Resumo
Apesar de na prática sua contribuição geralmente não ser considerada, através de diversos
estudos experimentais da literatura, já foi comprovado que a armadura de costura aumenta a
capacidade resistente dos consolos, além de melhorar seu comportamento quanto à fissuração
e ductilidade. Com o objetivo de se analisar a contribuição efetiva dessa armadura na
resistência de consolos curtos e muito curtos de concreto armado, esse trabalho propõe dois
procedimentos de cálculo de biela e tirante considerando a altura útil efetiva de cada barra de
costura, validando-os através de suas aplicações em 245 consolos com resultados
experimentais, sendo 85 destes com armadura de costura. As duas formulações propostas
foram aplicadas aos consolos curtos, e no caso dos consolos muito curtos, foram utilizadas em
conjunto com uma adaptação do modelo de atrito cisalhamento da NBR-9062/85, considerando
nesses modelos os Estados Limites Últimos de ruptura por escoamento das armaduras e
esmagamento do concreto. Para os consolos com apenas armadura principal do tirante, 94%
destes apresentaram resultados a favor da segurança quando se utilizou a primeira proposta e
91% no caso da segunda proposta, contudo a diferença da resistência teórica em relação à
experimental foi inferior a 10%. Entre os consolos com armadura de costura, 98%
apresentaram resultados a favor da segurança para as duas formulações propostas, sendo que
dos consolos com armadura de costura que tiveram sua resistência superestimada, apenas um
apresentou uma diferença superior a 10% em relação ao valor experimental.
1 INTRODUÇÃO
1
Doutora em Engenharia de Estruturas – EESC-USP, rejane_canha@yahoo.com.br
2
Professor Associado do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, mkdebs@sc.usp.br
não se pode utilizar, portanto, os modelos de cálculo de vigas que levam em consideração a
hipótese da manutenção das seções planas. Mesmo quando se considera material homogêneo,
isótropo e elástico perfeito, as tensões normais à seção transversal do consolo não variam
linearmente ao longo da sua altura e as tensões tangenciais e as tensões normais aos planos
ortogonais a essa seção não são desprezíveis. Além disso, após a fissuração do concreto, o
comportamento do consolo se modifica, ocorrendo uma diminuição de rigidez e outros
mecanismos mais complexos. Desta forma, o projeto desses elementos estruturais deve ser
objeto de recomendações específicas.
Segundo a NBR-9062/85 [1], os consolos são calculados de acordo com três modelos
para três diferentes intervalos de a/d, definida como a relação entre a distância a da força até a
face do pilar e a altura útil d do consolo:
• Consolos muito curtos (a/d < 0,5): cálculo com modelo de atrito-cisalhamento;
• Consolos curtos (0,5 ≤ a/d ≤ 1,0): cálculo com modelo de biela e tirante;
• Consolos longos (1,0 < a/d < 2,0): cálculo como viga.
Além da armadura principal do tirante, disposta no topo do consolo para absorver as
tensões de tração, uma outra armadura de importância relevante é distribuída na direção
horizontal ao longo da altura restante do consolo, a qual é denominada de armadura de costura.
Ela tem a principal finalidade de “costurar” as fissuras que venham a ocorrer na interface
consolo-pilar e promover, quando estiver adequadamente ancorada, um confinamento na biela
de compressão, garantindo, conseqüentemente, uma ductilidade à peça.
Em geral, ela não é considerada no cálculo da resistência do consolo. Com relação ao
modelo de atrito-cisalhamento, algumas das formulações da literatura levam em conta a
contribuição da armadura de costura na resistência do consolo; entretanto, para o modelo de
biela e tirante, apenas a formulação apresentada em MACHADO [2], a qual é baseada em
HAGBERG [3], considera a armadura de costura, mas concentrada em uma altura equivalente a
2d/3.
