Anda di halaman 1dari 57

O

OQ UE A
QUE ASSPESS
PESSO AS P
OAS ORTADORAS
PORTADORAS
DE
DE NE
NECESS
ECESSIIDADES
DADES ESPECIAIS P
ESPECIAIS RECISAM
PRECISAM
SABER S
SABER OBRE S
SOBRE EUS D
SEUS IREITOS
DIREITOS

A utora :: P
Autora rofaa.. V
Prof era LLúcia
Vera úcia LL.. D ias –– IINES
Dias NES // U NESA
UNESA

1
FICHA CATALOGRÁFICA

Cartilha da inclusão dos direitos da pessoas com


deficiência/autora: Vera Lúcia Lopes Dias -
Rio de Janeiro : INES /UNESA, 2003.
57p.

1. Deficientes – Direitos civis.2. Cidadania.


3. Sociedade inclusiva. I. Dias, Vera Lúcia L.
II. INES/UNESA. III. Título.

É permitida a reprodução do texto no todo ou em partes desde que citada a


fonte ( endereço do site : www.veradias.pro.br/inclusao ) e o nome da
autora..

2
Caro leitor,

Esta cartilha trata das idéias e direitos relativos à inclusão. Ela surgiu
da preocupação e da necessidade de estimular e divulgar os direitos das
pessoas portadoras de necessidades especiais e , ao mesmo tempo, ser um
guia para pais desses portadores. Para isso, o texto pretende ser claro e de
fácil consulta.

Para elaborá-la contei com a inestimável ajuda de diversos


profissionais amigos, cada um na sua especialidade (psicólogos,
advogados, professores, fonoaudiólogos, pedagogos e médicos), de quem
recebi valioso apoio e colaboração. Seria impossível aqui citar o nome de
todos, sem correr o risco de esquecer algum deles, mas tenho um
agradecimento especial à equipe do INES, que me ofereceu vasto material
de pesquisa e colocou à minha disposição seus excelentes profissionais de
ensino. A todos meu muito obrigada, vocês foram simplesmente o máximo
e o sucesso dessa cartilha deve ser, em grande parte , creditado a vocês.

Preferi nessa cartilha utilizar o termo pessoas portadores de


necessidades especiais no lugar de pesssoas com deficiência, pois
acredito que o segundo termo tem uma conotação muito forte e além
disso, sinaliza que a pessoa inteira é deficiente. Isso cria um rótulo muito
prejudicial, fazendo as pessoas pareceram totalmente incapacitadas. E a
inclusão visa justamente desenvolver ao máximo o potencial dessas
pessoas através da convivência harmoniosa delas em sociedade.

A inclusão é uma proposta, um ideal. Se quisermos que nossa


sociedade seja acessível, que dela todas as pessoas portadoras de
necessidades especiais possam participar em igualdade de oportunidades,
é preciso fazer desse ideal uma realidade a cada dia. A ação de cada um de
nós, das instituições e dos órgãos, deve ser pensada e executada no
sentido de divulgar os direitos, a legislação e implementar ações que
garantam o acesso de todos.

Sabemos que mudar o contexto atual de uma hora para outra é


impossível. Desejar uma sociedade acessível e se empenhar pela sua
construção não pode significar o impedimento de acesso das pessoas
portadoras de necessidades especiais aos serviços atualmente oferecidos.
Pelo contrário. Enquanto temos nossos pés na realidade, mantemos nosso
olhar no ideal. Queremos, o quanto antes, inclusão! Igualdade de
oportunidades para todos. Para que esta cartilha seja assunto do passado!

Profa. Vera Lúcia L. Dias

3
SUMÁRIO
OBS: Aperte a tecla CTRL e o mouse sobre o link para ir ao local desejado

INTEGRADOS E EXCLUÍDOS .................................................................................. 5

SOCIEDADE INCLUSIVA: AFINAL, O QUE É ISTO? ................................ 7

VOCÊ SABIA? .................................................................................................................. 9

AS PALAVRAS MOVEM MONTANHAS .............................................................. 10

BOAS PERGUNTAS ..................................................................................................... 11

O DIREITO À EDUCAÇÃO ........................................................................................... 19


O DIREITO À SAÚDE.................................................................................................... 23
O DIREITO AO TRABALHO ........................................................................................ 25
OUTROS DIREITOS ...................................................................................................... 29

CONSELHOS E ESCLARECIMENTOS AOS PAIS DE PORTADORES


DE NECESSIDADES ESPECIAIS................................................................34

4
“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”.
Livro dos Conselhos
(José Saramago, Ensaio sobre a cegueira)

INTEGRADOS E EXCLUÍDOS (voltar)

Estamos vivendo um momento histórico muito importante.


Vários segmentos sociais lutam por seus direitos de inclusão na sociedade.
É o que acontece com as mulheres, negros, sem-terra e tantos outros
excluídos.
Embora não tenham alcançado plenamente sua inclusão na sociedade,
muito já avançaram.
Como esses, há um outro grupo de excluídos, as pessoas portadoras de
necessidades especiais , que não têm acesso aos direitos que devem pertencer
a todos: educação, saúde, trabalho, locomoção, transporte, esporte, cultura e
lazer.
Leis têm sido criadas para a garantia desses direitos, o que já é um grande
passo. Mas, apesar delas, percebemos que excluímos as pessoas que
consideramos diferentes.
Precisamos, então, conhecer e reconhecer essas pessoas que vivem à nossa
volta, excluídas por nossa própria ação.
Se desejamos realmente uma sociedade democrática, devemos criar uma
nova ordem social, pela qual todos sejam incluídos no universo dos direitos e
deveres.
Para isso, é preciso saber como vivem as pessoas portadoras necessidades
especiais , conhecer suas expectativas, necessidades e alternativas.
Como isso que acontece comigo se passa com o outro que é diferente de
mim? Como funciona a casa de uma família de deficientes auditivos? Como é
ser pai ou mãe de um garoto que não enxerga? Como é ser filho de uma mãe
que não enxerga? Como é a vida de uma pessoa que precisa de uma cadeira de
rodas para se locomover? Como uma pessoa portadora da síndrome de Down
aprende ?

5
Essas perguntas podem nos levar a pensar nas dificuldades e conquistas
desses excluídos e na possibilidade de concretização dos seus direitos:
soluções simples e concretas para que possam ir e vir; planejamentos eficazes
para que possam estar nas salas de aula; plena assistência à saúde; qualificação
profissional; emprego; prática de esporte; cultura e lazer.
Isso só se realizará se cada um de nós se fizer a pergunta: o que eu posso
fazer, como empresário, bombeiro, professor, balconista, comerciante,
funcionário público, engenheiro, médico, advogado, dona de casa, motorista
de ônibus, entregador, para contribuir na inclusão daqueles que são apenas
diferentes de mim?
Buscar respostas para essa pergunta é um aprendizado nem sempre fácil:
exige o desejo de conhecer, de se arriscar, de se envolver e agir. Mas seja qual
for a atitude que tomemos, ousar e tentar mudar o quadro atual, é melhor do
que cruzar os braços e não fazer nada, sob o pretexto de que a sociedade ainda
não está madura para isso.
Buscar respostas e ter a ousadia de questionar o status quo para mudá-lo é
construir uma sociedade inclusiva.

6
“Incluir. 1. Compreender, abranger.
2. Conter em si; envolver”.
(Adaptação do Novo Dicionário
da Língua Portuguesa – Aurélio B. Holanda)

SOCIEDADE INCLUSIVA: AFINAL, O QUE É ISTO? (voltar)

Diante de tantas mudanças que hoje vemos eclodir na evolução da


sociedade, surge um novo movimento, o da inclusão, conseqüência da visão
de um mundo democrático, no qual pretendemos respeitar direitos e deveres.
A limitação da pessoa não diminui seus direitos: é cidadã e faz parte da
sociedade como qualquer outra. Chegou o momento de a sociedade se
preparar para lidar com a diversidade humana.
Todas as pessoas devem ser respeitadas, não importa o sexo, a idade, as
origens étnicas, a opção sexual ou as deficiências.
Uma sociedade aberta a todos, que estimula a participação de cada um,
aprecia as diferentes experiências humanas e reconhece o potencial de todo
cidadão é denominada sociedade inclusiva.
A sociedade inclusiva tem como objetivo principal oferecer oportunidades
iguais para que cada pessoa seja autônoma e autodeterminada.
Dessa forma, a sociedade inclusiva é democrática, reconhece todos os
seres humanos como livres, iguais e com direito a exercer sua cidadania.
Ela é, portanto, fraterna: busca todas as camadas sociais, atinge todas as
pessoas, sem exceção, respeitando-as em sua dignidade.
Para que uma sociedade se torne inclusiva, é preciso cooperar no esforço
coletivo de sujeitos que dialogam em busca do respeito, da liberdade e da
igualdade.
Como sabemos, nossa sociedade ainda não é inclusiva. Há grupos de
pessoas discriminadas até mesmo nas denominações que recebem: inválido,
excepcional, deficiente, mongol, down, manco, ceguinho, aleijado, demente...
Essas palavras revelam preconceito. Através delas, estamos dizendo que
essas pessoas precisam mudar para que possam conviver na sociedade. O
problema é do surdo, que não entende o que é dito na TV, e não da emissora,
que não coloca a legenda; é do cego, por não saber das novas leis, e não do
poder público, que não as divulga oralmente ou em braile; é do deficiente
físico, que não pode subir escadas, e não de quem aprovou uma construção
7
sem rampas. Assim, dizemos que é responsabilidade da pessoa com
deficiência a sua integração à sociedade.
Diferentemente, o termo inclusão indica que a sociedade, e não a pessoa, é
que deve mudar. Para isso, até as palavras e expressões para designar as
diferenças devem ressaltar os aspectos positivos e, assim, promover mudança
de atitudes em relação a essas diferenças.
É nosso dever fornecer mecanismos para que todos possam ser incluídos.

8
VOCÊ SABIA? (voltar)

Conforme o art. 3 e 4 do capítulo 1 do Decreto Federal 3.298, de 20 de


dezembro de 1999, entende-se que:
DEFICIÊNCIA é todo e qualquer comprometimento que afeta a
integridade da pessoa e traz prejuízos na sua locomoção, na coordenação de
movimentos, na fala, na compreensão de informações, na orientação espacial
ou na percepção e contato com as outras pessoas.
A deficiência gera dificuldades ou impossibilidades de execução de
atividades comuns às outras pessoas, e, inclusive, resulta na dificuldade da
manutenção de emprego.
Por isso, muitas vezes, é necessária a utilização de equipamentos diversos
que permitam melhor convívio, dadas as barreiras impostas pelo ambiente
social. (art.3, inciso I)
Diante disso, a Constituição Federal de 1988 dispensou tratamento
diferenciado às pessoas portadoras de necessidades especiais.
DEFICIÊNCIA FÍSICA é todo comprometimento da mobilidade, da
coordenação motora geral e da fala, causada por lesões neurológicas,
neuromusculares e ortopédicas ou ainda por má formação congênita ou
adquirida. (art. 3, inciso I)
DEFICIÊNCIA MENTAL é um atraso ou lentidão no desenvolvimento
cognitivo adquirido até os 18 anos que pode ser percebido na maneira de falar,
caminhar, escrever, autocuidado, entre outros. O grau de deficiência mental
varia de leve a profundo.(art. 3, inciso IV)
DEFICIÊNCIA VISUAL é a perda ou redução da capacidade visual em
ambos olhos em caráter definitivo e que não possa ser melhorada ou corrigida
com uso de tratamento cirúrgico, clínico e/ou lentes. O Decreto 3298
considera deficiente visual a pessoa que tem dificuldade ou impossibilidade
de enxergar a uma distância de 6 metros o que uma pessoa sem deficiência
enxergaria a 60 metros, após a melhor correção, ou que tenha o campo visual
(área de percepção visual) limitada a 20%, ou com ambas as situações. (art. 4,
inciso III)
DEFICIÊNCIA AUDITIVA é a perda total ou parcial da capacidade de
compreender a fala através do ouvido. Pode ser surdez leve – nesse caso, a
pessoa consegue se expressar oralmente e perceber a voz humana com ou sem
a utilização de um aparelho. Pode ser, ainda, surdez profunda.(art 4, inciso II)

9
“Ai, palavras, ai palavras, que estranha potência, a vossa!”
(Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência)

AS PALAVRAS MOVEM MONTANHAS (voltar)

As palavras agem sobre as pessoas. Podem ou não discriminar. O que


dizemos mostra o que pensamos, o que desejamos, o que fazemos. Palavra é
ação. Palavras diferentes produzem sentidos diferentes.
Por isso, quando dizemos que alguém é um deficiente físico, estamos
discriminando essa pessoa.
Veja como tudo muda se falamos de pessoas com deficiência ou pessoa
portadora de necessidades especiais . Nesse caso, a pessoa não é deficiente,
mas apresenta uma deficiência, o que é outra idéia.
Portanto, uma boa forma de mudar o mundo é mudar as palavras que
usamos.
Pode crer: as pessoas dizem aquilo em que acreditam.

10
BOAS PERGUNTAS (voltar)

1 - A lei garante os direitos das pessoas portadoras de deficiência?


