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Módulo 1:

Psicopedagogia e Dificuldades de Aprendizagem: interlocuções. Os


desafios da globalização e a Psicopedagogia na atualidade

1) Apresentação:

Breve histórico sobre o campo de atuação psicopedagógico e suas


interlocuções como área de conhecimento facilitadora dos processos do aprender
e do ensinar, num momento atual de globalização, em que diversas mudanças
ocorrem constantemente e precisam ser assimiladas.

2) Resumo:

A Psicopedagogia desponta para atender crianças, que por diferentes motivos,


não conseguem aprender. É uma área científica de atuação que atua na
aprendizagem humana. Seu objeto de estudo é o sujeito em processo de
aprendizagem. O psicopedagogo é o profissional capacitado para se ocupar da
prevenção e do tratamento das dificuldades de aprendizagem em interlocução
com diferentes áreas de conhecimento. O espaço de atuação em Psicopedagogia
no Brasil, que de início se restringia às clínicas seguindo o modelo da Europa, se
expande até as instituições escolares, hospitais, empresas e área de pesquisa e
produção de conhecimento. A Psicopedagogia, em amplo crescimento como área
profissional, tem o desafio de transformar a Educação e o seu principal foco são
as dificuldades de aprendizagem, enquanto se afirma historicamente como
campo profissional diferenciado, sempre em busca de novos instrumentos,
renovando saberes e criando novas perspectivas.

3) Introdução:

A Psicopedagogia é o campo de ação profissional que busca compreender os


processos de ensino-aprendizagem e o desenvolvimento do indivíduo sócio-
cultural para proporcionar-lhe melhores condições de promoção de seu potencial
e prevenção de dificuldades de aprendizagem, que emergem como barreiras
sociais, impedindo o indivíduo de alcançar sua realização e integração na família
e na sociedade.

O atendimento a Dificuldades de Aprendizagem abrange uma grande


variedade de áreas do conhecimento e, portanto, abarca questionamentos
constantes na construção de sua instrumentalização para proporcionar eficácia
nos resultados. As dificuldades de aprendizagem representam muros que
marginalizam o indivíduo, que, na atualidade, mais do que em qualquer outra
época, encontra-se atordoado diante de um mundo novo a se explorado, em
constante mutação.

Os desafios da globalização não podem ser ignorados! O mundo mudou e a


aprendizagem não é um fenômeno passivo. Há muito que ser feito! Há um
demanda inesgotável de aperfeiçoamento e de projetos psicopedagógicos que
atendam às necessidades sociais inúmeras e diversas.

A reflexão e atualização são de suma importância e precisam estar presentes


em propostas que ofereçam recursos novos para auxiliar as incertezas desse
percurso com criatividade e com produtivo “fazer” científico. Os novos enfoques
e modelos de articulação de distintos conhecimentos devem acompanhar as
transformações rápidas e constantes, que exigem novos posicionamentos e
leituras essenciais no processo de buscar a integração do sujeito humano e sua
produção.

Os objetivos deste módulo são de comentar um breve histórico sobre o campo


de atuação psicopedagógico e suas interlocuções, para delinear o nascimento e o
desenvolvimento dessa área de conhecimento, facilitadora dos processos do
aprender e do ensinar na atualidade. Buscaremos apresentar as estratégias que
vem sendo utilizadas para desabrochar potencialidades de autonomia, de
expressão, destacando a necessidade permanente de discussão com dinâmica
em favor da competência e profissionalização, que nascem prontas, são produtos
de esforço de fazer diferença no mundo de hoje, para muitos.

Através de textos de leitura, de apresentações ilustrativas, com gráficos e


vídeos que facilitem o aproveitamento do conteúdo do assunto e com fórum de
discussões - pretendemos apresentar a Psicopedagogia de hoje, que surge ao
longo de sua história com seus desafios, com a necessidade de renunciar a
reducionismos e de resgatar a reflexão, repleta de interrogações, com estratégias
sensibilizadoras e participativas. Ao final do módulo serão indicados livros e
disponibilizados textos para mais aprofundamento nos temas discutidos.

4) Breve história da Psicopedagogia no mundo:

É importante retornar no tempo para compreender o mundo em que


nasceu a Psicopedagogia.

A gênese da Psicopedagogia pode ser localizada no quarto e quinto séculos


a.C. com os filósofos gregos Sócrates, Platão e Aristóteles levantando
questionamentos e reflexões fundamentais sobre o funcionamento da razão
humana. As questões levantavam reflexões sobre como as pessoas percebiam a
realidade, sobre o que é alma, consciência e o livre arbítrio. O conhecimento
baseado em questionamentos típicos da Filosofia começou a ser insuficiente para
a sociedade. O conhecimento precisava ser mais sistemático, crítico e rigoroso, e
surgiu a utilização do método experimental, para consolidar uma fonte de
verdade e sabedoria, a Ciência. A primeira das ciências a se desvincular da
Filosofia foi a Matemática, já no ano 300 a.C com Euclides. Outras ciências só
muito mais tarde se tornaram autônomas: a Física, na primeira metade do século
XVII com Galileu.

Tão diferente dos tempos atuais, vamos nos reportar a um período pré-
científico, que vai até o século XVIII. Não existiam conceitos de aprendizagem,
muito menos de dificuldades para isso. Tudo o que não era compreendido,
apresentava-se como doenças mentais, explicadas por forças sobrenaturais, por
demônios que ameaçavam ou as punia por falhas humanas.

Entre os finais do século XIX e começo do século XX, ocorreu uma etapa de
transição entre as explicações pré-científicas e as científicas. Neste período,
estudos realizados por Itard trouxeram uma visão ambiental para os fatos:

Por volta de 1799, um menino de cerca de 12 anos foi encontrado perto da


floresta de Aveyron, sul da França. Estava sozinho, sem roupa, andava de quatro
e não falava uma palavra. Aparentemente fora abandonado pelos pais e cresceu
sozinho na floresta. O menino anbandonado, que creseu na floresta, recebeu o
nome de Victor e foi levado para Paris, aos cuidados do médico Jean-Marc-Gaspar
Itard. A criança foi sujeita a um completo exame médico, que concluiu não
existirem doenças. No início, ele tentava fugir constantemente, sendo capturado
com alguma dificuldade. Recusava-se a usar roupas e se observa nele um
comportamento animal. Pequenos detalhes provaram que esta criança não era
totalmente desprovida de inteligência, reflexão e poder de raciocínio, mas
tiveram pouco sucesso em seu relacionameno com o novo ambiente que lhe
proporcionaram.

