Abstract The aim of this article is to discuss the Resumo Sendo a atenção integral à saúde um
limits and the possibilities of educative health desafio às práticas multidisciplinares no âmbito
practices for the women’s health promotion. We dos serviços públicos de saúde, tomamos como ei-
should do a critic of the “unilateral communica- xo de discussão a crítica à transmissão vertical de
tion” and reflect on the need for women to become informações, o que implica refletir sobre o papel
active parts in this process. Having focusing on an ativo dos sujeitos na abordagem dos fenômenos
interdisciplinary activity in climacteric women’s saúde/doença. Através de práticas educativas na
attention in a health public organization in Rio assistência à mulher no climatério em um ambu-
de Janeiro between 1990-1995, we have observed latório no Rio de Janeiro, observamos que as cons-
that the gender’s construction had a significant truções de gênero operam de forma incisiva nas
influence in women’s daily lives and that most of vivências das usuárias. Através de imagens, sím-
them had a negative social representation of the bolos e representações expressaram o sentimento
menopause. They talked about their fears of the de perda em várias direções: insegurança face aos
menopause consequences. When we know social sintomas de natureza física e psicológica antes
representations about menopause, we can access não vivenciados, menos-valia pelo desprezo às
the effectiveness of the discourse about women’s suas queixas, medo do desconhecido diante das
physicals and psychological changes during this representações negativas da menopausa. Tornar
period life and establish more efficient and com- inteligíveis as representações sociais de um dado
municative exchanges between all the people con- grupo sobre o objeto menopausa implica analisar
cerned and the health workers to build new social a eficácia dos discursos em relação às mudanças
representations, and help women to express the fisiológicas da mulher nessa etapa da vida, e ini-
emotions resulting from the “battle of mind” ciar um processo de troca entre população e pro-
fought in all their relationships. This would firstly fissionais no sentido de (re)construí-las a partir
1 Departamento de enable them to take an active part in their health da crítica às representações dominantes que sus-
Política Social, Faculdade promotion, and, secondly improve the way health’s tentam relações de poder, favorecendo a expressão
de Serviço Social. workers approach the matter. dos sentimentos e emoções de maneira a possibili-
Universidade do Estado
do Rio de Janeiro. Key words Health promotion, Social represen- tar à mulher ser sujeito de sua saúde e ampliar o
Rua São Francisco Xavier, tations, Educative practices, Gender, Menopause olhar e a sensibilidade dos profissionais da saúde.
524, Bloco D, sala 8.027. Palavras-chave Promoção da saúde, Represen-
Maracanã, 20550-013,
Rio de Janeiro RJ. tações sociais, Práticas educativas, Gênero, Me-
elianap@uerj.br nopausa
752
Mendonça, E. A. P.
Se é dever ético profissional prestar esclare- “sintomas” no climatério podem ser agrupadas
cimentos em relação à TRH, considerando-se em três grandes categorias – redução dos estró-
os direitos do paciente, há, no entanto, limites genos, fatores socioculturais e fatores de perso-
em termos da prática médica nos espaços dos nalidade –, para Stepke (1997), o “peso etiológi-
serviços públicos de saúde. Dentre outros, o pe- co” de cada causa difere, (...) só à primeira, em
queno tempo de que se dispõe para elaborar in- geral, se atribui a possibilidade de estabelecer pro-
formações com as usuárias, levando-se em con- cedimentos adequados para explicitá-lo e deduzir
ta que se faz necessário uma aproximação com dessa explicitação medidas cientificamente fun-
o universo sociocultural da população usuária. damentadas (...). No entanto, estudos epidemio-
Em nossa experiência encontramos usuárias, lógicos evidenciam que as mulheres que têm aces-
que vindas de outras unidades, haviam feito so às informações passam mais tranqüilamente o
TRH e/ ou interrompido o tratamento, desco- climatério e, há, ainda, evidências de diversos an-
nhecendo o teor do mesmo. Também já ouvi- tecedentes para essa sintomatologia: a saúde pré-
mos depoimento de médicos, que convencidos via, emocional e física; as expectativas em relação
da eficácia do TRH o prescrevem ainda que não à própria vida; a valorização da maternidade em
tenham possibilidade de tecer ampla informa- determinadas culturas; a ausência de menstrua-
ção à “paciente”; há ainda os que não admitem ção, valorada de forma positiva ou negativa. In-
contra-argumentação. Nesse sentido cabe a ob- ferimos ser este um processo natural que é vivi-
servação, acima citada, de Luca, que não descar- do em condições diferenciadas, dependendo de
ta a existência do discurso autoritário. Cabe res- vários fatores, desde os genéticos e do meio-
saltar não se tratar de um exagero a referência a ambiente aos que estão ligados às condições de
atitudes zombeteiras, quando as flagramos atre- vida e de trabalho.