Baseando-se nisso, são apresentadas duas propostas de biela e tirante para o cálculo da
resistência de consolos, considerando o Estado Limite Último de escoamento das armaduras do
tirante e de costura e a contribuição efetiva da armadura de costura, ou seja, com cada uma de
suas barras concentrada na sua altura útil efetiva. Embora essas duas formulações possam ser
um pouco mais trabalhosas que a apresentada em MACHADO [2], elas se justificam devido à
repetição dos elementos pré-moldados e a conseqüente necessidade do refinamento do projeto
desses elementos.
Uma análise inicial de uma das formulações propostas e de alguns resultados de normas
feita pelos presentes autores pode ser encontrada em FERNANDES & EL DEBS [4].
Para validar as duas formulações propostas, foi feita sua aplicação em 245 modelos
ensaiados na literatura, sendo 146 desses consolos muito curtos, 85 curtos e 14 longos. Entre os
consolos analisados nesse trabalho, estão os referidos em: FRANZ & NIEDENHOFF [5], KRIZ
& RATHS [6], MAUTONI [7], HERMANSEN & COWAN [8], ROBINSON [9], FRANZ [10],
MATTOCK et al. [11], YONG et al. [12], CHAKRABARTI & FARAHANI [13], FATTUHI
[14], NAEGELI [15], FATTUHI & HUGHES [16], FATTUHI & HUGHES [17], FATTUHI &
HUGHES [18], FATTUHI [19], FATTUHI [20], ZELLER [21], FATTUHI [22], FATTUHI
[23], YONG & BALAGURU [24], REIS & TORRES [25], NAEGELI [26], TORRES [27],
FERNANDES [28].
Conforme KRIZ & RATHS [6], ensaios mostram que a armadura de costura
praticamente não contribui para a capacidade resistente do consolo quando também atuam neste,
forças horizontais. Portanto, como o principal objetivo desse trabalho é avaliar a parcela de
contribuição da armadura de costura, foram eliminados desse estudo os consolos com atuação
simultânea de força vertical e horizontal. Contudo, as formulações propostas podem ser
aplicadas para o caso geral, desde que seja feito o dimensionamento separadamente do consolo
sob força vertical e horizontal, considerando-se a armadura total como a soma das armaduras
dos dois casos, e se despreze a contribuição da armadura de costura para a análise do consolo
sob forças horizontais.
Os consolos analisados tinham as seguintes características:
• Relação a/d variando de 0,11 a 1,47;
• Consolos simétricos e assimétricos submetidos apenas à força vertical, inclusive blocos
sobre estacas que recaem nos modelos de cálculo utilizados para consolos;
• Qualquer valor para a altura da face externa do consolo, apesar de na prática ser
recomendado o valor igual à pelo menos metade da altura interna;
• O tipo de ruptura foi informado;
• A ruptura não foi localizada (do pilar, da extremidade, da ancoragem ou sob a placa de
aplicação do carregamento);
• Concreto com qualquer valor de resistência à compressão;
• Armadura disposta horizontalmente ou verticalmente.
Neste trabalho, são apresentados os modelos de atrito-cisalhamento da NBR-9062/85
[1] para consolos muito curtos, de biela e tirante de LEONHARDT & MÖNNIG [29] adaptado
por EL DEBS [30], as formulações propostas considerando a armadura de costura e a
comparação dos resultados teóricos com os experimentais da literatura.
2 MODELO DE ATRITO-CISALHAMENTO
Um dos principais modelos para cálculo de consolos muito curtos (relação a/d < 0,5) é
o de atrito-cisalhamento. Esse modelo supõe que ocorra ruptura por cisalhamento na interface
consolo-pilar. Admite-se também que, através das fissuras que se formam na superfície de
transmissão dos esforços cisalhantes, ocorra inicialmente um deslocamento relativo vertical
entre o consolo e o pilar. Como essa superfície é irregular, o deslocamento relativo horizontal
ocasiona solicitações de tração na armadura distribuída que cruza a interface e,
conseqüentemente, a superfície de concreto ficará comprimida. O mecanismo desse modelo é
ilustrado na Figura 1.
