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Teoria Geral

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DA CITAÇÃO E DA INTIMAÇÃO
Sumário: 31.1 Introdução / 31.2 Instituto da citação / 31.3 Supri-
mento da citação / 31.4 Destinatário da citação / 31.5 Quem
deve ser citado / 31.6 Citação inicial dos militares em serviço ativo
e do funcionário público / 31.7 Citação inicial do agente
diplomático / 31.8 Pessoas a quem não se deve fazer citação
inicial / 31.9 Estabilização da demanda / 31.10 Efeitos da citação
inicial / 31.10.1 Prevenção do juízo / 31.10.2 Litispendência
31.10.3 Litigiosidade da coisa / 31.10.4 Constituição do devedor
em mora / 31.10.5 Interrupção da prescrição / 31.11 Modalidades
de citação / 31.11.1 Citação pelo correio / 31.11.2 Citação
através do Oficial de Justiça / 31.11.3 Citação por hora certa
31.11.4 Citação por edital / 31.12 Requisitos da citação por edital
31.13 Da intimação / 31.14 Destinatário da comunicação do ato
processual.

31.1 INTRODUÇÃO
É sabido que a relação jurídica processual é o próprio processo e,
para que se forme, é necessário que o réu seja citado. "Para a validade
do processo – diz o art. 214 do CPC – é indispensável a citação inicial
do réu". Por isso, é considerado o mais importante dos atos processuais,
exatamente por completar a formação da relação processual e instaurar o
contraditório no processo. Aliás, é regra de fundo constitucional que
ninguém pode ser condenado, sem antes ter conhecimento do que lhe é

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Da Citação e da Intimação

imputado e sem antes poder oferecer resposta ou defesa. É a citação,


portanto, o meio oficial do réu tomar conhecimento do que lhe está sendo
imputado, dando-lhe oportunidade para se pronunciar sobre a acusação
que lhe está sendo feita. Ainda, efetivada a citação, o pedido inicial
somente pode ser alterado com o consentimento do réu (princípio da
estabilização da lide).
No processo, não é somente pela citação que se dá conhecimento
dos atos às partes e interessados, mas também pela intimação, ato pelo
qual se dá ciência a alguém dos atos e termos que foram praticados no
processo.
Primeiramente, analisaremos o instituto da citação. Depois,
trataremos do instituto da intimação.

31.2 INSTITUTO DA CITAÇÃO


Citação, em legislação processual, significa o chamamento do réu
a juízo para se defender. Assim, a sua finalidade é dar conhecimento à
parte contrária da ação contra ela movida. O próprio Código de Processo
Civil apresenta a definição de citação, através do seu art. 213, que assim
dispõe:

"Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o


interessado, a fim de se defender".

Citação, portanto, é o chamamento do réu, ou do interessado no


processo, para que tome conhecimento do que lhe está sendo imputado e
apresente defesa.
O Autor, ao formular sua inicial, deve pedir a citação do réu (CPC,
art. 282, VII), e o juiz, ao recebê-la, examinará detidamente os elementos
sensíveis do pedido, cotejando os documentos que o acompanham e
verificando se o autor possui as condições necessárias para postular seus
direitos. Em caso positivo, ordenará o chamamento, através do oficial de
justiça ou dos meios permitidos em lei. Caso contrário, deve trancar a
demanda, rejeitando a inicial de plano, ou assinar um prazo para o
suprimento das deficiências da inicial (CPC, art. 284).

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Teoria Geral

Há, portanto, dois atos distintos para o chamamento do réu ou do


interessado: o ato do pedido da citação, praticado pelo autor, e a
intimação da citação, que é o ato feito pelo oficial de justiça ou por
outros meios admitidos em lei, sempre por ordem do juiz. Aquele é o
chamamento a juízo, e este é o aviso que o citando recebe desse
chamamento.
Conclui-se que o pedido de citação é ato praticado pelo autor e é
elemento essencial da petição inicial, tanto que, se a petição inicial não
contiver o pedido de intimação da citação (art. 282, VII, do CPC), será
considerada inepta, e o magistrado não poderá mandar, ex officio,
proceder à intimação. Também não pode rejeitá-la in limine, devendo
determinar ao autor que a complete dentro do prazo legal, sob pena de
indeferimento. “Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os
requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, - dispõe o art. 284 do CPC – ou
que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o
julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a
complete, no prazo de 10 (dez) dias”.
Já a intimação da citação é ato do juiz, realizado por intermédio
do oficial de justiça, da imprensa, ou do correio, conforme o caso, e
consiste em comunicar o ato processual do autor à parte, chamando o réu
ou o interessado para se defender em juízo. Trata-se mais de uma
intervenção do juiz, que manda dar aviso à contraparte para vir defender-
se, já que é ele o diretor das regras processuais e do processo que está se
formando.
Portanto, a finalidade principal do ato da citação é completar a
formação da relação jurídica processual, tanto que, se o juiz proferir
sentença com vício de citação, o processo se tornará nulo desde o início
(in RT 498/217, 498/162, 471/178). Eis o que decidiu certa vez o
Tribunal: "A falta de citação é nulidade absoluta e pode ser argüida a
qualquer tempo e mesmo decretada ex officio" (in RT 485/197). “As
citações e as intimações serão nulas, - dispõe o art. 247 do CPC –
quando feitas sem observância das prescrições legais”, vale dizer,
processo sem citação é nulo ou, sem citação, não ocorre a revelia e o feito
não pode receber sentença.

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Da Citação e da Intimação

31.3 SUPRIMENTO DA CITAÇÃO


O Código considera sanada a falta da citação, se o réu,
espontaneamente, comparecer em juízo e ingressar no processo. "O
comparecimento espontâneo do réu supre, entretanto, a falta de
citação" (§ 1.º do art. 214). Portanto, o comparecimento sponte propria
do réu, ou do executado sem ser citado, supre a falta de citação.
Entretanto, pode o réu comparecer e responder aos termos do
pedido, ou comparecer apenas para alegar a nulidade de seu chamamento.
Se comparecer e responder aos termos do pedido, fica sanada
qualquer irregularidade e, assim, o processo continua normalmente; se
apenas comparecer para alegar a falta de citação, a qual é depois
decretada, dar-se-á "a citação na data em que ele ou seu advogado for
intimado da decisão" (§ 2.º do art. 214).
Pode ocorrer de a citação não ter sido feita e o Dr. Curador a argüir.
Nesse caso, após a decretação da nulidade da citação, sendo o réu revel, ou
seja, sem advogado constituído nos autos, deverá ele ser citado pessoal-
mente, ou pelos meios determinados pela lei, pois o comparecimento do
representante do órgão do Ministério Público não cumpre nem valida o ato.

