1. Princípios
1. Design para indivíduos extremos. Use a dimensão do fator limite que possa acomodar
todos os indivíduos na população em estudo. Geralmente, dimensões mínimas deveriam estar
baseadas em medidas percentuais superiores enquanto dimensões máximas deveriam ser
baseadas em medidas percentuais inferiores.
3. Design para a média. Só deve ser aplicado quando não for apropriado projetar para valores
mínimos ou máximos e não possível prover um alcance ajustável; por exemplo, um balcão do
caixa na saída de supermercado, caso fosse projetado muito alto não atenderia a pessoas
muito baixas.
2. Fontes de dados
As duas fontes de dados de antropometria mais exploradas e disponíveis que são adequadas
para projetos construtivos são o estudo sueco, ‘Anatomia para Planejadores’ (Anatomy for
Planners; Thiberg, 1965 e 1970) e o americano, ‘Escala-humana’ 1, 2, 3 (Humanscale 1, 2, 3;
Díffrient, e outros., 1974). O Anatomia para Planejadores consiste numa série de quatro
relatórios que detalham o estado da antropometria em todo o mundo. Apresenta ilustrações de
todas as medidas e representa esses valores em gráficos conforme os vários estudos
examinados. Um total de 928 estudos foi revisado (não todas as fontes primárias) pela equipe
sueca.
Uma revisão das fontes de dados antropométricos disponíveis revelou várias áreas importantes
nas quais a informação ainda é necessária:
Não há um estudo definitivo que dê enfoque especificamente aos dados de antropometria para
pessoas sob efeito de uma deficiência. Algum dados estão disponíveis em manuais de design e
normas sem descrição dos métodos de pesquisa e/o da amostragem de participantes (por
exemplo ANSI,[3] 1971). Alguns dados são baseados em estimativas decorrentes das
dimensões obtidas de pessoas sem deficiência aparente que simulam o uso de cadeiras de
rodas (por exemplo: Goldsmith, 1967). Geralmente, os estudos existentes enfocaram usuários
de cadeira de rodas, ao invés de pessoas com todos os tipos de deficiência. Estão disponíveis
alguns dados contextuais de situação e dinâmicos sobre pessoas com deficiência em estudos
sobre o desempenho humano, tais como melhores dimensões para portas, círculos de
manobras, alturas de prateleiras, etc.
Provavelmente, são essas últimas fontes que contém as informações mais úteis, porque se
referem às medidas pertinentes para o design aplicado diretamente em construções. Tais
dados serão discutidos em outras seções deste relatório.
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Biomecânica
McCormick identifica esses critérios operacionais da atividade física que se constituem muito
bem como fatores de projeto para acesso (McCormick, 1970, p 290):
1. abrangência do movimento,
2. precisão,
3. velocidade,
4. esforço (força aplicada durante atividade), e
5. desgaste.
1. Abrangência do Movimento
O movimento, por sua própria natureza é ineficiente. Um princípio geral para estabelecer
determinantes de design é buscar um pequeno desvio (respouso natural) nas posições iniciais
de um movimento. Por exemplo, para determinar as posições de mostragem de certa
informação, os ângulos de visão devem ser considerados para que uma pessoa possa ver tal
informação sem que tenha que efetuar a rotação da cabeça. Como um segundo exemplo, o
movimento de um ótimo mecanismo de abertura de portas não deveria requerer movimentos de
rotação (pronação ou supinação) do punho e mão. Este princípio de design reduz de modo
eficaz os movimentos exigidos para um mínimo e acomoda a maior porção da população. Pode
ser usado efetivamente em design de ambientes-tarefa para acesso.
McCullough e Farnham fizeram com que certos usuários de cadeira de rodas efetuassem arcos
de alcance sobre uma superfície horizontal de trabalho (McCullough e Farnham, 1960). A
Tabela 2 exibe seus resultados para a profundidade e largura desses arcos.
Floyd, e outros, fizeram com que certos usuários de cadeira de rodas marcassem à frente e
lateralmente os arcos de alcance para uma superfície vertical (Floyd, al de et., 1966). Seus
resultados são mostrados nas Tabelas 3 e 4.
Floyd, e outros, consideraram somente pessoas com paraplegia. Podemos assumir que
nenhum indivíduo daquela amostra tinham problemas sérios para usar seus braços. Ambas as
amostradores omitiram pessoas com limitações de alcance que não usavam cadeiras de rodas.
