JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
Processo/Ano: 738/2006
São Paulo - Capit 56 20090212 11:31:52 738 2006
1 <P></P><P>TERM 00738200605602
Comarca: São
Vara: 56
Paulo - Capital
Data de
Inclusão: Hora de Inclusão: 11:31:52
12/02/2009
TERMO DE AUDIÊNCIA
Aos 27 (vinte e sete) dias do mês de janeiro do ano dois mil e nove (2009), às 16h00min,
na sala de audiências desta Egrégia 56ª Vara do Trabalho, sob a presidência do Exmo. Sr.
Juiz do Trabalho, Dr. EVERTON LUIS MAZZOCHI, foram apregoados os litigantes,
ausentes, sendo, imediata e posteriormente, submetido o feito a julgamento e proferida a
seguinte
SENTENÇA
RELATÓRIO
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO ajuíza, em 12/06/2006 (fls. 02), Ação Civil Pública,
com pedido de tutela antecipada, em face de [1] SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E
PEQUENAS EMPRESAS DE SÃO PAULO – SEBRAE/SP e [2] JOSÉ LUIZ RICCA. Em
síntese, requer seja antecipada a tutela para que os requeridos se abstenham de utilizar
trabalhadores oriundos de cooperativas intermediadoras de mão-de-obra, de pessoas
jurídicas ou mesmo de trabalhadores vinculados às pessoas jurídicas, sob pena de
pagamento de multa diária no valor de R$ 5.000,00, a ser revertida ao FAT, com a
conseqüente emissão de ofício aos Órgãos competentes. Requer, ainda, que os requeridos
sejam condenados na obrigação de não fazer, em definitivo e nos mesmos moldes supra
referidos, além do pagamento de indenização a título de reparação aos direitos difusos e
coletivos dos trabalhadores, no importe de R$ 10.000.000,00, em favor do FAT. Junta
prova documental. Atribui à causa valor de R$ 10.000.000,00.
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Na audiência (ata – fl. 436) é deferido prazo para juntada de novos documentos pelo MPT;
Na audiência (ata – fl. 466), o Juízo encerra a instrução, sob protestos dos requeridos que
alegam cerceamento de defesa;
Na decisão (fl. 647), este Juízo converte o julgamento em diligência, agora para o fim de
que o MPT manifeste-se sobre a documentação juntada em razões finais pelos requeridos,
sendo esses penalizados com a cominação de multa de 1% (um por cento) por litigarem de
má-fé;
É o relatório, decido:
FUNDAMENTAÇÃO:
A alegada inépcia da petição inicial não procede. Tanto não é inepta a prefacial que os
requeridos puderam defender-se adentrando, sem qualquer dificuldade, às questões de
fundo, impugnando todas as argumentações e parcelas postuladas pelo Parquet.
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juridicamente possíveis e compatíveis entre si. Rejeito, portanto, a preliminar.
Como bem ressaltado pelo autor (MPT) em sua réplica, a tese defendida pelos requeridos
é, por demais, retrógrada, e, no estágio atual da doutrina e jurisprudência pátrias, beira até
a má-fé, afinal, hodiernamente, é indiscutível o cabimento de ação civil pública no Direito
Processual do Trabalho, a qual preza pela tutela efetiva dos direitos difusos e coletivos
genericamente considerados. Nesse sentido, inclusive, são as previsões do artigo 129, III,
da CF/88, e do artigo 1º, V, da LACP, bem como as redações da Súmula nº. 414 e da
Orientação Jurisprudencial de nº. 130 da SBDI-2, ambas do E. TST. Rejeito.
O Sr. JOSÉ LUIZ RICCA, como o próprio autor (MPT) refere, é o Superintendente do 1º
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requerido, e, por esse simples fato, o feito contra ele é extinto, sem resolução do mérito,
nos termos do artigo 267, VI, do CPC, aplicado subsidiariamente ao Processo do Trabalho
por força do artigo 769 da CLT.
Todavia, sem prejuízo de tal decisão, nada obsta que o autor (MPT), caso entenda
justificável, conforme decisão a ser proferida, adote as medidas cabíveis no sentido de
buscar a responsabilidade do 2º requerido, nos termos da lei, perante os Órgãos e Justiça
competentes.
