Santarém – Pará
2003
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SANTARÉM
CURSO DE TECNOLOGIA EM PROCESSAMENTO DE DADOS
Santarém – Pará
2003
Este trabalho é dedicado a todos os
estudantes e profissionais da área de
informática, em especial ao meu orientador
Cássio Pinheiro por toda sua dedicação e
amizade.
PROCESSO DE MODELAGEM DE QUALIDADE
DE SERVIÇOS EM REDES SEM FIO
PARECER:
Conceito: _______________
______________________________
Prof. Esp. Cássio David Borralho Pinheiro
(Orientador)
______________________________
Prof. Msc. Deam James Azevedo Silva
______________________________
Prof. Msc. Guilherme Augusto Barros Conde
Santarém – Pará
2003
Resumo
Com a notória tendência na utilização de redes sem fio, nos mais variados ambientes,
principalmente onde é inviável a utilização de redes tradicionais, torna-se evidente a
necessidade de se estabelecer critérios para a implantação das mesmas. Um dos fatores
mais importantes a serem detalhados na implantação de qualquer rede, assim como nas
wireless, é a garantia de serviços na utilização de aplicativos “pesados”, tais como os
multimídia. Para tanto, faz-se necessário uma análise detalhada dos parâmetros e
requisitos necessários para o estabelecimento adequado do fluxo de dados pela rede. A
provisão de QoS em wireless possui certa complexidade devido a fatores como a
divergência entre os padrões e características do meio. Logo, a definição de um modelo
de implantação de qualidade de serviço em redes sem fio proporcionaria um grande
avanço na utilização de mídias como áudio e voz. Este trabalho não visa determinar um
esquema específico de QoS em wireless. Seu principal objetivo é servir como base para
isto, detalhando de forma abrangente as entidades envolvidas nesse processo, tais como
os parâmetros específicos, modelos de dados, funções de coordenação do meio, assim
como políticas de priorização das classes dos diversos tipos de tráfego gerados pela
rede. Dessa forma, as principais entidades envolvidas no processo de provisão de QoS
serão detalhadas para melhor uso em futuras implementações de esquemas específicos
de QoS em redes sem fio.
Sumário
Resumo
Introdução 1
1. Redes e Internet 5
1.1. Surgimento das Redes de computadores 5
1.2. Meios de transmissão de dados 6
1.3. Vantagens de se conectar computadores 7
1.4. Classificação das Redes 8
1.5. Novas tendências 9
1.6. Internet 10
1.6.1. O surgimento da Internet 10
1.6.2. O protocolo TCP/IP 12
1.6.3. Principais serviços 14
1.6.4. Novas tendências 15
2. Redes Wireless 17
2.1. Principais características 18
2.1.1. Características da transmissão sem fio 19
2.1.1.1. Espectro Eletromagnético 19
2.1.1.2. Meios de transmissão sem fio 20
2.1.2. Topologia das Wireless 21
2.2. Aplicações das Wireless 22
2.3. Novas tendências 23
3. QoS em Redes e Internet 25
3.1. Características de QoS em Redes IP 25
3.2. A necessidade de implementação de QoS na Internet 27
3.3. Tipos de implementação de QoS em Redes IP 27
3.3.1. IntServ – Arquitetura de Serviços Integrados 28
3.3.2. DiffServ -Arquitetura de Serviços Diferenciados 29
3.3.3. MPLS - MultiProtocol Label Switching 30
3.3.4. SBM - Subnet Bandwidth Management 31
3.3.5. Dimensionamento 31
3.4. Mecanismos utilizados para garantia de QoS 31
4. QoS em Wireless 33
4.1. Modelagem do tráfego das diversas mídias 33
4.2. Dificuldades na implementação de QoS 35
4.3. Parâmetros de QoS 37
4.4. QoS na Subcamada de Controle de Acesso ao Meio 39
4.4.1. Funções de acesso ao meio 40
4.4.2. Modelagem de QoS em Wireless 43
Conclusão 46
Referências Bibliográficas 47
1
Introdução
A busca pela informação vem de longos tempos atrás, porém, seu acesso nem sempre
foi fácil. Desde a época das pedras, a comunicação entre as pessoas já era possível,
quando não pela fala, por mímicas ou escrituras rústicas em pedras. Contudo, o homem
evoluiu e sua maneira de agir e de se comunicar foi ganhando novas vertentes, de tal
forma que hoje é impossível para uma pessoa globalizada que vive em meio ao
capitalismo selvagem imaginar o simples fato da extinção dos computadores, seria o
fim. Para os seres sedentaristas acostumados com o uso da tecnologia, isso seria tornar
atividades corriqueiras e facilmente resolvíveis com a utilização de computadores em
atividades cansativas e de grande esforço, como ter de digitar um texto em uma
máquina de escrever ou trocar de canal em uma televisão sem controle remoto, por
exemplo.