Sim. A Lei Federal 7.853, de 24 de outubro de 1989, estabelece os direitos
básicos das pessoas portadoras de deficiência.
Além dessa lei, o Decreto 3.956, de 08 de outubro de 2001.
Promulga a Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência.
Essa convenção visa derrubar a discriminação, bem como à promoção de
medidas que assegurem a integração das pessoas com deficiência à
sociedade, através do estabelecimento de normas gerais para os países
que fazem parte da mesma.

A Convenção mencionada reafirma que as pessoas portadoras de


necessidade especial têm os mesmos direitos humanos e liberdades
fundamentais que outras pessoas e que constitui um direito do portador
de deficiência, inclusive, não ser alvo de discriminação uma vez que
dignidade e igualdade são inerentes a todo ser humano.

2 – Quais as obrigações assumidas por esses países que assinaram a


Convenção?

Tomar medidas necessárias para eliminar a discriminação contra


as pessoas portadoras de deficiência, medidas para que os edifícios, os
veículos e as instalações que venham a ser constituídos ou fabricados
facilitem o transporte, a comunicação e o acesso das pessoas portadoras
de necessidade especial e medidas para eliminar, na medida do possível,
os obstáculos arquitetônicos, de transporte e comunicações que existam,
com a finalidade de facilitar o acesso e uso por parte das pessoas
portadoras de deficiência, introduzindo a noção de acessibilidade (art. III,
1, a, b e c).

Os países devem tomar medidas de caráter legislativo, social,


educacional, trabalhista ou de qualquer outra natureza que sejam
necessárias para eliminar a discriminação. (art. III, 1).

11
3 – Toda e qualquer diferenciação relativas às pessoas portadoras de
necessidades especiais a é uma forma de discriminação?

A convenção esclarece que não é discriminação a diferenciação ou


a preferência adotada pelos países para promover a integração social ou o
desenvolvimento pessoal dos portadores de necessidades especiais , desde
que a diferenciação ou a preferência não limite o direito à igualdade
dessas pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal diferenciação
ou preferência (art. I, 2, “b”).

4 - Quais são os crimes previstos na Lei Federal 7.853/89 contra as pessoas


portadoras de necessidades especiais ?
Segundo seu artigo 8º, constitui crime punível com reclusão (prisão) de 1 a
4 anos e multa:
a) Recusar, suspender, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a
inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau,
público ou privado, porque é portador de deficiência.
b) Impedir o acesso a qualquer cargo público, porque é portador de
deficiência.
c) Negar trabalho ou emprego, porque é portador de deficiência.
d) Recusar, retardar ou dificultar a internação hospitalar ou deixar de
prestar assistência médico-hospitalar ou ambulatorial, quando possível, a
pessoa portadora de deficiência.
5 - Como a pessoa portadora de necessidade especial pode agir contra
tais crimes?
Ela pode apresentar representação diretamente junto a uma delegacia de
polícia ou ao Ministério Público Federal, ao Ministério Público Estadual e à
Comissão de Direitos Humanos da OAB.

6- Existe algum outro meio de defesa dos direitos das pessoas portadoras
de necessidades especiais ?

Sim. A Lei Estadual 13.799, de 20 de dezembro de 2000, cria o


Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência.

12
O Conselho é um órgão deliberativo, paritário (composto por doze membros
da área governamental e doze da área não-governamental) e tem como
finalidade principal a definição das Políticas Públicas estaduais de atenção às
pessoas portadoras de deficiência.

13
O DIREITO DE IR E VIR (VOLTAR)

7 - O que é acessibilidade?
É a possibilidade e a condição de alcance para utilização, com segurança e
autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações,
dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora
de necessidades especial ou com mobilidade reduzida.
8 - Então a acessibilidade não se refere somente ao meio físico?
Não, hoje o moderno conceito de acessibilidade envolve o ambiente físico,
como as edificações e os transportes, e também o acesso aos meios de
comunicação (rádio, televisão...).
Assim, a Lei Federal 9.045, de 18 de maio de 1995, determina que as
editoras deverão permitir a reprodução de obras e demais publicações,
por elas editadas sem qualquer remuneração, desde que haja
concordância dos autores, para que a reprodução seja feita por Imprensa
Braille ou centros de produção de Braille, credenciados pelo Ministério
da Educação e do Desporto e pelo Ministério da Cultura, e o material
transcrito se destine, sem finalidade lucrativa à leitura de pessoas cegas.
Outra lei que trata do assunto é a Lei Estadual 13.623, de 11 de julho
de 2000, dispondo sobre a utilização de recursos visuais destinados aos
portadores de deficiência auditiva na veiculação de propaganda oficial. O
artigo 1º determina que as mensagens de publicidade de atos, programas,
serviços e campanhas da administração direta e indireta do Estado
veiculadas na televisão terão tradução simultânea para a língua de sinais
e serão apresentadas em legendas, com o objetivo de se tornarem
acessíveis aos portadores de deficiência auditiva.

9 - A acessibilidade ao meio físico vem garantida em lei?


Sim, a Constituição Federal de 1988, no seu artigo 227, parágrafo 2º,
estabelece que a lei disporá sobre normas de construção de logradouros e de
edifícios de uso público e sobre normas de fabricação de veículos de
transporte coletivo, a fim de garantir o acesso adequado às pessoas portadoras
de deficiência.
As Leis 7.853/89 e 10.098/00 são federais. A primeira estabelece o
apoio às pessoas portadoras de necessidade especial e a segunda
estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de necessidade especial ou com
14
mobilidade reduzida às vias públicas, parques, espaços públicos, edifícios
públicos ou de uso coletivo, edifícios privados, veículos de transporte
coletivo e sistemas de comunicação e sinalização. Há também o Decreto
Federal 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que regulamentou a Lei
7.853/89.
A Lei Federal 10.226, de 15 de maio de 2000, por sua vez, acrescenta
parágrafos ao art. 135 do Código Eleitoral determinando a expedição de
instruções aos juízes eleitorais, pelos Tribunais Regionais Eleitorais, para
orientá-los na escolha dos locais de votação de mais fácil acesso para o eleitor
portador de necessidade especial física.
A garantia da acessibilidade também está presente na Constituição
Estadual de 1989, art. 224, parágrafo 1º, e na própria Lei Estadual 11.666, de
9 de dezembro de 1994, que estabelece normas para acesso das pessoas
portadoras de necessidade especial aos edifícios de uso público. Com relação
à acessibilidade à comunicação, a Lei Estadual 13.623/00 determina que as
mensagens de publicidade de atos, programas, serviços e campanhas da
administração direta e indireta do Estado veiculadas na televisão terão
tradução simultânea para a língua de sinais e serão apresentadas em
legendas, com o objetivo de se tornarem acessíveis aos portadores de
deficiência auditiva.

10 - E por que a maioria dos locais e prédios públicos não é acessível?


O que muitas vezes dificulta o exercício do direito é que a lei, ou não
existe ou ainda não foi regulamentada. Isso constitui obstáculo à sua
implementação. Mas o cidadão deve procurar o Promotor de Justiça de sua
cidade ou um advogado e denunciar a falta de acessibilidade, pois a Lei
10.098/00 determina que tanto os edifícios públicos ou de uso coletivo como
os edifícios de uso privado devem ser acessíveis, conforme os arts. 11 a 15.
Também a Lei 10.048/00 determina, em seu art. 4º, que os logradouros e
sanitários públicos, bem como os edifícios de uso público, terão normas de
construção, para efeito de licenciamento da respectiva edificação, baixadas
pela autoridade competente, destinadas a facilitar o acesso e o uso desses
locais pelas pessoas portadoras de deficiência.
11 - O portador de necessidade especial tem direito a passe livre no
transporte coletivo interestadual?
Caso seja comprovadamente carente, o portador de necessidade especial
tem direito ao passe livre no sistema de transporte coletivo interestadual, nos

15
termos da Lei Federal 8.899, de 29 de junho de 1994. Essa lei foi
regulamentada pelo Decreto 3.691/2000 e determina que as empresas
permissionárias e autorizatárias de transporte interestadual de passageiros
reservarão dois assentos de cada veículo destinado a serviço convencional,
como cota do passe livre, para ocupação das pessoas beneficiadas pelo art. 1o
da Lei 8.899/94. O Decreto 3.691/2000 foi disciplinado pela Portaria 01/2001
do Ministério dos Transportes, que considera, para seus efeitos, que o
transporte coletivo interestadual compreende o transporte rodoviário e o
ferroviário de passageiros. Determina, ainda, que esse benefício deverá ser
requerido junto ao Ministério dos Transportes no seguinte endereço: Quadra 3,
bloco N, edifício Núcleo dos Transportes, primeiro andar, sala 11.100, Cep:
70.048-900, Brasília, Distrito Federal.
O Governo Federal regulamentou, no dia 8 de maio de 2201 a Lei
Federal 8.8999 que concede o passe livre. Havendo qualquer tipo de
dificuldade no exercício do seu direito, a pessoa deve procurar o Ministério
Público Federal.
No que se refere ao transporte coletivo, a Lei Federal 10.048/00
determina, em seu art. 3º, que as empresas públicas de transporte e as
concessionárias de transporte coletivo reservarão assentos, devidamente
identificados, aos idosos, gestantes, lactantes, pessoas portadoras de
necessidade especial e pessoas acompanhadas por crianças de colo. Além
disso, o art. 5º determina que os veículos de transporte coletivo a serem
produzidos após doze meses da publicação dessa Lei serão planejados de
forma a facilitar o acesso a seu interior das pessoas portadoras de deficiência.
12 - E no transporte coletivo intermunicipal? A pessoa portadora de
necessidades especial tem direito ao passe livre?
Apesar de a Lei Estadual 10.419, de 17 de janeiro de 1991, regulamentada
pelo Decreto 32.649/91, garantir esse direito, o Tribunal de Justiça do Estado
do Rio de Janeiro, em decisão de março de 2000, entendeu que as pessoas
portadoras de deficiência, bem como seu acompanhante (nos casos em que
o mesmo é necessário), têm direito à gratuidade do transporte somente na
área urbana, negando tal direito no âmbito intermunicipal.
13 - E quanto ao transporte coletivo municipal?
A Lei Municipal 7.649/99 dispensa a parada de veículo coletivo urbano
nos pontos estabelecidos quando houver solicitação de embarque e
desembarque de pessoas portadoras de necessidade especial física. Mas, na
área central e nos corredores de grande movimento de veículos, a parada fora
dos pontos é proibida.
16
Há também a Lei Municipal 5.636/89, regulamentada pelo Decreto
6.536/90, que garante o acesso de pessoas portadoras de deficiências físicas
aos ônibus urbanos através da instalação de elevadores hidráulicos, portas
largas e eliminação de obstáculos internos dos veículos. Essa lei determina
que a prefeitura só permitirá que veículos novos entrem em circulação se
vierem de fábrica com os equipamentos de que trata essa lei.
O Direito de ir e vir dos surdos também está garantido?
Sim. Segundo a Lei Federal 8.160, de 08 de janeiro de 1991, é
obrigatória a colocação, de forma visível, do “Símbolo Internacional de
Surdez” em todos os locais que possibilitem acesso, circulação e utilização
por pessoas portadoras de necessidade especial auditiva, e em todos os
serviços que forem postos à sua disposição ou que possibilitem o seu uso.
Já a utilização do “Símbolo Internacional de Surdez” para finalidade
outra que não seja a de identificar, assinalar ou indicar local ou serviço
habilitado ao uso de pessoas portadoras de necessidade especial auditiva
é proibida (arts. 1º, 2º e 3º da lei acima citada).

14 – É assegurado à pessoa portadora de necessidades especial física acesso


às casas de espetáculo?
Além da Lei Federal 10.098/00, que trata da acessibilidade de forma
ampla, o art. 3º, inciso IX, da Lei Estadual 11.666/94, assegura o direito a
local para cadeira de rodas, e, quando for o caso, a equipamentos de tradução
simultânea nos edifícios de uso público, como auditórios, anfiteatros e salas de
reunião e espetáculos, para não haver prejuízo da visibilidade e locomoção.
No município, há a Lei 7.556/98, que dispõe sobre instalações especiais
para a pessoa portadora de necessidades especial física em estabelecimentos
de lazer e determina que a casa de espetáculo, o cinema, o teatro e o
estabelecimento similar reservarão 2% (dois por cento) de sua capacidade de
lotação para a pessoa portadora de necessidades especial física, em espaço
com piso rebaixado para encaixe de cadeira de rodas, distribuído em vários
pontos.
15 – O portador de necessidade especial física permanente tem preferência
na aquisição da casa própria?
Sim. Segundo o art. 2º da Lei Estadual 11.048, de 18 de janeiro de 1993,
serão reservadas preferencialmente às pessoas portadoras de necessidade
especial física permanente 10% (dez por cento) das unidades habitacionais

17
construídas pelos programas de habitações populares financiados pelo poder
público.
16 – A pessoa portadora de necessidades especial física pode freqüentar
museus sem o constrangimento de não conseguir ter acesso?
Sim, a Lei 10.098/00 estabelece a acessibilidade de forma ampla. Além
disso, o art. 53 do Decreto 3.298/99 determina que as bibliotecas, museus,
locais de reunião, conferências, aulas e outros ambientes de natureza similar,
pertencentes à administração pública federal, disporão de espaços reservados
para a pessoa que utilize cadeira de rodas e de lugares específicos para a
pessoa portadora de necessidades especial auditiva e visual, e seu
acompanhante.
17 - Quando não forem cumpridos os direitos de acessibilidade, o que a
pessoa portadora de necessidades especial ou os familiares podem fazer?
Devem procurar um advogado, a OAB e, ainda, representar junto ao
Ministério Público Estadual ou ao Ministério Público Federal.