Pinel era médico e humanista, com sua preocupação em minorar o


sofrimento de doentes, trouxe mudanças para o mundo daquela época, que
influenciaram para sempre a visão social das pessoas.

PHILIPPE PINEL (1745-1826) viveu a época em que tomavam vulto na França as


idéias de Voltaire e de Jean-Jacques Roussseau (1767) e Pinel não escapou à
influência das idéias revolucionárias de ambos. Médico, em 1792, passou a dirigir
a Gazeta de Saúde, na qual publicou o “ Tratado de Higiene “. Dedicou-se ao
estudo das afecções de origem mental e interessou-se pelo assunto. Com
dificuldade, Pinel conseguiu do Governo Revolucionário, “La Terreur”, autorização
para remoção dos grilhões aos quais os habitantes daquele lugar terrível estavam
aprisionados, mudando, também, as condições desumanas com que eram
tratados doentes de asilos.

A fase seguinte começa com o nascimento de escolas psicológicas


contemporâneas. O grande desafio da época se resumia em estudar a
consciência através dos métodos experimentais e quantitativos que eram
pertinentes às outras ciências.

Wilhelm Wundt foi o fundador da Psicologia como ciência, em 1879, na


Universidade de Leipzig, na Alemanha, ao criar o primeiro laboratório
experimental de psicologia. Wundt criou o que, mais tarde, seria chamado de
estruturalismo. Definiu regras importantes para o estudo da introspecção em
laboratório. Titchener levou a idéia da Psicologia para os Estados Unidos,
modificando-a em alguns pontos.

A Psicologia científica foi fundada por Wundt e seguida por Titchener.


Posteriormente, com o trabalho de W. James, seguido por Dewey e Woodwort, o
estudo se ramificou em duas escolas: Estruturalismo e Funcionalismo. Estas
correntes foram abandonadas por volta da metade do século XX, e surgem novas
teorias mais bem fundamentadas como o Behaviorismo de Watson, a Gestalt de
Wertheimer, Koehler e Koffka, a Psicanálise de Freud e os estudos sobre a
cognição de Piaget, que se tornaram as mais importantes tendências teóricas da
Psicopedagogia atual. Todas estas escolas preocupavam-se com a causa dos
problemas, quer fosse o inconsciente, o estímulo, a estrutura, o ambiente. Antes
de mais nada, a Ciência busca explicações comprovadas para que possa ser
reconhecida e aplicada.

No final do século XIX educadores, psiquiatras e neuro-psiquiatras


preocuparam-se com as variantes que interferiam na aprendizagem e
começaram a organizar novos métodos para a educação infantil. Nesta época
apontaram como grandes colaboradores Seguin, Esquirol e Decroly, entre outros.
Maria Montessori, educadora e psiquiatra italiana, por exemplo, criou um método
de aprendizagem destinado, inicialmente, às crianças com retardo mental,
marcado pela expressão: "o que é bom para o excepcional é excepcionalmente
bom para o normal".

Nos Estados Unidos, o movimento educacional se desenrola, porém a


ênfase era maior nos aspectos médicos, dando um caráter biológico à abordagem
das dificuldades de aprendizagem.

Com o avanço das ciências da Educação, as questões das dificuldades


escolares surgiram no sistema educativo regular, que reconhece as influências da
família, do meio social e as características da própria criança em interação com a
família. O processo ensino-aprendizagem ganha espaço. O século XX foi marcado
pela expansão dos sistemas educativos das nações industrializadas, sendo a
educação básica obrigatória em praticamente todo o mundo.

Na década de 30, começa um período de integração de idéias, quando os


cientistas abandonam suas posições irredutíveis para analisar o conhecimento de
outros, tomando consciência de limitações, descrições e explicações de distintas
correntes, gerando um movimento integracionista.

A inclusão, apesar de decorrente da integração, se diferencia desta por


preconizar que não são as crianças que devem se ajustar às exigências da escola
é o sistema da Educação que deve ser reestruturado para se tornar capaz de
efetivamente cuidar de todos os alunos. Dentro da premissa maior de que todos
têm direito a uma escola de qualidade, é da escola o papel facilitador na
integração social.

A Psicopedagogia é essencial no movimento pela inclusão. Trata de


conhecer a criança e o seu meio, para compreender a dificuldade de
aprendizagem e determinar uma ação re-educadora, além de diferenciar os que
não aprendem, mesmo sendo inteligentes, daqueles que apresentam alguma
deficiência mental, física ou sensorial.

Na busca pelo reconhecimento dos direitos de todas as crianças


freqüentarem a escola regular, se estabelece um conceito mais claro de NEE
(Necessidades Educativas Especiais), que defende que as crianças, que por
razões congênitas ou adquiridas apresentam dificuldades de aprendizagem ao
longo da escolaridade, necessitam de atenção específica e de mais recursos
educativos para minimizar as desvantagens e aproveitar as suas capacidades. A
preocupação com o desenvolvimento infantil reflete mudanças no pensamento
do mundo com relação à importância da Educação.

Os primeiros Centros Psicopedagógicos surgiram na Europa, em 1946,


fundados por J. Boutonier e George Mauco, e tinham direção médica e
pedagógica e reuniam conhecimentos conjuntos das área de Psicologia,
Psicanálise, Neurologia e Pedagogia. Esses centros de reabilitação tinham o
objetivo de readaptar crianças que, apesar de inteligentes, apresentavam
comportamentos e dificuldades de aprendizagem ou comportamentos
socialmente inadequados na escola ou em casa, tratando de suas dificuldades de
aprendizagem.

Os trabalhos realizados na França que influenciaram fortemente a


Psicopedagogia na Argentina, especialmente de Janine Mery, que pôs em
discussão as questões relacionadas ao termo e concepção da Psicopedagogia. A
Psicopedagogia se torna atividade popular em Buenos Aires, onde existem cursos
de graduação e o trabalho psicopedagógico é oferecido na rede pública de
ensino.

