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UMA BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

Pré-história e Antiguidade
De certa forma, pode-se falar de educação em relação a certos animais, que
ensinam os filhotes recém-nascidos a se adaptarem ao meio mais rapidamente
do que o permitiriam seus condicionamentos genéticos. Mas é na espécie
humana que se efetua um longo e complexo processo educativo, sem o qual o
indivíduo não poderia sobreviver numa sociedade que transformou
radicalmente as condições naturais de vida e que exige dele comportamentos
muito superiores àqueles que são determinados pelos instintos.
A aprendizagem elementar é oferecida pela família. A instituição familiar pode
apresentar formas muito diversas, de acordo com a sociedade em que esteja
inserida, e a educação no seio familiar também é encaminhada de formas
muito distintas. É possível dizer, porém, que, em quantas sociedades humanas
existam ou tenham existido, o núcleo familiar sempre foi o primeiro passo, de
incalculável importância em direção à socialização, ou seja, na transformação
de um ser que ao nascer é regulado pelos instintos em membro participante de
uma comunidade.
A relação familiar se reduz, em alguns casos, ao contato entre mãe e filho,
mas, em geral, a família forma um grupo mais complexo, e pode chegar a ser
muito numeroso. Habitualmente, o pai, a mãe e os demais parentes
desempenham papéis diferentes, e a missão educadora de cada um fica
contida dentro de certos limites.
A família ensina o papel sexual, indica os sentimentos que deve alimentar,
como o respeito e a submissão aos mais velhos e a proteção em relação aos
menores; leva a assimilar o sistema de valores compartilhado por seus
parentes; ensina-lhe algumas técnicas, que variam segundo a sociedade em
que se ache inserida, necessárias para se proteger no ambiente circundante.
Com a família, aprende os rudimentos de uma linguagem que estruturará seus
conhecimentos e sua maneira de pensar.
O grupo de iguais é uma formação social que muito contribui para o processo
socializador. Os jogos, as tarefas que realiza junto com outros de sua idade e a
troca de experiências que adquiriram individualmente produzem um efeito
socializador importantíssimo, não apenas nas sociedades simples, mas
também nas complexas formações sociais do mundo contemporâneo.
Nas sociedades mais simples, a aquisição de conhecimentos não exige
estabelecimentos especialmente destinados às tarefas educativas. A
aprendizagem se realiza naturalmente.
A divisão de trabalho é característica de sociedades que atingiram um grau
mínimo de desenvolvimento. A primeira divisão de trabalho é determinada pelo
sexo: não há sociedade primitiva em que homens e mulheres desempenhem
exatamente as mesmas funções. A especialização dos membros da
comunidade na execução de cada tarefa produtiva impõe aprendizados
específicos. O adulto que sabe realizar determinado trabalho adota a criança,
ou o jovem, como ajudante ou aprendiz, que colabora na realização do
trabalho, ao mesmo tempo em que aprende a fazê-lo. A questão educativa
ultrapassa, nesses casos, o ambiente estritamente familiar. Começa nessas
sociedades a diferenciação social e nelas já existem em embrião as instituições
de transmissão de saber que prefiguram o que viria a ser, na civilização, a
escola.
Admite-se que, nas sociedades primitivas, formadas pelos remotos
antepassados do homem contemporâneo, o processo educativo seria muito
semelhante ao que os antropólogos de campo puderam estudar nas
sociedades isoladas do mundo contemporâneo. A educação consistia, muito
provavelmente, num processo sem solução de continuidade que, iniciado no
interior do núcleo familiar, prosseguia nas atividades desempenhadas pelo
grupo social, conforme as potencialidades físicas e intelectuais da criança
fossem se desenvolvendo. Os sucessivos grupos educadores - o grupo de
crianças, que compartilham e opõem suas experiências individuais; o grupo de
adultos formado para realizar um trabalho coletivo (caça, agricultura, coleta de
frutos silvestres ou cultivados, construção de canoas) - se encarregariam de
transmitir ao indivíduo o saber necessário à sobrevivência.
A especialização de tarefas dentro da sociedade, à medida que esta se tornou
mais complexa, levou à criação de sistemas de aprendizagem diferenciados.