A clássica Teoria de Atrito-Cisalhamento prevê a transferência de esforços de
cisalhamento através de um dado plano por meio de uma armadura distribuída que o atravessa.
Esse plano pode ser o de uma provável fissura, o da interface de ligação de materiais diferentes
ou da superfície entre dois concretos moldados em datas distintas. Vale salientar, que nesse
modelo, a armadura é suposta uniformemente distribuída ao longo da fissura potencial,
desprezando-se a excentricidade da força vertical que implicaria em uma armadura mais
concentrada na parte tracionada. Como para os modelos de biela e tirante, acredita-se que a
armadura horizontal situada na região inferior do consolo não contribua efetivamente na
resistência do consolo, pois, mesmo nos casos em que o cisalhamento predomina, existe uma
parcela da resistência oriunda da flexão. Para base de comparação entre os modelos, nos
referidos cálculos para previsão da força última, apenas considerou-se a armadura de costura
posicionada até 2d/3 em relação à face superior do consolo.
Fn Fat R
V
V φ
at
V Fn
F n = V / tg φ at
como
Fn = A st σs
fissura tg φ at = µ (coef. de atrito)
potencial
resulta Ast - armadura para proporcionar
V
A st =
σs µ a força normal necessária
para o equilíbrio
expressão:
1 0 ,8V d Hd
Astir = . + (1)
f yd µ f yd
Vd
Hd
0,9 d . a
a bie =
dn
C B 2 2
a ( 0,9 d ) + a
R sd h bie
bie
0,9 d
0,9 a
a bie =
d
2 2
( 0,9 ) + ( a )
A d
R cd h bie = 0,2 d
V d .a + H d .d h V .a + H d .d h
2
Rcd = ∴ Rcd = d (0 ,9 )2 + ⎛⎜ a ⎞⎟ (5)
a bie 0 ,9.a ⎝d ⎠
A tensão de compressão na biela é calculada com a expressão:
⎛ ⎞
2
⎟ (0 ,9 )2 + ⎛⎜ ⎞⎟
Rcd Vd H .d a
σ cd = ∴ σ cd = ⎜1 + d h
⎜ ⎟ (6)
0 ,2b.d 0 ,18.b.d ⎝ V d .a ⎠ ⎝d ⎠
Desprezando o valor da parcela Hd.dh/Vd.a, que para os casos usuais é menor que 0,06, e
limitando o valor da tensão na biela em β.fcd, tem-se:
2
(0 ,9 )2 + ⎛⎜ a ⎞⎟
Vd
σ cd = ≤ β . f cd (7)
0 ,18.b.d ⎝d ⎠
onde adota-se β = 1 no caso de forças diretas e β = 0 ,85 para forças indiretas.
Colocando a expressão acima na forma de tensão tangencial de referência, obtém-se:
Vd 0 ,18 β . f cd
τ wd = ≤ τ wu =
b.d 2
⎛a⎞ (8)
(0 ,9 ) 2
+⎜ ⎟
⎝d ⎠
4 FORMULAÇÕES PROPOSTAS
⎪3,0 + 0 ,9 ∑
si yid
*
( MPa ) (a)
⎪ i =1 b.d
Vd ⎪
τ wd = ≤ τ wu ≤ ⎨0 ,30 f cd* (b) (10)
b.d * ⎪6 MPa
⎪ (c)
⎪
⎩
∑A
zi
Vd = si . f yid . (11)
i =1 a*
onde:
n: número de barras longitudinais situadas no trecho de altura igual a 2d1/3.