Em fim, as redes proporcionam muita variedade aos seus usuários. Porém, como foi
anteriormente citado, o homem vive em constante evolução tecnológica e ficar preso a
um escritório ou em casa em frente a um computador, já não condiz com sua atual
realidade.
As redes móveis, também conhecidas como redes sem fio ou wireless, são uma
modalidade de redes de computadores que utilizam como canal de transmissão o ar.
Diferentemente das redes cabeadas, que necessitam de uma infra-estrutura adequada
para a interligação de computadores através de cabos de cobre ou de fibras óticas, as
wireless podem ser utilizadas em ambientes onde seria inviável a instalação de cabos,
devido a acidentes geográficos, ou para estabelecer uma conexão de internet em um
computador de bolso, portátil ou até mesmo celular, onde a movimentação não
permitiria a existência de cabos interligando os equipamentos.
Como podemos observar, as wireless trazem enormes benefícios para seus usuários,
porém, em relação às redes cabeadas, ainda existem muitas questões a serem
solucionadas. Dentre elas podemos citar: a interferência, devido a utilização de
determinadas freqüências, que se forem utilizadas por outros equipamentos próximos
podem causar até a perda de dados; falta de segurança; banda estreita; e principalmente
3
Um dos motivos pelo qual as wireless ainda não se firmaram frente as cabeadas é
exatamente o fato da dificuldade de garantia na qualidade de seus serviços. Isso ocorre
porque as wireless não oferecem largura de banda apropriada para transmissão eficiente
de dados como voz e também pela falta de padronização, que força a criação de
soluções proprietárias que acabam trazendo benefícios apenas para poucos isolados.
Para o cumprimento de seus objetivos, este trabalho está organizado nos seguintes
capítulos:
2. Redes Wireless: Está focalizado nas redes wireless, também como no capítulo
sobre redes, enfatiza as principais características, tecnologias, aplicações e
tendências dessa categoria de rede;
4
1 - Redes e Internet
Certos computadores passaram a ser responsáveis por prover algum serviço na rede,
como de impressão, arquivamento e contas de usuários. A diversidade de equipamentos
de informática também aumentou, impressoras, scanners, plotters, por exemplo,
começaram a ganhar mercado. Como conseqüência desses fatores, as redes passaram a
ser constituídas não só por computadores, mais sim por diversos equipamentos de
6
Alguns autores consideram também os meios magnéticos, porém estes são utilizados na
transferência de dados apenas quando há inexistência de rede ou esta se encontra com
problemas. Antigamente existiam as chamadas redes SneakerNet, devido ao fato das
pessoas gastarem sapatos indo de um computador a outro com um disquete na mão.
Hoje, porém, a situação é bem diferente, para copiar um arquivo de um computador
para outro, basta este estar compartilhado em uma rede que o processo levará apenas
alguns segundos para ser realizado.
Dentre os meios guiados temos os cabos de par trançado, o coaxial e a fibra ótica. Os
cabos de par trançado, também chamados de UTP ou STP, são semelhantes aos cabos
utilizados na telefonia, possuem baixo custo e flexibilidade, sendo os mais utilizados em
redes locais devido a essas características. Os cabos coaxiais possuem uma blindagem
mais robusta, sendo por isso menos flexíveis e mais caros que os de par trançado, são
também bastante utilizados em LANs que necessitem de maior segurança em termos de
interferência nos dados. A última categoria de meios guiados, as fibras óticas, é uma
verdadeira evolução em termos de banda passante, velocidade na transmissão de dados
e segurança, porém, são ainda muito caras e exigem uma infra-estrutura adequada [CAR
00].
Os meios não-guiados são uma promessa para o futuro em termos de difusão. Existem
atualmente cinco meios de transmissão sem fio: rádio freqüência, infravermelho, laser,
microondas e satélite. Tais meios serão descritos no capítulo sobre redes wireless.
