Ao direito penal somente interessa a conduta que implica dano social relevante aos
bens jurídicos essenciais à coexistência. A autorização para submeter as pessoas a
sofrimento através da intervenção no âmbito dos seus direitos somente está
justificada nessas circunstâncias. É o princípio que justifica (ou legitima) o Direito
Penal; o direito penal somente está legitimado para punir as condutas que implicam
dano ou ameaça significativa aos bens jurídicos essenciais à coexistência. Este
princípio reflete duas características do Direito: Exterioridade e alteridade (ou
bilateralidade) O direito sempre coloca face a face dois sujeitos (alteridade), não
interessando as condutas individuais, sejam pecaminosas, escandalosas, imorais ou
"diferentes" , somente podendo ser objeto de apreciação jurídica o comportamento
que lesione direitos de outras pessoas, e não as condutas puramente internas
(exterioridade). Não está legitimado a impor padrões de conduta às pessoas apenas
porque é mais conveniente, ou adequado. Ninguém pode ser punido pelo Estado
somente porque convém. O objeto de proteção é o bem jurídico. O que se aspira a
evitar é a conduta que implica dano relevante a este bem jurídico. Conceito
econômico de bem: tudo o que, posto no espaço social, satisfaz as necessidades
humanas, quer sejam entes ou coisas materiais ou imateriais. Conceito ético-social:
significado valorativo do termo "bem": possibilidade de dispor (usar). Relação de
disponibilidade. Conceito jurídico: a sociedade estabelece um sistema tal que possa
proteger, possibilitar esse acesso de modo impessoal. Proteção é conferida pelo
Estado. Há CONSENSO. BEM JURÍDICO É A RELAÇÃO DE DISPONIBILIDADE ENTRE
PESSOAS E COISAS, PROTEGIDA PELO ESTADO ATRAVÉS DE NORMAS CUJA
DESOBEDIÊNCIA IMPLICA SANÇÃO.
4ª. proibir a incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem
jurídico. O Direito Penal é ciência valorativa. Esse caráter axiológico permite que a
ciência submeta as situações sociais a uma apreciação, a uma avaliação, da qual
resulta o reconhecimento do seu conteúdo de valor ou de desvalor. Identificado o
conteúdo de valor de uma determinada situação social, cabe ao Direito Penal
recorrer ao seu caráter fragmentário, já estudado no 1º Tema, para definir se
aquele bem jurídico necessita ou não de uma especial ação protetiva.
A proteção do DP somente deve ser invocada em última instância, caso não seja
suficiente a aplicação de outras regras do ordenamento jurídico. A sanção penal é
um meio extremo, porque se constitui na intervenção mais radical na liberdade do
indivíduo que o ordenamento jurídico permite ao Estado. O recurso à pena supõe
impossibilidade de garantir proteção suficiente do bem jurídico através de outros
instrumentos à disposição do estado. Reconhece-se que a pena é solução
imperfeita, que só deve ser utilizada como recurso extremo e nos casos de ofensas
significativas a bens jurídicos essenciais para a coexistência. A este princípio
relaciona-se o caráter subsidiário do Direito Penal. Como recurso extremo, sua
legitimidade segue o Critério da necessidade da proteção, de modo a reduzir ao
mínimo indispensável as privações de bens jurídicos promovidas pelo DP. Onde
bastem outros procedimentos mais suaves para preservar ou restaurar a ordem
jurídica, o Direito Penal não está legitimado a intervir. Caso contrário,
aumentaríamos o coeficiente de violência social e o risco de perdimento de bem
jurídico. Esta é a concepção garantista do Direito Penal . Não basta dizer que o bem
jurídico está sob tutela contra ataques de terceiros. Ele também deverá estar
garantido contra ataques do próprio Estado, a pretexto de aplicação do Direito
Penal . O bem jurídico está submetido a dupla garantia: protegido pelo Direito
Penal e protegido ante o Direito Penal .