31.4 DESTINATÁRIO DA CITAÇÃO


A citação não é somente o chamamento do réu, mas também do
interessado. Este é chamado não para se defender, mas para tomar
conhecimento do processo. É o caso da citação dos herdeiros, em
inventário. Eles não são réus nem têm do que se defender, são apenas
interessados, isto porque, o procedimento de jurisdição voluntária,
também se inicia por citação: “Serão citados, sob pena de nulidade, -
determina do art. 1.105 do CPC – todos os interessados, bem como o
Ministério Público”.

31.5 QUEM DEVE SER CITADO


A lei prefere a citação pessoal, chamada real, feita à própria
pessoa do réu. É a citação realizada pelo oficial de justiça, diretamente à
pessoa do réu, se este for capaz; se for absolutamente incapaz, será feita à

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Teoria Geral

pessoa de seu representante legal (pai, mãe, tutor ou curador); se


relativamente incapaz, à sua própria pessoa, com assistência de seu
representante legal (CPC, art. 8.º). A propósito, o TJSP já decidiu: "Nulo
é o processo em que o menor púbere não foi citado pessoalmente, com
assistência dos pais" (in RT 476/72).
Se o réu for uma pessoa jurídica de direito público, a citação será
feita à pessoa de seu representante legal. A União, os Estados, o Distrito
Federal e os Territórios serão citados na pessoa dos seus procuradores; o
Município, na pessoa do Prefeito ou procurador (CPC, art. 12, n.º I e II).
As autarquias serão citadas na pessoa de seu diretor ou órgão que a lei
instituidora indicar.
Tratando-se de pessoa jurídica de direito privado, a citação será
feita à pessoa do seu diretor ou a quem os respectivos estatutos ou
contratos sociais designarem (CPC, art. 12, VI). Assim, para citar a
pessoa jurídica, o autor deve indicar, na petição inicial, o nome de quem
deve ser intimado na citação ou de quem a represente. Se faltar essa
exigência, correrá o risco de assistir à decretação da nulidade da citação e
dos atos subseqüentes (in RT 502/109, 388/258), porque o oficial de
justiça não tem obrigação de pesquisar esses elementos. Veja o que
decidiu certa vez o tribunal: "Nula é a citação de pessoa jurídica feita ao
empregado sem poderes de representação ou gerência" (in RT 506/160).
Portanto, o autor deve, antes de distribuir a ação, obter no registro público
peculiar o nome da pessoa que deve ser citada, para que o oficial de
justiça possa levar a cabo a sua missão. Se as sociedades não têm
personalidade jurídica, serão elas citadas na pessoa a quem couber a
administração dos seus bens (CPC, art. 12, n.º VII).
As pessoas jurídicas estrangeiras serão citadas na pessoa do seu
gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal
aberta ou instalada no Brasil (CPC, art. 12, n.ºs. VI e VIII).
A citação de certas entidades chamadas pessoas formais se fará
da seguinte forma: a massa falida, na pessoa do administrador judicial; o
espólio, na pessoa do inventariante; a herança vacante ou jacente, na de
seu curador; o condomínio, na pessoa de seu administrador ou síndico
(CPC, art. 12, n.º IX).
Mesmo que o réu seja pessoa física e capaz, a citação pessoal
poderá ser feita, também, à pessoa do procurador legalmente autorizado

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Da Citação e da Intimação

pelo réu, desde que conste, no instrumento de procuração, poderes para


receber tal citação.
Entretanto, se o réu estiver ausente, poderá ser citada a pessoa
que se presume representá-lo. Veja o que determina o art. 215, § 1.º, da
lei processual: "Estando o réu ausente, a citação far-se-á na pessoa de
seu mandatário, administrador, feitor ou gerente, quando a ação se
originar de atos por eles praticados".
Outra pessoa que está autorizada por lei a receber citação como
representante do réu locador ausente, embora também sem poderes
expressos e especiais para receber citação inicial, é o administrador de
bem locado. Analise o que diz o art. 215, § 2.º, do CPC: "O locador que
se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou na
localidade, onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para
receber citação, será citado na pessoa do administrador do imóvel
encarregado do recebimento dos aluguéis".

31.6 CITAÇÃO INICIAL DOS MILITARES EM


SERVIÇO ATIVO E DO FUNCIONÁRIO
PÚBLICO
A regra geral é que uma pessoa pode ser citada onde quer que se
encontre: em seu domicílio, residência, local de trabalho ou de lazer etc.
É o fundamento do art. 216 do CPC, que diz:

"A citação efetuar-se-á em qualquer lugar em que se encontre


o réu".

Entretanto, se o citando for militar em serviço ativo, não pode ser


citado onde quer que se encontre, pois a lei, no caso, determina que o seja
em sua residência. “O militar, em serviço ativo, será citado na unidade
em que estiver servindo se não for conhecida a sua residência ou nela
não for encontrado” (CPC, art. 216, parágrafo único). Portanto, somente
após a declaração da parte de que não conhece o endereço ou a certidão
negativa do oficial de justiça é que se pode procurar o militar no quartel
para fins citatórios.

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Teoria Geral

31.7 CITAÇÃO INICIAL DO AGENTE


DIPLOMATICO
A citação de agentes diplomáticos brasileiros que exercem suas
funções no estrangeiro é realizada através do Ministério das Relações
Exteriores e não através de rogatória.
Os representantes diplomáticos gozam de privilégios e isenções
reconhecidos pelo Direito Internacional, inclusive de imunidade de
jurisdição civil e criminal, direitos esses consagrados pela Convenção de
Viena sobre relações diplomáticas, em 1956, e que o Brasil ratificou. Não
se pode recorrer a autoridades estrangeiras para que sejam portadoras de
citação por carta rogatória aos referidos agentes, visto que as
representações diplomáticas desfrutam do privilégio de
extraterritorialidade. “O agente diplomático do Brasil, que, citado no
estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, ao
país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no
último ponto do território brasileiro onde o teve” (CC, art. 77).

31.8 PESSOAS A QUEM NÃO SE DEVE FAZER A


CITAÇÂO INICIAL
A lei processual civil, através do seu art. 217, enumera as pessoas e o
momento em que estas não podem ser citadas, sob pena de nulidade.
Assim reza o referido dispositivo:

"Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o


perecimento do direito:
I – a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso;
II – ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consangüíneo
ou afim, em linha reta, ou na linha colateral em segundo
grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes;
III – aos noivos, nos 3 (três) primeiros dias de bodas;
IV – aos doentes, enquanto grave o seu estado".

