com os
princípios social-democratas, isto é, reforçando o respeito pela
riqueza cultural de cada pessoa, isenta das tendências pessoais
egoístas.
Condenamos a opressão política, económica e tecnocrática, que tem
sido incoerente com os valores naturais e produz as desigualdades
sociais, pelo que queremos alargar a intervenção democrática a
todas as instituições, sob a necessidade de avaliar o valor social das
decisões. Os cidadãos têm de ver integradas as suas boas vontades
nos processos que condicionam as suas vidas, de modo a que se dê
sempre a primazia ao interesse hierarquizado de quem sustenta as
instituições, ou seja, para quem estas trabalham. Não aceitamos que
os servidores exerçam autoridade ilícita sobre os servidos, isto é,
sem o prévio consentimento e aprovação da licitude e legitimidade
das leis, sanando-se todas as injustiças. Não aceitamos também o
exagero das especulações e explorações comerciais, que são o factor
de desequilíbrio e de insustentabilidade da economia, dado
explorarem a força produtiva e o consumo, pelo que pugnamos pela
igualdade de acesso aos recursos do planeta e pela distribuição
proporcional de rendimento pelo esforço laboral de cada um, de
modo a combater o princípio ilícito da acumulação, baseada em
expedientes ardilosos especulativos e em desonestidades.
Defender a inclusão social não é arremessar esmolas do alto, mas
sim efectuar o equilíbrio entre salários, preços e fiscalidade, de
modo que os recursos nacionais sejam postos ao dispor de todos, na
justa retribuição da participação energética individual nos resultados
produtivos do trabalho de cada um.
Queremos uma social-democracia popular, contra todos os
artificialismos estatutários, discriminatórios da dignidade humana e
realizadores de diferenças injustas; não compactuamos com os
complexos de superioridade do Poder económico, nem com a
apropriação de bens e instituições, naturalmente pertença de todos.
Os cidadãos utilizadores não são escravos da vontade das
organizações; os funcionários não são donos destas; as instituições
devem tudo aos cidadãos servidos, pelo que é mais importante o
direito do consumo!
Orientar-nos-emos sempre para generalizar a verdadeira democracia
e a sociedade personalista, promovendo a evolução espiritual
humana, no sentido de limitar a competição pelos recursos
planetários, recorrendo a uma síntese positiva dos ideais
transversais de cristianismo, de humanismo, de ética da Vida e de
justiça universal; valores que deverão ser a base de qualquer
educação, oficial ou familiar.
Por isto, questionaremos a validade das Leis, ao abrigo da nossa
consciência social de expressão das melhores e mais justas vontades
populares. Só assim conferimos legitimidade democrática às
decisões políticas.
Importa também que a sociedade reconheça validade às medidas
preconizadas, pelo que a sua implementação deve ser faseada e
promover a sua apreensão cultural. Nomeadamente, o avanço
tecnológico deve garantir efectiva melhoria de conforto ambiental
global e não ser desenvolvido para oprimir as necessidades
fundamentais dos servidos, com as necessidades económicas dos
servidores.
A adopção das políticas não pode ser uma mera transposição de
modelos culturais diferentes dos nossos, pois que cada situação tem
características culturais próprias de funcionamento, que interessa
apreender nas transformações operadas, para controlar e
aperfeiçoar, garantindo-se a diversidade de respostas aos problemas
que venham a afectar a humanidade e possam questionar a sua
sobrevivência. Não professamos dogmas, pelo que estamos abertos
à síntese das várias correntes técnicas e político -filosóficas, que
objectivem aspectos positivos para o primado da felicidade humana
e para o sucesso ambiental global, livrando a humanidade do seu
declínio e inviabilidade ecológica.
Estando mais próximos dos portugueses, temos posição de obtenção
de consensos cívicos sobre valores e regras de convivência e sobre o
funcionamento das instituições, recolhendo um retorno crítico da
aplicação das medidas políticas. Visamos um clima de tranquilidade
social e económica, mas também de aumento do desempenho
individual da cidadania, por reforço da confiança e negação da
instrumentalização danosa das pessoas.
Queremos que os direitos de uns sejam consentidos pelos deveres
de outros, pelo que as relações laborais devem constituir-se em
torno das necessidades e aspirações dos destinatários do trabalho;
tem de produzir-se de forma eco -eficiente e sustentada, para evitar
o consumismo degenerativo dos recursos e da qualidade ambiental.
A formação de rendimento tem de ser partilhada entre todos os
intervenientes, de forma que se estipulem salários justos, preços
justos e tributação justa, contrariando-se a acumulação de riqueza,
mas trabalhando-se para a produção de riqueza sustentável, capaz
de objectivar a motivação e felicidade das pessoas produtivas.
O Estado não deve ser uma fonte de injustiça, quando decreta
unilateralmente ou quando impõe uma colecta. Não deve partir do
pressuposto de viver obcecadamente para si e para os seus encargos
desmedidos, mas deve ser racionalizado às necessidades sociais
comuns, vivendo apenas para servir, segundo as disponibilidades
financeiras dos cidadãos, em cada momento económico, sem
comprometer a necessidade de estes auferirem um rendimento
laboral mínimo não tributável, calculado pelo suporte de encargos
essenciais a uma vida condigna e sobriamente confortável das
famílias.
Preconizamos um outro modelo de Estado, enquanto prestador de
serviços públicos desinteressados essenciais, que não podem ser
objecto da exploração comercial, e enquanto regulador da
actividade dos serviços privados, de forma a garantir o
cumprimento das normas legais, no sentido de proteger o
consumidor, os trabalhadores, a viabilidade das empresas, a
sustentabilidade da nossa espécie e a do ambiente. Não só
defendemos que o Estado não deve ser prestador monopolista de
alguns serviços, mas que deve garantir a prestação integral de
serviços essenciais à sobrevivência e defesa de todos os cidadãos,
nos domínios da saúde, da segurança social, da justiça, da defesa
territorial e patrimonial, das necessidades educativas obrigatórias e
da regulação das actividades económicas, sendo que os cidadãos
devem usufruir de qualquer destes serviços, sem terem que pagar
mais do que a colecta fiscal directa, ou seja sendo de acesso livre e
gratuito. Admitimos que as obrigações devem ser pagas por quem
as ordena; portanto, enquanto os gestores governamentais
ordenarem escolarização obrigatória, devem formar os cidadãos
gratuitamente para essa escolaridade, tal como as empresas o farão
para os seus trabalhadores que queiram formar. Sempre que as
instituições necessitarem de um certo grau de escolaridade, para
certas funções, devem custear integralmente a formação dos seus
candidatos a recrutamento. Ou seja, o Estado só deve ter ensino
“gratuito”, além do obrigatório, para os candidatos a preencherem
vagas no funcionalismo público, a que tem todo o sentido aplicar o
conceito de “numerus -clausulus”, relacionado com as vagas
previsíveis e necessidades das instituições a curto prazo. Também
queremos ampliar a capacidade de fiscalização a todos os cidadãos,
criando-se uma teia de relações, perfeitamente controladas por todos
os intervenientes, para que a iniciativa privada não seja uma fonte
de exploração injusta dos mercados e para que os serviços do
Estado se regulem por eficiências de racionalidade competitiva!
Nomeadamente, só faz sentido ter um Estado prestador de serviços,
com acesso gratuito, pois que os cidadãos auto – incluídos já
pagaram antecipadamente pela via do Imposto directo. As taxas de
utilização dos serviços públicos são claramente injustas e só podem
ser aplicadas a quem não contribui para o sistema nacional fiscal de
colectas. O ridículo actual dos nossos gestores políticos, por
ignorância ou irreflexão, mas por força das conveniências de
quererem viver a níveis económicos superiores aos seus patrões,
tem sido a múltipla tributação sobre o mesmo serviço. Assim,
marcamos o principal desígnio do Estado, em função da
necessidade que os cidadãos têm de serviços primordiais para a sua
subsistência, sujeitos a práticas de justiça social efectiva, em
solidariedade mutualista!
Não queremos que a vida quotidiana seja partidarizada, nem
queremos que a política seja uma construção de falácias, tendentes
para a criação de verdades virtuais, que só servem à criação de
relações frágeis, equilíbrios tensos e conflitos de grupo.
Pretendemos antes uma sociedade de debate político, onde haverá
espaço para as nossas propostas, sempre defensoras da verdade no
desporto, nos concursos, no trabalho, na justiça e em todos os
domínios da nossa Vida social.
Sabemos que nem sempre é possível resolver os problemas que nos
colocam, mas queremos que a nossa tentativa de resolução não
comprometa os nossos princípios, nem o nosso modelo social. Se
não resolvermos os problemas, por não adoptarmos as soluções
contraditórias à nossa filosofia política, manteremos a nossa
fidelidade ao programa e não afectamos a confiança que depositam
em nós, para defender as nossas ideias mestras. Com esta postura
estimularemos a nossa criatividade e desafiaremos novos valores
pessoais a surgirem!
Para tal, defendemos o acto integrado de governação, para não
prejudicar a prossecução dos objectivos latentes ao novo conceito
de modelo social que queremos introduzir. As políticas sectoriais
são aplicadas com a garantia de concorrerem para o incremento
umas das outras, depositando-se o seu controlo na figura cimeira
das listas eleitas e na sua compatibilidade com todos os outros
eleitos, devidamente avaliada pelos eleitores. Portanto, queremos
que todos os corpos governativos sejam do conhecimento prévio
dos cidadãos eleitores, antes dos respectivos actos eleitorais. Cada
primeiro de lista deve estipular os grandes objectivos da
governação, para que os cidadãos possam avaliar constantemente os
desvios efectuados e deduzir acusação em sede de tribunal.
Por exemplo, se objectivarmos o desenvolvimento económico
sustentável, ao abrigo das condicionantes macro -económicas do
plano concorrencial do mercado aberto, podemos apostar na
estratégia de fomento turístico, obrigando-nos a melhorar o nosso
Ambiente natural e a recuperar o nosso património arquitectónico e
histórico, para obtermos representações vivas de outros tempos e
para oferecermos algo único e apetecível. Não devemos mostrar
ruínas, mas sim recuperá-las para oferecer espectáculos de outros
tempos, onde os turistas possam recrear-se e viver segundas vidas
não virtuais, encarnando personagens e costumes de outros tempos.
É importante que não se governe ao sabor das tendências,
desencadeadas por gostos e ímpetos de menor sensibilidade social
de qualquer grupo de interesses. Como tal, não podemos apostar em
liberalizações sem acautelar a democraticidade dos processos
institucionais e o correcto relacionamento entre as pessoas. O
mesmo é dizer que não devemos criar facilidades que dificultem a
Vida dos mais desfavorecidos, sem força institucional, nem
capacidade de conhecimento, nem de reivindicação. Liberalizar
implica reforçar a justiça social, incrementar a segurança de bens e
pessoas, estabelecer mecanismos alargados de controlo e
desconcentração de Poderes, com maior democratização das
instituições; sobretudo temos de garantir que as pessoas estão mais
evoluídas no plano da sua mentalidade, para sentirem maior
consciência social e menor egoísmo individual. Veja-se o que
aconteceu com a abolição de fronteiras e a sucessiva resposta pelo
uso dos meios electrónicos, quer controlando os movimentos
transfronteiriços, quer o registo das marcas de utilização deixadas
pelas pessoas.
Sobretudo, governar exige saber avaliar problemas, para poder
encontrar soluções adequadas de igual intensidade; implica o uso
continuado mais da inteligência que da memória, para determinar o
valor das respostas às causas, mas também o papel das pessoas nas
situações, para garantirmos as melhores produções nas diferentes
áreas do trabalho. Não se pode avaliar de forma amadora, ao sabor
de gostos pessoais, mas antes segundo critérios, que devem ser
todos do conhecimento prévio dos que se submetem à avaliação,
para que a justeza dos resultados possa ser controlada por
avaliadores e avaliados.

III- REGRAS DEMOCRÁTICAS:

a) PLANIFICAÇÃO DEMOCRÁTICA:

O desenvolvimento social e económico, previsto como sustentado


no modelo de sociedade que preconizamos, deve ser objectivado
pelo Estado, como forma de regular concorrências mais do que
competitividades, desenvolver oportunidades de prestação de
serviço social mais do que de negócio, e para criar sustentação
ambiental para as actividades, mais do que rentabilidade financeira,
de modo a concretizar-se a verdadeira economia sustentável.
Portanto, o Estado deve ser conhecedor dos planos de investimento
e empresariais, bem como dos planos de acção e funcionamento das
empresas, para garantir também a segurança pessoal e ambiental, a
saúde humana, a formação e justa distribuição de riqueza, bem
como a defesa da integridade e direitos dos consumidores,
acautelando-se a utilidade social dos projectos empresariais.
Assim, o próprio Estado vive para a razão da sua existência, em prol
da solicitação de justiça que os cidadãos clamam, quando
institucionalizam a necessidade de correcção dos maus
comportamentos sociais!

b) DEMOCRACIA POLÍTICA:

Consagramos a liberdade política, por reconhecermos o direito de


qualquer cidadão a expressar-se e a reunir-se civicamente, para
participar do processo de decisão política e afirmar a soberania
nacional, em resultado de conjugar elaborações das melhores ideias
individuais. A cultura e vontade colectiva justa de um povo não
podem ser desrespeitadas pelas necessidades das uniões
internacionais, bem como se deve respeitar o princípio da
representação política subordinada, já que os governantes têm de
agir como servidores da população, na condição de conselheiros
habilitados, responsáveis pelas consequências produzidas pelas suas
decisões, e perante as quais terão de responder!
Mais importante do que a estabilidade política é o acerto das
medidas políticas, o que só é maximizado com a regulação das
decisões, por meio de crítica constante e construtiva dos cidadãos,
nomeadamente nos debates parlamentares e nas assembleias, ou por
meio das contestações populares válidas.
Não podemos confundir estabilidade com perpetuação dos agentes
políticos, fontes de injustiça, nem devemos ter receio de actuar
validamente, exigindo a demissão das pessoas que não souberem
exercer a democracia! Defendemos o diálogo permanente em
qualquer órgão considerado, no interior de qualquer instituição, sob
a égide da dialéctica crítica entre todas as correntes ideológicas,
desde que isentas da disputa de privilégios ou poderes; o avanço da
sociedade faz-se pela síntese da discussão entre contrários e na
produção corrigida de novas concepções, já que ninguém é dono das
certezas, embora agarrado às suas verdades. Não confundimos
autoridade com mando das vontades particulares. Só aceitamos a
autoridade como aplicação dos contratos sociais, em torno dos
acordos de princípios que os cidadãos aceitam como lícitos, e a que
voluntariamente se submetem. Promovemos o exercício lícito da
autoridade, nos termos em que esta seja derivada da correcção das
normas e da justiça para o Bem comum.
A democracia política enforma noutros aspectos funcionais. Pela
democracia constitucional salvaguarda-se a necessidade social de
estipular regras gerais de direitos e deveres, na esfera dos princípios
universais de justiça, balizadoras da acção legislativa e das
competências dos órgãos de Estado, bem como das
responsabilidades de cidadania. Pela democracia representativa
salvaguarda-se a necessidade social de delegar funções de gestão do
Estado aos eleitos. Pela democracia esclarecida salvaguarda-se a
necessidade de os eleitores conhecerem programas de acção
governativa, decisões específicas e resultados das políticas
adoptadas. Pela democracia participativa salvaguarda-se a
necessidade social de corrigir os desempenhos políticos,
nomeadamente procedendo judicialmente contra os eleitos.

c) DEMOCRACIA CONSTITUCIONAL E LEGISLATIVA:

A Constituição da República Portuguesa deve reconhecer e


promover os direitos e deveres fundamentais do cidadão,
declarando-os e enunciando-os nos seus conteúdos, em termos das
liberdades, garantias e co-responsabilidades na cidadania activa dos
deveres e direitos, amplamente consensuais.
A Constituição disciplina e submete todos à aceitação das regras
consensuais, dentro do espírito de justiça universal. Portanto, a
complementar a obrigação de cada um conhecer a Lei, e por questão
ligada à imposição do bom senso, o Estado deve disponibilizar o
seu correcto conhecimento e divulgação, promovendo a correcta
apreensão; não faz sentido criar o pressuposto do conhecimento da
Lei por todos, quando não se criaram os mecanismos,
nomeadamente educativos e formativos, que instruam todos os
cidadãos na Lei geral. É um disparate exigir prestações e
competências cognitivas para as quais não se tenham formado ou
instruídos os indivíduos, e que só pode ser explicado por má-fé.
Sobretudo, deve figurar na constituição o direito dos cidadãos sobre
o património do Estado, na acepção de que este é o nosso
património comum, por ter sido constituído pelo esforço de todos os
portugueses trabalhadores, criadores directos de riqueza, desde a
constituição da nossa nacionalidade. Portanto, a usufruição deste
património deve ser gratuita, por ter sido adquirido e mantido pelos
cidadãos, com o produto das colectas de impostos directos.
Deve também figurar na Constituição o espírito funcional do nosso
modelo social, tal como ele é, ou seja que o Estado é a organização
pública que os cidadãos criaram e constituem, para gerir todo o
património comum, bem como os destinos da sociedade e do
território onde funciona, para o que contratam gestores políticos e
demais funcionários públicos, como mais capazes para presidir aos
nossos destinos civilizacionais e administrar as tarefas que sejam
necessárias empreender em conjunto. O espírito legal desta
administração deve ser o mais próximo possível da actual lei do
condomínio, extrapolando-se para o conceito mais alargado do
grande condomínio que é Portugal.
Em concomitância, deve expressar a subordinação do Estado ao
interesse lícito dos cidadãos accionistas de Portugal, que em
primeiro lugar são os trabalhadores do sector privado da economia,
e a quem os políticos devem o primeiro respeito no cumprimento
integral dos direitos de propriedade comum, usufruição de espaços e
supervisão da gestão do Estado. É a estes cidadãos que os políticos
e demais funcionários públicos têm de prestar contas pelos maus
desempenhos das instituições públicas.
Concluir daqui, em sede constitucional, que as leis não podem tratar
os cidadãos como súbditos, nem como escravos nem como inimigos
do Estado, mas sim devem promover as relações de comando social
cooperante e informar contra os abusos de Poder e contra os mandos
autoritários, colocando as organizações estatais como verdadeiro e
único súbdito do povo português. A Lei deve ser o instrumento de
compromisso social de todos os cidadãos, para viabilizarem as
regras de correcção do bom relacionamento, no respeito pelo igual
direito de todos, em partilharem os Bens sociais e o país.
Interessa que o documento refira os princípios que balizam a
regulamentação dos direitos, liberdades e garantias, que se incluem
nas obrigações da lei geral. Também deve prever a regulamentação
das vontades populares lícitas, em sede parlamentar, sucessiva aos
referendos.
Deve prever os mecanismos de plebiscito da opinião pública, de
modo a nortear o sentido da governação pelo interesse lícito do
povo, articulando o papel das associações, dos órgãos de
comunicação social e das tecnologias de informação!
Por último, deve prever os mecanismos de referendo da própria
constituição, uma vez que, em democracia efectiva, a lei é uma
expressão das vontades lícitas do povo, em cada época, e deve
reflectir, portanto, o sentido consensual contemporâneo das boas
intenções e das melhores relações sociais!
A colmatar, a nossa “Constituição” deve prever os princípios
aceitáveis para o clausulado de qualquer tratado internacional,
documentando as cedências, em concordância, que podemos fazer a
futuros tratados europeus, ou seja, deve enunciar as regras de
convivência comum internacional, no sentido de garantir-se a
coesão, cooperação e vivência comum dos povos, quando sujeitos a
esforços comuns de união política governativa, sem sacrifício das
autonomias nacionais, nem ablação das suas culturas, nem
submissão a vontades de potências hegemónicas, mas apenas
visando a união de esforços para a grande epopeia humana,
construída para lá do nosso planeta berço.
A produção legislativa pode decorrer das propostas apresentadas
pelos cidadãos, através das associações cívicas suas representantes,
por interposição nos órgãos legislativos. Grande parte dos conflitos
jurídicos gira em torno da redacção e compreensão deficientes das
leis. De todo o modo, para efeitos de aplicação, vale apenas aquilo
que está linguisticamente verdadeiro e expresso nos clausulados dos
diplomas, ainda que em contradição com o espírito formulado nas
disposições iniciais dos diplomas. Daí que o processo legislativo
tenha de ser cauteloso.
Os diplomas legais, para efeito de aprovação, têm de ser
acompanhados da sua redacção e da sua interpretação clara. Esta,
caso haja aprovação do diploma legal, será publicada em edital,
como componente demonstrativa do teor do decreto-lei, de modo a
facilitar-se a unificação das interpretações, em sede dos tribunais ou
por qualquer cidadão alfabetizado. A nota introdutória dos diplomas
legais deve especificar os objectivos do controlo e da regulação
pretendida, bem como as situações que vai regular, além da filosofia
política face aos vícios e erros que se pretendem evitar.
As promulgações dos diplomas legais carecem todos da aprovação
pelo tribunal constitucional, a verificar pela presidência da
República. Caso o diploma esteja ferido de inconstitucionalidade,
por violar pelo menos um artigo da Constituição da república
portuguesa, é informado da falha, cabendo à Presidência da
república devolvê-lo aos órgãos legislativos, para sua correcção.
Caso não seja corrigida a sua inconstitucionalidade, funciona o veto
automático, produzido pela sua devolução e não promulgação,
institucionalmente justificadas.
Assim, condena-se a fúria legislativa e a precipitação dos menos
reflectidos, bem como a pressa das encomendas tendenciosas.

d) DEMOCRACIA INSTITUCIONAL, REPRESENTATIVA E


PARTICIPATIVA:

As instituições devem promover a implementação das decisões,


informadas pela participação democrática de todos, pelo que os seus
dirigentes não são donos delas, mas apenas sujeitos a mandatos de
responsabilidade executiva, para dirigir a vontade colectiva contra
as vontades e pressões particulares anti-sociais, normalmente
feridas de ilicitude e egoísmo. Os cargos não devem conferir
privilégios, mas devem captar as disponibilidades das pessoas mais
capazes, para informarem e coordenarem melhor a aplicação das
decisões.
Defendemos que todas as associações devem ser geridas com a
concordância das suas assembleias, por meio de ratificações das
decisões dos dirigentes, nomeadamente aprovando anualmente os
vencimentos salariais e outras remunerações com o pessoal e cargos
da associação. Cada vez mais, dirigir será usar a melhor
metodologia técnica de aplicação das autorizações dos associados,
sob proposta dos dirigentes. Este modelo de gestão democrática
deve ser aplicado a todas as instituições, sobretudo quando públicas
estatais, a quem compete dar o melhor exemplo.
É neste contexto que os Partidos devem ter a sua justificação moral,
jurídica e constitucional, apostando no amadurecimento das
personalidades dos seus militantes, para que estes possam assegurar
superiormente o desempenho de funções governativas e
parlamentares, de modo a promoverem a autoridade das decisões,
com o reforço das garantias do Bem comum e do que for melhor
para a sociedade, sem prejuízo ilícito ou injusto das partes
relacionadas. A sua acção deve ser sujeita a um sistema de controlo
político e judicial, de modo a garantir uma execução partilhada do
Poder, resultando numa expressão das vontades lícitas, assumidas
legais, dos cidadãos.
O estado da democracia depende do estágio das mentalidades, por
sua vez definidoras da funcionalidade das organizações, pelo que
estas devem orientar-se por uma disponibilização de informação
pública permanente das razões das decisões e pelo respeito dos
seguintes princípios consagrados:
Princípio do Estado de Direito; colocar o Estado ao serviço do Bem
das pessoas e do cumprimento legal dos interesses sociais lícitos,
instituídos na Lei como reforçadores da coesão social e do
relacionamento e resultados justos.
Princípio da livre reunião; incentivar a participação dos cidadãos,
associados nos processos de discussão, produção de opções e
escolhas, segundo a síntese das correntes e contrários.
Princípio do pluralismo; aceitar as diferentes correntes ideológicas,
no sentido da sua análise, validação e consideração para a síntese
das concepções, garantindo-se o esclarecimento mais alargado
possível das várias vertentes das realidades.
Princípio da democracia; garantir o efectivo exercício de partilha de
Poder por todo o povo, com separação nítida dos vários poderes. As
várias instituições devem vigiar-se mutuamente, por mecanismos de
regulação e verificação da expressão clara da Lei, à qual se devem
subordinar todas as decisões produzidas. Por isto, qualquer cidadão
pode contestar as decisões produzidas, baseando-se na
argumentação sobre a interpretação correcta da Lei, nos termos da
sua boa compreensão linguística e correcção da sua expressão
escrita, além dos respeitantes à sua validade constitucional.
Princípio da afirmação civil; estimular a participação das pessoas
em iniciativas sociais e políticas, fora do contexto partidário, com o
objectivo de acrescentar perspectivas de valor à discussão do
Fórum.
Princípio da concertação social; promover a validação das intenções
governativas, no processo de análise e discussão no interior da
sociedade governada, com recurso às metodologias de consulta à
expressão associativa.
Princípio da justiça social; promover a verdadeira solidariedade,
fazendo vencer o que é justo, eliminando a lesão e exclusão de
terceiros, bem como as discriminações de toda a espécie,
nomeadamente as designantes de diferentes categoriais
socioeconómicas e “status”.
Princípio da paz universal; delimitar as causas dos conflitos, por
promoção da licitude e sua afectação à justiça, de modo a garantir o
respeito pelas vontades da dignidade humana e pelos direitos
legítimos de todos, que concorram para a estabilidade social.
Para que estes princípios se cumpram, os cidadãos, as instituições e
o Estado devem actuar no respeito por:
Sufrágio universal e secreto, acessível a todos que têm direitos
sobre o território governado, com o direito e o dever de voto, pois
que a liberdade democrática determina o grande princípio do direito
de opção em todas as determinações políticas, pelo que a abstenção
de voto deve ser transformada no dever de escolher candidatos ou
de recusá-los com o voto branco, conferindo poder de elegibilidade
à sociedade civil não candidata, organizada em associações cívicas
relevantes, de expressão inerente à abrangência territorial do acto
eleitoral, para nomear igualmente os seus representantes aos
diferentes parlamentos, na proporção dos resultados dos votos
brancos.
Distribuição dos lugares parlamentares pela proporcionalidade
representativa de todas as correntes de opinião da sociedade,
constituídas em movimentos cívicos ou partidários, a representar
nos parlamentos, para terminar com os feudos e vícios de Poder.
Assim, com contundência, os resultados eleitorais das legislativas
devem traduzir-se na distribuição de lugares parlamentares pelas
associações cívicas de âmbito nacional, na proporção do conjunto
das actuais abstenções e votos brancos, bem como devem ser
distribuídos pelas associações cívicas de âmbito local, quando se
trate de eleições autárquicas ou regionais. Portanto, e para não
fugirmos à realidade, os percentuais das votações nas forças
partidárias devem ser calculados por comparação com o número de
eleitores inscritos; a percentagem relativa aos votos brancos e às
actuais abstenções deve ser atribuída em número de lugares de
representação parlamentar para as associações cívicas de defesa dos
interesses dos cidadãos, nomeadamente sindicatos, associações
patronais, associações de defesa do consumo, associações de
encarregados de educação, associações de utentes dos serviços
públicos, associações de defesa do ambiente, etc.
Acesso livre e aceitação de propostas às candidaturas a eleições, ou
a nomeações, quer no plano interno das instituições, nomeadamente
partidárias, quer no plano das escolhas governamentais, quer no dos
sufrágios públicos, necessariamente dependentes da apresentação de
manifestos eleitorais próprios, onde indiquem os propósitos e
intenções de governação, a considerar em cada órgão executivo, que
queiram representar. Defendemos, ainda, que a busca incessante dos
melhores méritos pessoais, desapaixonadamente e universalmente
reconhecidos, conduza todas as pessoas interessadas à eleição
directa para titulares de presidência em todos os órgãos ditos de
soberania, de modo a responsabilizarem-se perante o povo eleitor e
a não obedecerem a lógicas de escolha partidária restrita, nem de
afirmação de Poderes autocráticos ou oligárquicos dos
corporativismos.
Assim, o processo de nomeação governamental para os cargos
públicos, de carácter partidário, deve ser complementado pela
ratificação obrigatória nas assembleias parlamentares, por
unanimidade; esta é obtida pelo voto de confiança, por nenhuma
força política conseguir demonstrar impedimento lícito do
candidato, comprovando-se o mérito da escolha e o melhor mérito
individual, de entre todas as pessoas interessadas e auto -propostas.
Para que isto se cumpra, torna-se necessário reorganizar os
parlamentos e as regras eleitorais. As listas para candidatura aos
parlamentos e assembleias devem ser constituídas por pessoas de
diferentes áreas profissionais e geográficas, não podendo repetir-se,
num número de sete efectivos por distrito (de concelhos diferentes),
ou de um efectivo por freguesia no caso das candidaturas
municipais, nomeando-se as pessoas pelo seu melhor mérito de
pensamento político, carácter e defesa das causas públicas. As
candidaturas só serão aceites e efectivas quando acompanhadas
pelos respectivos programas eleitorais, que devem ser publicitados
pela comissão nacional de eleições, nos órgãos de comunicação
social adequados ao nível territorial das eleições, para que os
eleitores possam conhecer atempadamente e julgar melhor as
propostas. Consegue-se assim a afirmação e o entendimento dos
mais capazes.
Regras democráticas em todas as instituições, nomeadamente
partidárias, desportivas, militares ou empresariais, e sua sujeição à
lei geral e ao julgamento em qualquer tribunal cível.
Papel fiscalizador e legislativo dos parlamentos e assembleias,
reforçando os períodos de interrogatório aos órgãos governativos e
de gestão, e adoptando todas as competências já habituais no
parlamento europeu, nomeadamente na aprovação de qualquer
proposta dos governos. Assim, os órgãos governativos
implementarão apenas as decisões que forem aprovadas nos
parlamentos, por maioria qualificada, como forma de evitar os
abusos das maiorias absolutas e garantir a justeza das medidas, a
sua imparcialidade e bom senso. Todas as decisões de gestão
corrente dos órgãos governativos têm de ser comunicadas aos
respectivos parlamentos.
O processo de aprovação parlamentar das leis deve obedecer ao
registo criterioso das votações, onde se expressem as posições de
recusa, negação ou discordância, relativamente aos diplomas em
aprovação, em termos dos argumentos válidos de justiça social,
imparcialidade, liberdade, igualdade de direitos, democracia, ou das
demonstrações da falta de licitude, existência de má – fé ou dolo, ou
tentativa de prejuízo discriminador dos cidadãos! A acta das
votações servirá de apoio ao processo de ratificação presidencial das
leis.
Obrigação de informar os cidadãos das opções do plano governativo
e de gestão das instituições, com a correspondente facilitação do
acesso das representações fiscalizadoras aos órgãos de comunicação
social.
Acesso directo dos cidadãos às comissões parlamentares, no intuito
de apresentar propostas de Lei, formular petições, apresentar
reclamações e suscitar o referendo de questões de importância
capital, tais como a revisão constitucional e alteração dos quadros
legais, reforçando-se o controlo directo pelos cidadãos esclarecidos.
Mais ainda, queremos criar o preceito do envio de petição popular,
para moção de censura ao governo, com efeitos de destituição,
desde que o total das assinaturas recolhidas corresponda a mais de
2/3 dos cidadãos eleitores!
Neste contexto de respeitos, não pretendemos que os Partidos sejam
as únicas associações com capacidade de representação
parlamentar, pelo que estimulamos a auscultação e participação
activa das associações cívicas no processo de discussão dos
projectos – lei, de modo que haja maior celeridade na adopção de
políticas, bem como no seu controlo, que corresponda às ânsias
justas dos cidadãos.
De facto, aceitamos o desafio da nossa melhoria contínua e da
dignificação da actividade política partidária, face à iniciativa cívica
reguladora, para se aumentarem as exigências e qualidade do
desempenho das forças político – partidárias, bem como
promovemos a participação de todos na responsabilidade
governativa.
Como acreditamos que ninguém é dono exclusivo das instituições,
cremos também que ninguém é proprietário da acção política, pelo
que ajudamos a evitar a constituição dos grupos de pressão nas
instâncias, convenientemente restritas de Poder.

