HARMÔNICA
Fator de Potência
Consideremos, para efeito das definições posteriores o esquema da figura 1.1.
Fator de potência é definido como a relação entre a potência ativa e a potência aparente
consumidas por um dispositivo ou equipamento, independentemente das formas que as
ondas de tensão e corrente apresentem. Os sinais variantes no tempo devem ser
periódicos e de mesma frequência.
(1.1)
(1.2)
A figura 1.2 mostra sinais deste tipo, com defasagem nula. O produto das senóides dá
como resultado o valor instantâneo da potência. O valor médio deste produto é a
potência ativa, e também está indicada na figura. Em torno deste valor médio flutua o
sinal da potência instantânea. O valor de pico deste sinal é numericamente igual à
potência aparente. Quando a defasagem é nula o produto (potência instantânea) será
sempre maior ou igual a zero.
Considerando os valores utilizados na figura, os valores de pico das ondas senoidais são
de 200V e 100A, o que conduz a valores eficazes de 141,4V e 70,7A, respectivamente.
O valor calculado da potência aparente é de 10kW. Estes resultados são consistentes
com os obtidos pela figura 1.2.
A figura 1.3 mostra situação semelhante, mas com uma defasagem de 90 graus entre os
sinais. A potência instantânea apresenta-se com um valor médio (correspondente à
potência ativa) nulo, como é de se esperar. A amplitude da onda de potência é
numericamente igual à potência aparente.
Na figura 1.4 tem-se uma situação intermediária, com uma defasagem de 45 graus.
Neste caso a potência instantânea assume valores positivos e negativos, mas seu valor
médio (que corresponde à potência ativa) é positivo. Utilizando a equação (1.2), a
potência ativa será de 7,07kW, o que equivale ao valor indicado na figura.
(1.3)
A figura 1.5 mostra uma situação em que se tem uma corrente quadrada (típica, por
exemplo, de retificador monofásico com filtro indutivo no lado cc). Observe que a
potência instantânea não é mais uma onda senoidal com o dobro da freqüência da
senóide. Neste caso específico ela aparece como uma senóide retificada.
Neste caso, a potência ativa de entrada é dada pelo produto da tensão (senoidal) por
todas as componentes harmônicas da corrente (não-senoidal). Este produto é nulo para
todas as harmônicas exceto para a fundamental, devendo-se ponderar tal produto pelo
cosseno da defasagem entre a tensão e a primeira harmônica da corrente. Desta forma, o
fator de potência é expresso como a relação entre o valor RMS da componente
fundamental da corrente e a corrente RMS de entrada, multiplicado pelo cosseno da
defasagem entre a tensão e a primeira harmônica da corrente.
A figura 1.7 mostra uma situação em que a corrente está "defasada" da tensão. esta
forma de onda é típica, por exemplo, de retificadores controlados (tiristores), com filtro
indutivo no lado cc. Nesta situação, a componente fundamental da corrente (que está
"em fase" com a onda quadrada) apresenta uma defasagem de 36 graus em relação ao
sinal de tensão. Fazendo o cálculo do FP pela equação (1.3) chega-se ao valor de 10,3
kW, que corresponde ao valor obtido da figura. Note que não há alteração no valor da
potência aparente.
Figura 1.7 Potência com onda de corrente não-senoidal.
Por sua vez, o valor RMS da corrente de entrada também pode ser expresso em função
das componentes harmônicas:
(1.4)
Define-se a Taxa de Distorção Harmônica (TDH) como sendo a relação entre o valor
RMS das componentes harmônicas da corrente e a fundamental:
(1.5)
(1.6)
O cálculo do FP, neste caso, deve seguir a equação (1.1), ou seja, é necessário obter o
valor médio do produto dos sinais a fim de se conhecer a potência ativa. Num caso
genérico, tanto a componente fundamental quanto as harmônicas podem produzir
potência, desde que existam as mesmas componentes espectrais na tensão e na corrente,
e que sua defasagem não seja 90 graus.
Perdas
Figura 1.9 Aumento das perdas devido à redução do FP (com potência ativa constante).
A tabela I.1 mostra um exemplo de redução de perdas devido à elevação do FP. Toma-
se como exemplo uma instalação com consumo anual de 200MWh, na qual supõe-se
uma perda de 5%. e se eleva o FP de 0,78 para 0,92. Observa-se uma redução nas
perdas de 28,1%.