Mas foi sobretudo a cristalização na sociedade da divisão em classes sociais
com interesses próprios e antagônicos que consagrou a educação como um
dos meios mais eficazes para perenizar, ao longo das gerações, a divisão
interna da sociedade. As castas sacerdotais e de servos surgidas nas primeiras
grandes civilizações do Oriente Médio se baseavam com certeza no monopólio
consciente da educação especializada, de tal forma que os conhecimentos
acumulados socialmente se transmitiam apenas a uma pequena minoria de
iniciados, que se perpetuava, dessa maneira, no poder. Os antigos egípcios, as
civilizações mesopotâmicas e muitas culturas pré-colombianas adotaram esse
sistema educativo. A invenção da escrita não fez senão reforçar os privilégios
da minoria que tinha acesso ao saber.
Isso era indispensável para que a sociedade pudesse regular as atividades
agrícolas, contabilizar e repartir a colheita, legislar, manter o favor dos deuses
e organizar exércitos para preservar a ordem interna e defender o país contra
inimigos externos.
É bastante conhecido o sistema educativo da Grécia clássica. No século V
a.C., ocorreu uma verdadeira revolução, quando o trabalho educador dos
sofistas começou a difundir, baseado no método dialético, o ceticismo e a
análise crítica das matérias em que os jovens atenienses eram educados. Para
os educadores de então, o conhecimento já existia inato no estudante. Restava
saber de que modo o aluno seria conduzido da ignorância ao saber. Cabia ao
professor acender uma centelha na criança, formá-la, não asfixiá-la. A
civilização clássica greco-romana deve sua importância histórica a um sistema
educativo que, mesmo sendo privilégio de uma minoria, favorecia o
pensamento crítico individual e se distanciava do modelo de casta fechada,
orientado para a manutenção do saber como algo secreto, oferecido pelos
deuses, que havia caracterizado as civilizações anteriores. Seria difícil
determinar qual foi a causa e qual o efeito; mas a implantação do sistema
educativo liberal e o florescimento do pensamento e das artes são
historicamente coincidentes.
Desde o início de sua expansão, o cristianismo tentou adequar sua concepção
de mundo à que predominava no Império Romano, na ocasião de seu
surgimento. Muitos autores adeptos da nova religião desenvolveram, na teoria
e na prática, novas idéias educativas que buscavam moldar o homem segundo
a cosmovisão cristã. Mas a civilização greco-romana afundava
irremediavelmente no obscurantismo medieval, e nessa fase histórica não
sobreviveu nenhum dos projetos educativos dos doutores da igreja.
Idade Média
A Idade Média começou assim que se arruinou o sistema político, econômico,
social e cultural que havia unificado o mundo mediterrâneo e a Europa
ocidental sob o domínio de Roma. Embora o cristianismo, já dominante no
decadente Império Romano, tenha se imposto finalmente aos diversos povos
bárbaros que dominaram a Europa, os mecanismos de transmissão de
conhecimento foram interrompidos, em grande parte, ao se desorganizar a vida
intelectual. Apenas a igreja, e dentro dela as ordens monásticas, conseguiram
preservar a cultura do mundo antigo, ainda que de forma parcial e com
significados e conteúdos freqüentemente distorcidos. Além de terem inventado
nossa caligrafia (minúscula carolíngia), o livro (folio) e nossa forma de leitura
(em silêncio). Boa parte da herança cultural greco-romana caiu no
esquecimento ou desapareceu. Dessa maneira, perdeu-se o vínculo com a
tradição cultural mais rica que até então a humanidade havia produzido, o que
representou um retrocesso.
Na Idade Média européia, o ensino foi ministrado praticamente na
clandestinidade. Em todo esse período existiu um restrito número de escolas,
em mosteiros e sedes episcopais - o Concílio do Latrão, em 1179, torna essa
obra obrigatória -, e nelas se educavam pouquíssimos alunos, dentro de um
sistema de pensamento muito fechado, estático e dominado pela religião. Isso
deu origem a uma casta letrada, que transmitia o saber quase que como
segredo, conforme ocorria nas antigas civilizações do Oriente Médio.
Raramente os alunos pertenciam à nobreza guerreira, para a qual as artes e as
letras constituíam, na verdade, um adorno inútil. Em contrapartida, as escolas
se destinavam a preparar sacerdotes para a igreja ou a instruir indivíduos para
o reduzido corpo de funcionários imperial, que recebeu considerável impulso
quando Carlos Magno tentou restabelecer a unidade política européia.
A criança era admitida com sete ou oito anos, prolongando-se os estudos
preparatórios para a Universidade por cerca de dez anos, como hoje. Os
meninos estudavam separados das meninas que, em geral, tinham escolas à
parte, em menor número, talvez, mas onde os estudos eram, em muitos casos,
de nível elevado.
