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ISSN 1809-5860

ANÁLISE DA CAPACIDADE RESISTENTE DE


CONSOLOS DE CONCRETO ARMADO
CONSIDERANDO A CONTRIBUIÇÃO DA
ARMADURA DE COSTURA

Rejane Martins Fernandes1 & Mounir Khalil El Debs2

Resumo

Apesar de na prática sua contribuição geralmente não ser considerada, através de diversos
estudos experimentais da literatura, já foi comprovado que a armadura de costura aumenta a
capacidade resistente dos consolos, além de melhorar seu comportamento quanto à fissuração
e ductilidade. Com o objetivo de se analisar a contribuição efetiva dessa armadura na
resistência de consolos curtos e muito curtos de concreto armado, esse trabalho propõe dois
procedimentos de cálculo de biela e tirante considerando a altura útil efetiva de cada barra de
costura, validando-os através de suas aplicações em 245 consolos com resultados
experimentais, sendo 85 destes com armadura de costura. As duas formulações propostas
foram aplicadas aos consolos curtos, e no caso dos consolos muito curtos, foram utilizadas em
conjunto com uma adaptação do modelo de atrito cisalhamento da NBR-9062/85, considerando
nesses modelos os Estados Limites Últimos de ruptura por escoamento das armaduras e
esmagamento do concreto. Para os consolos com apenas armadura principal do tirante, 94%
destes apresentaram resultados a favor da segurança quando se utilizou a primeira proposta e
91% no caso da segunda proposta, contudo a diferença da resistência teórica em relação à
experimental foi inferior a 10%. Entre os consolos com armadura de costura, 98%
apresentaram resultados a favor da segurança para as duas formulações propostas, sendo que
dos consolos com armadura de costura que tiveram sua resistência superestimada, apenas um
apresentou uma diferença superior a 10% em relação ao valor experimental.

Palavras-chave: consolo; concreto armado; armadura de costura; modelos de projeto.

1 INTRODUÇÃO

Uma das principais particularidades do comportamento estrutural dos consolos curtos e


muito curtos em relação às vigas é que as hipóteses da teoria técnica de flexão não podem ser
aplicadas ao seu estudo. Para a análise da sua capacidade resistente ou o seu dimensionamento,

1
Doutora em Engenharia de Estruturas – EESC-USP, rejane_canha@yahoo.com.br
2
Professor Associado do Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, mkdebs@sc.usp.br

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não se pode utilizar, portanto, os modelos de cálculo de vigas que levam em consideração a
hipótese da manutenção das seções planas. Mesmo quando se considera material homogêneo,
isótropo e elástico perfeito, as tensões normais à seção transversal do consolo não variam
linearmente ao longo da sua altura e as tensões tangenciais e as tensões normais aos planos
ortogonais a essa seção não são desprezíveis. Além disso, após a fissuração do concreto, o
comportamento do consolo se modifica, ocorrendo uma diminuição de rigidez e outros
mecanismos mais complexos. Desta forma, o projeto desses elementos estruturais deve ser
objeto de recomendações específicas.
Segundo a NBR-9062/85 [1], os consolos são calculados de acordo com três modelos
para três diferentes intervalos de a/d, definida como a relação entre a distância a da força até a
face do pilar e a altura útil d do consolo:
• Consolos muito curtos (a/d < 0,5): cálculo com modelo de atrito-cisalhamento;
• Consolos curtos (0,5 ≤ a/d ≤ 1,0): cálculo com modelo de biela e tirante;
• Consolos longos (1,0 < a/d < 2,0): cálculo como viga.
Além da armadura principal do tirante, disposta no topo do consolo para absorver as
tensões de tração, uma outra armadura de importância relevante é distribuída na direção
horizontal ao longo da altura restante do consolo, a qual é denominada de armadura de costura.
Ela tem a principal finalidade de “costurar” as fissuras que venham a ocorrer na interface
consolo-pilar e promover, quando estiver adequadamente ancorada, um confinamento na biela
de compressão, garantindo, conseqüentemente, uma ductilidade à peça.
Em geral, ela não é considerada no cálculo da resistência do consolo. Com relação ao
modelo de atrito-cisalhamento, algumas das formulações da literatura levam em conta a
contribuição da armadura de costura na resistência do consolo; entretanto, para o modelo de
biela e tirante, apenas a formulação apresentada em MACHADO [2], a qual é baseada em
HAGBERG [3], considera a armadura de costura, mas concentrada em uma altura equivalente a
2d/3.
Baseando-se nisso, são apresentadas duas propostas de biela e tirante para o cálculo da
resistência de consolos, considerando o Estado Limite Último de escoamento das armaduras do
tirante e de costura e a contribuição efetiva da armadura de costura, ou seja, com cada uma de
suas barras concentrada na sua altura útil efetiva. Embora essas duas formulações possam ser
um pouco mais trabalhosas que a apresentada em MACHADO [2], elas se justificam devido à
repetição dos elementos pré-moldados e a conseqüente necessidade do refinamento do projeto
desses elementos.
Uma análise inicial de uma das formulações propostas e de alguns resultados de normas
feita pelos presentes autores pode ser encontrada em FERNANDES & EL DEBS [4].
Para validar as duas formulações propostas, foi feita sua aplicação em 245 modelos
ensaiados na literatura, sendo 146 desses consolos muito curtos, 85 curtos e 14 longos. Entre os