18
O DIREITO À EDUCAÇÃO (voltar)

18 - A pessoa com deficiência tem direito à educação?


Como qualquer cidadão, a pessoa com deficiência tem direito à educação
pública e gratuita assegurada por lei, preferencialmente na rede regular de
ensino e, se for o caso, à educação adaptada às suas necessidades em escolas
especiais , conforme estabelecido nos arts. 58 e seguintes da Lei Federal
9.394, de 20 de dezembro de 1996, art. 24 do Decreto 3.298/99 e art. 2º da
Lei 7.853/89.

19 - E se o direito for recusado?


Nesse caso, é preciso procurar a OAB e denunciar ao Ministério Público
Estadual ou ao Ministério Público Federal.
20- É garantido serviço de apoio especial izado, na escola pública regular,
para atender ao aluno portador de deficiência?
Sim. Conforme determina o § 1º do art. 58 da Lei Federal 9.394/96, o
poder público, havendo necessidade, é obrigado a equipar a escola, visando ao
atendimento eficaz da pessoa com deficiência.
Há também a Lei Municipal 6.590/94, que dispõe sobre a implantação de
ensino especial nas escolas públicas municipais e determina que o município
adotará sistema especial de ensino nas escolas da rede pública municipal,
objetivando a plena integração e o atendimento adequado a deficientes físicos
e mentais e a superdotados. O sistema especial de ensino abrangerá o pré-
escolar e todo o primeiro grau, com reciclagem de seus professores e
servidores e dotação de infra-estrutura física e de equipamentos adequados à
satisfação das exigências dessa lei, devendo ser ampliado até que atenda
integralmente a todos os seus destinatários residentes no município.
21 - O aluno com deficiência tem direito aos mesmos benefícios conferidos
aos demais educandos?
Sim, ele tem os mesmos direitos dos demais alunos, incluindo material
escolar, transporte, merenda escolar e bolsas de estudo, como assegura o
Decreto Federal 3.298/99, no seu art. 24, inciso VI.
22- É obrigatório que os futuros professores saibam a Língua Brasileira de
Sinais (Libras)?
Sim. A Lei Federal 10.436 de 24 de abril de 2002, reconhece como
meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais,
19
devendo ser garantidas formas de apoiar o uso e a difusão da mesma,
além de prever atendimento e tratamento adequado às pessoas com
deficiência auditiva por parte das instituições públicas e empresas
concessionárias de serviços públicos.
Também a Lei Estadual 10.379, de 10 de janeiro de 1991, no seu art. 3º,
determina que “fica incluída no currículo da rede pública estadual de ensino,
estendendo-se aos cursos de magistério, formação superior nas áreas das
ciências humanas médicas e educacionais, e às instituições que atendem ao
aluno portador de necessidade especial auditiva, a Língua Brasileira de
Sinais”.
No município, há a Lei 8.122/00, que acrescenta parágrafo ao art. 30 da
Lei 8.007/00, que determina que o executivo providenciará para que a língua
brasileira de sinais – libras – seja reconhecida como linguagem oficial no
município como forma de eliminação de barreiras na comunicação. O
executivo também estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas que tornem
acessível mensagem oficial à pessoa portadora de necessidade especial
sensorial e com dificuldade de comunicação, para garantir-lhe o direito de
acesso à informação.
23 - O portador de necessidade especial tem direito à educação
profissional?
Sim, o art. 59, inciso IV, da Lei Federal 9.394/96, e o art. 28, do Decreto
3.298/99, asseguram o seu acesso à educação especial para o trabalho, tanto
em instituição pública quanto privada, que lhe proporcione efetiva integração
na vida em sociedade. Nesse caso, as instituições são obrigadas a oferecer
cursos de formação profissional de nível básico, condicionando a matrícula do
portador de necessidade especial à sua capacidade de aproveitamento e não ao
seu nível de escolaridade. Ainda deverão oferecer serviços de apoio especial
izado para atender às peculiaridades da pessoa portadora de necessidade
especial , como adaptação de material pedagógico, equipamento e currículo;
capacitação de professores, instrutores e profissionais especial izados;
adequação dos recursos físicos, como eliminação de barreiras ambientais.
No âmbito estadual, há a Lei 11.944/95, que estabelece critérios para a
implantação de centros profissionalizantes previstos no art. 224 da
Constituição Estadual. Em seu art. 1º, determina que os centros
profissionalizantes para treinamento, habilitação e reabilitação profissional
do portador de necessidade especial e do acidentado no trabalho, previstos no
art. 224, IV, da Constituição do Estado, deverão ser instituídos de acordo com
as demandas regionais e locais e desenvolverão: programas de estágio ou

20
outra forma de treinamento remunerado para os portadores de deficiência e
para os acidentados no trabalho em processo de aprendizagem; inserção de
seus formandos no mercado de trabalho; acompanhamento de seus egressos
durante o período de adaptação profissional. O ingresso nos programas de
capacitação para o trabalho será precedido de teste de aptidão profissional e
orientação vocacional para aqueles que apresentem disfunções físicas,
sensoriais e mentais natas ou adquiridas antes do ingresso no mercado de
trabalho. Será precedido também de relatório médico que recomende a
reabilitação e a reciclagem profissional para os acidentados no trabalho. O
Sistema Nacional de Empregos – SINE – participará do encaminhamento dos
formandos ao mercado de trabalho.
Há no município a Lei 5.935/91, que dispõe sobre a criação de oficinas
públicas para formação profissional do portador de deficiência, de acordo com
o inciso IV do art. 175 da Lei Orgânica do Município. Essa lei determina que
as oficinas públicas previstas no inciso IV do art. 175 da Lei Orgânica do
Município deverão ser criadas a partir das Administrações Regionais e
manterão cursos permanentes de pedreiro, pintor de parede, jardineiro,
bombeiro, eletricista, marceneiro e serralheiro. O Decreto 7.846/94 dispôs
sobre a a criação de oficinas públicas para formação profissional do portador
de necessidade especial e autorizou a instalação, junto a cada Administração
Regional, de oficinas públicas para formação profissional do portador de
necessidade especial que devem obedecer aos princípios da educação especial
e objetivarão a reabilitação e a habilitação do portador de deficiência. A lei
prevê a oferta de cursos variados e o ingresso dar-se-á mediante teste de
aptidão profissional e orientação vocacional. As instalações das oficinas
deverão ser acessíveis, com a eliminação de obstáculos de ordem física,
arquitetônica ou relacionados à comunicação, que possam dificultar o
transporte e a livre movimentação nos locais de formação. Os equipamentos
deverão ser adaptados para atendimento das necessidades especiais do
portador de deficiência. Compete à Secretaria Municipal de Educação instalar
e manter as oficinas públicas, realizar os processos de seleção e orientação
profissional, após ampla divulgação dos cursos a serem ofertados, solicitar à
Secretaria Municipal de Abastecimento o fornecimento de merenda escolar
aos alunos aprendizes da oficina, realizar avaliações contínuas dos portadores
de deficiência matriculados nas oficinas, objetivando sua capacitação
profissional, e articular-se com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Social para encaminhamento dos alunos considerados capacitados
profissionalmente. Compete à Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Social, através de programa específico, encaminhar ao mercado de trabalho os
portadores de deficiência habilitados pelos cursos profissionalizantes. A
21
Secretaria Municipal de Saúde, através do Distrito Sanitário ou Centro de
Saúde mais próximo, prestará assistência aos inscritos nas oficinas, inclusive
avaliando-os quanto à sua capacidade para atuar nos cursos oferecidos.
24 - O portador de necessidade especial tem direito à educação superior?
Sim, como qualquer cidadão, o portador de necessidade especial tem
direito à educação superior, tanto em escolas públicas quanto privadas, em
todas as suas modalidades, conforme o art. 44, da Lei Federal 9.394/96, e o
art. 27, do Decreto 3.298/99. Essas modalidades são: cursos seqüenciais por
campo de saber, de diferentes níveis, abertos a candidatos que atendam aos
requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino; de graduação, abertos a
candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham
sido classificados em processo seletivo; de pós-graduação, abertos a
candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências
das instituições de ensino; e de extensão, abertos a candidatos que atendam
aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino.
25 - Quando ocorrem provas ou exames de seleção, as instituições de ensino
têm o dever de oferecer condições necessárias aos portadores de necessidade
especial ?
Sim, de acordo com o art. 27, do Decreto 3.298/99, as instituições de
ensino devem oferecer adaptações de acordo com as características dos
portadores de necessidade especial .
Nesse caso, o portador deve solicitar tais adaptações previamente.
26 - Quando não forem cumpridos esses direitos, o que a pessoa portadora
de necessidades especial pode fazer?
Ela deverá procurar a OAB e, ainda, representar junto ao Ministério
Público Estadual ou Ministério Público Federal.

22
O DIREITO À SAÚDE (voltar)

27 - O portador de necessidade especial tem direito a receber informações


do médico sobre sua deficiência e sobre as conseqüências que ela traz?
Sim, o art. 2º, parágrafo único, inciso II, da Lei Federal 7.853/89, assegura
esse direito a qualquer pessoa. Isso inclui informações sobre os cuidados que
ela deve ter consigo, notadamente no que se refere à questão do planejamento
familiar, às doenças do metabolismo e seu diagnóstico e ao encaminhamento
precoce de outras doenças causadoras de deficiências.
28 - Existe lei que garanta a habilitação ou a reabilitação do portador de
necessidade especial ?
Sim, conforme o art. 2º, parágrafo único, alíneas “c” e “d” da Lei Federal
7.853/89; arts.17,18, 21 e 22 do Decreto Federal 3.298/99 e art. 89 da Lei
Federal 8.213, de 8 de dezembro de 1991, regulamentada pelos Decretos
3.048/99 e 3.668/00, o poder público está obrigado a fornecer uma rede de
serviços especial izados em habilitação e reabilitação, bem como garantir o
acesso aos estabelecimentos de saúde públicos e privados.
29 – E se o portador de necessidade especial não puder se dirigir
pessoalmente ao hospital ou posto de saúde?
O direito a atendimento domiciliar de saúde é assegurado ao portador de
necessidade especial física grave pelo art. 2º, inciso II, alínea “e”, da Lei
Federal 7.853/89, e pelo art. 16, inciso V, do Decreto Federal 3.298/99.
30 - O que fazer se não houver cumprimento da lei pelo poder público?
O interessado deve procurar um advogado, a Defensoria Pública, alguma
entidade de defesa da categoria e, ainda, denunciar junto ao Ministério Público
Federal ou Ministério Público Estadual.
31 – Não havendo serviço de saúde no município onde o portador de
necessidade especial mora, o que deve ser feito?
O art. 2º, inciso II, alínea “e”, da Lei Federal 7.853/89, assegura o
encaminhamento do portador de necessidade especial ao município mais
próximo que contar com estrutura hospitalar adequada para seu tratamento.
Quanto à habilitação e reabilitação profissional, a Lei 8.213/91 determina, em
seu art. 91, a concessão de auxílio para tratamento ou exame fora do domicílio
do beneficiário.
32 - Os órgãos responsáveis pela saúde devem dispensar tratamento
prioritário e adequado aos portadores de necessidade especial ?

23
Sim, é o que determina o art. 16, inciso III, do Decreto Federal 3.298/99,
que prevê também a criação de rede de serviços regionalizados,
descentralizados e hierarquizados, voltados para o atendimento à saúde e a
reabilitação da pessoa portadora de deficiência.
33 - O portador de necessidade especial tem direito a instrumentos que o
auxiliem a vencer suas limitações físicas?
Sim, conforme os arts. 18, 19 e 20 do Decreto 3.298/99, o portador de
necessidade especial tem direito a obter, gratuitamente, órteses e próteses
(auditivas, visuais e físicas) junto às autoridades de saúde (federais, estaduais
ou municipais), a fim de compensar suas limitações nas funções motoras,
sensoriais ou mentais. Também a Lei 8.213/91 determina, no art. 89,
parágrafo único, alínea “a”, que a reabilitação profissional compreende o
fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para
locomoção, quando a perda ou redução de capacidade funcional puder ser
atenuada por seu uso, e dos equipamentos necessários à habilitação e
reabilitação profissional.
34 - E o direito a medicamentos?
A pessoa tem o direito de obter do poder público os medicamentos
necessários ao tratamento de saúde baseado na Lei Federal 8080 de 19 de
setembro de 1990, inciso VI, art. 6. Se não forem fornecidos, deve-se procurar
um advogado ou a Defensoria Pública, pois a justiça dá constantemente ganho
de causa nessas ações.
35 - Que providências podem ser tomadas em caso de a deficiência ocorrer
por erro médico?
O cidadão deve procurar um advogado, a Promotoria de Justiça do Erro
Médico ou uma das entidades listadas no final desta cartilha. Ele poderá
requerer o tratamento e, inclusive, uma indenização, se ficar comprovado que
houve realmente erro médico.