Entretanto, foram três fatos lamentáveis, segundo Visca, que contribuíram


para o desenvolvimento da Psicopedagogia na Argentina: 1- a Guerra Civil
Espanhola (na década de 30: motivou a emigração de um grande número de
intelectuais: entre os quais cabe mencionar a visão humanística de José Ortega y
Gasseta); 2- Segunda Guerra Mundial (entre os anos 40 e 45: fez com que um
número significativo de psicanalistas europeus buscasse na América do Sul um
novo lar e difundisse suas práticas e conhecimentos, inclusive a teoria
piagetiana); e 3- a repressão militar (nas décadas de 70 e 80 a Argentina sofre
grande repressão e intimidação, em que desaparecem 30.000 pessoas. Esse
triste episódio sensibilizou estudiosos à reflexão e busca de novos recursos para
a Educação).

Na Argentina, Jorge Visca é considerado o “pai da Psicopedagogia”, porque


foi um dos primeiros a propor estudos fundamentados no construtivismo e
interacionismo, em 1987.

Na proposta de Visca o trabalho com a aprendizagem se utiliza de uma


confluência dos achados teóricos da escola de Genebra sobre os níveis de
inteligência, com as teorizações da psicanálise sobre as manifestações
emocionais e, ainda, as proposições da psicologia social de Pichon Rivière porque
a aprendizagem escolar precisa relacionar os aspectos cognitivos e emocionais,
além de trabalhar com as relações interpessoais que ocorrem em grupos sociais
específicos.

Visca chamou seus estudos de “epistemologia convergente”. A Epistemologia


Convergente é uma linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem
utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia:

• Escola de Genebra - Psicogenética de Jean Piaget, que descreve a estrutura


cognitiva e o processo de aprendizagem;
• Escola Psicanalítica - Sigmundo Freud, que destaca uma visão de aspectos
afetivos em relação a um objeto influenciando a percepção do mundo,
desde a infância;
• Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière, que trata da paridade
entre os aspectos cognitivos e afetivos nos sujeitos de distinta cultura e
suas aprendizagens em relação a um mesmo objeto, que se diferenciam
conforme as influências que sofram de seus ambientes sócio-culturais
(VISCA, 1991, p. 66).

5) Psicopedagogia no Brasil
A Psicopedagogia foi introduzida no Brasil com base nos modelos médicos
de atuação, a partir de 1970, quando se iniciaram cursos de formação de
especialistas em Psicopedagogia na Clínica Médico-Pedagógica de Porto Alegre,
com a duração de dois anos.

As dificuldades de aprendizagem eram associadas a uma disfunção


neurológica denominada de Disfunção Cerebral Mínima (DCM) que virou moda
neste período, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos.

O Brasil recebe influências tanto americanas, quanto européias, através


da Argentina. No sul do país, a entrada dos estudos de Quirós, Jacob Feldmann,
Sara Paín, Alicia Fernández, Ana Maria Muñiz e Jorge Visca, enriquece o
desenvolvimento desta área de conhecimento.

A Psicopedagogia propõe que se conheça a criança e seu meio para que


se desenvolva uma ação reeducadora a partir da compreensão das dificuldades
de aprendizagem que se apresentem, diferenciando as diversas causas e
características situacionais.

A preocupação com a grande evasão escolar, com as constantes


repetências, com fracassados escolares que aumentavam enormemente a fileira
dos excluídos e marginalizados do mercado de trabalho, ficou evidente a
importância das escolas na formação do cidadão.

Nos anos 80, em São Paulo, grupos de profissionais se organizam em


Grupos de Estudo para analisar, discutir, estudar e buscar solução para os
problemas de aprendizagem e definir as abordagens preventivas e terapêuticas
da Psicopedagogia. A partir desses encontros, surgiu a Associação Estadual de
Psicopedagogia, em 1980, que mais tarde, ainda na década de 80, se transforma
em Associação Brasileira de Psicopedagogia - ABPp. Atualmente, a ABPp conta
com 13 seções e 9 núcleos, que atuam promovendo e divulgando a
Psicopedagogia, através de publicações e encontros científicos.

Com a Carta Constitucional de 1988 e com a entrada em vigor do Estatuto


da Criança e do Adolescente, o Brasil passa a ser orientado por um novo
paradigma nos programas sociais e políticos para essa parcela da Educação,
assegurando-lhes os Direitos fundamentais com prioridade absoluta.

6) Multidisciplinaridade e a Psicopedagogia

A Psicopedagogia é uma ciência complexa porque agrega diversas


formações profissionais na compreensão do ser humano que aprende. Em nível
de pós-graduação, somam-se graduados de Pedagogia, Psicologia e
Fonoaudiologia, além de outras áreas afins, o que acaba justificando perfis de
atuação diferentes. Em função da grande extensão territorial brasileira, ainda
temos que considerar com culturas muito diversas, que formam o mosaico de
um país muito especial, com um verdadeiro quebra-cabeça de necessidades e
características histórico-culturais.

Multidisciplinaridade é o conjunto de disciplinas a serem trabalhadas


simultaneamente, como acontece com a Psicopedagogia que configura sua linha
de ação sobre a aprendizagem a partir de diversas outras teorias. Nesse estudo,
há necessidade da interdisciplinaridade, ou seja, da interação entre as disciplinas
ou áreas do saber, para que se alcance a transdiciplinaridade, que é uma
abordagem científica que visa a unidade do conhecimento.

Dessa forma, esses termos são usados para definir a utilização de diversas
teorias de diferentes áreas científicas na Psicopedagogia, em seu enfoque
preventivo ou clínico.

A Psicopedagogia converge das outras áreas como Medicina, Lingüística,


Antropologia, Sociologia e Filosofia, entre outras. Constituem a Psicopedagogia,
especialmente, as áreas de:

Psicanálise - Psicanálise é a Ciência que estuda o mundo inconsciente, com


representações da realidade que não conseguimos perceber, mas que acontecem
em nosso dinamismo psíquico e se expressa por sintomas e símbolos. Mesmo
sem percebermos, cada pessoa tem preferências, interesses ou aversões que se
ligam às suas experiências passadas e às pessoas que fizeram parte desse
mundo. Na aprendizagem essas vivências estão presentes motivando ou
perturbando o relacionamento do aluno com o ambiente e refletindo em seu
aprendizado.