Finalmente, ambas as amostradores tiveram uma grande proporção de pessoas jovens e
ativas.
2. Precisão
As pessoas sob efeito de uma deficiência podem não ter meios de atingir um mesmo nível de
precisão no movimento devido ao seguinte:
• Folga de acomodação para movimentos inexatos, por exemplo, criar uma abertura
grande de ficha para telefones públicos em lugar de aberturas para cada tamanho de
moeda;
• oposição embutida nos controles para prover uma medida maior de precisão, como o
que membros opositores fariam;
É claro que, segundo o princípio de bom senso, devemos evitar o máximo possível que haja a
necessidade de precisão nos movimentos.
3. Velocidade
Grande parte das pesquisas de ergonomia tem a ver com o controle de máquinas em
velocidades extremamente altas (aeronave e veículos de espaço). Assim, muitas das
pesquisas tiveram o enfoque em velocidade para o desempenho humano. A velocidade está
baseada no tempo de resposta e no tempo de reação. A maioria das informações relativas à
velocidade não é importante no acesso para edifícios porque o uso de edifícações compõe um
conjunto de atividades de velocidade muito baixa em comparação ao controle de uma
aeronave. Assim, um tempo de reação de 0.2 segundos tem pequeno significado no respeito
aos tipos de reações associados com o uso de edificações. Porém, a velocidade de
movimento, num significado mais genérico, tem implicações para acesso, particularmente
quando nos referimos a pedestres e circulação veicular, ou sistemas de emergência, onde é
crítica a necessidade de reação e resposta rápidas.
Tem havido muito pesquisa sobre velocidade e cronometragem em relação ao fator idade.
Birren caracterizou o desempenho de pessoas mais velhas como uma lentidão geral de
comportamento conforme as imposições de uma certa situação.
Ele sintetizou os seguintes fatores que levam para uma lentidão de comportamento (Birren,
1964):
Embora estes fatores afetam o idoso como também o jovem, as mudanças do sistema nervoso
central conforme a idade (fato em grande parte ainda inexplicável) provocam uma lentidão
generalizada entre pessoas mais velhas que amplia os efeitos dos fatores citados acima
(Birren, 1964, p 129).
As pessoas com deficiências físicas podem ter severas desvantagens na velocidade de uma
atividade física. … É claro e óbvio que, por exemplo, uma pessoa que usa muletas não poderá
percorrer um caminho tão rapidamente quanto uma pessoa sem deficiências.
Embora não haja dados específicos sobre velocidade no desempenho humano de indivíduos
com deficiências relativos ao design de ambientes, definitivamente há alguns importantes
princípios que podem ser estabelecidos nesta área:
4.Força
O fator Força também recebeu muita atenção nas pesquisas em ergonomia. Como no caso da
velocidade de movimento, porém, a maioria das pesquisas é inaplicável quando o ambiente-
tarefa é um edifício ou um terreno. A razão disso tem sido basicamente num enfoque de
pesquisa sobre forças aplicadas em grandes superfícies como paredes móveis (ou divisórias
modulares). Pesquisas sobre as forças necessárias para se mover objetos menores, como
portas ou janelas, não foram ainda desenvolvidas.
Algumas descobertas das pesquisas sobre força são relevantes. Um campo de pesquisa
identifica as capacidades de posições diferentes do corpo em exercer certa força. Tais estudos
identificaram, por exemplo, que uma força maior pode ser aplicada se a mão direita é girada no
sentido anti-horário da posição supinada que no sentido horário da posição pronada (Murrell,
1965, p 59). Tal informação é útil para decidirmos no tipo de mecanismo abridor de porta que
iremos selecionar. Os resultados de testes estáticos de força podem ser usados para
recomendações de design tais como definir a força exigida para abrir uma porta. Uma vez que
os movimentos de corpo na direção da força aumentaria o potencial humano, as
recomendações baseadas nas habilidades de força estáticas seriam satisfatórias como
diretrizes para se determinar o máximo da força exigida para se abrir uma porta.