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consolos analisados nesse trabalho, estão os referidos em: FRANZ & NIEDENHOFF [5], KRIZ
& RATHS [6], MAUTONI [7], HERMANSEN & COWAN [8], ROBINSON [9], FRANZ [10],
MATTOCK et al. [11], YONG et al. [12], CHAKRABARTI & FARAHANI [13], FATTUHI
[14], NAEGELI [15], FATTUHI & HUGHES [16], FATTUHI & HUGHES [17], FATTUHI &
HUGHES [18], FATTUHI [19], FATTUHI [20], ZELLER [21], FATTUHI [22], FATTUHI
[23], YONG & BALAGURU [24], REIS & TORRES [25], NAEGELI [26], TORRES [27],
FERNANDES [28].
Conforme KRIZ & RATHS [6], ensaios mostram que a armadura de costura
praticamente não contribui para a capacidade resistente do consolo quando também atuam neste,
forças horizontais. Portanto, como o principal objetivo desse trabalho é avaliar a parcela de
contribuição da armadura de costura, foram eliminados desse estudo os consolos com atuação
simultânea de força vertical e horizontal. Contudo, as formulações propostas podem ser
aplicadas para o caso geral, desde que seja feito o dimensionamento separadamente do consolo
sob força vertical e horizontal, considerando-se a armadura total como a soma das armaduras
dos dois casos, e se despreze a contribuição da armadura de costura para a análise do consolo
sob forças horizontais.
Os consolos analisados tinham as seguintes características:
• Relação a/d variando de 0,11 a 1,47;
• Consolos simétricos e assimétricos submetidos apenas à força vertical, inclusive blocos
sobre estacas que recaem nos modelos de cálculo utilizados para consolos;
• Qualquer valor para a altura da face externa do consolo, apesar de na prática ser
recomendado o valor igual à pelo menos metade da altura interna;
• O tipo de ruptura foi informado;
• A ruptura não foi localizada (do pilar, da extremidade, da ancoragem ou sob a placa de
aplicação do carregamento);
• Concreto com qualquer valor de resistência à compressão;
• Armadura disposta horizontalmente ou verticalmente.
Neste trabalho, são apresentados os modelos de atrito-cisalhamento da NBR-9062/85
[1] para consolos muito curtos, de biela e tirante de LEONHARDT & MÖNNIG [29] adaptado
por EL DEBS [30], as formulações propostas considerando a armadura de costura e a
comparação dos resultados teóricos com os experimentais da literatura.

2 MODELO DE ATRITO-CISALHAMENTO

Um dos principais modelos para cálculo de consolos muito curtos (relação a/d < 0,5) é
o de atrito-cisalhamento. Esse modelo supõe que ocorra ruptura por cisalhamento na interface

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consolo-pilar. Admite-se também que, através das fissuras que se formam na superfície de
transmissão dos esforços cisalhantes, ocorra inicialmente um deslocamento relativo vertical
entre o consolo e o pilar. Como essa superfície é irregular, o deslocamento relativo horizontal
ocasiona solicitações de tração na armadura distribuída que cruza a interface e,
conseqüentemente, a superfície de concreto ficará comprimida. O mecanismo desse modelo é
ilustrado na Figura 1.
A clássica Teoria de Atrito-Cisalhamento prevê a transferência de esforços de
cisalhamento através de um dado plano por meio de uma armadura distribuída que o atravessa.
Esse plano pode ser o de uma provável fissura, o da interface de ligação de materiais diferentes
ou da superfície entre dois concretos moldados em datas distintas. Vale salientar, que nesse
modelo, a armadura é suposta uniformemente distribuída ao longo da fissura potencial,
desprezando-se a excentricidade da força vertical que implicaria em uma armadura mais
concentrada na parte tracionada. Como para os modelos de biela e tirante, acredita-se que a
armadura horizontal situada na região inferior do consolo não contribua efetivamente na
resistência do consolo, pois, mesmo nos casos em que o cisalhamento predomina, existe uma
parcela da resistência oriunda da flexão. Para base de comparação entre os modelos, nos
referidos cálculos para previsão da força última, apenas considerou-se a armadura de costura
posicionada até 2d/3 em relação à face superior do consolo.

Fn Fat R
V
V φ
at

V Fn
F n = V / tg φ at
como
Fn = A st σs
fissura tg φ at = µ (coef. de atrito)
potencial
resulta Ast - armadura para proporcionar
V
A st =
σs µ a força normal necessária
para o equilíbrio

Figura 1 - Modelo de atrito-cisalhamento - EL DEBS [30]

A NBR-9062/85 [1] permite a consideração do efeito favorável do engrenamento dos


agregados se a interface for atravessada por barras de aço perpendiculares à mesma e
respeitando-se as condições de segurança relativas ao coeficiente de ajustamento e as
disposições construtivas do item 7.3.3 da Norma.
A armadura principal do tirante segundo a NBR-9062/85 [1] é calculada com a

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expressão:
1 0 ,8V d Hd
Astir = . + (1)
f yd µ f yd

onde o valor de µ vale:


• µ = 1,4 : para concreto lançado monoliticamente;
• µ = 1,0 : para concreto lançado sobre concreto endurecido intencionalmente rugoso (5
mm de profundidade a cada 30 mm)
• µ = 0,6 : para concreto lançado sobre concreto endurecido com interface lisa.
É recomendado também que a área da armadura, para consolo muito curto, não seja
menor que aquela calculada com a expressão para consolo curto, com o objetivo de cobrir
algum esforço de flexão que eventualmente venha a surgir. A tensão da armadura deve ser
limitada em 435 MPa para os dois tipos de consolo.
A verificação do esmagamento do concreto pode ser feita também em termos da tensão
tangencial de referência. O valor da tensão última recomendada é dado por:
⎧3,0 + 0 ,9 ρ . f yd ( MPa )
Vd ⎪
τ wd = ≤ τ wu ≤ ⎨0 ,30 f cd (2)
b.d ⎪6 MPa

onde ρ é a taxa geométrica da armadura do tirante.