A Psicanálise dirige-se aos conhecimentos de Sigmund Freud com o


principal objetivo de recorrer na compreensão dos diversos sintomas
apresentados pela criança, o termo sintoma remete-se aos princípios
psicanalíticos. O problema ou dificuldade de aprendizagem enquanto sintoma se
apresenta como patologia que surge no corpo, sem explicação médica. O
inconsciente investigado por Freud não se manifesta de forma direta, mas
aparece nos sonhos, nos erros, nas dores inexplicáveis. A psicanálise, como
ciência do inconsciente, desvenda o sintoma como uma manifestação humana
carregada de significado, que permanece desconhecido numa análise superficial.

Psicologia - Algumas áreas da Psicologia são especialmente interessantes para


a Psicopedagogia:

Psicologia social é a área que se preocupar com a constituição do sujeito


social, que se relaciona com a família, grupos e instituições, em condições
socioculturais e econômicas específicas e que estão envolvidas com a
aprendizagem, inevitavelmente. A criança que vê nos pais uma rotina de
interesses em sua aprendizagem e lhe oferecem estímulos diversos, terá uma
reação diferente da criança que não recebe incentivo do meio nem mesmo para
ir à escola.

A Epistemologia Genética, que teve Piaget como seu criador, descreve o


processo construtivo do conhecimento pelo sujeito em interação com os outros e
com os objetos. Para compreender e intervir nas questões de aprendizagem é
essencial que se conheça o desenvolvimento da inteligência, das etapas de
aprendizagem, da forma como o conhecimento se forma. A formação simbólica
na lingüística também foi investigada por Piaget, uma vez que a linguagem é
uma característica sócio-cultural do homem, constitui seu processo de
pensamento, essencial para a aprendizagem, comunicação, produção e acesso à
história.

A Neuropsicologia é uma extensão desses estudos que se relacionam com a


construção do conhecimento, porque estuda o cérebro e as funções cognitivas e
os distúrbios de aprendizagem.

Pedagogia - Pedagogia é a Ciência que trata do processo ensino-aprendizagem,


analisando-o e preocupando-se em criar novos instrumentos e saberes que
funcionem como facilitadores da aprendizagem.

A Pedagogia com suas questões educacionais e atividades especificamente


humanas e sócio-culturais liga-se à subjetividade dos estudos psicológicos
relacionando os dois temas na Psicopedagogia.

Preocupa-se com o saber e como é transmitido para que ocorra


aprendizagem, na qual a verdadeira aprendizagem é aquela que se incorpora
nossa vida. Não aprendemos apenas para saber, mas para melhorar em qualquer
sentido: na saúde, no intelecto, na vida moral ou social, ou econômica.

Com essa integração de saberes, desdobra-se o novo conceito de


aprendizagem: aprender é mudar, melhorar na vida, num processo contínuo.

7) Desafios da Psicopedagogia:

De início, o caráter médico-pedagógico foi predominante e havia uma


preocupação em diferenciar os que não aprendiam, apesar de serem
inteligentes, daqueles que apresentavam alguma deficiência mental, física ou
sensorial era uma das preocupações da época.
Muita polêmica foi despertada ao longo do trajeto da Psicopedagogia até
alcançar seu reconhecimento profissional nos dias de hoje. Se por um lado a
necessidade de pesquisas e trabalhos voltados para minimizar ou solucionar as
dificuldades de aprendizagem era evidente, por outro lado, articulando-se com
um esforço conjunto de áreas afins, suas atribuições pareciam confundir os
limites e objetivos desses profissionais. A Psicopedagogia precisava desenvolver
um trabalho integrado com solidez e eficiência, para destacar a necessidade e a
relevância social e científica do Psicopedagogo.

Pouco a pouco foram construídas as bases teórico-práticas desse extenso


campo de atuação, esclarecendo suas atribuições e seus objetivos científicos. A
área dessa especialização apresenta-se muito grande e complexa, porque a
natureza de seu objeto de estudo é multifacetada, congrega diferentes técnicas
e conhecimentos.
Como afirma Bossa (2008), a Psicopedagogia, surgiu da necessidade de
atender às crianças com dificuldades de aprendizagem que se mostravam
inaptas dentro do sistema convencional de educação, desencadeando outros
problemas, como o fracasso e a evasão escolar. A autora destaca que “Conflito e
mutação são, portanto, dois movimentos fundamentais da vida. Nessa linha de
raciocínio, as dificuldades de aprendizagem escolar, tão comum em tempos
atuais, é uma criação da humanidade que surge diante da ameaça à
sobrevivência da subjetividade na nossa espécie.”
Duas grandes vertentes desdobram-se da Psicopedagogia: o enfoque
preventivo, centrado nas diferentes etapas do desenvolvimento, que precisam
ser compreendidas para que se possa traçar o esperado ou o que deve ser
buscado, e o enfoque terapêutico, que trata da metodologia de diagnóstico e
tratamento das dificuldades de aprendizagem.

8) Psicopedagogia na atualidade:

As novas tecnologias, relacionadas a uma revolução informacional,


trouxeram uma infra-estrutra na comunicação que permite a interação em rede
de seus integrantes, alterando a percepção de tempo e espaço, de alcance de
difusão de notícias e conhecimentos.

Ao mesmo tempo, os avanços nas áreas científicas trouxeram a


possibilidade de conhecer mais os aspectos psicobiológicos e aproximou
mais as diversas especialidades na busca de soluções conjuntas.

O impacto das novas tecnologias se manifestam na derrubada de fronteiras


de comunicação, com maior facilidade e rapidez de acesso à informação, melhor
coordenação de colaboradores dispersos geograficamente, participação,
automatização e integração de conhecimentos.

As novas tecnologia de comunicação levam a Educação a uma nova


dimensão. Torna possível relacionar temas diversos, levantar dados ou organizar
uma síntese coerente das informações.