A evidência geralmente indica a força diminui lentamente a partir dos vinte e cinco anos ou
quase trinta ao ponto onde, na idade de 65, esta força está aproximadamente a setenta-cinco
por cento de sua intensidade anterior. Isto pode ser usado como um fator de ajuste para grupos
de usuário mais velhos. Para pessoas com deficiência, a situação sobre os dados disponíveis é
tão pobre quanto no caso do fator alcance. Embora dados relativos a certos casos estão
disponíveis, dados mais abrangentes ainda não foram coletados.
5. Desgaste
O fator desgaste está relacionado de perto com o fator força, ambos como preocupações frente
à perda de energia. Novamente, em edificações, este fator dos usuários não é tão crucial
quanto noutros ambientes-tarefa que os investigadores de ergonomia estudaram mais
aprofundadamente. Talvez o conforto, mais do que o desgaste, seja uma preocupação para a
maioria dos usuários de edifícios. Porém, para populações de pessoas com deficiências e
idosos, os problemas de desgaste são uma realidade e tanto.
O enfoque de pesquisa tem sido dado aos primeiros três ítens acima nos casos de pessoas
sem deficiências. Templer completou um estudo aprofundado sobre formas de degrau
(Templer, 1974). Também é fato comprovado que rampas requerem mais esforço do que
degraus (Corlett, 1972). Além disso, a biomecânica relativa à subida de degraus e rampas
indica que a flexão de joelho pode ser o fator de limitação para idosos e pessoas com
deficiência usarem degraus e rampas. Assim, rampas de pouca declividade são recomendadas
para esses grupos (Corlett, 1972).
Dois estudos examinaram as habilidades de usuários de cadeira de rodas para passarem por
rampas. Walter (1971), adotou uma amostra de 57 indivíduos, os quais eram todos pessoas
com deficiência, além de serem pacientes em uma instituição ou então beneficiários do sistema
de previdência social. O grupo etário da amostra inteira era acima de 50 anos de idade.
Quarenta-quatro desses usaram cadeiras de rodas manuais de forma independente; o restante
do grupo usou cadeiras de rodas motorizadas ou tinham atendentes. Neste estudo, rampas de
10 e 20 pés (aproximadamente, 30 e 60 metros) puderam ser ajustadas para várias
inclinações; os indivíduos passaram pela rampa com inclinações as mais íngremes possível.
Considerando suas descobertas, Walter recomendou como índices máximos para que tais
rampas pudessem ser usadas por pessoas em cadeiras de rodas, uma declividade
proporcional (entre altura e comprimento) de 1:16 para a rampa para 20 pés e uma declividade
de 1:10 rampa para a rampa de 10 pés. Elmer (1957) usou uma amostra de pessoas
paraplégicas. Todos esses indivíduos eram estudantes universitários num programa pioreiro
que buscou encorajar universidades para aceitar as pessoas com deficências como
estudantes. Todos usaram cadeiras de rodas manuais. Uma rampa de comprimento e
inclinações variáveis foi usada para testar as relações entre declividade e desgaste. Com base
nos resultados, Elmer concluiu que uma declividade de 1:8 rampa era aceitável como o índice
máximo para usuários de cadeira de rodas.
Nos últimos dois comentários na listagem acima, não há dados específicos. Estas duas
ponderações merecem maior atenção no que se refere a pessoas com deficiência e idosos: é
pouco provável que eles causem grandes problemas para adultos jovens sem deficiências ou
sem invólucro.
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Mostradores de informação
• emitir informação que deve ser transmitida à distância ou por barreiras sensoriais (por
exemplo campainhas), e
• prover o retorno (feedback) sobre as próprias ações de uma pessoa (por exemplo,
luzes indicativas no painel de elevador).
1. Códigos
Dificuldades em interpretação irão ocorrer caso umo mostrador de informação contribua com
uma certa expectativa que não é compatível com o uso do ambiente. Um exemplo de
compatibilidade é um sinal que ilumina quando uma cabine de elevador alcança o piso
determinado.
Sinais incompatíveis ocorreriam caso houvessem duas luzes no eixo vertical do sinal -- uma luz
embaixo para indicar uma cabine que sobe e uma luz em cima para uma cabine que desce.