36 – Qual é o direito do portador de necessidade especial internado em


instituição hospitalar?
O art. 26, do Decreto 3.298/99, assegura o atendimento pedagógico ao
portador de necessidade especial internado na instituição por prazo igual ou
superior a um ano, com o intuito de garantir sua inclusão ou manutenção no
processo educacional.

24
A Lei Federal 10.216, de 06 de abril de 2001, cuida da proteção e dos
direitos da pessoa portadora de necessidades especial mental e
redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Os direitos e proteção
das pessoas acometidas de transtorno mental são assegurados sem
qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação
sexual, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos
e à gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno ou qualquer outro
fator. (art. 1).

37 - O portador de necessidade especial tem direito a desfrutar de plano de


saúde para tratamento de sua deficiência?
Sim, conforme o art. 14, da Lei Federal 9.656/98, de 3 de junho de 1998,
não pode haver impedimento de participação dos portadores de deficiência nos
planos ou seguros privados de assistência à saúde.
38 - Como é possível assegurar os direitos acima mencionados quando
forem violados?
Deve-se procurar um advogado, a Defensoria Pública e, ainda, representar
junto ao Ministério Público Estadual ou Ministério Público Federal.

O DIREITO AO TRABALHO (voltar)

39 - Quais são os direitos da pessoa portadora de necessidades especial no


que se refere aos concursos públicos (sociedades de economia mista,
autarquias, fundações públicas, União, Estados, municípios e Distrito
Federal)?
Há vários aspectos a serem considerados:
a) O art. 37, inciso VIII da Constituição da República Federativa do Brasil,
de 5 de outubro de 1988, prevê a reserva de cargos e empregos públicos para
pessoas com deficiência e, nesse sentido, a Lei Federal 8.112, de 11 de
dezembro de 1990, art. 5º, reserva um percentual dos cargos e empregos
públicos para as pessoas portadoras de necessidade especial e define os
critérios para sua admissão.
b) em concursos públicos federais (no âmbito da União Federal, ou seja,
empresas públicas federais, sociedades de economia mista públicas, autarquias
federais, fundações públicas federais e a própria União Federal), até 20% das
vagas são reservadas às pessoas portadores de deficiência. Esse percentual não

25
é o mesmo para cada Estado, município ou para o Distrito Federal, porque é a
lei de cada uma dessas entidades que irá estabelecer o percentual de quotas de
admissão para os portadores de deficiência.
No Rio de Janeiro , pela Constituição Estadual, art. 28, e a Lei
Estadual 11.867, de 28 de julho de 1995, tal percentual é de 10% (dez por
cento). O edital do concurso público deverá especificar, em separado, a
habilitação necessária ao exercício da atividade e o número de vagas
destinadas às pessoas portadoras de deficiência, considerando-se o
percentual definido no artigo 1º desta Lei (Parágrafo Único do art. 2º).
O município do Rio de Janeiro, por meio da Lei 6.661/94, art. 1º,
determina a reserva de 5% (cinco por cento) dos cargos e empregos públicos
de provimento efetivo do quadro de pessoal da administração direta e indireta
do poder executivo para pessoas portadoras de deficiência. Além disso, a Lei
5.776/90 assegura aos deficientes visuais, em seu art. 1º, o direito de
transcrição para o braile de provas de concursos públicos.
O Estado de São Paulo reservou, pela Lei Complementar 683, de 18 de
setembro de 1992, percentual de até 5% de cargos e empregos aos portadores
de deficiência. Já o Estado do Rio de Janeiro reservou um percentual mínimo
de 5%, conforme a Lei n.º 2482, de 14 de dezembro de 1995. A Lei n.º 3050,
de 1998, art. 3, inseriu, como condição de habilitação de qualquer empresa em
licitação e contratos com o poder público, o cumprimento das quotas da Lei
n.º 8213, de 1991.
c) os portadores de necessidades especiais têm preferência sobre os
demais, caso aprovados no concurso, independentemente de sua classificação.
d) se nenhum portador de necessidade especial for aprovado em um
concurso, desconsideram-se as vagas reservadas para os portadores de
necessidades espciais.
40 - O governo Federal possui algum programa de apoio à qualificação
profissional da pessoa com deficiência?
O Decreto Federal 219, de 19 de setembro de 1991, institui, no
âmbito do Ministério do Trabalho e Previdência Social, o Programa
Nacional de Educação e Trabalho (Plante).
O “Plante” visa, dentre outras finalidades descritas no artigo 1º,
inciso III, o favorecimento da ajuda mútua entre os organismos que
atuam direta ou indiretamente com formação de mão de obra, em ações
direcionadas à realização de programas especiais destinados aos jovens,

26
inclusive aos portadores de deficiência física, na perspectiva de sua
inserção no mercado de trabalho, observada a legislação vigente.
O Decreto cria uma série de atribuições ao Poder Público. Um
aspecto de difícil explicação é o fato de que o decreto em questão apenas
cita a pessoa portadora de necessidades especial física, nada dizendo com
relação a outros tipos de deficiência.

41 - O que acontece quanto ao trabalho em empresa privada?


O art. 7º, inciso XXXI da Constituição da República Federativa do Brasil,
de 5 de outubro de 1988, prevê proibição de qualquer ato discriminatório no
tocante a salário ou critério de admissão do empregado em virtude de portar
deficiência.
A Lei Federal n.º 8.213/91, art. 93, prevê que qualquer empresa com 100
(cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a
5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou
pessoas portadoras de deficiência, habilitadas.
O percentual a ser aplicado é sempre proporcional ao número total de
empregados das empresas, desta forma:
I - 100 até 200 empregados: 2%.
II - de 201 a 500: 3%
III - de 501 a 1000: 4%
IV - de 1001 em diante: 5%

42 - Todo portador de necessidade especial tem direito à reserva de vagas


em concursos públicos ou em empresas privadas?
Não, nem todos, a quota de reserva de empregos não se destina a qualquer
portador de necessidade especial, mas àqueles que estejam habilitados ou
reabilitados, ou seja, que tenham condições efetivas de exercer determinados
cargos. É preciso, então, que apresentem nível suficiente de desenvolvimento
profissional para ingresso e reingresso no mercado de trabalho e participação
na vida comunitária.

27
43- O que é a habilitação e a reabilitação?
É o processo que permite à pessoa com deficiência adquirir
desenvolvimento profissional suficiente para ingresso e reingresso no mercado
de trabalho, conforme o art. 89 da Lei Federal 8.213/91, arts. 17, 18, 21 e 22
do Decreto 3.298/99 e Ordem de Serviço 90 do Ministério da Saúde e
Previdência Social.
Para maiores informações sobre colocação e recolocação no mercado de
trabalho, deve-se procurar a Delegacia Regional do Trabalho e/ou a CAADE.

44 - O portador de necessidade especial pode ser dispensado, sem justa


causa, das empresas privadas?

Não pode. O artigo 93 da Lei Federal n.º 8.213/91 prevê que a dispensa só
pode ocorrer, nos contratos a prazo indeterminado, quando outro empregado
portador de necessidade especial for contratado no lugar do dispensado. Logo,
se tal substituição não ocorrer, cabe até a reintegração do empregado com os
consectários legais. O portador de necessidade especial tem, assim, uma
estabilidade por prazo indeterminado.

45 – Como fica a jornada de trabalho do responsável pelos cuidados da


pessoa portadora de necessidade especial ?
“Fica o poder público autorizado a reduzir para 20 (vinte) horas
semanais a jornada de trabalho do servidor público estadual legalmente
responsável por excepcional em tratamento especializado”. Tal benefício é
concedido por seis meses, podendo ser renovado por igual período, de acordo
com a necessidade (art. 1º e 3º da Lei Estadual 9.401, de 18 de dezembro de
1986, e Decreto 27.471/87).

46 – Caso os direitos dos trabalhadores portadores de deficiência forem


descumpridos, o que pode ser feito?
Deve-se procurar um advogado, a Delegacia Regional do Trabalho
(DRT/RJ) ou o Ministério Público do Trabalho.

28
ASSISTÊNCIA SOCIAL
47 - O Estado assegura algum benefício para as pessoas portadora de
necessidade especial ?

A Lei Federal 8.742, de 07 de dezembro de 1993, define a assistência


social (artigo 1º) como sendo um direito do cidadão e dever do Estado e
possui como objetivo, dentre outros, a habilitação e reabilitação das pessoas
portadoras de necessidade especial e a promoção de sua integração à vida
comunitária.

A Lei garante 01 um salário mínimo de benefício mensal à pessoa


portadora de necessidades especial que comprove não possuir meios de prover
a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família (cuja renda mensal
per capta seja inferior a ¼ do salário mínimo) e deve comprovar ser
incapacitada para a vida independente e para o trabalho, através de laudo
expedido por serviço que conte com equipe multiprofissional do SUS ou
INSS.

O benefício não poderá ser acumulado com qualquer outro no âmbito da


seguridade social, salvo o da assistência médica.

OUTROS DIREITOS (voltar)

48 – Qual direito tem a pessoa portadora de necessidades especial auditiva


de ser atendida nas repartições públicas?
A Lei Estadual 10.379/91, em seu art. 2º, determina que “o Estado
colocará, nas repartições públicas voltadas para o atendimento externo,
profissionais intérpretes da língua brasileira de sinais”.
49 – Há alguma lei que assegure à pessoa portadora de necessidades
especial tratamento adequado em restaurantes e estabelecimentos similares?
Sim. A Lei Municipal 7155/96 determina que os hotéis, restaurantes,
lanchonetes, bares e similares são obrigados a fornecer cardápio em braile aos
clientes portadores de deficiência visual.
50 – Há prioridade de atendimento para as pessoas com deficiência em
locais cujo atendimento é feito por ordem de chegada?

29
Sim. A Lei Municipal 6.059/92 assegura aos portadores de deficiência
física o direito de atendimento preferencial nos órgãos da administração
municipal, quando por ordem de chegada. Essa lei não se aplica nos casos em
que o número de pessoas atendidas for limitado. Há também a Lei Municipal
7.066/96, que assegura, nos locais públicos do município, atendimento
preferencial às pessoas idosas, aos portadores de deficiência física, às
gestantes e aos que apresentarem sinais visíveis de debilidade física.

51 – Há atendimento preferencial para pessoas com deficiência em


estabelecimentos do município do estado do Rio de Janeiro ?
Sim. Há a Lei Federal 10.048/00, que determina que as pessoas
portadoras de necessidade especial física, os idosos com idade igual ou
superior a sessenta e cinco anos, as gestantes, as lactantes e as pessoas
acompanhadas por crianças de colo terão atendimento prioritário em
repartições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos, através
de serviços individualizados que assegurem tratamento diferenciado e
atendimento imediato. Essa lei também assegura a prioridade de atendimento
em todas as instituições financeiras.
A Lei Municipal 7.317/97 determina que os estabelecimentos comerciais,
os de serviços e os similares do município darão atendimento prioritário a
gestantes, mães com crianças no colo, idosos e pessoas portadoras de
deficiência, devendo-se entender por prioridade a não sujeição a filas comuns,
além de outras medidas que tornem ágeis e fáceis o atendimento e a prestação
do serviço. No caso de serviços bancários, o direito será assegurado
indistintamente a clientes ou não clientes da agência bancária.
No âmbito estadual, há a Lei 10.820/92, que torna obrigatório o
atendimento prioritário, nas agências e postos bancários estabelecidos no
Estado, às pessoas aposentadas por tempo de serviço ou invalidez; às pessoas
com mais de 65 (sessenta e cinco) anos de idade; às pessoas portadoras de
necessidade especial física; às mulheres grávidas e lactantes e aos doentes
graves. Esse atendimento independe de as pessoas serem clientes do
estabelecimento bancário.
A Lei Estadual 12.054/96 torna obrigatório o atendimento prioritário, nas
repartições públicas do Estado, aos aposentados por tempo de serviço ou
invalidez; às pessoas com mais de 65 (sessenta e cinco) anos de idade; aos
portadores de deficiência física; aos doentes graves e às grávidas.
52 – Há alguma legislação que determine a adequação de agências
bancárias para o atendimento a pessoas com deficiência visual?
30
Sim. Há a Lei Estadual 13.738, de 20/11/00, que determina que as
agências e os postos bancários estabelecidos no Estado ficam obrigados a
emitir documentos em braile e a instalar equipamentos de informática
adequados ao atendimento dos portadores de deficiência visual. O art. 2º dessa
lei determina o prazo de sessenta dias para a sua regulamentação, o que ainda
não foi feito.
53 – Há alguma isenção de tributos específica para as pessoas com
deficiência?
Sim. Com relação ao IPVA, a Lei Estadual 12.735/97, regulamentada pelo
Decreto Estadual 39.387/98, determina, em seu art. 3º, que é isenta do IPVA a
propriedade de veículo de pessoa portadora de necessidades especial física,
quando adaptado por exigência do órgão de trânsito para possibilitar a sua
utilização pelo proprietário. O Decreto 39.387/98, em seu art. 5º, § 2º, 3,
determina que a isenção será reconhecida mediante requerimento
apresentado à administração fazendária da circunscrição do interessado,
acompanhado de laudo da perícia médica, fornecido pela Comissão de
Exames Especiais para Portadores de Deficiência Física do Departamento
Estadual de Trânsito do Rio de Janeiro (Detran/RJ), especificando o tipo de
defeito físico do requerente e atestando a sua total incapacidade para dirigir
automóveis comuns, bem como a sua habilitação para fazê-lo no veículo
adaptado, para cuja propriedade se requer a isenção. O Decreto 41.414/00
determina que será dispensado o laudo de perícia médica se a pessoa já
possuir a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), expedida no Estado, com
a especificação do tipo de veículo, bem como suas características especiais ,
que está autorizado a dirigir, conforme observação da Comissão de Exames
Especiais para Portadores de Deficiência Física do Detran/MG na CNH”.
Com relação ao IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, a Lei
Federal 8.989/95, alterada pela Lei Federal 10.182/01, determina, em seu art.
1º, inciso IV, que são isentos de pagamento desse imposto os automóveis
adquiridos por pessoas portadoras de necessidade especial física que não
possam dirigir automóveis comuns. O imposto incidirá normalmente sobre
quaisquer acessórios opcionais que não sejam equipamentos originais do
veículo adquirido, conforme o art. 5º. A lei determina, ainda, em seu art. 2º,
que esse benefício somente poderá ser utilizado uma vez. O art. 3º dispõe que
a isenção será reconhecida pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da
Fazenda, mediante prévia verificação de que o adquirente preenche os
requisitos previstos nessa lei.