A Psicopedagogia desponta na integração e na articulação de pesquisas,


projetos e conhecimentos sobre o ensinar e o aprender, redesenhando a
educação para o terceiro milênio, com disposição para combater as dificuldades
a serem superadas, consciente dos desafios e da necessidade constante de um
diálogo social e profissional que se faz no aperfeiçoamento e a abertura
dinâmica para a produção de conhecimento, sempre olhando para todos os
lados, passado e futuro, para ter ao centro a pessoa humana na grandeza de
suas possibilidades de realização.

Atualmente, o espaço para a Psicopedagogia se amplia. Cresce o número


de instituições escolares, hospitais e empresas que contam com a atuação do
psicopedagogo. Nessas instituições o atendimento é preferencialmente
preventivo e se dirige a grupos específicos ou à instituição como um todo.

A Psicopedagogia escolar tem como objetivo ampliar as possibilidades de


aprendizagem de todas as pessoas da escola. O Psicopedagogo, em equipe com
os outros profissionais e familiares das crianças, ouve e discute os assuntos da
escola, propõe mudanças, elabora propostas educativas, faz mediação entre os
diferentes grupos envolvidos na relação ensino-aprendizagem (alunos,
professores, famílias, funcionários), aprimora e cria metodologias e estratégias
que garantem melhor aprendizagem; colabora na formação dos professores.

Nas instituições de saúde, o atendimento psicopedagógico surge como


uma alternativa de apoio ao paciente para minimizar suas perdas e diminuir o
impacto causado pela doença.

Nas empresas, o psicopedagogo amplia formas de treinamento, atua na


melhoria das relações, participa na elaboração, no desenvolvimento e na
avaliação de projetos e coordenando cursos de atualização.

A preocupação com a reflexão teórica sobre a prática psicopedagógica se


manifesta no significativo número de trabalhos publicados. A Psicopedagogia
cresce, construindo seu próprio saber teórico.

Após percorrer um caminho árduo, a Psicopedagogia está inserida no


contexto da transdisciplinariedade, alcançando seu espaço de reconhecimento e
valorização, fortalecido pelo seu objeto de estudo, a aprendizagem e a
preocupação com a qualidade de vida do ser humano.

A Psicopedagogia evoluiu e se ampliou para se constituir numa área


aplicada, interdisciplinar e transdicisplinar. Ela integra e constrói sua própria
síntese a partir das contribuições de várias áreas de conhecimento, tais como a
Pedagogia, a Psicologia, a Psicolingüística, a Sociologia, a Epistemologia
Genética, a Neurologia e a Psicanálise, buscando não só o tratamento, mas
também a prevenção das dificuldades no processo de aprendizagem na
especificidade do sujeito que aprende, enquanto singular e único.

A partir desse múltiplo olhar, a Psicopedagogia incorpora um movimento


social de mudança que mostra, mais que nunca, ser necessário repensar o papel
que desempenha a educação e os sistemas de ensino nos dias de hoje. É preciso
compreender uma realidade onde tudo funciona em interdependência.

Com esse novo enfoque, o sistema de ensino e os educadores deverão ver


em seus alunos um ser global, inserido num contexto sóciohistóricocultural, com
múltiplos olhares, que contribuem para a construção de um novo campo do
saber.

Nesse novo espaço de saber, acontece um avanço na compreensão das


questões relacionadas ao processo de aprendizagem e suas dificuldades.
Diversos autores aprofundam estudos a respeito das relações entre inteligência e
afetividade no processo de aprendizagem humana e a respeito da interferência
de múltiplos fatores presentes neste processo. Estudar, analisar e transformar as
relações que se passam entre ensinante/aprendente/objeto são as propostas,
hoje.

O objeto do conhecimento é construído socialmente. Sendo construído


socialmente, é sempre perpassado por relações nas quais o sujeito deve
desenvolver uma empatia, capaz de colocá-lo no lugar do outro, numa relação de
alteridade. A alteridade se caracteriza exatamente em se colocar no outro, em se
ver nos olhos dos outros e sermos nós mesmos através de outros olhares. É
numa constituição saudável, onde conseguimos distinguir a nossa singularidade e
a singularidade do outro, bem como enxergarmos a nossa diferença e a diferença
do outro, construindo dialeticamente a universalidade.

O fazer da Psicopedagogia no terceiro milênio - também visto na


perspectiva da Epistemologia Convergente - traz dois desafios principais e
indissociáveis: aperfeiçoar os resultados alcançados e enfrentar os problemas do
futuro.

O aperfeiçoamento dos resultados alcançados pode permitir uma


participação mais inclusiva e profunda do objeto de estudo da Psicopedagogia, a
aprendizagem.

Há necessidade de uma abordagem mais profunda da Psicopedagogia,


menos reduzida, que incorpore as diferentes formas de aprender, formais ou
informais, em interação com diferentes fatores socioculturais e econômicos e
com as diferentes características biopsicossociais de indivíduos e grupos.

A complexidade do homem e do conhecimento precisa ser considerada,


assim como as múltiplas possibilidades de aprendizagem, sem fragmentações
desses fatores para não perpetuar culturas discriminatórias e excludentes.
Fragili (2006) explica que as pesquisas e atuações psicopedagógicas se
diferenciam pelo enfoque dado ao processo de aprendizagem, considerando seu
desenvolvimento, suas ampliações e desvios, assim como as articulações entre
os fatores psicoemocionais e os processos cognitivos e psicopedagógicos. Dessa
forma, a Psicopedagogia não atende apenas ao aluno ou grupo de escolares, mas
para a compreensão de diferentes dimensões da aprendizagem, da natureza de
suas dinâmicas e repercussões para o homem, nos contextos socioculturais,
organizacionais, nas diversas modalidades sobre o aprender, ensinar, comunicar
e lidar com interações interpessoais e coletivas.

Nesse contexto a Psicopedagogia Institucional contemporânea se ocupa da


aprendizagem nas diferentes instituições: família, escola, empresa, ou outras
organizações que se caracterizam como centros educacionais e de saúde, seja do
campo privado ou público ou do terceiro setor. A família é uma instituição de
sustentação das culturas ao longo da história da humanidade e o trabalho
também se configura no ambiente inerente à adaptação social humana.

