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48 Conceito de acessão.

Do antigo Direito português, extrai-se a


lição de Coelho da Rocha que exarava, em 1884, nas suas
Instituições (p. 246) que o "modo pelo qual o dono da coisa
principal adquire a propriedade de outra, por ser acessória, ou
pertença, chama-se acessão".
Não diferem desse os conceitos que os autores contemporâneos
apresentam: “a acessão costuma ser definida como uma união física
em virtude da qual o proprietário do bem principal se torna
proprietário do bem acessório”1 ou “podemos defini-la como o modo
originário de adquirir a propriedade, em virtude do qual ao
proprietário fica pertencendo tudo quanto se une ou adere ao seu
bem”2, ou, ainda, “como se vê, trata-se da atração real de uma coisa
acessória por una principal...”3.
Estes conceitos, dos quais sobressai a recorrência entre os
vocábulos principal e acessório, são, até hoje, com raras exceções, a
base da doutrina que trata desse fenômeno jurídico denominado
acessão. Essas construções conceituais pecam, no entanto, por dar
atenção ao efeito - ou seja, à aquisição da propriedade -, esquecendo
a estrutura ou a essência, isto é, omitindo os elementos constitutivos
do definiens. Na verdade, ao conceituarmos acessão como o modo de
aquisição da propriedade, não estamos referindo as características
dessa figura, mas dizendo apenas que é um dos meios pelos quais se
adquire o direito de propriedade. Damos, assim, mais atenção ao
efeito do que à essência. Ora, o efeito aquisitivo da propriedade não é
exclusivo da acessão e, portanto, nem sequer a caracteriza. Por outro
lado, a conceituação que recorre às noções de [bem] principal e de
[bem] acessório, torna a definição impura, ao lhe atribuir elementos
constitutivos que, na verdade, não tem, como se verá.
A acessão é o fato jurídico stricto sensu que se caracteriza pela
união permanente de duas ou mais coisas formando um todo
indissociável. Então, no suporte do fato jurídico denominado acessão
estão presentes: duas (ou mais) coisas, a união dessas coisas e a
permanência dessa união. Na acessão está presente a idéia de
aderência permanente, a união inseparável de duas ou mais coisas.
Dessa união resulta que a separação traria dano, fratura, modificação
ou destruição de uma das coisas. Pela acessão, as coisas unidas
deixam de ser coisas para passarem a ser partes de uma só coisa.
Isso é importante que se fixe: pela acessão, as duas (ou mais) coisas
tornam-se uma só (pelo que não pode haver coisa principal e coisa
acessória).
A acessão tem o seu oposto na discessão (decessio) ou
distração, com o significado de separação ou dissociação. A discessão
das partes acedidas acarreta prejuízo, dano ou deterioração. O
edifício construído - aderido fisicamente ao solo - torna-se, com o
solo, uma só coisa (art. do CC brasileiro); a árvore - não destinada ao
1
WALD, Curso, p. 132.
2
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso, v. I, p. 111. Conferir
3
SPOTA, Tratado, t.1, v. 2, p. 390.
corte - aderida ao solo torna-se com este uma só coisa; a ilha fluvial
que apareceu naturalmente no rio é um só imóvel com o prédio a que
adere (art. 537 do CC brasileiro). Não é o caso dos frutos naturais, por
exemplo, que podem ser destacados, sem que haja deterioração quer
da coisa principal, o solo com a árvore, quer da coisa acessória, a
fruta; não é o caso dos frutos civis (rendimentos) que nada afetam a
qualidade jurídica da coisa principal, o capital, por exemplo, quando
destacados; não é o caso, ainda, das benfeitorias que sendo despesas
(impensae) podem ser separadas (pela titularidade) do bem principal
pela vontade das partes ou da lei. O que o Direito faz, pelo fato
jurídico da acessão, é precisamente manter essa unificação (unidade
e unicidade) da coisa que aderiu a outra e que não podem separar-se
sem deterioração de uma delas. Se as coisas unidas não têm,
originariamente, o mesmo proprietário, a lei dá várias soluções, mas
nenhuma delas faz retornar aquele bem uno e único a ser mais que
um.

49 Natureza jurídica da acessão. A doutrina coloca a acessão


ora como um modo de aquisição do domínio, ora a classifica como um
direito, ora como uma faculdade ou extensão do domínio, ora como
um modo e uma extensão.
É exemplar a explicação do mestre da Universidade de Coimbra,
o professor Coelho da Rocha, quando escrevia, em 1884, há mais de
cento e vinte anos, a propósito dos modos de adquirir a propriedade:

Como a propriedade é um direito, para a adquirir faz-se


necessário o concurso dos três elementos que criam os direitos, a
saber: 1.º) pessoa (...); 2.º) coisa que possa ser objeto de
propriedade; 3.º) o fato, ou circunstância, que produz o efeito de
criar este direito, ou de o transferir, se a coisa era de outrem, a
que chamamos modo de adquirir. (1984:242).