ladas às representações da mulher poliqueixosa, Embora não pretendamos discutir riscos e
da que não tem parceiro, da mulher velha, da benefícios da TRH, sinalizamos que, contra-
ignorante, e etc. pondo-se à já inquestionável adesão de muitos
O fato é que embora se reconheça que a médicos à referida terapia, a Rede Nacional Fe-
TRH não seja a única medida no climatério, minista de Saúde e Direitos Reprodutivos, pre-
sendo suas coadjuvantes uma alimentação cor- parou um dossiê (2001) em que a crítica à me-
reta, exercícios físicos adequados e orientação dicalização da menopausa é acompanhada de
psicológica, a discussão na medicina se centra dados que corroboram a idéia de que os estu-
na TRH: Muitas vezes a depressão, as ondas de dos sobre hormônios de reposição ainda são
calor, o nervosismo e a tristeza observadas podem contraditórios e também em Greer (1994) en-
ser de origem emocional, e mesmo na ausência de contramos referências a pesquisas que se con-
menstruação, não é fácil detectar muita coisa tradizem.
além das alterações dos níveis hormonais ou as Considerando que as informações necessá-
condições que possam justificar toda esta sinto- rias à população usuária dos serviços públicos
matologia. O arsenal terapêutico disponível atual- vão além das informações em termos da reposi-
mente pode aliviar com sucesso os distúrbios do ção de hormônios, esclarecimentos sobre os
climatério e facilitar muito o tratamento (Fonse- mecanismos fisiológicos e a própria anatomia,
ca, 1999). reconhecemos os limites da medicina para dar
Por outro lado, fora da especialidade clima- conta dos diversos fatores imbricados na pro-
tério, muitas vezes ignoram as queixas das mu- blemática da mulher no climatério. Deve-se ad-
lheres, entendendo que nada há a fazer: Come- mitir que não é apenas com uma conversa fran-
cei a sentir coisas diferentes, embora menstruan- ca que se soluciona as imensas dúvidas das mu-
do normalmente (...) O médico disse: “O melhor lheres ou se desconstrói a idéia que se faz da
é esquecer”; só que todas as vezes que estava pra mulher madura ainda diretamente ligada à ve-
menstruar, ficava naquela indisposição..., meu lhice que a exclui da vida ativa. Envelhecer tam-
rosto ficava inchado; pensava, “estou tendo perda bém depende do gênero, sendo distintas as cro-
de alguma coisa”. Não sei se tem uma reposição nologias femininas e masculinas. Por outro la-
hormonal; é só depois que a menstruação vai em- do a idéia de mudanças no estilo de vida vão ter
bora? (Fala numa reunião de sala-de-espera). de ser trabalhadas, levando-se em conta as con-
O acesso à saúde, nos lembra Rosenberg dições de vida e os valores em relação à alimen-
(1992), é estruturado em torno do que foi cons- tação, ao tempo disponível para os cuidados de
truído como legítimo na avaliação diagnóstica, si, as representações do corpo e do tempo so-
assim como as terapêuticas. Se as causas para os cialmente úteis, entre outros.