DA PREJUDICIAL DE MÉRITO:
DA PRESCRIÇÃO:
O Ministério Público do Trabalho, por meio da presente Ação Civil Pública, busca a tutela
de interesses e direitos de ordem metaindividual, cuja natureza, por si só, afasta a
prescrição, tudo em conformidade com as disposições dos artigos 3º e 13º da LACP c/c
artigo 95 do CDC. Afasto.
DO MÉRITO:
Passo a análise:
()
Ademais disso, o documento juntado em razões finais, pelo primeiro requerido, que
ensejou a conversão do julgamento em diligência, prevê a necessidade do cumprimento do
“(...) edital de credenciamento de pessoas jurídicas para a prestação de serviços
profissionais de consultoria e instrutoria em diversas áreas (...)”, cujo objetivo é o de “(...)
disciplinar o processo de seleção para credenciamento de profissionais integrados às
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pessoas jurídicas que, atentando aos critérios ora estabelecidos, integrarão ao cadastro
nacional do Sistema SEBRAE, visando à prestação de serviços de consultoria e/ou
instrutoria nas áreas/subáreas de conhecimentos listadas em anexo (...)”. - (fls. 572 – grifos
nossos)
“(...) 4.5.9. O profissional indicado pela pessoa jurídica que recusar a solicitação de
execução do serviço 3 (três) vezes consecutivas, para qualquer dos cursos/programas do
SEBRAE-SP, terá seu registro cadastral suspenso até que informe formalmente, por e-
mail, sua disponibilidade de agenda (...)” fls. 580 – grifos nossos
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a) Receber avaliações desfavoráveis por parte de clientes e empregados do SEBRAE, nos
termos dos critérios de acompanhamento da prestação de serviço previsto.
c) Entregar e/ou divulgar material promocional de sua empresa e/ou serviços como
autônomo, durante os contatos mantidos em no do SEBRAE.
()
g) Designar outra pessoa para executar o serviço contratado pelo SEBRAE, seja no todo
ou em parte, se esta pessoa não estiver credenciada e com autorização prévia e por
escrito do SEBRAE ( )” - fls. 581/582 – grifos nossos
Assim, considerando a política instituída pelo SEBRAE/SP, já referida, não poderia o réu
valer-se da celebração de supostas “parcerias” para fraudar os direitos trabalhistas
constitucionalmente previstos e assegurados pela Carta Magna, afinal, na persecução dos
seus objetivos institucionais, o primeiro requerido não pode furtar-se do cumprimento da
legislação vigente no ordenamento jurídico brasileiro.
Ora, não obstante não tenha um objeto delimitado, o Estatuto Social reconhece ainda,
textualmente, que a “CooperATIVA” tem por finalidade a intermediação de mão-de-obra de
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trabalhadores, cujas profissões são até regulamentadas por lei específica e pela própria
legislação consolidada, sendo certo que o parágrafo primeiro ainda adverte que “no
cumprimento de suas finalidades, a CooperATIVA atuará apoiando e distribuindo as
atividades para seus cooperados, na área de sua abrangência” (fls. 99 – 1º vol. docs. MPT)
– grifos nossos
“Quando terminou o treinamento fomos informados de que teríamos de nos filiar a uma
cooperativa de mão de obra. Mandaram-me uma relação delas, para escolher uma. Optei
pela COOPERTEC, que fica em Campinas, por uma situação de momento. Dentre todas
que consultei, essa era a que cobrava mais barato para a admissão. As demais cobravam,
em média, R$ 100,00, e a Coopertc cobrava apenas R$ 30,00. Como estava em situação
um pouco “apertada”, preferi esta. Foi o SEBRAE que enviou para lá meu pedido de
filiação. Fiz tudo pelo Correio, inclusive o envio dos R$ 30,00. Não fui a Campinas, por isso
não sei onde fica a Cooperativa” (fl. 277 – 2º vol. docs. MPT).