“Não há crime sem lei que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal” (CP -
art. 1°). Tal princípio assegura que ninguém seja punido por fato atípico. Típico é o
fato que se molda a conduta descrita na lei penal. Daí decorre que o conjunto de
normas penais incriminadoras é taxativo e não exemplificativo. nullum crimen nulla
poena sine praevia lege Evolução política: é a chave mestra de qualquer sistema
penal racional e justo. Carta Magna (1215); Beccaria (sec.XVIII). Declaração da
Virgínia: leis com efeito retroativo, feitas para punir delitos anteriores à sua
existência, são opressivas e não devem ser promulgadas (12.6.76), o que a
Constituição americana reconheceu em 1787. Universalidade na Declaração dos
Direitos do Homem na Rev. Francesa. Passa-se a exigir a anterioridade. Enunciado:
Feuerbach (1801): Nullum crimen, nulla poena sine præ via lege. Evolução jurídica:
1906, Beling: a efetiva vigência do princípio exige que a lei, além de ser anterior,
reuna algumas condições pertinentes à definição legal de uma conduta delituosa.
Não é qualquer lei penal que recebe esse mandato de garantia, mas somente as
LEIS PENAIS INCRIMINADORAS, ou seja, as que definem os crimes e cominam as
respectivas sanções. Além dessas, temos LEIS PENAIS NÃO INCRIMINADORAS, que
são as que disciplinam a aplicação e os limites das leis incriminadoras (normas
integrantes ou de segundo grau). Podem ser: permissivas, quando definem
isenções de pena ou exclusão de crime (ex. art. 22 e 23 do Código Penal).
explicativas, quando esclarecem o conteúdo de outras leis ou enunciam conceitos e
princípios gerais (ex. arts. 18 e 327). Não basta existir lei incriminadora para
atender ao mandato de garantia. Para tanto, é preciso extrair os seguintes
corolários (ou conseqüências):
Proibição da retroatividade.:
A Lei Incriminadora deve ser anterior. Ninguém pode ser punido por um fato que
não era crime na época em que o realizou. Como já vimos, esta é a função
"histórica" e está ligada à origem do princípio. A tal ponto que o Código Penal chega
a epigrafar o artigo 1º com o nomen juris "anterioridade".
Proibição do costume.
Leis penais em branco em sentido amplo: são aquelas cujo preceito remete à
complementação por uma norma jurídica proveniente do mesmo poder que a
editou. No Brasil, há lei penal em branco em sentido amplo quando o preceito é
complementado por outra lei federal. Exemplo: artigos 178 e 236 do Código Penal
(que remetem, respectivamente, à Lei dos Armazéns Gerais e ao Código Civil).
Leis penais em branco em sentido estrito: são aquelas cujo preceito remete à
complementação por uma norma jurídica proveniente de poder diverso da que a
editou. Neste caso, a lei penal em branco complementa-se por algum ato
administrativo (portarias, resoluções, instruções normativas, decretos, etc) ou por
alguma lei estadual ou municipal. Exemplos: artigos 169 do Código Penal e 12 da
Lei 6368/76 (Lei Antitóxicos), que são complementados por portarias e resoluções
do Ministério da Saúde.
Princípio da Culpabilidade
Princípio da Humanidade
O poder de punir não pode impor sanções que atinjam a dignidade da pessoa ou que
lesionem a constituição fisiopsíquica dos condenados.
DISPOSIÇÕES DE PRINCÍPIOS NA RELAÇÃO PENAL
INTRODUÇÃO
Este princípio nada mais é que uma efetiva limitação ao poder estatal, onde ninguém é
privado de suas vontades senão em virtude da lei, representando um avanço do Estado
de Direito, quando adequar os comportamentos individuais ou estatais as normas legais.
2- PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE
A Lei Penal deve ser clara e precisa, de forma que o destinatário da lei possa
compreende-la sendo vedada, portanto, com base em tal princípio, a criação de tipos que
contenham conceitos vagos ou imprecisos, implica a máxima determinação impondo-se
ao poder Legislativo, na elaboração das leis, que redija tipos penais com a máxima
precisão de seus elementos.
Lei 9455/97 Lei de Tortura, impor intenso sofrimento físico e mental, verifica-se as
normas penais em branco e tipos penais abertos e normas em branco, necessitando de
compreensão do legislador.
Pode-se exemplificar a Lei 6368/76 em seu artigo 12. O mesmo reflete no tipo aberto
sendo, feito pelo julgador, que possui conhecimento para interpretar, podemos citar o
artigo 249 do Código Penal Brasileiro, quando fala de mulher honesta, vantagem
indevidamente, tipos culposos apresentando na sua analogia a impossibilidade de criar
figuras incriminadoras para prejudicar, o legislador causuístico faz menção genérica,
recurso que utiliza o agente.
Os juristas têm exigido intricados sistemas penais, que não caberiam no âmbito
proposto, colaborando em consideração a generalidade da construção social.
A moderna Teoria do bem jurídico, reconhecida pôr juristas de renome como orientação
estabelecida pelo modelo de Constituição do Estado Democrático, rejeita a intervenção
do Estado no âmbito da moral e legitima a proteção dos valores essenciais da
comunidade, destacando-se as condutas invariáveis e intoleráveis na sua
fragmentariedade. Bens e condutas podem atingir o bem jurídico.
4 - PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
6 – PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
Serão penalizadas apenas condutas que possuem uma certa relevância social. Deste
princípio pode deduzir que algumas condutas, mesmo que não sendo consideradas
corretas a olhos subjetivos, não constituem delitos.
A=> Abstrato , o legislador aplica
B => Concreto, o julgador aplica o que é adequado socialmente na região em que se
encontra.
8 – PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA = DELITO DE BAGATELA
Foi formulado em 1964 pôr Claus Roxim que propôs a interpretação restritiva aos tipos
penais com a exclusão da conduta do tipo a partir da insignificante importância das
lesões ou danos aos interesses sociais. Reconhecida a insignificância não é característica
do tipo delitivo, mas um auxiliar interpretativo para restringir o teor literal do tipo
formal.
A conduta de portar pequena quantidade de substância entorpecente, embora
formalmente se amolde ao tipo penal, não apresenta nenhuma relevância material,
afastando-se liminarmente a tipicidade penal, porque em verdade o bem jurídico não
chegou a ser lesado, proteger o bem jurídico não afasta o princípio da obrigatoriedade
da ação penal.
A=> Tipicidade Legal = Tipicidade Formal + Tipicidade Conglobante.
B => Tipicidade Material, (lesão ; bem jurídico).
C => Antinormatividade, O Estado impõe ou fomenta atividades, outras atividades são
toleradas ou permitidas pelo Estado.
9 – PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
Não se pode conceber a punição de fatos que não causem dano ao bem jurídico tutelado
pela norma, somente serão legítimas as intervenções do sistema penal se demonstrável
alguns interesses protegido.
A punição nas hipóteses claras de ausência de lesão ao bem jurídico, o desvalor da ação
não pode mas ser fundamentado para a punição da tentativa, justificando a não punição
de atos meramente preparatórios.
A=> Crime de dano – bem jurídico afetado.
B=> Perigo – risco de dano; abstrato ou presumido
C=> Concreto – artigo 130 do Código Penal – praticar atos como moléstia grave; artigo
131 do Código Penal, necessidade da prova de perigo de dano, Lei 10826 – porte e
munição.
12 – PRINCÍPIO DA TERRITORRIALIDADE
Será aplicada a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de Direito
Internacional, ao crime cometido no território nacional. A lei penal só tem aplicação no
território do Estado que a determinou, sem atender á necessidade do sujeito do delito ou
titular do bem jurídico lesado.