As crianças de todas as classes da sociedade eram instruídas juntas, como
mostra a célebre história de Carlos Magno castigando os filhos dos barões que
eram preguiçosos, ao contrário dos filhos de servos e dos pobres. A única
distinção estabelecida era no custo do ensino, sendo ele gratuito para os
pobres e pago para os ricos. A isenção de taxa de estudo podia prolongar-se
por toda a duração da época escolar, incluindo o acesso ao mestrado, que
proibia aos dirigentes das escolas de exigir dos candidatos ao professorado
remuneração para conceder a licença.
As universidades são invenções eclesiásticas, como que a continuação das
escolas episcopais, com a diferença que elas dependerão diretamente do
Papa, e não do bispo local. A bula Parens Scientiarum de Gregório IX, pode ser
considerada como a ata de fundação da Universidade medieval, com seus
regulamentos estabelecidos em 1215 pelo cardeal legado Robert de Courçon,
agindo em nome de Inocêncio III, e que reconhecem aos mestres e estudantes
o direito de associação. Criada pelo papado, a Universidade tem características
inteiramente eclesiásticas: os professores pertencem todos à Igreja, centrada
em duas grandes ordens religiosas que a iluminam no século XIII,
Franciscanos e Dominicanos.
Todos os alunos são chamados clérigos, mesmo quando não se destinam ao
sacerdócio, e alguns recebem a tonsura. Mas isso não significa que só se
ensinava a teologia, pois os programas incluem todas as grandes disciplinas
científicas e filosóficas, gramática, dialética, além da música e geometria.
Esta universidade de mestres e alunos forma uma sociedade autônoma.
Mestres, alunos e mesmo domésticos da Universidade ficam submetidos aos
tribunais eclesiásticos, o que é considerado como privilégio e consagra a
autonomia desta corporação de elite. Mestres e estudantes ficam assim isentos
de obrigações para com o poder central; eles próprios administram a
Universidade, tomam em comum as decisões e gerenciam a caixa, sem
nenhuma intromissão do Estado. Esta liberdade favorece, entre as diversas
cidades, uma concorrência difícil de se imaginar hoje. Durante anos, os
mestres de Direito Canônico de Orléans disputam com os de Paris para
conquistar seus alunos. Os registros da Faculdade de Decreto, publicados na
Coleção de Documentos Inéditos, estão cheios de queixas contra os
estudantes parisienses que vão a Orléans para colar grau, pois os exames
eram mais fáceis. Ameaças, expulsões, processos, de nada adiantam, e as
brigas prolongam-se sem fim. Concorrência também de professores, uns muito
estimados, outros menos; teses discutidas apaixonadamente, com os
estudantes formando facções que chegam até a greves. A Universidade, muito
mais do que em nossos dias, era, na Idade Média, um mundo agitado. Esta é a
característica fundamental da Universidade medieval e certamente a que mais
a distingue da atual.
Neste tempo, julga-se um mestre apenas pela extensão de seu saber. Este
mundo tão variado possui uma língua comum, a única falada na Universidade:
o latim. Sem o latim ela seria uma Torre de Babel. O uso do latim facilita as
relações, permite as comunicações entre os mestres de um lado ao outro da
Europa, dissipa de antemão qualquer confusão de expressão, protegendo
assim a unidade de pensamento.
O ensino é feito em latim e se divide em dois cursos: o trivium ou artes liberais
(gramática, retórica e lógica) e o quadrivium ou ciências (aritmética, geometria,
música e astronomia), o que, com as três faculdades de teologia, direito e
medicina, forma o ciclo de conhecimentos. Como método é utilizado
principalmente o comentário: é lido um texto, analisado com todos os
comentários que podem ser feitos, do ponto de vista gramatical, jurídico,
filosófico, lingüístico, etc. Um ensinamento sobretudo oral, dando larga parte à
discussão, com as Questiones disputate, questões na ordem do dia, tratadas e
discutidas pelos candidatos à licença, diante de um auditório de mestres e
alunos, que muitas vezes deram origem a tratados completos de teologia ou
filosofia, ou ainda certas glosas célebres, postas por escrito, que eram também
comentadas e explicadas durante os cursos. As teses sustentadas pelos
candidatos ao doutorado não eram simples exposições escritas, mas
verdadeiramente teses, emitidas e sustentadas diante de todo um anfiteatro de
doutores e mestres, onde qualquer assistente podia tomar a palavra e
apresentar suas objeções.