A proposta dos projetos psicopedagógicos na atualidade, então, deve tratar


das novas configurações de agrupamentos e dinâmicas, em todos os lugares, na
família, na educação, na saúde, na empresa, nas instituições diversas ou
individualmente, sem deixar de observar as influências socioculturais e suas
decorrentes variáveis. A construção do saber psicopedagógico deve
redimensionar o sentido da aprendizagem, do conhecimento e,
consequentemente, de sua atuação profissional.
A luta é para atingir o reconhecimento de uma ciência voltada para a
saúde e bem-estar de nossa sociedade, percebido em sua singularidade no
contexto social, não pelas deficiências, mas pelas oportunidades momentâneas
que necessita para se tornar melhor através do direcionamento desse
profissional que se dedica com seriedade e ética a ensinar, aprendendo a cada
momento. “O conhecimento não é único e finito, ele se amplia, se modifica em
suas interações familiares e socioculturais”, como nos diz Munhoz (2006).

A Psicopedagogia, ciência em crescente transformação, engrandece-se pela


capacidade humana de sonhar e de buscar um mundo melhor, com qualidade de
vida para todos, a partir de uma atuação cooperativa e competente daqueles que
não se cansam jamais de aprender e amar.

Prepare-se, assim, para imersão nesse desafio ousado de recriar saberes e


conhecimentos. Entender a Psicopedagogia na complexidade dinâmica da
realidade atual inclui aceitar os seres humanos como determinantes e
determinados pelo contexto vivido e pelas relações que consegue estabelecer
consigo mesmo e com os outros, em uma nova configuração das múltiplas
dimensões humanas, onde o psicopedagogo deve ser recusar a ser apenas
expectador. Há muito o que ser feito pela transformação da Educação que
idealizamos!
Anexo 1

Jean Piaget (1896-1980)


Um pioneiro no estudo da inteligência infantil

Jean Piaget (1896-1980) foi um renomado psicólogo e filósofo suíço,


conhecido por seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil. Piaget
passou grande parte de sua carreira profissional interagindo com crianças e
estudando seu processo de raciocínio. Seus estudos tiveram um grande
impacto sobre os campos da Psicologia e Pedagogia.

Sua Vida

Jean Piaget nasceu no dia 9 de agosto de 1896, em Neuchâtel, na Suíça. Seu pai, um calvinista
convicto, era professor universitário de Literatura medieval.

Piaget foi um menino prodígio. Interessou-se por História Natural ainda em sua infância. Aos 11
anos de idade, publicou seu primeiro trabalho sobre sua observação de um pardal albino. Esse
breve estudo é considerado o início de sua brilhante carreira científica. Aos sábados, Piaget
trabalhava gratuitamente no Museu de História Natural.

Piaget freqüentou a Universidade de Neuchâtel, onde estudou Biologia e Filosofia. Ele recebeu seu
doutorado em Biologia em 1918, aos 22 anos de idade.

Após formar-se, Piaget foi para Zurich, onde trabalhou como psicólogo experimental. Lá ele
freqüentou aulas lecionadas por Jung e trabalhou como psiquiatra em uma clínica. Essas
experiências influenciaram-no em seu trabalho. Ele passou a combinar a psicologia experimental -
que é um estudo formal e sistemático - com métodos informais de psicologia: entrevistas,
conversas e análises de pacientes.

Em 1919, Piaget mudou-se para a França, onde foi convidado a trabalhar no laboratório de Alfred
Binet, um famoso psicólogo infantil que desenvolveu testes de inteligência padronizados para
crianças. Piaget notou que crianças francesas da mesma faixa etária cometiam erros semelhantes
nesses testes e concluiu que o pensamento lógico se desenvolve gradualmente.

O ano de 1919 foi um marco em sua vida. Piaget iniciou seus estudos experimentais sobre a
mente humana e começou a pesquisar também sobre o desenvolvimento das habilidades
cognitivas. Seu conhecimento de Biologia levou-o a enxergar o desenvolvimento cognitivo de uma
criança como sendo uma evolução gradativa.

Em 1921, Piaget voltou à Suíça e tornou-se diretor de estudos no Instituto J. J. Rousseau da


Universidade de Genebra. Lá ele iniciou o maior trabalho de sua vida, ao observar crianças
brincando e registrar meticulosamente as palavras, ações e processos de raciocínio delas.

Em 1923, Piaget casou-se com Valentine Châtenay, com quem teve três filhas: Jacqueline (1925),
Lucienne (1927) e Laurent (1931). As teorias de Piaget foram, em grande parte, baseadas em
estudos e observações de seus filhos que ele realizou ao lado de sua esposa.

Enquanto prosseguia com suas pesquisas e publicações de trabalhos, Piaget lecionou em diversas
universidades européias. Registros revelam que ele foi o único suíço a ser convidado para lecionar
na Universidade de Sorbonne (Paris, França), onde permaneceu de 1952 a 1963. Até a data de
seu falecimento, Piaget fundou e dirigiu o Centro Internacional para Epistemologia Genética. Ao
longo de sua brilhante carreira, Piaget escreveu mais de 75 livros e centenas de trabalhos
científicos.

Piaget morreu em Genebra, em 17 de setembro de 1980.

Sua Obra

Piaget desenvolveu diversos campos de estudos científicos: a psicologia do desenvolvimento, a


teoria cognitiva e o que veio a ser chamado de epistemologia genética.
A essência do trabalho de Piaget ensina que ao observarmos cuidadosamente a maneira com que
o conhecimento se desenvolve nas crianças, podemos entender melhor a natureza do
conhecimento humano. Suas pesquisas sobre a psicologia do desenvolvimento e a epistemologia
genética tinham o objetivo de entender como o conhecimento evolui.

Piaget formulou sua teoria de que o conhecimento evolui progressivamente por meio de
estruturas de raciocínio que substituem umas às outras através de estágios. Isto significa que a
lógica e formas de pensar de uma criança são completamente diferentes da lógica dos adultos.

Em seu trabalho, Piaget identifica os quatro estágios de evolução mental de uma criança. Cada
estágio é um período onde o pensamento e comportamento infantil é caracterizado por uma
forma específica de conhecimento e raciocínio. Esses quatro estágios são: sensório-motor, pré-
operatório, operatório concreto e operatório formal.

Fase 1: Sensório-motor

No estágio sensório-motor, que dura do nascimento ao 18º mês de vida, a criança busca adquirir
controle motor e aprender sobre os objetos físicos que a rodeiam. Esse estágio se chama
sensório-motor, pois o bebê adquire o conhecimento por meio de suas próprias ações que são
controladas por informações sensoriais imediatas.