7
Os benefícios adquiridos por quem têm uma rede de computadores são muitos. Não só
no que diz respeito ao compartilhamento de arquivos, como também pela diminuição de
custos e agilização nos processos internos a uma organização ou escritório particular.
Manter-se sempre atualizado deve ser uma constante para quem vive em meio a
negócios, que exigem rapidez e eficiência. A busca por informação torna imprescindível
que a comunicação e o acesso a dados sejam feitos de forma veloz. Para tanto, as redes
propiciam uma verdadeira comodidade, visto que, dados podem ser pegos remotamente,
através de computadores espalhados pelo mundo, e a comunicação entre pessoas
também tem sido agilizada, com a utilização de programas de mensagem instantânea,
correio eletrônico, dentre outros, que possuem recursos muito bons se forem bem
explorados.
Outra grande vantagem no que se refere às redes de computadores reside no fato delas
proporcionarem maior confiabilidade, pois dados importantes poderão ser armazenados
em mais de um host, criando backups de bases de dados. Através desse recurso, a
segurança dos dados será bem maior do que se estes estivessem centralizados em uma
única máquina, como era feito antigamente.
8
Redes por difusão: temos como dois exemplos as redes de topologia anel e as
de barramento, sendo que são diferenciadas por compartilharem um único canal
de comunicação entre as várias estações conectadas. Como conseqüência as
mensagens enviadas por um computador são recebidas por todos os outros que
9
estão na mesma rede, mas só são aceitas pelo que tiver o mesmo endereço do
destinatário que vai junto com a mensagem.
Atualmente, a tendência é o uso cada vez mais intenso das redes de computadores. Tal
característica vem se alastrando devido às facilidades proporcionadas pelo emprego das
mesmas. Contudo, as redes padrões que utilizam cabos na interconexão de
computadores, já não são as únicas nesse crescente mercado. Hoje a palavra chave no
que se refere à mobilidade e acesso às informações está intimamente relacionado às
redes wireless.
Alguns estudiosos afirmam que no futuro só existirão redes wireless ou de fibra ótica,
pois suas características agradam a maioria dos usuários de redes [TAN 97]. Tais
características são bastante almejadas como velocidade, baixa interferência e banda
larga no caso das redes de fibra ótica e mobilidade nas wireless.
No que tange à mobilidade, as wireless já suprem bem essa demanda, porém ainda não
são completas, devido proverem esse recurso apenas localmente. Isso porque quando
uma unidade móvel se desloca entre diferentes redes, esta perde sua conexão, pois
conserva sua configuração. Contudo, o MIP, Mobilidade IP, promete acabar com esse
problema, possibilitando que uma unidade móvel troque de rede sem interrupção de
conexões/sessões estabelecidas [BAR 03].
10
O MIP também pode ser visto como uma forma de interação entre diferentes
tecnologias de wireless e com as tradicionais redes cabeadas [BAR 03]. Proporciona
dessa maneira uma maior padronização na utilização dessas redes. Padronização essa
que vem sendo alcançada pelos sistemas de telefonia de terceira geração, o 3G, que
permitirá a transmissão de voz e dados entre os aparelhos móveis.
Outra tecnologia de redes que vem emergindo é a que utiliza as extensões e tomadas
elétricas. A Power Line Comunication (PLC), é um exemplo dessa tecnologia, que
permite transmissões de sinais por onda portadora através da rede elétrica. A velocidade
de transferência nesse meio pode chegar a 14 Mbps, sendo uma alternativa viável e
barata para quem não dispõe de linha telefônica ou fibra ótica em suas instalações [LIM
01].
Como podemos observar a tecnologia de redes tem evoluído bastante nos últimos anos,
assim como a sua aceitação. Logo, a busca dos seus usuários será sempre pela
facilitação de seus anseios, tais como de acesso rápido, gerenciamento, segurança,
confiabilidade, qualidade de serviço e como destaque atualmente, mobilidade. Sem
esquecer que para cada problema existe um tipo de rede que melhor se adapta, ou seja,
nem sempre a melhor em termos gerais é a ideal para problemas específicos. É
necessário um estudo cuidadoso para a escolha da implementação adequada da rede em
qualquer ambiente em que for requisitada sua aplicação.
1.6 - Internet
A ARPA através de um plano que ficou conhecido como ARPANET, abriu licitação em
1968 para que fosse desenvolvido o seu sistema de transmissão de dados. A BBN (Bolt,
Benarek & Newman) foi escolhida e em 1969 a primeira comunicação entre dois
computadores remotos através de modems pode ser realizada com sucesso [ESP 02].