Artigo 5º, § 2º da Constituição Federal do Brasil.
13 – PRINCÍPIO DA EXTRATERRITORIALIDADE
Apesar dos crimes terem sido cometidos fora do território nacional, pôr força de lei o
autor será julgado lei brasileira, princípio da nacionalidade, a lei penal do Estado é
aplicável a seus cidadãos onde quer se encontrem.
Princípio da Defesa ou Real
A nacionalidade do bem jurídico lesado pelos crimes, independentes do local de sua
pátria ou nacionalidade do sujeito ativo está previsto nos casos da alínea “A”, “B” e “C”
do inciso I do artigo 7º do Código Penal, ficando sujeitos a lei brasileira embora
cometidos no estrangeiro os crimes contra:
“A vida ou liberdade do Presidente da República;
contra o patrimônio ou a fé Pública da União do Distrito Federal, de Estado de
Território, de Município, de Empresa Pública, Sociedade de Economia Mista, Autarquia
ou Fundação instituída pelo poder Público, contra a administração pública, porque está
a seu serviço.
CONCLUSÃO
A solução das crises sociais, não está na introdução desmedida de sanções penais no
sistema.
O Direito Penal não deve Ter função meramente simbólica ou promocional, cuja
finalidade é apenas recriminar a conduta daquele que viola a lei e no limite do que
decide, pode sacrificar a lei em nome de um princípio maior, cujo ápice está no
princípio da dignidade humana.
Garantir cidadania, assegurar os direitos de acesso à informação agora e no futuro,
implica reduzir os riscos e implementar uma política moderna, atualizada oferendo aos
trabalhadores em serviço, conhecimento e técnicas que proporcione dignidade e
sobrevivência, em uma sociedade altamente competitiva.
O Direito Criminal moderno é visto como ultima ratio para a solução de graves
problemas sociais que reclamam pelo remédio extremo, pôr isso mesmo mas diminuído,
desde que assente seu caráter fragmentário e subsidiário inclina para proteger os valores
mais representativos da comunidade necessitando de conceito legitimadores que
somente uma aplicação constitucionalista incorporada no Direito Penal pode recuperar
sua legitimidade, contribuindo com o amadurecimento do Estado Democrático de
Direito e com a defesa dos direitos fundamentais.
BIBLIOGRAFIA
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BIANCHINI, Alice. Considerações Críticas ao Modelo de Política Criminal. Porto
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TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal. 5ª ed. SP. Saraiva,
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ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em Busca de las Penas Perdidas; Buenos Aires. Ediar,
1989.
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL - Parte 01 -
Definição de Princípio
rgsampa em Qua Jul 30, 2008 5:48 pm
2. Constitucionais implícitos
2.1. Intervenção mínima (subsidiariedade
2.2. Fragmentariedade
2.3. Culpabilidade
2.4. Taxatividade
2.5. Proporcionalidade
2.6 Vedação da dupla punição pelo mesmo fato
Código:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal;
PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS
1. O PRINCÍPIO VETOR DO DP é o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
(PDPH). Trata-se de um valor espiritual e moral inerente ao indivíduo que lhe confere a
capacidade de se autodeterminar em sociedade e de forma consciente e ostentanto um
rol de direitos diante do estado. Visa garantir a liberdade do indivíduo frente ao Estado
legislador, O legislador de tipos penais sempre deve ter em emnte o PDPH. Este é o
princípio fundante da Constituição Federal. O Nucci não aceita este PDPH como
Princípio de DP, mas apenas como fundamento constitucional.
Código:
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,
entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
Código:
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do
art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis
Código:
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de
acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e
moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam
permanecer com seus filhos durante o período de amamentação
;
PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS
Ex. A jurisprudência não exige que a rádio clandestina tenha interferido em serviços
públicos. Só o fato de estar funcionando já se faz presumir o perigo desta conduta
(TRF3 e STJ não aceitam o princípio da lesividade para afastar os tipos penais de perigo
abstrato).