31
A Lei Federal 8.687, de 20 de julho de 1993, retira da incidência do
Imposto de Renda os benefícios percebidos por doentes mentais. Não se
incluem entre os rendimentos tributáveis pelo Imposto de Renda as
importâncias percebidas por deficientes mentais a título de pensão,
pecúlio, montepio e auxílio, quando decorrentes de prestações do regime
de previdência social ou de entidades de previdência privada. (art. 1º).

A isenção do IR não se estende aos rendimentos dos portadores de


deficiência mental originários de outras fontes de receita, ainda que sob a
mesma denominação dos benefícios anteriormente citados. (art. 2º).

54 – A pessoa portadora de necessidade especial tem direito a algum


documento de identificação especial ?
Sim. O Decreto Estadual 39.513/98 instituiu a Carteira de Identificação
Especial dos portadores de deficiência mental, que é expedida pelas
Secretarias de Estado da Saúde e da Segurança Pública, através da
Coordenadoria de Orientação a Pais/Responsáveis por Pessoas Portadoras
de Deficiência, à vista de laudo médico, diagnóstico clínico e especificação
dos cuidados especiais que deverão ser dispensados ao seu portador. A
Carteira de Identificação Especial conterá o número de identificação e os
seguintes dados do portador: registro geral da Carteira de Identificação Civil;
nome completo; data de nascimento; fotografia; endereço e telefone
residencial; diagnóstico clínico; limitações; tipo sanguíneo e cuidados
especiais necessários.
55 – A pessoa portadora de necessidade especial tem algum benefício legal
em relação ao patrimônio de seus pais falecidos?
Sim. A Lei Federal 10.050/00, ao alterar o art. 1.611 do Código Civil
Brasileiro e incluir o § 3º, estabeleceu que, na falta do pai ou da mãe, estende-
se ao filho portador de uma deficiência que o impossibilite para o trabalho o
benefício do direito de habitação no imóvel destinado à residência da família,
desde que seja o único bem daquela natureza a ser inventariado, sem prejuízo
de sua participação na herança.

32
56 – A pessoa com deficiência têm preferência na aquisição de unidades
habitacionais populares?

Sim. A Lei Estadual 11.048, de 18 de janeiro de 1993, prevê que os


programas de construção de habitações populares reservem,
preferencialmente, a pessoas portadoras de necessidade especial física
permanente 10% (dez por cento) das unidades construídas.

As condições para se beneficiar do estabelecido na lei são as


seguintes, conforme o artigo 3º: ser portador de necessidade especial
física permanente, comprovada por laudo médico oficial; ser residente e
domiciliado, há pelo menos 3 (três) anos, no município em que pretenda
adquirir unidade habitacional; não ser proprietário de outro imóvel
urbano ou rural; enquadrar-se na população economicamente carente à
qual se destinar o programa.

Para exercer o direito de preferência, o interessado deverá


apresentar requerimento ao órgão público competente.

33
CONSELHOS E ESCLARECIMENTOS
AOS PAIS DE PORTADORES
DE NECESSIDADES ESPECIAIS

O QUE É EDUCAÇÃO ESPECIAL?

Educação Especial é uma modalidade de ensino que visa promover o


desenvolvimento das potencialidades de pessoas portadoras de necessidades
especiais, condutas típicas ou altas habilidades, e que abrange os diferentes
níveis e graus do sistema de ensino. Fundamenta-se em referenciais teóricos e
práticos compatíveis com as necessidades especificas de seu alunado.

O QUE É A PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA?

É aquela que apresenta , em comparação com a maioria das pessoas,


significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais, decorrentes de
fatores inatos ou adquiridos, de caráter permanente, que acarretam
dificuldades em sua interação com o meio físico e social.

QUEM É O PORTADOR DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS


ESPECIAIS?

É o educando que apresenta, em caráter permanente ou temporário, algum tipo


de deficiência física, sensorial, cognitiva, múltipla, condutas típicas ou altas
habilidades, necessitando por isso, de recursos especializados para
desenvolver plenamente seu potencial e/ou superar ou minimizar suas
dificuldades.

O QUE SÃO CLASSES ESPECIAIS?

A Classe Especial é uma sala de aula preferencialmente distribuída na


educação infantil e ensino fundamental, organizada de forma a se constituir
em ambiente próprio e adequado ao processo ensino/aprendizagem do
educando portador de necessidades educacionais especiais.
Na Classe Especial tentamos encontrar caminhos e meios facilitadores para a
aprendizagem dos educandos com necessidades educacionais especiais,

34
através de uma política de ação pedagógica, recursos educacionais mais
individualizados e conta com o professor especializado.

O QUE É ESCOLA INCLUSIVA?

Na escola inclusiva o processo educativo deve ser entendido como um


processo social, onde todas as crianças portadoras de necessidades especiais e
de distúrbios de aprendizagem têm o direito à escolarização o mais próximo
possível do normal.
O alvo a ser alcançado é a integração da criança portadora de deficiência na
comunidade.
Uma escola inclusiva deve ser uma escola líder em relação às demais. Ela se
apresenta como a vanguarda do processo educacional.
O seu principal objetivo é fazer com que a escola atue através de todos os seus
escalões para possibilitar a integração das crianças que dela fazem parte.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO?

Embora ambas constituam formas de inserção do portador de necessidades


educacionais especiais, a prática da integração vem dos anos 60 e 70, e
baseou-se no modelo médico/clínico da deficiência. Neste modelo os
educandos portadores de necessidades educacionais especiais precisavam
modificar-se (habilitar-se, reabilitar-se, educar-se) para tornarem-se aptos a
satisfazerem os padrões aceitos no meio social, familiar, escolar, profissional,
recreativo, ambiental.
A prática da inclusão vem da década de 80, porém consolidada nos anos 90,
segue o modelo social da deficiência, segundo o qual a nossa tarefa consiste
em modificar a sociedade ( escolas, empresas, programas, serviços, ambientes
físicos, etc) para torna-la capaz de acolher todas as pessoas que apresente
alguma diversidade, portanto estamos falando de uma sociedade de direitos
para todos.

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS RESISTÊNCIAS PARA A


INCLUSÃO?

Tanto no âmbito escolar, profissional, familiar como em outros setores, as


principais resistências têm como origem o preconceito, a falta de informação e
intolerância a modelos mais flexíveis.

35
O medo do novo, do desconhecido nos educadores tem origem na formação
acadêmica a qual não os habilitou para o trabalho com a diversidade, nem tão
pouco o engenheiro que projeto um prédio sem rampas, e demais profissões
que não preverão uma sociedade para todos.
Durante muito tempo a Educação Especial funcionou com um sistema paralelo
e não como parte integrante do sistema geral de educação e ela mesmo foi
criando um mito de que é muito difícil trabalhar com o educando portador de
necessidades educacionais especiais. Sabemos que não é fácil, mas não exige
nenhuma “hiper estrutura” nem nenhum “super educador”.

O QUE PRECISAMOS FAZER PARA ESTE QUADRO SER


MODIFICADO?

Através de ações de sensibilização da sociedade, convivência na diversidade


humana, dentro das escolas inclusivas, das empresas inclusivas e dentro de
políticas públicas são os eixos fundamentais para alicerçar o processo da
inclusão.
O mais importante é socializar as informações sobre os modelos de inclusão
para que as teorias se aproximem revelando verdadeiramente a realidade.

COMO DERRUBAR OS PRECONCEITOS DA INCLUSÃO?

Os preconceitos em relação à inclusão poderão ser eliminados ou, pelo menos,


reduzidos por meio das ações de sensibilização da sociedade e, em seguida
mediante a convivência na diversidade humana dentro das escolas inclusivas,
das empresas inclusivas, dos programas de lazer inclusivo. Resultados já
existem que comprovem a eficácia da educação inclusiva em melhorar os
seguintes aspectos: comportamento da escola, no lar e na comunidade;
resultados educacionais senso de cidadania, respeito mútuo, valorização das
diferenças individuais e aceitação das contribuições pequenas e grandes de
todas as pessoas envolvidas no processo de ensino-aprendizagem, dentro e
fora das escolas inclusivas.

COMO ESTÁ A SITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO


BRASIL?

No país inteiro vem acontecendo uma série de discussões a respeito do que


seria a Inclusão e o Sistema de Ensino tentando se adaptar a essa nova
realidade.

36
A educação inclusiva embora tenha sido bandeira da educação especial, não
implica somente em incluir o portador deficiência no sistema regular de
ensino. Diz respeito a um sistema educacional que dê respostas educacionais
com qualidade ao conjunto das pessoas.

QUAIS AS VANTAGENS DA INCLUSÃO PARA UM


EDUCANDO SEM DEFICIÊNCIA ESTUDAR JUNTO COM UMA
CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA?

O desenvolvimento da consciência de cidadania não pode restringir-se à


questão de direitos e deveres das pessoas em geral, mas deve abranger as
questões referentes aos grupos excluídos ou rejeitados pela sociedade. A
escola, enquanto agente que educa crianças, jovens, adultos e idosos, precisa
oferecer oportunidades para este tipo mais abrangente de formação de
cidadãos. Mais do que isso, a escola precisa oferecer oportunidades de
desenvolvimento de comportamento e atitudes baseados na diversidade
humana e nas diferenças individuais dos seus alunos.
Quando os educandos dos mais diferentes estilos estudam juntos, podem se
beneficiar com os estímulos e modelos comportamentais uns com os outros. O
ser humano necessita passar por esse tipo de experiência para se desenvolver
integralmente.
A convivência na diversidade humana pode enriquecer nossa existência
desenvolvendo, em variados graus, os diversos tipos de inteligência que cada
um de nós possui. O fato de cada pessoa interagir com tantas outras pessoas,
todas diferentes entre si em termos de atributos pessoais, necessidades,
potencialidades, habilidades, etc. é à base do desenvolvimento de todos para
uma vida mais saudável, rica e feliz.

COMO OS PAIS PODEM O AJUDAR O FILHO/A FILHA ?

Aceitando a deficiência. Se os pais não aceitarem a deficiência de seu filho,


dificilmente ela será aceita pelos outros membros da família e terá maior
dificuldade na integração social, escolar, etc..
Quando os pais aceitam a deficiência , a família pode começar a fazer planos
para resolver os problemas de uma maneira justa e construtiva.
Quando os pais rejeitam a deficiência, o ajustamento dos irmãos, amigos, etc,
torna-se problemático.

37
COMO OS PAIS PODEM ACEITAR A DEFICIÊNCIA DO
FILHO/DA FILHA?

Não se culpar, mesmo que tenha existido alguma forma de negligencia com a
criança, e por conta disso colaborou para piorar o quadro comportamental ou
da deficiência. O que vale a pena saber é que precisará enfrentar a situação de
uma forma ou de outra.
Se penalizar só irá contribuir para mais dor e sofrimento, e acarretará mais
dificuldade em encontrar ajuda correta e eficiente para os pais e para a
criança.
O diagnóstico médico da criança é um fator importante para esclarecer os
pais: sobre uso de medicação se for o caso, exames, escola e cuidados
adequados, etc. Auxilia também a evaporar crendices, pensamentos mágicos,
buscas de terapias alternativas que não tenham nenhum cunho científico, isto
só leva os pais a se cansarem, ficarem desmotivados, achando que o filho não
tem jeito.
Saber as possibilidades reais do filho e atendimentos adequados é o que
efetivamente irá ajudar os pais.