Ora, indiscutível que ao assim agir, o SEBRAE/SP, busca, na verdade, mascarar o vínculo
empregatício existente ele e os chamados “facilitadores”, por intermédio da celebração de
sucessivos contratos de natureza civil, cujas atividades realizadas por estes (treinamento,
capacitação, instrutoria, educação, assessoria e/ou consultoria) estão enquadradas nos
objetivos sociais daquele, isto é, traduzindo-se na persecução de suas próprias atividades-
fim.
Por fim, e para corroborar todo o exposto acima, transcrevo registros relevantes da
audiência de instrução, onde, não só houve a confissão real do SEBRAE/SP a respeito da
matéria, como também as suas próprias testemunhas confirmam a fraude ora combatida
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pelo Ministério Público do Trabalho:
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a exposição do conteúdo e os exemplos utilizados ficam a critério do depoente; que o
material é disponibilizado integralmente pela 1ª reclamada; que inicialmente o depoente
prestava tais serviços como empresário pessoa física; que posteriormente prestou serviços
como cooperado, o que ocorreu até as vésperas de constituir a MG; que enquanto prestou
serviços na primeira condição era sócio da empresa DROGARIA PRÓ DIA LTDA, situação
que ainda persiste; ; que por volta de 50% dos treinamentos no ano de 2007 foram para a
1ª reclamada e o restante para terceiros; ; que conheceu o empregado de sua empresa
acima mencionado porque ele ministrava treinamentos para a 1ª reclamada ou para
terceiros” (fls. 518/519 – grifos nossos).
A Lei 8.949/94, que acrescentou o parágrafo único ao art. 422 da CLT, introduziu hipótese
de inviabilização jurídica de vínculo empregatício (e, portanto, da presença da figura do
empregado) no contexto de uma relação de prestação de trabalho no sentido amplo. Trata-
se das chamadas cooperativas de mão-de-obra.
Dispõe o novo preceito que qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade
cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes
e os tomadores de serviços daquela.
Na verdade, não se trata de uma excludente legal absoluta, mas de simples presunção
relativa de ausência de vínculo de emprego, caso exista efetiva relação cooperativista
envolvendo o trabalhador latu sensu.
O objetivo da lei foi retirar do rol empregatício relações próprias às cooperativas - desde
que não comprovada a roupagem ou utilização meramente simulatória de tal figura jurídica.
Ou seja: a lei favoreceu o cooperativismo, ofertando-lhe a presunção de ausência de
vínculo empregatício; mas não lhe conferiu um instrumental para obrar fraudes trabalhistas.
Por isso, comprovado que o envoltório cooperativista não atende às finalidades e princípios
inerentes ao cooperativismo, fixando, ao revés, vínculo caracterizado por todos os
elementos fático-jurídicos da relação de emprego, esta deverá ser reconhecida, afastando-
se a simulação perpetrada.
Com efeito, para se avaliar a respeito da efetiva existência de uma relação de natureza
cooperativista é necessário que o operador justrabalhista verifique a observância dos
princípios que justificam e explicam as peculiaridades do cooperativismo no plano jurídico e
social. Por isso é necessário conhecer e lidar, consistentemente, com as diretrizes da
dupla qualidade e da retribuição pessoal diferenciada.
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Note-se que é necessário também examinar-se a presença ou não dos elementos
componentes da relação de emprego: configurados estes, há, efetivamente, o tipo legal
regulado pela CLT. É que não permite a ordem jurídica civilizada a contratação do trabalho
humano, com os intensos elementos formadores da relação de emprego, sem a incidência
do manto normativo mínimo assecuratório da dignidade básica do ser humano nesta seara
da vida individual e socioeconômica. Os princípios constitucionais da valorização do
trabalho e da dignidade da pessoa humana não absorvem fórmulas regentes da relação de
emprego que retirem tal vínculo do patamar civilizatório mínimo afirmado pela ordem
jurídica contemporânea.
Nessa linha, consoante expressamente registrado pelo Regional, se, com apoio nas provas
produzidas, restou comprovada a presença dos elementos componentes da relação de
emprego, necessário se reconhecer a utilização simulatória de tal figura jurídica.