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Da Citação e da Intimação

"Também não se fará a citação, quando se verificar que o réu é


demente ou está impossibilitado de recebê-la" (CPC, art. 218). Nesse
caso, o oficial de justiça passará certidão, descrevendo minuciosamente a
ocorrência. O juiz nomeará um médico para examinar o citando e o laudo
será apresentado no prazo de cinco dias.
"Reconhecida a impossibilidade, o juiz dará ao citando um
curador, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida na
lei civil. A nomeação é restrita à causa" (§ 2.º do art. 218, do CPC).
"A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a
defesa do réu".
Se, ao contrário, o exame apurar aptidão do réu para receber a
citação, determinará ao oficial de justiça o cumprimento do mandado.

31.9 ESTABILIZAÇÃO DA DEMANDA


Procedida a citação do réu, é proibido ao autor fazer qualquer
modificação do pedido, exceto se houver aquiescência do réu. É o que se
depreende do texto do art. 264 do CPC, in verbis:

“Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido


ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se
as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei”.

Consagra, aí, o princípio da estabilidade. Esta proibição passa a


incidir após “feita a citação” do réu e antes do provimento judicial que
declara saneado o processo; após o saneamento processual não há mais a
permissão. “A alteração do pedido ou da causa de pedir – diz o par. ún.
do art. 264 do CPC – em nenhuma hipótese será permitida após o
saneamento do processo”.

31.10 EFEITOS DA CITAÇÃO INICIAL


Na sistemática processual em vigor, considera-se proposta a ação,
logo que a petição inicial seja despachada pelo juiz, ou simplesmente

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Teoria Geral

distribuída, onde houver mais de uma vara, mas a "propositura da ação,


todavia, só produz, quanto ao réu, os efeitos mencionados no art. 219
depois que for validamente citado" (CPC, art. 263).
O art. 219 do CPC, por sua vez, dispõe:

"A citação válida torna prevento o juízo, induz


litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda, quando ordenada
por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e
interrompe a prescrição".

A citação válida é aquela que satisfaz os requisitos exigidos pela


lei; além disso, a citação ordenada por juiz incompetente (citação não
válida) constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. Portanto,
toda citação produz efeito, tanto a válida como a não-válida. A perfeita
previne o juízo, induz litispendência e torna a coisa litigiosa; a imperfeita
valerá para constituir em mora o devedor e interromper a prescrição, pois
funciona como interpelação ou notificação. São efeitos da citação:
a) prevenir a jurisdição; b) induzir litispendência; c) tornar a coisa
litigiosa; d) constituir o devedor em mora; e) interromper a prescrição.

31.10.1 Prevenção do Juízo


A prevenção, como já frisamos anteriormente, capítulo 23, figura
como critério modificador da competência. “Correndo em separado ações
conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial,
considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar” (CPC,
art. 106). Entretanto, tratando-se de ações conexas entre juízes concorrentes
de comarcas diversas, a regra a ser observada é a do artigo 219 do CPC, que
diz: “A citação válida torna prevento o juízo,...”. Nesse caso, em que as
causas conexas ou continentes correm perante juízes de diversas
competências territoriais, a prevenção se opera em favor daquele onde se
fez a citação válida.
Duas são as regras a serem observadas: a) a dos juízes da mesma
competência territorial cuja prevenção se opera em favor daquele que
despachou em primeiro lugar mandando citar o réu, conforme determina o
art. 106 transcrito acima; b) a dos juízes de competência territorial
diversa, cuja prevenção se dá em favor daquele que fez primeiro a citação
inicial válida.

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Da Citação e da Intimação

31.10.2 Litispendência
Litispendência significa existência de uma demanda em
andamento; a lide que não foi decidida (lites = lide, demanda) e
(pendentia = pender), ou seja, causa pendente. Enfim, litispendência é a
existência de ação em andamento, que não foi julgada. Na palavra do
mestre Vicente Greco Filho, a “litispendência é o fato processual da
existência de ação em andamento e que produz como efeito negativo a
impossibilidade de haver outro processo idêntico”.236
A conseqüência maior dessa pendência é a argüição, pelo
interessado, da preliminar de litispendência, impedindo que uma mesma
causa seja objeto de nova ação, até que a ação pendente seja decidida
definitivamente.
Portanto, existindo outra ação em andamento que contém as
mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido, ou seja, a
repetição ipsis litteris de ação já em andamento, há litispendência que
gera a extinção da ação que se formou por último (CPC, art. 267, V).
A proibição da existência de ações idênticas é matéria de ordem
pública, tanto que o juiz pode extinguir de ofício, a qualquer tempo e em
qualquer grau de jurisdição.

31.10.3 Litigiosidade da coisa


Uma vez considerada válida a citação, a coisa (objeto da ação) se
torna litigiosa, e o seu proprietário não mais poderá praticar a sua
alienação, sob pena de incorrer em fraude de execução (CPC, art. 593).
Constitui fraude de execução o ato do devedor que pretende lesar
o credor através da alienação ou oneração dos bens que fazem parte do
litígio. Assim, a alienação da coisa litigiosa torna o ato ineficaz em face
do exeqüente (arts. 592, V e 593), ou seja, o bem alienado, mesmo na
posse do terceiro adquirente, “continuará sujeito aos efeitos da sentença
proferida entre as partes”.237

236 Ob. cit., p. 32.


237 H..Theodoro Jr., ob. e vol. cits., pág. 266.

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Teoria Geral

31.10.4 Constituição do devedor em mora


A citação é considerada a mais enérgica das interpelações (in RT
498/154). Corresponde, portanto, à interpelação para efeito de purgação
da mora; o devedor, com a citação, fica em mora se uma dívida ajuizada
não tiver data certa de vencimento e se o respectivo título não foi objeto
de protesto.
Há casos em que a citação não produz o efeito supra. Nesse
sentido pode ser lembrada a seguinte decisão: "Com o advento do Decreto
lei n.º 745, de 1969, é sempre necessária a interpelação prévia para ação
de rescisão do compromisso de compra e venda, ficando sem pertinência
a jurisprudência de que a citação para a demanda supre a falta de
interpelação" (in RT 488/199); ou "após o advento do Decreto-lei n.º
745/69, a rescisão do contrato de compromisso de compra e venda de
imóvel não loteado só é possível depois de prévia interpelação, para
caracterizar a mora" (in RT 563/227). O nosso legislador não dá efeito à
citação para o caso particular da rescisão do compromisso de compra e
venda porque o referido Decreto-lei n.º 745 tem caráter de ordem pública,
sendo portanto incontornável pela vontade das partes.
Concluindo, a citação, em regra, valerá como interpelação ou
notificação, mesmo quando ordenada por juiz incompetente (CPC, art.
219) constituindo o devedor em mora. Vale dizer, não havendo prazo
assinado, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial
(CC, art. 397, par. ún.).