Fase 2: Pré-operatório

No estágio pré-operatório, que dura do 18º mês aos 8 anos de vida, a criança busca adquirir a
habilidade verbal. Nesse estágio, ela já consegue nomear objetos e raciocinar intuitivamente, mas
ainda não consegue coordenar operações fundamentais.

Fase 3: Operatório concreto

No estágio operatório concreto, que dura dos 8 aos 12 anos de vida, a criança começa a lidar com
conceitos abstratos como os números e relacionamentos. Esse estágio é caracterizado por uma
lógica interna consistente e pela habilidade de solucionar problemas concretos.

Fase 4: Operatório formal

No estágio operatório formal – desenvolvido entre os 12 e 15 anos de idade – a criança começa a


raciocinar lógica e sistematicamente. Esse estágio é definido pela habilidade de engajar-se no
raciocínio abstrato. As deduções lógicas podem ser feitas sem o apoio de objetos concretos.

No estágio das operações formais, desenvolvido a partir dos 12 anos de idade, a criança inicia sua
transição para o modo adulto de pensar, sendo capaz de pensar sobre idéias abstratas.

Conclusão:

Em seus estudos sobre crianças, Jean Piaget descobriu que elas não raciocinam como os adultos.
Esta descoberta levou Piaget a recomendar aos adultos que adotassem uma abordagem
educacional diferente ao lidar com crianças. Ele modificou a teoria pedagógica tradicional que,
até então, afirmava que a mente de uma criança é vazia, esperando ser preenchida por
conhecimento. Na visão de Piaget, as crianças são as próprias construtoras ativas do
conhecimento, constantemente criando e testando suas teorias sobre o mundo. Ele forneceu uma
percepção sobre as crianças que serve como base de muitas linhas educacionais atuais. De fato,
suas contribuições para as áreas da Psicologia e Pedagogia são imensuráveis.

Fonte do artigo: 10emtudo

http://www.10emtudo.com.br/artigos_1.asp?CodigoArtigo=68&Pagina=1

Publicado em 04/05/2004

http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/biografia_jean_piaget.htm, acessado em 21/03/2011 às 13h33.


Anexo 2

Sigmund Freud (1856 - 1939)


O pai da psicanálise

Médico neurologista e fundador da psicanálise, Freud apresentou ao mundo o inconsciente e


explorou a mente humana. Sigmund Freud ficou conhecido como um dos maiores pensadores do
século XX e o pai de muitas das teorias psicanalistas aplicadas atualmente. Freud explorou a
psique, desenvolveu uma teoria de personalidade, estudou histeria, neuroses e sonhos, entre
tantos trabalhos.

SUA VIDA

Sigmund Freud nasceu em 1856 na pequena cidade de Freiberg, na Morávia, então parte do
Império Austro-Húngaro (atualmente é a República Checa). Seu pai, Jacob, era um modesto
comerciante e sua mãe, Amália, era a terceira esposa de Jacob. Freud nasceu de uma família
judaica e foi o primogênito de sete irmãos.

Aos três anos de idade, a família Freud se mudou para Viena, devido ao aumento do anti-
semitismo na Morávia. A cidade de Viena proporcionava aos judeus boas perspectivas
econômicas, participação política e aceitação social.

Desde pequeno Freud era brilhante nos estudos e primeiro da classe. Devido à sua performance
acadêmica e uma preferência de sua mãe, Freud teve o privilégio de ter um quarto só para si,
onde pode estudar em paz.

Em 1873, aos 17 anos, Freud ingressou na faculdade de Medicina da Universidade de Viena. Nos
anos de faculdade trabalhou em um laboratório de neurofisiologia, até sua formatura, em 1881.

Em 1882, Freud conheceu e se apaixonou por Martha Bernays. Ficaram noivos secretamente até
terem dinheiro suficiente para se casarem, o que veio a ocorrer quatro anos depois, em 1886,
quando Freud já possuía um consultório particular. Tiveram seis filhos. A mais nova, Ana,
confidente, secretária, enfermeira, discípula e porta-voz do pai, também se tornou uma eminente
psicanalista.

Antes de se casarem, Freud trabalhou durante seis meses em Paris com o neurologista francês
Jean-Martin Charcot. Com este, observou o uso da hipnose no tratamento da histeria e viu
estimulado seu interesse para os distúrbios mentais. Nos anos seguintes tornou-se especialista
em doenças nervosas e fundamentou a teoria psicanalítica da mente.

Freud obteve um grupo de admiradores e seguidores que se reuniam com ele semanalmente.
Entre eles se encontravam Alfred Adler e Carl Jung, famosos psicanalistas que acabaram se
desligando de Freud para desenvolver suas próprias linhas. O desligamento de Jung foi muito
doloroso para Freud. Eram bons amigos e Freud via em Jung a pessoa que iria continuar a
transmitir seu trabalho.

A primeira Guerra Mundial teve um grande impacto em Freud e no movimento psicanalítico. O fim
da guerra trouxe grandes modificações político-geográficas e os tratados foram particularmente
severos com os países vencidos. Viena sofria de fome, frio e desespero. Voltaram as epidemias
mortais, como tuberculose e gripe. Em 1920, Freud perdeu sua segunda filha, Sophie, vitima de
uma epidemia. Afetado pela guerra e pela morte de sua filha, Freud escreveu "Além do Princípio
do Prazer", onde ele reconheceu o instinto da morte.

Em 1923, Freud passou pela primeira de uma série de cirurgias para extrair um tumor no palato.
A partir desse momento Freud passou a ter dificuldades para falar, sentia dores horríveis e
desconforto.

Em 1930 publicou "Civilização e seus Descontentamentos", lançando um olhar pessimista e


desiludido sobre a civilização moderna à beira da catástrofe.

Com a ascensão de Hitler, Freud, já velho e cansado, não desejava sair de Viena. Em 1938,
quando os Nazistas entraram em Viena, Freud, sendo judeu, não teve escolha, a não ser emigrar.
Freud foi com sua família para Londres, onde passou o final de sua vida.
SUAS TEORIAS

No esforço de compreender melhor seus pacientes, Freud iniciou um difícil processo de auto-
análise. Freud trabalhou com introspecção e interpretação de seus próprios sonhos. Em 1896,
Freud utilizou pela primeira vez o termo psicanálise.