Foi criado por volta de 1970 por uma equipe liderada por Vinton Cerf para
padronização da comunicação da ARPANET, que utilizava o NCP (Network Control
Protocol) como protocolo. A pesquisa deu origem ao TCP [FER 01].
O TCP passou a ser utilizado em 1975 e logo ficou claro a necessidade de dividi-lo em
dois segmentos: TCP para controle de fluxo e o IP que foi criado para garantir a
conectividade entre os equipamentos.
Com essa divisão que ocorreu em 1975, passou a se chamar de TCP/IP e substituiu
completamente o NCP em 1983, quando o mesmo caiu em esquecimento.
Um dos motivos do grande sucesso do TCP/IP é o fato dele ser aberto, ou seja, qualquer
fabricante pode alterar sua implementação. Além disso, pode ser usado em vários
ambientes do Unix ao Windows [CYC 99].
ICMP – faz parte do protocolo IP, sendo responsável por enviar uma
mensagem para o transmissor caso o datagrama não consiga ser
repassado por um roteador;
Ethernet, para que o mesmo seja enviado). É essa camada que permite a
transparência do hardware da rede com relação aos aplicativos utilizados,
fazendo com que datagramas IP possam ser enviados por um número bem
diferenciado de arquiteturas de rede física.
Para tentar dar mais vida à Internet foi criado um tipo de imagem animada cujo formato
foi especificado como gif, que proporcionou maior movimento e interesse dos
internautas que se viam surpreendidos pela aquela nova atração. Porém, foi a tecnologia
de softwares como o flash que proporcionaram maiores alternativas de propaganda e
dinâmica aos sites, juntamente com a utilização de linguagens como ASP ou PHP,
tornando as páginas mais ativas e diversificadas.
A Internet passou a ser utilizada para diversas finalidades como para educação à
distância, reuniões através de videoconferências, divulgação de normas internas a uma
organização através das intranets, e principalmente no entretenimento e comunicação
entre pessoas.
Mais, as mudanças não param por aí, a crescente utilização da multimídia, com a
criação de verdadeiras rádios, ou programas que possibilitam comunicação em tempo
real utilizando áudio e vídeo também têm ganhado mercado com a WWW. Isso faz da
Internet um dos meios de comunicação mais completos, pois integra rádio, jornal, TV,
16
2 - Redes Wireless
A comunicação sem fio já existe a um bom tempo, um exemplo disso foi a criação do
telégrafo sem fio no século XIX, que possibilitou o envio de mensagens através do
código Morse. Porém, com a evolução da informática, houve uma mesclagem entre esta
e a tecnologia sem fio, em conseqüência, novos serviços foram implementados como,
por exemplo: telefonia celular móvel, redes de computadores sem fio, sistemas de
navegação e transmissões via rádio e satélite [LIM 00].
As redes de computação sem fio são aquelas que permitem a interligação de máquinas
sem a utilização de cabos, sendo que estes equipamentos podem ser fixos, computadores
pessoais de mesa, ou móveis como um PDA. Já as redes de computação móveis,
também utilizam a tecnologia sem fio, porém os equipamentos são totalmente móveis,
como: notebooks, laptops e PDAs, permitindo maior mobilidade aos seus usuários.
De forma geral, uma rede sem fio pode ser definida como a interligação de vários
equipamentos móveis ou fixos que utilizem o ar como meio de transmissão.
A primeira rede de computação a utilizar uma tecnologia sem fio, a radiodifusão, foi a
rede de ALOHA. Tal rede foi implementada devido à falta de condições ambientais,
pois não era possível interligar as diversas ilhas do Havaí, onde se situavam as
universidades, através de fios telefônicos. Contudo, as redes wireless só despertaram
maior interesse por volta de 1990, quando essa tecnologia deu um grande salto em
desenvolvimento.
18
Em 1991, foi solicitado ao IEEE a definição de um padrão para as redes wireless. Esse
padrão foi denominado de 802.11 e só foi concluído em 1997. Através dele, são
definidas regras para a camada física e a subcamada de Controle de Acesso ao Meio das
wireless [LIM 00].