31.10.5 Interrupção da prescrição


A prescrição é um instituto que tem a força de extinguir qualquer
ação que não seja exercida em determinado tempo. Câmara Leal ensina
que "prescrição tem por efeito direto e imediato extinguir ações, em
virtude do seu não exercício durante um certo lapso de tempo. Sua causa
eficiente é, pois, a inércia do titular da ação, e seu fator operante, o
tempo".238

238 Da Prescrição e Da Decadência, pág. 366.

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Da Citação e da Intimação

A citação interrompe a prescrição, caso o direito de propor ação


esteja preste a se extinguir. Aliás, a citação produz esse efeito, ainda que
ordenada por juiz incompetente. É de relevo, que a interrupção da
prescrição não ocorrerá na data da citação, mas na data da propositura da
ação. “A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da
ação”, diz o parágrafo primeiro do art. 219 do CPC. No entanto, para que
essa interrupção retroaja à data da propositura da ação, é preciso que o
autor promova a citação do réu nos dez dias subseqüentes ao despacho
que a ordenar, fornecendo, por exemplo, a cópia da inicial, recolhendo a
diligência do oficial de justiça. “Incumbe à parte promover a citação do
réu nos dez (10) dias subseqüentes ao despacho que a ordenar; não
ficando prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço
judiciário” (§ 2 do art. 219).
Vencido o prazo de dez dias sem que a citação do réu tenha
ocorrido, o juiz, de ofício e quando os autos lhe forem conclusos,
prorrogará o prazo até o máximo de noventa dias. Evidentemente, se
passar esse prazo sem que haja o ato citatório, “haver-se-á por não
interrompida a prescrição” (§ 4.º do art. 219).
Portanto dentro do prazo prorrogado, o autor terá que lançar mão
de todos os meios a seu alcance para que a citação ocorra, valendo, se for
o caso, até da citação por edital.
“Não se tratando de direitos patrimoniais, o juiz poderá, de
ofício, conhecer da prescrição e decretá-la de imediato” (§ 5.º do art.
219). “Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo
anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento” (§
6º do art 219).

31.11 MODALIDADES DE CITAÇÃO

Após o requerimento do autor, pedindo ao juiz o chamamento do


réu para se defender, surge um outro ato, por ordem do juiz, intimando o
réu para ser ouvido. Essa intimação da citação pode ser feita através de
três formas: pelo correio, pelo oficial de justiça e por edital.

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Teoria Geral

31.11.1 Citação pelo correio

“A falência, embora não inclusa no rol do art. 222 do


CPC, não admite a citação por via postal, em razão de tal
modalidade não estar prevista na lei de quebras, o que, por si só,
impossibilita a invocação de norma geral do sistema processual
civil comum (art. 221, I, do CPC), diante de sua incompatibilidade
com o sistema processual falimentar” (in RT 762/254).

A citação real pelo correio é a forma comum de chamamento de


qualquer réu (pessoa física ou jurídica), salvo as exceções expressamente
elencadas no art. 222 do CPC, o qual transcreverá logo em seguida. É a
regra. Se o autor não desejar o emprego dessa modalidade, deverá fazer
requerimento explícito na petição inicial indicando que seja realizado por
meio de oficial de justiça.

“A citação será feita pelo correio, - diz o art. 222 do


CPC -para qualquer comarca do País, exceto:
a) nas ações de estado (aquelas que versam sobre a posição da
pessoa na família ou que dizem respeito ao estado político);
b) quando for ré pessoa incapaz;
c) quando for ré pessoa de direito público;
d) nos processos de execução;
e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega
domiciliar de correspondência;
f) quando o autor a requerer de outra forma”.

“Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou chefe da


secretaria remeterá ao citando cópia da petição inicial e do despacho do
juiz, expressamente consignada em seu inteiro teor a advertência a que se
refere o art. 285239, segunda parte, comunicando, ainda, o prazo para a
resposta e o juízo e cartório, com o respectivo endereço” (CPC, art. 223).

239 Segunda parte do art. 285: “do mandado constará que, não sendo
contestada a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos
articulados pelo autor”.

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Da Citação e da Intimação

“A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o


carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. Sendo o réu pessoa
jurídica, será válida a entrega a pessoa com poderes de gerência geral
ou de administração” (parág. único do art. 223).
“Essa regra, todavia, – decidiu o tribunal – comporta abranda-
mento, notadamente quando, ausente os representantes legais da socie-
dade, a pessoa presente no estabelecimento ainda que não legitimada à
representação da pessoa jurídica, recebe a carta assinando o respectivo
aviso de recebimento” (in RT 711/158).
“Começa a correr o prazo: I - quando a citação ou intimação
for pelo correio, da data de juntada aos autos do aviso de recebimento”
(CPC, art. 241, I).

31.11.2 Citação através do Oficial de Justiça


Far-se-á citação por meio do oficial de justiça:
a) nas ações de estado;
b) quando for ré pessoa incapaz;
c) quando for ré pessoa de direito público;
d) nos processos de execução;
e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega
domiciliar de correspondência;
f) quando o autor requerer que seja feita através do Oficial de
Justiça (CPC, art. 222).
g) Quando frustrada a citação pelo correio (CPC, art. 224).

“Nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se


situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá
efetuar citações ou intimações em qualquer delas” (CPC, art. 230). Nos
casos em que a lei não permite a via postal, a intimação da citação deve
ser feita através de oficial de justiça, munido de mandado do juiz (não
confundir com mandato). É a chamada "citação por mandado".

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Teoria Geral

A "citação por mandado" diz-se real, porque se faz, efetivamente,


na pessoa do réu ou na do "seu representante legal ou ainda na do
procurador legalmente autorizado" (CPC, art. 215). Há, ainda, a forma da
citação por hora certa, que veremos mais adiante.
De posse do mandado citatório, com todos os requisitos previstos
no art. 225240 do CPC, o oficial de justiça procurará o réu e o citará logo,
onde o encontrar.
Ao localizar e identificar o citando, o oficial de justiça deverá ler,
na íntegra, o mandado e, após entregar-lhe a contra-fé, que é a reprodução
fiel do mandado destinado ao citando, pedir-lhe-á que aponha o ciente no
mandado (art. 226, I e III).
Em caso de recusa, o oficial atestará o ocorrido, e a citação será
válida por ser o oficial de justiça dotado de fé pública.
Efetivada a citação, o oficial de justiça recolherá o mandado ao
cartório, com a respectiva certidão. O início do prazo para a defesa do réu
começa a correr na data em que o escrivão juntar o mandado aos autos
(CPC; art. 241, II): “Quando houver vários réus, da data de juntada aos
autos do último aviso de recebimento ou mandado citatório cumprido”
(CPC, art. 241, III): “Quando o ato se realizar em cumprimento de carta
de ordem, precatória ou rogatória, da data de sua juntada aos autos
devidamente cumprida” (CPC, art. 241, IV).