∑
d i .R sid
d* = : altura útil equivalente de consolos curtos com cargas verticais.
i =1 R sd
n Asi . f yid
ω* = ∑ *
: taxa mecânica da armadura longitudinal total.
i =1 b.d * . f cd
a*
a
Vd
a ap
0,5hbie .cos θ∗
R sd
R s1d
R s1d
R sd
d 1/3 θ = θ∗
R s2d θ = θ∗
V1d
R s3d θ3 R c1d
d1 θ2
d 1/3 Vd θ1
z*
d* d2 R s2d R cd
θ1
V2d
d3 θ2
d 1/3 R s3d R c2d
R cd V3d
θ
θ∗ 0,5h bie.sen θ∗ R c3d3
h bie f cd* armadura horizontal que
não contribui na resistência
Figura 3 - Modelo de bielas e tirantes proposto baseado em HAGBERG [3] para consolos curtos
com carga vertical
2
Vd ⎛ a* ⎞
σ cd = 1 + ⎜⎜ * ⎟ ≤ f cd*
⎟
(15)
0 ,2.b.d * ⎝z ⎠
A força última Vd fica dada por:
0 ,2 f cd* .b.d *
Vd =
2
⎛ a* ⎞ (16)
1 + ⎜⎜ * ⎟
⎟
⎝z ⎠
Colocando a Expressão (16) na forma de tensão tangencial de referência, tem-se:
Vd 0 ,2. f cd*
τ wd = ≤ τ wu =
b.d * ⎛ a* ⎞
2
(17)
1 + ⎜⎜ * ⎟
⎟
⎝z ⎠
A título de ilustração, apresenta-se também a expressão adaptada do modelo de
HAGBERG [3] para o cálculo da força última Vd, considerando o Estado Limite Último de
esmagamento da biela de compressão. Fazendo-se o equilíbrio das forças verticais da treliça
resultante formada pelo tirante com força resistente total Rsd e por sua respectiva biela de
compressão Rcd, obtém-se:
V d = Rcd . cos θ * ( ) (18)
(
θ * = arctan a * / z * ) (19)
Considerando que a força na biela se distribui ao longo da projeção da largura do apoio
aap e de sua base b, seu valor é dado por:
R cd = f cd .b.a ap . cos θ *
*
( ) (20)
Substituindo o valor de Rcd na Expressão (18), tem-se para a força última Vd:
V d = f cd .b.a ap . cos 2 θ *
*
( ) (21)
1
Onde cos θ * = .
2
⎛a *
⎞
1 + ⎜⎜ * ⎟
⎟
⎝z ⎠
∑A
zi
Vd = si f yid . (23)
i =1 a
onde:
n: número de barras longitudinais situadas no trecho de altura igual a 2d1/3.
R sid = Asi . f yid : força resistente na armadura considerada.
Vd
R s1d
2d/3
Modelo total R s2d
R s3d
d/3
arm. horizontal
que não contribui
na resistência
a a a
R s1d
+ +
0,9d 1
d = d1
R s2d
0,9d 2
d2
0,9d 3
R s3d
d3
Parcelas de contribuição de cada
armadura horizontal até 2d/3
Figura 4 – Modelo de bielas e tirantes proposto baseado em LEONHARDT & MÖNNIG [29]
para consolos curtos com carga vertical
1 000
600
V (kN)
400
2
200
Desta forma, foi feita a aplicação do modelo de atrito-cisalhamento adaptado e das duas
formulações propostas de biela e tirante para os consolos sem e com armadura de costura e, para
esses últimos, efetuou-se o cálculo da resistência sem e com a contribuição da armadura de
costura até 2d/3. No caso da força última definida pelo esmagamento do concreto do modelo de
atrito cisalhamento, adotou-se o menor valor da Expressão (2).
Como são feitas comparações com resultados experimentais, os coeficientes de
segurança de todos os modelos teóricos não foram considerados. Portanto, a resistência do
concreto e a tensão de escoamento do aço foram consideradas com os valores médios fornecidos
pelos ensaios.
Analisando-se inicialmente os consolos sem armadura de costura, cujos resultados
experimentais e teóricos considerando o Estado Limite Último de ruptura por escoamento do
tirante são apresentados na Figura 6, a maioria dos pontos referentes ao modelo de atrito-
cisalhamento que se situaram na região inferior à curva experimental estão compreendidos em
valores menores da relação a/d, o que sugere que a predominância da força devido ao atrito na
interface consolo-pilar nos consolos muito curtos. Já para os consolos curtos, a força oriunda do
escoamento do tirante das formulações propostas de biela e tirante passa a ser preponderante,
conforme a observação dos pontos situados próximos da curva experimental para valores
maiores de a/d. Contudo, para relações menores de a/d, a Proposta II forneceu resistências
sistematicamente maiores que as da Proposta I, com uma distância maior, conseqüentemente, da
curva experimental.