Há expectativas arbritárias para alguns métodos de sinal. Além disso, podem ser desenvolvidas
expectativas por padrões que sejam consistentes; por exemplo, água quente indicada sempre
na esquerda, e fria na direita. A idéia de compatibilidade é intimamente vinculada com a
associações simbólicas de códigos. O uso de pictogramas, por exemplo, pode ser
extremamente eficaz carregando mensagens. A padronização de códigos, particularmente os
códigos simbólicos, aumenta a eficácia deles/delas permitindo-lhes transmitir o significado mais
além e eliminando as barreiras de idioma. O símbolo internacional de acesso fala para os
indivíduos que um edifício é acessível para pessoas com deficiência até mesmo antes que
entrem nesse edifício. Sem a padronização do sinal e de sua aplicação, o símbolo seria menos
significativo porque as diferenças de interpretação resultariam em menor confiabilidade.
2. Organização de impulsos
Para pessoas sob efeito de uma deficiência que tem afetada uma das modalidade dos
sentidos, modalidades alternativas devem ser exploradas para que essa pessoa alcançar os
níveis de informação.
Pessoas com disfunções visuais têm a maior dificuldade para obter informação a ambiental
codificada uma vez que seres humanos, como espécie, dependem da visão para a maioria das
informações de que necessitam. O ambiente projetado normalmente não oferece o mesmo
nível de conteúdo de informação para outras modalidades de sentidos além da visão.
Pessoas com deficiências de audição, embora não tenham tantas dificultades no acesso à
informação como aquelas com disfunções visuais, tem dificuldades com a informação que
normalmente é restrita para a modalidade da audição, por exemplo, sirenes de advertência,
ruídos de tráfico, etc.
Muitas pessoas sob efeito de uma deficiência sensorial tem problemas seletivos, como perda
auditiva de tons agudos que só limita parcialmente o uso de uma modalidade de sentidos.
Mostradores de informação para pessoas com estes tipos de deficiência podem ser
desenvolvidos pela escolha de métodos que podem ser recebidos em substituição à
modalidade prejudicada. Por exemplo, uma sirene de baixa frequência pode ser descoberta por
uma pessoa com perda de tom agudos.
Para esses que têm dificuldade que interpretar a informação, o uso de códigos
multidimensionais, compatíveis e simples podem compensar a falta de habilidade de
interpretação.
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Entre outras pesquisas em geral, muito trabalho de ergonomia enfoca ambientes para tarefas
específicas. Em alguns destes esforços, e noutros por pessoas que não se identificam como
analistas de ergonomia, estão direcionados aos assuntos de acesso.
• uso de cozinhas,
• uso de banheiros,
• uso de janelas,
• uso de mecanismos de abertura de porta e entradas,
• as manobras de pessoas em cadeiras de rodas em pequenos espaços,
• uso de telefones, e
• a mobilidade de pessoas cegas em ambientes abertos.
Abaixo, há revisões de duas principais pesquisas de ergonomia sobre ambientes residenciais:
"A Ergonomia da Casa" (Ergonomics of The Home) por Grandjean (1973) com enfoque na
experiência européia e "Trabalhos Caseiros" (Work in The Home) por Steidl e Bratton (1968)
que tem como enfoque a experiência americana. Cada uma dessas fontes contém
recomendações detalhadas e muitos das quais se aplicam para estudos de acesso. Em "A
Ergonomia da Casa," como seu título indica, tem um enfoque mais amplo do que somente o
serviço doméstico. Contém muito material de uso geral em habitações incluindo-se segurança,
conforto térmico e iluminação.
Embora as fontes identificadas acima dêem pouca ou nenhuma atenção para banheiros, o mais
importante estudo sobre este ambiente-tarefa é "O Banheiro" (The Bathroom), desenvolvido por
Kira (1966). A pesquisa empírica desenvolvida para "O Banheiro " era muito aprofundada com
respeito a pessoas sem deficiência, mas não demonstra nenhuma atenção sobre as pessoas
com deficiência. Porém, a segunda edição do livro sugere diretrizes não testadas sobre o
design de banheiro para uso por pessoas sob efeito de uma deficiência.
As duas revisões dos principais estudos indicam que a maioria da pesquisa ergonômica sobre
ambientes residenciais enfocou a cozinha. Novamente, muita informação de estudos empíricos
que usam indivíduos sem deficiência como amostragem está disponível, mas há um pequeno
número de trabalhos empíricos com pessoas com deficiências. Howie (1968) e McCullough e
Farnham (1960) estudaram o uso de cozinhas por donos de casa sob efeito de uma deficiência.