3 MODELO DE BIELA E TIRANTE

O modelo de biela e tirante, também denominado de treliça, consiste em idealizar o


comportamento do concreto, nos trechos de descontinuidade, através de bielas (campos
comprimidos) e tirantes (campos tracionados), com suas respectivas posições escolhidas a partir
do fluxo de tensões na região. Os elementos são interconectados nos nós, resultando na
formação de uma treliça idealizada. Esse modelo é o mais empregado para o cálculo de consolos
curtos.
O dimensionamento através desse modelo é feito com a verificação da resistência à
compressão em uma seção fictícia da biela e o cálculo da área da armadura do tirante em função
da tensão de escoamento do aço. Recomenda-se também a verificação da resistência nos nós, de
tal forma que as forças sejam ancoradas e balanceadas satisfatoriamente. Além da armadura do
tirante, costuma-se adicionar a armadura de costura, mencionada anteriormente, a qual é
considerada adequada quando distribuída nos primeiros 2d/3 da altura do consolo. Por essa
razão, no cálculo da capacidade resistente dos consolos analisados, apenas computou-se essa
parte da armadura de costura.

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O modelo clássico consiste basicamente no equilíbrio de forças e momentos no esquema


de treliça apresentado na Figura 2

Vd
Hd
0,9 d . a
a bie =

dn
C B 2 2
a ( 0,9 d ) + a
R sd h bie
bie
0,9 d

0,9 a
a bie =

d
2 2
( 0,9 ) + ( a )
A d

R cd h bie = 0,2 d

Figura 2 - Modelo de análise e características geométricas de consolo curto – LEONHARDT &


MÖNNIG [29] adaptado por EL DEBS [30]

A armadura do tirante é determinada através do equilíbrio de momento em relação ao


ponto A, resultando em:
V d .a + H d ( 0 ,9 d + d h )
Astir . f yd = (3)
0 ,9 d
Considerando dh/d aproximadamente igual a 0,2, tem-se:
Vd a H
Astir = . + 1,2 d (4)
f yd 0 ,9 d f yd

Do equilíbrio de momentos em relação ao ponto C, tem-se:

V d .a + H d .d h V .a + H d .d h
2
Rcd = ∴ Rcd = d (0 ,9 )2 + ⎛⎜ a ⎞⎟ (5)
a bie 0 ,9.a ⎝d ⎠
A tensão de compressão na biela é calculada com a expressão:

⎛ ⎞
2
⎟ (0 ,9 )2 + ⎛⎜ ⎞⎟
Rcd Vd H .d a
σ cd = ∴ σ cd = ⎜1 + d h
⎜ ⎟ (6)
0 ,2b.d 0 ,18.b.d ⎝ V d .a ⎠ ⎝d ⎠

Desprezando o valor da parcela Hd.dh/Vd.a, que para os casos usuais é menor que 0,06, e
limitando o valor da tensão na biela em β.fcd, tem-se:
2
(0 ,9 )2 + ⎛⎜ a ⎞⎟
Vd
σ cd = ≤ β . f cd (7)
0 ,18.b.d ⎝d ⎠
onde adota-se β = 1 no caso de forças diretas e β = 0 ,85 para forças indiretas.
Colocando a expressão acima na forma de tensão tangencial de referência, obtém-se:

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Vd 0 ,18 β . f cd
τ wd = ≤ τ wu =
b.d 2
⎛a⎞ (8)
(0 ,9 ) 2
+⎜ ⎟
⎝d ⎠

4 FORMULAÇÕES PROPOSTAS

4.1 Adaptação do Modelo de Atrito-Cisalhamento

Embora o modelo de atrito-cisalhamento da NR-9062/85 [1] considere apenas a


armadura do tirante colaborando na resistência do consolo, pela clássica Teoria de Atrito-
Cisalhamento, admite-se que a transmissão das tensões de cisalhamento ocorra ao longo da
interface consolo-pilar através da armadura distribuída que a atravessa. Neste caso,
considerando-se também a armadura de costura situada nos primeiros 2/3 da altura útil d1, tem-
se para a força última Vd:
n µ .Asi . f yid
Vd = ∑
i =1 0 ,8
(9)

Considerando a adaptação da Expressão (2), onde é feita a verificação do esmagamento


do concreto, tem-se para a tensão última, no caso de se considerar a armadura de costura:
⎧ n A .f

⎪3,0 + 0 ,9 ∑
si yid
*
( MPa ) (a)
⎪ i =1 b.d
Vd ⎪
τ wd = ≤ τ wu ≤ ⎨0 ,30 f cd* (b) (10)
b.d * ⎪6 MPa
⎪ (c)

4.2 Proposta I (Baseada em HAGBERG [3])

Com o intuito de considerar a contribuição efetiva da armadura de costura na resistência


do consolo, foi feito um refinamento no modelo de HAGBERG [3], o qual é apresentado em
MACHADO [2] e que considera duas treliças simples ligadas por uma barra vertical na posição
da carga. O modelo refinado consiste em várias treliças interconectadas em um mesmo nó, onde
cada armadura horizontal do tirante ou de costura com sua respectiva biela formam uma treliça.
O esquema desse modelo é apresentado na Figura 3..
São admitidas as seguintes hipóteses:
• As deformações elásticas dos materiais são desprezíveis quando comparadas com as
deformações plásticas. Admite-se que o concreto rompe por compressão na flexão ou
que o aço entre em escoamento antes. Portanto, tanto a ruptura do concreto à