1 400
4
1. Experimental
1 200
2. Atrito - Escoam. tirante
3. Proposta I - Escoam. tirante
1 000
4. Proposta II - Escoam. tirante
3
800
V (kN)
600
2
400
200
Figura 6 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos sem armadura de costura:
Estado Limite Último de ruptura por escoamento do tirante
1 400
1. Experimental
1 200 2. Atrito - Esmag. concreto
3. HAGBERG - Esmag. concreto
1 000 4. Proposta I - Esmag. cooncreto
5. Proposta II - Esmag. cooncreto
800
V (kN)
600
2
400 1
3
200
4
5
Figura 7 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos sem armadura de costura:
Estado Limite Último de ruptura por esmagamento do concreto
1 400
1. Experimental
1 200
2. Atrito - Escoam. tirante
3. Atrito - Esmag. concreto
1 000
4. Proposta I - Escoam. tirante
4
5. Proposta I - Esmag. concreto
800
V (kN)
400
2
3
6
200
5
Figura 8 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos sem armadura de costura:
Modelo de atrito-cisalhamento versus Proposta I
1 400
1. Experimental
1 200
2. Atrito - Escoam. tirante
4 3. Atrito - Esmag. concreto
1 000
4. Proposta II - Escoam. tirante
5. Proposta II - Esmag. concreto
800
V (kN)
600 1
400 2
3
6
200
Figura 9 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos sem armadura de costura:
Modelo de atrito-cisalhamento versus Proposta II
Vale salientar que em poucos consolos a menor resistência teórica foi superior à
experimental e que as curvas expressam uma tendência exponencial de acordo com determinado
número de pontos. O fato da força devido ao escoamento do tirante para alguns consolos com
apenas armadura do tirante ter sido superior ao valor experimental não invalida as propostas,
mesmo porque a maioria desses modelos apresentou resultados a favor da segurança quando
analisados pelos dois Estados Limites Últimos. No caso da Proposta I, apenas 6% desses
consolos tiveram sua menor resistência teórica com valor acima da experimental, onde desses,
somente 3 consolos apresentaram diferenças entre 10% e 20% em relação aos resultados
experimentais. Já para a Proposta II, 9% dos consolos com armadura do tirante tiveram sua
resistência superestimada, com 8 consolos mostrando diferenças entre 10% e 20% referentes aos
valores experimentais.
Nas Figuras 10 e 11, são apresentados os resultados do grupo de consolos com
armadura de costura segundo o Estado Limite Último de ruptura por escoamento das armaduras.
Considerando apenas a armadura do tirante, a linha de tendência do modelo de atrito-
cisalhamento apresentou resultados a favor da segurança para relações a/d menores que 0,8,
aproximadamente. A partir daí, os resultados teóricos superaram os experimentais. Já quando se
adiciona a contribuição da armadura de costura, o modelo de atrito-cisalhamento torna-se menos
conservador, com resistências menores que as experimentais para relações a/d menores que 0,5,
aproximadamente. Ou seja, torna-se apropriado para consolos muito curtos. No caso das
Propostas I e II, constata-se uma redução significativa do conservadorismo através da
aproximação maior entre as curvas teóricas e experimentais quando no cálculo também é levada
em conta a contribuição da armadura de costura até 2d/3. No caso da Proposta II, o
comportamento das linhas de tendência foi bastante semelhante ao da Proposta I, porém
fornecendo resultados um pouco menos conservadores.
