DISCIPLINA: FRUTICULTURA
CULTURA DA ACEROLA
RS, Brasil
2007
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SUMÁRIO
CULTURA DA ACEROLA
De cor vermelha bem forte quando madura, variando entre os tons alaranjados e púrpura,
com um perfume semelhante ao da maçã, de sabor levemente ácido, polpa macia e cheia de suco,
a acerola já era usada há muitos séculos pelos nativos da região das Antilhas, da América Central
e do norte da América do Sul. Por ser uma planta rústica e resistente, a acerola se propagou
naturalmente e com facilidade por toda parte.
Por muito tempo, essa "cereja tropical" nascida nas Antilhas permaneceu florescendo e
frutificando em terras americanas sem provocar maiores atenções. Não tinha a volúpia do caju,
nem a variedade dos araticuns.
a amora. Assim, bastariam quatro unidades da fruta por dia para suprir todas as necessidades de
vitamina C de uma pessoa adulta saudável.
Sabe-se, hoje, que pela concentração de ácido ascórbico que contém, a acerola não é
apenas indicada na manutenção da saúde, como também evita a debilidade, a irritabilidade, a
fadiga, a perda de apetite, além de diminuir a ocorrência de doenças infecciosas e de dores
musculares e articulares. Além disso, pode ser aplicada no combate a gripes e afecções
pulmonares, no controle de casos com tendências a hemorragias nasais e gengivais e como
auxiliar nos tratamentos de doenças do fígado. E, por tudo isso, a acerola é indicada na dieta de
lactentes, crianças e adolescentes, de gestantes e de organismos envelhecidos, desnutridos ou
debilitados.
Tratada como segredo de Estado, a pequena fruta ficou aprisionada em Porto Rico até ser
trazida às escondidas para o Brasil, no ano de 1956, por uma professora da Universidade Federal
Rural de Pernambuco (UFRPE). Das 245 sementes plantadas no campus da Universidade, apenas
10 germinaram e se transformaram em plantas produtivas, e é bem provável que a maior parte das
mudas plantadas no Brasil tenham sido geradas a partir daquelas primeiras matrizes.
Foi grande a aceitação da nova fruta, e seu sucesso, imediato. Em algumas cidades do
interior do Brasil, por exemplo, não há praticamente quintal, pomar, ou jardim que não tenha um
pé de acerola.
franca expansão. Isto porque a acerola encaixa-se perfeitamente na tendência mundial, iniciada
durante a década de 80, da procura por produtos naturalmente saudáveis.
Na metade da década de 90, no mundo todo, a acerola está sendo amplamente consumida
in natura ou em sucos processados a partir da própria fruta congelada; em geléias, marmeladas,
compotas, licores ou refrescos.
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
MERCADO
valores em torno de 50 t/ha. Desse modo, o volume de produção de acerola no Brasil apresenta
um grande potencial de crescimento, sem a necessidade de expansão das áreas de cultivo atuais.
Parte considerável dessa produção não é aproveitada devido à alta perecibilidade dos
frutos, estimando-se em 40% as perdas pós-colheita. Quanto ao destino da produção, cerca de
60% permanecem no mercado interno e 40% vão para o mercado externo. No tocante ao mercado
interno, o volume de produção é distribuído entre a indústria (46%), atacado (28%), varejo
(19%), bem como cooperativas e outras associações de produtores (7%).
Mercado Interno
Mercado Externo.
CARACTERISTICAS DA PLANTA
Arbusto de até 3 m de altura. Tronco que se ramifica desde a base. Copa densa com folhas
pequenas de coloração verde-escura e brilhante. Flores dispostas em cachos de coloração rósea a
violeta esbranquiçada. Floração durante o ano todo.
FRUTO
CULTIVO
SOLOS
CLIMA
VARIEDADES
Variedades doces
Manoa Sweet – apresenta copa ereta e estendida, é vigorosa, prolífica e tem tendência a
produzir muita ramagem líder, atingindo ate 5m de altura. Seus frutos são de coloração Amarela-
avermelhada quando completamente maduros. São doces, de bom sabor. É recomendada para
plantios caseiros.