Freud acreditava que histeria era uma forma de manifestação da neurose, na qual emoções
reprimidas levariam aos sintomas da histeria. Estes sintomas poderiam desaparecer se o paciente
conseguisse expressar as emoções reprimidas que lhe impediam de lidar com uma vida normal.
Com isso, Freud trabalhou no desenvolvimento de formas que atingissem essas emoções
reprimidas.

Freud desenvolveu a livre associação; uma técnica psicanalítica onde o paciente fala tudo que lhe
vem à mente e ao falar surge sentimentos e memórias reprimidas. A livre associação é
considerada uma das formas de se penetrar no inconsciente, podendo assim trabalhar pela
terapia em cima dessas experiências e entender a causa da neurose.

Freud acreditava que a outra forma de penetrar no inconsciente seria através dos sonhos. Em
1899, Freud publicou "A interpretação dos Sonhos". Freud acreditava que os sonhos eram uma
manifestação de nossos desejos e trabalhando com eles se podia chegar às memórias e
sentimentos profundamente reprimidos.

Segundo Freud, outra manifestação de desejos reprimidos surge através de lapsos de língua e
esquecimentos. Freud publicou essa teoria no livro "Psicopatologia da Vida Cotidiana". Nos
procedimentos mentais ele não admitia a existência de meros acidentes: o pensamento
aparentemente mais sem sentido, o lapso mais casual, o sonho mais fantástico possuem um
significado que pode servir para desvendar os segredos da mente.

Freud explorou o conceito de que existe um conflito dentro das pessoas. O conflito seria de um
instinto animal, que não seria aceito pela sociedade, causando então uma resistência da pessoa
ao instinto. A pessoa reprime o instinto para o inconsciente e procura substituí-lo por outros
métodos de compensação. Em sua teoria, Freud identifica vários métodos de compensação.

Em 1905 Freud publicou os "Três Ensaios sobre a Sexualidade". Freud afirmava a importância do
impulso sexual, ou libido, vivido nos primeiros quatro ou cinco anos de vida.

Em 1923, quase com setenta anos, em seu estudo clássico "O Ego e o Id", completou a revisão de
suas teorias. Formulou um modelo estrutural da mente como constituída de três partes distintas,
mas que interagem entre si. Essas partes são o id, o ego e o superego. O id é o inconsciente, o
superego é o consciente e o ego é o mediador entre o id e o superego. Essa é considerada a
teoria de Freud da personalidade humana.

Fonte do artigo: 10emtudo


http://www.10emtudo.com.br/artigos_1.asp?CodigoArtigo=68&Pagina=1

Publicado em 25/05/2004.

http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/biografia_sigmund_freud.htm, acessodo em 21/03/2011 ás 13h35.


Anexo 3

Enrique Pichon Riviére (1907 - 1977)

Enrique Pichon Riviére nasceu em Genebra (Suiça) em 25 de junho de


1907, morreu em Buenos Aires em 16 de junho de 1977.

Aos seus três anos de idade mudou-se para a Argentina com sua
família. A razão da imigração de Enrique juntamente com seus cinco
irmãos, com o pai Alfonso e a mãe Josefina é desconhecida. De qualquer
forma, o pai fixara-se na província de Corrientes onde iniciou seus
trabalhos como cultivador de algodão.

Vale lembrar que, dado o contexto de Pichón em sua infância, aprendeu primeiro a falar em
francês, depois em guarani e por último em espanhol. Na cidade de Goya, em Corrientes, teve
seu primeiro contato com a obra de Freud, na escola secundária.

Em Goya é um dos fundadores do Partido Socialista de Goya. Estuda medicina em Rosario onde
tem seu primeiro emprego como instrutor de hábitos seguros em um prostíbulo.

O contexto de Enrique era cercado por sua família de costumes europeus e pelos seus vizinhos,
na maior parte nativos guaranis e negros africanos. Esta diversidade cultural é refletida na vida
acadêmica de Enrique, que sempre buscava a articulação de diferentes pontos de vista de um
mesmo fenômeno.

Como estudante de medicina articula a então concepção moderna à época : a psicossomática.


Na Psiquiatria inclui todos os desafios da Psiquatria Dinâmica e da Psicanálise e como
Psicanalista incentiva seus colegas a trabalharem com a loucura, a psicose.

Inicia seus trabalhos como psiquiatra no Asilo de Torres, para oligofrênicos. Depois trabalha no
Hospício das Mercedes (hoje Neuropsiquiátrico José Tomás Borda), onde permacene por quinze
anos.

Neste hospício seu primeiro trabalho foi o treinamento dos enfermeiros para o trato com os
pacientes. Lá desenvolveu o Grupo Operativo, onde discutia com os enfermeiros casos
psiquiátricos do hospício. Pichón afirma a grande valia de conceitualizar aos enfermeiros toda a
prática que eles assimilaram ao longo daqueles anos no hospício.

Pichón participa ativamente como intelectual de vanguarda dos movimentos culturais da


época. Enrique não restringia seu fazer a uma determinada área, enquanto médico dedicava-se à
crítica artística e a análise do surrealismo e do dadaísmo.

Seu pionerismo ao inserir a Psiquiatria Dinâmica na medicina é acompanhado de sua iniciativa


em fundar, juntamente com outros psicanalistas, a APA (Associação Psicanalítica Argentina). Isto
possibilitou na Argentina o estudo da psicossomática, da psicanálise de grupo, da Análise
Institucional e ainda do Trabalho Comunitário.

Progressivamente Pichón vai deixando a concepção da Psicanálise Ortodoxa e concentra-se nos


grupos da sociedade, onde desenvolve um novo enfoque epistemológico que o levará à Psicologia
Social, a qual concebe como sendo a democratização da Psicanálise, em sua obra "Del
psicoanálisis a la psicología social".

Fonte do artigo: http://www.geocities.com/pichon_br/bio.htm


Publicado em 26/05/2004
http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/biografia_pichon_riviere.htm, acessado em 21/03/2011 às 13h38.

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