31.11.3 Citação por hora certa


“A citação por hora certa é nula se o oficial de justiça
deixa de colocar em certidão os dias e horários em que procurou
a parte ou quando o escrivão não remete carta, telegrama ou
radiograma, dando ciência ao réu da sua realização” (in RT
819/182).

240 Art. 225: “O mandado, que o oficial de justiça tiver de cumprir, deverá
conter: I – os nomes do autor e do réu, bem como os respectivos domicílios ou
residências; II – o fim da citação, com todas as especificações constantes da
petição inicial, bem como a advertência a que se refere o art. 285, segunda
parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis: III – a cominação, se
houver; IV – o dia, hora e lugar do comparecimento; V – cópia do despacho;
VI – o prazo para defesa; VII – a assinatura do escrivão e a declaração de que
o subscreve por ordem do juiz”.

484
Da Citação e da Intimação

Pode acontecer que, após ter procurado o réu por três vezes em seu
domicílio ou residência, o oficial de justiça suspeite que o réu esteja se
ocultando. Nesse caso, procurará qualquer pessoa da família, desde que capaz
(in RT 482/180) ou, em sua falta, qualquer vizinho maior, transmitindo-lhe
que, no dia imediato, procurará o réu em hora determinada para fazer-lhe a
citação. “Morando o citando em edifício de apartamentos, pode a hora certa
ser levantada na pessoa do porteiro ou do zelador" (in RT 730/268).
No dia e hora designados, o oficial de justiça comparecerá ao
domicílio ou residência do citando; se não o encontrar, inquirirá a pessoa
com quem deixou o recado e, se se convencer, realmente, de que o
citando está se ocultando, dará por feita a citação. Caso contrário, o
oficial de justiça não ultimará a citação e prosseguirá a diligência.
A consumação da citação por hora certa deve ser comunicada pelo
escrivão, através de carta, telegrama ou radiograma (art. 229). A propósito,
o Tribunal de Alçada de São Paulo já decidiu que "a citação com hora certa
deve obrigatoriamente ser completada com a expedição de carta, como
determina o art. 229 do Código de Processo Civil" (in RT 488/121).
Tratando-se de citação com hora certa, o prazo para contestação
tem o seu início com a juntada aos autos do mandado cumprido (CPC, art.
241, II).
No que tange à exigência da expedição da carta, diverge a
jurisprudência. Veja o que decidiu, certa vez, o mesmo tribunal: “O
expediente da carta do escrivão nada mais é do que providência
suplementar, para tornar mais certa a ciência da citação, mas não constitui
elemento integrante do respectivo ato citatório" (in RT 469/140).

31.11.4 Citação por edital


A preocupação do legislador é que se faça, sempre que possível, a
citação pessoal ao réu, ou ao seu representante legal, ou ao seu
procurador legalmente autorizado. Mas, se o citando for desconhecido, ou
se for conhecido, mas encontra-se em lugar incerto e não sabido, ou
ainda, se o lugar for conhecido mas inacessível, ou mais, se for incluído
num dos casos previstos em lei (CPC, art. 231), é permitida a citação por
edital.

485
Teoria Geral

Citação por edital é a que se faz através de avisos (éditos),


publicados pela imprensa e afixados na sede do juízo. É uma forma de
citação ficta. Ficta porque não há certeza que o efetivo conhecimento seja
levado ao réu; presume-se que o citando venha a ler os avisos.
Far-se-á a citação por edital:

a) quando a pessoa do citando é desconhecida

Quando o réu é desconhecido, tecnicamente não se trata de


verdadeira citação, pois esta é o chamamento de pessoa certa, determinada e
individualizada para formar a relação jurídico-processual, vinculando autor,
réu e juiz reciprocamente, ocasião em que nascem, ao mesmo tempo,
direitos e deveres mútuos, conhecidos como "relação triangular", observada
pela primeira vez por Oskar Bülow, em 1868. Ora, se o réu é desconhecido,
a relação processual não se forma. A citação, por edital, de pessoa
desconhecida, na verdade representa um meio legal de comunicar um ato ao
público, aos possíveis interessados desconhecidos, provocando-os a agir.
Em suma, o edital não satisfaz o princípio do recebimento da
citação quando o réu é desconhecido, porque não se pode chamar a juízo
e vincular pessoas indeterminadas ou desconhecidas. Ficticiamente, o
Código prevê a citação dessa espécie de pessoas, mas a sentença
pronunciada contra elas não pode ser oposta a exceptio rei iudicata
(exceção da coisa julgada).

b) quando o réu é conhecido, mas se encontra em lugar


incerto ou não sabido, ou o lugar é conhecido, mas
inacessível

Nesse primeiro caso (réu conhecido – lugar incerto), a citação fica


vinculada à relação jurídico-processual e, portanto, válida, previne a
jurisdição e torna efetiva a cominação contida na provocatio, cuja sentença
passa a ter força de res iudicata erga omnes (coisa julgada contra todos).
Exemplo do segundo caso (lugar conhecido, mas inacessível)
ocorre, quando posseiros ocupam determinada gleba de terra e impedem a
passagem de qualquer pessoa, defendendo-a a todo custo; é o caso
também do réu que está no estrangeiro e o país onde se encontra se recusa
a cumprir a carta rogatória (§ 1.º do art. 231).

486
Da Citação e da Intimação

Nas hipóteses acima, a citação será complementada com a notícia


radiofônica (§ 2.º do art. 231).

c) nos casos expressos em lei:

A lei prevê diversos casos de citação por edital, como é a hipótese


de citação dos credores do devedor insolvente (art. 761, II), ou da citação
dos herdeiros no inventário (art. 999, § 1.º), ou ainda a citação dos réus
ausentes, incertos e desconhecidos no processo de usucapião (art. 942).