COMO LIDAR COM A INSEGURANÇA E ANSIEDADE DOS


PAIS, DOS EDUCANDOS E DOS EDUCADORES NA CLASSE
ESPECIAL E NO SISTEMA DE INCLUSÃO?

Os sentimentos de insegurança e ansiedade têm origem no medo do


desconhecido, geralmente o pensamento é preenchido por idéias, fantasias,
expectativas frente à situação nova que deverá ser enfrentada, via de regra
sentida como ameaçadora e perigosa.
Os pais, os educandos, os educadores e pessoas em geral costumam sentir
isto em situações que requerem novas adaptações e modificações da forma de
pensar sobre a questão ou fato.
Quanto mais seguro e calmo o educador estiver frente a qualquer que seja a
situação, a ansiedade dos pais, do educando se dissolverá com facilidade. Para
isso o educador deve se sentir respaldado, informado e sensível, evitando
posturas radicais, imposições, descasos, resistências, etc. O modelo de
comportamento do educador influenciará decisivamente o comportamento
dos pais e dos educandos.
É sempre bom lembrar que cabe ao papel do educador ser o mediador da
situação, nunca ser o ditador (achando que sabe o que é melhor para o

38
educando) ou ser um juiz (julgando os comportamentos de forma moral, quer
seja dos pais ou do educando).
O papel de mediador exige postura compreensiva, diálogo, flexibilidade e
delicada firmeza.
Salientamos também que cabe aos pais procurarem informações e situações
que acolham seus dúvidas e medos, permitindo uma aproximação saudável e
equilibrada sobre a nova situação. Essa postura favorece sensivelmente o
apoio ao filho e a acomodação benéfica para todos, evitando desgastes e
conflitos.

SOMENTE MEU FILHO OU FILHA PRECISA DE


TRATAMENTOS ADEQUADOS?

Não. É um engano pensar que só a criança precisa de tratamentos quer seja


médico, escolar ou psicológico, os pais geralmente precisam de alguma forma
de apoio.
Os pais sentem-se fragilizados, assustados, inseguros, e muitas vezes a culpa,
a revolta, a raiva, sentimentos de depressão ou negação perduram por muitos
anos contribuindo para sofrimento familiar.
Essa situação só colabora para adiar um atendimento adequado e com maior
sucesso de intervenção precoce para a criança.
Orientações terapêuticas ou grupos de pais são excelentes formas de apoio e
surtem efeitos benéficos na relação do casal, na relação com o filho , demais
filhos e da família como um todo.

O QUE É O ATENDIMENTO DE ORIENTAÇÃO PARA PAIS?

A Diretoria de Educação Especial tem o serviço de atendimento de


Orientação aos Pais que faz parte do PROJETO ESCOLA INCLUSIVA
É uma proposta piloto de inclusão entre pais, educandos, funcionários,
educadores e escola como um todo.
Está realizado em etapas nas unidades educacionais, sendo este o trabalho que
desenvolvo como psicóloga.

No âmbito escolar:

1.Será oferecido suporte técnico psicopedagógico aos educadores,


palestras e capacitação as necessidades do grupo escolar.

39
2.Acompanhamento caso a caso da inclusão dos educandos portadores de
necessidades educacionais especiais.

O atendimento de Orientação aos Pais tem como objetivo:

1. Ajudar os pais a se sentirem acolhidos em sua individualidade.


2. Serem ouvidos atentamente através da mediação entre o casal.
3. Facilitar a troca de idéias, problemas e soluções.
4. Encontrar trocas, experiências, modelos por outros pais que também
possuam problemas parecidos.
5. Ajudar de maneira equilibrada os pais, a fazerem uso de informações
atualizadas pela medicina, psicologia, genética, medicações, etc...
6. Procurar encaminhar para especialistas, avaliações, etc. quando
necessário for para o melhor atendimento aos pais, ao portador de
necessidades educativas especiais e da família como um todo.
7. Desenvolver uma auto-imagem positiva dos pais através do
reconhecimento de sua contribuição com seus filhos.
8. Promover uma melhor interação entre pais e filhos.

Pode ser útil distinguir a diferença entre Psicoterapia e Orientação de


Pais. Ambos atendimentos têm essencialmente os mesmos objetivos de
intervenção (por exemplo, auto-exploração, autoconhecimento e mudança de
comportamento, relacionamento entre o profissional técnico e as pessoas
envolvidas).

A Orientação trata de problemas e conflitos emergentes enquanto a


Psicoterapia abordaria problemas mais profundos da estrutura e saúde
mental da pessoa.
A Orientação acentua mais o presente (aqui-agora) enquanto a
Psicoterapia valoriza conteúdos do passado revividos e atualizados no
presente.
A Orientação acentua mais a mudança e resolução do conflito atual,
enquanto que a psicoterapia acentua o discernimento e elaboração da
situação conflitante.
A Orientação destaca os valores e os sentimentos da pessoa, enquanto a
psicoterapia trabalha os valores e os sentimentos na medida que for
aparecendo no processo psicoterapêutico.
A Orientação tem um caráter mais focal e em curto prazo, enquanto a
Psicoterapia mais global e em longo prazo.

40
O papel do Orientador atua mais como um especialista da área,
enquanto do Psicoterapeuta é considerado mais um parceiro.

O QUE CAUSOU O PROBLEMA NO MEU FILHO/FILHA?

A notícia de uma deficiência obriga a família, particularmente os pais e os


irmãos, a reverem seus sonhos e expectativas para a criança deficiente e para a
família como um todo.
O período de adaptação em que cada um dos elementos da família levará para
“aceitar” o problema variará individualmente. Em algumas famílias, o
processo pode ser longo e difícil, em outras, poderá ocorrer com mais
facilidade.
Todos da família enfrentam tensão, stress, depressão, raiva e negação. É
importante neste momento procurarem alguém para acolher seus
desapontamentos (especialista, psicólogo, amigo, um parente) com o objetivo
de serem ouvidos, compreendidos e conseguirem pensar sobre o assunto de
maneira mais clara, buscando uma solução adequada.

DE QUEM É A CULPA PELA DEFICIÊNCIA?

A busca de culpados é muito freqüente com já comentamos, esta forma de


manifestação emocional vem como uma tentativa de justificar de maneira
concreta uma causa evidente, uma tentativa de “empurrar para o outro toda
responsabilidade” que julgo ser incapaz de sentir e buscar alguma forma de
reparação ou mesmo de negar o que está acontecendo. Estas saídas buscam
diminuir a dor e o sofrimento , porém não são eficazes. Podem durar muitos
anos e o tempo perdido poderá ser precioso para os cuidados adequados para
a criança.
Os pais por estarem sobre o efeito de forte tensão e fragilidade, sentem-se
ameaçados de como irão falar a noticia para a família , outros filhos , amigos,
parentes, etc..., sendo mais um fato que contribui para arrumarem culpados.

MEUS FUTUROS FILHOS/FILHAS TAMBÉM TERÃO


PROBLEMAS?

Depende de cada caso, em especial se foi alguma causa genética ou hereditária


os próximos filhos ou os atuais poderão ou não ter algum tipo de deficiência.
Caso tenha esta suspeita ou seja um destes casos é importante procurar um
Aconselhamento Genético, com o objetivo de realizar exames de pesquisa
para saber as probabilidades disto ocorrer ou não novamente.

41
MEU FILHO/ MINHA FILHA SOFRE?

Precisamos definir o que a família entende por sofrimento: dor física,


emocional, consciência da patologia, etc...
Como qualquer pessoa que possui sentimentos e esteja exposta a dores,
tensão, stress, conflitos, impasses, sofrem as angustias disto tudo, o portador
de necessidades educacionais especiais também.
Isto pode ser administrado a cada caso e de como cada família vive a
experiência de ter um portador de necessidades educacionais especiais: se
enfrentam a situação, se conversam sobre o assunto, sentem-se mais unidos,
etc.
Posturas assim, diminuem o sofrimento para todos, mesmo no caso do
filho/filha sofrer algum tipo de sofrimento físico, os pais estarão mais
sensíveis e firmes para suportarem o processo, se puderam conversar sobre o
assunto.

MEU FILHO/MINHA FILHA TEM O MESMO SENTIMENTO DO


QUE QUALQUER PESSOA?

O portador de necessidades educacionais especiais pode as vezes não ter a


mesma capacidade cognitiva para entender a situação que o aflige, mas isto
não impede que possamos conversar (desenhar, consolar, brincar) com ele de
forma mais simples, falando do sentimento que ele vivencia: se está com
medo, triste, deprimido, chateado, com raiva, etc...

O QUE MEU FILHO/MINHA FILHA PENSA SOBRE O SEU


PROBLEMA?

Somente o portador de necessidades educacionais especiais pode nos dizer,


através de um gesto, conversa, desenho, etc... Sempre há algum nível de
consciência presente sobre o que está acontecendo com ele.

MEU FILHO/MINHA FILHA TEM ALGUM AFETO POR NÓS?

Às vezes esperamos demonstrações conhecidas, mas a individualidade de cada


um e o convívio diário servirão como indicadores destas expressões de
sentimentos, que podem ser: de amor, carinho, raiva, revolta, etc... É a mesma
relação com qualquer pessoa, aonde corremos os riscos “sentimentais e

42
afetivos” sem garantias de sermos gratificados, frustrados, desapontados,
reconhecidos, etc...
O que variará no portador de necessidades educacionais especiais será o grau e
a freqüência de cada comportamento e sentimento expressado.

POR QUE MEU FILHO/MINHA FILHA SE COMPORTA DE


MODO ESTRANHO?

Precisamos saber o que os pais, os elementos da família, ou as pessoas


envolvidas, entendem como “comportamento estranho”, que pode ser muito
diferente para cada um. Só depois compreender o que de fato está
acontecendo. Buscar nomes de diagnósticos, comparações, apelidos, etc... só
geram mais preconceito e não colaboram para a melhora do relacionamento.

MEU FILHO/MINHA FILHA PODE TER CURA? VAI


MELHORAR? VAI PROGREDIR? O TRATAMENTO VAI
AJUDAR?

São questões muito importantes, que indicam a preocupação e ansiedade dos


pais ou pessoas envolvidas.
Não existe uma resposta padrão para estas questões, sabemos hoje que a
medicina, a tecnologia e outros meios de saúde estão muito desenvolvidos,
mas ainda não há cura para diversas patologias. Atualmente encontramos
formas atenuantes de administrar a situação e minimizar sofrimentos do
portador de necessidades educacionais especiais e da família.
A melhora, o progresso e os resultados vão depender de vários fatores: deste
das condições do portador de necessidades especiais (aspectos psíquicos,
físicos, comprometimento da patologia, etc) aos elementos envolvidos (pais,
técnicos, abordagem terapêutica escolhida, prescrição adequada de medicação,
situação econômica da família, serviços públicos adequados, etc...).

DE QUE AJUDA MEU FILHO/MINHA FILHA PRECISA?

A primeira ajuda é mais importante é a dos pais, através de um envolvimento


real, vontade, disposição, paciência, responsabilidade e dedicação. Todos os
demais envolvidos serão parceiros neste desafio.
Cada caso exigirá formas diferentes de atendimento e serviços adequados.
Geralmente a escola ou um profissional de saúde poderá ser os primeiros a
apoiar e indicar as formas mais adequadas de ajuda.

43
QUEM SÃO OS PROFISSIONAIS QUE DEVO PROCURAR?
SÃO CONFIÁVEIS?

Os profissionais mais adequados e confiáveis são aqueles que os pais e o


portador de necessidades educacionais especiais possam trabalhar em parceria,
sejam respeitados em sua singularidade, sintam-se acolhidos e consigam
resultados favoráveis no atendimento.

COMO OS PAIS PODEM AJUDAR OU ENSINAR O


FILHO/FILHA PORTADOR DE NECESSIDADES
EDUCACIONAIS ESPECIAIS?

De diversas maneiras, começando com os cuidados do cotidiano, mas sempre


com uma rotina diária: na alimentação (uso de talheres, copos, escolha de
alimentos, nomear os alimentos), cuidados pessoais (banho, troca de roupa,
escovar cabelos e dentes), promover alguma independência (trocar uma peça
do vestuário sozinho, calçar chinelo, sapatos, pegar água, pegar uma fruta ou
indicar o que deseja), atentar a situações que envolvam perigos e como pedir
ajuda, desenvolver na criança senso de identidade autônoma ( seu nome, nome
dos pais, irmãos, endereço, nomear as partes do corpo), evitar apelidos
depreciativos ou infantilizados, nomear objetos, falar sempre onde irão, o que
irá fazer, manter horários de sono, etc...
Os outros filhos também podem ajudar, caso não exista esta possibilidade uma
atividade boa é contar historias infantis, brincar com objetos de sucata (potes
de tamanhos, formas, cores, espessuras, texturas diferentes), favorecer que as
habilidades aprendidas na escola ou com outros profissionais possam ser
aplicadas em casa
Os pais não precisam ficar o tempo todo com a criança, podem estar num
ambiente onde ela esteja brincando.
A proximidade, presença e a atenção, são importantes, mas isto não quer dizer
que os pais tenham que se anular ou viver o tempo todo em função do
filho/filha.Ter uma postura mais flexível e responsável alivia a todos as
exigências dos cuidados diários e às vezes permanentes para a vida toda.
Estas sugestões citadas normalmente qualquer pai/mãe faz com seus
filhos/filhas, a diferença está na freqüência que estes comportamentos
precisarão ser repetidos, mais tolerância e paciência.