Código:
RESERVA LEGAL
XXXIX - não há crime sem lei ... que o defina, nem pena sem ...
cominação legal;
O ART 5º, II – atravessa todos os ramos do direito (Art 5º - II - ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei). E se desdobra no inciso
XXXIX. Os princípios da reserva legal e da anterioridade estão dentro do inciso
XXXIX.
O agente só será punido se sua conduta tiver correspondência com o modelo penal
incriminador. É necessário que sua conduta esteja adequada ao modelo legal. As normas
incriminadoras são garantias da liberdade do cidadão. Porque a liberdade só será
,itigada, apenas diante destes modelos legais incriminadores.
PRL tem menor abrangência que o Princípio da Legalidade. Mas tem maior densidade e
contudo é regra de competência. O Estado só pode criar tipos e cominar penas através
de leis ordinárias. O crime é veiculado através de leis ordinárias. Há tipos penais criados
por decreto-lei qu eforam recepcionados pela CF e são considerados materialmente e
formalmente LEIS ORDINÁRIAS.
O PRL é dirigido ao estado legislador. É regra limitadora do estado juiz. O juiz só pode
aplicar estes tipos penais e não pode fazer as vezes do legislador. Estas duas súmulas
que seguem, surgiram porque alguns juízes não consideravam o art 33 sobre o
cumprimento de pena.
Código:
Reclusão e detenção
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime
fechado, semi-aberto ou aberto.
A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo
necessidade de transferência a regime fechado.
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento
de segurança máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado
ou estabelecimento adequado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser
executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado,
observados os seguintes
critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá
começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior
a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o
princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou
inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em
regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento
da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art.
59 deste Código.
§ 4o O condenado por crime contra a administração
pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena
condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do
produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
Código:
STF - SÚMULA 718 - A opinião do julgador sobre a gravidade em
abstrato do crime não constitui motivação idônea para a
imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a
pena aplicada.
Ex. roubo tentado – pena 3 a 4 anos de reclusão; o juiz diz: É GRAVE; regime fechado
-> NÃO PODE. Pois o art 33 prevê o regime aberto até 4 anos inclusive. O juiz não
pode fixar pena de 3 anos efixar o regime fechado.
O PRL também não permite a ANALOGIA IN MALAM PARTEM. A ANALOGIA IN
BONAM PARTEM é admitida pacificamente com normas não incriminadoras.
TIPOS ABERTOS = são por excelência os crimes culposos. O tipo culposo não viola a
lex certa, nem o PRL porque o legislador não tem como prever todas as situações
possíveis da conduta culposa. Isto se dá por absoluta impossibilidade fática. O juiz
definirá os parâmetros da culpa.
Há tipos dolosos abertos?? A doutrina exige que os tipos dolosos sejam descritos
detalhadamente. A jurisprudência aadmite a descrição de tipos dolosos de forma aerta
desque envolva uma conduta em que também não houve uma descrição detalhada por
absoluta impossibilidade fática – Ex. Lei 7492, art 4º § - crimes contra o sistema
financeiro – gerir fraudulentamente instituição financeira – 3 a 12 anos+multa. Se a
gestão é temerária – 2 a 8 anos+multa. O QUE É GESTÃO TEMERÁRIA??? Não há
descrição do que é exatamente gestão temerária.
O PRL precisa ter um conteúdo material. Seus apsectos formais e prévios devem recair
sobre bens jurídicos de relevância e importantes para a sociedade. O DP deve ser
veiculado através de uma visão que justifique e legitime a norma penal incriminadora.