e) DEMOCRACIA SOCIAL:

A política tem de estar ao serviço dos cidadãos e da sua dimensão


humana, sensível ao empenho desinteressado e honesto na resolução
dos problemas alheios, mas pedagogicamente motivada para chamar
todos os grupos à participação, interligando todos os elos sociais.
Para tal, temos de objectivar liberdade e igualdade de expressão, de
modo a disponibilizar iguais oportunidades de promoção individual,
proporcionando o direito de cada um a desenvolver as suas
capacidades e motivações, no espírito do melhoramento pessoal e
do contributo social. Apostamos na via da intensificação do
processo de formação contínua da personalidade, para melhorar
competências laborais e formar as bases produtivas para a obtenção
dos rendimentos, em função do esforço empregue ao serviço dos
outros, garantindo-se segurança social e qualidade de vida,
proporcionais à dedicação social meritória de cada um.
Preconizamos a personalização e expressão de todos os indivíduos,
no respeito pela autonomia responsável da vontade de cada um,
atendendo à licitude das escolhas e aos modos de vida,
concretizadores do Bem comum.
Só assim, cada indivíduo será uma peça válida, no reforço dos
grupos em que participa, revigorando toda a sociedade e acelerando
o desenvolvimento civilizacional. Assim, a vivência familiar,
fundada no primeiro grupo social, de acordo com regras
democráticas, deve ser a base de todo o funcionamento social em
liberdade, fraternidade e aceitação igual de responsabilidade para
com o sucesso civilizacional.
A família, enquanto grupo de formação cívica, afectiva e psico-
fisiológica, tem a missão de preparar os indivíduos para a
sensibilidade no relacionamento social, sendo o núcleo essencial
educador para a vida social. Como tal, temos de criar condições que
favoreçam a coesão cultural, biológica e afectiva deste grupo,
capazes de reforçarem a tutória dos descendentes e ascendentes,
favorecendo-se a disponibilidade para a guarda e acompanhamento
familiar permanentes, de modo a estimularmos o bom crescimento
dos jovens e o enraizamento geracional dos idosos, no sentido de
sabermos interessar-nos pelos outros e pelo cuidar dos seus
problemas.
Acreditamos na solidariedade e cooperação inter -geracional, de
modo que os mais jovens se sintam úteis, quer no acolhimento dos
bons ensinamentos tradicionais, quer na sua transformação e
adaptação à vontade colectiva de caminhar para um mundo melhor,
primando-se por reforçar o papel da família no repositório dos
valores e tradições nobres, que reforçam a coesão social e cultural e
afirmam o respeito pelo bom trato, que devemos uns aos outros.
Neste capítulo, ao Estado compete o desenvolvimento de afectos em
relação aos seus cidadãos, para que estes sejam afectuosos uns com
os outros e para que sintam a necessidade de continuar o modelo
social que instituíram, melhorando a própria organização familiar.
A consciência social deve partir exemplarmente do Estado e da
atitude dos seus governantes.
É fundamental que o Estado não interfira no direito privado das
famílias, mas esteja sempre disponível para resolver as necessidades
levantadas livremente pelos problemas conjugais, profissionais,
geracionais, económicos, psico-sociológicos, etc.
Por isto, a família tem um papel activo no sistema educativo das
personalidades, nomeadamente quando objectiva o esforço conjunto
de produção de conhecimento, adestrando o acesso à informação e
ao fundo cultural português, para adquirir recursos e competências
de saber e fazer, que venham a criar condições para o
aperfeiçoamento das atitudes e das regras de convivência culturais,
por meio de uma postura de análise crítica dos valores morais
instituídos.
Assim, dignificamos todos, conferindo importância a todos para
colaborar com as suas genialidades e diferentes capacidades no
aumento produtivo dos feitos nacionais, pela via do reforço da
estima e realização pessoal.

f) DEMOCRACIA ECONÓMICA E PATRIMONIAL:

O crescimento económico não é um fim em si mesmo, pois tem de


estar ajustado ao desenvolvimento sustentado, que é regulado pela
adequação entre necessidades humanas e ambientais e capacidades
de exploração, utilização e regeneração de recursos, no contexto das
potencialidades e funcionamento cósmico, onde nos inserimos,
embora ainda limitados no planeta Terra.
A contabilização da riqueza do território, em recursos, tem de ser
disponibilizada ao serviço da justa redistribuição pelos activos
profissionais, auto-integrados na sociedade humana indígena, de
acordo com o esforço energético do contributo de cada um para o
bem comum social.
Rejeitamos a pirataria do comércio mundial dos distribuidores de
matéria-prima, por desequilibrar o sistema económico, pela via da
exploração do sistema produtivo e do sistema de consumo.
Acolhemos, de bom grado, o espírito filosófico das iniciativas
económico-sociais, vertidas no sistema de micro -crédito, de
comércio justo e da fundação das empresas sociais, baseadas no
desenvolvimento do sistema cooperativo, sem fins lucrativos. No
entanto, não queremos deixar-nos seduzir pelas vontades dos grupos
económicos que, no contexto da globalização, por meio de
estratégias políticas de fusões e constituição de corporações de
cartel para a dominância de mercado, querem introduzir-se nas
parcerias público – privadas, para poderem investir no
desmantelamento dos serviços sociais e desviarem para si as
receitas das colectas, conseguindo assim a posição privilegiada em
mais um mercado de exploração, que deve ser dos melhores e mais
vastos, dado ter sido constituído na obrigação e fidelização de todos
os cidadãos. Explica-se assim a cobiça e o interesse de alguns
políticos, em afirmarem a utilidade da liberalização económica, no
contexto da privatização das actividades sociais do Estado.
Portanto, transferir serviços públicos para prestadores privados é
aplicar a lógica comercial, que resultará em mais “marketing” e
menos qualidade, com elevação especulativa dos preços, no
momento em que o Estado deixar de estar em condições de retomar
essa prestação. A estratégia da contratação dos privados, para
executar serviço público, só serve no curto prazo, enquanto as
instituições estatais não conseguirem ter uma gestão racional,
responsável e eficiente na sua competência.
Aceitamos a liberalização económica, apenas no sentido de conferir
os nossos valores á actividade empresarial, que queremos mais
desburocratizada e mais livre na criatividade, com mecanismos de
regulação partilhados por todos e pela responsabilidade da própria
organização, de modo que as empresas vejam o seu sucesso,
dependente apenas de si mesmas e dos seus tempos de planificação!
A actividade económica das empresas privadas visa o lucro, que
tende a ser sempre maximizado ao nível que o mercado permitir,
que é sempre superior à capacidade de aquisição do cliente, face à
chantagem que se exerce em torno da satisfação das necessidades
básicas e do interesse dos consumidores. A actividade económica
do Estado, subjacente à prestação de um serviço, deve visar apenas
a satisfação das necessidades prementes do cidadão, que custeia
apenas os custos de um serviço público, que queremos cada vez
mais racional, mais eficiente e libertador de verbas para outras
necessidades prioritárias, sempre imprevisíveis, como por exemplo
no domínio da saúde!
Por enquanto, não podemos confundir missões diferentes, na
prestação de serviço aos cidadãos. A missão social fica reservada ao
Estado e a missão comercial fica reservada às empresas privadas,
podendo coexistir no mesmo mercado, dando o direito de livre
opção aos cidadãos, com a condição de não haver recurso à
comparticipação do Estado nos serviços privados, a não ser por
ajuste protocolar do próprio serviço tutelar do Estado, em caso de
urgência das necessidades, como forma de garantir a viabilidade
económica dos organismos estatais e os preços justos!
As dúvidas sobre a vantagem do liberalismo neo – capitalista estão
bem dissipadas nos resultados da liberalização dos preços dos
combustíveis, que conduziram à pirataria económica, em que os
gestores do Estado estão cada vez mais interessados, instigando
para sustentar as cada vez maiores despesas dos cargos políticos e
as do enxame de gabinetes criados, em cada legislatura ou mandato,
como forma de retribuir serviços partidários ou favores pessoais!
Condenamos a sobre -exploração de recursos, bem como a
especulação negocial, redundante na acumulação ilícita em
propriedade privada. Em democracia social, cada um de nós tem
uma missão de serviço aos outros, recebendo a justa remuneração
pelo seu esforço, não podendo apropriar-se dos bens naturais,
pertença de todos, verificada que é a condição de pertencermos
todos igualmente à mesma procedência e ao mesmo destino de
encontro com a matéria universal, que utilizamos e de que somos
feitos. Somos apenas usufrutuários da matéria do planeta, a que
pertencemos intimamente e ciclicamente retornamos. O que
decidimos e fazemos é dar destinos diferentes a nós mesmos e às
nossas produções.
O direito sobre a propriedade e o património refere-se, no primeiro
caso, à aquisição e afectação de bens à pertença exclusiva de uma
entidade como se as características do bem fossem apropriadas pelo
adquirente, e no segundo caso, à afectação da propriedade à
descendência, como se houvesse um bem comum, embora em
sentido familiar ou institucional.
Os cidadãos têm direito à livre e gratuita usufruição do domínio
público, porquanto este pertence a todos, pelo que não faz sentido
cobrar taxas de permanência em zonas, quer sejam de
estacionamento temporário, quer sejam de deslocação em trânsito,
quer sejam de passeio, etc., sob pena de estarmos a discriminar
privilégios agregados ao Poder económico, dado que se autorizam
uns e impedem outros, igualmente co-proprietários, a troco da
afirmação do dinheiro.
Portanto, toda a propriedade é juridicamente passível de ser objecto
de uma partilha comum, o que tende naturalmente para o desígnio
social-democrata; em essência, os cidadãos adquirem o direito
inelutável de usufruição plena e exclusiva dos bens que adquirem.
Por outro lado, consideramos que há bens fruto da transformação
tecnológica, apenas concretizáveis e reais pela acção humana, sobre
os quais incidem maiores direitos de propriedade. Os outros bens
existem naturalmente por si mesmos, e portanto não podem ser
objecto de uma propriedade particular, pelo que fazem parte do
nosso património, universal e verdadeiramente comum. Em
resultado, defendemos o direito de propriedade individual sobre os
bens que o Homem cria, mas não sobre os terrenos, onde se fundam
as habitações e demais edificações.
Os terrenos devem pertencer ao Estado, enquanto entidade colectiva
com direitos sobre o mesmo território comum (objectos naturais
pré-existentes e independentes da criação humana) e os cidadãos,
enquanto entidades privadas com direitos pessoais sobre as suas
produções, apenas compram o direito de usufruição exclusiva do
património comum natural, que cessa com o fim da utilização ou
logo que o usufrutuário deixa de viver, sem deixar descendência, ou
que deixe esta já com direitos de utilização sobre outros terrenos,
para aquela utilização. Com isto, criam-se estratégias que impedem
a especulação e fixam as gerações populacionais e culturas, de
acordo com os princípios social-democratas. Assim, estimula-se a
criação sustentada de riqueza e aumenta-se a produtividade
nacional, por maior libertação de capitais no mercado, não afectados
à especulação sobre terrenos, contra a sonegação de bens comuns,
contra a acumulação e contra o totalitarismo negocial.
A apropriação dos bens não pode resultar da actividade
especuladora, nem de regras artificiais económicas ou salariais,
descontextualizadas da proficiência laboral dos cidadãos. Numa
fase transitória, cabe ao Estado regular os desvios à justiça social,
promovendo a tributação correctiva dos lucros e das mais valias não
re -investidas na produção, com a opção das empresas poderem
devolver os lucros anuais aos seus clientes e a todos os seus
colaboradores.
O direito do consumo tem de ser a regulação da relação do cidadão
com as prestações das instituições. Por conseguinte, o Instituto de
defesa do consumidor deve agilizar a auscultação das queixas e
formalização de processo disciplinar ou de contencioso, para reparar
o prejuízo do consumidor e impedir que a violação continue a ser
praticada pelo funcionário público, ou pela entidade prevaricadora.
Paralelamente, este instituto público deve estar atento às acções
publicitadas e publicitárias, de modo a resolver conflitos ou
desfazer enganos, advertindo o consumidor e protegendo os menos
esclarecidos.
Logo, o nosso papel, enquanto parte integrante do planeta, é
trabalhar para o sucesso comum, produzindo obra útil aos outros e à
viabilidade do universo. Como tal, só é possível na lógica de
produção de Bem, uma vez que o Mal produzido para os outros
afecta -nos também, na sequência cíclica de inter-dependências e
transporte de energia e matéria afectadas.
O papel do Estado é o de corrigir a injustiça, para acautelar os
equilíbrios; a política fiscal é um instrumento transitório de
correcção da injustiça salarial, desde que a redistribuição se faça do
topo para a base dos escalões de rendimento. Qualquer outro
destino, por exemplo na forma de subsídios à actividade empresarial
lucrativa, trata de contrariar a justa redistribuição, uma vez que se
trata de uma efectiva devolução de impostos cobrados às entidades
que ainda visam a acumulação de riqueza. O que importa é a
aplicação de grelhas salariais justas e naturalmente retributivas das
energias despendidas por cada um, bem como a indexação
proporcional dos preços aos custos das empresas, de modo a evitar
o abuso da especulação salarial e comercial. Só assim, a tributação
poderá ser de colecta única, em função do encargo médio “per
capita” que o Estado tem pela disponibilização de serviços
prestados aos cidadãos.
Outro instrumento de regulação da economia é a actividade de
fiscalização, que deve deixar de ser uma tarefa de cobrança de
multas, para passar a ser um serviço de aconselhamento e aviso dos
cidadãos, e nomeadamente das empresas, em incorrecção! A multa
aplica-se apenas ao prevaricador, devidamente informado e avisado
anteriormente, nomeadamente sobre o plano de resolução das suas
dificuldades económicas e técnicas, que impossibilitam a adopção
das recomendações estatais.
Ao promovermos a liberdade de iniciativa, devemos concordar com
a eliminação de monopólios a favor da liberdade do consumo, pelo
que interessa terminar o abuso publicitário e o abuso explorador das
necessidades humanas. Ao promovermos a liberdade de
profissionalização, devemos concordar com a selecção de
capacidades e seu enriquecimento curricular a favor do ensino
técnico -profissionalizante, pelo que interessa desenvolver as
habilidades de cada um. Ao promovermos a liberdade de usufruição
do território, devemos concordar com o direito de usufruição dos
recursos naturais a favor do predomínio do interesse público, pelo
que a propriedade privada dos terrenos só pode pertencer ao Estado,
ou seja constituir um bem comum, sobre o qual as pessoas podem
adquirir direito de usufruição exclusiva, nomeadamente para
implantarem a sua habitação ou outro empreendimento.
Criam-se, assim, as condições para a dignificação da participação de
todos e para a sua igualdade social, terminando as discriminações
artificiais do esclavagismo económico. A economia deve orientar-se
para a participação organizativa no esforço de sobrevivência
comum, recompensando-se o esforço efectivo do contributo social
individual. Urge terminar a ditadura económica, baseada na vontade
egoísta dos que, primitivamente agarrados à competição animal, se
dedicam à sonegação e acumulação de bens, que efectivamente
pertencem a todos e a ninguém. Não reconhecemos à economia o
planeamento ardiloso de extracção e apropriação dos bens comuns,
nem contemplamos a legalização dos ilícitos, nem a sua transmissão
geracional!
Queremos que as empresas cumpram o seu mais nobre papel de
missão social, acabando-se com a pirataria financeira da
especulação e dedicando-nos a satisfazer, com justiça, as
necessidades prementes dos nossos concidadãos!

g) DEMOCRACIA E DIREITO DAS CONVICÇÕES:

Preconizamos a igualdade entre todos, removendo os obstáculos ao


exercício dos direitos de cada um, para que se afirme o respeito por
todas as declarações justas de direitos e pela Constituição
portuguesa, e se garanta a justiça social e a democracia para todos
os indivíduos, cooperantes com a sociedade e de boa consciência
social.
Concebemos o Bem comum como o conjunto das motivações
sociais, que reforçam a coesão entre os indivíduos participantes do
esforço de melhoramento da realidade, sem causarem prejuízo
doloso a ninguém, e que se baseia na afirmação das liberdades, que
não limitem as liberdades alheias e garantam o sucesso
civilizacional.
Defendemos que a concessão de direitos a pessoas e grupos
característicos não resulte em qualquer tipo de discriminação, face à
necessidade de garantir igualdade de oportunidade e acesso e face à
prioridade do desígnio nacional de selecção das pessoas, em função
da sua maior adequação produtiva, mérito e empenho no esforço de
prestação social. Também não defendemos as quotas de
participação ou representação política de classes ou géneros, mas
exigimos ser representados pelos melhores méritos intelectuais,
independentemente das características físicas, ou outras não
determinantes da sua qualidade intelectual.
Em consequência, não defendemos os privilégios baseados em
discriminações etárias, sexuais, profissionais, físicas, ou de classe
económica, pelo que a única distinção possível é a adequação
funcional e a qualidade do contributo de cada um, no gesto altruísta
de benefício social, sendo correspondentemente remunerado pela
proporção do seu esforço e recursos utilizados.
Os direitos assentam nos valores do humanismo, expressos nas
cartas internacionais, constituindo o fundamento para a ordem
jurídica e estipulando um Estado ao serviço das pessoas, desde que
estas manifestem vontade de auto-integração comunitária e queiram
participar na construção do Bem comum. Devemos, pois, para estas
pessoas, garantir o livre acesso às melhores condições de execução
do seu papel comunitário interventivo.
Defendemos o direito à Vida, enquanto necessidade primeira de
sobrevivência condigna dos já existentes, com a correspondente
salvaguarda da integridade e limitação das condições sócio-
económicas de cada pessoa, para poder sustentar-se e à sua
presumível descendência, na missão de perpetuação da Espécie e
desde que se respeite a sua dignidade e privacidade, bem como a
sua opinião e decisão esclarecidas.
Os direitos da cidadania devem ser defendidos pela redução da
burocracia autoritária e combatendo os corporativismos e
totalitarismos instalados, nomeadamente no sector público.
Contraporemos sempre com uma burocracia técnica de
aconselhamento e melhoramento dos projectos e actividades dos
cidadãos.
Para isto, queremos articular as diferentes instituições para a
manutenção do diálogo permanente, numa postura de auxílio
humilde ao cidadão, aperfeiçoando a legislação e simplificando os
processos burocráticos, bem como prevendo na Constituição da
República a submissão da administração estatal aos cidadãos, com
estipulação dos recursos judiciais contra todos os abusos de
autoridade ou exercício doloso de Poder. O parlamento nacional
deve ter um papel mais activo, para além da regulamentação das
leis, controlando a sua aplicação a partir da análise das petições e
queixas dos cidadãos, em sede das comissões específicas e em
assessoria à provedoria de justiça, que deve estar delegada no
Parlamento. Caso haja matéria, devem as comissões encaminhar os
diferendos para o ministério público, ou para o tribunal
constitucional, ou para o tribunal administrativo, consoante as
competências adequadas aos litígios em causa.
Condenamos os arbítrios e chantagens de Poder e reforçamos a
liberdade individual com a segurança de quantos compartilhem o
nosso território, de boa fé, pois defendemos que a necessidade de
cada um não deve diminuir a satisfação das necessidades e
condições de Vida de outros. A acumulação de riqueza é um
comportamento anti-social, porquanto se baseia na extracção de
bens e oportunidades aos outros, quer pela prática do Poder de
vantagens negociais, quer porque os recursos são finitos,
proporcionando ganhos discriminatórios das condições das pessoas,
pois que não estão sempre relacionados com o esforço e custos de
cada um, aplicados no seu trabalho.
O direito das autonomias deve contribuir para o reforço da coesão
social e para a agilidade governativa em territórios fisicamente
separados entre si. Este espírito estende-se ao das autonomias
pessoais dos cidadãos, porquanto se entende como uma forma de
encurtar tempos de resposta, de expressar capacidades e culturas
próprias e de se unir a desígnios comuns de sucesso nacional, por
reforço da união de recursos, cooperante e inter-dependente.
Devemos, portanto, sujeitá-la à aplicação de um plano comum de
desenvolvimento pessoal e modelo social, pelo que será efectiva no
plano executivo, por aplicação das políticas nacionais às justas
reivindicações do associativismo cívico regional e por adequação
das dotações orçamentais às características das potencialidades dos
territórios e às capacidades empreendedoras locais. Esta adequação
compete às entidades gestoras, representantes dessas regiões, que
poderão assim implementar as bases do verdadeiro desenvolvimento
sustentado, assente nas pessoas e na realidade de inserção territorial.
Assim, a autonomia das regiões será uma garantia de unidade
nacional e terá de submeter -se às regras nacionais constitucionais e
jurídicas, que tiverem sido definidas democraticamente. Haverá,
pois, um reforço da partilha de responsabilidades e culturas,
continuamente ajustadas pela participação cívica dos cidadãos,
apostados nos mesmos desígnios.
A regionalização é um passo para a democratização plena da
sociedade, desde que entendida com os pressupostos anteriores e
desde que seja uma forma de melhor regulação das dependências
comuns entre grupos culturais, referidos pela mesma nacionalidade;
não pretendemos que a regionalização seja uma forma de entregar
Poderes a grupos ditatoriais locais e, como tal, defendemos que haja
um amadurecimento cultural do povo, para que tenha capacidade de
intervenção na regulação das políticas e do exercício político, e que
passe a constituir-se um tribunal específico para julgamento dos
actos políticos, analogamente ao actual tribunal de contas.
Para consolidar estes passos de desenvolvimento temos de apostar
firmemente na educação, como via de melhorar a mentalidade dos
indivíduos e o estádio de desenvolvimento social, preparando-os
para a vida activa e para a adopção de uma postura crítica de
avaliação do valor das verdades apreendidas e procura de certezas.
Queremos que a formação educativa prepare para o civismo, para o
trabalho e para a cidadania, apetrechando os educandos de
ferramentas de raciocínio e de competências funcionais, para a
utilização de materiais e utensílios nas várias profissões e na
actividade permanente de pesquisa de informação. A escolaridade
obrigatória deve instruir também no conhecimento da Lei geral e do
direito do consumo, no conhecimento político, no domínio das
expressões e compreensão da língua portuguesa, no aprendizado das
profissões administrativas, oficinais e tecnológicas.
Assim, com cidadãos mais conscientes, podemos implementar um
sistema de regulação da actividade política, assegurando a
verificação das conformidades dos actos político-administrativos,
bem como a correspondente imputação de responsabilidades
políticas aos prevaricadores que defraudem o interesse nacional, ou
que actuem ilicitamente, ou que contrariem os seus programas
eleitorais.

IV- POLÍTICAS SECTORIAIS; LINHAS DE ACÇÃO


MINISTERIAL:

a) JUSTIÇA:

Para nós, é a principal motivação para a vocação do Estado, o qual


deve regular a relação entre todos os cidadãos e destes com o seu
meio ambiente exterior, de modo a evitar-se o prejuízo de terceiros,
durante a acção de cada um de nós; com isto, acolhemos a
necessidade de preservação da integridade social e civilizacional,
por adopção de princípios universais de ética, delimitada por estas
necessidades de consciência altruísta e preocupação de não causar
prejuízo aos outros, mas assumindo a liberdade de sofrer as
consequências restritas do mal, apenas infligido em cada um de nós.
Significa que os outros cidadãos não têm de arcar com a reparação
dos danos que cada um infligiu a si mesmo, por não ter respeitado
as regras conselheiras do Estado, por exemplo no domínio da
prevenção e segurança rodoviária, no domínio da higiene e hábitos
alimentares, ou no domínio dos hábitos de vida e
toxicodependência. Com isto, queremos dizer que não se deve
penalizar quem não respeita regras conselheiras, criadas para
proteger a sua segurança pessoal e regulando actos que não afectem
o ambiente exterior dos indivíduos. De igual modo, devemos
penalizar os que não respeitam regras obrigatórias, criadas para
proteger os cidadãos dos prejuízos causados pelos outros
concidadãos e regulando actos que afectam negativamente o
ambiente exterior dos indivíduos.
Igualmente, a imposição legal não deve contrariar o direito de opção
pelas alternativas lícitas, que se preservam em liberdade. Cada
cidadão deve cumprir aquilo que escolheu e para que é
vocacionado, independentemente das imposições unilaterais do
Estado ou dos indivíduos, sobretudo quando as obrigações legais
implicam prejuízo financeiro imediato. É necessário que cada
imposição legal seja uma condicionante opcional que estabeleça o
benefício para o cidadão, que se perde caso não seja cumprida. Por
exemplo, as pessoas não devem ser obrigadas a pagar impostos; se o
fizerem têm assistência garantida do Estado. Em caso contrário,
terão de pagar por inteiro a assistência que busquem nas instituições
do Estado. Há pessoas que não pretendem os maus serviços do
Estado, ou que não podem pagar os impostos regularmente, porque
também não têm rendimentos regulares, satisfatórios para as suas
necessidades e encargos normais de uma vida organizada.
É aqui que encontramos a convergência da licitude com a
legitimidade e com a legalidade, em liberdade, para a justiça social.
A criminalidade resulta da resolução anti-social dos conflitos, que o
cidadão mantém com os outros, ou consigo mesmo. A maior parte
dos conflitos geram-se em resultado da opressão ditatorial dos
indivíduos e dos grupos de pertença, e que não é tolerada pelos mais
reactivos, altamente críticos da vontade injusta dos oponentes.
Aliás, face ao maior esclarecimento, capacidade de reivindicação e
repúdio, em revolta, das vítimas de injustiças várias, tem-se
solicitado a acção dos tribunais, acima da sua capacidade de
resposta, o que tem saturado serviços e paralisado a justiça,
encontrando nos serviços e agentes do Estado outro elemento de
criação de litígio com os cidadãos, por falta de uma postura
democrática e por causa de um exercício doentio de poderes.
O crime não pode ser arbitrariamente definido segundo as
conveniências dos interesses particulares, ou seja, os governantes
não podem considerar legítimo o que é ilícito, nem ilegítimo o que é
lícito, consoante os seus vícios de opinião, contrária ao ponto de
vista do conceito universal de justiça e da moral, porquanto uma
obrigação pode resultar numa diminuição injustificada da condição
individual e pode traduzir-se numa espoliação forçada dos
indivíduos, o que conduz a um prejuízo, por exemplo por ter sido
praticada contra a vontade lícita do obrigado; incluem-se aqui os
crimes de natureza comportamental e sexual, quando constituindo
desvios à norma natural, lesivos da continuidade da nossa espécie,
ou contra a aceitação consciente das pessoas.
O acto da justiça visa ressarcir os prejuízos causados pelos
cidadãos, uns aos outros. Apenas os atentados à vida humana, ou à
dos outros seres vivos, não têm possibilidade de emenda, sobretudo
quando resulta no caso extremo da morte, em que não há ressarcir
integral possível, pelo menos à luz do actual código e possibilidades
penais. A morte infligida gratuitamente não pode ser indemnizada;
só a prisão perpétua, no sentido de impedir o cometimento de crime
de morte pela mesma pessoa, pode aproximar-se da correcta
reparação dos danos causados.
Para todas as situações definidas universalmente como crime, por
resultarem em prejuízo efectivo absoluto de terceiros individuais ou
colectivos, devem aplicar-se as disposições preventivas de controlo
e repressão justificada, desencadeadas pela acção policial, de
investigação criminal, de julgamento e condenação. As disposições
penais devem contemplar o objectivo fundamental da reparação dos
danos causados à vítima, segundo o princípio da indemnização
material, executado em pagamento pecuniário, ou em género, ou em
trabalho social, revertendo as remunerações para o pagamento das
indemnizações. Este trabalho deve ser prestado preferencialmente
nos estabelecimentos prisionais (mantém-se também o actual e
único fim da existência de prisões, pela via do isolamento dos
indivíduos pressupostamente perigosos para a sociedade),
reconvertendo-se estes em centros de trabalho produtivo.
A reclusão deve ser entendida, cada vez mais, como uma forma de
vigiar o cumprimento do trabalho que o recluso tem de prestar, para
indemnizar a vítima e pagar a sua estadia, além das custas do
processo judicial, pelo que a duração das penas terá de cingir-se ao
tempo necessário para realizar o montante contabilizado em causa.
Funciona aqui o elemento fortemente dissuasor, mas também o de
justiça social, dado que não é justo, por não ser lícito, que os
cidadãos tenham de suportar encargos sobre aqueles que têm
comportamentos lesivos dos outros, e portanto atentam contra a
sociedade humana e contra o seu ambiente externo!
Na sequência de que a pena deve corresponder ao pagamento total
dos danos infligidos aos concidadãos, não deve existir indulto
presidencial, nem perdão da pena, a não ser por razões
humanitárias, sob proposta do tribunal, em que os reclusos vejam
diminuída grave e irreversivelmente progressiva a sua condição
física. O bom comportamento é a obrigação de todos quantos
prezem a vida e respeitem os outros, respondendo ao bom trato.
A própria acção política, baseada em modelos arcaicos romanos e
medievais, de dominação social feudal autoritária, é um factor
determinante de geração de criminalidade, uma vez que obriga os
mais intervenientes a desobedecerem às leis injustas, portanto não
lícitas, ou seja que contrariam o bom senso, a razoabilidade e os
princípios universais de justiça social.
A sociedade governada alimenta constantemente a ideia de que a
sociedade governadora exerce o Poder do mando discricionário e
favorecedor das minorias privilegiadas, conferindo aos resistentes
desfavorecidos o Poder de agir contrariamente, no seio de
sociedades secretas, de cunho mafioso, acarretando enormes
problemas à eficácia da Justiça e colocando em risco o Estado de
Direito.
Portanto, como forma de travar a diversidade da criminalidade,
importa alterar a atitude da governação, tornando-a realmente
democrática e ao serviço de uma sociedade mais justa, orientada
para o bem comum civilizacional da humanidade, tal como
defendido pela social-democracia.
Urge terminar com as leis abusivas, protectoras de interesses
restritos egoístas, bem como com as que protegem o interesse do
privilégio do funcionalismo público, onde se inclui o dos
governantes e magistrados. Nomeadamente, a lei das indemnizações
atribuídas pelo Estado, nas situações e casos de falha e dolo humano
dos serviços públicos, que resultaram em prejuízo para o cidadão
servido, deve obrigar os servidores responsáveis, implicados nos
erros, a ressarcir totalmente os montantes que os cidadãos, no seu
conjunto, tiveram de adiantar às vítimas reclamantes. Também os
prejuízos causados aos cidadãos, decorrentes dos erros de
concepção política das normas, devem ser ressarcidos pelos
representantes governamentais responsáveis pela adopção das
políticas e aprovação/ promulgação das Leis, que tenham resultado
danosas. Com isto, submetemos todos à acção da Justiça, colocando
todas as pessoas no cumprimento da Lei justa.
Todos os agentes políticos ou judiciais, que revelem o exercício
ditatorial de vontades privadas, dolo, má-fé, incumprimento,
negligência, parcialidade e abuso de Poder, faltando aos
compromissos programáticos e funcionais, assumidos com a
incumbência dos cargos aceites, devem ser penalizados
exemplarmente com a cessação de funções e perda de todas as
regalias sociais e contratuais celebradas com o Estado português.
Prefigura-se aqui o crime de traição ao povo português,
nomeadamente nas situações provadas de faltarem ao prometido nos
programas eleitorais, de terem lesado o património estatal, de terem
realizado gestão e produzido decisões danosas, ou de terem
contraído novos encargos com celebração de contratos de assessoria
ou aquisição de bens de equipamento ou representação, não
justificados como decisivos para a prossecução das suas actividades.
Propomos, com isto, que o crime de traição seja mais entendido
como uma deslealdade para com os compromissos assumidos junto
do povo português, nomeadamente por faltarem à verdade, por não
cumprirem com os programas sufragados, por não utilizarem as
melhores práticas de gestão e por denunciarem o seu mau carácter e
dolo na acção, tal como é hoje ainda entendido de desobediência à
vontade política dos governos ou de qualquer pessoa investida da
autoridade, exercida da pior maneira e contrária ao espírito da Lei e
do bom senso.
Numa época em que as formas de crime aumentam e se
intensificam, é necessário que o Estado disponibilize todos os seus
recursos, agilizando-os para colaborar com o sistema judicial,
criminal e penal, de modo que as forças militares e fiscais também
possam actuar nos processos de investigação e busca contra todos
quantos desrespeitem a integridade e vontade lícita das pessoas, por
reduzi-las a qualquer forma de escravatura.
A justiça deve ser aberta a todos os cidadãos e deve estar preparada
para a regulação isenta do procedimento político. Por outro lado,
não pode obedecer à lógica comercial e das influências, pelo que
tem de ser totalmente gratuita para os inocentes e permanecer
totalmente estatal, de modo que acabe o tráfico de influências e o
processo de entravamento, colocado pela advocacia, que mais não é
do que o expediente de defesa do cidadão, face à acusação do
tribunal, nos casos em que os indivíduos réus não saibam defender-
se por si mesmos, tendo que recorrer a um profissional conhecedor
das leis.
Para isto, o ónus da prova da culpa tem de passar para as entidades
públicas, que se especializarão em litigantes, quer como tribunais de
acusação, quer como ministério público de defesa de cada arguido.
As polícias de investigação criminal devem trabalhar na
dependência das instalações dos tribunais, ao abrigo das
necessidades formuladas pelos juízes de instrução criminal, de
forma a ocorrer maior celeridade e objectividade na recolha e
validação de informações dos conflitos, mesmo em sede de
julgamento.
A advocacia deve ser incluída no magistério judicial e no magistério
público, especializando-se em processos de defesa ou de acusação.
Assim, deixa de haver participação económica no interesse dos
litigantes. De todo o modo, para que o cidadão possa aconselhar-se,
de uma forma independente do sistema judicial, cria-se a figura do
solicitador judicial, formado no Direito e especializado em leis, um
pouco à semelhança dos actuais solicitadores, embora melhor
formados para desempenhar assessoria legal privada, como os
actuais advogados privados. Assim, efectiva-se a melhor adequação
também ao “processo de Bolonha”.
Os tribunais ficam independentes das pressões e aberturas dos
oficiais ao exterior, com aumento do poder disciplinador sobre os
processos. Além de poder integrar os tribunais numa ordem de
jurisdição, permite a sua especialização, consoante os grupos
temáticos funcionais das causas.
As condições de privilégio dos arguidos deixam de ter relevo em
tribunal, por se excluir o factor remuneratório privado das acções.
No entanto, a assumpção da condição de inocência dos arguidos é o
ponto de partida de todos os processos de crime e judiciais, cabendo
ao tribunal reunir as provas indesmentíveis da culpa indiciada e
provável. É preferível deixar escapar alguns criminosos do que
condenar um inocente, que não consiga desmentir uma acusação da
sua condição circunstancial de aparente culpado.
Ainda, defendemos que o regulamento das prescrições judiciais seja
alterado; numa primeira fase, os prazos devem ser contados
excluindo-se os tempos de investigação, processo e julgamento,
para se terminar com o interesse das influências junto dos tribunais.
Progressivamente, deixará de haver prescrição judicial do processo
de investigação de crime, nas situações de morte ou prejuízo grave
da pessoa, permitindo que a vítima ou seus representantes, ou a
equipa de investigação, ou a sua defesa, apresentem sempre dados
novos, relevantes e comprovados, à análise do tribunal de recurso.
As instâncias superiores da magistratura passam a controlar
disciplinarmente a eficácia dos tribunais e dos processos, estando
em interligação com as acções de recurso dos cidadãos que se
sintam prejudicados pela justiça; os pedidos e processos de recurso
serão totalmente pagos, nos casos em que o requerente não vir
fundamentadas ou consideradas lícitas as suas alegações, como
forma de evitar o recurso sistemático processual.
Entretanto, os tribunais de recurso, apelativos e do supremo
pronunciar-se-ão apenas sobre o rigor de execução das decisões
técnico -judiciais, face ao expresso nos códigos e regulamentos
legais. As convicções pessoais ficam apenas documentadas em
registo público para o legislador, para que este possa analisar as
indicações críticas dos funcionários judiciais, a partir das
conclusões anuais, havidas em sede do órgão colegial dos juízes, de
forma a estabelecer-se o mecanismo de regulação crítica do papel
das instituições. Os casos de desvio, na objectividade dos
julgamentos, serão motivo de procedimento disciplinar sobre os
intervenientes judiciais responsáveis.
Tendencialmente, devem manter-se apenas as leis que regulam os
actos individuais e colectivos, absolutamente lesivos dos outros, ou
da continuidade íntegra da nossa espécie e do mundo. A Lei deve
regular apenas as atitudes prejudiciais para com o ambiente exterior
dos indivíduos, não se intrometendo na privacidade das pessoas e
dando espaço para a afirmação responsável da liberdade individual,
que não resulte em dano criminoso.
Interessa também preencher as lacunas, em que as leis são omissas,
de forma a garantir a protecção do bem-estar das pessoas, por
exemplo, impedindo os crimes perpetrados por pessoas que se
dedicam às artes antigas de bruxaria, e que se dedicam a intentar
contra o bem-estar das pessoas, quer seja ou não consumado pela
interacção de substâncias ou energias, postas em contacto com as
vítimas alvo.
Por outro lado, a Lei não pode ser factor determinante de castração
das respostas de enfrentar os opressores. Quem age criminosamente,
nomeadamente subjugando e chantageando os mais humildes e mais
receosos do poder legal, não pode refugiar-se numa pressuposta
protecção que a Lei lhe dá, quando esta impede e penaliza o direito
de resposta e defesa pessoal das vítimas. Não podemos penalizar
quem se defende dos criminosos por justa causa; em última análise,
a incumbência de julgamento ao Estado pode ser delegada a quem
provar que agiu apenas para defesa pessoal, face a uma agressão e
desrespeito continuados. Assim, em vez de serem apenas as vítimas
a temerem a Lei, passarão a ser também os criminosos, que contarão
com a resposta mais segura daquelas, em cada momento de intenção
de delito.
A finalizar, para evitarmos a aplicação de Leis injustas ou o
exercício de ditaduras, defendemos o princípio da auto-exclusão das
Leis, em que os cidadãos não se obrigam aos cumprimentos legais,
quando as leis forem consideradas comprovadamente injustas, anti-
constitucionais, tendenciosamente favorecedoras e discriminatórias,
ou contra a imparcialidade e sentido de Bem comum e justiça
social, de modo a introduzirmos maior equilíbrio nas relações
sociais; assim, limita-se a atribuição de privilégios e diminui-se a
autoridade repressiva. Cria-se a assumpção da justa desobediência à
Lei e introduz-se a correcta regulação da democraticidade da
justiça; o legislador terá de ser mais justo, mais desinteressado do
aproveitamento de poderes e mais disciplinado, controlando-se
melhor e correctamente o exercício dos tribunais.
As leis impostas, necessariamente com a anuência da sociedade
civil, devem ser objecto permanente de crítica, baseada nos
resultados da sua aplicação, amplamente efectuada pela sociedade
participativa. Sobretudo, deve instituir-se outro princípio ao nível
do código penal, que determine a rápida substituição de
penalizações ineficazes, considerado que for o esgotamento do
tempo de surtir de efeitos visíveis, nomeadamente quando a
penalização resulta em cobrança pecuniária para o Estado. Assim,
terminam-se as assumpções de que as penalizações têm o mero
objectivo de cobrança adicional de impostos, em resultado do
legislador ter encontrado novas oportunidades de cobrança fiscal,
baseadas em autuações sobre comportamentos que o cidadão não
consegue corrigir, devido a causas não controláveis apenas pelos
próprios. Mais ainda, as instituições Estatais não podem penalizar o
cidadão por comportamentos e resultados julgados danosos, sempre
que aquelas tiverem co-participação culposa no desencadear dos
actos prevaricadores, por ineficiência, omissão, negligência, erro ou
irresponsabilidade dos organismos públicos. Não queremos
penalizações pecuniárias que sirvam apenas os interesses de
desperdício, financiamento e sumptuosidade das instituições
estatais, resultando na extorsão pura dos contribuintes.
b) SAÚDE:

A política de saúde deve orientar-se pela aplicação e


desenvolvimento dos programas de prevenção de doença e
manutenção da saúde global dos cidadãos e do ambiente, onde se
inserem; temos de apostar em unidades de consulta rotineira
obrigatória nas freguesias, para melhorar a segurança e higiene
corporal e alimentar, promover a higiene e segurança ambiental,
intensificar e acompanhar a prática desportiva e efectuar o rastreio
de doenças, estando mais próximo dos utentes e portanto com maior
capacidade de influência na mudança de hábitos.
A saúde é um factor de promoção da produtividade humana,
baseado no estímulo do bem-estar global, por meio da adopção de
um sistema de gestão social mais humano e natural, no contexto das
medidas de protecção ambiental e de segurança e higiene, em que as
medidas governativas não sejam a causa dos problemas,
nomeadamente psico-sociais dos cidadãos, mas antes procurem
resolver solidariamente os seus justos anseios.
Os actos médicos tendem a aproximar os desequilíbrios da norma
natural, precisando agir sobre a mente, sobre o corpo e sobre o
ambiente. Quando falham, os actos comportamentais bizarros
aumentam, com reflexos negativos sobre a coesão social;
nomeadamente, a afirmação das impossibilidades naturais origina
novas ditaduras dos grupos que querem afirmar-se como normais,
embora desequilibrados pelas novas tendências comportamentais
doentias!
As condições sociais de relacionamento entre os indivíduos podem
ser também factor de atrito emocional, baseado na incompreensão
das diferenças psicológicas e culturais naturais.
Os erros da decisão política diminuem a condição psicológica,
social e física dos cidadãos, por afectarem todas as variantes do seu
quotidiano; é aqui que reside o intervencionismo exagerado do
Estado, coarctante e opressor da liberdade das pessoas. Do mesmo
modo, as condições habitacionais, alimentares, ambientais e de
saúde, criadas pelo pendor das decisões políticas, explicam o
continuar da diminuição da vitalidade dos cidadãos e, por
conseguinte, da sua diminuição produtiva.
Portanto, a política de saúde tem de estar integrada com as políticas
ambientais e com a filosofia da acção política dirigente. Deve focar-
se na prevenção contra os efeitos da morbilidade e da transmissão
de doenças, implementando o rastreio e isolamento de focos de
infecção, sobretudo em produtos importados e nas populações
migrantes, bem como deve promover a saúde pública, operando
sobre os diagnósticos da qualidade ambiental, para acautelar os
impactos negativos dos acontecimentos naturais, na saúde das
populações.
Sob estas considerações, torna-se imprescindível criar um programa
nacional de equilíbrio pessoal, procurando combater os distúrbios
comportamentais, nomeadamente sexuais, que tantos problemas têm
causado, por implicar isolamento de sexos, escravatura sexual,
abuso de crianças e confusão moral, atentatórios da vontade natural
individual, que objectivam o declínio da eficiência reprodutora e a
desagregação familiar. Não podemos enquadrar a afirmação das
patologias comportamentais como forma de Poder social, mas antes
queremos vê-las reveladas como motivo de partida para a sua cura,
actuando nas causas fisio - psicológicas e sociais. O doente não
pode ter vergonha da sua doença, nem pode afirmá-la como um
estado natural, capaz de constituir Poder de controlo da sociedade.
Contamos com o avanço da ciência médica, para de forma
despretensiosa, descomprometida e descomplexada, ajudar as
pessoas a relacionarem-se correctamente com o sexo oposto, por ser
a função de preservação da continuidade do nosso código genético e
da sobrevivência da nossa espécie no Universo. Os outros animais
não têm actividade sexual com indivíduos do mesmo sexo, mas
praticam o acto com indivíduos do mesmo sexo, antes de
conseguirem fazê-lo eficientemente com o sexo oposto, até porque a
diferenciação aparente morfológica entre sexos não é sempre tão
evidente como na nossa espécie. O sexo permite a obtenção de
prazer e a procriação; no primeiro caso como ímpeto egoísta de
diminuição do stress emocional, provocado por aumentos
hormonais para a libido ou por agressões causadoras de sofrimento.
Mas a afectividade é independente do sexo, embora se
complementem terapeuticamente.
Igualmente, queremos resolver o problema da toxicodependência,
que radica fundamentalmente na dependência de substâncias, para
suportar os efeitos psicológicos do clima de opressão social e dos
ritmos anti-biológicos da sociedade tecnológica. Dar mais espaço
aos indivíduos, para optarem pelo tipo de Vida ajustado ao seu
perfil e deixando fazer opções independentes do factor das escolhas
económicas, contribuímos para a realização plena dos indivíduos.
Uma sociedade mais feliz, isenta de injustiças sócio-económicas é
uma sociedade livre de drogas. Uma sociedade ocupada com
actividades motivadoras, em todos os níveis etários, é uma
sociedade produtiva, no contexto da renaturalização dos espaços
urbanos. Uma política que vise a cada vez maior independência das
pessoas, desde logo das restrições económicas, produzirá indivíduos
mais seguros, confiantes no sistema e mais autónomos. O
descrédito, a desconfiança e falta de esperança minam a
possibilidade de erradicar o consumo persistente de drogas. A falta
de controlo do estado de vigília das pessoas, subjacente à
toxicodependência, nomeadamente nos espaços públicos laborais ou
de circulação, é cada vez mais responsável pelas ineficiências,
loucuras e acidentes.
Por questões de justiça social, a acção dos agentes de saúde não
pode ser realizada ao abrigo de estatutos de privilégio, nem da
lógica comercial, pelo que estes profissionais, em quem os cidadãos
investem fortemente, no plano das suas formações e das suas
remunerações, devem optar cada vez mais pela dedicação exclusiva
a uma unidade de saúde, seja privada ou não, de modo a fazerem
escola.
Mais uma vez, os nossos princípios, negando a actual lógica
comercial de acumulação de riqueza, não são compatíveis com a
elevada remuneração auferida pelo pessoal médico, comparada com
as possibilidades económicas da maioria dos seus doentes e
concidadãos.
O serviço nacional de saúde, depurado das desigualdades,
incongruências e contradições actuais, nomeadamente ao nível do
balanço entre disponibilidade financeira dos contribuintes e
consumo de recursos, nomeadamente remuneratórios, pelas
unidades hospitalares, pode assegurar totalmente a assistência aos
cidadãos, no interior das instituições estatais. De todo o modo, para
os doentes, contribuintes do Estado, que queiram assistência nas
unidades privadas, não deve o estado convencionar serviços
privados que sejam remunerados acima dos custos no serviço
nacional de saúde. Inclui-se aqui o factor correctivo concorrencial,
de modo a proteger o direito do consumo.
Os cuidados de saúde devem dividir-se por especializados
continuados nos hospitais centrais concelhios (altas demografias) ou
distritais (baixas demografias) únicos, por urgências nos centros de
saúde concelhios e por preventivos nas sedes de juntas de freguesia,
com extinção das extensões de saúde. Os cuidados continuados
destinam-se a situações de internamento, enquanto que os cuidados
preventivos destinam-se a situações de consulta de rotina e
receituário, planeamento de higiene, segurança e medicina escolar
ou do trabalho, planeamento familiar e aconselhamento de clínica
geral e psicológica. No âmbito da medicina preventiva, devem ser
constituídos observatórios municipais de saúde pública,
vocacionados para o rastreio de doenças e dos parâmetros de
qualidade ambientais, indicadores de intoxicação terrestre, aquática
e atmosférica, potencialmente perigosa para o desenvolvimento e
propagação de doenças. Por razões logísticas, as unidades
prestadoras devem situar-se em pontos centrais, equidistantes das
fronteiras de cada território considerado, de modo a garantir-se
cobertura uniforme do território, promover a desconcentração
urbana, descongestionar os serviços e praticar uma medicina de
proximidade. As unidades hospitalares militares devem ser
integradas no sistema nacional de saúde, com afectação à medicina
desportiva e à fisioterapia, reforçando a capacidade da rede de
assistência e a observação do princípio da igualdade, com o
consequente acabar de privilégios.
O financiamento, proveniente do orçamento geral de Estado, não
deve ser complementado pela aplicação de taxas ditas moderadoras,
porquanto as necessidades geradas pela assistência na saúde, além
do previsto, devem ser satisfeitas com o sacrifício de outros
projectos menos importantes para o ano orçamental em curso. Uma
sociedade doente não pode ser naturalmente tão produtiva, nem
pode compactuar com o aumento das dificuldades financeiras dos
que já têm a infelicidade da doença.
Temos, sim, de desenvolver políticas globais preventivas e
geradoras de melhor estado de saúde pública, para que não
tenhamos que sacrificar os nossos projectos de investimento, face
ao desvio de recursos para o sistema de saúde. Mais ainda, temos de
racionalizar custos e controlar a gestão das unidades hospitalares,
pela via da participação das associações de utentes nos órgãos de
direcção, os quais não podem ser constituídos por pessoas ligadas às
profissões de saúde, nem podem ser familiares do pessoal
hospitalar; em cada unidade, deve ser constituído o conselho
médico de apoio informativo à gestão.
As políticas do medicamento devem promover a criação de
indústrias nacionais produtoras de genéricos, bem como prever
sempre a substituição de marcas receitadas, a pedido do doente,
quer ao médico, quer ao técnico responsável farmacêutico.
Defendemos a libertação dos profissionais para a sua total
dedicação à especificidade da sua formação, pelo que a acção de
campanha publicitária das indústrias não pode invadir os espaços de
serviço ao utente. Esse esforço comercial deve ser canalizado para
os sítios Internet e para os órgãos representativos do pessoal
médico, além do Instituto do medicamento, a quem cabe a
responsabilidade de controlo da qualidade dos produtos e sua
publicitação no sítio Internet. Promove-se, assim, a transmissão de
informação fiável e isenta e a poupança de recursos, essenciais às
indústrias, para poderem baixar os preços dos medicamentos e
servirem, com isto, melhor os seus clientes, base e razão primeira da
sua subsistência.

c) ORDENAMENTO HABITACIONAL, OBRAS E


QUALIDADE AMBIENTAL:

Desenvolvimento não é crescimento económico, mas sim satisfação


correcta e sustentada das nossas necessidades de conforto e
qualidade de vida, na perspectiva do melhoramento da qualidade
ambiental global e no respeito pelas quantidades de recursos
essenciais, disponíveis para todos os utilizadores.
A política ambiental deve ser a mestra directriz para todos os
aproveitamentos económicos do nosso território, privilegiando a
construção de ambientes locais e microclimas, capazes de atraírem
o uso turístico e de potenciarem a gestão e o aproveitamento dos
recursos reutilizáveis. Deve ainda subordinar-se ao correcto
entendimento das teorias conservacionistas e de preservação
ambiental dinâmicas. Não podemos esquecer que a Natureza evolui,
e nós com ela, sujeitos às influências positivas e negativas dos
elementos naturais, que vão concretizando novos equilíbrios e novas
realidades, no âmbito dos ciclos cósmicos e planetários, sobre os
quais ainda não exercemos influência apreciável (salvo os efeitos da
tecnologia nuclear explosiva e do tráfego aéreo intenso), apesar das
preocupações dos cientistas de que dispomos. Apenas o complexo
de superioridade do Homem o habilita a explicar todas as alterações
universais pela prática civilizacional humana. Portanto, resta-nos
compatibilizar as nossas actividades com as necessidades
ambientais, aprendendo a regular equilíbrios ou deslocando-os
tenuemente e favoravelmente para o clímax dos sistemas, onde
estivermos inseridos, apostando no desenvolvimento de tecnologias
limpas e de melhoramento habitacional e ambiental. Devemos
apreender as melhores condutas de integração no mundo natural,
dado que lhe pertencemos, e nunca devemos excluir-nos da correcta
e total usufruição da Natureza.
Queremos cuidar dos nossos recursos, adoptando medidas de
preservação dinâmica ambiental, conscientes de que a realidade
natural está sempre em mudança e sujeita aos ciclos cósmicos,
favoráveis ou adversos à Vida. Importa adequarmos as condições
presentes de cada local às condições de impacto das actividades que
lá quisermos instalar, bem como importa planear o desenvolvimento
dos projectos, adequando-os à evolução previsível desses
ambientes, de modo a acautelarmos os investimentos que satisfaçam
melhor as nossas necessidades de progresso efectivo.
Consideramos o Ambiente como o nosso espaço habitacional, em
comunhão com as necessidades planetárias dos seres vivos, para
manter a qualidade dos factores necessários ao equilíbrio cósmico,
pelo que os estudos de impacto ambiental não devem constituir um
instrumento de aprovação ou reprovação, mas antes devem
melhorar todos os projectos submetidos a licenciamento, do ponto
de vista ambiental global. Apostamos, aqui, no factor criatividade
nacional.
As políticas ambientais, nomeadamente de redução de gastos,
reutilização e reciclagem de resíduos, devem ser incluídas no
urbanismo e ordenamento territorial, direccionando regras para a
utilização do meio, a aplicar em todas as actividades económicas,
visando-se efeitos positivos nos índices de saúde pública. Os seus
fundamentos devem ser matéria curricular nas escolas e nos
processos de formação profissional de activos, bem como nos temas
a incluir nos órgãos de comunicação social, ao abrigo da sua missão
de serviço público.
Urge a aplicação e o desenvolvimento de um programa coerente,
não dogmático, mas esclarecido, que vise a correcta integração das
nossas actividades e das nossas necessidades de usufruição da
Natureza, com a necessidade de manter ou melhorar os equilíbrios
naturais, mas garantindo também o direito de usufruição das outras
espécies vivas, pelo que temos de empreender planos de
melhoramento ambiental e de recuperação do clímax ecológico, por
tratamento bio -edáfico das áreas desérticas ou degradadas, de modo
a melhorarmos as condições climáticas globais.
Para tal, devemos monitorizar constantemente o estado do
Ambiente, de modo a neutralizar os efeitos das agressões, e a
preparar-nos para os desafios colocados pelas alterações climáticas
globais, pelo que devemos estimular o empreendimento no campo
das biotecnologias, no campo do eco -paisagismo engenhoso de
reconstrução e manutenção ambiental e no campo do eco -turismo.
A este propósito, referimos que os serviços públicos devem dar
conhecimento das auditorias e dos testes de controlo de qualidade
global, afixando os resultados nos locais de consumo, por edital
municipal (caso das análises à água, ar, etc.) ou nas repartições
públicas. As empresas devem também fazê-lo, por afixação nos seus
pontos de atendimento comercial.
Igualmente, deve prestar-se atenção redobrada às actividades
laboratoriais e de criação/ desenvolvimento de produtos, começando
por maior rigor de concepção das instalações e dos processos,
nomeadamente de descontaminação e eliminação, de modo a
garantir maior estanquicidade e isolamento das salas de reacção e
armazenagem de reagentes e produtos, para evitar a fuga de
contaminantes biológicos, químicos e físicos. Também importa que
antes da comercialização todos os produtos sejam analisados pelo
instituto da qualidade, para pesquisa de tóxicos, de modo a proteger
os consumidores, para o que terão ou não o rótulo de certificação e
autorização de comercialização.
Precisamos inventariar e quantificar os nossos recursos naturais,
para avaliar novas selecções de fontes materiais e energéticas, de
modo a potenciarmos o desenvolvimento sustentado do País,
assente na eco - eficiência energética e racionalização de usos. Não
somos apologistas do uso de recursos perigosos, dificilmente
declináveis ou que sejam radioactivos, incompatíveis com os
predicados e exigências da vida terrestre; o desespero da obtenção
de energia não pode conduzir-nos ao uso de agentes concentrados,
permanentemente activos e destruidores do principal legado da
Vida, na forma do material genético, por estarem fora do controlo
humano. Depois de activado, o combustível nuclear não pode ser
desligado, continuando a libertar radiação para o meio ambiente e
levando-o a ultrapassar o limiar aceitável de radiação letal. Não
podemos esquecer a quantidade de explosivo nuclear já detonado
em todo o mundo, que tanta mortandade está a provocar
continuamente, pela via do incremento dos fenómenos
cancerígenos, decorrentes da ingestão de águas e substâncias
contaminadas, ou de inalação de ar contaminado. Não precisamos
de incrementar mais ainda esta realidade, que os loucos mais
gananciosos ainda escondem!
Devemos proteger os habitat’s por melhoria das condições edafo -
climáticas, para que as espécies vivas potenciem o seu crescimento
demográfico, ao mesmo tempo que resulta a protecção indirecta das
espécies vivas selvagens. Concorrencialmente, devemos limitar as
agressões humanas lesivas do equilíbrio ecológico, promovendo o
incentivo à renovação tecnológica das empresas poluidoras, por
meio do lançamento de programas de investimento à reconversão
para a qualidade ambiental. Investir na valorização do que temos,
implica maior dinamização da procura do nosso país, ao
melhorarmos a nossa imagem de marca nacional.
Devemos, desde já, preparar e iniciar a protecção do nosso ambiente
costeiro, reconvertendo actividades, deslocando populações e
contendo os efeitos da transgressão oceânica, por meio da
construção de recifes artificiais, atrás da linha da baixa-mar, e de
barreiras de dique na linha de preia-mar. A nossa plataforma
oceânica deve ser revitalizada, para fomentar o crescimento
demográfico dos nossos recursos marítimos, recorrendo-se a
programas de deposição de inertes e formação de cavidades nos
leitos, para potenciar bancos de recife de profundidade, acolhedores
da procriação de pescado em zonas de contenção das correntes frias.
Toda a faixa de praia necessita de uma plataforma elevada de
ancoragem rochosa, que favoreça a reconstrução dunar primária
elevada, de modo a compensar a futura subida do nível das águas
oceânicas.
Por outro lado, a fisiografia vegetal terrestre e as condições edáficas
necessitam ser revitalizadas, por processos de diversificação da
flora, diminuição das densidades arbóreas de cultivo e/ ou
isolamento de talhões florestais de monoculturas, em unidades de
combustão limitada, como forma de proteger a vida autóctone e
lançar as bases correctas do verdadeiro economicismo das políticas
ecológicas preventivas, nomeadamente contra os incêndios. Não é
pelo investimento em meios de combate contra incêndios que se
resolve o problema, pois que pelo contrário constitui antes uma
política de fomento do problema.
Temos de investir nas alternativas aos aterros sanitários e temos,
desde já, de pensar em programas de descontaminação destas áreas,
que originam intoxicação química e biológica dos solos, subsolos,
ar e aquíferos. Os melhores sistemas são os que promovem a rápida
decomposição dos resíduos e originam rápida remineralização,
recirculação de materiais e possibilidade de aproveitamento de
energias alternativas. Devemos optar sempre pelo mal menor, mas
no sentido de tratarmos cada vez maiores quantidades de
desperdícios, pelo que a reutilização, a reciclagem e a redução de
consumos de certos materiais problemáticos, ou a substituição por
outros materiais, deve estar sempre a complementar as opções
industriais.
Em última análise, as deposições de resíduos devem ser deslocadas,
com incremento de benefícios edafo –bio -climáticos, para as zonas
desérticas, sem estruturação vegetal nem influência de aquíferos, de
preferência em cotas baixas, no final das escorrências e dos fluxos
dos aquíferos subterrâneos. Assim, preservamos as captações de
água mais a montante, próximas às infiltrações mais puras das
montanhas. A este propósito, descortinamos a possibilidade de
protocolos de cooperação entre os países, de modo a recuperarem-se
as áreas desérticas, por transferência de massa de desperdícios
urbanos.
Devemos apostar no tratamento e reutilização dos efluentes,
separando-os em industriais (recepção nas ETAR, decantação e
recolha para reciclagem), urbanos (recolha pluvial das ruas e
condução para as zonas florestais e tanques abertos de rega e
prevenção contra incêndios) e domésticos (recepção nas ETAR,
depuração biológica e lançamento nas zonas agro-florestais). Assim,
evitamos o lançamento ancestral dos efluentes no meio aquático,
que derivou de uma mentalidade ignorante primitiva, sujeita aos
condicionalismos da fixação junto aos melhores locais de formação
de Vida e alimentação, com estruturação fraca dos povoamentos e
das construções. Com isto, promovemos a despoluição séria dos rios
e dos deltas fluvial -oceânicos.
Dado que a poluição resulta do excesso de concentração de
partículas nos compartimentos naturais de degradação, o próprio
excesso de concentração populacional e das fontes de poluição
constituem um dos principais factores actuais da poluição originada
nas actividades humanas, pelo que podemos considerar-nos, além
de uma praga, também um poluente.
Portanto, propomos que se crie o princípio da desconcentração das
actividades poluentes e tanto quanto possível se promova a redução
das densidades populacionais humanas nos territórios, planeando
cidades com edificação baixa e inseridas numa matriz natural
paisagística contínua. Consegue-se o equilíbrio psico –fisiológico
das populações residentes e o incremento da sua produtividade.
Assim, o número dos licenciamentos de construção e fixação de
actividades deverão ser efectuados até um limite por unidade de
superfície, em função do julgado admissível, relativamente ao tipo
de ecossistemas ocupados e ao tipo de actividade poluente, inerente
a cada construção. Quanto mais limpas as actividades instaladas,
mais unidades poderão ser licenciadas, até ao limite de capacidade
de aceitação do meio.
O critério é o do desenvolvimento sustentado, em obediência à
preservação dos recursos e à promoção da adequação das suas
utilizações, em articulação com as melhores políticas do Conselho
europeu, o que implica, no nosso caso, a desconcentração
populacional da costa marítima, a fixação das populações
continentais interiores e a definição de uma rede nacional de
serviços públicos, homogeneamente distribuída pelos pólos
concelhios. A colonização deve retirar-se da orla costeira e das
zonas ribeirinhas, que tão elevados prejuízos transfere para a
sociedade não residente, aquando das cheias, das transgressões
oceânicas, e de outros custos associados ao tratamento das
sintomatologias patológicas, desenvolvidas em meios húmidos, etc.
De tudo isto resultará uma melhor usufruição dos espaços livres
abertos, pela via da prática desportiva e do recreio lúdico, em
contacto com a Natureza, que queremos mais revitalizada e
usufruída, no contexto da criação de continua verdes naturais para o
interior urbano, desembocando em jardins e parques urbanos, em
contacto com as zonas florestais, envolventes das povoações.
A forma jurídica de ocupação do solo, o qual deve ser propriedade
do Estado, ou seja de todos, deve transformar o direito de
propriedade em direito de usufruição exclusiva dos terrenos,
eventualmente transmissível aos descendentes, se o desejarem, uma
vez que o direito de propriedade sobre os imóveis aí implantados
deve ser automaticamente deles. Cada proprietário pode ceder estes
direitos, em qualquer momento, a terceiros, vendendo a propriedade
sobre a habitação e transferindo o direito de usufruição do terreno.
Enquanto mantiver a propriedade do imóvel não pode ceder o
direito de usufruição do terreno, continuando a ser encargo seu, na
forma do pagamento do aluguer municipal. Não podemos esquecer
que actualmente os municípios cobram o IMI, que se traduz no
pagamento de aluguer pelo próprio proprietário; é mais fácil admitir
que ninguém é proprietário de nada, dado que tem de pagar renda
por aquilo que pressupostamente é seu! O que construímos é obra
nossa, com os materiais de todos; temos algum direito de
propriedade sobre as habitações e demais realizações humanas, mas
não temos naturalmente os mesmos direitos sobre os solos e locais
de implantação.
Em essência, a nossa espécie tem o direito natural de utilizar o
planeta e cedê-lo às gerações vindouras, em perfeito estado de
utilização, sem poder apropriar-se de algo que pertence a todos os
seres vivos, por todos pertencerem intimamente aos materiais
planetários e estarem ligados à sua génese e destino último.
O fomento do direito habitacional exige sobretudo o controlo dos
preços do mercado imobiliário, mas também deve controlar a
qualidade e garantia de habitabilidade; a lei do arrendamento deve
orientar-se para o controlo do rendimento disponibilizado pela
receita líquida dos preços das rendas, que os proprietários queiram
praticar. Transitoriamente, aqueles que não podem suportar os
custos da compra ou do arrendamento de habitação, devem poder
aceder a programas de auto-construção, em terrenos cedidos pelas
autarquias, o que ajudará a regular os preços de mercado, com
intervenção estatal mínima e participação motivadora máxima dos
cidadãos mais carentes, que se sentirão mais úteis a si mesmos e aos
outros.
No plano da execução de obra pública, o Estado só deve ocupar-se
da realização de infra-estruturas, decorrentes da aplicação de planos
de desenvolvimento regional e nacional, que assegurem a captação
de investimento privado, mas que tracem também o modelo
geométrico de urbanização e a localização espacial dos diferentes
parques de utilização (misto habitacional, comercial e lazer diurno,
misto empresarial industrial e lazer nocturno, misto natural e
desportivo, serviços estatais).
Cada parque de serviços estatais, deve integrar todas as instituições
públicas ministeriais e autárquicas num único edifício, projectado
por módulos para todas as valências, sendo um grande centro de
serviços, analogamente aos grandes centros comerciais; a
construção será faseada, por transferência dos serviços para
módulos, à medida que forem alienados e vendidos os imóveis
dispersos, actualmente existentes. Como medida de recurso, os
actuais edifícios camarários poderão alojar certos serviços, como
por exemplo os de carácter cooperativo.
Em complemento, e no respeito pelo direito dos cidadãos auto-
incluídos à habitação condigna, inalienável do dever de o Estado
disponibilizar os terrenos públicos a preços justos de utilização,
para combater a especulação imobiliária, a qual mais não é do que
uma estratégia de acumulação de riqueza, contrária aos nossos
ideais, devemos criar o conceito de parque habitacional, instalado
segundo princípios de ordenamento, que forcem a adequação desta
utilização às necessárias condições do meio, que melhor verificam
as nossas necessidades corporais e a necessidade de preservação dos
solos e da biodiversidade; fundamentalmente, há que instituir o
conceito de arquitectura biológica, que estipula a escolha dos locais
de implantação e dos materiais de construção, bem como a
concepção do espaço habitacional, de modo a promover-se a saúde
dos seus ocupantes.
Também, no sentido de reforçar a qualidade ambiental das zonas
residenciais, propomos que os horários de diversão nocturna,
enquanto os locais de funcionamento estiverem em meio
habitacional, não ultrapassem as zero horas durante os dias úteis.
Esta limitação deve ser extensível a todas estas diversões, nos dias
de semana, fora dos períodos de férias escolares. Interessa preservar
o sossego das pessoas, a produtividade dos cidadãos activos, bem
como a integridade física e mental dos utilizadores e vizinhos, com
claro benefício para a redução dos custos do serviço nacional de
saúde, suportados por todos os contribuintes, especialmente os mais
conscienciosos dos bons hábitos de Vida.
Propomos ainda que as actividades potencialmente lesivas da
segurança dos meios residenciais, por armazenarem ou usarem
grandes quantidades de substâncias tóxicas voláteis, explosivas ou
inflamáveis, sejam arredadas para locais isolados e limitadas por um
perímetro de segurança cercado, até ao limite dos efeitos de
qualquer detonação ou descarga. Progressivamente, e
nomeadamente as estações abastecedoras de combustíveis, devem
ser deslocadas para áreas de perímetro protegido, fora do contacto
próximo com prédios habitacionais ou de permanência de pessoas.
É importante que a urbanização seja feita segundo planos directores
municipais que projectem o futuro da ocupação do território,
segundo normas ecológicas de adequação de utilizações às
características ambientais dos locais. Os planos não podem ser
apenas a representação da realidade actual das ocupações dos
espaços disponíveis, mas sim devem definir o futuro modelar das
povoações, implicando mesmo as necessárias correcções, se
necessário, com deslocação gradual e geracional das malhas
urbanas, por eliminação, em final de vida, de imóveis erradamente
implantados.
Não deve constituir-se o Estado como mais uma entidade de
investimentos para rentabilização de objectos de exploração
comercial, pelo que a actual prática de grandes construções
rodoviárias, mega – acessos e grandes empreendimentos têm apenas
servido à cobrança adicional de impostos, bem como para a
constituição de objectos de exploração comercial dos cidadãos.
Tem-se praticado o absurdo de desviar dinheiro da colecta de
impostos aos cidadãos, aplicado nas grandes construções, para que
aqueles passem a pagar pela sua utilização; em tese, é o mesmo que
pagarmos algo que é nosso, mas que só podemos utilizar se
pagarmos! Surpreendente esta mentalidade e as decisões produzidas
pela fraca cabeça dos nossos mais atrasados governantes,
condicionados a um verdadeiro autismo tecnocrático!
Para que o investimento do Estado não constitua uma oportunidade
especulativa dos particulares, torna-se necessário que a lei das
expropriações seja o último recurso para os projectos que não
possam desenvolver-se apenas nos terrenos públicos estatais. As
novas regras da expropriação devem obrigar à constituição de
assembleia de proprietários privados, para decidir em plenário das
propostas de indemnização apresentadas pelo Estado; garante-se
democraticidade no processo e gera-se diálogo, que pode obrigar os
próprios gestores do Estado a repensarem traçados, por deverem
estar obrigados a preços máximos de indemnização, iguais aos
mínimos valores de avaliação para os terrenos da área em causa.
Por outro lado, devemos garantir que o património imobiliário do
Estado não seja alienado, sob qualquer pretexto, para o que é
necessária a aprovação dos cidadãos (espírito da lei do condomínio
aplicável ao maior condomínio português, que é Portugal). Portanto,
o imediato possível para o gestor do Estado passa a ser apenas a
cedência do direito de usufruição exclusiva de terrenos ou edifícios,
para a implantação dos projectos privados. Não podemos descurar o
efeito pernicioso da globalização dos mercados, tendente à espiral
de lucro, chave para a política de fusões empresariais,
concessionária do controlo de preços e aceleradora da acumulação
de riqueza, com aumento do Poder de controlo sócio -político dos
territórios nacionais.