O padrão original definiu três camadas físicas, ou wireless PHY, sendo que duas eram
baseadas em técnicas de espalhamento espectral (spread spectrum): Espalhamento por
Seqüência Direta (DSS), Espalhamento Espectral por Saltos em Freqüência (FHSS); e a
outra em radiação infravermelha difusa (IR). A taxa de transmissão definida no padrão
original foi de 1 Mbps e 2 Mbps [JUN 03].
Padrão 802.11a: wireless que utilizam este padrão operam a 5 GHz, com
velocidade máxima de 54 Mbps e sua distância máxima de conexão é de
aproximadamente 20 metros;
Padrão 802.11b: as redes que utilizam este padrão são também conhecidas
como redes WiFi. Estas redes operam a 2, 4 GHz e são incompatíveis com as
802.11a. Através de uma técnica de codificação podem chegar a 5,5 Mbps e
11 Mbps ;
Padrão 802.11i: está sendo elaborado para melhorar a segurança das redes,
substituindo o protocolo WEP. Será uma resolução para os problemas
encontrados no WEP, como garantia de confiabilidade e integridade das
transmissões. Sendo que oferece dois métodos de criptografia o TKIP e o
CCMP [MAI 03].
Destas zonas, apenas as três primeiras podem ser utilizadas na transmissão de dados,
visto que podem ser moduladas, característica esta não suportada pelas demais, que
20
apesar de terem maior freqüência, são de difícil reprodução e podem representar riscos
para a saúde.
Satélite: os satélites são um veículo para a comunicação sem fio. Eles podem ser
encarados como repetidores de microondas. Sua principal função é a de receber
sinais, amplificá-los e enviá-los para o destinatário. Com a utilização dos
satélites podemos interligar sistemas localizados em distâncias consideráveis. O
tipo de transmissão utilizada é a "broadcast", ou seja, aberta. Logo, a segurança
dos sinais transmitidos só pode ser feita através de criptografia, visto que, estes
podem ser interceptados. Os satélites podem ser empregados para os mais
diversos tipos de comunicação, como: telefonia celular, televisão, rádio e até
internet.
ESS: são várias BSS vizinhas que se interceptam e que possuem um AP que
interliga as redes wireless com as cabeadas;
Ad-Hoc: essas redes não possuem infraestrutura, sendo que não existe a
figura do AP e as estações móveis se comunicam umas com as outras através
do esquema peer-to-peer (ponto a ponto).
Na área de telefonia tivemos grandes avanços, pois tudo começou com a possibilidade
de estabelecer comunicação com uma pessoa fisicamente distante, através de um
aparelho telefônico ligado a uma linha que ia direto para a empresa provedora do
serviço, que então encaminhava as ligações aos seus destinatários. Com a utilização da
tecnologia sem fio esta comunicação passou a ser feita sem a necessidade de linhas
23
Contudo, a evolução na área de telefonia não ficou nesse estágio, hoje já é possível a
transmissão não só de voz, mais de dados, como pequenos arquivos de mensagens, fotos
e até vídeo. Ou seja, as wireless têm possibilitado avanços consideráveis nessa área de
comunicação.
A aplicação da tecnologia sem fio abrange diversos ramos da comunicação. Seu uso vai
desde a transmissão de um jogo em uma televisão até as comunicações feitas via rádio
em transportes aéreos e marítimos.
Nas redes de computadores o progresso também tem sido pela busca de novos
horizontes na forma de utilização dos computadores. Ou seja, assim como antigamente
os telefones eram fixos, os computadores também, porém a mobilidade dos celulares foi
seguida por equipamentos de computação móvel por meio da utilização de meios de
transmissão sem fio. Agora, é possível ter sempre um computador em mãos, e a partir
dele enviar e acessar dados localizados em outras máquinas espalhadas pelo mundo.
Como percebemos, a utilização da tecnologia sem fio não se restringe somente a redes
de computadores, e sim a um domínio bem mais amplo que envolve desde a
comunicação entre eletrodomésticos até a junção de várias tecnologias como a de
celular, redes de computadores e TV a cabo que tendem a se fundir criando um novo
padrão de comunicação num futuro bem próximo.
A evolução da tecnologia de wireless trouxe para seus usuários uma nova gama de
serviços. Hoje, as pessoas podem acessar e-mails, bancos de dados remotos, e até outros
equipamentos interligados a redes fixas. Além, é claro de algumas estações móveis
poderem movimentar-se em células de BSS vizinhas, sem perder sua conexão, num
processo denominado roaming.