Assim, não restou configurada a alegada transgressão ao disposto nos arts. 3º e 442 da
CLT.
No que tange à alegada violação dos arts. 5º, II da CF, a revista não vinga. Ressalte-se
que eventual infringência ao princípio da legalidade, consagrado no inciso II do art. 5º da
CF - de caráter genérico -, não se encontra apta a viabilizar o conhecimento de recurso de
revista, que exige, necessariamente, a configuração de violação direta de dispositivo
constitucional. A título de reforço do fundamento, vale mencionar a Súmula 636 do STF.
Por todo o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de instrumento (...)” - grifos nossos
Uma vez constatada a fraude perpetuada pelo primeiro requerido, claro está que há lesão
aos interesses coletivos e difusos de toda a coletividade de trabalhadores, cuja
responsabilidade, no caso, é objetiva, não dependendo da comprovação dos prejuízos de
cada um dos empregados “facilitadores” individualmente considerados; ao contrário, a
reparação genérica é plenamente cabível na medida em que houve violenta transgressão
ao ordenamento jurídico vigente, e, dessa forma, a penalização do infrator é medida que se
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impõe, inclusive para desestimular futuros atos eventualmente a serem praticados.
Assim, como o Ministério Público do Trabalho busca a efetiva tutela jurídica dos interesses
difusos e coletivos (portanto, de ordem transindividual), e, como a reparação de ordem
coletiva justifica-se na medida em que há um sentimento de desapreço e perda de valores
essenciais que, por sua vez, geram repercussões negativas a toda a coletividade, a
indenização arbitrada deverá ser revertida ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador),
que, como fundo federal de gerenciamento de recursos dos interesses difusos e coletivos
na área trabalhista, está apto a proporcionar benefícios aos trabalhadores em contrapartida
às lesões sofridas.
Desse modo, considerando os danos causados pelo SEBRAE/SP em vista da sua conduta
ilegal e inconstitucional frente aos direitos fundamentais e sociais, e diante dos lucros
auferidos pela irregular intermediação de mão-de-obra, sem o reconhecimento do vínculo
empregatício dos empregados “facilitadores”, com o correspondente pagamento das
verbas constitucionalmente asseguradas, acolho a pretensão do Parquet e arbitro a
indenização aos direitos difusos e coletivos dos trabalhadores no importe requerido de R$
10.000.0000,00 (dez milhões de reais), valor esse a ser corrigido monetariamente até o
seu efetivo recolhimento, tudo a ser revertido em favor do FAT, que, como já dito, custeia o
pagamento do seguro-desemprego e o financiamento de políticas que visam a redução dos
níveis de desemprego no país, sobretudo nos atuais tempos de “forte crise econômica” e
que contaminou todo o mercado de trabalho com “demissões em massa” no âmbito
nacional.
Destaco, ainda, que há possibilidade de condenação em ação civil pública para reparação
dos danos aos interesses coletivos e difusos, porquanto encontra respaldo na lei, a teor da
simples leitura do inciso VI, artigo 6º, da Lei nº 8078/90 e dos próprios artigos 3º e 13 da
Lei de Ação Civil Pública, que estabelecem a possibilidade de pedido de condenação em
dinheiro, além dos pedidos relativos à adequação da conduta.
De outra parte, tal valor indenizatório, ora arbitrado, leva em consideração igualmente o
orçamento do Sistema SEBRAE que, só no ano de 2008 (janeiro/novembro), arrecadou o
importe de R$ 1.880.850.627,00 (um bilhão, oitocentos e oitenta milhões, oitocentos e
cinquenta mil e seiscentos e vinte e sete reais), entre receitas correntes e receitas de
capital, informação essa obtida no próprio endereço eletrônico da sua página na internet
(www.sebrae.com.br).
Com efeito, ainda, a indenização fixada considera também a violação ao patrimônio ideal
da coletividade (CF, artigo 5º, V e X; e CC, artigos 186 e 927), a agressão ao princípio da
dignidade humana e da valorização do trabalho (CF, artigo 1º, III e IV, artigo 170, “caput” e
III), a gravidade da conduta, a extensão do dano, os princípios da razoabilidade, da
proporcionalidade e da equidade, bem como outras circunstâncias específicas que cercam
o fato.