d) FAMÍLIA, SEGURANÇA E SOLIDARIEDADE SOCIAIS:

Esta política deverá percorrer um processo transitório de correcção


das desigualdades sociais e das injustiças, praticadas pela
exploração comercial e pelas formas de segregação de classes,
defendida pela monopolização de interesses e privilégios das castas
familiares aristocratas. Tendencialmente, objectivar-se-á uma
funcionalidade de apoio e garante da subsistência, para formação de
um rendimento mínimo familiar “per capita”, promovendo-se a
igualdade de condições de acesso à justa retribuição do trabalho e à
auto-integração na sociedade produtiva portuguesa. Garantir-se-ão
condições mínimas de dignidade na adversidade, apoiando na
maternidade, na doença e invalidez, no desemprego, no isolamento
e desabrigo forçados, na discriminação negativa e marginalização
forçada, na vitimação dolosa por terceiros incertos ou pelo próprio
Estado, quando a culpa não puder ser imputada aos agentes
públicos, mas apenas aos condicionalismos de aplicação das Leis.
No caso em que a culpa for assacada aos agentes do Estado, serão
reclamadas indemnizações, também por exemplo aos agentes
políticos que produziram Leis, despachos ou ordens de serviço
dolosos.
Para fortalecer a coesão social é preciso proporcionar às mães a
opção economicamente viável de cuidar da família, que se traduzirá
na atribuição de subsídio doméstico, com a correspondente
libertação de empregos para pais de família desempregados. Trata-
se de uma medida para o pleno emprego e para a preservação dos
valores familiares afectivos, que poderá reduzir o encargo com as
prestações sociais de desemprego, além de se afectar parte do
subsídio de desemprego às mães que queiram optar por cuidar das
responsabilidades do lar, com total disponibilidade e
responsabilidade.
Adicionalmente, o Estado só deve exigir descontos para a mútua do
sistema de segurança social, às pessoas activas que aufiram
rendimentos familiares líquidos (descontando do total auferido ou
facturado as despesas em impostos e as efectuadas para formar o
rendimento - aquisição de viaturas e instalações, aquisição de
materiais e ferramentas, despesas de transporte e instalações,
despesas de economato e comunicações e despesas com
colaboradores, assessores e formação), “per capita”, superiores a
dez salários mensais mínimos nacionais (catorze salários mensais
mínimos nacionais para solteiros), entendendo-se este salário como
o mínimo necessário para custear as despesas básicas individuais de
Vida com a habitação, alimentação, vestuário, transporte, higiene,
participação de inclusão social (acesso às tecnologias de informação
e ao lazer terapêutico) e formação. Promove-se, assim, a justiça
social, a constituição e sustentação da família, para que as crianças
não sejam obrigadas a trabalhar e possam apenas fazê-lo voluntária,
justa e agradavelmente para a sua formação.
A família fica assim mais protegida, pelas políticas de apoio à
melhor unidade de inserção dos jovens, e até dos mais idosos,
conquanto se estimule a dedicação dos casais ao acompanhamento
de casa. Esta unidade funcional da sociedade será mais reforçada
com a cultura da solidariedade entre membros do casal, igualmente
coadjuvada pelo papel inter-ministerial de apoio à realização do
indivíduo, por descompressão dos factores que diminuem as pessoas
e originam a instabilidade afectiva e psicológica! Portanto,
advogamos famílias sãs, naturalmente constituídas como exemplos
da convivência sadia entre os sexos, formadora correcta dos nossos
jovens, com identificação clara dos comportamentos humanos e dos
géneros naturais da nossa espécie; não é produtiva a adopção de
crianças em ambientes relacionais atípicos, por resultar em confusão
psico-fisiológica, perturbadora do principal desígnio das espécies
biológicas e da identificação de tipos equilibrados de
comportamento.
A este propósito e face às inúmeras disfunções relacionais,
derivadas de comportamentos aberrantes e causadas por doenças
psíquicas e fisiológicas, muitas vezes produzidas pelo crescente
“stress” social e pelos resultados do uso de substâncias variadas
(hormonas, drogas, aditivos alimentares, etc.), torna-se necessário
interligar estas políticas com as ambientais, de saúde e educação.
Para tanto, devemos elaborar o manual da família, a usar no sistema
educativo, mas de distribuição às famílias, versando sobre educação
de crianças, sobre relação conjugal, sobre serviços estatais de apoio
ao cidadão, na resolução de problemas tipo sobre direito laboral,
sobre direito de consumo, sobre direito constitucional, sobre
deveres de cidadania e responsabilidade civil, etc., de modo a
termos uma sociedade civil mais realizada, mais esclarecida, mais
actuante e mais responsável, logo mentalmente mais evoluída e
mais próxima da felicidade.
Igualmente, para compensação entre direitos e deveres, nas
situações de recebimento das prestações de desemprego, ou
especialmente nas situações relativas à atribuição do rendimento
social mínimo garantido, devem os beneficiários prestar serviço
público, sendo recrutados para as instituições do Estado, onde sejam
necessários, ou para serviços temporários de obra pública de
construção ou manutenção do património. Assim, todos justificarão
o apoio económico dos cidadãos, prestando-lhes serviços, além de
se realizarem profissionalmente e terem acesso ao exercício laboral
digno e formador, com realização de mais justiça social.
Por outro lado, todos os cidadãos que quiserem participar da mútua
estatal, descontarão sempre por um escalão único, e terão acesso às
mesmas condições de assistência. Existirá sempre a opção de
obterem maiores benefícios e comparticipações, por descontos
mensais adicionais, quer para a mútua estatal, quer para mútuas
privadas.
Todas as demais situações de risco, que o Estado não assegura ao
abrigo da mútua pública, gerida pelo Instituto da segurança social,
podem ser seguradas individualmente, ou em grupo, pelos
interessados. Neste caso, o agente intermediário para estes contratos
colectivos será o Instituto da segurança social, a quem compete
garantir, em melhor posição negocial, as melhores condições
privadas, para segurar um grupo social ou profissional,
nomeadamente grupos sociais ou profissionais de risco, ou
vitimados, ou diminuídos. A gestão dos contratos e dos activos
financeiros deve fazer-se publicamente, tutelada pelo Banco de
Portugal e vigiada pelo Tribunal de Contas.
Nesta actual fase de evolução social, se necessário, a receita obtida
pelos descontos para a mútua de segurança social será
complementada pela transferência parcelar do tributo sobre os
rendimentos elevados. Progressivamente, à medida que a injustiça
salarial diminuir, passar-se-á para um sistema fiscal de tributação
em escalão único, enquanto que o Instituto da segurança social
trabalhe para diversificar as aplicações financeiras e conseguir
maior rentabilidade sobre os capitais entregues pelos cidadãos.
A assistência social tem de ser vocacionada para o conceito de
gabinete geral de aconselhamento às famílias, ajudando-as a serem
ágeis na resolução dos seus problemas, nomeadamente pela
solicitação adequada de ajudas estatais, que aumentem o
desempenho e sucesso do grupo social, enquanto unidade funcional
básica e determinante para a evolução do País. A segurança social
deve ser fundamentalmente orientada para a promoção da segurança
e resolução assistida da autonomia individual, para emancipar
correctamente as diferenças e os papéis distintos de cada um na
integridade nacional.
Admitindo aqui o papel de reinserção das instituições de
solidariedade social, não defendemos a criação de Centros de
depósito de pessoas, sendo salutar que se apliquem terapias activas
ocupacionais, mesmo oficinais, no caso especial dos idosos. Sempre
que os utentes não sejam idosos, e estejam em idade laboral, devem
participar da administração e gestão das tarefas dos Centros,
libertando estes para maior investimento na prestação do serviço
oferecido. Não aceitamos que os Centros sejam locais para jovens
em situação de reformados. Assim sendo, as próprias instituições,
com valências sociais, terão voluntários para assegurar inúmeras
tarefas de serviço aos cidadãos que os subsidiam. A utilidade mede-
se pela correspondência entre o que se dá e o que agrada receber.
Pugnamos por metodologias activas de integração laboral das
pessoas diminuídas nalguma característica, valorizando o
aproveitamento do melhor que há em cada um de nós. Defendemos
a promoção da adequação das características de cada um ao
mercado de trabalho e às funções laborais, sempre segundo o plano
da melhor produtividade individual. O trabalho pode ser
desenvolvido também em instituições de acolhimento, dedicadas a
criar rotinas de trabalho, artesanal ou outro, facilmente
comercializados e que possam viabilizar as próprias instituições,
tornando os utentes autónomos e concretizadores da sua
subsistência.
Igualmente, nos planos de realojamento de comunidades
desfavorecidas ou marginalizadas, não defendemos a constituição
de acantonamentos étnicos, que só isolam as culturas e as mantêm
no autismo da sua agressividade, baseada na revolta do sentimento
de inferioridade e diferença social. Há que promover a dispersão e
máxima diluição das etnias pelos conjuntos habitacionais, de modo
a integrá-las na nossa cultura, por adaptação progressiva à pressão
comunitária envolvente e aos modos de vida usuais universalistas,
para que ponham em causa a necessidade do seu modelo tribal.

e) FORMAÇÃO CIENTÍFICA, EDUCAÇÃO E


PATRIMÓNIO CULTURAL:

É a base do progresso civilizacional, necessária à uniformização de


condutas e ao cumprimento de regras essenciais ao entendimento
social, que permitam compreender as evoluções e transmitir o
pensamento para acções tecnológicas mais adequadas, por partilha
de um fundo cognitivo, próprio de cada cultura, produzido pelas
capacidades racionais de cada povo. Apostamos essencialmente na
revolução cultural necessária, de modo a compatibilizar o sistema
sócio-económico com as motivações naturais e com a realidade das
relações instituídas.
Não há progresso efectivo se o progresso tecnológico não for
acompanhado do progresso das mentalidades, quer na forma como
estas concebem a acção, quer na forma como apreendem as
vontades directrizes, ou quer na forma como reagem aos
entendimentos instituídos sobre a realidade. Quando a vida cultural
tem a predominância tecnológica, sobressai uma degradação e um
progressivo autismo, por incompreensão da formação dos
conhecimentos, do seu valor e da sua utilidade social; a dimensão
humana esvai-se e com ela a possibilidade de alterarmos as
mentalidades relacionais e de compreensão da Vida, diminuindo-se
independências, autonomias e concomitantemente a inteligência.
De facto, o Ensino português limita-se a realizar a instrução técnica
e a certificar a capacidade de memorização dos conteúdos e
fórmulas instituídas, não preparando os cidadãos para o
desempenho das criatividades, nem para o exercício de correcção
continuada das produções individuais e muito menos para a
formação de juízos de valor sobre os conhecimentos. Por isto, o
fundamento e génese da sociedade cognitiva e do Estado, no plano
da colaboração entre os indivíduos, está desestruturado entre nós;
temos de basear a complementaridade dos talentos individuais, no
sentido de resolver as necessidades de cada um e os problemas da
sociedade. Este é o verdadeiro motor de progresso e transformação
social, na esfera dos indivíduos, cabendo à organização estatal o
estímulo e libertação da criatividade e iniciativa individuais,
vertidas para a resolução permanente dos desafios civilizacionais.
Portanto, a missão principal do ensino oficial obrigatório deve ser o
desenvolvimento de uma mentalidade democrática e observadora da
justiça social, esclarecendo sobre as motivações dos actores do
sistema social e sobre os desempenhos egoístas, ditatoriais e
autoritários que impõem o actual sistema social, profundamente
injusto, para além dos propósitos da instrução sobre o
funcionamento das instituições e sobre os recursos técnico -
culturais do desempenho laboral, que cada um deve ter, como
adulto activo! Isto é o postulado principal da política de verdadeira
inclusão social, sem lugar para hierarquias de privilégio, nem para
diferenciação de estatutos artificiais, que não seja apenas o
reconhecimento do trabalho de cada um para a coesão social,
avaliado pela quantidade do esforço dispendido, pela qualidade do
desempenho e resultados sociais.
Queremos que os cidadãos entendam correctamente as realidades,
pelo desenvolvimento da sua capacidade de crítica e pelo
adestramento da inteligência, tal como queremos desenvolver
autonomias nas competências de informação e pesquisa, para
conferir maior maturidade intelectual e maior capacidade de
intervenção esclarecida, de modo a regularem, com segurança, o
exercício dos outros. A este propósito, compete ao Estado certificar
a qualidade da informação, por exemplo disponível na “Internet”,
para que os cidadãos utilizadores possam guiar-se melhor na crítica
ao apreenderem conhecimentos. Certificar conteúdos não significa
banir, mas sim aconselhar os utilizadores sobre a validade
institucional do conhecimento.
Por isto, é necessário que o sistema educativo, a par da transmissão
do saber técnico, perspective nos jovens como esse conhecimento
foi intelectualmente produzido e em que contexto de necessidades.
Deve existir a componente formativa das personalidades, em termos
dos valores filosóficos, políticos, sociais, psicológicos e históricos,
que oriente para uma moral cívica ética; paralelamente, deve existir
uma instrução sobre a lei geral que rege os cidadãos, sobre o
funcionamento dos serviços do Estado, bem como sobre a
organização dos serviços empresariais. Fundamental é que este
arcaboiço teórico seja complementado pelas competências de
trabalho, nomeadamente de destreza manual e de operação das
ferramentas de trabalho, presentes nos vários serviços.
O ensino deve ser, de facto, um investimento prioritário na aposta
essencial para o futuro do País, que são as pessoas e que queremos
melhor preparadas para a vida activa e para a cidadania cívica
esclarecida, de modo que possam retribuir o nosso investimento
com melhor serviço aos concidadãos, com melhor conduta social e
maior respeito por todos quantos pagaram as suas formações.
Preparar os jovens para a Vida activa não é omitir componentes
sobre o desempenho das nossas vidas privadas; nomeadamente, é
abordar assuntos da motivação animal, como a actividade
reprodutora, de modo a entenderem-se as causas do desvio da
norma, no âmbito da curiosidade humana, do exercício da
ignorância, da pressão social e da insatisfação emocional, geradores
dos desequilíbrios comportamentais. É preciso que os nossos jovens
aprendam a interpretar as emoções, compreendendo as suas causas e
encaminhando as respostas de resolução dos seus problemas mais
íntimos. Por isto, as disciplinas de sociologia e psicologia devem ser
transversais e verticais nos planos curriculares do ensino
obrigatório, englobando a problemática da educação sexual.
A educação sexual de jovens não deve ser a transmissão dos
comportamentos obsessivos dos adultos, mas antes deve ser a
preparação dos jovens para evitar os comportamentos desviantes e
as suas consequências negativas para o equilíbrio psíquico, físico e
social humanos. Sobretudo, deve abordar o desenvolvimento da
maturidade integrada do indivíduo, para que este possa continuar a
missão genética do desenvolvimento do universo, respeitando os
outros e anulando o seu egoísmo de satisfação dos prazeres
próprios, à custa do uso insensível de terceiros. Em si, a função
sexual é uma estratégia natural de continuidade da espécie que, no
plano evolutivo humano, se alia ao desenvolvimento de afectos
entre sexos e ao entendimento de duas diferentes abordagens do
sentimento universal de amor e carinho.
Portanto, a educação sexual deve fazer-se no âmbito da disciplina
de formação cívica, instruída por filósofos e psicólogos, preparando
os jovens para serem bons pais e educadores. Esta formação cívica
deve substituir a actual disciplina de Educação moral religiosa,
passando esta a ser apenas um dos temas abordados na formação,
enquanto explicativa da motivação humana para a dimensão
religiosa, como forma de explicação e conforto, face ao
desconhecido. A formação religiosa dos credos compete às
diferentes instituições religiosas, consoante as opções dos cidadãos.
Ao Estado compete sobretudo proporcionar boa formação pessoal
para a padronização da execução técnico -profissional dos cidadãos
e para o maior estado de maturidade, que prepare para a vida activa
social democrática e livremente responsável, contribuindo
decisivamente para que se produzam melhores adultos, capazes de
melhorarem progressivamente a vida familiar, apostando-se nos
mais novos e na injecção permanente de inovação criativa.
Por outro lado, educamos melhor os jovens com os actos e vivência
do quotidiano, que eles vão reproduzindo à sua maneira,
influenciados pelas modas. Nomeadamente, a moda das praxes
académicas reproduz nada mais que as piores relações sociais,
pautadas pelo exercício das vontades ditatoriais das elites
hierarquizadas, habituadas a escravizar as classes julgadas
inferiores, adoptando posturas de humilhação dos mais baixos
estatutos instituídos. Também reproduz os comportamentos
viciosos, em resultado da necessidade de aliviar as tensões
psicológicas dolorosas. Ainda, representam a agressividade natural
em processos de competição animal intra -específica, que também
estão presentes nos processos de violência escolar, quer dirigida
para colegas estudantes, ou para os outros actores das instituições
escolares. Quando as injustiças sociais se agravam e a revolta
informada cresce, face aos estereótipos representados nos grupos de
convívio e nas classes sociais, presentes por exemplo nas escolas, e
face à crítica insuportável que se faça por cada um, surgem os
momentos de violência de condenação, que independentemente de
qualquer panaceia de resolução disciplinar ou judicial, só
terminarão quando tivermos uma sociedade mais justa e de
verdadeira inclusão de todos em diálogo, em que cada um seja mais
responsável e correcto para com os outros, desenvolvendo o
sentimento afectivo humanista!
O sistema de formação profissional e de reciclagem cognitiva de
adultos deve fazer o esforço continuado de aperfeiçoamento técnico
e das mentalidades, de modo que as pessoas não sejam entraves ao
desenvolvimento e sejam motores do aperfeiçoamento, valorizando-
se e transformando as suas fraquezas em forças de acção. Que a
certificação das suas competências profissionais e de Vida seja o
reconhecimento dos percursos cognitivos de cada um, em que se
aliou a curiosidade e capacidade inatas à aquisição de novas
técnicas e ideias, que resultaram na valorização progressiva das
pessoas e produziram melhores méritos e melhores obras, cada vez
mais úteis aos outros. Assim, acabamos por certificar a valia de
cada um e a importância das suas realizações de trabalho e
participação social.
Propomos, pois, um ensino preparatório à vida escolar, baseado no
exercício de destrezas manuais e artísticas, conciliadas com o
exercício da expressão corporal.
Defendemos um ensino escolar básico obrigatório e, como tal,
gratuito até ao 9º ano, que prepare os jovens para uma cidadania
activa, isto é, que os habilite a compreender o funcionamento das
instituições, que transfira o nosso fundo cultural histórico, que
confira competências de cálculo, de escrita e de compreensão
linguística, aplicadas às técnicas e métodos do desempenho das
profissões e que elucidem sobre as regras ambientais e legais,
reguladoras do quotidiano social. Sobretudo, o estudo da nossa
Língua deve ser aliado aos relatos das memórias culturais do nosso
passado, documentadas nas perspectivas proféticas do nosso futuro
e contidas nas ânsias dos autores herméticos nacionais, altamente
estimuladores da curiosidade adolescente. Além disto, deve haver
uma carga de disciplinas científicas opcionais, que cada aluno
escolhe, no sentido de preparar-se para uma especialização
científica, apreendendo os conceitos básicos e correntes ideológicas
de cada ciência. Do 9º ano até ao 12º ano devem todos ter um
ensino obrigatório de carácter tecnológico profissionalizante, tendo
os estudantes que comparticipar a aquisição de ferramentas
individuais de trabalho manual.
Todo o ensino oficial obrigatório deve incluir uma área desportiva e
artística, em todos os anos, facultada pela escola nas disciplinas que
forem determinadas pelos concelhos municipais, de acordo com as
possibilidades, tradição e recursos. Paralelamente, deve ter uma área
linguística, em que o estudo da nossa língua deve incluir a
etimologia e a onomástica, dado que a compreensão dos símbolos e
das suas origens facilitam a compreensão e apreensão da base de
qualquer estudo. Até ao 9º ano os alunos devem conhecer a
gramática. Daí em diante, devem verificar a correcção da expressão
escrita pelo estudo dos autores, onde terão oportunidade de
desenvolver a sua inteligência emocional. Nos cursos universitários
devem preparar os alunos para dominar a manipulação dos textos
técnicos, incidindo nos exercícios de interpretação e redacção
profissionais.
Assim, deixaremos de ter pessoas, até de níveis académicos
superiores, a perguntarem o significado dos textos, tendo à sua
frente as indicações escritas bem expressas. Começa já a ser
sintomático não se entender o que está correctamente escrito.
No sentido de eliminar a especulação das editoras e adoptando-se
também aqui a regulação estatal da política de preços, todos os
docentes deverão elaborar uma sebenta das matérias leccionadas por
disciplina, obrigatoriamente ao dispor dos alunos. Os manuais
escolares editoriais passam a constituir leitura didáctica
complementar, para os alunos que queiram aprofundar
conhecimentos e munir-se dos meios gráficos de melhor
compreensão, uma vez que as editoras têm-se especializado cada
vez mais em produzir enciclopédias escolares de mais que um
volume, que as crianças têm de carregar diariamente. Organiza-se
assim também o trabalho dos docentes e respectivo registo público
para a sua avaliação.
Sobretudo nestes níveis de ensino, e no sentido de integrar
aprendizagens práticas, no contexto do mundo natural, os estudantes
devem ter a oportunidade de desenvolver actividades de férias em
grupo, criando-se campos de férias municipais, em zonas
protegidas, em cooperação com as actividades do corpo nacional de
escutismo, embora isentas do feudo religioso a que ainda estão
votadas, segundo a planificação das estruturas educativas
municipais e em articulação com o IPJuventude. Os trabalhos
devem envolver as actuais actividades dos corpos de escutas,
complementadas por realização de projectos científicos, que
respondam aos problemas sentidos pela sociedade e por actividades
inseridas nos actuais OTL de jovens.
É preciso e urgente destacar a genialidade dos indivíduos,
acabando-se com a cultura escolástica da transmissão de saberes
instituídos, de forma a terminarmos a formação de autismos
individuais e a tradição do uso de mais um instrumento de Poder,
em que se tornou a educação académica, que pouco trouxe de bom à
resolução dos problemas que nos afectam e que se arrastam
convenientemente irresolúveis de há séculos.
Os alunos que continuam estudos científicos acabam, assim, por ter
um reforço nas competências do saber fazer e nas áreas em que
pretendam licenciar-se, deixando de ser os actuais autistas,
coleccionadores de conhecimento, que as nossas universidades
produzem, uma vez que o ensino continua ainda a ser uma
transmissão de conhecimentos institucionais restritos e incidente
sobre o exercício exclusivo das capacidades de memorização. Em
conjunto com a sua melhor formação cívica básica, produzir-se-ão
licenciados mais úteis às empresas e ao País, logo mais adequados
às reais necessidades dos seus concidadãos, enquanto mais despidos
do orgulho estatutário e das vaidades académicas ocas.
A este nível, defendemos a criação de licenciaturas de gestão
política, ministradas num instituto de estudos políticos, vocacionado
também para efectuar formação política de todos os cidadãos que
queiram ser candidatos a eleitos políticos. Estes estudos devem
objectivar o conhecimento, em cada disciplina, das validades
sociais, das consequências e impactos das decisões adoptadas e dos
sistemas técnicos de resolução aplicados. Devem ter uma
componente geral complementada com componentes específicas
das pastas ministeriais ou dos níveis de gestão pública (nacional,
regional ou autárquica). A formação política deve basear-se na
visão da história das civilizações, para que os erros do passado
longínquo não se repitam, perdurando a actual civilização, em clima
de justiça social e em igualdade de direitos e deveres individuais,
para que se terminem as causas da tensão social e dos ódios inter
-classistas.
Para reforçarmos a justiça social, o Estado deve promover a
integração de todos quantos manifestarem empenho, qualidades e
interesse para continuar no sistema educativo, além do obrigatório,
suportando os custos que o estudante não consiga custear e
enquanto este apresentar bom aproveitamento, dado que a sociedade
tem interesse em formar os melhores talentos, para obter melhor
serviço e no entendimento de que a meta final dos jovens é
prepararem-se para servir melhor a sociedade, atingindo os
objectivos que as suas reais capacidades permitirem e não apenas a
obtenção de um grau académico, para satisfação do orgulho próprio.
Portanto, defendemos que as admissões aos cursos superiores sejam
principalmente determinadas pela avaliação psico-técnica dos dons
das pessoas, concorrentes para cada profissão técnica especializada,
de modo a termos profissionais mais realizados e úteis aos outros.
Não comungamos da existência cega dos “numerus clausulus”, por
serem aproveitados para a contenção do contingente de
profissionais disponíveis no mercado, que permite o reforço do
corporativismo, a elevação das remunerações salariais e
oportunidades de trabalho destes técnicos. Não compactuamos com
o fabrico de privilégios, mas procuramos o benefício da sociedade
servida, com realização plena do génio de cada um!
O ensino forma as memórias das nossas realizações passadas e
prepara-nos para produzir, pela via científica e do exercício da
inteligência, novos conhecimentos que serão os acréscimos
culturais. No campo da investigação, temos as universidades, mas
falta-nos um instituto destinado à criatividade e invenção, articulado
com aquelas e recrutador dos criativos nacionais individuais, que
devemos captar por concursos de invenção temáticos, adequados às
necessidades prementes de cada época. Precisamos empregar estas
pessoas em projectos de desenvolvimento nacional dos artefactos.
Isto é o que tem faltado ao desenvolvimento da nossa cultura,
apesar de dever ser o seu motor. Igualmente, no plano da validação
dessas concretizações inovadoras, desenvolvemos a necessidade da
bioética, que responde aos avanços das ciências com a avaliação da
utilidade das descobertas, do seu valor humano e da correcção das
aplicações no quotidiano. Numa época, em que o Homem partiu à
descoberta da produção de Deus, querendo autonomizar-se do
destino da Vida, com o controlo da criação de si mesmo, devemos
estar atentos aos danos colaterais da ingenuidade da ciência, que já
produziu também a bomba nuclear!
A igualdade de oportunidades, dentro do sistema de ensino, só pode
ser cumprida pela correcção da disparidade avaliadora das pessoas,
sobretudo nos momentos de candidatura e selecção. A única
avaliação possível, do ponto de vista da classificação e valor dos
estudantes, é aquela que é realizada em homogeneidade de
circunstâncias, o que só é possível em exames nacionais de
chamada única, sabendo nós o que tem sido a avaliação de escola
para escola e de professor para professor. Por isto, defendemos que
a transição de ano seja decidida por exames nacionais, mas que a
avaliação formativa seja desenvolvida para se tornar no instrumento
poderoso de correcção da aprendizagem, revelando dificuldades das
partes na sala de aula. Defendemos ainda que o processo de
elaboração dos normativos de avaliação e das provas seja entregue a
uma equipa, formada para o efeito nas técnicas de elaboração de
provas e na produção de matrizes de correcção e avaliação, para que
os professores correctores efectuem trabalho objectivo e
padronizado. Assim, o órgão regulador da qualidade do ensino
avalia as escolas, bem como padroniza os critérios para a
classificação dos alunos, em igualdade de condições.
O sistema de certificação de competências e de avaliação dos alunos
deve ser cada vez mais uma função ministerial, o que regula melhor
o desempenho das entidades locais educativas e permite o controlo
eficiente da actividade das instituições privadas de ensino. As
escolas, públicas ou privadas, certificam a frequência e possibilitam
o acesso dos alunos ao exame nacional, para efeitos de avaliação
final de ano, de ciclo, ou de curso.
Fundamentalmente, queremos que os professores sejam menos
avaliadores, tarefa para a qual têm revelado muitas dificuldades, e
mais formadores para a superação das dificuldades cognitivas e
laborais, onde podem contribuir para a competência global de todos
e para a preparação de melhores pessoas.
Mais uma vez, necessitamos contar com a mudança de mentalidades
instalada, fazendo sentir aos agentes do funcionalismo público que
se tem de estar ao serviço dos alunos e não ao serviço dos interesses
particulares dos profissionais, e muito menos estes devem julgar
que as instituições existem para estar ao serviço deles. Do ponto de
vista social-democrata, são os funcionários que também constroem
a realidade institucional, de que se queixam, e só será da
responsabilidade exclusiva política quando esses funcionários
cumprirem escrupulosamente as directivas ministeriais.
Efectivamente, há uma primeira responsabilidade dos funcionários
perante os servidos, que são os cidadãos utilizadores e pagadores
dos serviços; neste caso, os pais dos alunos, que são os accionistas
das escolas, obrigam a que os trabalhadores cumpram com os
desígnios das instituições, segundo as políticas que foram
referendadas popularmente.
Para o efeito, advogamos que a gestão escolar seja
preferencialmente participada pelas comissões de escola dos
encarregados de educação, e seja desempenhada na observância de
projectos educativos ministeriais e municipais, dado que o ensino é
um desígnio nacional, concorrente para a preservação e melhoria da
cultura local.
A disponibilização de recursos, nomeadamente humanos, tem de ser
uma garantia da gestão ministerial, embora informada pela gestão
escolar, como forma de evitar as injustiças de recrutamento e
assegurar o bom desempenho dos funcionários, colocados pelo
ministério.
Essencial é também a criação das condições de espaço escolar
necessárias, para que os professores permaneçam a tempo inteiro
nas escolas, durante o tempo normal diário de todos os
trabalhadores, de modo a contarem com todos os recursos para a
preparação da actividade lectiva e para que se dediquem a tempo
inteiro à sua profissão, dando oportunidade a outros profissionais
igualmente habilitados, para obterem a sua oportunidade de
emprego. Ao País interessa a não acumulação de trabalhos, mas sim
a dedicação exclusiva e o pleno emprego de todos e de cada um ao
que é o seu talento, com significativo aumento da realização pessoal
de todos!
Fundamental é o reforço da cultura portuguesa, baseada na síntese
das culturas locais e codificada na língua portuguesa, que queremos
desenvolver por divulgação e utilização em todo o mundo.
Acreditamos na riqueza superior da nossa Língua e na capacidade
de aculturação efectuada pelos órgãos de comunicação social,
residindo aqui o conceito de serviço público, oferecido pelos meios
que utilizam o Português. A imprensa e a transmissão electrónica
dos conteúdos são o meio excelente para canais de transmissão da
nossa cultura, aperfeiçoando a expressão linguística portuguesa.
Resta o afinamento dos contributos para o sistema educativo
integrado.
Neste contexto, de que os órgãos de comunicação social são um
agente de transmissão de conteúdos, expressos na língua
portuguesa, queremos consagrar a sua missão de serviço público
educacional da sociedade.
Uma boa comunicação é aquela que assegura uma informação
correcta dos seus órgãos e promove a objectividade dos factos
divulgados ao público, com isenção e consideração de todas as
opiniões, afirmando-se a democracia interna das instituições e da
relação com as fontes e destinatários da informação.
O pluralismo ideológico é assegurado pela livre constituição de
associações para a informação, tantas quantas permitirem as
condições técnicas disponíveis, bem como pelo livre acesso dos
cidadãos à sua livre expressão nesses órgãos constituídos, sobretudo
quando forem participados pelo Estado, quer por dotação
orçamental, quer por aquisição de serviços públicos, quer por
posição accionista.
Por outro lado, qualquer participação do Estado, além de assegurar
o acesso dos cidadãos à livre expressão, deve conferir também o
direito de uso de espaços de antena, para fins de informação dos
actos governativos e até para fins de recolha de opinião pública,
face às intenções governativas, num processo de referendo
permanente, no contexto da democracia informada e participada
activa.
Assim, o estatuto da comunicação social deve apontar a missão de
serviço público, no quadro do transporte de informação entre
governantes e governados, servindo de mecanismo regulador do
exercício das actividades públicas, livre de censuras, mas ao abrigo
do direito de segredo profissional e da obrigação de não faltar à
verdade.
A isenção política, nomeadamente do Estado, deve ser assegurada
pela transformação da oferta de subsídios em pagamentos pelos
serviços públicos prestados, materializados nas expressões directas
da iniciativa do Estado, no uso do seu direito de livre expressão.
A missão de serviço público permanente, e portanto definidora das
temáticas e conteúdos que devem ser veiculados, compete aos
órgãos de comunicação social, detidos pelo Estado. Logo, este
estipulará e apresentará os deveres de informação (oferta e uso dos
serviços estatais e actualidade noticiosa) e formação (escolar,
profissional e cívica) do cidadão, a efectivação de tempos
destinados ao esclarecimento dos cidadãos sobre as políticas, actos
e contas do Estado, bem como de tempos destinados para auscultar
os cidadãos e permitir a sua participação cultural em programas,
acabando-se por promover interacções benéficas para a melhoria
cultural do sistema educativo e para a utilidade aos cidadãos, seus
pagadores.
Esta acção educativa e cultural pode ser aprofundada, com a
adopção e transmissão de programas educativos escolares, para
transmitir saberes tecnológicos ou populares, completando-se o
papel das escolas com novas abordagens didácticas e pedagógicas,
aliciantes dos modos de aprendizagem dos jovens.
Para tal, torna-se necessário redefinir a estrutura e o papel dos
órgãos de comunicação social do Estado, que devem ficar
resumidos a uma estação de televisão, outra de rádio, um jornal
semanário e uma revista temática por cada ministério, além do
óbvio diário da república, que terá uma série legislativa
(publicitação dos diplomas legais e regulamentações), uma série
administrativa (publicitação dos actos administrativos e
autárquicos) e uma série governamental (publicitação dos actos de
gestão dos governos).
Existe todo um património, com o fundo da nossa consciência
colectiva de povo e dos feitos praticados, que importa estabelecer,
sem faltar à verdade, desmistificando os papéis, que cumprimos no
passado, e perspectivando o que podemos realmente fazer, de
acordo com as nossas reais potencialidades.
Fomos sempre um território aberto às influências de todos os povos,
quer do ponto de vista cultural, quer do ponto de vista da presença
física civilizacional, acumulando na nossa tradição as influências
mais diversas, e até de pensamento contrário. Foi a nacionalidade
que permitiu estancar a avalanche genética e as influências
filosóficas. No entanto, a contínua política monárquica de
estabelecimento de alianças, dada a dimensão territorial e a
predisposição dos dirigentes para os casamentos internacionais,
conduziu Portugal a uma certa instrumentalização pelas nações mais
desenvolvidas, por satisfazer necessidades dos povos europeus, em
alcançar uma plataforma marítima privilegiada. Isso originou os
chamados grandes feitos, de que fomos incumbidos pelas potências
europeias, que até nos disponibilizaram os seus melhores técnicos
para a aventura dos descobrimentos. Sempre tivemos boa mão-de-
obra, para trabalhar em grandes projectos internacionais e sempre
tivemos os dirigentes bem aliciados, para ditarem as vontades
alheias, subjugados ao orgulho de deterem honrarias, que muitas
vezes não passavam de títulos pertencentes a organizações muito
poderosas e secretas. Foi no final da monarquia que Portugal teve o
ensejo de ser verdadeiramente grande, unicamente às expensas dos
recursos nacionais e com a vontade de pessoas visionárias, que nos
catapultaram para projectos nacionais desenvolvimentistas, mau
grado a conspiração de grupos, influenciados pelas vontades antigas
das velhas alianças monárquicas. Passamos por vários sobressaltos,
mas a vontade popular permanece e aviva-se cada vez mais, dada a
ineficácia dos actuais políticos, que até já vão sendo mais eficientes.
Paulatinamente, a nossa mania de desdizer e desfeitear o trabalho
dirigente, vai produzindo melhorias. A prova é o fundo informativo
da proposta social-democrata.
Somos vocacionados para uma abertura ao mundo, por encerrarmos
os resquícios das bases das outras civilizações, o que nos confere
maior curiosidade e necessidade de conhecimento. Culturalmente,
somos forçados a espalhar a síntese linguística de muitos povos por
todo o mundo, expandindo a língua portuguesa e baseando um
código mais avançado de entendimento universal.
Portanto, defendemos a preservação das nossas memórias, como
forma de projectar o nosso melhor desempenho, assente no
reformular crítico da nossa mentalidade, para sermos mais
eficientes, mais produtivos e mais objectivos na construção de
novos feitos para o futuro da humanidade, acreditando mais em nós
mesmos e no potencial realizador das nossas capacidades. Basta-nos
cumprir o ideal social-democrata, obrigando-nos a cumprir os seus
princípios, sempre que tivermos a oportunidade da governação e da
nossa intervenção cívica. Só assim podemos concretizar novos
impérios de cultura e sucesso social.
Enveredamos, pois, por afirmar a nossa vontade de aglutinar os
povos em ideais de união e convivência fraterna, pelo que
escolhemos a estratégia dos eventos desportivos e artísticos
internacionais à escala mundial, onde todas as culturas abandonem a
monotonia das modas e se expressem no melhoramento das suas
exclusividades, para que todos gostem mais do que fazem melhor e
constituam um fundo cultural variado e aperfeiçoado, aumentando a
riqueza genética das respostas às situações, pelas quais a
humanidade tiver de passar. Nesses festivais mundiais, Portugal
conta por exemplo com o melhoramento do nosso Fado.
Queremos que a cultura, que defendemos, seja o crivo das decisões
políticas, o qual está delimitado nesta proposta, e ao qual todos os
militantes ficam obrigados, sob pena de defraudarem o povo e o
nosso Partido e traírem os princípios da nossa personalidade social
-democrata.

f) ECONOMIA, EMPRESAS, TRABALHO, CONSUMO E


RENDIMENTO:

A filosofia económica, dominante em Portugal, baseia-se numa


mentalidade egoísta de aforro e açambarcamento de oportunidades,
traduzida na avareza do enriquecimento patrimonial e na sonegação
de remuneração ao tecido social produtivo, o que obriga a uma
reduzida capacidade do mercado de consumo e ao medo do
investimento, com recusa de libertação de capitais no mercado,
emperrando-se o ciclo da circulação de valor. O dinamismo do
investimento só pode ser conseguido pelo fluxo constante das mais
valias, como forma de incentivar o poder de compra e a
sustentabilidade das empresas! Também aqui contamos com outra
mentalidade empresarial, diferente da cultura miserabilista dos que
temem os tempos difíceis das classes onde nasceram, e que estão
complexados com a ascensão à sua nova condição de burgueses! A
memória, tanto atavia, como aguça o engenho e liberta a mente,
para novas concepções. É que, no modelo democrático, não é
possível ter empresas fortes com mercado fraco e de reduzida
capacidade média de compra!
A economia deve ser o garante da satisfação das necessidades dos
cidadãos consumidores, com a contrapartida justa da criação de
rendimento suficiente para suportar remunerações e outros custos,
normalmente associados às funções empresariais, de modo a
sustentar-se a viabilidade suficiente das organizações, que devem
focar-se na formação de bens essenciais à nossa sobrevivência e ao
melhoramento civilizacional.
O sistema económico não deve basear-se no fim último da formação
de lucro, por este constituir uma política de acumulação, e portanto
contrária ao primado social-democrata, mas deve antes orientar-se
para a dignificação e respeito de todos os intervenientes no processo
produtivo, submissos ao interesse lícito do cliente consumidor.
A lógica do enriquecimento patrimonial e financeiro das empresas
sai muito cara ao consumidor, porquanto este assiste ao aumento
constante de preços, para sustentar o peso das organizações, que por
sua vez tendem a entrar num carrossel conducente à gestão do
interesse próprio, à custa da exploração desenfreada dos seus
clientes. O mesmo procedimento é usual também nas instituições
estatais, pois que são uma grande organização consumidora dos
recursos sociais, cada vez com menor utilidade para o cidadão. Os
políticos estão apenas obcecados em sustentar a máquina estatal e
os negócios das empresas públicas, dela dependentes, castigando
cada vez mais os contribuintes, na condição de clientes obrigados.
O Estado é, de facto, ao lado dos monopólios que protege, uma
empresa com negócio garantido, pois que obriga o cidadão a ser seu
cliente, facto que virá a merecer a nossa ressalva, no sentido de
encontrar solução democrática para a razão da sua existência,
enquanto instituição criada pelo cidadão e para benefício do
cidadão!
A empresa não deve ser um argumento de exploração especulativa
das necessidades prementes dos concidadãos, mas antes deve ser
uma oportunidade de ocupação social das pessoas, satisfazendo as
vontades do mercado, por meio da organização produtiva e da
produção de valor, traduzidos na distribuição e partilha de riqueza
por todos, sempre com atenção à importância do respeito pelos
clientes. Interessa obedecer à justa exigência do consumidor do
produto do trabalho, desenvolvendo a atitude produtiva de
cumprimento das normas racionais de organização e
funcionamento. As empresas têm de ser vistas como entidades
sociais cooperantes, assegurando a sua subsistência e a dos seus
colaboradores, de modo a satisfazerem sustentadamente as
necessidades comunitárias e a evitarem a acumulação de riqueza,
cingindo-se ao estrito plano das atitudes cívicas e humanas. A
cooperação deve estender-se à articulação do planeamento
empresarial com o aconselhamento técnico do Estado, para
melhorar procedimentos e desenvolver os projectos operacionais,
segundo a necessidade qualitativa de desenvolvimento
ambientalmente sustentado.
As PMEmpresas, embora desincentivadas, discriminadas
negativamente e não consideradas, por não serem atractivas para o
futuro profissional dos governantes, continuam a ser o garante da
satisfação das necessidades, que a social-democracia preconiza;
permitem e aumentam a concorrência, desconcentram a riqueza,
diminuem o Poder económico, e são mais ágeis na reconversão de
actividade, porque permitem a expressão da criatividade de cada
vez mais portugueses. Estão mais próximas do cliente e identificam-
se com as suas culturas. Pela exiguidade de recursos afectados, não
são tão empobrecedoras dos clientes, sendo socialmente mais
vantajosas. Têm a desvantagem de não poderem negociar preços a
fornecedores, mas poderão resolvê-la por intermédio de associações
grossistas e especialização de produtos. Empregam a maior parte
dos portugueses!
Qualquer ajuda financeira do Estado deve ser na forma de
empréstimos sem juros, encaminhada apenas para os projectos
nacionais de incubação e criação de empresas, de base cooperativa e
com pacto social, contemplador da distribuição de lucros aos
colaboradores e clientes, de modo a eliminar o absurdo do
investimento dos contribuintes em projectos empresariais activos,
que visam o lucro máximo, normalmente associados a monopólios
ou empresas multi-nacionais. Também não faz sentido sustentar
projectos empresariais insolventes, injectando-lhes subsídios,
porquanto se favorecem atitudes de gestão contrárias à social-
democracia. Por outro lado, os projectos de sucesso não necessitam
de apoio, porquanto já têm o apoio do mercado, que é a forma
natural de premiar as boas atitudes sociais. A política de subsídios
tem satisfeito muitos egoísmos; os cidadãos doam
involuntariamente o seu dinheiro a projectos que nada restituem aos
consumidores contribuintes. Quem recebe, pensa apenas na
satisfação dos seus problemas e não na relação de troca, que tem de
existir na sociedade, para que todos sejam beneficiados.
Efectivamente, os portugueses têm pago duas vezes os produtos e
serviços que estas empresas disponibilizam ao mercado (afectação
de impostos aos subsídios às empresas e pagamento dos preços
impostos por estas), e os governantes têm-se apressado a fomentar o
crescimento destes grandes grupos económicos, que apenas vêm
explorar uma oportunidade, que os contribuintes concedem
involuntariamente, para que as multi-nacionais aumentem a
acumulação de riqueza, baseada na extracção dos nossos recursos
para o exterior. Mais ainda, temos reparado que os subsídios à
aquisição de Bens têm resultado na inflação de preços, por haver
maior facilidade de consumo, logo aproveitada pelos que
disponibilizam o produto ou serviço de aquisição subsidiada. Isto
impede o bom funcionamento das leis de oferta e procura,
contrariando o sentido de evitar as especulações. Portanto, somos
mais favoráveis à política dos micro - créditos, desde que funcione
no sentido de conceder empréstimos de prazo variável sem juros.
Para os actuais dependentes de subsídios, produtores de fracassos
sociais, propomos que se sujeitem a uma boa regra de mercado;
façam projectos válidos e viáveis, que respondam às necessidades
concretas das pessoas, que tenham uma procura acentuada, ou não
satisfeita, que permitam boa capacidade de aquisição pelo preço
justo ou aceitável, para que os clientes possam viabilizar as novas
estruturas organizacionais, colocadas ao seu serviço!
O melhor subsídio para o sucesso civilizacional é o pagamento dos
serviços prestados uns aos outros, numa clara satisfação dos
interesses de todos. Os cidadãos não têm que pagar o que apenas
satisfaz o egoísmo de quem recebe, e aos governos compete
assegurar somente o equilíbrio dos interesses das relações sociais,
providenciando à justa remuneração entre todos os parceiros e
partes interessadas. Cada parte já impõe o seu egoísmo; não
queremos um Estado que reforce esta tendência comum,
apressando-se a regulamentar o interesse de uma parte, sem atender
ao das outras. Espera-se dos governantes que sejam o equilíbrio do
fiel da balança.
Compete ao Estado de Bem a extinção dos monopólios, ao abrigo
da defesa do consumidor e do fomento concorrencial, para impedir
a relevação de poderes de minorias privilegiadas, apenas
interessadas em si mesmas e na sua hegemonia.
O Estado (instituição dos cidadãos), por interposição dos
governantes, não deve proteger os monopólios negociais, nem tem
que favorecer a exploração abusiva das necessidades, por constituir
atentado ao interesse do contribuinte e consumidor. Qualquer lei
reguladora do mercado tem de atender primeiramente ao direito de
consumo, sem favorecer o interesse egoísta do lucro das empresas,
nem facilitar as estratégias de dominância do mercado.
Nomeadamente, as políticas de regulação económica, praticadas
pela União Europeia, sobretudos nos bens de primeira necessidade,
são atentatórias da livre concorrência, porquanto impõem quotas de
produção e características de géneros próprias de apenas alguns
produtores. Ao nosso País interessa que o nosso tecido produtivo
esteja adequado às nossas necessidades de consumo, relegando para
o controlo europeu apenas aquilo que interfira com as relações
internacionais, nomeadamente ao nível das exportações e
importações, em que as balanças comerciais se acertam.
Nomeadamente, a lei de defesa dos direitos de autor só deve ser
aplicada nos casos em que se prove não haver abuso de posição
dominante no mercado, nem especulação de preços. Assim, uma
verdadeira defesa do consumo deve apostar no controlo efectivo da
qualidade e remuneração dos serviços prestados pelas empresas ou
autores, para o que se deve disponibilizar aos clientes consumidores
informação e mecanismos de fiscalização do desempenho das
prestações de trabalho que contratem. Deixarão de haver projectos
empresariais piratas, acusadores de serem pirateados, mal
intencionados e irresponsáveis em si, altamente lesivos dos
interesses dos cidadãos.
Igualmente, as patentes só devem assegurar a protecção dos autores
até ao retorno do investimento da comercialização dos bens ou
serviços produzidos, como forma de não permitir o surgimento de
posições dominantes de mercado e de garantir livre concorrência.
No entanto, o registo de marcas deve permitir a protecção das
designações exclusivas, pelos prazos pretendidos da sua exploração
comercial, porquanto estão identificadas com um conhecimento e
imagem, reconhecidos pelo consumidor, que queremos proteger.
Como estratégia de regulação do mercado, no interesse do Estado -
cidadãos, defendemos a constituição de iniciativas de prestação de
serviço social, ou de fornecimento de bens e serviços de primeira
necessidade, apenas ao nível municipal. Não terá carácter lucrativo,
por funcionar em esquema cooperativo, não conferirá privilégios
especiais aos funcionários, que serão incluídos na carreira geral da
função pública, equiparados aos organismos locais de serviço
social, mas será de gestão participada pelos munícipes.
Por isto, e no respeito primordial pelos interesses dos verdadeiros
accionistas das instituições, estas devem reger-se por princípios de
racionalização de meios e de recursos, com optimização dos
processos produtivos e reforço da segurança ambiental e laboral,
para acrescentar unicamente valor aos produtos e serviços. Devem
salvaguardar o bem e necessidade de todos, implementando melhor
selecção de capacidades, sua adequação às actividades e
melhoramento contínuo, ao abrigo dos planos de selecção,
recrutamento, formação de pessoal e avaliação, visando a melhor
formação de rendimento e sua correcta distribuição.
No plano da protecção do trabalho, devemos regulamentar também
certas actividades, ainda na esfera da criminalidade, mas que, no seu
exercício, moralmente ainda condenado, não prejudicam terceiros,
considerada a relação entre prestador e cliente. Antes, destinam-se à
satisfação de duas necessidades complementares entre pessoas
limitadas ou condicionadas; é o caso da prostituição, em que urge
proteger pessoas, vítimas da exploração mais abominável do ser
humano. A nosso ver, cada um é livre de ceder o seu corpo, como
entender e quando quiser, desde que não cause prejuízo a ninguém,
mas tenha condições para o realizar em segurança e com o respeito
pela sua dignidade e vontade expressa. É mais uma forma de afastar
do crime, tanto os que se prostituem, como os que organizam a
actividade, que devemos localizar em sedes próprias, devidamente
controladas pelos actuais mecanismos de medicina, higiene e
segurança do trabalho. Trata-se de um processo humano de inclusão
social, que obedecerá a uma outra perspectiva mental sobre o
sentido das afectividades sociais, preparando todos para a aceitação
de mais conhecimento e competências.
As necessidades de eficiência e competência da mão-de-obra estão
satisfeitas pelos planos de formação profissional dos activos e pela
maior articulação com as políticas educativas nacionais, pelo que
não podemos continuar a usar o argumento da fraca preparação
teórico-prática dos trabalhadores, como forma de validar a enorme
diferenciação salarial. Adicionalmente, todos os candidatos a
primeiro emprego deverão estar munidos do resultado da avaliação
da sua aptidão técnica em determinada profissão, para o que
propomos que todas as profissões tenham a sua Ordem profissional,
onde os candidatos, que queiram entrar no mercado de trabalho,
certificarão os conhecimentos adquiridos, nomeadamente no
sistema de ensino; face à diversidade de trajectos possíveis na
formação académica e profissional, implementa-se mais um
mecanismo regulador e certificador de confianças. Por exemplo, os
professores, para poderem concorrer a leccionar, devem obter o
certificado de aptidão pedagógica e científica, algo mais completo
do que os actuais CAP de formadores. Com isto, não queremos que
continuem certas diferenciações estatutárias, mas antes queremos
que se constitua uma satisfação empresarial de necessidades
qualitativas reais da mão-de-obra, eliminando-se injustiças de
classificação nos cursos, bem como o artificialismo bacoco dos
corporativismos de classe, altamente asfixiantes dos consumidores e
bloqueadores dos mecanismos concorrenciais, algumas vezes à
custa do sacrifício dos próprios princípios constitucionais.
Todo o serviço prestado depende da qualidade técnica e mental dos
trabalhadores envolvidos. Propomos, pois, que as selecções de
pessoal devem especificar as características necessárias de destreza
física e intelectual pretendida, de modo a que se olhe para cada um
pelo que ele for capaz de realizar, de modo a assegurar
exclusivamente adequações e competências úteis às organizações.
Por exemplo, a nosso ver as funções administrativas de secretária
podem ser realizadas por pessoas imobilizadas dos membros
inferiores. As funções de atendimento electrónico podem ser
asseguradas por invisuais, etc.
No plano das selecções e recrutamentos de pessoal, defendemos a
transparência e a correcção dos concursos, no interesse das
organizações, dos próprios candidatos e dos clientes servidos.
Nomeadamente, os concursos para ingresso na função pública, ou
para candidatura ao preenchimento de vagas, ou necessidades de
serviço, devem destinar-se prioritariamente aos desempregados
inscritos nos centros de emprego, à data da autorização para o
lançamento dos avisos de abertura de concurso, a não ser que não
tenham candidatos inscritos com as habilitações pretendidas. As
provas devem ser elaboradas por júris nacionais externos às
instituições recrutadoras, pertencentes ao ministério responsável
pela gestão do pessoal, tendo componentes de avaliação dos
conhecimentos académicos necessários à profissão, do domínio das
técnicas de trabalho específicas da função em recrutamento e das
características psicotécnicas adequadas à profissão. A realização,
correcção e avaliação das provas deve competir ao júri da
instituição recrutadora, que as enviará ao júri nacional para
homologação das listas de graduação. O júri nacional enviará a lista
dos candidatos apurados para as entrevistas de avaliação curricular,
que se farão obrigatoriamente na sede ministerial das instituições
recrutadoras. A desconcentração dos processos origina maior
democraticidade e não dá azo a favorecimentos, por ser baseada em
controlo variado hierárquico.
No plano dos contratos individuais de trabalho, não podemos tolerar
o fabrico de cláusulas unilaterais, tão em voga na esfera dos
gestores e administradores públicos. Estes contratos têm de ser
elaborados pelo tribunal de contas, segundo normas estipuladas de
vencimentos, complementos e indemnizações em uso para todos os
trabalhadores e aceites pelos cidadãos contribuintes. Logo, qualquer
contrato individual de trabalho terá cláusulas de aplicação colectiva
a cada função, originando normativos remuneratórios, em função
dos níveis de produtividade alcançados por cada trabalhador, e
definindo-se objectivos e responsabilidades inerentes a cada nível
de produtividade. Os contratos devem ter termo certo, podendo ser
renovados sob acordo das partes, com alteração eventual do prazo
do contrato e dos ajustes remuneratórios à produtividade
evidenciada pelo trabalhador. O não cumprimento do clausulado
deve implicar a sua imediata resolução, com indemnização da parte
prejudicada pelo incumprimento, desde que se prove dolo na culpa
de uma das partes ou causa injusta para a cessação. A não
revalidação dos contratos deve ser sempre justificada por causa
justa, advogada pela parte interessada. A cessação unilateral do
contrato deve obrigar à comunicação antecipada da intenção em um
mês, de modo a ser exequível a substituição no posto de trabalho,
bem como a procura de ofertas.
As dificuldades económicas da empresa e as consequentes
restrições orçamentais para o saneamento financeiro, em adequação
aos períodos comprovados de contracção negocial do mercado,
devem constituir causa justa para a não revalidação dos contratos de
trabalho. Resta definir, no código de trabalho, o que se considera
causa justa para resolução dos contratos ou sua não revalidação, em
resultado da concertação social colectiva. Assim, cria-se um
mercado de trabalho seguro para todos quantos aceitem a
responsabilidade de satisfação mútua das partes, para sustentar a
viabilidade das empresas.
Logo que cesse o contrato de trabalho e não seja revalidado, o
trabalhador é encaminhado para o Centro de emprego da sua área,
para efectuar formação correctiva das suas ineficiências e para
prestar trabalho público, recebendo o correspondente subsídio de
desemprego, até encontrar novo trabalho, ou até que a empresa
anterior queira e possa aceitá-lo. Tecnicamente, deixará de haver
desemprego.
O trabalhador é um elemento activo e decisivo na prestação de
serviço social e na formação de rendimento, estando sujeito a uma
ordem jurídica que determina a sua responsabilidade pelas
competências funcionais e deveres, com a respectiva contrapartida
de direitos de participação no rendimento e nos processos
organizativos das instituições e serviços prestados. Em cada posto
de trabalho deve ser desenvolvida a autonomia de execução das
tarefas, bem como da organização dos procedimentos, face à
informação disponibilizada para garantir os padrões de qualidade e
rentabilidade, estipulados pela empresa. Para tal, cada instituição
deve elaborar os códigos de conduta pessoal e
competência/eficiência profissional para cada posto de trabalho, que
regule e avalie os exercícios e as relações laborais.
Importa pois, a este propósito, prosseguir com os propósitos da
higiene e segurança laboral, bem como melhorar a medicina do
trabalho, de modo que esta faça um rastreio dos tóxicos que os
trabalhadores tenham no organismo, por acção voluntária ou
involuntária, e que originam muita ineficiência e disfunções. O
trabalho é uma prestação social que não pode ser descurada, sendo
importante a responsabilização de todos, na correcção dos maus
hábitos de Vida.
Propomos que cada função laboral, desempenhada em cada posto de
trabalho, tenha um protocolo de trabalho, onde sejam indicadas as
competências e técnicas de operação adequadas a todas as tarefas
que o trabalhador deve executar, em função das ordens de serviço
que receba. Cada protocolo será um dossier, a valorizar por cada
trabalhador, constituindo um factor de progresso e aperfeiçoamento
operacional das empresas e uma base transparente de avaliação de
cada um, de modo a estipular diferentes méritos e a estimular a
inovação e o apreço por todos!
O processo de avaliação deve ser formalizado também com base no
livro de reclamações que os clientes têm ao dispor nos locais de
atendimento, e que deve ser generalizado a todos os serviços, sejam
estatais ou privados, de modo a completar a avaliação e criar maior
recurso de justiça para cada trabalhador. Internamente, a avaliação
de chefias deve basear-se também no livro de registo de ocorrências
de acções e transmissão de ordens de serviço, para informação das
gerências e accionistas.
Nada justifica o actual regime salarial, a não ser a necessidade de
continuar a injustiça social, de desmotivar os esforçados
competentes e de satisfazer os descansados medíocres.
Actualmente, pagar mais a um administrativo do que a um operário,
que tem maior gasto energético e maior esforço e riscos, é motivar o
estatuto do menor esforço e da improdutividade, diminuindo-se a
força produtora de riqueza e conduzindo os cidadãos à escolha de
profissões, não realizadoras de objectos de consumo, essenciais à
nossa sobrevivência.
Por isto, as funções produtivas de apoio à sobrevivência, e ao
conforto a ela ligado, têm de disponibilizar riqueza mais que
suficiente, para sustentar as funções lúdicas, culturais, desportivas e
artísticas, que constituem o entretenimento e se limitam a captar a
riqueza gerada nas funções produtivas de bens essenciais, não
contribuindo para a realização de valor material acrescentado. A
elevada remuneração, praticada nestas funções de entretenimento, é
desequilibrante e torna a economia insustentável, pelo que os
operários se condenam a uma subsistência financeira cada vez mais
difícil, para poderem sustentar as funções recreativas. Este modelo
de dependência do ócio, com o incessante privilégio das funções
não produtivas e da sumptuosidade dos senhores do regime, que não
queremos incrementar, conduziu várias civilizações ao declínio,
algumas vezes por revolta abrupta das classes laborais exploradas,
como no caso das civilizações Egípcia e Maia.
Também não faz sentido haver diferenciação salarial acentuada, em
função da antiguidade na carreira, porquanto o rendimento
energético laboral global individual aumenta uma média de 20-30%
até aos 40-50 anos e decresce rapidamente a partir daí. Na mesma
linha de pensamento, não faz sentido estabelecer níveis artificiais de
vencimento em função das habilitações académicas, estatuto social
do cargo, ou sector de actividade, porquanto não é garantia da
relação directa com a rentabilidade de cada profissional. Cada
trabalhador tem uma rentabilidade própria e um dado esforço
energético em cada função, em início de carreira; portanto é fácil
ajustar a sua diferenciação salarial, em relação aos colegas e em
relação às suas épocas de vida e condições fisiológicas.
Para aplicar a justiça que preconizamos, temos de conceber um
sistema remuneratório natural, homogéneo entre todas as
instituições, terminando-se com todos os privilégios, não
sustentados em rentabilidades superiores. Para isso, importa igualar
todos os complementos salariais, quer no sistema privado, quer no
sistema estatal. Importa, ainda, aproximar os tectos salariais dos
mínimos salariais, quer na mesma carreira, quer entre todos os
trabalhadores; transitoriamente, serão actualizados apenas os
vencimentos inferiores a mil euros, com a correspondente redução
dos salários superiores a cinco mil euros, até que se consiga um
salário mínimo igual ao melhor europeu, por transferência
financeira gradual dos rendimentos mais elevados para os menos
elevados. Para aperfeiçoamento final, resta elaborar a tabela de
dispêndio energético e esforço global de cada profissão,
escalonando depois por grau de dificuldade e atribuindo-lhe o
salário base proporcional. Far-se-á justiça em relação ao rendimento
efectivo do trabalho.
As actualizações salariais anuais, para correcção da inflação, não
deve ser feita por acréscimo percentual desta aos salários auferidos,
por constituir um progressivo agravamento das disparidades
remuneratórias e que contribuiu para as diferenças actuais entre os
mínimos e tectos salariais. Por conseguinte, deve ser um acréscimo
absoluto igual a todos os salários, calculado por um coeficiente
sobre a remuneração do ordenado mínimo nacional, que reflecte o
aumento de encargo percentual com o aumento do custo de vida e
deve garantir a manutenção do poder de compra. Assim, contribui-
se para uma maior justiça social e uma maior aproximação da
economia global à economia dos cidadãos.
Complementarmente, a estipulação de bases mínimas de rendimento
por trabalhador ou por cada elemento do agregado familiar, até às
quais ficarão isentos de colecta ou de comparticipação para a
segurança social, aproxima a política fiscal da necessidade de
constituição de família, em condições de tranquilidade, segurança e
conforto dignos e contributivos para a estabilidade psíquica e social
dos filhos e pais, enquanto realizados pelo sucesso satisfatório da
sua ocupação laboral. O Estado deve ser promotor da felicidade das
famílias e não constituir, como hoje, a força de infelicidade,
constrição, desmotivação e desencanto das pessoas.
Ainda, devemos repartir o trabalho a realizar pela mão-de-obra
disponível, até se conseguir emprego pleno e dedicação exclusiva
de todos, evitando a acumulação de carga horária de serviço em
cada trabalhador. O trabalho extraordinário ou a acumulação de
cargos é desgastante para todos e lesivo do interesse das pessoas
servidas, traduzindo-se em redução da qualidade das prestações,
desgaste nervoso e tensão psicológica, degradação das relações
familiares, para além de implicar acumulação de riqueza e
sonegação das oportunidades de emprego. Tudo contrário aos
valores da social-democracia. Para nós, o trabalho é o emprego das
nossas energias na satisfação das necessidades humanas, com inteira
concentração numa só actividade, dedicação e exclusividade, para
aprimorar os aperfeiçoamentos da nossa habilidade específica, o que
requer tempo de repouso e melhores condições psico-fisiológicas.
Também, estimula-se o dinamismo do consumo e da economia, com
disponibilização do acesso livre aos padrões de conforto mais justos
para todos. Os privilégios não se dão, mas sim reconhecem o mérito
especial de cada um. Queremos um sistema motivador do trabalho e
intensificador da satisfação dos que se dedicam a ele, com empenho
e gosto de servir a sociedade.
Para tanto, os contribuintes pagam para serem servidos, pelo que,
em nome da sustentabilidade do sistema económico, no fluxo de
capitais entre o público e o privado, os trabalhadores estatais devem
ter também as mesmas regalias, fazer parte do mesmo sistema de
segurança social, trabalhar os mesmos dias que todos os
trabalhadores do sector privado, que contribuem para eles; em
suma, deve acabar-se com a dádiva de dias suplementares de
descanso, nomeadamente nas pontes dos feriados. Quem quiser
descansar mais que os outros deve perder direito às correspondentes
remunerações.
Só assim se aumenta a produtividade, traduzindo-se também na
revitalização do sistema mutualista de apoio ao desemprego
involuntário, à velhice e à doença. A robustez deste sistema e da
condição psíquica dos activos pode ser ainda mais reforçada, pelo
programa de ocupação total dos desempregados, afectados aos
serviços do Estado, no domínio da conservação do património
comum natural, construído e histórico, ou em serviços deficitários,
ou para necessidades temporárias de serviço de obra pública, uma
vez que é lícita a contrapartida pela prestação social auferida, bem
como a necessidade de incentivar a prossecução do desígnio
nacional, envolvendo todos nas tarefas que escolhermos
empreender, para o desenvolvimento dos locais onde residimos.
Acreditamos ser possível que os cidadãos se interessem, mediante
as suas disponibilidades, em prestar serviço comunitário,
trabalhando no melhoramento das regiões onde residem, sobretudo
quando beneficiários de subsídios do Estado.
Defendemos que o processo organizativo do trabalho deve concertar
os representantes das entidades gestoras, os representantes dos
trabalhadores e os representantes dos consumidores/ clientes e dos
fornecedores, de modo a vencerem-se egoísmos e a visar o
essencial, que é a imparcialidade e o altruísmo para a melhoria
civilizacional, começando-se por satisfazer a justa reivindicação de
todos, que não prejudique os interesses lícitos de cada um.
Apesar de os representantes associativos e institucionais se
dedicarem à política, por cuidarem dos assuntos sociais dos grupos
restritos representados, devem pautar a sua actuação pelo espírito de
concertação, em diálogo com os parceiros da cooperação e distantes
dos modelos arcaicos de “esquerda” ou “direita” do espectro
partidário. Acreditamos ser possível atingir um estado de altruísmo
correspondido, com minimização de conflitos de interesses, por
uma maior aproximação das cadeias de fornecedores e clientes,
presentes em todas as relações sociais.
Mais ainda, por acreditarmos que o mecanismo negocial das greves
foi criado em condições extremas de luta de classes, contra a
mentalidade ditatorial primitiva de domínio social, em tempos de
domínio das mentes egoístas gananciosas, queremos que o actual
clima de concertação social seja transformado num clima de
reivindicação jurídico-legal nas instâncias do tribunal de trabalho. A
greve é um direito de uns (trabalhadores em conflito) que atenta
contra o direito de outros (clientes servidos) e portanto, no âmbito
da liberdade responsável e do espírito democrático de respeito pelo
interesse comum, ou seja pelo não prejuízo ilícito de terceiros,
propomos que os trabalhadores, ou seus representantes nas
empresas, devem encaminhar as suas discórdias para os tribunais de
trabalho, onde funcionarão juízes de paz, que julgarão os processos
colectivos ou individuais de reivindicação ou conflito, sob a decisão
de um jurado, constituído por representantes dos consumidores, dos
sindicatos e das entidades patronais. Trata-se da missão de
concertação social dos tribunais.
Este significado tem maior compleição na postura de missão e
representação das empresas, junto dos seus clientes, os quais são o
real sustento e o garante da continuidade das organizações. Toda a
propriedade da empresa foi constituída com o dinheiro dos clientes
(primeiros accionistas) e com o trabalho dos seus funcionários
(primeiros prestadores), pelo que são os bens mais importantes de
uma organização. No entanto, isto não confere direitos de
apropriação aos trabalhadores, uma vez que estes estão sujeitos ao
pagamento dos clientes, aplicando-se esta verdade em todas as
instituições, quer privadas, quer públicas. Portanto, quer
empregados/ funcionários das empresas/ instituições, quer
empregadores/ gerentes, são meros colaboradores, interessados
numa mesma organização e numa mesma missão de serviço a
clientes, que são a sua base de sustento económico.
No preceito de que a social -democracia estipula um sistema de
governo das sociedades, com desconcentração de Poderes e
consequente regulação, participada por todos os elementos
contributivos dessas sociedades, as empresas devem também ser
participadas pelos accionistas primordiais (os clientes), pelos
trabalhadores subordinados, pelos seus gerentes/ administradores e
pelos accionistas secundários (primeiros promotores e financiadores
do investimento empresarial inicial).
Logo, as situações de falência dos projectos empresariais
representam o mau contributo de qualquer um daqueles elementos
da relação empresarial, pelo que a sociedade empresa deve saneá-
los e encontrar os seus substitutos, prevendo a partilha da gestão por
todos quantos assegurem um bom contributo, para a sua boa
manutenção e continuação de serviço.
Ainda, nesta linha de pensamento, torna-se necessário garantir a
efectiva sustentabilidade das empresas e a adequação dos seus
quadros responsáveis; importa criar mecanismos de solvência
sincronizados com a tesouraria. Portanto, as situações de dívida,
quer da empresa para com os seus fornecedores, quer dos clientes
para com esta, são situações de maus contributos sociais. No
primeiro caso, deve originar substituição dos maus desempenhos e
afastamento dos gerentes administradores; no segundo caso, deve
prever-se a cobrança das dívidas pelo método indirecto da afectação
das receitas dos devedores aos respectivos credores, com os quais o
cliente esteja em dívida. Nomeadamente, qualquer devolução de
impostos às pessoas devedoras deve ser alienada aos seus credores,
com os quais estejam em dívida de pagamentos.
Para esta efectivação, os reclamantes de pagamento de dívidas, mal
seja decorrido o prazo de liquidação das facturas, devem enviar a
prova da facturação aos serviços de Finanças da área sede das
empresas devedoras, para que seja afixado edital de reclamação de
pagamento da dívida nos serviços comerciais destas empresas, com
obrigatoriedade de os clientes das mesmas efectuarem os
pagamentos de serviços nas Finanças, até que as dívidas sejam todas
saldadas e entregues aos seus credores. Estas disposições de
liquidação de dívidas devem aplicar-se também a particulares e ao
Estado; neste caso, deve aplicar-se adicionalmente o método de
encontro de contas entre saldo de impostos e saldo de dívida do
Estado a cada credor/ empresa. Fica garantida a democraticidade,
por meio da regulação actual dos fluxos de tesouraria, na
compensação comunitária dos débitos.
A tributação sobre o rendimento empresarial e sobre o consumo não
deve ultrapassar limites, que sejam a causa considerável da
formação dos preços ao consumidor, pois que este é o destinatário
da produção das empresas, mas a tributação sobre os lucros deve ser
uma medida de protecção do consumidor, para evitar a especulação
dos preços. A tributação tem de ser igual para todas as actividades,
porquanto é uma incidência percentual sobre o rendimento
disponível para as pessoas, para não provocar proteccionismos, nem
violação das regras concorrenciais, nem diferentes graus de sucesso
pessoal ou empresarial.
Com isto, defendemos a eliminação das múltiplas tributações ao
consumidor final, por ser este que paga todos os encargos que o
Estado dita. Propomos, ainda, que o Estado desista de aplicar taxas
de utilização dos serviços públicos, mal apelidadas de moderadoras,
pois são verdadeiras cobranças de preços de recepção dos
utilizadores, o que não tem qualquer sentido, a não ser o de
constituir uma medida desesperada de financiamento do despesismo
e descontrolo económico do Estado. Pugnamos mais pela
transferência de verbas, redução da despesa salarial e de
funcionamento, redução dos benefícios de representação e
equipamento das instituições, etc. De todo o modo, é uma matéria
essencial a ser referendada pelos cidadãos, pois que são estes, em
primeiro lugar, que devem determinar o que fazer ao dinheiro que
entregam ao Estado, ou seja que vencimentos pagar aos
funcionários públicos e que níveis de despesa os dignitários
políticos podem fazer.
Desde que organizadas as relações comerciais internas, segundo o
modelo organizacional de encontro de necessidades entre
fornecedores e clientes, transferiremos esta atitude para o mercado
externo, diminuindo pontos de conflito e promovendo
entendimentos possíveis entre países dominadores e países
dominados. As nossas trocas comerciais externas devem basear-se
em projectos de cooperação com os países lusófonos, em primeiro
lugar para complementar no suprimento das carências e originar um
programa de desenvolvimento comum, assente na utilização
comunitária dos recursos existentes entre os países interessados;
Portugal, sendo um país pequeno, sem peso negocial, só pode ser
grande, juntando esforços aos outros países pequenos, de modo a
obtermos posição negocial conjunta, de fuga à ditadura comercial
dos grandes grupos económicos e dos países dominadores.
Com esta base, podemos actuar em grupo para expandir as trocas
comerciais aos países asiáticos, africanos e árabes, onde a cultura
portuguesa deixou referenciais históricos, e onde a problemática do
sub -desenvolvimento ainda é equacionada pela marginalização, a
que são votados pela comunidade internacional e pela fraca
dimensão da solidariedade cooperativa mundial.
A nossa abertura ao investimento internacional não deve
comprometer a nossa integridade de recursos, nem deve deixar-nos
em posição negocial enfraquecida, por aproveitamento das nossas
necessidades de criação de emprego, no seguimento das estratégias
empresariais multi-nacionais de exploração de oportunidades
avulsas. Qualquer investimento externo, no nosso território, deve
coadunar-se com o nosso plano e objectivos próprios de
desenvolvimento regional, para não andarmos permanentemente
ziguezagueantes ao sabor das iniciativas dos investidores, que não
nos conduzem a nada, a não ser à satisfação de interesses
particulares, que não são os nossos!
Para tanto, os investidores externos terão as mesmas vantagens
concedidas aos investidores nacionais, quer sejam de pequena ou
grande dimensão, ao abrigo dos nossos princípios de igualdade de
acesso e oportunidades. Não nos interessa ser um local transitório
de hospedagem de interesses exploradores das empresas multi-
nacionais, mas interessa-nos colaborar com todos os investidores,
que queiram apostar nos nossos projectos e nas nossas capacidades
de esforço, para desenvolvermos a realidade sócio-económica do
País.
Em concreto, em vez de estarmos permanentemente a conceder
explorações dos nossos recursos a investidores estrangeiros,
devemos esforçar-nos por adquirir a tecnologia que nos permita
sermos nós a fazê-lo, tornando-nos mais activos na exploração mais
proveitosa das nossas riquezas naturais.
Esta parece-nos a melhor via para o País de dependência das
importações, que somos, mas com necessidade de elevar as
remunerações mais baixas. Propomos o estabelecimento de quotas
flexíveis de importação de produtos, que desenvolverá o sector
produtivo nacional e estimulará o consumo de bens nacionais, mas
regulará os preços, no contexto das medidas de excepção
comunitárias. A longo prazo, a menor dependência externa
originará maior colocação no mercado externo, por aumento da
viabilidade e eficiência produtiva portuguesa, em estratégia
cooperante com a comunidade lusófona. Com isto, atalhamos a
pressão da concorrência do mercado externo sobre os mercados de
pequena dimensão, como o nosso, que têm inviabilizado as
iniciativas empresariais nacionais de menor dimensão, ao virem
concorrer no nosso mercado, com vantagem de alargamento de
oportunidades.
Queremos empresas que ajudem Portugal e não queremos o País a
ajudar as empresas, na sua estratégia de exploração oportunista do
mercado global. As posições internacionais adquirem-se com
personalidade, segurança nas determinações, intransigência na
nobreza dos ideais e carácter das escolhas, concorrentes com o
nosso sentido de justiça e humanismo, para o reforço da nossa
cultura.

g) FINANÇAS PÚBLICAS, FINANCIAMENTO E MOEDA:

A política social-democrata visa fortalecer economicamente, por


igual, todos os contribuintes e consumidores, por serem a base de
sustento de toda a sociedade, e de modo que o Estado viva apenas
com o remanescente das economias privadas, empenhando-se
continuadamente na rentabilidade das empresas e na capacidade
económica dos consumidores. Promovemos a solidez financeira das
bases produtivas da sociedade, para que as instituições, não
produtivas de riqueza directa, possam consolidar permanentemente
a sua viabilidade financeira.
É neste sector, do papel de gestão institucional do Estado, que se faz
sentir mais a injustiça e os desequilíbrios sociais, produzidos pela
velha mentalidade de sustento, à custa da subtracção forçada das
primeiras mais valias do cidadão, à imagem dos modelos medievais
feudais. Pressupondo-se, agora, que existe para poder realizar
melhor a acção social do próprio Estado, e face ao nível actual de
tributação, a que estamos condenados, por força da lógica errada
dos Poderes públicos e privados, propomos que qualquer alteração
de princípios e níveis de tributação estejam condicionados às
cedências que todos terão de fazer, para amortecer o impacto da
alteração no sistema económico e social. Portanto, as reduções de
impostos têm de acompanhar-se da elevação do salário mínimo e/
ou redução dos preços, porquanto a missão social caberá também às
empresas. Em sociedades altamente injustas, como a nossa, o
Estado tem de impor elevados níveis de impostos, em teoria, para
poder fazer uma melhor redistribuição de riqueza. Isto implica, por
exemplo, que só deve reduzir a carga fiscal sobre as empresas, se os
agentes sociais privados a substituírem por benefícios directos aos
seus colaboradores e clientes, na justa medida dos acordos de
regime.
Numa fase transitória para a democracia efectiva, em que a
mentalidade altruísta prevalecerá, cabe ao Estado assegurar a
correcta redistribuição da riqueza nacional gerada, atribuindo-a
equitativamente ao esforço de cada cidadão, corrigindo as acções
especulativas e oportunistas das entidades e pessoas, que
permanecem ainda encerradas no autismo da cultura de Poder,
vertidas na ganância da acumulação de riqueza; compete ao Estado
combater os resquícios da mentalidade ditatorial medieval, refinada
da cultura romana, que assentava na defesa de interesses das
desigualdades sociais e onde se representavam apenas os senhores
do sistema, detentores de Poder esclavagista.
O sistema fiscal não pode estar obcecado com a colecta, nem pode
ser desenvolvido para subtrair receitas dos cidadãos, transferindo-as
para o aumento de encargos administrativos do Estado, sob pena de
constituir-se um organismo senhorial esclavagista dos cidadãos,
vertido nos princípios do parasitismo ditatorial. Ao contrário, as
finanças devem cuidar de distribuir a receita da colecta, que os
cidadãos determinarem justa, em função dos momentos económicos
que atravessarmos, pelos encargos possíveis, custeando despesas de
prestação de serviço em primeiro lugar. O remanescente ficará para
os programas de investimento; será tanto maior quanto mais
racional for a orgânica e o funcionamento do aparelho
administrativo do Estado. Apostaremos pois na racionalização de
pessoal e aumento de produtividade. Portanto, é o Estado que tem
de ajustar -se à disponibilidade dos cidadãos e não o contrário.
O Estado deve viver com sobriedade e custos reduzidos, para
afectar a receita ao aumento significativo do bem-estar social dos
concidadãos, que o sustentam; não se admite que o esforço
financeiro dos portugueses se converta em aumento de despesa das
instituições, nomeadamente em massa salarial, despesas de
funcionamento e formação de privilégios, dado não ser admissível
que o funcionalismo público tenha padrões de conforto superiores
aos das camadas mais baixas da população trabalhadora servida.
Assim, temos criado o estímulo social-democrata, para que os
políticos e demais servidores públicos tenham especial interesse em
melhorar o nível de vida da população trabalhadora, mais
carenciada.
Os próprios organismos do Estado não podem exigir colecta para se
pagarem a si mesmos, a níveis de ostentação e privilégios superiores
aos dos concidadãos que os sustentam. Não faz sentido, no plano da
social-democracia, que os dirigentes governativos imponham aos
seus pagadores (cidadãos contribuintes) o quanto querem auferir e o
quanto querem afectar à despesa, serviços e investimento públicos.
Também não faz sentido, ao abrigo da lógica democrática natural,
que os servidores do Estado (políticos e demais funcionários
públicos) imponham aos seus servidos o quanto estes devem auferir
pelo seu trabalho; o papel dos primeiros é apenas o de conselheiros
eleitos e contratados. Sobretudo, estas são matérias capitais de
justiça social, claramente referendáveis pela população, ou pela via
associativa dos representantes em concertação social.
Em resultado, a política das finanças públicas fica balizada pelas
condições definidas pela matéria referendada. Assim, os cidadãos
terão o País que quiserem e todos assumirão as suas
responsabilidades colectivas no sucesso de Portugal, tendo maior
motivação e empenho de participação nos desígnios acordados por
todos; as pessoas aproximam-se da política, por sentirem que
participam decisivamente nela e que podem confiar nos eleitos e na
sua capacidade de juízo justo, alheados da cultura de Poder e
autoridade unilateral.
Desta forma, a fiscalização económica e fiscal poderá sair
reforçada, com licitude total, para obrigar os cidadãos ao
cumprimento das responsabilidades que aceitaram, sem lugar para
entendimentos de perseguição autoritária e extorsionária, pelas
instituições estatais.
Os portugueses devem contribuir com o que puderem e com aquilo
que deixarem participar, na medida da abertura que os dirigentes
fizerem à mentalidade democrática e à afirmação social de todos,
com partilha de responsabilidades e abandono de Poderes. Portugal
fará melhor aquilo em que todos estivermos comprometidos e
interessados, ao abrigo do enriquecimento cultural dos comandos,
catalizador do empenho das capacidades de todos, conscientes da
sua importância e do correcto exercício das suas responsabilidades e
liberdade respeitadora.
No plano das contribuições financeiras dos portugueses para o
esforço nacional comum, devemos caminhar para o imposto único
sobre o rendimento global de cada um, abolindo-se todos os outros
impostos sobre o consumo e outros indirectos, que não são mais do
que tributação oportunista e sobrecarga para o consumidor final,
que pagará sempre todos os encargos do descontrolo de gestão das
instituições. De facto, a diversificação de impostos favorece a
acumulação de riqueza e sacrifica o consumidor final dos serviços,
condenando-o a uma vida penosa e miserável, de tal modo que a sua
pobreza faz a riqueza daqueles que dizem servi-lo. No actual
contexto, só o Estado e as grandes empresas têm uma posição
dominante e ditatorial sobre os concidadãos explorados, apesar de,
ironicamente, dependerem economicamente, em absoluto, destes.
Defendemos também que haja apenas uma entidade com capacidade
de cobrança de Impostos, para simplificar contactos locais com o
contribuinte.
Como forma de atender ao atraso de mentalidades actual e às
práticas lesivas dos consumidores, a tributação sobre o consumo dos
bens e serviços de luxo será uma forma de corrigir injustiças
sociais, enquanto permanecerem; para tal, temos de definir os bens
e serviços que são indispensáveis para uma vida activa, inclusiva e
participativa nos requisitos do progresso tecnológico, conducente ao
direito de participação plena no conforto e sucesso social dignos.
Ao abrigo de a tributação ser um factor correctivo das injustiças
sociais, e em nome dos valores justos, deve garantir-se rendimento
mínimo ao trabalhador e, em especial, às famílias, pelo que o
Estado só deve tributar o rendimento do trabalho para rendimentos
familiares anuais líquidos (descontando dos valores totais auferidos
ou facturados as despesas contributivas para a formação do
rendimento – aquisição de viaturas e instalações indispensáveis,
aquisição de materiais e ferramentas, despesas de transporte e de
instalação, despesas de economato e comunicações e despesas com
colaboradores, assessorias e formação), “per capita”, superiores a
dez salários mínimos (quinze salários mínimos para rendimentos
líquidos de solteiros, que habitem vivendo sós). Todos os subsídios,
prémios e complementos salariais recebidos, são englobados na
contabilização do rendimento total. É aqui que deve residir o
verdadeiro sentido da estipulação do valor do rendimento mínimo
nacional.
Os benefícios fiscais devem ser iguais para todos e a matéria
colectável deve ser apenas o líquido do rendimento, deduzido das
despesas que os trabalhadores e empresas façam necessária e
exclusivamente, para obter o seu rendimento, isto é, as despesas que
são feitas, a encargo próprio, por termos de trabalhar, que são as de
aquisição, encargos e uso de transporte ao local de trabalho (os
custos associados ao transporte particular são deduzidos da colecta,
apenas se não houverem transportes colectivos, ligando a habitação
ao local de trabalho, nos horários exigidos), guarda dos
descendentes, aquisição de hábitos, materiais e ferramentas de
trabalho, aquisição de instalações e equipamentos de produção,
aquisição de bens e serviços para a actividade/produção e despesas
de formação profissional.
Qualquer subvenção ou subsídio estatal às actividades empresariais
deve ter sempre a contrapartida da redução dos custos de aquisição
dos bens e serviços, por parte do cidadão consumidor, que é cliente
das empresas subsidiadas, evitando-se o duplo pagamento pelos
serviços prestados ou bens comercializados e consumidos. De todo
o modo, os subsídios às empresas devem ser transformados
gradualmente em empréstimos de prazo variável, sem juros,
disponível para todos os que apresentem projectos viáveis de
investimento produtivo e de satisfação de necessidades prementes;
entretanto, enquanto existirem concessões de subsídios na actual
modalidade, devem ser geridos pelo ministério das Finanças, que se
encarregará de fornecer os bens e serviços elegíveis em cada
projecto, contratando a entrega aos respectivos promotores
empresários, por contacto com prestadores locais, próximos da sede
das empresas concorrentes à atribuição dos subsídios. Assim, o
Estado zelará pela correcção da aplicação dos fundos, conseguindo
melhor posição negocial sobre os preços de fornecimento e
permitindo maior realização com menos verbas.
As subvenções às associações, justificadas pelo seu interesse
nacional social público inicial, devem ser suspensas nos casos em
que se provem irregularidades, até determinar causas e apurar
responsáveis e ressarcimento de prejuízos. No plano do
financiamento aos Partidos, tendo como limite o juízo sobre o papel
das suas prestações, torna-se imprescindível a perda das
subvenções, nos casos provados de prejuízo para a sociedade,
devido a má conduta dos seus agentes e militantes. Assim, os
Partidos, tal como qualquer associação de interesse nacional social
público, só terão apoio económico do Estado enquanto forem úteis
aos cidadãos e enquanto prosseguirem com o alcance do Bem
comum, na observação das melhores regras éticas.
Ainda, devem criar-se dispositivos aliciantes e fomentadores da
redistribuição das mais valias anuais das empresas pelos seus
clientes, penalizando as empresas que apostarem na ostentação de
riqueza e património. Estas regras aplicar-se-ão ao próprio Estado,
como forma de não chocar nem afrontar o esforço do cidadão, que
tributa para pagar um bem ou serviço. As instituições não podem
viver para si mesmas, mas sim devem viver sobriamente para servir
os cidadãos consumidores.
No entanto, as instituições, directamente não realizadoras de
riqueza, têm um contributo importante na isenção, dedicação,
solicitude que dedicam aos apoios prestáveis no campo da
assistência social, da educação, da resolução dos conflitos, da
administração, etc.
O investimento público só pode ser efectuado na infra -estruturação
e projectos sociais, potenciadores da atracção do investimento
privado e do bem-estar das pessoas, podendo ocorrer em simultâneo
nos projectos de interesse nacional, com compensação dos
consumidores na sua utilização, dado que o cidadão contribuinte é
um co-financiador desses projectos. Assim, os privados serão o
motor das realizações empreendedoras, devidamente
supervisionadas pelo papel de regulação e defesa dos cidadãos e do
Bem comum. De que nos adianta ter um País de grandes realizações
arquitectónicas e grandes negócios especulativos, se condenarmos
as sucessivas gerações do grosso das pessoas à infelicidade e ao
sentimento de revolta contido, que as deixa resignadas à atitude de
diminuição da sua produtividade e ao atrito relacional nas famílias,
com inequívoca debilidade da saúde das pessoas?
Para que o nível de investimento do Estado não coloque em risco as
funções sociais de cuidado da integridade dos indivíduos, nem a sua
preparação para a cidadania activa, há que estabelecer prioridades
de execução orçamental. Em primeiro lugar, vem o investimento na
saúde e suporte de sobrevivência, seguido pela segurança social e
judicial, em interdisciplinaridade com o controlo habitacional e
ambiental do território, seguido pela educação e defesa do direito de
consumo e segurança da cidadania. O remanescente dos impostos
destina-se em primeiro lugar a custear a administração do Estado e,
finalmente, a planear e infra -estruturar o território com modelos e
meios de desenvolvimento civilizacional, que catalizem e
disciplinem o investimento privado.
As transferências financeiras para as autarquias far-se-ão
diferenciadamente pelos municípios, em função do número de
habitantes e do nível de desenvolvimento, para garantir iguais níveis
de progresso regional, mas também para ter em conta o mesmo
rácio individual de assistência social municipal, já que o projecto
social-democrata envolve a participação de todas as regiões, com as
suas diversidades, para a formação de conforto e progresso
sustentado nacional, numa óptica de inclusão de todos quantos
queiram participar no esforço. Adicionalmente, o investimento
nacional deve ser canalizado prioritariamente para as regiões
deprimidas, de modo a desaparecerem as assimetrias de
desenvolvimento e a prepararmos o País para o futuro
desaparecimento da actual faixa costeira e de todo o património
construído nesta orla. Não nos interessa investir o pouco que temos,
apenas num local, para rivalizarmos com a melhor moda vista lá
fora, se isso significar a miséria do resto do País; é tempo de
vivermos para todos nós, enquanto povo e tipo cultural, e não para
nos mostrarmos aos outros!
A variedade de taxas e impostos municipais deve desaparecer
progressivamente, sendo substituída pela colecta derivada dos
alugueres de terreno público, onde os cidadãos queiram implantar
os seus imóveis ou actividades, pois que se tem votado a
propriedade pública ao abandono e à impossibilidade da usufruição
colectiva desses terrenos. Igualmente, o rendimento municipal pode
ser proveniente dos serviços empresariais cooperativos, prestados
pela venda aprovada de bens naturais, extraídos do território público
(bens florestais, geológicos, etc.), ou pela venda de produtos de
primeira necessidade aos munícipes.
Actualmente, temos o contra-senso de os proprietários terem de
pagar verdadeiros alugueres pelas suas propriedades, como são o
IMI e outras taxas. Também temos taxas de estacionamento e taxas
de visita (museus estatais) ou de utilização do que é património
público, ou seja de todos, enquanto individualizados ou englobados
no conjunto dos cidadãos nacionais. Não devemos pagar pelo que é
nosso, sobretudo quando lhe acedemos sem qualquer prestação de
serviço, a não ser o de obrigação de colecta a troco de usufruição do
que existe naturalmente ou foi constituído como património
colectivo, tendo sido já pago para o efeito da sua existência. Dado
que alguém possa prestar um serviço, por exemplo de guarda das
viaturas, como já fazem algumas associações desportivas, durante
os tempos de estacionamento de viaturas, então já se torna lícito a
cobrança de taxas de estacionamento por serviço de guarda.
Enquanto aceitarmos que um País é propriedade de um certo povo,
apenas os estrangeiros devem pagar para usar ou visitar o
património público desse País, enquanto não contribuíram para a
sua constituição e manutenção, em sede de colecta antecipada de
impostos.
A orientação da política monetária deve fornecer condicionantes
para o crédito bancário e para a actividade seguradora, para que a
defesa do consumo se efective e para que as necessidades nacionais
sejam acauteladas, nomeadamente ao nível do controlo do
endividamento externo e ao nível do financiamento das actividades
e investimento estatal, recorrendo-se à melhoria dos processos de re
- financiamento do Banco de Portugal, em articulação com o banco
central europeu, por exigência contornável da união política e
monetária.
A criação monetária, proporcionada pelo sistema de crédito, deve
ser regulada pelo Banco de Portugal, de modo a controlar as
tendências especulativas no consumo, quer por desenvolvimento da
livre concorrência, quer por retirada dos privilégios fiscais à Banca.
Os bancos deixaram de ser instrumentos vantajosos para o benefício
do cidadão consumidor, já que transformaram a necessidade do
Estado de garantir melhores condições de aquisição de
financiamento às actividades públicas, em aumento dos proveitos
particulares dos accionistas dos bancos, que têm enriquecido o
património e activos destas instituições, a níveis de posição de
participação privilegiada no controlo de sectores económicos
inteiros, o que contraria os princípios da social-democracia.
As pressões dos Meios financeiros, agora sentidas ao nível do
Banco central europeu, não devem ser aceites pelo banco de
Portugal, que deve estar ao serviço das directivas políticas
nacionais, de respeito pela identidade e propósitos nacionais do
plano de desenvolvimento económico de todos os portugueses.
Torna-se fundamental que as entidades bancárias deixem de
controlar, em posição dominante, as empresas participadas, não
podendo concentrar recursos financeiros nestas, numa estratégia de
investimento concertado dos próprios bancos, pelo menos enquanto
a mentalidade de rentabilização desmedida de capitais for apenas o
único propósito da Banca, e ainda não puder ser a de serviço, na
justa satisfação das necessidades dos seus clientes, primeiros donos
de tudo quanto é sacado para os bancos. A social-democracia não
compactua com as actividades de acumulação de riqueza, base da
consequente formação de poder ditatorial.
Relativamente à captação e transferência de poupanças para o sector
produtivo nacional, interessa que a actividade bolsista seja
independente dos interesses egoístas dos grupos económicos, e
contrarie as aquisições de concentração de participações, com
tentativas de diminuição da concorrência. As aquisições de títulos
devem servir apenas à transferência de capital financiador para as
empresas rentáveis, e não para as políticas de fusão de concorrentes,
nem para as políticas de controlo das decisões empresariais, nem
para as políticas de fortalecimento do Poder económico de grupos e
pessoas restritas da sociedade, sempre apoiados pelos meios da
acumulação de riqueza. Assim, para cumprir os primados da social-
democracia, devemos facilitar a participação bolsista a todos os
cidadãos, representados pelo Estado, na posição mais vantajosa de
representação preponderante e eficaz dos interesses dos cidadãos. O
Estado deve procurar ser sempre o primeiro accionista das
empresas, na sua missão de representação dos interesses dos
cidadãos consumidores.
A actividade seguradora mobiliza poupanças e deve ser extensível a
qualquer plano de segurança social. O cidadão deve poder optar
pela adesão aos planos estatais ou privados de capitalização de
poupança e apoio social, na forma mista complementar cumulativa,
no sentido do estímulo da concorrência e eliminação das posições
ditatoriais. Em si mesmos, estes planos não podem ter carácter
obrigatório, para respeito da democraticidade social, em que o
direito de opção e livre escolha é verificado.
Todas as demais obrigações são pressões para forçar o cidadão a
cumprir os interesses particulares de grupos restritos da sociedade.
No entanto, quem não participa, podendo, do esforço financeiro
colectivo, nomeadamente por desconto para o sistema de segurança
social, não pode ter acesso aos serviços sociais de protecção sem
encargos adicionais. Para estes aplicar-se-ão as taxas de utilização
dos serviços públicos; democracia implica livre opção e consciência
das responsabilidades nas consequências naturais lícitas.
Para o efeito, torna-se mais favorável a criação de uma re
-seguradora nacional, participada pelo Estado (cidadãos) e por
entidades privadas seguradoras, como forma de aumentar o controlo
e independência das decisões nacionais, acautelando-se o interesse
do consumidor e a viabilidade da própria segurança social, na forma
de constituição de capitais mistos com posição de controlo sobre o
défice da balança comercial. Assim, efectiva-se uma melhor
fiscalização do movimento de capitais, por intermédio da acção do
Instituto de seguros.
A gestão orçamental deve introduzir um novo princípio de
equilíbrio financeiro, de modo a evitar as derrapagens orçamentais e
os défices anuais; propomos que se institucionalize a regra, de
afectar quinze por cento das verbas do orçamento geral de Estado à
execução no último mês do ano orçamental, para fazer face apenas
aos imprevistos orçamentais. As verbas sobrantes desta quantidade
afectar-se-ão à liquidação da dívida pública externa. Quando
eliminarmos a dívida pública, basta-nos afectar apenas cinco por
cento das verbas do orçamento geral do Estado à execução no final
do prazo de gestão. É uma forma de resolver séria e
progressivamente o nosso endividamento crónico.
Também se torna igualmente necessário que as entidades públicas
discriminem todas as despesas efectuadas, contra cópia das facturas,
onde deve ser referido nominalmente todo o artigo adquirido. A
rubrica “Diversos” dos relatórios de contas deve ser abolida.
Qualquer oferta pessoal, em nome das instituições, deve ser
eliminada. Qualquer funcionário, político, gestor, dirigente ou não,
pode oferecer o que entender, desde que seja apenas com verbas do
seu salário. As ofertas das instituições são feitas apenas para outras
instituições, a não ser que tenha havido autorização dos
contribuintes para ser efectivada a pessoas. Em qualquer caso, todas
as ofertas ficam devidamente registadas e discriminadas, para
consulta no relatório de contas das instituições, eventual análise e
julgamento dos responsáveis pela decisão de oferecer.
No sentido da preservação e guarda do património financeiro
público nacional, o gestor público não pode aliená-lo, sob qualquer
pretexto, tendo que obter o consentimento do povo português, pelo
que, no imediato, pode apenas aplicá-lo em estratégias de
rentabilização de capitais, de baixo a médio risco; fica assim
impedida a prática abusiva da confiança, traduzida na venda de
capitais, com alienação de bens, que os inconscientes e traidores
perpetram, com a venda das reservas nacionais de ouro, que apenas
custaram a armazenar aos portugueses miseráveis e de vidas
sofridas, permanentemente exploradas pelo seu próprio Estado!
Também defendemos que o restante património público nacional
não deve ser alienado a explorações de organismos empresariais,
por períodos superiores ao da duração do mandato governativo, em
que se produz a alienação, seja na forma de contratos de exploração,
ou de concessão, ou de parceria pública – privada, etc.
O tribunal de contas deve autorizar previamente as contratações
para os gabinetes ministeriais e governamentais, ou todas aquelas
que não sejam previstas na tabela remuneratória ordinária do
funcionalismo público, dando conhecimento público das
autorizações e remunerações autorizadas, via relatório mensal aos
órgãos de comunicação social.
Assim, os cidadãos controlarão melhor a continuidade dos governos
e das políticas; caso sejam apurados ilícitos fiscais governamentais,
ou contraditórios dos programas eleitorais sufragados, é dever do
tribunal de contas solicitar pareceres aos tribunais específicos, no
sentido de averiguar se há matéria, de facto, para interpor acção
contra os agentes governativos. Os julgamentos far-se-ão
obrigatoriamente com a presença de júri, composto por cidadãos
com elevado sentido de cidadania e justiça.

h) ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DIRECTIVAS DE


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

No pressuposto de que o Estado deve assegurar as prestações de


serviço social, ou na sua impossibilidade, deve ser o primeiro
representante dos cidadãos, na relação com o sector privado da
economia, intermediando todos os contratos de prestação de
serviços privados, de que os cidadãos necessitem, de modo a
garantir maior vantagem negocial e melhor qualidade das
prestações, logo preços mais justos, torna-se fundamental destrinçar
o papel do funcionalismo público, na defesa do interesse comum e
na prossecução dos desígnios nacionais. Só assim temos um Estado
ao serviço dos portugueses e dos seus interesses legítimos, para
garantir a coesão social, baseada no empenho agradado de todos e
na correcta regulação das relações inter-cívicas, que são mediadas
pelas instituições denominadas ministeriais, justamente interessadas
no funcionamento modelar da sociedade.
Por outro lado, a acção estatal não pode ser a causa dos problemas
sócio-económicos do cidadão, pelo que tem de racionalizar
serviços, viver sobriamente e ser destituído de confortos e
privilégios, suplementares aos dos cidadãos profissionais activos de
menor condição económica.
Portanto, preconizamos a reorganização eficiente das instituições
ministeriais e a simplificação dos controlos, por eliminação de
sobreposição de entidades com competências nas mesmas áreas de
actuação, confinando a supervisão local dos assuntos a uma só
entidade ministerial. Toda a necessária troca de informação inter-
departamental será processada pela interligação segura intranet dos
serviços estatais.
Propomos a manutenção dos ministérios e sua renomeação:
-Justiça e investigação criminal.
(secretarias da justiça e da polícia judicial)
-Saúde, segurança alimentar e qualidade habitacional humana.
(secretarias da saúde, do controlo alimentar e do controlo dos
materiais)
-Mutualidade e solidariedade social.
(secretarias da contribuição mutualista e da solidariedade –
institutos da família, da criança e jovens e dos idosos)
-Defesa territorial e segurança pública.
(secretarias da defesa, dos serviços secretos e das polícias de
segurança)
-Administração, regulação interna e fiscalização.
(secretarias da gestão dos recursos humanos, da fiscalização
administrativa e do pessoal e da coordenação orgânica regional e
autárquica – CCDR’s)
-Assuntos externos e diplomáticos.
(secretarias da migração e das embaixadas)
-Finanças, recursos e orçamento do Estado.
(secretarias das finanças, da gestão de contratos de fornecimento, da
gestão do património e do orçamento)
-Cultura, ciência e educação.
(secretarias da cultura, do desporto, da comunicação social, da
educação e da ciência – institutos do ensino superior e da
investigação -)
-Regulação do Ordenamento territorial, obras e gestão ambiental.
(secretarias do plano e ordenamento, das obras públicas e do
ambiente – institutos dos recursos terrestres, dos recursos aquáticos
e dos recursos aéreos)
-Regulação da Economia, empresas e trabalho.
(secretarias da economia, das actividades económicas - institutos de
defesa do preço e consumo, de inspecção económica das pescas, da
agricultura, da indústria, do comércio e dos serviços, onde se inclui
a direcção de energia e a direcção de transportes e comunicações - e
do trabalho)
A administração pública é encarregada de realizar quotidianamente
as medidas governamentais e de recolher os resultados da evolução
dos problemas, de modo a executar funções de apoio aos cidadãos,
que a sustentam integralmente. Deve, para isso, observar as regras
legais, nomeadamente informando, sendo imparcial e eficiente no
serviço, cumprindo as directivas válidas e sujeitando-se ao interesse
do cidadão, de modo que a instituição governativa possa corrigir as
medidas legislativas, face à necessidade justa da população servida.
Anualmente, cada serviço afixará publicamente o seu relatório de
contas, nas repartições públicas respectivas, para que os utentes
consultem permanentemente e possam enviar sugestões de
racionalização dos gastos ao ministro, ou queixas ao ministério da
administração e regulação interna, ou à comissão respectiva da
Assembleia da República.
Portanto, concebemos uma administração capaz de uma postura de
gestão das partes comuns, do grande condomínio que é Portugal; os
administradores devem promover apenas o interesse do
condomínio, cuidando da defesa dos direitos dos condóminos,
nomeadamente vigiando a qualidade dos serviços prestados e
controlando os preços. Para tal, deve promover a liberdade de
concorrência em todos os sectores, e assegurar-se de que as
empresas existem para prestar serviços, não para realizar riqueza
própria.
Neste sentido, o Estado deve libertar-se das iniciativas empresariais
não reguladoras ou não concorrenciais, orientando-se
preferencialmente para a fiscalização e regulação das actividades
privadas, de modo a limitar a exploração desenfreada das
necessidades prementes do cidadão. No entanto, esta necessidade de
regulação pode cumprir-se pela participação accionista comum em
empresas privadas, com a missão de zelar pelos interesses de defesa
do consumo. Com isto podemos aligeirar o peso do Estado e torná-
lo mais eficaz na sua missão de defesa do interesse do bem comum,
limitando-se os abusos das parcerias de interesses, entre gestores
políticos e gestores executivos das empresas públicas.
Para tal, deve o Estado anular as posições dominantes de mercado e
introduzir o princípio da redistribuição das mais valias pelos
clientes. Deve exercitar o Instituto de defesa do consumidor, com
vista a garantir a qualidade efectiva dos serviços prestados ao
cidadão, bem como a indexação dos respectivos preços à justa
proporção dos custos de produção desses serviços. Este Instituto
deve organizar um serviço de recepção das queixas do cidadão, para
proceder a averiguações de carácter económico (brigada económica
da actual ASAE) ou de carácter interno (brigada de fiscalização dos
serviços do Estado, a integrar no actual ministério da administração
interna). Deve ainda alertar o cidadão para os prejuízos causados
com a utilização de um bem ou serviço, informando sobre os
prestadores mais justos e sobre os preços mínimos aconselhados,
que viabilizam a sustentabilidade das empresas, mas impondo
limites máximos de lucros, em cada transacção comercial, que
poderão ser flexibilizados, em função da necessidade de
sobrevivência das empresas, face à dimensão do seu negócio e
mercados.
A social-democracia é um estado mental e social que não pactua
com o apoderar das instituições públicas, quer por parte de grupos
económicos locais nascentes, quer por parte dos próprios
tecnocratas e burocratas públicos, que têm sucesso a decidir a
distribuição viciada dos dinheiros públicos. Porque preconizamos a
efectiva independência dos funcionários públicos, aliando-a à
qualidade e imparcialidade do seu desempenho, e porque
defendemos a exclusão dos grupos de pressão de interesses
particulares, bem como dos corporativismos do funcionalismo
público, propomos que os cargos políticos sejam vedados aos
funcionários públicos de carreira. Queremos que os políticos sejam
os representantes do povo efectivamente contribuinte, produtor de
riqueza e primeiro accionista do Estado, logo sejam trabalhadores
do sector privado.
É fundamental que se acabem com os cargos de confiança política,
para que a confiança seja apenas regulada pela avaliação judicial do
desempenho dos funcionários, face a queixas apresentadas pelos
cidadãos utilizadores, ou pelas hierarquias de comando, junto de um
Instituto disciplinador e fiscalizador dos actos públicos, que se deve
acreditar no ministério da administração interna. Os eleitos só
poderão nomear colaboradores, para cargos no âmbito restrito dos
seus gabinetes de trabalho. Todas as comissões técnicas de estudo
serão constituídas nos serviços públicos, para objectivarem um
parecer sob compromissos de honra e responsabilidade ética, com
efeitos judiciais, caso se verifique a sua parcialidade tendenciosa, ao
abrigo dos interesses político - partidários.
Incrementa-se, assim, o papel de fiscalização sobre o próprio
funcionalismo público, regulando-se o cumprimento da carta de
procedimentos internos, que cada serviço do Estado tem de possuir,
onde constem as leis reguladoras específicas, o plano de serviço e
responsabilidades dos funcionários, directivas ministeriais,
processos de acolhimento e resposta às solicitações tipo dos
cidadãos, bem como os registos do tratamento das situações novas
não previstas, indicando os funcionários intervenientes, pessoas
atendidas e resolução efectuada. Assim, baseamos um registo para
avaliação dos funcionários públicos; haverá maior democraticidade
das instituições e maior cumprimento da transparência da actuação
dos serviços, acautelando-se o superior interesse de quem paga os
funcionários, e que são os utentes.
A este propósito, todos os servidores do Estado devem ser avaliados
pelas melhorias que oferecem aos cidadãos servidos e não pelas
melhorias que conseguem para si mesmos. Daqui resulta que as
avaliações dos funcionários públicos devem ser feitas pelos seus
servidos, e em função da capacidade de resolução dos problemas
dos cidadãos que recorrem ao Estado, pelo que as reclamações dos
utentes devem ser tidas em elevada consideração, para o processo
correctivo das avaliações internas do serviço. Assim, diminuem-se
os riscos dos favorecimentos de simpatias e das perseguições
pessoais.
A remuneração do funcionário público, em termos social-
democratas, é apenas uma medida do contributo prestado por cada
um à sociedade, expressa no valor dos empenhos, da quantidade de
energia laboral dispendida e na rentabilidade dos resultados
produzidos, justamente remunerado, sem lugar para discriminação
académica, ou de tempo de serviço, ou de outras características
redutoras da prestação individual, enquanto cidadão servidor dos
outros, seus contribuintes e utilizadores dos serviços. São as
diferenças destes valores, ligadas às diferentes capacidades inatas e
competências de trabalho, bem como à vitalidade de cada um, que
se devem traduzir em diferentes retribuições e salários. Portanto, as
actuais carreiras remuneratórias são absurdas, especulativas e
discriminatórias de estatutos artificiais, não tendo em conta a
evolução individual de cada pessoa, ao longo da sua Vida, nem a
comparação com o produzido pelos demais indivíduos.
Qualquer tributação feita por um funcionário público, em funções
não produtivas de riqueza directa, não é mais que uma devolução do
seu salário aos cidadãos que o pagam, retornando aos cofres do
Estado. Portanto, o sustento dos funcionários públicos, onde se
incluem os políticos gestores do Estado, advém da cobrança de
impostos aos cidadãos do sector privado, implicando que as
remunerações do Estado não podem ser superiores às praticadas no
sector privado empresarial, em nome da sustentabilidade da
economia nacional.
Estes princípios aplicam-se a toda a administração pública, seja
central, regional ou local.
Defendemos a sinergia das políticas entre as decisões locais e as
nacionais, concorrendo para os mesmos desígnios de
desenvolvimento e serviço social. A autonomia traduz-se na
capacidade própria de planificação dos métodos e das acções de
resolução, orçamento e execução, lançamento dos concursos para
contratação de serviços externos, adjudicação e fiscalização de obra,
em função das necessidades sentidas pela população, de modo a
obterem os padrões de desenvolvimento nacionais, por ajuste das
culturas, potencialidades e recursos locais, à sustentabilidade dos
próprios recursos ambientais de cada região.
Autonomia não deve ser sinónimo de independência e isolamento,
mas sim a concretização da participação democrática das
populações locais no esforço nacional, valorizando culturas e
promovendo a correcta utilização dos recursos locais, protegendo-se
assim o nosso património comum e melhorando o seu usufruto e a
sua transmissão para as gerações futuras, de modo a prosseguir com
o nosso Bem comum, e que só é possível quando as vontades
restritas locais dialogam e entendem o parecer nacional político e
técnico mais alargado. Assim, garantimos uma cada vez maior
participação democrática nos processos de decisão. As integrações
no território nacional passam por cumprir a estratégia nacional de
desenvolvimento, e por vencer as assimetrias regionais, pelo que os
planos começam por ser produzidos localmente, sendo adequados
regionalmente e aprovados nacionalmente; portanto, cada freguesia
tem de apresentar plano de desenvolvimento do mandato ao
município. Este apresenta plano conjunto de mandato à comissão
regional, que por sua vez submete um plano integrado de
desenvolvimento regional ao governo. O governo adequa as
propostas ao programa do seu mandato, iniciando o processo de
aprovação e disponibilização de recursos.
Resulta uma concepção mais dinâmica do exercício do Poder,
substituindo este por uma gestão partilhada do território, em que as
Freguesias têm de aglutinar-se em municípios territorialmente mais
alargados, com a mesma identidade cultural, bio -geográfica e
padrão de desenvolvimento. Os municípios assim formados
reúnem-se em áreas metropolitanas de ordenamento regional,
englobando os municípios circum –vizinhos, possuidores das
mesmas características biomáticas e de exploração das mesmas
potencialidades naturais. Os actuais distritos e respectivos governos
civis devem ser fundidos nas actuais regiões plano, que queremos
ver identificadas com as áreas territoriais de fisiografia geo -
climática diferente, simplificando-se a administração territorial e
produzindo uma divisão administrativa mais natural e funcional. As
regiões da Madeira e dos Açores devem adequar os seus estatutos a
esta realidade regional de articulação nacional, de modo a serem
mais solidárias e integradas na unicidade de governação do País,
para poderem partilhar dos mesmos benefícios e revezes nacionais.
A própria sustentabilidade económica da divisão administrativa do
território obriga a uma redefinição da dimensão dos concelhos e
freguesias actuais. Torna-se premente calcular a dimensão mínima,
em termos populacionais e territoriais, para constituir uma freguesia
ou concelho economicamente viáveis, face à exiguidade de recursos
que temos. Assim, dado o aumento da capacidade comunicante
entre territórios, parece-nos apenas possível existirem freguesias
com pelo menos 10 Km2 e 2.500 fogos, independentemente dos
sentimentos bairristas, baseados em sentimentos de isolamento
cultural e segregação racial, que compromete a coesão nacional. Do
mesmo modo, um concelho deve ter, pelo menos, 200Km2 e 25000
fogos. Mais ainda, a criação de novas áreas administrativas pode ser
promovida, desde que as novas porções territoriais consideradas
atinjam e mantenham comprovadamente estes valores mínimos,
bem como se deve promover a inclusão de áreas administrativas
pequenas, umas nas outras, sempre que não tenham verificados os
valores mínimos de dimensão e sustentabilidade. Cumpre-se assim
o princípio da racionalidade dos recursos, nomeadamente a redução
do peso financeiro dos cargos políticos e administrativos,
libertando-se mais economias para o cidadão e para a sua maior
capacidade empreendedora.
Os cidadãos verão o peso do Estado aligeirado, encurtando-se
tempos de decisão.
Em cada instância do exercício de governação, quer seja ao nível
nacional, quer seja ao nível regional, quer seja ao nível municipal e
local, os eleitos devem ter a preocupação de não adoptarem políticas
contraditórias, pelo que o garante da unicidade e concordância de
desígnios daquelas instituições governativas compete aos seus
Presidentes, com a missão de executar os programas sufragados.
Isto quer dizer que os vários ministérios ou os vários pelouros
devem ter uma coordenação eficiente e sempre presente, obrigando-
se ministros e vereadores a aprovarem decisões, com o
conhecimento e consentimento dos representantes máximos das
governações, que têm sempre o direito de veto, pois são os
primeiros responsáveis perante os eleitores, na medida do
cumprimento das linhas programáticas eleitorais.

i) DEFESA NACIONAL E SEGURANÇA PÙBLICA:

As forças armadas têm sido um instrumento activo ou velado da


afirmação dos regimes impostos, acabando por ser o sustento de
muitas ditaduras, pois que manifestam o dever de obediência às
hierarquias e não ao Bem do cidadão contribuinte. Portanto, têm
sido o elemento perverso da co-autoria da repressão e da injustiça
social, pela força do medo. Este desígnio nacional foi contrariado
em Portugal, com a última revolução, em que as forças armadas
reivindicaram para si o papel regulador das políticas, ao serviço do
interesse geral do cidadão, seu primeiro servido.
É uma postura que Portugal deve levar para o mundo!
Objectiva-se o favorecimento da paz preventiva, fortalecendo o
diálogo entre os litigantes, de modo a criar o respeito internacional
pelas necessidades de auto-determinação dos outros povos e pela
consagração da justiça social, que satisfaça o sentimento de
correcção de cada cultura. São os egoísmos que geram as guerras e
é o espírito de acumulação de riqueza que perpetua os conflitos.
A social-democracia contorna tudo isto, por reconhecer o
humanismo e a afirmação de todos os indivíduos e das suas
capacidades, ao serviço da coesão social e do Bem comum, que
nunca ponha em causa a preservação de terceiros e a própria
continuidade da nossa civilização ou espécie.
Reconhecemos que os esforços de pacificação são uma necessidade
civilizacional, para nos prepararmos para a união de esforços contra
as ameaças gravosas que pairam sobre o planeta, traduzidas nos
sinais das alterações bio -climáticas, que poderão afectar
decisivamente a nossa sobrevivência.
Por isso, lutamos urgentemente pelo fim das hostilidades e pelo
estímulo das conversações multilaterais, de modo a promovermos a
justiça na distribuição dos recursos planetários e a aceitarmos que
teremos o desenvolvimento que o planeta permitir, no contexto da
limitação dos recursos disponíveis, que têm de ser distribuídos por
todos.
Queremos incentivar os acordos de utilização de recursos mundiais,
que não menosprezem os povos e obedeçam a contratos de
benefício mútuo, na justa retribuição de contrapartidas e cedências.
Como forma de aumentar as quantidades de recursos disponíveis
precisamos diversificar fontes e disponibilizá-las para todos os
povos, para que não se constituam monopólios, pomos de discórdia
entre os países e desencadeantes de formas de escravização das
sociedades. Isto é o trabalho indirecto para a constituição de bases
de entendimento internacional, maximizando-se os esforços de paz.
Reduzir o esforço de guerra é acentuar os equilíbrios de poderes
dentro de cada país, ou dentro das comunidades internacionais.
Portanto, defendemos a extinção das bases militares estrangeiras e o
vigiar da evolução da situação de conflito internacional, para
baixarmos o nosso limiar de defesa, proporcionalmente à redução
do limiar de ataque de outros países.
As estruturas militares do activo devem ser reduzidas, mas com
reforço da capacidade de mobilização da população e da capacidade
operacional, em termos da colocação de prontidão em qualquer
ponto do território nacional, por ocupação e reactivação de bases
depósito de defesa, conseguindo-se um sistema preventivo para a
manutenção da integridade do nosso território.
A instrução militar, neste contexto, deve ser obrigatória para todos
os cidadãos, por um período curto indispensável, para que saibam
defender-se e funcionar nas referidas bases operacionais, em
situação de diferentes níveis de ataque. Só assim, os países
pequenos conseguem ser mais eficazes, com menor afectação de
recursos permanentes, mas maior disponibilização de recursos
humanos em caso de guerra, por toda a população adulta saber usar
os meios de defesa.
O período de instrução militar deve ser complementado com
prestação de serviços comunitários, orientados para a gestão
territorial pública, em situações de catástrofes ou da sua prevenção,
ou em situações de construção e reconstrução de infra-estruturas.
O estatuto de objector de consciência só será aplicado ao abrigo das
participações em situação de guerra real, pelo que não impede a
instrução militar, o treino operacional e a prestação de serviço
comunitário. Reside aqui o papel do Estado em cuidar de promover
a nossa capacidade de defesa pessoal e de preparar -nos para a vida
activa, ao serviço do esforço nacional.
Na perspectiva de uma verdadeira política de defesa, devemos
salvaguardar um sistema de protecção em relação às novas
tecnologias, nomeadamente espaciais, no âmbito dos serviços de
informação secreta, de modo a monitorizarmos ameaças aos
cidadãos e à integridade nacional; há que desenvolver sistemas de
neutralização das tecnologias de espionagem, baseadas em
interferências electromagnéticas, energias radiantes, ou outras
técnicas agressivas, capazes de projectar feixes de energia sobre os
territórios e originar problemas graves de saúde pública, sobretudo
com efeitos mutagénicos, conducentes à decadência da nossa
espécie.
As tecnologias informáticas de defesa devem ser baseadas na
produção de “software” próprio nacional, desenvolvido na esfera
dos próprios serviços, de modo que se incompatibilize com os
ataques dos piratas informáticos. O serviço de protecção de dados
tem de ser levado a sério, no sentido de proteger as nossas
informações, uma vez que a informatização da sociedade conduz a
um perigo maior do que todas as ameaças humanas; quem produz
programas informáticos para a rede “Internet” e para os sistemas
operativos detém o controlo absoluto sobre a informação mundial,
pois que os criadores programadores de sistemas têm conhecimento
da codificação de protecção dos programas, sendo-lhes
relativamente fácil aceder a eles. O Poder da informatização cavalga
para o auge da constituição da sua maior ameaça!
A primeira linha de defesa é a manutenção da ordem pública, da
coesão social e do espírito de colaboração altruísta de todos os
cidadãos, vigiando-se o cumprimento das regras sociais e
informando sobre o seu teor e justificação.
A atitude das polícias é de utilidade ao cidadão, aconselhando-o e
zelando pela sua integridade e bem-estar, adoptando medidas
preventivas que impeçam os prejuízos públicos da acção de cada
indivíduo ou grupo. A polícia é o garante do cumprimento da lei e
do conjunto das regras obrigatórias, que forem definidas, mas
também é o instrumento de isolamento e captura do cidadão
prevaricador, de modo a ser entregue ao processo de instrução
criminal, à guarda da polícia judicial dos tribunais.
A actual Polícia de Segurança Pública deve ter a missão do
patrulhamento público, enquanto que a actual Guarda Nacional
Republicana deve estar nas missões de calamidade, de tumulto
público e de todos os eventos de desordem pública grave, onde seja
necessário empregar meios bélicos de defesa/ ataque mais
adequados aos actos violentos, tendo que aglutinar todos os corpos
especiais da polícia, altamente treinados para o confronto físico.
Nunca as Polícias poderão ser colocadas ao serviço da repressão das
expressões democráticas da sociedade civil, nem ao serviço da
extorsão de dinheiro aos cidadãos, devendo antes ser solicitadas
para acompanhar a vigilância da segurança das manifestações
populares e para garantir que as liberdades de uns não conflituam
com as de outros, nem resultam em prejuízo infligido a grupos
diferentes de cidadãos.
Portanto, a missão de segurança rodoviária deve ser confiada à
Polícia, cabendo a esta o patrulhamento das estradas. A política de
prevenção rodoviária não pode constituir um pretexto de tributação
encapotada, pelo que não pode recorrer às multas pecuniárias como
factor dissuasor, dado que só é eficaz para os cidadãos pobres. O
actual código da estrada é gerador de improdutividade, nas relações
comerciais de distribuição e assistência a clientes, sobretudo pela
má colocação dos sinais limitadores de velocidade, que há que
corrigir, tendo em conta as situações de visibilidade, segurança da
via e resposta do condutor ao perigo, que se quer assinalar em cada
zona. A inibição de conduzir por períodos proporcionais à
infracção, ou a cassação da licença de condução, ou a imobilização
da viatura, ou a colocação de dispositivos de controlo das viaturas,
ou a colocação de dispositivos rodoviários sinalizadores limitadores
de velocidade, ou a proibição de ser proprietário ou condutor de
veículos devem ser as medidas mais justas de penalização (aliás
preconizamos que antes de ser atribuída licença de condução aos
candidatos, seja feito um exame psico-técnico e fisiológico que
averigúe das capacidades reflexivas de condução de cada um, tal
como na selecção para as especialidades militares). Por outro lado,
todos os cidadãos que provocarem comprovada e dolosamente
acidentes rodoviários, por condução intencionalmente perigosa,
devem ser fortemente penalizados, nomeadamente na relação com
as seguradoras, inibindo-se estas de assumir as culpas
indemnizatórias dos seus clientes.
No seio das cadeias de comando disciplinadoras, torna-se necessário
salvaguardar a importância das pessoas e o seu papel regulador dos
poderes questionáveis. Afigura-se-nos importante dirimir os
conflitos entre os princípios da responsabilidade civil individual, da
obediência e da cumplicidade, responsabilizando todos pelas
consequências legais das suas acções, sejam autores morais ou
executantes, durante o cumprimento de ordens de mando. A cada
ordem dada e recebida corresponde um julgamento lícito da sua
validade, confrontando-as com a missão de dever, as normas de
serviço e a legalidade dos procedimentos, de forma a aceitar a co -
responsabilidade do papel de cada um na sua execução. Portanto, as
disposições disciplinares são sempre sujeitas ao entendimento de
justiça, para se efectivar o controlo de ordens, com recurso
apelativo para os tribunais cíveis. Os tribunais militares devem
deixar de ter força jurisdicional, estando sujeitos à Lei geral, na
forma de comissões disciplinares, unicamente interessadas em
aplicar as sanções regulamentares das forças militares; a lei militar é
substituída por um regulamento disciplinar, contemplador das
sanções a atribuir em função das faltas cometidas contra o interesse
público, contra a missão das corporações militares e contra a sua
preservação e bom funcionamento.

j) RELAÇÕES EXTERNAS E DIPLOMACIA:

Salvaguardando os interesses legítimos dos portugueses em


qualquer parte do planeta, somos solidários com os problemas dos
outros povos e escolhemos a via da cooperação, com a necessidade
de afirmação das vontades lícitas, diversidade e identidades
culturais.
É nesta solidariedade fraterna que estão as respostas para os maiores
problemas que vierem a afectar-nos, adivinhando-se já as tendências
que nos obrigarão a reflectir no reforço do Bem comum global.
Queremos também contribuir com a nossa cultura para um bom
relacionamento entre todos os povos, na procura de afirmação do
interesse comum da humanidade, face ao desafio das alterações
planetárias e cósmicas.
Posicionamos a nossa história e o nosso desejo de abertura ao
mundo, para estreitarmos o nosso bom relacionamento com os
países de expressão portuguesa, apostando no relançar da nossa
intelectualidade humanista, a partir desta plataforma europeia e
atlântica, onde nos confinamos como povo multiracial. Foi aqui que
se estancou o fluxo migratório de muitos outros povos, que nos
precederam no desejo de conhecer e criar novas culturas de síntese.
A política externa, inserindo Portugal no mundo, objectivará a
construção de um novo império cultural, consubstanciado naquilo
que queremos de melhor para o Bem de todos os povos, e que é
aquilo que é melhor para nós, quando apostados na sobrevivência e
expansão no universo.
Por isto, queremos:
Promover a paz, envolvendo-nos em todos os esforços de mediação
de conflitos, usando o factor confiança no nosso altruísmo e na
ausência actual do exercício de Poder de domínio sobre os outros
povos, bem como demarcando-nos das ingerências externas e das
atitudes belicistas das estruturas internacionais, onde estejamos
representados. Devemos condenar qualquer forma de exploração
dos povos e dos indivíduos, fornecendo apoio às embaixadas dos
países acreditadas no nosso território, no sentido de nos aliarmos e
solidarizarmos com as suas políticas de convivência sã e de defesa
dos seus interesses lícitos.
Valorizar os direitos do Homem, apoiando as iniciativas
internacionais de observatório e protecção, bem como adoptando e
professando os pactos internacionais sobre direitos humanos, ou
celebrando cartas de boas intenções entre os países onde estejamos
interessados, de modo a impedir os abusos, a violência gratuita e a
má-fé.
Estimular a cooperação, participando nas organizações a isso
destinadas, apoiando o comércio justo e a defesa dos interesses
legítimos dos povos, responsáveis pela guarda e protecção de
recursos naturais do seu território de vivência, para objectivarmos o
desenvolvimento sustentado da humanidade, bem como a
solidariedade inter-racial e inter - geracional, necessária para
garantir o nível demográfico que nos garanta a sobrevivência
confortável, com os recursos partilhados que os mundos ocupados
nos derem!
Reforçar a coesão comunitária e envolver-nos na construção
europeia, de modo a evitar os desvios de percurso, que as tendências
egoístas tentarem preparar, pelo que temos de promover novas
mentalidades democratizantes de justiça social, quer nos países
integrados, quer nos que vierem a integrar-se. A nossa missão visa
conseguir a coesão mundial da humanidade, pelo que o espírito do
alargamento deve conduzir-nos a uma melhor articulação com a
missão de construção da união amiga de todas as nações,
melhorando-se a intermediação dos conflitos em sede da “ONU”,
onde devemos levar os nossos princípios de funcionalidade social
democrática.
O grande desafio do alargamento, só agora iniciado na necessidade
de constituição de estruturas de governo supra-nacional, com a
correspondente diminuição das estruturas nacionais, não deve
comprometer a vontade colectiva das culturas europeias, nem deve
subalternizar o papel dos governos nacionais a uma mera gestão
executiva. O relacionamento de poderes deve obedecer a uma lógica
de produção de directivas e normas de aconselhamento aos Estados
membros, cabendo a estes a iniciativa de adoptar ou não, consoante
o juízo do valor das medidas preconizadas pela produção tecnocrata
europeia. Não queremos novas classes de dirigentes, constituídas
apenas para absorver enormes quantidades de recursos e para se
centralizar o palco das pressões económicas e financeiras. Mais uma
vez só admitimos a via da justiça social, da boa-fé e a obediência
aos sistemas naturais de regulação social. Não defendemos uma
Europa apenas boa para os burocratas, tecnocratas e dirigentes
políticos, que já o é, mas queremos uma Europa apostada naquilo
que preconizamos para o modelo justo de sociedade.
Portugal, neste contexto, é a ponte para o alargamento do bom
espírito de solidariedade e fraternidade internacional aos países
onde estivemos presentes e onde perdura a língua portuguesa, pelo
que procuraremos reforçar os laços políticos com os nossos
interlocutores, que queremos pedagogicamente como representantes
dos interesses justos dos povos governados. Interessa também
reforçar os laços culturais pelo estabelecimento da cooperação
escolar. Objectivaremos a comunhão de interesses, pela celebração
de protocolos de assessoria técnica e profissional, que promovam as
iniciativas de desenvolvimento conjunto, quer por constituição de
consórcios empreendedores de investigação tecnológica e de
execução de obra, quer por constituição de equipas de formação e
auxílio na direcção dos empreendimentos, quer por
complementação de recursos de uns e outros países, de modo a
obterem feitos mais arrojados, normalmente entregues aos
interesses dos grandes grupos mundiais privados, exploradores de
recursos energéticos.
Queremos projectar o desenvolvimento comum da humanidade,
começando pelas parcerias mais afins, de modo a resolver o nosso
enclausuramento cósmico. Somos uma parte de entendimento
mundial, demarcados de todas as organizações que intentam aplicar
o domínio e subjugação dos povos, e contrariamos o benefício
imediato da necessidade egoísta, daqueles que permanecem autistas
em relação ao sentido da Vida. Empenhar-nos-emos na mudança de
mentalidades, pela constituição de novo conhecimento sobre nós e
sobre tudo!
O nosso País deve ser, cada vez mais, uma bandeira cultural para o
mundo, rompendo com as velhas mentalidades romano -arcaicas e
medievais e criando as bases mentais, para que todos os portugueses
sejam mais solidários e altruístas, constituindo um referencial
modelar de sociedade para todos os povos, especialmente os mais
oprimidos pela atitude das chefias tribais, auto-proclamadas donas
dos outros e de tudo; pugnamos por uma sociedade funcional de
partilha de responsabilidades, em sistema de comando, socialmente
autorizado!
As sociedades mais justas livram-se dos fenómenos migratórios, e
com eles da degeneração populacional e genética, da degradação
etária e da falta de viabilidade civilizacional. O fenómeno
migratório baseia-se na recusa das pessoas pelo estado de
exploração atroz, nos locais de fixação, e pela desconfiança pelos
agentes de Poder. A emigração é a denúncia de que o País não
percorre bons caminhos, mas também é sinal de que os cidadãos
não têm meios de luta contra a opressão social e económica,
desistindo facilmente da reivindicação.
Nós queremos que os cidadãos não desistam da exigência e se
interessem por Portugal; devem intervir suficientemente para punir
os agentes anti-sociais, detentores do poder de subjugar e mandar
com a vontade egoísta, de quem compra a pobreza intelectual com a
riqueza do dinheiro.
Mais do que agraciar os emigrantes, importa chamá-los à
participação e à aposta, de novo, no seu País, começando por viver
aqui com outra mentalidade e ajudando-nos a formar melhores
políticos.
Com isto, não queremos impedir a emigração, mas queremos que
ela seja uma opção não forçada; queremos garantir que os migrantes
transnacionais tenham condições de inserção sócio-económica nos
países de acolhimento, baseadas na celebração de contratos de
trabalho, supervisionados pelos respectivos governos e
condicionando a residência ao período de duração dos contratos, de
modo a evitar-se a exploração laboral e as marginalidades. Neste
contexto, especialmente no seio da comunidade europeia, os países
devem definir as suas necessidades de mão-de-obra externa, por
actividade, de modo a publicitarem-nas pela via diplomática nas
embaixadas, garantindo-se o pleno e realizado emprego dos seus
nacionais, a sua segurança interna e a não frustração dos cidadãos
imigrantes acolhidos.
Devido às condicionantes de funcionamento das estruturas
prisionais, também importa condicionar as permanências dos
cidadãos estrangeiros, a título transitório, de modo a garantir um
clima interno de paz e justiça. Qualquer cidadão estrangeiro que
pratique comprovadamente o crime no nosso País, deve ser expulso
e entregue às autoridades dos países de origem, para que decidam
do cumprimento das penas aplicáveis. Qualquer cidadão estrangeiro
que tenha pedido a nossa nacionalidade, deve manter a dupla
nacionalidade e ficar obrigado a ter conduta exemplar, sob pena de
perder a nacionalidade portuguesa e ser expulso; esta regra deve
aplicar-se à sua descendência durante duas gerações. Assim, não
seremos obrigados a garantir-lhes o sustento prisional, à luz das
actuais disposições do modelo penal. Esta é uma quota realmente
justa para todos, de grande alcance social e prossecução do clima
responsável de paz entre todos os povos.

V - REGULAÇÃO DOS SECTORES DE ACTIVIDADES:

a) INDÚSTRIA E UTILIZAÇÃO DE RECURSOS


NATURAIS:

Não podemos vocacionar -nos apenas para comercializar,


entregando o controlo ao sector produtivo não nacional, pois que
implica uma extracção contínua de riqueza nacional e fuga de
proveitos e recursos do nosso território.
No seguimento do plano de desenvolvimento industrial sustentado,
que deve privilegiar a criação e desenvolvimento de tecnologia,
métodos de exploração de recursos, extracção e transformação,
assentes em iniciativas nacionais, interessa escalonar os recursos
naturais e humanos, para definir necessidades tecnológicas, de
conhecimento e formativas, capazes de dinamizar a funcionalidade
industrial portuguesa e assegurar o controlo das nossas
potencialidades naturais, com correspondente fixação de capitais e
riqueza em Portugal.
Nomeadamente, os serviços energéticos e de fornecimento às
empresas devem ser diversificados, para aumentar a independência
das flutuações de preços e dos interesses dos controladores dos
mercados mundiais, votados ainda à lógica da ditadura económica
da detenção dos recursos produtivos, financeiramente rentáveis. Por
isto, devemos apostar no desenvolvimento da rentabilidade do uso
das energias renováveis, na reconversão energética dos resíduos,
eliminando-se poluentes e tóxicos e eliminando-se as acumulações
em lixeiras, apelidadas de aterros sanitários, autênticos inquinantes
dos aquíferos e meio hídrico, dos solos e da atmosfera.
A localização das unidades fabris é determinada pela política de
ordenamento territorial, segundo critérios técnicos de controlo da
corrente atmosférica, de isolamento das plataformas de implantação,
e de isolamento do tecido urbano.

b) AGRICULTURA E PRODUÇÃO RURAL:

Deve estar integrada na política de utilização dos solos, de acordo


com as variadas serventias, estabelecidas pelas características bio –
edafo - climáticas locais e inscritas no PDM. A produção agrícola
interliga-se com a produção florestal e pecuária, no contexto do
ordenamento parcelar, tendente à protecção das culturas, à
contenção das correntes de dispersão aérea e ao aproveitamento
integrado de materiais e energia.
Para uma potenciação da produtividade integrada, o Estado deve
disponibilizar terrenos públicos, para projectos privados de
exploração integrada agro-florestal e pecuária, no domínio das
reservas agrícolas, com a garantia de qualidade ambiental e
obtenção de rendimentos de rendas, a reverterem para o fundo de
melhoramento ambiental, o qual incentivará a primazia do direito de
exploração sobre o direito de propriedade.
A expropriação de terrenos considerados de grande aptidão agrícola,
logo nomeados como reserva, deve ser efectuada sempre que esses
terrenos estiverem improdutivos, ou em vias de serem afectados a
especulação imobiliária, contrariando a sua correcta adequação de
serventias.
Para prover à viabilidade dos projectos e à sua qualidade ambiental,
devem estabelecer-se os limites mínimos e máximos das unidades
de exploração e da sua divisão em talhões; cada talhão é delimitado
pela produção florestal, onde se instalará a edificação e uso turístico
ou a serventia pecuária exclusiva. As unidades assim integradas
reciclarão material e energia locais. Privilegiar-se-ão as novas
tecnologias, que atendam à necessidade de produções mais
acauteladas e protegidas das catástrofes naturais e acidentes, em
adição à constituição de mutualismos seguradores.
As empresas, constituídas para estes aproveitamentos rurais
integrados, receberão todo o apoio técnico do Estado, no sentido de
melhorarem o ambiente, procedimentos e produtos. O sistema de
apoio financeiro compete às entidades privadas, bem como aos
financiamentos públicos que teimarem persistir, o que implica
responsabilidade acrescida por parte da entidade exploradora, que
tem de constituir garantias da qualidade superior do projecto, dos
recursos e da gestão, de modo a salvaguardarem o cumprimento dos
objectivos verificados pela inspecção.
Para o efeito da melhoria de eficiências produtivas e da qualidade
dos desempenhos é necessário fomentar o ensino técnico agrícola,
no plano dos cursos técnicoprofissionais do ensino secundário e no
plano da formação permanente de activos profissionais.
As Universidades devem desenvolver programas de investigação
aplicada, sujeitos às temáticas levantadas pelos problemas
identificados pelas associações de produtores, para desenvolverem
soluções prontas a utilizar, sendo importante o desafio cada vez
mais premente das intempéries e catástrofes. O transporte de
informação para as explorações faz-se pelas respectivas
associações, devidamente interessadas na formação para as novas
técnicas.
Assim, teremos florestas mais protegidas, com equilíbrio das
arborizações e pastagens, com defesa da paisagem e re
-naturalização dos nutrientes alimentares, quer para o gado, quer
para o Homem.
Teremos efectivos pecuários em melhor estado sanitário e condição
física, logo que interligados com a acção técnica orientadora do
Estado, para a salvaguarda dos equilíbrios ecológicos agro-florestais
e adopção das técnicas mais extensivas de cultura, contributivas
para uma melhor higiene e segurança das explorações.
Estas unidades rurais devem encaixar-se no plano rodoviário
nacional, de forma a ligá-las rapidamente em segurança aos parques
industriais e destes, aos centros urbanos, para vencer o isolamento e
diminuir os custos de distribuição e tempos de logística, libertando
oportunidades para o turismo rural.

c) PESCA E PRODUÇÃO AQUÍCOLA:

Esta actividade, limitada pela necessidade de protecção dos recursos


naturais, que têm servido de alimento ao Homem, está muito
reduzida no nosso território, face às potencialidades da nossa zona
marítima económica exclusiva e face às potencialidades dos
reservatórios e correntes dulçaquícolas. Devidamente protegidas,
estas duas fontes poderão produzir uma grande quantidade de
pescado, capaz de satisfazer as nossas necessidades internas, com
economia de recursos.
Importa defender os nossos direitos sobre os nossos recursos, bem
como a salvaguarda dos nossos deveres para com a sua correcta
gestão e preservação, no âmbito das negociações comunitárias. Não
podemos esquecer a importância estratégica dos bancos de pescado
da Madeira e Açores. Por isto, há que reformular as estratégias de
desenvolvimento das regiões insulares, na salvaguarda dos cenários
futuros das carências alimentares.
Mais uma vez, destaca-se a importância dos cursos técnico
-profissionais do ensino secundário, bem como a formação de
activos profissionais, de modo a reconverter técnicas e criar formas
sustentadas de exploração, no domínio da aquicultura e produção de
marisco, contando-se com um associativismo forte, para o
transporte de informação desde os centros de investigação aplicada
e para estes, de modo a implementarem-se permanentemente novas
soluções aos problemas identificados pelos pescadores e produtores.
Sobretudo, não podemos esquecer que as nossas necessidades
alimentares, no âmbito do nosso aumento demográfico, estão a
limitar a sobrevivência das outras espécies, pelo que devemos
adoptar uma estratégia de sustentabilidade ecológica, melhorando a
quota de produção segura de peixe em cativeiro.
As associações terão a seu cargo a gestão das unidades espaciais
marítimas ou de água doce de exploração atribuídas, competindo-
lhes a gestão sustentada dos recursos, além da gestão das lotas,
equiparadas a mercados abastecedores, e com o mesmo estatuto que
preconizamos para a actividade comercial a retalho, de venda
directa ao consumidor final.

d) COMÉRCIO E SERVIÇOS:

É fundamental que haja uma racionalização dos circuitos de


distribuição dos produtos, de forma que o consumidor esteja o mais
próximo possível do produtor, fomentando-se a incorporação da
actividade de distribuição neste, pelo menos na interligação aos
mercados abastecedores, também em contacto com as rotas
internacionais e de importação.
Os mercados abastecedores, enquanto entidades jurídicas
empresariais, tutelarão os contratos de importação e aquisição ao
produtor, enquanto que os armazenistas lá instalados tutelarão a
distribuição aos comerciantes lojistas. Os mercados abastecedores
serão entidades de capital accionista, pelo que o Estado deve
participar a favor do interesse do consumidor.
Estas estruturas devem instalar-se nas periferias dos centros
urbanos, na interligação viária com os parques industriais.

e) TURISMO, DESPORTO E LAZER:

É uma actividade que devemos promover, por estimular as outras,


com o alargamento do público consumidor, mas sobretudo por visar
a melhoria ambiental do território, com divulgação das nossas
potencialidades naturais e cultura secular. Para tal, não podemos
esquecer a diversidade bio -geográfica do nosso território, que está
mascarada pela produção vegetal quase mono - arbórea. Subsistem
ainda alguns resquícios de floresta, no âmbito da jurisdição do
domínio público selvagem. Mesmo as áreas consideradas naturais
não são mais do que bases silvícolas, não produtivas, de
implantação do pinheiro.
Importa recuperar a fito -fisiografia autóctone, aproximando os
ambientes biomáticos do estádio clímax, para podermos apresentar
uma paisagem deslumbrante e única, face às necessidades de
favorecimento climático. Satisfazendo a procura pelos ambientes
paradisíacos, devemos apostar no eco -turismo terapêutico,
sobretudo vocacionado para o público nórdico da Europa. Temos
condições para recriar paisagens, procuradas pelos turistas de todo o
Mundo. Internamente, e face ao desenvolvimento da mobilidade dos
nossos cidadãos, podemos fomentar o direito de usufruição do
domínio público, com aproveitamento para desporto de lazer,
enquadrado em equipamentos sociais municipais.
Resta que os vários empreendimentos tenham características e
conceitos arquitectónicos diferentes, em função da adequação à
diversidade de paisagem, condições naturais e culturais de cada
local. Oferecemos múltiplas tradições, como forma de atracção
renovada para os turistas, que queremos satisfazer no seu impulso
forte de descoberta e na curiosidade para percorrerem o País, ao
contrário de se instalarem sempre na mesma região. Levamos o
desenvolvimento a todo o território.

f) TRANSPORTES, COMUNICAÇÕES E DADOS


ELECTRÓNICOS:

O factor mobilidade é essencial à formação de rendimento e ao


desenvolvimento da economia, que funciona por ritmos de afluxo
em massa de bens e pessoas. Portanto, é útil que se implementem os
meios colectivos de deslocação, caracteristicamente cómodos,
rápidos, ininterruptos e em corredores dedicados, para servirem de
ponte entre os parques previstos pelo ordenamento territorial, que
preconizamos para as localidades urbanas. Complementarmente, a
rede intra-urbana deve ser articulada nos centros inter-modais com a
rede de transporte regional e internacional, onde os transportes
particulares terão zona de aparcamento gratuita.
Privilegiar o uso do transporte colectivo não é penalizar o transporte
particular, mas antes é criar corredores de exclusividade para os
meios colectivos, desenvolvendo tecnologias motrizes limpas, é
melhorar o conforto e usar os sistemas rápidos de cabina múltipla
atrelada.
Investir no plano rodoviário é aumentar a dependência do petróleo,
as emissões de CO2 e a poluição. Portanto, precisamos investir
agora no plano ferroviário, para diminuir aqueles efeitos, por
lançamento dos projectos inter-municipais de reactivação das
antigas linhas do caminho-de-ferro, com melhoramento de traçados
para a tecnologia dos metropolitanos de superfície, mais rápidos,
mais frequentes e mais económicos, a que se sucederão novos
veículos e novas concepções motrizes. As coordenações regionais
tratarão de inventariar os traçados melhor reveladores das nossas
belezas naturais, em cada distrito, de modo a interligar as suas
capitais por percursos turísticos de eleição, acabando por servir as
populações mais isoladas, mas detentoras da melhor qualidade
ambiental e paisagística. Lançamos, pois, o melhor desafio aos
visitantes estrangeiros e criamos o melhor motivo nacional para o
uso do transporte colectivo, pelo menos nos momentos de lazer.
A política de transportes está intimamente ligada à de ordenamento
territorial e aos planos de urbanização, onde cada artéria tem de
prever uma zona paralela de estacionamento em espinha nos dois
sentidos, em toda a sua extensão. Portanto, as zonas de circulação
de veículos têm de ser amplas, conseguindo-se melhor arejamento e
dispersão dos poluentes. Cada reconstrução de imóveis tem de ser
feita já ao abrigo desta necessidade, o que pode obrigar ao recuo das
actuais fachadas, tanto quanto previsto em PDM; reforçamos que
este deve ser um plano do futuro das povoações e não uma
radiografia do que elas já são, como se verifica actualmente nos
produzidos pelas mentes imobilistas e ataviadas.
Como forma de minorar o esforço económico dos portugueses, no
seu contributo de formação de riqueza, com a correspondente
aquisição obrigatória dos meios de deslocação para e em trabalho,
devemos reduzir as taxas de imposto sobre os veículos automóveis
utilitários, procurando, ainda, lançar o projecto de criação e
construção de veículos utilitários totalmente nacionais e movidos
com tecnologia mais limpa, sem preocupação com características de
potência dos motores, porquanto basta-nos que esses veículos
consigam atingir os máximos de velocidade impostos pela
segurança rodoviária.
No capítulo das comunicações electrónicas há que salvaguardar a
protecção das pessoas, tanto em termos de saúde pública, como em
termos de segurança da transmissão das informações. No primeiro
caso, devemos ter cuidado com a avaliação integral de impactos das
radiações electromagnéticas das ondas rádio e, no segundo caso,
devemos desenvolver sistemas operativos e redes próprias, que
assegurem canais seguros de comunicação para os serviços do
Estado; sobretudo, há que implementar o sistema de renovação
periódica de códigos, de modo a impedir acessos de funcionários,
entretanto saídos do sistema de controlo.
Os meios electrónicos permitem ter acesso a informação variada
sobre qualquer cidadão registado, expondo-o a fragilidades perante
o Estado e perante as iniciativas empresariais, mas permitindo
controlos diversos. Para que o Poder do conhecimento sobre as
pessoas seja equilibrado pelo Poder de autorização do cidadão,
qualquer acesso externo aos locais residentes dos seus dados e
informações relacionadas deve carecer da autorização individual, e
ser do seu conhecimento prévio. De outra forma, contra o
consentimento do cidadão, só com autorização judicial,
devidamente permitida por Lei.
Qualquer tentativa de acesso externo não permitido, aos dados do
cidadão, deve ser-lhe prontamente comunicado, com entrega do
relatório de ocorrência.

OMISSÕES:

Todas as medidas que vierem a ser adoptadas, e que não estão aqui
previstas, devem ser objecto de análise dos preceitos e das
consequências da sua aplicação, para que não contrariem os
princípios aqui defendidos, adoptando-se a postura da ampla
discussão social, para indagar da concordância alargada da
sociedade, submissa ao postulado de Bem comum e de Justiça
social universal. Os primeiros debates são sempre no interior do
Partido, porque as suas bases representam estatisticamente a
sociedade portuguesa.
Publicada por Macedo Barros em 16:03 0 comentários
Etiquetas: governo, partidos, política, PSD, social democracia, sociedade

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