Este ensino é apresentado de forma sintética, cada curso tendo um lugar
próprio em relação ao conjunto, onde ele adquire seu valor real,
correspondente a sua importância para o pensamento humano. Na Idade
Média pode-se ser mestre em filosofia, teologia ou direito – ou mestre ès-arts, o
que implica o estudo do conjunto ou do essencial do conhecimento relativo ao
homem, o trivium representando as ciências do espírito, e o quadrivium as do
corpo e dos números que o regem. Toda a série de estudos, portanto, procura
transmitir uma cultura geral, e só se especializa ao sair da Faculdade. Isso
explica o caráter enciclopédico de sábios e letrados da época: possuíam
realmente todo o conhecimento da época e podiam se entregar sem medo, em
rodízio, aos assuntos os mais diversos, sem medo de digressões, pois sua
visão de base é uma visão de conjunto.
A partir do século XI, a extraordinária expansão das universidades mudou
radicalmente as condições de ensino no continente. A universidade medieval
continuava dominada por um sistema ideológico rígido, tradicional, baseado
fundamentalmente na teologia, mas levava em si o germe de uma incontrolável
expansão do saber. Quando o pensamento aristotélico foi incorporado ao
acervo cultural dominante, após uma ausência de muitos séculos, a semente
do racionalismo ficou firmemente implantada na instituição medieval de ensino.
O espírito crítico tinha que se desenvolver até assumir sua forma moderna no
Renascimento.

Idade Moderna
O grande impulso que a cultura européia recebeu nos últimos séculos da Idade
Média desaguou no pré-Renascimento. As universidades viveram um período
áureo, o estudo do grego clássico recebeu um impulso decisivo e, em Florença,
surgiu a primeira academia platônica, que foi seguida de outras nas principais
cidades italianas. As novas correntes de pensamento, criadas pelos
humanistas, impregnaram uma Europa otimista e plena de vitalidade, disposta
a substituir o rigor técnico medieval por outra forma de cultura. A educação
retomou os antigos ideais clássicos que defendiam a conjunção harmoniosa do
homem com a natureza. Os grandes pensadores eram também, em sua maior
parte, mestres solicitados, e percorriam incansavelmente a Europa, difundindo
idéias. O continente parecia viver em estado de debate constante, como se as
distâncias tivessem sido infinitamente encurtadas. Mas o período otimista da
primeira fase do Renascimento duraria muito poucos anos.
A Reforma religiosa, acontecimento plenamente identificado com o espírito
renascentista, acarretou uma reação católica que representou um verdadeiro
retrocesso. Costuma-se dar como sua data inicial o ano de 1517, em que
Martinho Lutero expôs em público, pela primeira vez, sua contestação à
doutrina eclesiástica das indulgências. A partir desse ano, tudo foi diferente. A
Europa mergulhou numa guerra civil permanente que esgotaria os recursos do
continente por um século e meio, e levantaram-se duras fronteiras ideológicas
cujo papel era dificultar a difusão do pensamento. As lutas religiosas não
tardaram a paralisar o otimismo renascentista, e as instituições eclesiásticas e
estatais começaram a se assustar. A liberdade de que tinham desfrutado os
educadores na época imediatamente anterior foi cortada pela raiz, e no mundo
católico teve início uma profunda decadência das universidades, que se
tornaram baluartes do pensamento teológico medieval. Não teve melhor sorte a
filosofia na maioria dos países protestantes, nos quais também não se
toleraram dissidências ideológicas até o momento em que, em alguns deles, foi
preciso apelar à tolerância para frear a guerra civil. As pequenas ilhas de
permissividade tornaram-se berço das principais idéias inovadoras que
surgiriam na Europa.
Os efeitos da Reforma na educação se fizeram sentir a longo prazo. Talvez o
mais importante deles tenha sido a extensão do ensino primário. Efetivamente,
para se ter acesso direto às Sagradas Escrituras, era preciso saber ler. O
próprio Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, para estimular sua leitura. O
latim, idioma internacional dos humanistas, foi logo relegado a segundo plano
perante o florescimento dos idiomas nacionais. Todo o movimento da Reforma,
associado ao advento da imprensa, favoreceu a alfabetização de setores cada
vez mais amplos da população, que tiveram acesso aos livros, cada vez mais
baratos.