Saliento, por fim, que a indenização arbitrada visa, sobretudo, desestimular o primeiro
requerido, sancionando-o, de modo que a reprovação social da sua conduta sirva de
exemplo pedagógico para a sua conscientização, bem como a de todos os SEBRAE,
considerando a entidade em âmbito nacional, afinal, caso cada Estado da Federação onde
o SEBRAE atua (ex.: Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Cataria, Rio Grande do Sul,
Bahia, Paraná, Minas Gerais, dentre outros) deixar de contratar irregularmente seus
profissionais, conduta essa, inclusive, já combatida pelo Ministério Público do Trabalho de
outras regiões (ex.: Minas Gerais – fls. 40/57), a Justiça do Trabalho deixaria de receber
milhares de ações individuais desses “facilitadores”, minimizando o volume e a sobrecarga
de processos em trâmite perante a deficiente estrutura do Poder Judiciário.
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Em ato contínuo, determino ao primeiro requerido (SEBRAE/SP) que se abstenha de
contratar trabalhadores advindos de cooperativas intermediadoras de mão-de-obra, de
pessoas jurídicas e de trabalhadores vinculados a pessoas jurídicas, nem contratar
trabalhadores por empresa interposta em caráter subordinado e não eventual, para as
funções de “facilitadores” ou outras denominações que porventura venham a ser dadas
(obrigação de não fazer). Descumprida a obrigação ora imposta, incide multa diária no
valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), que também reverte ao FAT, considerando cada
trabalhador contratado nestas condições.
Consoante já decidido anteriormente (fl. 647), este Juízo, à época, reputou que o primeiro
requerido litigante de má-fé, cujas razões e motivos exarados naquela oportunidade,
reiterados, ainda, em sede de informações prestadas à Corregedoria deste E. TRT/SP, por
ocasião da apresentação de medida correcional de parte do SEBRAE, fazem parte
integrante desta fundamentação, e, por corolário, são mantidos agora em sentença.
DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA:
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diária no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), reversível ao FAT, por cada trabalhador
contratado nestas condições.
DOS OFÍCIOS:
a) Os juros são devidos na forma do art. 883 da CLT e do art. 39 da Lei nº. 8.177/91, ou
seja, de 1% ao mês, contados de forma simples, pro rata, a partir da publicação da
presente sentença, considerando-se o principal já corrigido (súmula nº. 200 do E. TST).
b) Quanto à correção monetária, incide a partir da fixação por sentença (marco inicial), na
forma da lei.
DISPOSITIVO:
Pelo exposto e ante os termos da fundamentação que integra este dispositivo, DECIDO:
Preliminarmente: REJEITAR a inépcia da petição inicial, a impugnação ao valor da causa,
a inadmissibilidade da ação civil pública no direito Processual do Trabalho, a inexistência
de norma regulamentadora do exercício da ação civil pública, a ilegitimidade ativa e a
inexistência de interesse específico do Ministério Público do Trabalho e o esgotamento da
via administrativa (conclusão do inquérito civil); ACOLHER a carência de ação por
ilegitimidade passiva do segundo requerido, e julgar EXTINTO O FEITO, SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO, em face de JOSÉ LUIS RICCA, com fulcro na previsão do
artigo 267, VI, do CPC, aplicado subsidiariamente ao Processo do Trabalho por força do
artigo 769 da CLT; e, no mérito: julgar PROCEDENTES os pedidos formulados pelo
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO, para condenar o primeiro requerido, SEBRAE/SP
– SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE SÃO PAULO, nas
seguintes obrigações de (fazer e pagar), respectivamente:
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trabalhadores oriundos de cooperativas intermediadoras de mão-de-obra, de pessoas
jurídicas e de trabalhadores vinculados a pessoas jurídicas, nem contratar trabalhadores
por empresa interposta em caráter subordinado e não eventual, para as funções de
“facilitadores” ou outras denominações que porventura venham a ser dadas, sob pena de
pagamento de multa diária no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), que reverte ao FAT,
por cada trabalhador contratado nessas condições; e
Defiro a tutela antecipada ora em sentença (Súmula nº 414, II, do C. TST), e determino ao
SEBRAE/SP que se abstenha de contratar trabalhadores oriundos de cooperativas
intermediadoras de mão-de-obra, de pessoas jurídicas e de trabalhadores vinculados a
pessoas jurídicas, ou mesmo contratar trabalhadores por empresa interposta em caráter
subordinado e não eventual, para as funções de “facilitadores” ou outras denominações
que porventura venham a ser dadas, sob pena de pagamento de multa diária no valor de
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), reversível ao FAT, por cada trabalhador contratado nestas
condições.