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Assim como as redes tradicionais, que utilizam cabos para transmissão de sinais, as
redes wireless podem ser classificadas como: wireless locais (WLAN) e wireless de
longa distância (WMAN) [LIM 00].
No que se refere às redes locais sem fio, uma tecnologia vem emergindo, o Bluetooth.
Consiste em um padrão que foi desenvolvido em 1998 por um grupo de cinco grandes
empresas do setor de telecomunicações e foi se expandindo com a adesão de novas
empresas interessadas no desenvolvimento e aprimoramento dessa tecnologia.
Como podemos notar, a perspectiva futura com a cada vez maior miniaturização da
tecnologia móvel é a de interligação de wireless, bem como destas com as redes fixas.
Ou seja, tudo converge para possibilitar que um usuário de aparelho móvel possa ter
domínio de várias coisas, desde a porta da sua casa até ao arquivo que está armazenado
no computador pertencente à rede do seu escritório de trabalho. Logo, o maior objetivo
a ser alcançado é o de possibilitar maior mobilidade e agilidade no acesso a informações
remotas para uma melhor tomada de decisões.
25
O protocolo mais utilizado nas atuais redes de computação é sem dúvida o TCP/IP não
só por ser utilizado para o acesso à Internet, mais também por ser aberto a novas
26
Vazão: é a banda exigida por uma determinada aplicação para que esta opere de
forma satisfatória, este parâmetro é um dos requisitos de maior importância no
planejamento de redes;
A Internet possui tecnologia baseada no princípio fim a fim, no qual toda complexidade
deve ser executada nos sistemas finais, sobrando para a rede apenas serviços simples.
Como utiliza o protocolo IP, seu serviço é sem conexão, ou serviço de melhor esforço,
conseqüentemente não oferece garantia de entrega dos datagramas a tempo, nem que
estes cheguem de forma correta ou em seu destino. Logo, esse serviço apesar de tentar
encaminhar os pacotes o mais rápido possível, não faz qualquer tipo de garantia de QoS.
Apesar dos provedores de acesso a internet (ISPs) tentarem amenizar esses problemas
junto aos seus clientes aumentando a largura de banda, isso não tem resolvido, até
porque o número de usuários tem aumentado e em certas circunstâncias de pico fica
inviável garantir qualquer tipo de privilégio nesse esquema.
Em virtude disso, fica claro e evidente que as redes IP, com destaque a Internet,
necessitam de mecanismos para a implementação de QoS. Para tal, o IETF, órgão
responsável pelas questões de engenharia de curto prazo na Internet, está
implementando alguns modelos de serviço conforme será visto no tópico a seguir.
2. A aplicação cliente utiliza o protocolo RSVP para que a rede garanta suas
requisições;
Assured Forwarding (AF): simula uma rede com pouca carga mesmo
quando está sobrecarregada, quando utiliza o algoritmo RED. Dispõe do
mecanismo Traffic Shaping e define quatro níveis de prioridade: ouro, prata,
bronze e Best EffortJI. Sendo que cada nível implementa três preferências de
descarte de pacote.
No MPLS os rótulos são utilizados para indicar o roteador seguinte da rota do pacote.
Podemos, portanto indicar as seguintes características divergentes das demais soluções:
Essa última característica citada é sem dúvida requisito para a aplicação de qualidade de
serviço, porém o MPLS não dispõe de controles para garantia de QoS.
31
3.3.5 - Dimensionamento
Essa técnica não é muito usual, porém para quem dispõe de recursos para sua
implementação, pode ser uma alternativa aceitável.
4 - QoS em Wireless
Todos esses fatores, herdados das primeiras versões de rede sem fio influenciam hoje
em dia, desde a criação de equipamentos para acesso wireless até restrições nas
políticas de implantação de qualidade de serviço. Esses seguimentos têm sido
prejudicados principalmente pela falta de padronização das diferentes plataformas
existentes de wireless.
Como verificamos no decorrer deste trabalho, a largura de banda não é o único fator a
ser analisado na implementação de QoS. Porém, esta tem que se adequar às vazões dos
tipos de dados que trafegam pela rede, bem como possibilitar um fluxo satisfatório para
os mesmos.
Imagem Gráfica: a taxa de tráfego gerada por essa mídia depende do seu tipo,
em imagens gráficas animadas, como gif, são bastante semelhantes as do vídeo.