Embora esse renomado autor tivesse a acessão, pelo conceito


dado, como um direito subjetivo, aparece nítida a definição de modo
de adquirir como um fato (diríamos hoje um fato jurídico) de que o
direito (subjetivo) é efeito. Modo (de adquirir, de aquisição) é o
vocábulo que persiste até hoje na doutrina brasileira, precisamente
com o significado de fato jurídico, e não com o significado lexical de
meio. Essa terminologia vem do direito romano que foi interpretado
como exigindo, para a aquisição do direito de propriedade, o modo e
o título4. Título é “o elemento representativo da causa ou fundamento
jurídico de um direito”5, ou, por outras palavras, é "o fundamento
justificativo do ato posterior da aquisição, e este ato, isto é, a

4
Na doutrina atual, encontra-se ainda a referência ao modo e ao título quando os autores referem que a
aquisição dos direitos se dá por duas espécies de modo, o originário e o derivado, ou por duas espécies de
título, o universal e o singular.
5
SERPA LOPES, 1988, p. 172.
apreensão ou tomada da posse, é o modo de adquirir"6, como
escrevia Coelho da Rocha, que exemplificava:

Assim, na ocupação, a liberdade natural de fazer o que não


prejudica outros é o título, e a apreensão é o modo de adquirir; na
aquisição por contrato, ou sucessão, estes são o título, e a
tradição, que não é senão a entrega ou tomada da posse,
constitui o modo de adquirir.7

Os direitos subjetivos são eficácia de fatos jurídicos. A aquisição,


a modificação, e a extinção de direitos subjetivos têm, sempre, como
causa jurídica concomitante, o nascimento, ou a modificação, ou a
extinção de uma relação jurídica que, por sua vez, resulta de um
acontecimento do mundo real sobre o qual incidiu a norma jurídica,
ou seja, resulta de um fato jurídico lato sensu.
No fato jurídico da acessão, o efeito é a modificação objetiva do
direito de propriedade e não, de modo algum, um direito de acessão
(ius accessionis), ou um direito denominado acessão8, pelo que a
natureza jurídica da accesio não pode ser a de um direito subjetivo,
nem se pode denominar determinado direito desse fato nascido como
acessão. Se a acessão fosse um direito subjetivo, o seu titular teria a
faculdade de exigir de alguém ou de todos uma determinada atitude
e, na verdade, a atitude que possa ser exigida decorre do direito
subjetivo de propriedade que da acessão nasceu.
Consideramos, portanto, que a natureza jurídica da acessão é a
de um fato jurídico stricto sensu. A acessão é um fato jurídico, não é
uma coisa. Dizer, por exemplo, que uma construção é uma acessão, é
uma erronia cômoda (tolerável, diga-se) de linguagem. Não há coisas
que sejam acessões; há coisas que deixam de ser juridicamente
coisas por causa da acessão a outra. Acessão não é a coisa,
repetimos, é o fato jurídico da união inseparável: a construção torna-

6
"O sistema de transferência da propriedade de bens móveis e de imóveis no Brasil é o do titulus e do
modus. Neste sentido, exige o art. 620 et seq. a tradição, enquanto o art. 530 et seq. exige para a
transferência dos direitos reais sobre bens imóveis o competente registro da escritura de compra e venda.
(...) Assim, alcança o sistema o CCBr a importante separação (Trennung) entre o negócio obrigacional
(Verpflichtungsakt), no caso o titulus ou a causa, e os efeitos do ato real de transmissão
(Verfügungsaktes), no caso de móveis, a tradição. (Lima Marques, Cem anos, p. 34).
O sentido original da expressão justo título, elemento existencial da usucapião ordinária de imóveis (art.
551, CC brasileiro), é, precisamente, o do texto acima, tenha-se presente a tradição jurídica a que se
filia o código mencionado. Como o uso das palavras tem o mesmo efeito do cachimbo, entorta a boca, o
título da usucapião passou a ser, para alguns intérpretes, documento, o que não constitui a nossa
posição nem a de uns poucos autores atentos. Lembremos, ainda, o princípio de que a posse injusta não
cria título. O CC português (arts. 1293.º a 1296.º) admite, em dois casos de usucapião de imóveis, o
registro do título de aquisição ou o registro da mera posse (posse titulada). No direito argentino,
encontramos referência ao modo e ao título no seguinte texto: "La norma [do art. 2505 do CC argentino]
consagra la publicidad del acto jurídico y su oponibilidad a los terceros desde su inscripción, pero a los
efectos de la adquisición del derecho real implicaba que debía cumplirse con la tradición (modo) y la
instrumentación mediante escritura pública del acto jurídico (título suficiente).
7
COELHO DA ROCHA, 1984, p. 243.
8
Usa-se no Direito, algumas vezes, a mesma palavra para designar o fato jurídico e o direito subjetivo
que dele nasce. Por outro lado, em muitos casos, há denominações específicas diferentes para o fato e
para o direito: é o caso, por exemplo, do fato jurídico da compra e venda de que nasce o direito de
propriedade sobre determinada coisa.
se com o solo uma só coisa pelo fenômeno jurídico da acessão; por
isso se diz que o edifício é imóvel por acessão (melhor, o edifício
tornou-se parte integrante do imóvel por efeito da acessão), porque
aderiu física e juridicamente; assim como se diz que não há acessão
(união) quando a construção não tem caráter de permanência, de
definitividade, como, por exemplo, "as construções ligeiras, que se
levantam no solo ou se ligam a edifícios permanentes, e que se
destinam à remoção ou retirada, como as barracas de feira, os
pavilhões de circos, os parques de diversões que se prendem ao chão
por estacas, mas que para própria utilização devem ser retirados e
conduzidos para outro local"9.
Acessão é, portanto, um evento relevante para o Direito sobre o
qual incide a norma jurídica. Esta pode ser construída nos seguintes
termos: se e quando se verifica a união inseparável, com caráter de
permanência, de duas (ou mais) coisas, o proprietário de uma das
coisas torna-se proprietário do todo.

9
PEREIRA, Caio Mário da Silva. 1987, p. 282.

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