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compressão como o escoamento da armadura são considerados como critérios de


ruptura;
• A resistência à tração do concreto é negligenciada;
• O valor de cálculo da tensão de contato na placa de apoio não deve ser superior a
0 ,6.( 1 − f ck / 250 ) f cd ( f ck em MPa);

• A geometria do modelo deve ser compatível com o modelo matemático. Deve-se,


portanto, prever uma ancoragem correta da armadura principal e o não posicionamento
da carga além da curvatura desta armadura. E a altura do consolo na sua extremidade
livre hext deve ser pelo menos metade da altura útil d1 na seção de engastamento, para
evitar rupturas secundárias;
• A armadura de costura a ser considerada no cálculo deve estar no trecho de altura igual
a 2d1/3.
A expressão para cálculo da força última é apresentada abaixo:
n

∑A
zi
Vd = si . f yid . (11)
i =1 a*
onde:
n: número de barras longitudinais situadas no trecho de altura igual a 2d1/3.

a * = 0 ,5 ⎡a + a 2 + d * 2 ω * ( 2 − ω * ) ⎤ : distância da linha de ação da carga concentrada


⎢⎣ ⎥⎦
vertical ao nó de encontro das treliças.
z i = d i − 0 ,5.ω * .d * : braço de alavanca referente à armadura i de área Asi.
n


d i .R sid
d* = : altura útil equivalente de consolos curtos com cargas verticais.
i =1 R sd

R sid = Asi . f yid : força resistente na armadura considerada.


n
R sd = ∑A
i =1
si . f yid : força resistente total.

f cd = 0 ,85.( 1 − f ck / 250 ). f cd : resistência de cálculo à compressão do concreto. No


*

caso dos consolos analisados, considerou-se f cd = f cm .


*

n Asi . f yid
ω* = ∑ *
: taxa mecânica da armadura longitudinal total.
i =1 b.d * . f cd

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Análise da capacidade resistente de consolos de concreto armado considerando a contribuição... 111

a*
a
Vd
a ap
0,5hbie .cos θ∗
R sd
R s1d
R s1d
R sd
d 1/3 θ = θ∗
R s2d θ = θ∗
V1d
R s3d θ3 R c1d
d1 θ2
d 1/3 Vd θ1
z*
d* d2 R s2d R cd
θ1
V2d
d3 θ2
d 1/3 R s3d R c2d
R cd V3d
θ
θ∗ 0,5h bie.sen θ∗ R c3d3
h bie f cd* armadura horizontal que
não contribui na resistência

Figura 3 - Modelo de bielas e tirantes proposto baseado em HAGBERG [3] para consolos curtos
com carga vertical

Fazendo-se o equilíbrio de momentos em relação ao ponto C da treliça resultante, tem-


se:
Vd .a*
Rcd = (12)
a bie

Substituindo o valor de a bie = a * / 1 + a * / z * ( )


2
na expressão acima, a resultante na

biela fica calculada conforme:


2
⎛ a* ⎞
Rcd = Vd 1 + ⎜⎜ * ⎟

(13)
⎝z ⎠
onde:
z * = d * − 0 ,5.ω * .d * : braço de alavanca referente à armadura da treliça resultante.
Considerando semelhantemente ao Modelo de LEONHARDT & MÖNNIG [29]
adaptado por EL DEBS [30], a largura da biela hbie equivalente a 20% da altura útil, a tensão de
compressão na biela é calculada com a expressão:
2
Rcd Vd ⎛ a* ⎞
σ cd = ∴ σ cd = 1 + ⎜⎜ * ⎟

(14)
0 ,2b.d * 0 ,2.b.d * ⎝z ⎠

Limitando o valor da tensão na biela em f cd* , tem-se:

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2
Vd ⎛ a* ⎞
σ cd = 1 + ⎜⎜ * ⎟ ≤ f cd*

(15)
0 ,2.b.d * ⎝z ⎠
A força última Vd fica dada por:
0 ,2 f cd* .b.d *
Vd =
2
⎛ a* ⎞ (16)
1 + ⎜⎜ * ⎟

⎝z ⎠
Colocando a Expressão (16) na forma de tensão tangencial de referência, tem-se:
Vd 0 ,2. f cd*
τ wd = ≤ τ wu =
b.d * ⎛ a* ⎞
2
(17)
1 + ⎜⎜ * ⎟

⎝z ⎠
A título de ilustração, apresenta-se também a expressão adaptada do modelo de
HAGBERG [3] para o cálculo da força última Vd, considerando o Estado Limite Último de
esmagamento da biela de compressão. Fazendo-se o equilíbrio das forças verticais da treliça
resultante formada pelo tirante com força resistente total Rsd e por sua respectiva biela de
compressão Rcd, obtém-se:
V d = Rcd . cos θ * ( ) (18)

O ângulo θ * da treliça resultante é calculado conforme a seguinte expressão:

(
θ * = arctan a * / z * ) (19)
Considerando que a força na biela se distribui ao longo da projeção da largura do apoio
aap e de sua base b, seu valor é dado por:

R cd = f cd .b.a ap . cos θ *
*
( ) (20)

Substituindo o valor de Rcd na Expressão (18), tem-se para a força última Vd:
V d = f cd .b.a ap . cos 2 θ *
*
( ) (21)

1
Onde cos θ * = .
2
⎛a *

1 + ⎜⎜ * ⎟

⎝z ⎠

Com a substituição de cos θ * na Expressão (21), têm-se para Vd:


*
f cd .b.a ap
Vd = 2
⎛ a* ⎞ (22)
1 + ⎜⎜ * ⎟

⎝z ⎠
Será visto no item de resultados, entretanto, que a Equação (22) fornece valores
sistematicamente maiores que os calculados pela Equação (16).