Juiz do Trabalho
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
Processo/Ano: 738/2006
São Paulo - Capit 56 20090413 08:49:59 738 2006
1 <P>PROCESSO n 00738200605602
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SENTENÇA
RELATADOS.
DECIDO:
Total razão assiste ao Parquet em relação às razões trazidas nos Embargos de Declaração. Este
Juízo é competente para conhecer e julgar a presente Ação Civil Pública, uma vez que o dano a ser
reparado abrange o âmbito regional de todo o Estado de São Paulo. Assim, claro está que a decisão
gera efeitos para todo seu o território, não obstante a jurisdição do Tribunal Regional do Trabalho da
15ª Região sediado na Cidade de Campinas/SP, que, no caso, pela peculiaridade dos interesses
tutelados neste feito, não possui competência para dirimir o litígio.
Assim, nos termos da OJ nº. 130 da SDI-II, do E. TST, adotada como fundamento da decisão, e,
considerando a extensão do dano (todo Estado de São Paulo), a competência é fixada dentre uma
das Varas do Trabalho desta capital (São Paulo), portanto, deste Juízo.
Conforme restou peremptoriamente comprovado, o dano a ser reparado não é de âmbito supra-
regional ou nacional, ao contrário, limita-se, sua extensão, ao âmbito regional do Estado de São
Paulo (fls. 233/251 e 265 – 2º vol. documentos em apartado). Estendo, portanto, os efeitos desta
decisão a todos os Municípios do Estado onde o SEBRAE/SP tem Escritórios Regionais, a exemplos
das cidades: Araraquara, Guaratingueta, Barueri, Campinas, Ribeirão Preto, São Bernardo do
Campo, Jundiaí, Marília, Bauru, Presidente Prudente, Piracicaba, São José dos Campos, Osasco,
Guarulhos, Santo André, Mogi das Cruzes, entre outras constantes do próprio endereço eletrônico de
sua página na internet (www.sebraesp.com.br/no_estado).
Caso contrário, nenhuma razão lógica teria o ajuizamento desta Ação Civil Pública. Entendimento
divergente resultaria na idéia de que caberia ao Ministério Público do Trabalho ajuizar uma ação
coletiva em cada uma das cidades (exemplificadas acima), na busca de tutelar os mesmos
interesses difusos dos trabalhadores, ora defendidos, que têm a sua prestação de serviços
intermediada de forma fraudenta pelo SEBRAE/SP, o que em nada contribui para a coletivização do
processo.
Cito, aqui, os ensinamentos do Professor da USP/SP e Advogado, Estevão Mallet, que, ao proferir
palestra sobre o tema “Ação Civil Pública de Direitos Individuais Homogêneos do Trabalho”, em 22
de outubro de 2008, no Curso de Difusão sobre Temas Atuais de Direito do Trabalho, realizado no
Salão Nobre do Largo São Francisco, alertou sobre o necessário avanço do processo coletivo.
Iniciado com o dissídio coletivo, o processo coletivo não sofreu mudanças substantivas posteriores,
não evoluindo legislativamente.
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Público do Trabalho na tutela dos direitos individuais homogêneos, coletivos e difusos dos
trabalhadores. como bem já decidiu recentemente o Excelso Pretório no RE 210.029/RS, no tocante
a interpretação dada ao artigo 8º, III, da CF/88, cujo Relator foi o Ministro Dr. Carlos Veloso.
