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Consumo e novas tecnologias. Para quem?

Jung Mo Sung,
professor de Pós-Graduação das Ciências da Religião na
Universidade Metodista de São Paulo

Numa sociedade capitalista, estar excluído do mercado é estar excluído das


condições dignas de vida. Porque as coisas necessárias para uma vida digna você
consegue via mercado. A grande pergunta é: por que o sistema econômico no qual
vivemos hoje exclui tanta gente das relações econômicas e sociais que passam através
do mercado?

No contexto da sociedade atual, sem dúvida, a economia é o tema central, é a grande


questão. Não somente porque nós vivemos numa sociedade capitalista, em que tudo está
centrado na questão da economia e do aumento de capital, mas também porque na vida
real as coisas passam pelo campo econômico, as coisas que nós precisamos para viver
nós compramos. E para comprar é preciso estar inserido no mercado.

O que é o mercado?

De uma forma bem simples, mercado é espaço de compra e venda. Para você entrar
no mercado você precisa ter alguma coisa para trocar. Ou você tem dinheiro e compra;
ou você tem um trabalho para vender, para receber salário; ou você tem uma mercadoria
para vender, para pegar o dinheiro e comprar as coisas que precisa. Então, de uma forma
simples, mercado é um espaço de troca. Nesse sentido, mercado é bom. Mercado é uma
coisa necessária, uma invenção humana, de muito tempo atrás, que possibilitou melhora
nas condições de vida das pessoas.

O problema é que no sistema capitalista, as regras do mercado passaram a ser as


únicas regras. Antigamente, se alguém não tinha acesso ao mercado, se não tinha como
comer, a sociedade, a comunidade ou a vizinhança ajudava. Você tinha as relações
solidárias, relações comunitárias suprindo problemas de mercado. Numa sociedade
capitalista, o mercado passa a ser o principal regulador da vida social. Então as pessoas,
ou porque não têm emprego, ou porque não têm renda suficiente, não conseguem entrar
no mercado para comprar as coisas necessárias para viver, e viver de uma forma digna.

O ser humano e o consumo

O ser humano é um ser de desejos e necessidades. Portanto o ser humano não vive só
pela necessidade, também deseja coisas. E fundamentalmente deseja ser reconhecido
pelas outras pessoas. O grande desafio é tentar entender quais são os mecanismos de
reconhecimento na sociedade.

Nas sociedades antigas, por exemplo, ser honrado era um valor importante para ser
reconhecido como uma boa pessoa. Na sociedade da cultura de consumo de hoje você é
reconhecido pelo seu padrão de consumo. Eu desejo ser reconhecido, então para isso eu
preciso comprar as coisas que não são necessárias para a sobrevivência imediata, mas
são necessárias para ser reconhecido. Então aí aparecem tênis caros, celulares e carros
sofisticados que as pessoas passam a desejar. Com isso, o que o capitalismo faz é
fomentar esse desejo de consumo, reforçando a ideia de classificação de pessoas por
padrão de consumo. Então os pobres, além de não terem acesso a uma vida boa, eles
também têm outro problema: são frustrados no desejo de reconhecimento.
Novos caminhos

O primeiro desafio dos cidadãos é possibilitar espaços de relacionamento, nos quais


o consumo não seja critério de reconhecimento. Uma das grandes contribuições que as
comunidades cristãs fazem no mundo de hoje é permitir que pessoas simples, sem
grande acesso ao consumo, possam ser reconhecidas como pessoas, porque são
reconhecidas como seres humanos. E mesmo as pessoas que têm acesso ao consumo
têm a experiência de um reconhecimento humano verdadeiro, não através do padrão de
consumo.

O segundo aspecto é lutar para criar espaços de sobrevivência econômica melhor


para pessoas excluídas. Criar possibilidades como a economia popular e solidária,
práticas de educação profissionalizante, seja em formas tradicionais, seja em formas
alternativas das práticas comunitárias.

O terceiro aspecto é fazer uma crítica na sociedade a esse caráter perverso de uma
economia baseada somente na acumulação do capital, que, além de excluir as pessoas
da condição de uma vida digna, também gera uma antropologia equivocada de achar
que o ser humano é aquilo que consome.

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