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Análise da capacidade resistente de consolos de concreto armado considerando a contribuição... 113

4.3 Proposta II (Baseada em LEONHARDT & MÖNNIG [29])

Uma adaptação do procedimento de biela e tirante de LEONHARDT & MÖNNIG [29]


adicionando a armadura de costura também é proposta, em virtude de reduzir as diferenças entre
resultados teóricos e experimentais. Essa formulação modificada consiste na somatória das
parcelas de contribuição das armaduras horizontais do tirante e de costura até 2d1/3, segundo
ilustra a Figura 4. Considerando o estado limite último de escoamento das armaduras
horizontais, a resistência dos consolos curtos é, então, adaptada da Expressão original (3) e
calculada com a seguinte expressão:
n

∑A
zi
Vd = si f yid . (23)
i =1 a
onde:
n: número de barras longitudinais situadas no trecho de altura igual a 2d1/3.
R sid = Asi . f yid : força resistente na armadura considerada.

z i = 0 ,9 d i : braço de alavanca referente à armadura i de área Asi.

d i : altura útil efetiva da armadura i considerada.


Ressalta-se que devido a armadura de costura praticamente não contribuir para o
aumento da força horizontal, esta foi eliminada da expressão modificada.
A Expressão (23) é semelhante à Expressão (11), diferenciando-se no valor do braço zi e
na distância a da linha de ação da carga concentrada vertical ao nó inferior das treliças.
A força última Vd, considerando o Estado Limite Último por esmagamento da biela de
compressão, é dada pela Expressão (8) adaptada, substituindo-se β . f cd por f cd* e a altura útil d
pela altura útil d*, que leva em conta a contribuição da armadura de costura até 2d1/3:
0 ,18. f cd* .b.d *
Vd =
2
⎛ a ⎞ (24)
(0 ,9 ) 2
+⎜ * ⎟
⎝d ⎠
onde:
n
d i .R sid
d* = ∑ i =1 R sd

d i : altura útil da armadura i de área Asi.

Rsid = Asi . f yid : força resistente na armadura considerada.


n
R sd = ∑A
i =1
si . f yid : força resistente total.

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114 Rejane Martins Fernandes & Mounir Khalil El Debs

Vd

R s1d

2d/3
Modelo total R s2d
R s3d

d/3
arm. horizontal
que não contribui
na resistência

a a a

V1d V2d V3d

R s1d
+ +
0,9d 1

d = d1

R s2d
0,9d 2

d2

0,9d 3
R s3d

d3
Parcelas de contribuição de cada
armadura horizontal até 2d/3

Figura 4 – Modelo de bielas e tirantes proposto baseado em LEONHARDT & MÖNNIG [29]
para consolos curtos com carga vertical

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS FORMULAÇÕES PROPOSTAS E


EXPERIMENTAIS

O aumento da capacidade resistente dos consolos com armadura de costura em relação


aos que possuem apenas a armadura do tirante pode ser constatado através dos resultados
experimentais da literatura na Figura 5, onde se observa também uma diminuição da resistência
com o crescimento de a/d.

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Análise da capacidade resistente de consolos de concreto armado considerando a contribuição... 115

1 000

1. Consolos sem arm. costura


800 2. Consolos com arm. costura

600
V (kN)

400
2

200

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6


a/d

Figura 5 – Valores experimentais da força última versus relação a/d

Desta forma, foi feita a aplicação do modelo de atrito-cisalhamento adaptado e das duas
formulações propostas de biela e tirante para os consolos sem e com armadura de costura e, para
esses últimos, efetuou-se o cálculo da resistência sem e com a contribuição da armadura de
costura até 2d/3. No caso da força última definida pelo esmagamento do concreto do modelo de
atrito cisalhamento, adotou-se o menor valor da Expressão (2).
Como são feitas comparações com resultados experimentais, os coeficientes de
segurança de todos os modelos teóricos não foram considerados. Portanto, a resistência do
concreto e a tensão de escoamento do aço foram consideradas com os valores médios fornecidos
pelos ensaios.
Analisando-se inicialmente os consolos sem armadura de costura, cujos resultados
experimentais e teóricos considerando o Estado Limite Último de ruptura por escoamento do
tirante são apresentados na Figura 6, a maioria dos pontos referentes ao modelo de atrito-
cisalhamento que se situaram na região inferior à curva experimental estão compreendidos em
valores menores da relação a/d, o que sugere que a predominância da força devido ao atrito na
interface consolo-pilar nos consolos muito curtos. Já para os consolos curtos, a força oriunda do
escoamento do tirante das formulações propostas de biela e tirante passa a ser preponderante,
conforme a observação dos pontos situados próximos da curva experimental para valores
maiores de a/d. Contudo, para relações menores de a/d, a Proposta II forneceu resistências
sistematicamente maiores que as da Proposta I, com uma distância maior, conseqüentemente, da

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 25, p.103-128, 2005


116 Rejane Martins Fernandes & Mounir Khalil El Debs

curva experimental.