Este conteúdo material traz mais DOIS PRINCÍPIOS: O PRINCÍPIO DA
ADEQUAÇÃO SOCIAL E O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
Código:
CP Art. 334 - Importar ou exportar mercadoria proibida ou
iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto
devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 1º - Incorre na mesma pena quem:
a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
permitidos em lei
b) pratica fato assimilado, em lei especial, a
contrabando ou descaminho;
c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País
ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de
introdução clandestina no território nacional ou de importação
fraudulenta por parte de outrem;
d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de
documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem
falsos.
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou
clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em
residências.
§ 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de
contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo.
Lei 10522/2002 valores maiores de R$ 100,00 não são insignificantes. Valores entre
R$100 e 10.000 -> arquivamento até que se alcance os R$10.000. Não se trata de
renúncia, mas somente denota a polític aquanto a prioridade da cobrança imediata dos
valoers mais considerados. Não se deve falar de princípio da insignificância. ESTE
ENTENDIMENTO NÃO É O QUE PREVALECE.
21. PRINCÍPIO DO INDUBIO PRO REO – Para Zafaroni o IN DUBIO PRO REO
também é princípio de DP. Para a maioria dos autores trata-se de princípio processual
penal.
Código:
CRIME HEDIONDO. PROGRESSÃO.
Discute-se se ao paciente condenado por crime hediondo cometido
antes da Lei n. 11.464/2007 deve ser aplicada a progressão de
regime de acordo com o art. 112 da Lei de Execução Penal (1/6 do
cumprimento da pena). Observou a Min. Relatora que, antes mesmo
da edição da Lei n. 11.464/2007, o STF entendeu ser possível a
progressão de regime nos crimes hediondos porque sua
impossibilidade feriria o princípio da individualização das
penas, o qual compreende os regimes de seu cumprimento. A
decisão do STF não só alcançou o caso examinado, mas todas as
penas ainda em execução. Explica, ainda, que a Lei n.
11.464/2007 adaptou a Lei dos Crimes Hediondos à decisão do STF,
mas também criou novos parâmetros à progressão de regime.
Entretanto esses novos limites não alcançam os crimes cometidos
anteriormente à citada lei, que estão sob a regência dos limites
determinados na lei antiga; de outra forma, seria ferir o
preceito constitucional que determina a irretroatividade da
norma mais gravosa aos delitos cometidos anteriormente à sua
vigência. Com esses esclarecimentos, a Turma concedeu a ordem.
Precedente citado: HC 90.378-MS, DJ 17/12/2007. HC 93.718-MS,
Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG),
julgado em 4/3/2008.
É possível a progressão de regime em matéria de crimes hediondos
(11464/07) a partir desta lei. A lei introduziu no ordenamento
jurídico o que já era entendimento no pleno do STF. Mas houve a
instituição de requisitos específicos mais rigorosos que a LEP.
Portanto a lei 11464/07 não retroage para atingir os crimes
cometidos antes de sua publicaçào, pois é lei nova mais gravosa.
Vale então a regra anterior da LEP.
O Direito Penal está legitimado a agir quando houver o fracasso dos demais ramos do
direito acrescido da relevante lesão ou pergio de lesão ao em jurídico tutelado,
Ninguém pode ser punido por FATO que a lei... (CP art 2º) Não se pune a pessoa pelo
que ela pensa, nem pelo que ela é (Direito Penal do Autor), Pune-se apenas a pessoa
pelo fato que ela pratica (Direito Penal do Fato – Brasil).
Na Lei das Contravenções Penais, o art 59 é DIREITO PENAL DO AUTOR. Colide
com o prinçipio da exteriorização e não foi recepcionado pela CF 88.
E os crimes de perigo abstrato. O perigo abstrato não precisa ser comprovado, pois é
absolutamente presumido por lei. O perigo concreto precis aser comprovado e pode ser
determinado (contra alguém) ou indeterminado (sem vítima certa).
Os crimes de perigo abstrato ferem o princípio da lesividade e o princípio da ampla
defesa (porque são absolutamente presumidos pela lei). O STF está discutindo esta
questão do perigo abstrato e concreto ao tratar do porte armas MUNICIADAS OU
DESMUNICIADAS.
