*Carlos Nascimento
Fala-se sempre que os líderes devem motivar. Como? Penso eu. Se a motivação
não depende exclusivamente de ações externas?
Tenho observado no dia a dia, junto aos meus pares, que o processo motivacional é
individualizado e sofre pequenas ou grandes influências durante cada hora de
trabalho. E isso acontece, também, com quem tem cargos de gerência, uma vez que
todos estão suscetíveis às emoções e talvez nesse momento Goleman1 tenha razão.
Mas, paciência, Charles Chaplin já disse “não sois máquinas, homens és o que
sois”...
Para alguns, remuneração não é tudo. Um bom ambiente de trabalho, com conforto
e com os chamados salários indiretos, já é suficiente. Mas, outros já não pensam
assim, conheço pessoas que querem “dinheiro no bolso”. Cumprir metas é uma
tarefa que lhe é remunerada, se não está a contento (a remuneração) ele não fará
esforço para consegui-la.
O que quero para a minha vida é e será sempre, único de minha existência. Os
belos textos que nos causam sensação de bem-estar ao lê-los são abruptamente
esquecidos na rotina do dia a dia, quando percebemos que precisamos fazer o
cumprir. E esse fazer não espera por horas de discussões filosóficas a respeito de
quão importante é “para mim”, realizar ou não, aquele trabalho.
1
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional.
2
MINTZBERG, AHLSTRAND et LAMPEL. Safári de Estratégia. POA, Bookman, 2000.
“grupos conflitantes dentro de uma organização ou pelas próprias organizações,
enquanto confrontam seus ambientes externos”. Não estaria eu aqui num conflito?
O que se tem é apenas uma coisa: tenho que fazer o melhor! Ilusão pensar
diferente.
O que trago para um debate não é mudar o processo. Pois, em minha opinião “o
mercado” tem sido o senhor absoluto com a sua “mão”, nem tanto invisível, como
citado por Adam Smith3. O próprio PT se rendeu a essas questões, pois não há
mágicas em economia. No entanto, há mágicas com pessoas. Como realizar essas
mágicas, eis aí o cerne da questão.
E a nós enquanto participantes, por livre arbítrio, desse processo, cabe-nos entender
ou procurar entender esse processo de poder “intrínseco” e a partir daí compreender
que a nossa felicidade, parte de dentro de nós. Não serão as outras pessoas que a
trarão.
Pode parecer egoísta e talvez até o seja, mas nem sempre temos a vantagem de
poder optar. E aí vem um daqueles ditados “faça do limão uma limonada”. Mas
proponho algo novo. Tente uma mágica: faça do limão, uma laranja, uma maçã, sei
lá, uma fruta da qual você goste. Pelo menos, por você, você tentará ser feliz e aí
acontecerá a grande mágica que os gurus, os grandes líderes tanto almejam: você
está motivado. Mas, deixe claro, você se permitiu isso.
3
SMITH, Adam. A riqueza das Nações. 3 ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988.