Já as imagens estáticas possuem tráfego do tipo em rajadas, com vazões médias
de até dezenas de megabits por segundo. As imagens gráficas também podem
35
Áudio: o tráfego gerado é do tipo CBR, no caso de não ser empregada nenhuma
técnica de compactação ou compressão. Caso contrário, o tráfego é do tipo
VBR, ou tráfego em rajadas se na transmissão de voz ocorrer detecção de
silêncio. Os retardos são críticos em comunicações interativas em tempo real e
são aceitáveis perdas de até 1% das informações. Quanto à vazão, os sinais que
utilizam codificação PCM de 8 bits geram 64 Kbps, o dobro dos que utilizam o
ADPCM. Já os sinais de áudio de alta qualidade, geram taxas de até 1,411 Mbps
com codificação PCM de 16 bits por amostra;
Vídeo: gera tráfego do tipo CBR, por está fortemente relacionado com o áudio
em transferências, não tolera grandes retardos. A taxa de erro tolerável é
parecida com a das imagens gráficas matriciais, porém um pouco mais flexível.
A informações de vídeo são representadas através de quadros e linhas, como a
televisão. Sendo assim, utiliza 486 linhas por quadro a uma taxa de 30 quadros
por segundo. Sistema com 720 pixels em cada linha e 24 bits por pixels terá taxa
de 252 Mbps.
As redes Wireless geralmente são caras e possuem largura de banda limitada, com
exceção dos padrões atuais que podem chegar até a 54 Mbps. Contudo, o problema
ainda é crítico, pois essa largura é dividida entre diversos usuários de uma célula e sua
taxa de erro é elevada devido a ruídos e atenuações [DIA 02].
Os dados transmitidos pelo meio estão mais susceptíveis a erros devido a fatores
como: ruídos, múltiplos percursos, sombreamento e interferências;
Assim como as redes tradicionais ou cabeadas, as wireless que implementam QoS aos
seus usuários tentam satisfazer determinados parâmetros de serviço requisitados pelas
aplicações envolvidas na comunicação.
Tais parâmetros são importantíssimos na fase de planejamento de uma rede. Dentre eles
a largura de banda é um dos mais importantes, pois deve se adequar às necessidades
atuais, além de ser flexível o bastante para suprir futuras expansões. Não menos
importantes também podem ser considerados como relevantes para definições de
desempenho da rede, os seguintes parâmetros: vazão, retardo, jitter, etc [OPP 91].
No que se refere a redes móveis sem fio, outros parâmetros podem ser considerados,
tais como [DIA 02]:
Analisando tudo o que foi dito anteriormente, podemos concluir que a garantia de
qualidade de serviços não visa apenas a satisfação do cliente na utilização de
aplicativos, sua finalidade vai além, sendo importantíssima ferramenta de
gerenciamento de redes.
O padrão 802.11 foi lançado em 1997 e é o responsável por definir a camada física e a
subcamada de controle de acesso ao meio. Um dos maiores desafios com relação à
subcamada MAC é fazer com que a rede sem fio possa prover serviços de autenticação
e sensíveis ao tempo [RUB 02].
Assim como nos outros padrões 802.x especificados pelo IEEE, a subcamada MAC é
responsável por definir como será feito o acesso ao meio, a fragmentação e a
encriptação dos dados. No processo de autenticação ela implementa o MIB
(Management Information Base) que é quem manipula as operações de roaming, que
ocorrem quando uma estação se move de uma célula para outra.
DIFS (Distributed Inter Frame Spacing): espaço entre quadros da DCF. Este
parâmetro indica o maior tempo de espera (a menor prioridade); monitorando o
meio e aguardando no mínimo um intervalo de silêncio para transmitir os dados;
PIFS (Priority Inter Frame Space): espaço entre quadros da PCF. Um tempo
de espera entre o DIFS e o SIFS (prioridade média) é usado para o serviço de
acesso com retardo, ou seja, um ponto de acesso que controle outros nós, só
precisa esperar PIFS para acessar o meio;
Janela de Contenção: pode ser interpretada como uma janela temporal com a
qual uma estação pode concorrer pela transmissão
41
Além do padrão baseado em CSMA/CA a DCF também implementa o RTS – CTS que
utiliza pedidos e permissões para a transmissão de dados.