Com a Contra-Reforma, os países católicos ganharam novas instituições de
educação: os colégios. Os jesuítas, seguidos de perto por outras congregações
e ordens religiosas, criaram um modelo de instituição educacional destinada
aos filhos das classes privilegiadas, para o que se desenvolveram métodos
educacionais de grande refinamento psicológico. A Igreja Católica, por sua vez,
começou a organizar de forma rigorosa a formação de sacerdotes, criando para
isso os seminários.
A extensão da educação, apoiada em novos recursos técnicos, entre os quais
teve importância fundamental a imprensa, foi intensa ao longo da modernidade
européia. Os aparelhos de estado absorviam um número cada vez maior de
funcionários letrados. Reis, governadores, bispos e autoridades municipais
precisavam cercar-se de um grande staff de escrivãos, juristas e técnicos. As
novas formas de vida obrigavam cada vez mais pessoas a educarem-se. Já
não se podia capitanear um galeão sem saber decifrar as cartas náuticas, nem
manipular os instrumentos de precisão ou escrever o diário de bordo sem
conhecer as letras. Da mesma maneira, não se podia governar uma cidade ou
dirigir um exército sem saber ler, interpretar e redigir documentos, nem levantar
uma fortificação sem recorrer a cálculos de balística. O ideal da educação
renascentista tinha sido o de formar no homem um espírito livre, capaz de
dominar todos os campos do conhecimento, desde a arte até a ciência. Mas
logo se viu que isso seria impossível. O desenvolvimento das técnicas,
adiantando-se muitas vezes ao das ciências puras, impôs a especialização dos
saberes, num mundo em que a arquitetura, a arte da guerra, a navegação e as
finanças ficavam cada vez mais em mãos de um grupo reduzido de
especialistas.
Em meados do século XVII, a Paz de Vestfália pôs fim ao longo período de
lutas religiosas que havia dividido a Europa em grupos irreconciliáveis. Um
novo espírito surgiu e encontrou terreno propício nas camadas mais cultas da
sociedade, primeiro na Inglaterra e logo depois no continente. A religião, que
ainda era oficialmente determinante nos sistemas políticos, perdeu o controle
sobre as ideologias, e as grandes filosofias da época se constituíram fora de
sua influência.
O empirismo e o racionalismo ingleses tiveram grande repercussão entre os
intelectuais que elaboraram a Enciclopédia francesa, obra-prima da literatura
didática. O século XVIII europeu, que foi chamado o século da educação,
caracterizou-se pelo surgimento de um novo espírito otimista, baseado na idéia
de progresso e na constatação de que o espírito científico estava levando a
humanidade a uma situação sem retorno, que se delineava como crescimento
qualitativo e quantitativo que invalidava todas as ideologias anteriores. Pela
primeira vez na história se acreditava ser possível conseguir, graças ao
progresso da ciência e ao avanço da razão, o aperfeiçoamento do espírito
humano e a melhora das condições materiais até que estas se aproximassem
de algo semelhante ao paraíso terrestre, o que invalidaria para sempre as
promessas da religião.
Se o otimismo dos iluministas parece excessivo, é certo que o homem
contemporâneo, embora tenha demonstrado que sua natureza não se
aproxima tão facilmente da perfeição, como acreditavam os pensadores do
século XVIII, é produto das idéias e convicções daqueles pensadores e vive
num mundo que resulta diretamente dessas idéias.
O Iluminismo foi um grande movimento ideológico e cultural do qual
participaram as maiores inteligências da época, de Jean-Jacques Rousseau a
Immanuel Kant. Esse movimento ganhou corpo ao mesmo tempo que uma
onda revolucionária transformava a vida material do homem europeu: a
revolução industrial, econômica, científica e cultural. A revolução política não foi
senão um componente a mais e uma resultante das anteriores, e abriu o
caminho para pôr em prática na sociedade do século XIX as idéias dominantes
do século anterior.
Os iluministas tiveram plena consciência da necessidade de reformar e
expandir a educação a todos os níveis para chegar a um mundo mais sábio e
mais justo. A tese segundo a qual o homem é bom por natureza mas uma
educação equivocada o perverte foi celebrizada por Rousseau, que propôs um
novo modelo de educação, baseado no desenvolvimento dos dons naturais da
criança, que outros autores retomaram e que ainda hoje continua a exercer
influência na pedagogia. Outros grandes iluministas, ideologicamente bastante
divergentes de Rousseau, expuseram suas próprias teorias pedagógicas,
muitas das quais seriam postas em prática no século seguinte, uma vez
eliminados os obstáculos que as instituições sociais e políticas do Antigo
Regime impunham à transformação do ensino.