31.12 REQUISITOS DA CITAÇÃO POR EDITAL


A validade da citação por edital depende de certas formalidades,
cujos requisitos estão enumerados no art. 232 do CPC, in verbis:

"São requisitos da citação por edital:


I – quantas circunstâncias previstas nos números I e II do
artigo antecedente;
II – a fixação do edital, na sede do juízo, certificada pelo
escrivão;
III – a publicidade do edital no prazo máximo de 15 (quinze)
dias, uma vez no órgão oficial e pelo menos duas vezes em
jornal local, onde houver;
IV – a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20
(vinte) e 60 (sessenta) dias, correndo da data da primeira
publicação;
V – as a afirmação do autor, ou a certidão do oficial, a
advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o
litígio versar sobre direitos disponíveis.
§ 1.º Juntar-se-á aos autos um exemplar de cada publicação,
bem como do anúncio, de que trata o número II deste artigo.
§ 2.º - A publicação do edital será feita apenas no órgão
oficial quando a parte for beneficiária da Assistência Judiciária”.

487
Teoria Geral

Para que seja possível a citação por edital, quando o réu é


desconhecido ou, se conhecido, está em lugar incerto e não sabido ou,
mesmo conhecido, está em lugar certo mas inacessível ao oficial de
justiça, torna-se imprescindível a afirmação prévia da ocorrência de uma
dessas situações pelo oficial de justiça ou pelo autor (inciso I).
A propósito, o TJSC já decidiu certa vez que "não se justifica a
citação por edital quando o réu, com residência conhecida e trabalhando
em lugar certo, não é encontrado na única vez em que foi procurado"
(in RT 418/334).
É preciso haver certeza de que o réu se encontra em lugar incerto e
não sabido e o oficial de justiça, para certificar o ocorrido, deve antes tentar
a localização da pessoa a ser citada, lançando mão de todos os meios ao seu
alcance. Só depois de esgotadas as possibilidades e certificada a ausência
do réu ou interessado, é que tem lugar a citação ficta.
Se a afirmação porém partir do autor, e posteriormente ficar
provado que este agiu com dolo para promover a citação por edital, a lei
impõe uma multa prevista no art. 233 do CPC, que assim dispõe:
"A parte que requerer a citação por edital, alegando
dolosamente os requisitos do art. 231, I e II, incorrerá em multa
de 5 (cinco) vezes o salário mínimo vigente na sede do juízo.
Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando".

Continuando a análise do art. 232, ao determinar a citação por


edital, o juiz deverá fixar, necessariamente, o prazo para divulgação, que
oscilará entre o mínimo de 20 dias e o máximo de 60 dias (inciso IV).
Após o despacho do magistrado, que inevitavelmente deverá
conter o prazo, o edital será divulgado, quer interna, quer externamente.
Internamente, pela fixação do edital em lugar próprio do edifício-
sede do juízo (inciso II) e, externamente, pela imprensa oficial, uma só
vez, e por duas vezes, pelo jornal que circula na comarca (inc. III).
Finalmente, essas publicações devem ser anexadas aos autos, bem
como o anúncio de que foi afixado no edifício-sede do juízo (parágrafo
único).
“Começa a correr o prazo: V - quando a citação for por edital,
finda a dilação241 assinada pelo juiz” (CPC, art. 241, V).

241 Dilação é a determinação de um prazo.

488
Da Citação e da Intimação

31.13 DA INTIMAÇÃO
Intimação, na definição legal, "... é o ato pelo qual se dá ciência a
alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer
alguma coisa" (CPC, art. 234). O objetivo da intimação, portanto, é
cientificar, avisar o advogado de determinado ato judicial. Essa incumbên-
cia está a cargo do escrivão, que a efetua de ofício, independente-mente de
requerimento da parte, quer intimando diretamente a pessoa nos próprios
autos em cartório, quer enviando ao órgão oficial para ser publicado, quer
mediante carta registrada, quer expedindo mandado a ser cumprido pelo
oficial de justiça. De qualquer maneira, o escrivão ou o oficial de justiça
deve declarar as circunstâncias em que a intimação é feita, quando esta for
pessoal: se em cartório, se por carta, por petição ou mandado. O Tribunal
não aceitou como válida a intimação pessoal do advogado por telefone com
fundamento de que esta só pode ser feita em cartório, à vista dos autos, para
pronto exame destes (in RT 527/200). Aliás, o ato da intimação é ato
solene. Veja o conteúdo do art. 239 do CPC:
“Far-se-á a intimação por meio de oficial de justiça
quando frustrada a realização pelo correio.
Parágrafo único. A certidão de intimação deve conter:
I – a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada,
mencionando, quando possível, o número de sua carteira
de identidade e o órgão que a expediu;
II – a declaração de entrega da contra-fé;
III – a nota de ciente ou certidão de que o interessado não a
apôs no mandado”.

31.14 DESTINATÁRIO DA COMUNICAÇÃO DO


ATO PROCESSUAL
É de vital importância que as partes tomem conhecimento dos
atos judiciais. Como é o advogado quem pratica o ato, é ele, e não a parte,
quem deve ser intimado do ato processual. Somente em alguns casos
especiais é que a lei exige que seja feita, pessoalmente, à parte, como no
caso, por exemplo, de abandono do processo (CPC, art. 267, § 1.º). “Far-
se-á a intimação por meio de oficial de justiça quando frustrada a
realização pelo correio” (CPC, art. 239).

489
Teoria Geral

Se o advogado é domiciliado no Distrito Federal, ou nas Capitais


dos Estados, ele é intimado através da publicação no órgão oficial (CPC,
art. 236). Nas comarcas do interior, a intimação não precisa ser feita por
órgão oficial. Basta que seja órgão da imprensa de publicação dos atos
oficiais. Na inexistência de tal órgão, competirá ao escrivão intimar os
advogados das partes de todos os atos do processo:
I – pessoalmente, tendo domicílio na sede do juízo;
II – por carta registrada, com aviso de recebimento quando domi-
ciliado fora do juízo.
O Ministério Público é intimado pessoalmente pelo escrivão (§ 2.º
do art. 236 do CPC).
O que é importante observar para a validade da intimação, é que a
publicação deverá conter o nome do advogado, porque é ele o intimado,
sob pena de nulidade do ato. Não há necessidade de constar os nomes de
todos advogados que cada uma das partes haja constituído in solidum;
basta o nome de um dos advogados de cada uma das partes (in RT
744/148). “A omissão do nome do causídico na publicação para intimação
de despacho viola o art. 236, § 1.º, do CPC, tornando-se nula na forma
prevista pelo art. 247 do mesmo diploma legal” (in RT 742/373).

JURISPRUDÊNCIA

1. "Em execução fiscal, o prazo prescricional não se interrompe


apenas com o despacho ordenatório de citação como dispõe o § 2.º do art.
8.º da Lei 6.830/80 (Lei de Execuções Fiscais), mas com a citação efetiva,
como prevê o art. 174, parágrafo único, I, do CTN. A falta de citação, por
inércia da Fazenda, durante mais de cinco anos resulta em prescrição,
acarretando a extinção do processo, nos termos do art. 269, IV, do CPC" –
RT 652/88.
2. "O menor relativamente incapaz deve ser pessoalmente citado,
com a assistência dos responsáveis. O chamamento efetuado sem esta
cautela gera nulidade por cerceamento de defesa" – RT 652/96.
3. “Para a validade da citação de pessoa física pelo correio, não
basta a entrega da correspondência no endereço do citando; é necessário
que o destinatário assine o recibo sob pena de nulidade processual”
RT 827/322.