1 400
4
1. Experimental
1 200
2. Atrito - Escoam. tirante
3. Proposta I - Escoam. tirante
1 000
4. Proposta II - Escoam. tirante
3
800
V (kN)

600

2
400

200

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6


a/d

Figura 6 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos sem armadura de costura:
Estado Limite Último de ruptura por escoamento do tirante

Como ambos os modelos de atrito-cisalhamento e biela e tirante exigem a verificação


do Estado Limite Último de ruptura do concreto, apresenta-se a resistência segundo o seu
esmagamento na Figura 7.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 25, p.103-128, 2005


Análise da capacidade resistente de consolos de concreto armado considerando a contribuição... 117

1 400
1. Experimental
1 200 2. Atrito - Esmag. concreto
3. HAGBERG - Esmag. concreto
1 000 4. Proposta I - Esmag. cooncreto
5. Proposta II - Esmag. cooncreto
800
V (kN)

600
2
400 1
3

200
4
5

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6


a/d

Figura 7 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos sem armadura de costura:
Estado Limite Último de ruptura por esmagamento do concreto

Da mesma forma que no escoamento das armaduras, a curva teórica do modelo de


atrito-cisalhamento ficou acima da experimental para valores maiores de a/d, devendo ser
utilizado, portanto, apenas para consolos muito curtos. A proposta adaptada de HAGBERG [3],
considerando a largura da biela proporcional à largura aap do apoio, forneceu forças últimas
superiores às das Propostas I e II e aos valores experimentais na maioria, sugerindo ainda que a
ruptura pelo esmagamento do concreto não aconteceria para valores muito elevados de aap.
Desta forma, recomenda-se adotar o procedimento das duas formulações propostas.
O menor valor teórico é apresentado com o intuito de ilustrar que, apesar de algumas
curvas teóricas terem apresentado alguns trechos com valores maiores que os experimentais, o
cálculo pelos modelos de cálculo propostos induziu a resultados a favor da segurança. Para os
consolos muito curtos, esse menor valor teórico é definido pelo modelo de atrito-cisalhamento
adaptado e por uma das formulações de biela e tirante proposta, ambos considerando os Estados
Limites Últimos de ruptura por escoamento das armaduras e por esmagamento do concreto, pois
parece razoável admitir que esses consolos apresentam tanto uma parcela resistente devido ao
corte da interface pilar-consolo como outra devido à flexão do modelo. No caso dos consolos
curtos, considerou-se apenas o modelo de biela e tirante com os dois Estados Limites Últimos.
Nas Figuras 8 e 9, são apresentadas a curva experimental, as dos modelos de atrito-cisalhamento
juntamente com as Propostas I e II, respectivamente, e a curva definida pelos menores valores
teóricos. Observa-se que essa última curva ficou situada abaixo da curva experimental.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 25, p.103-128, 2005


118 Rejane Martins Fernandes & Mounir Khalil El Debs

1 400

1. Experimental
1 200
2. Atrito - Escoam. tirante
3. Atrito - Esmag. concreto
1 000
4. Proposta I - Escoam. tirante
4
5. Proposta I - Esmag. concreto
800
V (kN)

6. Menor valor teórico


1
600

400
2
3
6
200
5

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6


a/d

Figura 8 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos sem armadura de costura:
Modelo de atrito-cisalhamento versus Proposta I

1 400
1. Experimental
1 200
2. Atrito - Escoam. tirante
4 3. Atrito - Esmag. concreto
1 000
4. Proposta II - Escoam. tirante
5. Proposta II - Esmag. concreto
800
V (kN)

5 6. Menor valor teórico

600 1

400 2
3
6
200

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6


a/d

Figura 9 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos sem armadura de costura:
Modelo de atrito-cisalhamento versus Proposta II

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 25, p.103-128, 2005


Análise da capacidade resistente de consolos de concreto armado considerando a contribuição... 119

Vale salientar que em poucos consolos a menor resistência teórica foi superior à
experimental e que as curvas expressam uma tendência exponencial de acordo com determinado
número de pontos. O fato da força devido ao escoamento do tirante para alguns consolos com
apenas armadura do tirante ter sido superior ao valor experimental não invalida as propostas,
mesmo porque a maioria desses modelos apresentou resultados a favor da segurança quando
analisados pelos dois Estados Limites Últimos. No caso da Proposta I, apenas 6% desses
consolos tiveram sua menor resistência teórica com valor acima da experimental, onde desses,
somente 3 consolos apresentaram diferenças entre 10% e 20% em relação aos resultados
experimentais. Já para a Proposta II, 9% dos consolos com armadura do tirante tiveram sua
resistência superestimada, com 8 consolos mostrando diferenças entre 10% e 20% referentes aos
valores experimentais.
Nas Figuras 10 e 11, são apresentados os resultados do grupo de consolos com
armadura de costura segundo o Estado Limite Último de ruptura por escoamento das armaduras.
Considerando apenas a armadura do tirante, a linha de tendência do modelo de atrito-
cisalhamento apresentou resultados a favor da segurança para relações a/d menores que 0,8,
aproximadamente. A partir daí, os resultados teóricos superaram os experimentais. Já quando se
adiciona a contribuição da armadura de costura, o modelo de atrito-cisalhamento torna-se menos
conservador, com resistências menores que as experimentais para relações a/d menores que 0,5,
aproximadamente. Ou seja, torna-se apropriado para consolos muito curtos. No caso das
Propostas I e II, constata-se uma redução significativa do conservadorismo através da
aproximação maior entre as curvas teóricas e experimentais quando no cálculo também é levada
em conta a contribuição da armadura de costura até 2d/3. No caso da Proposta II, o
comportamento das linhas de tendência foi bastante semelhante ao da Proposta I, porém
fornecendo resultados um pouco menos conservadores.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 25, p.103-128, 2005