Se a arma NÃO está municiada. E não pode ser municiada = perigo abstrato.
Se a arma está municiada ou pode ser municiada = perigo concreto.
Segundo o Prof. para o STF não há crimes de perigo abstrato. O MP quer que todas as
situações sejam consideradas perigo concreto.
TODAVIA NÃO É BEM ISTO QUE ESTÁ NO INFORMATIVO 497 DO STF que
segue abaixo:
Código:
A Turma iniciou julgamento de habeas corpus em que a Defensoria
Pública da União sustenta que o simples porte de munição sem
autorização legal não representaria ofensa ao bem jurídico
protegido pela Lei 10.826/2003, qual seja, a paz social. O Min.
Joaquim Barbosa, relator, indeferiu o writ, no que foi
acompanhado pelo Min. Eros Grau. Ressaltando que a intenção do
legislador fora de tornar mais rigorosa a repressão aos delitos
relativos às armas de fogo, considerou que o crime de porte de
munição seria de perigo abstrato e não feriria as normas
constitucionais nem padeceria de vícios de tipicidade. Enfatizou
que a aludida norma tem por objetivo a proteção da incolumidade
pública, sendo dever do Estado garantir aos cidadãos os direitos
fundamentais relativos à segurança pública. Ademais, asseverou
que, no caso, o paciente também fora condenado, em concurso
material, pela prática do crime de receptação, não sendo o porte
de munição um fato isolado. Assim, tendo em conta essas
particularidades, concluiu no sentido da tipicidade material da
conduta, aduzindo que, para se afirmar o contrário, seria
exigível o revolvimento das provas dos autos, incabível na via
eleita. Após, o julgamento foi suspenso em virtude do pedido de
vista do Min. Cezar Peluso.
HC 92533/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 4.3.2008. (HC-92533)
2. P. DA INTRANSMISSIBILIDADE DA PENA
3. P. DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
4. P. DA HUMANIDADE DAS PENAS
5. P. DA EXECUÇÃO DA PENA DE FORMA HUMANA E DIGNA
6. PREVALÊNCIA DOS DIREITOS HUMANOS NAS RELAÇÕES
INTERNACIONAIS.
7. P. DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
8. P. DA FRAGMENTARIEDADE –
9. P. DA PROPORCIONALIDADE
10. P. DA INSIGNIFICÂNCIA
11. P. DA CULPABILIDADE
12. P. DA OFENSIVIDADE, LESIVIDADE
13. P. DA TAXATIVIDADE
14. P. DA VEDAÇÃO DA DUPLA PUNIÇÃO PELO MESMO FATO
15. P. DA LEGALIDADE.
16. P. DA RESERVA LEGAL (PRL).
17. P. DA ANTERIORIDADE
18. ANALOGIA IN MALAM PARTEM
19. P. DA ADEQUAÇÃO SOCIAL
20. P. DA INSIGNIFICÂNCIA
21. P. DO INDUBIO PRO REO
22. P. DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
23. P. DA MATERIALIZAÇÃO OU EXTERIORIZAÇÃO DO FATO
24. P. DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS
3. Fragmentariedade
4. Intervenção mínima
5. Lesividade
6. Insignificância
7. Culpabilidade
8. Humanidade
9. Proporcionalidade
10. Estado de inocência - LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória. Não existe no Brasil a culpa presumida. A pena
só pode ser executada após transitar em julgado. Quando a condenação se torna
irrecorrível.
Princípio do Estado de inocência x direito de recorrer em liberdade. CPP 594: o réu não
poderá apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança, salvo se for primário e de bons
antecedentes, assim reconhecidos na sentença condenatória, ou condenado por crime de
que se livre solto. Para Francisco Dirceu Barros este artigo não está revogado. STJ nº9 –
A exigência da prisão provisória, para apelar, não ofende a garantia constitucional da
presunção de inocência.