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e vivências, os debates de toda a equipe com a atendimentos realizados no período. Nesse uni-
população, em reuniões quinzenais, por vezes verso, 144 ainda não haviam passado por ne-
reuniam cerca de cem usuárias. Na rotina dos nhum atendimento na referida clínica (usuárias
atendimentos, os grupos de sala-de-espera, com iniciais) e as 145 restantes já estavam em aten-
duração média de sessenta a noventa minutos, dimento (subseqüentes). Duas perguntas aber-
eram em geral conduzidos por uma assistente tas – o que sabiam sobre climatério-menopau-
social, com a participação de outro membro da sa; e como se sentiam na atual fase da vida – nos
equipe, pretendendo ser um dispositivo para a levaram a novo exame dos dados dessa pesqui-
participação ativa das usuárias no processo saú- sa, por ocasião do nosso projeto de tese, em que
de/doença. Na condução dos grupos distingui- tomamos como objeto de estudo as representa-
mos dentre os eixos temáticos: romper o silên- ções sociais como matéria-prima das práticas
cio, questionando as representações em torno dos educativas. Ao indagarmos sobre a relação en-
saberes e das práticas de saúde; contextualizando tre representações e as vivências da menopausa,
os serviços de saúde e as políticas de saúde; socia- acrescentamos aos dados do perfil alguns signi-
lizar informações, tendo como conteúdo o corpo, ficados que emergiram com a análise temática.
as modificações biológicas, os fatores sociocultu- Consideramos que as visões compartilhadas das
rais e psicológicos; a prevenção de doenças e sua mudanças na menopausa vêm ancoradas não
relação com diferentes estilos de vida; a reposição apenas nas construções médicas via linguagem
hormonal (vantagens e desvantagens); – as dife- dos sintomas, mas que as construções ideológi-
rentes condutas terapêuticas cas de gênero “transversalizam” as representa-
Registramos das reuniões o que seria a in- ções e as práticas, o que se torna mais evidente
dagação central, a postura inicial das usuárias, quando os temas remetem ao envelhecimento,
diante da necessidade de entenderem as mudan- à sexualidade, às diferentes atitudes femininas e
ças por que estavam passando ou pelas quais masculinas diante desses processos.
poderiam passar: O que está de fato acontecen-
do comigo? Ou, o que poderá vir a acontecer
comigo? Características socioeconômicas
À medida que iam obtendo informações, te-
ciam críticas à ausência das mesmas no âmbito A população usuária majoritariamente encon-
dos serviços públicos de saúde e de não serem trava-se na faixa etária de 45 a 49 anos (31,5%)
ouvidas: “Os médicos cumprem suas obrigações, e 45 a 54 anos (28,1%), perfazendo um total de
mas não revelam a necessidade de uma orienta- 59,9%.
ção sobre o climatério”; “faltam informações, pois Considerando-se os anos da pré e pós-me-
os médicos não explicam, atribuem tudo à idade”, nopausa e as dificuldades para se arbitrar o mo-
ou “a pouca informação sobre a menopausa se re- mento de inclusão da mulher nos serviços do
flete na maneira como as pessoas reagem às quei- climatério, prevalecia no momento que realiza-
xas das mulheres”. Nessas falas estão dizendo mos a pesquisa o critério mais elástico dos 40
que ao não ser dada a devida atenção às suas aos 60 anos, conforme podemos observar na ta-
queixas os problemas deixam de ser discrimi- bela 1.
nados, negligenciando-se possíveis medidas na Nesse universo, 232 mulheres (80,3%) tive-
prevenção de doenças ou promoção da saúde, ram filhos e 216 (74,07%) declararam ter com-
bem como ao se atribuir tudo à idade se gene- panheiros. Em 65,8% dos casos a renda familiar
raliza, o que resulta na combinação mulher po- era inferior a cinco salários mínimos Na situa-
liqueixosa / mulher velha. ção de casais, em apenas 2% dos casos a contri-
buição principal era da mulher.