Quando uma entidade deseja transmitir utilizando como base o CSMA/CA, os seguintes
procedimentos são realizados:
Quando o DCF utiliza RTS-CTS (Request To Send - Clear To Send), é como se fosse
feito um pedido, uma permissão para a transferência de dados. Primeiramente são feitas
as trocas dos quadros RTS-CTS entre o transmissor e o receptor, se tudo estiver correto
a real transmissão dos dados é iniciada. Esses quadros possuem informações sobre
endereço destino, tempo de envio do quadro e do ACK.
O transmissor envia um quadro RTS se o meio estiver livre por um tempo maior
ou igual ao DIFS;
42
A diferenciação de serviços feita pelo modo DCF pode ser categorizada conforme os
seguintes parâmetros [RUB 02]:
DIFS: a estação que tiver maior prioridade deverá ter seu parâmetro DIFS
menor que as demais;
Backoff: é feita uma seleção de valores entre máximo e mínimo para a janela
de contenção, bem como sua determinação na ocorrência de prioridades,
tentativas de retransmissão, etc;
Nesse modo um único ponto gerencia o controle de acesso ao meio, dividindo o acesso
em intervalos de superquadros. Quando se inicia um período livre de contenção (CFP)
o Ponto de Coordenação (PC) espera um tempo PIFS e informa através de um quadro
beacon o tempo total de CFP, para que ninguém acesse o meio. Após um tempo SIFS o
PC pode desempenhar suas funções [PRA 02].
43
Essa função é utilizada em métodos de acesso com e sem contenção. Sendo uma
inovação do padrão 802.11e [RUB 02].
Em redes Wireless, a provisão de QoS pode ser feita de duas formas: através da camada
de redes, a qual utiliza-se da reserva antecipada de recursos; ou da Subcamada MAC,
na qual o acesso ao meio pode ser coordenado de acordo com a função adotada para o
atendimento das requisições de serviço das aplicações [OTE 03].
Um modelo bastante utilizado na década de 70 foi o Modelo de Poisson para redes cujo
tráfego gerado pelas estações era considerado pequeno. Hoje, esse modelo já não
satisfaz as atuais demandas de tráfego das redes.
Assim como podem ser criados modelos de acordo com a demanda de tráfego exigido
pelas aplicações, esses mesmos também podem ser modelados de acordo com o tipo de
dado transmitido: CBR ou VBR, conforme foi mais bem especificado no tópico 4.1.
Esses diversos dados que trafegam pela rede possuem prioridades diferentes e cada um
deles é enviado para uma fila especifica onde ocorre o agendamento de sua transmissão
de acordo com seus parâmetros de garantia de serviço.
Funções de policiamento são utilizadas para evitar injustiças no acesso ao meio, como
geração de taxas de tráfego maiores que as permitidas. Tais funções, juntamente com
disciplinas de agendamento são importantes na provisão de QoS para dados multimídia.
Em suma, podemos considerar que para obter um modelo ideal de QoS para Wireless,
são necessários vários critérios de análise da rede. Para tanto, deve-se conhecer desde a
capacidade real da rede até a vazão exigida por cada aplicação, bem como todos os seus
parâmetros de qualidade de serviço. Só a partir de então será possível estabelecer qual
será o melhor tipo de coordenação de acesso ao meio que mais se adequa, bem como o
tipo de policiamento e agendamento das filas de priorização dos diversos tráfegos
gerados por uma determinada rede sem fio.
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Conclusão
A modelagem de uma rede sem fio deve considerar vários requisitos, tais como: que
modelo de tráfego de dados será utilizado; através de que protocolo será feita a
coordenação do meio; que política de priorização será adotada; e principalmente quais
são os parâmetros de qualidade de serviço que estão sendo solicitados para só então
poder definir um modelo para a rede em questão. Ou seja, para se conseguir modelar a
provisão de QoS em wireless, faz-se necessário antes de tudo modelar as entidades
envolvidas, bem como definir que tipo de mecanismo de QoS será adotado, para só
então, aplicar as especificações na subcamada de acesso ao meio.
Como resultado de toda a pesquisa e análise das entidades abordadas neste trabalho,
podemos concluir que na modelagem de QoS em wireless é importantíssimo
estabelecer critérios de seleção de mecanismos, bem como verificar quais são os
parâmetros requisitados pelas diversas aplicações que utilizem uma rede específica.
Portanto, modelar QoS consiste antes de mais nada na modelagem desses diversos
fatores, e este trabalho procurou abordar de forma geral as principais características que
devem ser analisadas para uma melhor modelagem de QoS para wireless.
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