44
COMO OS PAIS PODEM CONDUZIR O RELACIONAMENTO
COM OUTROS FILHOS?

Podemos destacar os seguintes aspectos para um diálogo entre os pais e os


demais filhos:

Escutar os filhos: Ouvir primeiro o que os outros filhos/filhas sentem,


esperam, temem, sabem, sobre o irmão/irmã portador de necessidades
educacionais especiais.
Informação: Esclarecer de forma clara, delicada e simples qual o
problema do filho/filha com necessidades educacionais especiais.
Dissolver as dúvidas e fantasias: Tirar as dúvidas das perguntas que os
demais filhos/filhas possam fazer sem ressentimento, raiva ou punição.
Apoiar: Incentivar os filhos/filhas a brincarem, fazerem tarefas, passeios
ou atividades juntos.
Elogios e Agradecimentos: Recompensar, elogiar e agradecer os
filhos/filhas sempre quando ajudam, quando brincam sem brigar,
quando têm iniciativas, quando expressam carinho, quando ajudam em
algum problema familiar, quando se oferecem para fazer algo, quando
ensinam os pais, etc. Quando os filhos/filhas são reconhecidos e têm o
exemplo dos pais se tornam mais cooperativos e afetuosos.
Mediar, Perdoar e Desculpar: Ponderar as brigas e divergências entre os
filhos/filhas, evitando punir sempre de forma tendenciosa, mas sempre
verificar o que aconteceu. Brigas, ciúmes e rivalidades fazem parte do
crescimento dos filhos/filhas, a ponderação, mediação, o perdão e a
maneira como os pais incentivam cada um destes comportamentos
podem gerar mais conflitos ou diminuir. É importante que os pais
observem a freqüência, motivo dos conflitos e brigas , só depois tomar
uma atitude. Incentivar sempre o perdão pela atitude quer seja
intencional ou casual e desculpar-se pelo comportamento, isto serve
para os pais também, quando fazem avaliações ou punições injustas.
Quando houver muita dificuldade, procurar alguém para conversar
sobre o fato com o objetivo de ter uma solução mais adequada para
todos.
Brinquedos, Jogos: Escolher alguns brinquedos aonde todos os
filhos/filhas possam ter algo em comum, assim desenvolvem um senso
de igualdade e de suas diferenças e preferenciais individuais.

45
COMO OS PAIS PODEM LIDAR COM AS BRIGAS ENTRE OS
IRMÃOS/IRMÃS?

É importante que os pais saibam que a maioria dos irmãos deixam de brigar
com o passar do tempo. A medida que amadurecem, vai passando o egoísmo,
a competição, e surgindo comportamentos mais solidários e de colaboração.

1. Servir de Exemplo: Os pais devem se esforçar para controlar seus


próprios sentimentos de ciúme e competição, mas demonstrarem uma
maneira cooperativa, fornecendo assim o exemplo para os filhos.
2. Estabelecer Limites: Os pais devem estabelecer um conjunto de
regras para as interações e devem ser fiéis a elas. Regras como não atirar
coisas, não machucar, não praguejar, ser responsável, cuidar das coisas,
ter horários, recolher os brinquedos e guardar, ajudar nas tarefas
domésticas, etc...Cada família cria suas regras diferentes, mas o
importante é deixá-las bem claras para todos.
3. Usar as Penalidades: Quando a disciplina é necessária, os pais
devem usar uma penalidade: desligar a televisão se os filhos estão
brigando por um filme e ninguém consegue assistir e não chegam a
nenhum acordo, ficar sem o brinquedo preferido (vídeo-game, bicicleta,
boneca) até fazer a tarefa escolar ou cumprir um acordo, perder por um
tempo privilégios conquistados, procurar tirar da situação o filho/filha
que está provocando a briga e colocar em outro cômodo da casa e ir
conversar para ouvir as partes, evitar castigos físicos, xingamentos,
ameaças de qualquer ordem. Este comportamento dos pais acaba por
retirar sua própria autoridade, pode surtir efeito por um tempo, mais pelo
medo e pelas conseqüências do ato do que pelo respeito aos pais. Evitar
penalidades que retirem alimentos ou refeições importantes salvo
alimentos supérfuros como: sobremesas, doces, sorvetes, salgadinhos,
refrigerantes, etc.
4. Respeito entre os Próprios Pais: De nada adiantará as regras e as
punições aos filhos/filhas se cada um dos pais fizerem uso diferente do
que estabeleceram, ou só usarem de vez em quando. Os pais que brigam
entre si, que não se respeitam ou ficam jogando a culpa ou a
responsabilidade para um só do casal, geralmente terá como
conseqüência o não cumprimento das regras, quebra dos limites,
desrespeito e conflitos constantes.

46
5. Permanecer Neutro: Se os pais não conseguirem saber qual foi o
motivo que gerou o conflito, é melhor não tomar partido, e especialmente
se for sempre a favor da criança portadora de necessidades educacionais
especiais, isto só intensificará a rivalidade. Perdoar todos e observar
depois o relacionamento dos irmãos.
6. Ignorar as Simples Briguinhas: Os pais não devem intervir em
todas as brigas entre os irmãos. Uma boa saída é ignorar as disputas que
não infrinjam as regras estabelecidas pela família. Os próprios irmãos
poderão arrumar uma solução para a briga, sem usar da força física,
ameaça, chantagem ou xingamentos.
7. Ser Coerente: Os pais precisam ser coerentes ao orientar um
conflito ou decidir por uma atitude responsável. Usar “dois pesos e duas
medidas” para situações iguais ou semelhantes podem causar,
insegurança e confusão entre os filhos/filhas.

POR QUE MEU FILHO/FILHA MORA EM CASA, NÃO SERIA


MELHOR UMA INSTITUIÇÃO?

Precisamos pensar primeiro quais os motivos que levaram os pais ou os


elementos da família a pensarem que a sua “casa” não seria adequada para o
filho/filha. Podemos destacar: a gravidade do estado da criança portadora de
necessidades educacionais especiais, as condições afetivas dos pais
suportarem e darem os cuidados necessários ao filho/filha, a situação
econômica da família, número de filhos, outros filhos que também sejam
portadores de necessidades educacionais especiais, etc. As possibilidades
devem ser examinadas e pensadas com cuidado, só então encaminhar a criança
para uma instituição em regime de internato, semi-internato.

POR QUE MEU IRMÃO/MINHA IRMÃ NÃO VIVE EM CASA?

Os pais precisam ter sempre uma conversa franca com os filhos/filhas e


esclarecerem porque uma atitude foi tomada em favor do irmão portador de
necessidades educacionais especiais.

47
POR QUE OS PAIS SUPERPROTEGEM O FILHO/A FILHA
PORTADOR DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS
ESPECIAIS ?

Os pais que são constantemente superprotetores procuram dar tudo aos filhos,
invariavelmente se são portadores de necessidades educacionais especiais ou
não, com isso mantêm seus filhos dependentes e sem nenhuma autonomia. Em
função da culpa que surge de sentimentos negativos para com os filhos,
procuram compensar deficiências e faltas com mimos e presentes. A situação
pode e geralmente se agrava quando a criança fica doente ou possui alguma
doença de natureza psicossomática, como a bronquite, por exemplo. Os
cuidados são necessários neste momento, porém são exagerados. A criança
pode instalar este comportamento de adoecer para se defender e fugir das
situações onde sinta medo ou muita angústia, mas ganhando por outro lado o
apoio e proteção dos pais.
A superproteção faz a criança se sentir frágil, insegura, tímida e sem
condições para suprir sozinha as necessidades antes vindas dos pais.
Os filhos crescem, e vão se conscientizando do que aconteceu, passam a
expressar agressividade e ressentimento para com os pais, além de se sentirem
culpados ao verem a preocupação e aflição deles. Infelizmente a vida não é
nem mãe e nem pai de ninguém, os filhos precisam fazer decisões assumir
responsabilidades, trabalhar, casar, enfrentar situações novas e difíceis e
sentem-se despreparados.
Concluindo, esses pais tentaram preparar a vida para os filhos em vez de
preparar os filhos para a vida.

.POR QUE OS PAIS PREFEREM OU REJEITAM UM


FILHO/UMA FILHA?

A preferência ou favoritismo, em um dos filhos em relação ao demais pode


provocar sentimentos de egoísmo e amor voltado para si mesmo, e da rejeição,
impede o desenvolvimento da auto-estima e da autoconfiança.
Independente de a família ter uma criança portadora de necessidades
educacionais especiais, isto pode ocorrer em alguns lares. Tais atitudes trazem
como conseqüência dificuldades escolares e insucessos em relação a
atividades futuras dos filhos.
A origem desses sentimentos pode se encontrar nas fantasias dos pais que
escolhem um descendente para concretizar seus sonhos. Quando o filho
escolhido consegue ainda algum sucesso, há um pouco de gratificação nestes
pais, mas nunca para a exigência, contudo quando isto não acontece é

48
chamado de filho que não deu certo, ingrato, fracassado, não serve para nada,
etc.
Esta dinâmica dos pais se desenvolve numa relação ambivalente (inconstante)
e contraditória, já que a preferência por um filho leva a rejeição de outro ou
outros.
São pais que almejam que seus próprios ideais de vida se realizem através de
seus descendentes, isto está ligado a qualidade e quantidade de sentimentos
envolvidos como: a auto-estima (narcisismo), a inveja, a voracidade (gula) e a
culpa dos pais em relação aos filhos.
A criança que foi desconsiderada e desvalorizada, carrega esse peso por toda
vida, em suas atitudes e comportamentos de insegurança, timidez, desânimo e
apatia.
O mais preocupante é que esses comportamentos vão se repetindo nas futuras
gerações.
É necessários que os pais e filhos se conscientizem da constituição de seu
modo de pensar, seus sentimentos, seus sonhos, expectativas, esperanças,
conversando entre si, respeitando os desejos de cada elemento, pois a forma
que vivemos na nossa família, determinará a nossa participação na
comunidade.

POR QUE ESTÁ DIFICIL MEUS FILHOS ACEITAREM O


IRMÃO COM NECESSITADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS?

Sabemos que as atitudes dos pais exercem uma influência significativa


sobre a aceitação da criança portadora de necessidades educacionais especiais
por parte dos irmãos. Os irmãos se adaptam melhor quando os pais mostram
maior aceitação da condição da criança deficiente.
Entretanto, o sexo, e a idade do irmão normal com relação a criança deficiente
parecem ser fatores que podem contribuir também no ajustamento mais
favorável ou desfavorável dependendo do caso.
O tipo de deficiência não é um fator crucial para o ajustamento dos irmãos,
mas a gravidade da deficiência é uma influência desfavorável sobre os irmãos.
Em famílias em posição socioeconômica mais baixa, apresentam dificuldades
em manter babás, tutores e geralmente são os irmãos que assumem a divisão
das responsabilidades nos cuidados e tarefas com a criança deficiente (banho,
alimentação, locomoção, medicação, etc).
Esses fatores citados podem levar ao stress materno, alterações nas relações
entre o casal, rebaixamento da auto - estima, tensão e conflitos familiares.

49
Cabe a cada núcleo familiar escolher fontes de ajuda que aliviem essa pressão,
que possam colaborar no ajustamento e bem estar de todos.

POR QUE OS PAIS ACABAM FAZENDO DIFERENÇAS


ENTRE OS FILHOS?

Como todas as pessoas, aqueles que têm um irmão ou irmã deficiente


precisam ser respeitados como indivíduos. Devem ser reconhecidos por suas
próprias realizações, características, sentimentos, sem serem constantemente
comparados com o irmão portador de necessidades educacionais especiais.
Precisam ser independentes e desenvolver sua identidade fora da família. Os
pais precisam ficar atentos para perceberem se estão exercendo forte pressão
ou superproteção sobre os outros filhos numa tentativa de compensar as
esperanças perdidas.
Esta dinâmica é pertinente a qualquer núcleo familiar, mas ela poderá ser
intensificada pela criança portadora de necessidades educacionais especiais se
o grupo não ficar atento em suas relações no cotidiano.

MEUS FILHOS PODEM FAZER PERGUNTAS SOBRE O QUE


ESTÁ ACONTECENDO?

Os irmãos e a criança portadora de necessidades educacionais especiais


precisam ter “voz” no núcleo familiar: os pais precisam aprender ouvir suas
opiniões, dúvidas, e esclarecer de forma honesta, direta, compreensiva sobre
os assuntos da escola, tratamento, decisões, etc. Necessitam deste espaço em
vários momentos de suas vidas de maneira a sentirem-se acolhidos e
perceberem os pais disponíveis e atentos as suas demandas.

POR QUE EM CASA NINGUEM FALA SOBRE O ASSUNTO?