Quanto ao grau de escolaridade, a maioria
Perfil da população usuária das mulheres não concluíra o primeiro grau
(63,7%), enquanto que no universo masculino
Em 1994 com o objetivo de precisar o perfil da esse percentual era menor (44%).
população usuária e levantar os fatores socio- Em relação ao trabalho, na categoria “do-
culturais na problemática da mulher no clima- méstico” estavam 57,8%, sendo que 10,7% exer-
tério-menopausa, realizamos 289 entrevistas se- ciam algum trabalho remunerado e 9% estavam
mi-estruturadas no próprio setor do climatério aposentadas. Na categoria “extradoméstico” fo-
entre os meses de agosto a dezembro, corres- ram incluídas as que declararam o trabalho re-
pondendo aproximadamente a 35% do total de munerado como principal (40,5%), sendo o
757
Quadro 1
A fonte de informação.
Fonte Nº
Comunicações diversas (vizinhas, amigas, parentes, fila de marcação 118
de consulta, cartazes afixados no PAM)
Setor de ginecologia do PAM 85
Serviços diversos do PAM 38
Outras unidades de saúde 28
Mídia 20
Total 289
Fonte: Relatório de pesquisa. Prodir II, Fundação Carlos Chagas, 1996.
Figura 1
Representações da menopausa.
200
vasomotores
psicológicos
150
somáticos
100
50
0
o que sabe o que sente sintomas
Se era no corpo que ancoravam as mudan- uma solução para o problema da menopausa,
ças que estavam percebendo em si, é no sistema que não me deixe neurótica”; “que o médico me
médico que vão buscar o reconhecimento e a livre do problema da menopausa, me livre da
legitimidade da definição de sua situação. Para enfermidade; que fique bem, obedecendo às or-
a maioria a expectativa era de melhorar (N89), dens médicas”; “Sei que não é doença, porque
receber tratamento adequado (N58) ou fazer to- vi no jornal, mas mesmo assim estou vendo co-
dos os exames (N20). Prevenir problemas e/ou mo doença, porque sinto calor, dor de cabeça,
doenças, receber informação e orientação fo- pressão alta, nervosa, desanimada, sem coragem
ram as expectativas de 65 mulheres. Referiram- para fazer nada”.
se de forma mais ampla, a ter bom atendimento Por outro lado, encontramos várias falas em
(N31). Já a representação de cura que supõe o que as mulheres afirmam que estão bem, mes-
entendimento de menopausa como doença apa- mo com a presença de sintomas. Ao reexaminar
recia em 44 respostas, majoritariamente entre os dados dessa pesquisa, nos detivemos em 163
as de baixa escolaridade e que estavam tendo entrevistas, em que não só apontaram sinto-
um primeiro contato no serviço. Algumas delas mas, como qualificaram a sua fase da vida. ex-
assim se expressaram: “Espero que me traga pressando sentirem-se bem ou normal (N83);
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vai chegando, às vezes pensa que já está no fim, que se transformam em signos do envelheci-
que a vida tá acabando; muita tensão”, “sinto mento e estes trazem a marca de gênero. Esta-
desgosto, acho que é depressão; só não tenho von- mos, portanto, nos referindo aos símbolos da
tade de morrer porque tenho medo”, “choro sem menopausa, dos sentidos produzidos fora do
motivo; não sei se isso é alguma doença ou se é ve- objeto e que, exercem uma eficácia prática, sen-
lhice”. Além da indisposição para atos de rotina do um referencial que pode ser evocado em di-
e da indisposição para o trabalho, referentes versas circunstâncias.
