Jung Mo Sung,
professor de Pós-Graduação das Ciências da Religião na
Universidade Metodista de São Paulo
O que é o mercado?
De uma forma bem simples, mercado é espaço de compra e venda. Para você entrar
no mercado você precisa ter alguma coisa para trocar. Ou você tem dinheiro e compra;
ou você tem um trabalho para vender, para receber salário; ou você tem uma mercadoria
para vender, para pegar o dinheiro e comprar as coisas que precisa. Então, de uma forma
simples, mercado é um espaço de troca. Nesse sentido, mercado é bom. Mercado é uma
coisa necessária, uma invenção humana, de muito tempo atrás, que possibilitou melhora
nas condições de vida das pessoas.
O ser humano é um ser de desejos e necessidades. Portanto o ser humano não vive só
pela necessidade, também deseja coisas. E fundamentalmente deseja ser reconhecido
pelas outras pessoas. O grande desafio é tentar entender quais são os mecanismos de
reconhecimento na sociedade.
Nas sociedades antigas, por exemplo, ser honrado era um valor importante para ser
reconhecido como uma boa pessoa. Na sociedade da cultura de consumo de hoje você é
reconhecido pelo seu padrão de consumo. Eu desejo ser reconhecido, então para isso eu
preciso comprar as coisas que não são necessárias para a sobrevivência imediata, mas
são necessárias para ser reconhecido. Então aí aparecem tênis caros, celulares e carros
sofisticados que as pessoas passam a desejar. Com isso, o que o capitalismo faz é
fomentar esse desejo de consumo, reforçando a ideia de classificação de pessoas por
padrão de consumo. Então os pobres, além de não terem acesso a uma vida boa, eles
também têm outro problema: são frustrados no desejo de reconhecimento.
Novos caminhos
O terceiro aspecto é fazer uma crítica na sociedade a esse caráter perverso de uma
economia baseada somente na acumulação do capital, que, além de excluir as pessoas
da condição de uma vida digna, também gera uma antropologia equivocada de achar
que o ser humano é aquilo que consome.