11. Igualdade - Todos são iguais perante a lei CF art 5º caput. Portanto o delinquente
não pode ser discriminado em razão de cor, sexo, religião raça, procedência, etnia...
14. Oficialidade - ocorrendo uma infração penal, é incumbência do Estado agir, através
do órgão do MP. Não tem vigência para a ação penal privada (Meu comentário: parece
mais um princípio de DPP do que de DP)
15. Indisponibilidade – O MP não pode desistir da Ação Penal ( não tem vigência para
a ção penal privada). Mas há exceções: 1. art 89 da lei 9099/95 – institui a suspensão
condicional do processo para as infrações de pequeno e médio potencial ofensivo, posto
que o MP, obedecidos certos requisitos e pressupostos, passou a dispor da ação penal. 2.
art 37, IV da lei 10409/2002 : recebidos os autos do inquérito em juízo, dar-se-á vista ao
MP para no prazo de 10 dias adotar uma das seguintes providências – IV – deixar
justificadamente, de propor ação penal contra os agentes ou partícipes de delitos. - esta
lei dispõe sobre a prevenção, o tratamento, a fiscalização, controle e a repressão à
produção, ao uso e ao tráfico ilícito de produtos, substâncias ou drogas ilítcas que
causem dependência física ou psíquica. 3. Na mesma lei, no art 32 §3º há mais um
aexceção ao princípio da indisponibilidade: “se o oferecimento da denúncia tiver sido
anterior à revelação, eficas, dos demais integrantes da quadrilha, grupo, organização ou
bando, ou da localização do produto, substância ou droga ilícita, o juiz, por proposta do
representante do MP, ao profesrir a sentença poderá deixar de aplicar a pena, ou reduzi-
la de 1/6 a 2/3 justificando sua decisão.
16. Obrigatoriedade – é dever do MP a propositura da ação penal, verificadas as
condições da ação e os pressupostos processuais que legitimem sua atuação. A lei
9099/95 criou o instituto da transação penal e mitigou o princípio da obrigatoriedade,
pois o MP pode deixar de oferecer a denúncia em razão da transação penal. O autor
chama isto de PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE REGRADA, pois como no caso
comentada, ainda existe a possibilidade jurídica de o MP nos limites previstos em lei,
dispor da ação penal.
17. Indivisibilidade - a ação penal deve ser proposta contra todos aqueles que
concorrem para a infração. Há exceção quando entre algum ou alguns dos querelados ou
algum ou alguns dos querelantes houver a composição civil. Havendo a composição
civil com um dos querelados, por exemplo, a ação penal continuará contra os outros
querelados que não se compuseram na esfera civil. A exceção ocorre apenas na ação
penal privada.
18. Intranscendência
19. Confiança
24. Taxatividade
29. Ofensividade
32. Irrelevância penal do fato. Aplica-se à infração bagatelar imprópria (que ocorre
quando a infração nasce relevante, mas depois, dainte do baixo desvalor da
culpabilidade, a pena torna-se desnecessária). Ex. Agente que mediante ameaça rouba
R$ 1,00. É diferente do princípio da insignificância. Neste caso a jurisprudência não
admite a aplicação do princípio da insignificância. Aqui o agente é PROCESSADO
NORMALMENTE. Foi preso em flagrante, mas tem bons antecedentes, é pai de
família, trabalhador, arrependeu-se , já está preso há alguns meses... a pena pode se
tornar desnecessária. CP59.
]CPP Art. 186. Antes de iniciar o interrogatório, o juiz observará ao réu que, embora
não esteja obrigado a responder às perguntas que Ihe forem formuladas, o seu silêncio
poderá ser interpretado em prejuízo da própria defesa.
[code CPP Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da
acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu
direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser
interpretado em prejuízo da defesa. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
CPP Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir
elemento para a formação do convencimento do juiz. [/code]