O primeiro programa organizado de escolarização universal foi criado pelo
tcheco Comenius, que em meados do século XVII preconizou uma escola
elementar à qual todos - ricos, pobres, homens e mulheres - teriam acesso e a
partir da qual seriam selecionados os indivíduos mais capacitados a cursar os
ensinos superiores. A democratização do ensino, no entanto, tardaria ainda
vários séculos para se tornar realidade.
Uma das aspirações dos governos burgueses europeus do século XIX foi a de
levar toda a população infantil à escola. Esse processo se deu muito
lentamente. Antes disso, foram postos em prática projetos de instituições de
ensino secundário, priorização compreensível num sistema dominado pelas
classes abastadas, preocupadas com o futuro de seus filhos e com a
perpetuação do sistema. Mas a pressão da classe trabalhadora e também a
necessidade de qualificar mão-de-obra para as atividades industriais cada vez
mais exigentes motivaram a progressiva democratização do ensino. Dessa
forma, no final do século XIX, a maior parte dos países industrializados tinha
conseguido atrair para a escola quase toda a população infantil, e a taxa de
analfabetismo tinha sido reduzida drasticamente.
No século XX, a educação primária foi levada a grandes contingentes
populacionais em todo o mundo. Os países latino-americanos, assim como os
que emergiram no meado do século ao concluir-se o processo de
descolonização, efetuaram ingentes esforços no campo da educação, com o
apoio, em muitos casos, de organizações internacionais como a UNESCO, e
conscientes da necessidade de diminuir a desvantagem em relação às nações
mais industrializadas. Muitos países pobres, no entanto, nos últimos anos do
século XX, estavam longe de ver realizada a aspiração de alfabetizar toda a
população. A explosão demográfica e o atraso contribuíram para dificultar
ainda mais o esforço de alfabetização.
Em conseqüência da democratização do ensino primário, produziu-se em todos
os países uma maior demanda pelo ensino médio e superior, que suscitou, na
segunda metade do século XX, um problema universal: a universidade, criada
para educar uma minoria seleta, não dava conta de admitir a grande
quantidade de alunos que lutavam por chegar às salas de aula. Outro aspecto
do mesmo problema é o baixo nível do ensino ministrado por muitas escolas de
nível superior, em decorrência da massificação.
Os teóricos da educação continuaram seu trabalho, aprofundando-se cada vez
mais no estudo da psicologia infantil e das relações sociais que se estabelecem
na escola, muitos deles denunciando a dependência da escola em relação ao
sistema social em que está imersa, cujos problemas ela tende a reproduzir. Ao
longo do século, a tendência geral foi favorável à limitação do autoritarismo na
escola e ao aumento da liberdade de ação da criança, para que dê livre curso a
sua criatividade. Fomentou-se a atividade física - ginástica, esportes - depois
que se tomou consciência da importância dessas atividades para a boa saúde
física da criança, para a formação de sua personalidade e para o
desenvolvimento da sociabilidade.
Nos últimos anos do século, o novo problema com que a educação se
defrontou estava relacionado às transformações sofridas pelos meios de
comunicação. Delineou-se uma situação paradoxal: enquanto a educação que
se oferecia era quase totalmente baseada no universo literário, a maior parte
das crianças, feliz ou infelizmente, recebia muito mais informações por meios
audiovisuais do que impressos. Embora na década de 1980 alguns países
tenham começado a introduzir nos planos de estudo escolares as novas
tecnologias, como o uso de computadores, a situação paradoxal permanecia.
Os próprios educadores estavam formados para ministrar um ensino baseado
em técnicas pedagógicas e em conteúdos tradicionais. Já se discutia, no
entanto, a necessidade de incorporar as novas disciplinas aos currículos
escolares, pois o mercado de trabalho estava cada vez mais a exigir
familiaridade com a informática em quase todas as áreas. A generalização da
informática teve conseqüências importantes para a educação, especialmente
nas áreas profissionalizantes.

Bibliografia
Enciclopédia Barsa. Rio de Janeiro, São Paulo: Enciclopédia Britânica Ltda,
2000.
Enciclopédia Delta Universal. Rio de Janeiro: Delta, 1982.
GILES, Thomas Ranson. História da Educação. São Paulo: EPU, 1987.
MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofia da educação. São Paulo: Moderna,
2002.

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