Tropical ruby – o habito de crescimento lembra a Manoa Sweet, necessitando de
controle para desenvolver tronco único. Quando não podada pode atingir 5m de altura. Boa
produtora, seus frutos são idênticos aos da Manoa Sweet.
Hawaiian Queen – seu hábito de crescimento é ereto, esparramado e aberto. Igualmente,
deve ser conduzida de maneira a formar tronco único, o que pode ser praticado com menor
esforço que as anteriores.
Variedades ácidas.
Universidade de Miami, este clone é compacto, baixo, com ramagem densa e habito de
crescimento que pode ser facilmente conduzido para formar arbusto de tronco único. Tanto a
produção de frutos como de acido ascórbico são boas. Fruto grande, com coloração laranja
avermelhada quando completamente maduro.
C. F. Rehnborg – nome dado em homenagem ao Sr. Carl F. Rehnborg, devido ao seu
grande interesse pela acerola. Provenientes de Miami, as sementes germinaram no Havaí. A
planta é de formação compacta, densamente ramificada, podendo ser facilmente conduzida para
formar tronco único. Embora altamente produtiva, comparativamente seu teor de ácido ascórbico
é baixo. Apresenta fruto grande com coloração laranja avermelhada passando a vermelho escuro
quando maduro.
F. Haley – a denominação é derivada de Frederick Haley Sênior, primeiro a introduzir a
acerola na Havaí. Com sementes provenientes de Miami, essa variedade forma arvores boas para
pomares, sendo facilmente conduzida para tronco único e crescimento ereto, seus ramos são
alongados, com ramagem lateral não esparramada. Os frutos, de tamanho médio, tem coloração
vermelho-púrpura quando plenamente maduros. Esta variedade adapta-se melhor às áreas mais
secas.
Red Jumbo – é uma das melhores, indicada para plantações comerciais. Possui tronco
único, crescimento baixo. Na Havaí sua estação de florescimento prolonga-se de janeiro a
fevereiro. Embora seja arbusto baixo, a porcentagem de frutificação é relativamente alta e o fruto
grande, pesando 9,3g, em media, é de coloração atrativa, passa do vermelho-cereja para o
vermelho-púrpura quando em plena maturação.
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PROPAGAÇÃO
A aceroleira pode ser propagada por via sexuada (através de sementes), via assexuada
(através de enxertia e estaquia).
Semeadura.
A propagação por via sexual provoca uma serie de problemas no pomar, uma vez que são
observados baixo índice de germinação das sementes, segregação dos caracteres genéticos que
por sua vez influenciara nas características relativas ao vigor, conformação da copa e
produtividade da planta, bem como no tamanho, formato, coloração e sabor dos frutos, e
rendimento de ácido ascórbico. Baixa é a germinação das sementes a aceroleira. A germinação
varia de 20 a 30%. A perda do poder germinativo é rápido, as sementes mantém até 3 meses de
idade um poder germinativo de 47%, de 20% aos 6 meses e 10% aos 12 meses.
As sementes devem ser colhidas de plantas que apresentem boa produtividade, em
matrizes selecionadas. As plantas devem ser vigorosas, produtivas e isentas de pragas e doenças,
devendo as sementes serem retiradas dos frutos, completamente maduros, que são lavados e em
seguida sobre uma peneira sob jato de água corrente e secas à sombra por 3 a 5 dias.
A semeadura pode ser feita em qualquer época do ano onde será implantado o pomar com
irrigação. Em outras condições é preferível semear de 4 a 6 meses antes do plantio no campo de
forma a coincidir com inicio da estação chuvosa. A semeadura pode ser realizada diretamente em
recipientes ou em canteiros para posterior repicagem para aqueles.
Estaquia.
ao solo. A produção por estaquia apresenta a formação de pomares mais uniformes, visto que
todas as plantas descendem de uma mesma matriz.
Utilizam-se estacas lenhosas com 2 pares de folhas, de 15 a 20cm de comprimento,
enterrando-se 1/3 em terra misturada com areia. Após 60 dias, transplantar para sacos plásticos,
levando a campo com 8 meses.