O estudo de Howie era uma pesquisa de campo do uso de cozinhas por mulheres com
deficiências, quatro das quais eram os usuárias de cadeira de rodas. Considerando-se que as
cozinhas estudadas estavam na própria casa do indivíduo e muitas eram inadequadas como
referência de cozinhas pelos padrões atuais, só certas identificações de problemas e algumas
recomendações gerais são úteis. Porém, McCullough e Farnham usaram uma cozinha
experimental na qual poderiam ser alteradas as alturas de bancadas, as alturas de prateleiras e
a distribuição espacial na cozinha para obter condições otimizadas. Isto permitiu que tal
investigação pudesse gerar recomendações específicas. A amostra de usuários de cadeira de
rodas é descrita acima (ver Tabelas 2) sobre "Alcance." Entre as descobertas dessa pesquisa,
podemos citar que as alturas de bancada de 24 a 29 polegadas, ou em média, 26 polegadas
(61cm a 74cm, ou em média, 66cm) ao centro do misturador de torneira e 28 a 35 polegadas,
ou em média, 31 polegadas (71cm a 89cm, ou em média, 79cm) para a pia eram confortáveis
para o trabalho na cozinha.
As descobertas sobre alcance para as prateleiras mais altas estão mostradas na Tabela 5.
O uso de janelas foi estudado com indivíduos sem deficiências. Hyde (1972) analisou dados
sobre indivíduos sem deficiências ao acionarem vários tipos de mecanismos de abertura de
janela. Tal pesquisa com pessoas com deficiências não foi ainda realizada.
Nichols avaliou a utilidade de vários mecanismos de abertura de porta com uma amostra de 51
pessoas que tinham o uso de mãos afetadas. Um modelo de abridor em alavanca no formato
da mão foi considerado o mais utilizável (Nichols, data desconhecida).
O estudo de Nedrebo, descrito por Brattgard, a amostra foi constituida por paraplégicos, todos
usavam com facilidade o tronco e membros superiores (o tamanho de amostra é ignorado). A
Tabela 6 exibe as descobertas nestes estudos.
Finalmente, dois estudos enfocaram o uso de mapas táteis e audíveis auxiliar pessoas cegas a
passar por ambientes de configuração complexa (Leonard e outros, 1970 e Kidwell e Greer,
1973). Estes estudos enfocaram ambientes a ceú aberto e obtiveram em geral muitas noções
sobre pistas e referências ambientais necessárias para orientação ao redor de rotas
complexas. Porém, nenhum destes estudos testou diferenças em soluções de design ambiental
e assim não definem descobertas específicas sobre condições ambientais otimizadas.
Um importante benefício ao estudarmos ambientes-tarefa específicos é que certas relações
entre vários elementos-tarefa específicos podem ser investigadas. Assim, as pesquisas em
cozinhas mostraram que as tarefas de cozinha estudadas não deveriam ser organizadas como
uma linha de montagem industrial, em que teriam início com as matérias-primas no armário
seguindo uma sucessão linear direta até a conclusão com as comidas sobre a mesa. Ao invés
disso, os resultados evidenciam que as tarefas de cozinha devem ser mais inter-dependentes;
uma aproximação do tipo “centro de trabalho” é defendida agora e sugere que a sucessão de
tarefas será bastante variável (Steidl e Bratton, 1968). Outro exemplo é o estudo de uso de
passagem em portas por usuários de cadeira de rodas. Esta pesquisa mostrou que, para ser
eficaz, o acesso por essas passagens é altamente condicionado pelas características do
espaço disponível à frente do vão de abertura, as quais em troca dependem do sentido da rota
de acesso e e da direção do movimento de giro da porta (Walter, 1971).
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Métodos de Pesquisa
O extenso uso de arranjos ambientais para pesquisas em laboratório geram questionamentos sobre a
possível transferência das recomendações geradas no laboratório para situações da realidade lá fora ao
ar livre. Embora sejam comuns as simulações que reproduzem com grande exatidão a realidade externa,
a pesquisa de laboratório reduz a complexidade de tarefas executadas em ambientes naturais. Por
exemplo, testes sobre a variabilidade aceitável entre as características de botoeiras dos fogareiros de
cozinha num laboratório não levariam em conta o meio ambiental ao redor numa cozinha típica ou a
relação entre o uso desses dispositivos de controle e outras tarefas de cozinha. Estas questões estão até
mesmo mais prominentes quando tarefas de pesquisa são semelhantes em natureza mas não com as
consequências que geram para as tarefas atuais (por exemplo, riscos envolvidos, dependências
sequenciais). Por exemplo, o teste de configurações dos degraus de uma escada de degraus ajustáveis
num laboratório não leva em consideração os riscos que as pessoas em geral tem quando passam por
um lance de degraus de uma escada externa.