120 Rejane Martins Fernandes & Mounir Khalil El Debs

1 000
1. Experimental
900
2. Atrito - Escoam. tirante
800 3. Atrito - Escoam. todas as armaduras
700 4. Proposta I - Escoam. tirante
1
5. Proposta I - Escoam. todas as armaduras
600
V (kN)

5
500 3

2
400

300

200

100 4

0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1


a/d

Figura 10 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos sem armadura de


costura: Estado Limite Último de ruptura por escoamento do tirante utilizando o Modelo
Adaptado de Atrito-Cisalhamento e a Proposta I

1 000

900 1. Experimental
2. Atrito - Escoam. tirante
800
3. Atrito - Escoam. todas as armaduras
700 4. Proposta II - Escoam. tirante

600 5. Proposta II - Escoam. todas as armaduras


V (kN)

500 3
1
400

300

200
2
100 4
5

0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1


a/d

Figura 11 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos sem armadura de


costura: Estado Limite Último de ruptura por escoamento do tirante utilizando o Modelo
Adaptado de Atrito-Cisalhamento e a Proposta II

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 25, p.103-128, 2005


Análise da capacidade resistente de consolos de concreto armado considerando a contribuição... 121

No caso do Estado Limite Último de ruptura por esmagamento do concreto, mostra-se


nas Figuras 12 e 13, o modelo de atrito e cisalhamento versus as Propostas I e II, considerando
apenas a armadura do tirante (neste caso, utiliza-se a altura útil d1), e levando em conta também,
a contribuição da armadura de costura (onde se usa a altura útil d* da treliça resultante).
Observa-se que para o modelo de atrito-cisalhamento, a consideração da armadura de costura
diminuiu as diferenças com os resultados experimentais para relações a/d menores que 0,65,
aproximadamente, pois mesmo considerando-se uma altura útil menor d*, a armadura de costura
aumenta a resistência do consolo através de sua força de escoamento na Expressão (10a). Já no
caso da Proposta II, a utilização da altura útil d* na Equação (24) leva a resultados mais
conservadores; e considerando a Proposta I, ainda adiciona-se a influência de um valor de a*
maior e z* menor na Equação (16), que diminui, conseqüentemente, a resistência teórica da
peça. Entretanto, como a influência da armadura de costura, no caso do Estado Limite Último de
ruptura por esmagamento do concreto, ainda não é bem comprovada experimentalmente,
recomenda-se considerar apenas a armadura do tirante no cálculo da força última pelas
Equações (10), (16) e (24).
A consideração da projeção da largura do apoio aap como limitante da largura da biela
hbie, no caso dos consolos com armadura de costura, também conduz a forças últimas mais
elevadas que a Proposta I, como mostra a Figura 14. Conforme seus resultados acima dos
experimentais, o modelo adaptado de HAGBERG [3] indica também que a ruptura do consolo
não poderia ser governada pelo esmagamento da biela comprimida quando a largura do apoio
aap fosse muito grande.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 25, p.103-128, 2005


122 Rejane Martins Fernandes & Mounir Khalil El Debs

1 000

900 1. Experimental
2. Atrito - Esmag. concreto (d1)
800
3. Atrito - Esmag. concreto (d*)
700 4. Proposta I - Esmag. cooncreto (d1)
600 1 5. Proposta I - Esmag. cooncreto (d*)
V (kN)

4
500

400 3

300

200
2
100 5

0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1


a/d

Figura 12 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos com armadura de


costura: Estado Limite Último de ruptura por esmagamento do concreto utilizando o Modelo
Adaptado de Atrito-Cisalhamento e a Proposta I

1 000
1. Experimental
900
2. Atrito - Esmag. concreto (d1)
800 3. Atrito - Esmag. concreto (d*)
700 4. Proposta II - Esmag. cooncreto (d1)
5. Proposta II - Esmag. cooncreto (d*)
600
1
V (kN)

4
500

400 3
2
300

200
5
100

0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1


a/d

Figura 13 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos com armadura de


costura: Estado Limite Último de ruptura por esmagamento do concreto utilizando o Modelo
Adaptado de Atrito-Cisalhamento e a Proposta II

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 25, p.103-128, 2005


Análise da capacidade resistente de consolos de concreto armado considerando a contribuição... 123

1 000
1. Experimental
900
2. HAGBERG - Esmag. concreto (d1)
800 3. HAGBERG - Esmag. concreto (d*)
700 2 4. Proposta I - Esmag. cooncreto (d1)
5. Proposta I - Esmag. cooncreto (d*)
600
V (kN)

3
500

400

300 1

200 4

5
100

0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1


a/d

Figura 14 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos com armadura de


costura: Estado Limite Último de ruptura por esmagamento do concreto utilizando o Modelo
Adaptado de HAGBERG [3] e a Proposta I

A verificação dos dois Estados Limites Últimos de ruptura é comprovada através das
Figuras 15 e 16 com a linha de tendência dos menores valores teóricos, que ficou situada abaixo
da curva experimental para as duas propostas desse trabalho. Os resultados foram a favor da
segurança em quase a totalidade dos consolos analisados, com exceção de dois consolos que
apresentaram resistências teóricas superiores às experimentais, um com diferença abaixo de
10% e no outro a diferença foi inferior a 20% em relação ao valor experimental, considerando
as duas propostas. Desta forma, ocorre uma economia significativa com a consideração da
parcela de resistência da peça oriunda do escoamento da armadura de costura.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 25, p.103-128, 2005