490
Da Citação e da Intimação

4. "Tratando-se de matéria falimentar, a melhor regra, sobretudo


diante da divergência jurisprudencial, é a exigência de que a citação seja
feita em pessoas consignadas no estatuto ou contrato social para
representá-la em juízo, ou, mesmo não consignadas, que induvidosa seja
sua qualidade para tanto" – RT 638/167. No mesmo sentido: RT 590/137.
5. "Sendo réu pessoa jurídica, válida a citação postal (CPC, art. 222
e 223) se recebida a carta por simples funcionário da empresa, não sendo
necessário que o seja exclusivamente por pessoa ou pessoas que,
instrumentalmente ou por delegação expressa, representem a sociedade.
Não iria a lei adjetiva estabelecer a útil figura da citação por carta
com tais restrições, pena de fazê-la natimorta, porquanto não é crível
quisesse o legislador erigir o carteiro em notário capaz de e hábil para
examinar e decidir representação, poderes, qualificação, além de garante da
identidade efetiva do recipiendário" – RT 620/128.
6. “É válida a citação de condômino feita pelo correio, entregue a
carta citatória ao porteiro do edifício onde reside o réu. Considerando-se
que os carteiros, por questões de segurança, não têm acesso aos
apartamentos situados em edifícios condominiais, não se pode deixar de
considerar válida a citação epistolar feita mediante a entrega da carta AR ao
porteiro ou zelador do edifício em que reside o requerido” – RT 826/290.
7. "Se a petição inicial é omissa no tocante à indicação do
representante legal da ré ou de quem esteja munido de poderes para
representá-la, deve esta suportar as conseqüências de sua incúria" – RT
611/161. No mesmo sentido: RT 730/285, 608/127, 601/104, 585/201.
8. "Na ação reivindicatória, havendo pluralidade de réus de
identidades desconhecidas, exigir-se que sejam todos qualificados na inicial
seria cercear o direito do proprietário de reivindicar sua propriedade. Far-se-á,
portanto, a citação de quantos forem encontrados na área, especificando-se
na certidão do oficial de justiça a identificação dos citados, para que haja um
exame de cada caso por ocasião do despacho saneador, já que se cuida de
pluralidade de ocupantes, respondendo cada um, isoladamente, pela
ocupação" – RT 606/81. No mesmo sentido: RT 735//305
9. “Tratando-se de ação monitória, não há qualquer impedimento
legal para que a citação se efetive via correio, desde que respeitadas as
formalidades referentes à citação postal, conforme o disposto nos arts. 221,
I, 223, 240 e 241, I, do CPC; havendo dúvida sobre a efetivação do ato
citatório, o juiz poderá determinar que seja procedido por oficial de Justiça”
– RT 824/255.
10. "O prazo para contestação quando a citação é realizada com
hora certa começa a fluir da data da juntada do mandado aos autos,
independentemente de já ter sido remetida ou não a carta a que se refere o
art. 229 do CPC, pois, a despeito de ser providência de caráter obrigatório, a
omissão ou retardamento do ato pelo escrivão não pode atingir a validade e
eficácia da citação" – RT 640/165.

491
Teoria Geral

11. "Existindo na certidão do oficial de justiça erro fundamental de


identificação pessoal do citando, a citação é nula, ainda mais se, efetivada
por hora certa, foi a contra-fé entregue à pessoa da família que não tinha
interesse em fazer chegar o fato citatório ao efetivo conhecimento do réu e
nem lhe foi entregue a carta de ciência determinada no art. 229 do CPC" –
RT 631/150.
12. "Descabe a citação por hora certa no processo de execução.
Não encontrado o devedor, por qualquer motivo – mesmo que se esteja
ocultando para furtar-se à citação – incumbe ao oficial de justiça proceder
ao arresto de bens e demais diligências determinadas no art. 653 e
parágrafo do CPC" – RT 618/196.
13. "Havendo suspeita de ocultação do réu, impõe-se a citação com
hora certa, e não por edital, constituindo o desentendimento a esta
formalidade, em face da ocorrência de prejuízo evidente, nulidade
insanável, inadmissível de ser contemplada como mera irregularidade.
Nas citações presumidas será sempre nomeado curador à lide, a
quem cumpre apresentar contestação, afastada a revelia e impossibilitada a
presunção dela decorrente, efeitos, estes, só acarretados nos casos de
citação feita pessoalmente" – RT 597/208.
14. "Válida é a citação por edital no caso de invasão de áreas de
terras por favelados, dado o caráter coletivo dos interesses e para
assegurar às partes o respeito aos princípios constitucionais do processo"
– RT 603/61.
15. "Se o réu, apesar de possuir duas residências, não é
encontrado em nenhuma delas em várias tentativas, informando seu
empregado que desconhece seu paradeiro, correta é a caracterização de
encontrar-se em lugar incerto e não sabido, convalidada a citação por
edital" – RT 625/79.
16. "Se o mandato foi substabelecido com reserva de poderes,
permanece como procurador da parte o substabelecente, sendo irrelevante
a omissão, na publicação, do nome do outro advogado, pois, tendo a parte
mais de um procurador, considera-se válida a intimação em que tenha
constado o nome de apenas um deles" – RT 618/89. No mesmo sentido: RT
597/101.
17. "Nos processos que correm em segredo de justiça, correta é a
publicação das intimações com a indicação apenas das iniciais das partes,
e não pelos seus nomes por extenso, sob pena de violar o art. 155 do CPC"
– RT 612/86.
18. “Tem-se por efetivada a intimação na data em que o advogado
da parte retira os autos do cartório, começando a correr o prazo para a
interposição do recurso a partir do primeiro dia útil subseqüente” – RT
725/305.