1 000
1. Experimental
900
2. Atrito - Escoam. tirante
800 3. Atrito - Escoam. todas as armaduras
700 4. Proposta I - Escoam. tirante
1
5. Proposta I - Escoam. todas as armaduras
600
V (kN)
5
500 3
2
400
300
200
100 4
1 000
900 1. Experimental
2. Atrito - Escoam. tirante
800
3. Atrito - Escoam. todas as armaduras
700 4. Proposta II - Escoam. tirante
500 3
1
400
300
200
2
100 4
5
1 000
900 1. Experimental
2. Atrito - Esmag. concreto (d1)
800
3. Atrito - Esmag. concreto (d*)
700 4. Proposta I - Esmag. cooncreto (d1)
600 1 5. Proposta I - Esmag. cooncreto (d*)
V (kN)
4
500
400 3
300
200
2
100 5
1 000
1. Experimental
900
2. Atrito - Esmag. concreto (d1)
800 3. Atrito - Esmag. concreto (d*)
700 4. Proposta II - Esmag. cooncreto (d1)
5. Proposta II - Esmag. cooncreto (d*)
600
1
V (kN)
4
500
400 3
2
300
200
5
100
1 000
1. Experimental
900
2. HAGBERG - Esmag. concreto (d1)
800 3. HAGBERG - Esmag. concreto (d*)
700 2 4. Proposta I - Esmag. cooncreto (d1)
5. Proposta I - Esmag. cooncreto (d*)
600
V (kN)
3
500
400
300 1
200 4
5
100
A verificação dos dois Estados Limites Últimos de ruptura é comprovada através das
Figuras 15 e 16 com a linha de tendência dos menores valores teóricos, que ficou situada abaixo
da curva experimental para as duas propostas desse trabalho. Os resultados foram a favor da
segurança em quase a totalidade dos consolos analisados, com exceção de dois consolos que
apresentaram resistências teóricas superiores às experimentais, um com diferença abaixo de
10% e no outro a diferença foi inferior a 20% em relação ao valor experimental, considerando
as duas propostas. Desta forma, ocorre uma economia significativa com a consideração da
parcela de resistência da peça oriunda do escoamento da armadura de costura.
1 000
1. Experimental
900
2. Atrito - Escoam. todas as armaduras
800 3. Atrito - Esmag. concreto (d1)
700 4. Proposta I - Escoam. todas as armaduras
5. Proposta I - Esmag. concreto (d1)
600 1
6. Menor valor teórico
V (kN)
500
2
400
300
200 4
3
5
100 6
1 000
1. Experimental
900
2. Atrito - Escoam. todas as armaduras
800 3. Atrito - Esmag. concreto (d1)
1 4. Proposta II - Escoam. todas as armaduras
700
4 5. Proposta II - Esmag. concreto (d1)
600
6. Menor valor teórico
V (kN)
5
500
2
400
300
200 6
3
100
1 000
1. Experimental
900
2. Proposta I - Escoam. todas as armaduras
800 3. Proposta I - Esmag. concreto (d1)
700 4. Proposta II - Escoam. todas as armaduras
4
5. Proposta II - Esmag. concreto (d1)
600
V (kN)
500
3
1
400 5
300
2
200
100
O comportamento do consolo está diretamente interligado com sua relação a/d, a qual
subdivide o seu cálculo segundo três modelos: atrito-cisalhamento para consolos muito curtos
( a / d < 0 ,5 ), biela e tirante para consolos curtos ( 0 ,5 ≤ a / d ≤ 1,0 ) e teoria de vigas para
consolos longos ( 1,0 < a / d < 2 ,0 ). Dentre outros parâmetros, existe a grande influência da
armadura de costura no comportamento quanto à resistência, ductilidade e fissuração do
consolo.
A validade das duas formulações propostas e da adaptação do modelo de atrito-
cisalhamento foi testada através de suas aplicações em 245 consolos com valores experimentais
da literatura, sendo 160 contendo apenas a armadura principal do tirante e 85, tendo além desta,
armadura de costura.
O aumento da armadura de costura proporcionou um crescimento significativo da
7 AGRADECIMENTOS
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