Porta-enxerto:
Considerando que o número de caroços com sementes viáveis é baixo, entre 20 a 50%,
recomendasse aumentar na mesma proporção a quantidade de caroços a semear (B). A semeadura
pode ser feita em linhas ou espalhando os caroços ao acaso em caixas de madeira, plástico ou
isopor contendo um substrato poroso, bem drenado, geralmente constituído por areia lavada e
vermiculita na proporção, em volume, de 1:1. Em seguida, os caroços devem ser coberto com
uma camada de 1,0 cm de substrato e colocados em local sombreado e protegido. O início da
emergência das plântulas ocorre duas a três semanas após a semeadura, sendo repicadas para
sacos de polietileno preto contendo o substrato de crescimento quando apresentarem de dois a
três pares de folhas (C).
Enxertia
As mudas propagadas por enxertia apresentam um sistema de raízes mais vigoroso e por
isso mais agressivo, explorando assim um maior volume de solo. Alem disso a presença da raiz
pivotante, da muda enxertada, confere um maior sustentação da planta ao solo. O enxerto é a
parte da planta que dará origem à copa, responsável pela produção de frutos. A enxertia é feita
com o auxílio de um canivete, sendo a garfagem em fenda cheia o método mais utilizado em
acerola. Os garfos devem ser semilenhosos, com 3 a 4 gemas, isentos de pragas e doenças e
coletados de diferentes variedades compatíveis para plantio intercalado no pomar evitando que
predomine a autopolinização, que pode levar a uma menor produção de frutos.
Para que a enxertia seja bem sucedida é importante que os garfos tenham o mesmo
diâmetro dos porta-enxertos na região do enxerto. Além disso, recomenda-se que seja realizada
durante os meses quentes do ano, quando as plantas estão em pleno desenvolvimento vegetativo,
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que favorece o pegamento. A compatibilidade, que é uma condição básica para que a planta
enxertada possa externar toda a sua função produtiva.
PRAGAS E DOENÇAS.
Pulgões - podem causar sérios prejuízos à planta. Ao sugarem a parte final dos ramos,
provocam seu murchamento e morte, o que força a planta a gerar brotos laterais. Controle -
pulverizações de óleo mineral emulsionável, na concentração de 1 a 1,5% em água. Os pomares
irrigados por aspersão sobre a copa têm apresentado, em geral, menor índice de infestação.
Bicudo - Faz sua oviposição no ovário das flores e nos frutos em desenvolvimento dos
quais se alimenta nas primeiras etapas de seu crescimento. Em geral os frutos atacados pelo
bicudo ficam deformados. Controle - Pulverizar com paration na época do florescimento,
repetindo-se a pulverização após dez dias; observadas as recomendações do fabricante; recolher e
enterrar todos os frutos caídos no chão e eliminar as outras espécies do gênero Malpighia
existentes nas proximidades do pomar.
A lavagem dos frutos dever ser feita em esteiras adequadas para o uso de jatos de água
fria sobre os frutos. Tanques contendo água fria podem ser utilizados, sendo que esta água deve
ser renovada com freqüência.
Após a seleção e lavagem os frutos devem ser levados para câmaras ou túneis de
congelamento em recipientes que permitam a passagem uniforme de fluxo de ar frio pelo frutos.
O congelamento deve ser realizado no menor tempo possível. O armazenamento é feito em
câmaras com temperatura em torno de – 20°C. durante o armazenamento de frutos
congelados,apesar da baixa temperatura, ocorre mudanças de ordem física,
bioquímica,microbiológica e nutricional, principalmente em função do tempo e da temperatura de
congelamento e armazenamento. Entre estas mudanças a principal é a recristalização da água.
Durante a comercialização é fundamental a manutenção da cadeia de frio durante o
transporte ou na comercialização.
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REFERENCIAS
SÃO JOSÉ, Abel Rebouças. Acerola no Brasil, Produção e Mercado. Vitória da Conquista –
BA, DFZ/UESB, 1995.
NETTO, L. M. Acerola a cereja tropical. Nobel, 1986, São Paulo.