apontados, encontramos uma resposta que re- Para os homens não há uma representação
mete ao fim do período fértil: “Sinto-me sem vi- em torno da andropausa e, assim, para o ho-
gor, pois perdi a capacidade de procriar, mas te- mem de meia-idade, não há um rito de passa-
nho que ultrapassar essa fase, pois tenho marido gem. O envelhecimento sendo vivido como na-
e filhos para cuidar”. tural, prolonga-se o seu enquadramento na ca-
A associação entre menopausa e o fato de tegoria de velho. Enquanto a mulher na meno-
estarem frias sexualmente, desinteressadas, ou pausa pode ser taxada de velha, como expres-
sem desejo foi citada por nove das entrevistadas sam por vezes as usuárias, os homens na faixa
subseqüentes entre as que sentem-se mal, sendo etária correspondente são maduros, trazendo
que apenas duas fizeram referência à “ resseca- outros predicados que não interferem negativa-
mento vaginal”. mente, podendo até contribuir para sua maior
Considerando o universo da pesquisa (N289), auto-estima diante da experiência de vida.
encontramos em 50 entrevistas referências à se- Também nas reuniões falavam da necessidade
xualidade, sendo que 34 estavam entre as usuá- de espaço para exercerem sua subjetividade ou
rias subseqüentes. Cabe observar que eram so- consideravam a menopausa, como momento de
bretudo as discussões dos grupos de sala-de-es- reafirmação, como de defesa do espaço conquis-
pera que ensejavam a aproximação com a temá- tado, de tudo que se fez, não se admitindo cobran-
tica, a partir de algumas representações que ças. Falam dos homens virem às palestras, das
eram discutidas. Encontramos como referentes dificuldade em acompanharem suas mulheres
além dos elementos citados, dúvidas se o desin- nesse processo e, também de verem o corpo en-
teresse sexual era “do hormônio ou de cabeça” velhecer e procurarem ajuda, quando necessário.
ou por “problemas familiares”. A referência ao Assim, consideramos mais dois eixos temá-
aumento do prazer sexual foi feita por três en- ticos na condução dos grupos: a) particularizar
trevistadas iniciais e duas subseqüentes. a situação da mulher na sociedade brasileira, vi-
Se nas entrevistas nos falam das mudanças sando relativizar as vivências singulares no con-
esperadas e de suas vivências, dos cuidados com fronto de experiências, considerando condições de
a saúde, das relações sociais no âmbito da famí- vida, de trabalho e fatores opressores da mulher,
lia e do trabalho, da sexualidade, envelhecimen- avaliando os limites em relação aos seguintes as-
to e de sua identidade, é nos grupos de reflexão pectos – o público e privado, o usufruto dos bens e
que vão poder problematizar esses vários aspec- serviços, o acesso a informações, os valores de nos-
tos: Em casa e no trabalho as mulheres passam a sa sociedade ocidental; b) revalorizar a mulher,
serem vistas como velhas, com mania de doença e visando maior autoconhecimento e maior auto-
acaba sendo descartável; a mulher fica mais irri- estima, avaliando: perdas e ganhos, possibilidades
tadiça; mais difícil de conviver no trabalho; os ho- e limites da mulher nessa etapa da vida (Men-
mens não entendem o que acontece com as mu- donça, 1996).
lheres; os homens passam por dificuldades, mas
em geral ocultam e buscam outras saídas; mudam
de vida, mudam de mulher. Temos pois que, os Considerações finais
sinais da menopausa são visíveis e, como tais,
sejam eles fogachos, suores, irritabilidade, fadi- Quando o trabalho em equipe multidisciplinar
ga, indisposição para o trabalho, e mesmo a de- se faz necessário, tendo em vista uma maior efi-
pressão, entre outros, marcam um dos signifi- cácia na intervenção nos níveis das ações pre-
cados da menopausa, o da mulher poliqueixo- ventivas e de promoção da saúde é necessário
sa, representação que, também, não se faz au- construir o processo de trabalho coletivo. A
sente entre profissionais no setor saúde. Contu- não-inclusão do auto-conhecimento como ob-
do, associado à idéia da mulher poliqueixosa, jeto de preocupação da epistemologia objetivis-
encontramos um outro significado, em que as ta, certamente ajudou a manter uma fronteira
queixas somáticas e/ou psicológicas são sinais nítida entre a vida cotidiana e a ciência, e entre a
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Versão final apresentada em 7/10/2003