Para melhor se obter a validade em pesquisas de ergonomia, estão listadas a seguir algumas mudanças
nos métodos de pesquisa:
1. usar uma instrumentação discreta,
2. usar campos de teste ou simulações mais precisas sobre tarefas e ambientes do mundo real,
3. fazer uma seleção representativa dos indivíduos, ou uso de uma grande diversidade de indivíduos,
4. fazer descrições detalhadas de indivíduos em relação à grande população, e
5. eliminar desvios por sugestão devido às formulações experimentais que se utilizam dos mesmos
indivíduos mais de uma vez.
Uma diferença no teste de procedimentos pode ser a causa das diferenças nos resultados sobre as
manobras de uma cadeira de rodas por um giro de 180 graus.
Por exemplo, para os trabalhos de Walter e para os de McCullough e Farnham os indivíduos efetuaram a
manobra num pequeno espaço; para os trabalhos de Brattgard, os participantes fizeram isto num espaço
aberto. Walter exigiu para os indivíduos pesquisados que completassem uma meia-volta contínua,
enquanto Brattgard permitiu duas curvas em ângulo reto. McCuilough e Farnham não informam que tipo
de curva foi exigido.
Quando estudos são realizados em vários países, a generalização dos resultados pode ser limitada. Por
exemplo, os tamanhos de porta europeus são diferentes dos tamanhos de porta americanos. Assim, a
abertura livre de 78 centímetros usada por Brattgard não pôde ser obtida com uma porta padrão no
E.U.A. onde as aberturas livres mais próximas seriam 76 centímetros (30 polegadas) ou 80 centímetros
(32 polegadas).
Outro foco de diferenças nas recomendações pode ser o tratamento dos dados em termos de inclusão.
Por exemplo, Walter fez suas recomendações incluindo todos menos 5 por cento da amostra. Quer dizer
que, se as recomendações fossem seguidas em design, 5 por cento da amostra não iria ser capaz de
usar o elemento construtivo resultante. Por outro lado, McCullough e Farnham informaram a variabilidade
dos resultados e fizeram recomendações que ficam de certo ponto dentro desse campo de variação, mas
eles não informam que julgamentos que eles adotaram para definirem recomendações a partir dos
resultados. Todos estes exemplos indicam que são bastante numerosas as bases para diferenças nas
pesquisas conhecidas com pessoas sob efeito de deficiências. Quase todos os estudos demonstram um
ou mais destas limitações de forma que comparar resultados deve ocorrer mediante uma comparação de
métodos, seleção de amostra e tratamento de dados. Estes problemas limitam a utilidade de informação
disponível.
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Conclusões
A revisão da informação disponível pode ser resumida pelas amplas conclusões a seguir:
1. Antropometria funcional
2. Biomecânica
3. Mostra da Infomação
4. Ambientes-tarefa específicos
• a pesquisa sobre ambientes-tarefa específicos pode originar dados importantes quanto
às relações entre os elementos de um arranjo ambiental.
• a pesquisa empírica sobre ambientes específicos que usam pessoas com deficiência
apresenta resultados conflitantes.
• faltam pesquisas sobre o design de banheiros para pessoas com deficiências.
5. Métodos de pesquisa
Esta revisão não estaria completa se não direcionasse um pouco de atenção ao futuro. É útil
considerarmos especificamente como as perspectivas de ergonomia poderiam ser mudadas
para prover a informação que seja mais pertinente às questões relativas aos edifícios, terrenos
para construção, ao design de produto, e, em particular, aos problemas de acesso.