Em que pesem as razões expendidas na peça dos embargos do Réu Embargante, inexiste as
alegadas omissão, contradição ou obscuridade no julgado (CLT, artigo 897-A c/c artigo 535 do CPC),
uma vez que a sentença é bastante clara e precisa, tendo apreciado todos os elementos constantes
dos autos. Nota-se que o SEBRAE/SP, ora Embargante, pretende, tão somente, a revisão da
decisão com a apresentação da presente medida, sendo certo que os Embargos não constituem
meio processual adequado para essa finalidade.
A decisão não é um diálogo entre o Juiz e as partes ou seus advogados. Se o Juiz fundamentou sua
decisão, esclarecendo os motivos que lhe firmaram seu convencimento, seu raciocínio lógico, a
prestação jurisdicional foi devidamente concedida às partes. Se os fundamentos estão certos ou
errados, a matéria não é de embargos de declaração, mas de recurso próprio. A Constituição
Federal/1988 exige apenas fundamentação e não fundamentação correta ou que atenda à tese de
interesse da parte.
A esse respeito, inclusive, vem decidindo de forma reiterada o nosso Egrégio Tribunal Regional do
Trabalho de São Paulo (2ª Região), conforme as seguintes ementas:
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inconformismo, para acusar, na verdade, error in judicando, e não, tecnicamente, omissão,
obscuridade ou contradição. Embargos de declaração improcedentes” (TRT/SP – 2ª Região – 11ª T.
– Acórdão nº 20090038988, Rel. Juiz Desembargador Federal do Trabalho, Dr. Eduardo de Azevedo
Silva, j. 03/02/2009, DOE/SP 17/02/2009 – grifo nosso).
Existe omissão, portanto, somente quando o Juiz deixa de analisar certo ponto do qual deveria
pronunciar-se, inclusive, de ofício. Todavia, não é o que ocorreu no caso em tela, sendo certo que
este Julgador não é obrigado a rebater todos os argumentos trazidos pela parte, bastando, apenas,
decidir fundamentadamente, ainda que utilize apenas um fundamento jurídico (CPC, artigo 515),
cujas questões que lhe são contrárias são automaticamente excluídas. Por seu turno, só existe
contradição quando se afirma uma coisa, e, ao mesmo tempo, a mesma coisa é negada na decisão,
seja constante no próprio corpo da fundamentação ou na parte dispositiva da sentença, o que,
também, não ocorreu na hipótese dos autos. Por fim, entende-se por obscuridade a falta clareza na
exposição das idéias e expressões contida na decisão, de modo a torná-la ininteligível, o que,
igualmente, não ficou demonstrado.
Por tal razão, e considerando a oposição maliciosa dos presentes Embargos, os quais tiveram por
única finalidade procrastinar, retardar e tornar em descrédito e sem efeito a completa e efetiva
prestação da atividade jurisdicional, reputo os Embargos protelatórios e novamente enquadro o réu
como litigante de má-fé (CPC, artigo 17, I, II, III, IV, V, VI e VII). Portanto, condeno o réu embargante
ao pagamento da multa de 1% (um por cento), mais indenização por perdas e danos arbitrada em
5% (cinco por cento), nos termos dos artigos 16 e 18, caput e § 2º, da legislação processual civil,
ambas calculadas sobre o valor da causa, com atualização até a data do efetivo recolhimento e
revertidas ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
A esse respeito, inclusive, igualmente já decidiu o nosso Egrégio Tribunal Regional do Trabalho de
São Paulo da 2ª Região, com fulcro na garantia constitucional da razoável duração do processo,
introduzida que foi ao artigo 5º, LXXVIII, da Carta da República Federativa do Brasil, pela EC nº
45/2004, a saber:
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declaração opostos pelo SEBRAE/SP, mantendo a sentença na sua integralidade e condeno o Réu
Embargante ao pagamento de multa 1% (um por cento), além de indenização por perdas e danos
arbitrada no percentual de 5% (cinco por cento), ambas calculadas sobre o valor da causa e
revertidas ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Intimem-se as partes.
Nada mais.
Juiz do Trabalho
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