124 Rejane Martins Fernandes & Mounir Khalil El Debs

1 000
1. Experimental
900
2. Atrito - Escoam. todas as armaduras
800 3. Atrito - Esmag. concreto (d1)
700 4. Proposta I - Escoam. todas as armaduras
5. Proposta I - Esmag. concreto (d1)
600 1
6. Menor valor teórico
V (kN)

500
2
400

300

200 4
3
5
100 6

0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1


a/d

Figura 15 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos com armadura de


costura: Modelo Adaptado de Atrito-Cisalhamento versus Proposta I

1 000
1. Experimental
900
2. Atrito - Escoam. todas as armaduras
800 3. Atrito - Esmag. concreto (d1)
1 4. Proposta II - Escoam. todas as armaduras
700
4 5. Proposta II - Esmag. concreto (d1)
600
6. Menor valor teórico
V (kN)

5
500
2
400

300

200 6
3
100

0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1


a/d

Figura 16 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos com armadura de


costura: Modelo Adaptado de Atrito-Cisalhamento versus Proposta II

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 25, p.103-128, 2005


Análise da capacidade resistente de consolos de concreto armado considerando a contribuição... 125

Considerando a Figura 17, observa-se que a Proposta II fornece resultados menos


conservadores que a Proposta I; entretanto, considerando apenas o escoamento das armaduras, a
força última teórica pela Proposta II foi maior que a experimental em mais consolos que no caso
da Proposta I. Desta forma, recomenda-se o uso da Proposta I, que já proporciona uma boa
economia nos consolos.

1 000
1. Experimental
900
2. Proposta I - Escoam. todas as armaduras
800 3. Proposta I - Esmag. concreto (d1)
700 4. Proposta II - Escoam. todas as armaduras
4
5. Proposta II - Esmag. concreto (d1)
600
V (kN)

500
3
1
400 5

300
2
200

100

0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1


a/d

Figura 17 – Resultados teóricos versus experimentais para os consolos com armadura de


costura: Proposta I versus Proposta II

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES

O comportamento do consolo está diretamente interligado com sua relação a/d, a qual
subdivide o seu cálculo segundo três modelos: atrito-cisalhamento para consolos muito curtos
( a / d < 0 ,5 ), biela e tirante para consolos curtos ( 0 ,5 ≤ a / d ≤ 1,0 ) e teoria de vigas para
consolos longos ( 1,0 < a / d < 2 ,0 ). Dentre outros parâmetros, existe a grande influência da
armadura de costura no comportamento quanto à resistência, ductilidade e fissuração do
consolo.
A validade das duas formulações propostas e da adaptação do modelo de atrito-
cisalhamento foi testada através de suas aplicações em 245 consolos com valores experimentais
da literatura, sendo 160 contendo apenas a armadura principal do tirante e 85, tendo além desta,
armadura de costura.
O aumento da armadura de costura proporcionou um crescimento significativo da

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 25, p.103-128, 2005


126 Rejane Martins Fernandes & Mounir Khalil El Debs

resistência dos consolos, o que pôde ser observado experimentalmente e teoricamente.


A Proposta I, aplicada juntamente com o modelo de atrito-cisalhamento aos consolos
muito curtos, superestimou a resistência em 4 consolos, os quais possuíam apenas armadura do
tirante. Já a Proposta II forneceu resultados teóricos acima dos experimentais em 6 consolos
muito curtos, os quais também continham apenas armadura do tirante.
A grande maioria dos consolos curtos (91%) apresentou resultados a favor da
segurança, quando calculados pela Proposta I. Considerando a Proposta II, em 89% dos
consolos curtos os resultados teóricos foram favoráveis. Destes consolos curtos, apenas 2 com
armadura de costura tiveram sua resistência superestimada quando calculada pelas duas
propostas.
As pequenas diferenças entre as resistências teóricas e experimentais dos consolos
analisados podem ainda ser compensadas pela adoção dos coeficientes de segurança e de outras
recomendações adicionais da NBR-9062/85 [1]. Portanto, os procedimentos apresentados nesse
trabalho fornecem indicações para um dimensionamento racional e seguro de consolos curtos e
muito curtos.
Apesar da Proposta I ter fornecido bons resultados para todos os consolos com relação
a/d superior à unidade e, no caso da Proposta II, constatou-se resultados a favor da segurança
para 12 dos 14 consolos longos analisados, esses procedimentos de cálculo não devem ser
aplicados para esse tipo de consolo, mesmo porque o número de peças verificadas foi muito
pequeno.
Nesse trabalho, fez-se a verificação da capacidade resistente do consolo. Na prática,
onde o dimensionamento consiste no processo inverso, não se dispõe da armadura e tem-se o
valor da força atuante. Nesse caso, pode-se utilizar um procedimento iterativo, considerando-se
primeiramente apenas a armadura do tirante, depois se retirando uma parcela desta para fazer
parte da armadura de costura e fazendo-se a posterior verificação da força.
No dimensionamento de consolos, ambas as parcelas referentes ao modelo de atrito-
cisalhamento e ao modelo de biela e tirante influem na resistência do consolo muito curto,
devendo-se adotar, portanto, a maior das armaduras calculadas. Já no caso, do consolo curto,
considera-se apenas o modelo de biela e tirante. Além disso, deve ser sempre considerada a
possibilidade de ruptura do concreto.

7 AGRADECIMENTOS

A FAPESP, pelo apoio financeiro da bolsa de doutorado e do auxílio-pesquisa.

Cadernos de Engenharia de Estruturas, São Carlos, v. 7, n. 25, p.103-128, 2005


Análise da capacidade resistente de consolos de concreto armado considerando a contribuição... 127

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