Uma das abordagens existentes tem sido o estudo do comportamento humano sob condições
de estímulo-resposta. Seria apropriado adotarmos uma mudança nesta visão para um conceito
que inclua a motivação, a interação social, as atitudes, as convicções e a mudança por
desenvolvimento. É verdade que a análise ergonômica contemporânea considera os processos
de mediação (McCormick, 1970) que afetam o desempenho de tarefas. Porém, devido à
perspectiva de estímulo-resposta, a análise não tem lidado adequadamente com os efeitos do
ambiente sobre as pessoas, e com os motivos para que um ou outro comportamento humano
ocorra. Parsons (1974) sugeriu que uma fusão entre a análise ergonômica e os estudos sobre
modificação de comportamento ocorra como meio de ampliar o ponto de vista de ergonomia
sobre motivação. Outros campos frutíferos de desenvolvimento envolvem as concepções sobre
gestáltica e sobre comportamento nas relações inter-pessoais.
Quando estão usando um edifício, as pessoas não só estão respondendo aos estímulos
recebidos pelos sentidos, mas elas estão procedendo de acordo com expectativas culturais e a
compreensão sobre como esse edifício foi ou deveria ser construído. Além disso, os motivos e
os padrões de atividade estão baseados em objetivos de interação sociais como também em
necessidades orgânicas. O campo inteiro de forças físicas e sociais tem um efeito holístico no
comportamento do usuário (Ittelson, e outros, 1974).
Outra perspectiva em ergonomia que poderia ser modificada para maior benefício é o enfoque
sobre eficiência como meta de desempenho humano. Como afirmado anteriormente, esta meta
é muito útil no contexto militar ou industrial, mas seria tão igualmente aplicável noutros
contextos? Churchman (1968) sugere que a eficiência no desempenho sistêmico nem sempre
é sinônimo de qualidade. A ênfase em design para se obter eficiência poderia perder de vista
importantes fatores humanos como a privacidade ou a relação social informal. Pela visão da
análise de sistemas, a eficiência de umsó componente de sistema pode diminuir de eficiência
do sistema inteiro. Um horário de trabalho sem a permissão para intervalos com café é um
exemplo de desvios de eficiência. O valor dessa visão de eficiência no trabalho de ergonomia
não deveria ser negligenciado. Isso assegura uma base de realidade e uma medida geral de
desempenho que aumenta seu valor para os que pagam pela pesquisa e por sua
aplicabilidade.
Além disso, novas perspectivas deveriam ser desenvolvidas com enfoque sobre sistemas
inteiros, em seus objetivos específicos e frequentemente múltiplos. A necessidade relativa de
eficiência no desempenho dentro de uma multiplicidade de objetivos pode ser então avaliada.
Por exemplo, um projeto que considere certas sequências de trabalho na cozinha pode ser
mais eficiente em termos de preparação de comida do que outro. Porém, outras atividades
típicas de cozinhas podem ser excluídas pelo primeiro arranjo. Uma abordagem de sistema
busca aperfeiçoar o sistema inteiro para objetivos múltiplos que podem requerer
frequentemente a desvalorização de diferentes componentes. As mudanças de certas
perspectivas como esboçado acima criaria uma nova fase na evolução da pesquisa em
ergonomia -- uma fase que não só viu o ser humano como produtor ou controlador, mas
também como um consumidor. Tal visão seria muito apropriada na pesquisa sobre ambientes-
tarefa para acesso.
[1]O termo ‘ser humano-máquina’ foi traduzido do original ‘man-machine’ de modo a ter uma conotação genérica e não
estigmatizante em relação ao sexo feminino. (nota do tradutor)
[2] Os termos “able-bodied” e “disabled” foram traduzidos como “pessoas que tem ou não tem uma deficiência aparente,” ou
“pessoas ‘com’ ou ‘sem’ deficiências”, ou ainda “pessoas sob efeito de uma deificiência” de modo a permitir uma coerência
conceitual com definições atuais em que pese o respeito à referência das condições físicas que são externas à característica
essencial ou personalidade dessas pessoas. (nota do traduto
[3] ANSI significa American National Standard Institute nos E.U.A. e corresponde institucionalmente à Associação Brasileira
de Normas Técnicas no Brasil (nota do tradutor)
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Referências
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American National Standards Institute, 1961 (R1971).
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able-bodied users.
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Corlett, E.N., Hutcheson, C., DeLugan, M.A. and Rogozensku, J. “Ramps and Stairs,” in Applied
ergonomics, 3:4, pp 195-201, 1972.
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Edward Steinfeld
Department of Architecture
State University of New York at Buffalo