492
Da Citação e da Intimação

19. “A citação por hora certa é nula se o oficial de justiça deixa de


colocar em certidão os dias e horários em que procurou a parte ou quando
o escrivão não remete carta, telegrama ou radiograma, dando ciência ao réu
da sua realização” – RT 819/182.
20. “Tratando-se de citação pelo correio, a juntada do aviso de
recebimento no período de férias, terá efeito a partir do primeiro dia útil
após a efetivação da citação, quando inexistir ato que venha ameaçar o
direito da parte. Dessa forma, não há falar em intempestividade da
contestação” – RT 817/265.
21. “Em casos excepcionais, é possível aplicar a teoria da
aparência para considerar válida a citação da pessoa jurídica feita na
pessoa de seu advogado. No presente caso, o advogado da empresa
assinou o mandado de citação sem ressalvas – RT 814/184.
22. “O comparecimento espontâneo do réu ao processo supre a
ausência de citação” – RT 814/273. No mesmo sentido: RT 785/195.
23. “O pedido de habilitação nos autos, formulado por advogado,
sem poderes específicos para receber a citação, não pode ser considerado
como comparecimento espontâneo do demandado” – RT 805/369.
24. “Tratando-se de empresa de grande porte, fabricante de
veículos, com atuação tradicional, intensa e notória em todo o território
nacional, onde são vendidos automóveis e caminhões por intermédio de
extensa rede de concessionárias, sujeitas a sua orientação e fiscalização,
inclusive no tocante ao público consumidor dos produtos, é de se supor
que os responsáveis por suas filiais no Estado possuam poderes de
representação, cabível, em tais circunstâncias, a aplicação da teoria da
aparência para considerar-se legítima a citação feita em escritório no Rio
de Janeiro, relativamente a ação indenizatória movida por cliente em face
de defeito encontrado em carro daquela marca” – RT 801/169.
25. “É perfeitamente válida a citação realizada na pessoa de um dos
sócios da empresa, ainda que o contrato social estipule a necessidade de
todos serem citados, eis que atingido o objetivo do ato citatório, qual seja a
ciência inequívoca da pessoa jurídica e que existe ação judicial ajuizada em
face dela, sendo, portanto, inadmissível que um contrato particular
sobreponha-se à lei, criando restrições à sua aplicação” – RT 792/276.
26. “Nada impede que, não encontrada a executada, nem bens a
penhorar, seja determinada a citação por edital do devedor, se requerida
pelo exeqüente. Em tal hipótese, a citação terá, entre outros, o efeito de
interromper o prazo prescricional” – RT 780/246.
27. “A citação, salvo as exceções legais, é ato fundamental à
formação do processo, razão pela qual agride o contraditório e, via de
conseqüência, o due process of law, se realizada ao arrepio do sistema
legal. Em face do direito vigente, e na linha dos precedentes da Corte,

493
Teoria Geral

inválida é a citação feita na pessoa de empregado, sem poderes de


representação, que sequer era gerente, máxime se o oficial de justiça foi
informado que na agência os funcionários estavam desautorizados a
receber citação em nome do estabelecimento bancário” – RT 770/197.
28. “E incabível a pretensão de devolução do prazo para interposição
de apelação, sob o argumento de que os advogados do interior não foram
intimados. O certo é que se a intimação foi realizada na pessoa do titular do
escritório, o qual todos os outros advogados estariam ligados, não há falar
em qualquer vício” – RT 816/257. No mesmo sentido: RT 779/182.
29. “A intimação deve essencialmente conter o nome da parte, não
bastando que na publicação conste apenas o do advogado, sob pena de
nulidade” – RT 815/253.
30. “Por não se tratar de requisito essencial à validade do ato, a
inexistência ou irregularidade do número de inscrição na OAB do patrono
da parte nas publicações oficiais não gera qualquer nulidade no processo,
prevendo a lei como bastante para a sua formalização o nome correto do
patrocinado e de seu advogado (CPC, § 1º, do art. 236)” – RT 796/318.
31. “Nas comarcas do interior, a intimação de advogado por via
postal está de acordo com o art. 238 do CPC, ainda que existente no local
órgão credenciado pelo Poder Judiciário para veicular os atos oficiais. Não
há necessidade de entrega pessoal da correspondência ao advogado, não
constituindo ofensa ao art. 237 do CPC o recebimento da correspondência
por terceiros (porteiro do condomínio), desde que remetida para o endereço
constante nos autos, fornecido pelo próprio causídico” – RT 795/381.
32. “A intimação de representante judicial da Fazenda Pública há de
se fazer, sempre e necessariamente, na modalidade pessoal. É o que prevê
o art. 25 da Lei 6.830/80. A respeito, deve-se entender como pessoalmente
realizada a intimação em que a comunicação do ato processual é efetivada
via mandado ou com a entrega dos autos, diretamente, ao procurador
legitimado a recebê-los” – RT 795/404.
33. “A citação do réu feita três dias após o falecimento do seu
sogro, em desacordo, portanto, com o art. 217, II, do CPC, não enseja a
nulidade absoluta do ato, mas mera irregularidade que poderá determinar a
sua anulação, dependendo das circunstâncias do caso concreto” – RT
755/323.
34. “Para a União, que detém a prerrogativa de ser intimada
pessoalmente, o termo inicial da contagem do prazo recursal começará da
cientificação do membro da Advocacia-Geral da União Arts. 240 e 242 do
CPC. Embora a lei se refira à intimação pessoal, esta não há que se
confundir com a intimação realizada por oficial de justiça Art. 239 do CPC”
– RT 826/185.
35. “Não cabe a intimação de terceiro para prestar informações
sobre o paradeiro do réu, por total falta de amparo legal. Ao Poder

494
Da Citação e da Intimação

Judiciário, que não é órgão de investigação, não compete efetuar


diligências para assegurar ao particular a defesa de seus interesses
patrimoniais” – RT 823/278.
36. “É válida a citação por via postal com AR recepcionada por
empregado da empresa, em sua sede, que não tenha poderes estatutários
para representar em juízo a empresa” – RT 828/396.´No mesmo sentido: RT
839/364, 838/232.
37. “O due process of law tem como um de seus principais
fundamentos a regularidade da citação. Citado o réu interdito diretamente, e
não na figura de seu curador, não há formação da relação jurídica
processual” – RT 838/236.
38. “Se a intimação se destina à apresentação de memoriais, que é
ato privativo de advogado, deve constar da publicação, necessariamente, o
nome do causídico, sob pena de nulidade, ainda que nela figure o nome
completo da parte que ele representa” – RT 832/286.
39. “Não localizado o devedor em seu domicílio, cujo endereço fora
por ele fornecido, em razão de mudança no curso do processo,
encontrando-se em local ignorado, é admissível que a intimação do leilão
venha a ser feita por edital” – RT 839/380.
40. “Citação pelo correio. Alegação de recebimento do AR em
endereço em que o réu não possui agência, e por pessoa não pertencente
ao quadro de funcionários. Hipótese em que, no caso concreto, não se pode
extrair a presunção de que o AR foi recebido por preposto da ré, autorizado
a receber a citação. Nulidade reconhecida” – RT 840/280.

495

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