Os irmãos ou a criança portadora de necessidades educacionais especiais que


nunca pergunta, postula esse silêncio talvez refletindo um desejo de proteger
os pais da dor causada pela deficiência. Algumas crianças podem imaginar
que os pais não agüentem ou as rejeitem por terem feito a pergunta, também
pode ser uma forma da negação da deficiência. Os irmãos e a criança
portadora de necessidades educacionais especiais precisam da informação e do
acolhimento, mas guardam suas perguntas e seus pensamentos para si
mesmos.

50
Os pais podem justificar esta falta de fluxo de comunicação por acharem que
os membros não entenderiam o assunto, mas também geralmente não tentam
formas simples de comunicação.
Os pais precisam notar o quanto a comunicação é importante para todos,
sendo fonte de fortalecimento e crescimento para todos.

OS PAIS PODEM UTILIZAR OS SEGUINTES PONTOS PARA


DESENVOLVER UMA COMUNICAÇÃO COM OS FILHOS:

1. Ouvir atentamente: esperar o filho/a filha falar, formular a


pergunta, caso não entenda pergunte novamente explicando para que ele
possa dar mais detalhes sobre o assunto.
2. Não apressar a conversa: procurar não terminar a frase, palavra,
ou concluir apressadamente a conversa. Se no momento estiver ocupado
ou com pressa diga que ao voltar poderá conversar com mais tempo e
atenção. Evite respostas apressadas e pouco refletidas.
3. Dar o exemplo: os pais devem dar o exemplo, fazendo perguntas
francas, buscando informações válidas, expressando seus sentimentos
honestamente.
4. Manter-se informados: Os pais devem se manter informados,
realizar parcerias e trocas com os profissionais que atendem a criança
portadora de necessidades educacionais especiais, desta forma poderão
transmitir as informações aos filhos de maneira mais clara e segura.
5. Serem sinceros e honestos: Os pais mesmo bem informados
podem sentir dificuldades em responder perguntas dos filhos. Não
precisam se sentir envergonhados, podem dizer que não sabem e vão
procurar quem possa ajudar ou que vão pensar sobre o assunto, ou
apenas podem se emocionar com teor da questão que também é uma
forma de resposta e depois conversar de maneira mais tranqüila sobre o
assunto.
6. Fornecer informações equilibradas: Um enfoque equilibrado é
aquele onde consideramos os dois lados da situação, seus aspectos
positivos e negativos. Os pais precisam ficar atentos em sua forma de
conversar evitando distorções, dramatizações, medos, ameaças,
chantagens, excessos de positivismo em relação ao assunto, etc.
7. A comunicação não-verbal: Os pais as vezes não percebem outras
formas de comunicação que estão transmitindo aos filhos através das
expressões faciais, dos movimentos do corpo, tom de voz, que são
demonstradas na conversa e podem estar em desacordo ou em acordo

51
com o que dizem pela maneira como falam, sentam, movimentam-se,
etc

QUAIS AS EXPECTATIVAS E PREOCUPAÇÕES,


ENQUANTOS PAIS DEVEMOS TER SOBRE O PORTADOR
DE NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
REFERENTE A: SEXUALIDADE /CASAMENTO/FILHOS
TRABALHO?

Partimos do pressuposto que o desenvolvimento psicossexual do portador de


necessidades educacionais especiais, segue as mesmas condutas de que
qualquer pessoa. As diferenças se encontram na maturidade de entendimento,
resposta do ambiente (família, escola), cultura e tolerância frente a
sexualidade. (liberal, compreensivo, repressor).
Os deficientes mentais severos e profundos apresentam conduta
predominantemente indiferenciada, vinculada à gratificação sensorial, sem a
possibilidade de estabelecimento de relações interpessoais com vivência
especifica e duradoura.
Desta maneira, a sua conduta permanece no âmbito das manipulações genitais,
com a utilização esporádica de parceiros indiferenciados (em condutas hetero
ou homossexuais), com a finalidade única de satisfação dos próprios impulsos.
Os deficientes moderados têm algumas possibilidades de relacionamento
interpessoal, porém pouco específico e com pequena durabilidade. Observa-se
a presença da masturbação, no qual a ação se satisfaz em si, com pequeno
conteúdo imaginativo. Apresenta jogos hetero e homossexuais (brincadeiras
de papai e mamãe, médico, etc) mas, os conteúdos afetivos e culturais que
caracterizam uma relação adulta.
Os deficientes mentais leves, costumam ter mais possibilidades em manter de
relações interpessoais, com relacionamento mais estável.
Os deficientes mentais em alguns casos, apresentam dificuldades no
estabelecimento da estrutura familiar nos seguintes pontos: manutenção do lar,
cuidados básicos, emprego fixo ou suficiente para manter economicamente os
dependentes, dificuldade na criação dos filhos, etc... Esses manejos podem
estar prejudicados pelo fato dos instintos maternais e paternais estarem poucos
desenvolvidos e poucos indivíduos apresentaram estrutura cognitiva com
pensamento abstrato (que visa prever um futuro , elabora situações mais
complexas, etc...). A formação e oportunidade profissional variará caso a
caso, bem como a remuneração e estabilidade empregatícia.

52
As questões ligadas a gravidez, condições de procriação, esterilização,
métodos contraceptivos, também variam caso a caso , deverão ser
acompanhadas e discutidas com um profissional da área médica.

OS EDUCANDOS HIPERATIVOS, COM SÉRIOS PROBLEMAS


MOTORES, AUTISTAS, PSICÓTICOS, COM SÍNDROMES,
PERDAS AUDITIVAS PROFUNDAS, E DEMAIS CASOS
GRAVES, ETC... TAMBÉM SERÃO INCLUSOS?

O Projeto Escola Inclusiva prevê a inclusão com responsabilidade.


Portanto nossa proposta está alicerçada em incluir alunos no ensino regular
somente quando apresentarem condições pedagógicas e sociais favoráveis
para seu convívio, benefício e desenvolvimento de todos.

NO SISTEMA DE INCLUSÃO MEU FILHO/MINHA FILHA NÃO


ESTARÁ MAIS SUJEITO A PRECONCEITOS E
DISCRIMINAÇÕES?

Não. Se o ambiente de inclusão respeitar as diferenças e as pessoas envolvidas


estiverem informadas o preconceito se dissolve.

OS PAIS RECEBERÃO INFORMAÇÕES SOBRE O


DESENVOLVIMENTO DO SEU FILHO/ SUA FILHA NA
INCLUSÃO DA SALA REGULAR?TERÃO ALGUM TIPO DE
ATENDIMENTO?

As informações seguirão do mesmo jeito, através das Reuniões de Pais e


Mestres , através do professor ou coordenadoras de Educação Especial. Se os
pais estão muito inseguros, poderão ser atendidos pelo projeto de Orientação
de Pais oferecido pela Diretoria de Educação Especial.

O QUE FAZER QUANDO OS PAIS NÃO ACEITAM A


INCLUSÃO DO FILHO/ FILHA EM CLASSE REGULAR?

A Inclusão é um processo relativamente novo, e que ainda causa muitos


medos e resistências entre os pais, educadores e educandos. A família que
apresenta extrema resistência, acreditamos que devemos respeitar sua opção.
53
Cabe a nós orientá-los levantando os aspectos positivos e negativos da
inclusão, permitindo que os pais se responsabilizem pelo processo. A Inclusão
nunca poderá ser de maneira impositiva porque cairíamos nos modelos de
tirania desrespeitando o momento de cada um. Salvo exceções aonde
observamos prejuízos na criança ou adolescente poderemos nos fundamentar
segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente que a situação que os pais
escolherem não é adequada ou trás prejuízos para o educando.

O QUE FAZER QUANDO OS PAIS NÃO ACEITAM A CLASSE


ESPECIAL PARA O FILHO/A FILHA COM NECESSIDADES
EDUCACIONAIS ESPECIAIS?

Segundo a legislação vigente, prevê que é facultativo (opcional) os pais


matricularem seus filhos portadores de necessidades educacionais especiais
em Educação Especial. O ingresso no Ensino Especial deverá ser discutido
com os pais e com a criança, na oportunidade deverão ser informados e
esclarecidos da real necessidade desta modalidade educacional.

O EDUCADOR QUE RECEBERÁ PARA INCLUSÃO MEU


FILHO/MINHA FILHA NO ENSINO REGULAR É ESPECIALIZADO?
SERÁ SUPERVISIONADO? FEZ ALGUM CURSO?

No Projeto Escola Inclusiva da Diretoria de Educação Especial de São


Vicente, oferece supervisão e acompanhamento ao professor de classe regular
que recebe educando com necessidades educacionais especiais. Sua
capacitação é realizada ao longo do ano letivo através de Reuniões
promovidas pela Diretoria de Educação Especial.

O EDUCANDO QUE SAI DA CLASSE ESPECIAL ESTÁ


PREPARADO PARA A INCLUSÃO NA CLASSE REGULAR E SE
DEPARAR COM CONTEÚDOS DE SEXO, DROGAS, VIOLÊNCIA,
ETC...?

Depende de cada caso, de que informações a criança ou adolescente com


necessidades educacionais recebeu em casa, dos pais, na escola, em sua vida
social, no contato com os meios de comunicação( televisão, rádio, revistas,
jornais, internet, etc). Compreendemos que em geral as pessoas apresentem
resistências para falarem sobre estes temas que fazem parte do nosso
54
cotidiano, portanto não é pertinente de uma modalidade de ensino ou outra, é
uma questão de consciência de mundo que deverá ser encarada como qualquer
outro conteúdo que faça parte da vida. A maneira e a forma de comunicação
utilizada para esclarecer estes temas será o diferencial.

SE MEU FILHO/MINHA FILHA FOR INCLUSO NA CLASSE


REGULAR E NÃO SE ADAPTAR PODERÁ VOLTAR PARA
CLASSE ESPECIAL?

Não. Portanto é imprescindível o período de adaptação de educando


incluso em classe regular, só então se efetivará definitivamente sua matricula
definitiva.

O EDUCADOR DE CLASSE REGULAR QUE RECEBEU MEU


FILHO/MINHA FILHA PARA INCLUSÃO DEVERÁ “COBRAR”
AS TAREFAS E COMPORTAMENTOS DELE/DELA DA
MESMA FORMA QUE OS DEMAIS EDUCANDOS?

Sim, respeitando os limites individuais.

COMO OS PAIS PODEM AJUDAR O FILHO/A FILHA NO


PROCESSO DE INCLUSÃO NA ESCOLA? NO COTIDIANO? É
POSSÍVEL PREPARÁ-LOS PARA ESTA NOVA SITUAÇÃO?

Conversando e tirando dúvidas com a professora, com as coordenadoras de


Educação Especial, lendo a respeito, conversando com filho/filha. Na medida
que os pais se sentem mais seguros e conscientes do processo tudo
transcorrerá com mais facilidade.

QUAIS AS BRINCADEIRAS QUE PODEM AJUDAR OS


IRMAOS A INTERAGIREM MELHOR ENTRE SI?

São apenas sugestões cada ambiente familiar pode se beneficiar de


brincadeiras e jogos entre os pais/filhos e irmãos/irmãos de forma criativa e
variada.

55
Faixa etária de 0 a 6 anos:

Jogar bola
Brincar com blocos
Material de sucata
Representar Histórias, cenas de televisão ou cinema
Boliche
Brincar de loja
Bonecas
Carros e caminhões
Brincar de escola
Brincar de casinha
Soprar bolinhas de sabão
Bolas de gude
Dançar
Cantar
Marchar
Brincar de índio, policia, bombeiro, etc
Brincar com animaizinhos de plástico ou reais
Usar marionetes
Recortar, colar, pintar, desenhar

Faixa etária de 7 a 10 anos:

com regras: xadrez, loto, dominó, cartas, ludo, etc


Basquete
Vídeo Games
Preparar lanches
Dançar
Jogos de fantasia
Passear juntos
Pingue-pongue
Piquenique
Nadar
Andar de bicicleta

Faixa etária de 11 anos em diante:

Fazer compras juntos


Arrumar o quarto

56
Ouvir músicas
Preparar refeições
Jogos
Esportes
Escolher programas de TV, cinema, etc.
Artesanato
Fazer bailinhos ou festas em casa

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS :

Powell, Thomas H. Irmãos Especiais: Técnicas de Orientação e Apoio para


Relacionamento com o Deficiênte. São Paulo: Ed. Maltese-Norma, 1992.

Sassaki, Romeu. K. Entrevista realizada pela Secretaria de Educação Especial,


do Ministério da Educação e do Desporto. Brasília: In Revista Integração no.
20, ano 8, pp.8-10, 1998.

Assupção Junior, Francisco B e Sprovieri , Maria H. Deficiência Mental,


família e sexualidade. São Paulo: Ed. Memnom, 1993.

Pessanha, Antonio L. S. Além do Divã: Um Psicanalista Conversa sobre o


Cotidiano. São Paulo: Ed. Casa do Psicólogo, 2001.

Annais do 3o. Encontro sobre Inclusão – Ensino e Trabalho de Qualidade de


Ensino para Todos. São Paulo: Promovido pelo Grupo 25, agosto,2001.

Revista Pedagógica Pátio Ano V No. 20, fevereiro/abril. Porto Alegre: Ed.
Artemed, 2002.

57

Anda mungkin juga menyukai