Uma outra questão relevante, e que será discutida mais detalhadamente em outros
capítulos deste texto, refere-se a se fazer a correção do FP em cada equipamento
individualmente ou apenas na entrada de uma instalação. A referência [1.2] estuda o
caso de um edifício comercial com uma instalação de 60 kVA. Verifica o efeito de uma
compensação em quatro situações (em termos do posicionamento do compensador): no
primário do transformador; no secundário do transformador de entrada (o que elimina as
perdas adicionais neste elemento); em centrais de cargas (sub-painéis); e em cada carga.
A compensação em cada carga faz com que a corrente que circula em todo o sistema
seja praticamente senoidal (FP~1). Fazendo-se a compensação de um grupo de cargas,
as harmônicas circulação por trechos reduzidos de cabos. Com a compensação no
secundário do transformador, a corrente será distorcida em toda a instalação, mas não
no transformador. Com uma compensação na entrada, apenas o fornecedor de energia
será beneficiado.
Capacidade de transmissão
Uma análise fasorial só pode ser aplicada para grandezas senoidais e de mesma
freqüência. Assim, o triângulo de potência pode ser usado em análises dentro destas
condições, ou seja, quando as ondas de tensão e/ou de corrente são não-senoidais a
análise só será correta se for feita uma combinação de fasores relativos a cada
componente harmônica.
A figura 1.11 mostra uma forma de onda típica de um circuito retificador alimentando
um filtro capacitivo. Notem-se os picos de corrente e a distorção provocada na tensão de
entrada, devido à impedância da linha de alimentação. O espectro da corrente mostra o
elevado conteúdo harmônico.
Referências bibliográficas
[1.1] "Manual de orientação aos consumidores sobre a nova legislação para o
faturamento de energia reativa excedente". Secretaria executiva do Comitê de
Distribuição de Energia Elétrica - CODI, Rio de Janeiro, 1995.
[1.2] T. Key and J-S. Lai: "Costs and Benefits of Harmonic Current Reduction for
Switch-Mode Power Supplies in a Commercial Office Building". Anais do IEEE
Industry Application Society Annual Meeting - IAS'95. Orlando, USA, Outubro de
1995, pp. 1101-1108.
[1.3] J. Klein and M. K. Nalbant: "Power Factor Correction - Incentives. Standards and
Techniques". PCIM Magazine, June 1990, pp. 26-31.
Fator de potência
A atual regulamentação brasileira do fator de potência [2.1] estabelece que o mínimo
fator de potência (FP) das unidades consumidoras é de 0,92. A partir de abril de 1996 o
cálculo do FP deve ser feito por média horária. O consumo de reativos além do
permitido (0,425 VArh por cada Wh) é cobrado do consumidor. No intervalo entre 6 e
24 horas isto ocorre se a energia reativa absorvida for indutiva e das 0 às 6 horas, se for
capacitiva.
Classe D: Equipamento que possua uma corrente de entrada com a forma mostrada na
figura 2.1. A potência ativa de entrada deve ser inferior a 600W, medida esta feita
obedecendo às condições de ensaio estabelecidas na norma (que variam de acordo com
o tipo de equipamento). Um equipamento é incluído nesta classe se a corrente de
entrada, em cada semi-período, se encontra dentro de um envelope como mostrado na
fig. 1.2, num intervalo de pelo menos 95% da duração do semi-período. Isto significa
que formas de onda com pequenos picos de corrente fora do envelope são consideradas
dentro desta classe.
Figura 2.1. Envelope da corrente de entrada que define um equipamento como classe D.
Estes limites não se aplicam (ainda estão em estudo) a equipamentos de potência maior
do que 1kW, utilizados profissionalmente.
Já para as harmônicas pares entre a 2a e a 10a e as ímpares entre a 3a e a 19a, valores até
1,5 vezes os dados pela tabela são admissíveis para cada harmônica, desde que
apareçam em um intervalo máximo de 15 segundos (acumulado), em um período de
observação de 2 minutos e meio.
Para tensões menores sugere-se usar a seguinte expressão para encontrar o novo valor
dos limites das harmônicas [2.3]:
(2.1)
Tabela II.1
Limites para as Harmônicas de Corrente
Classe C Classe D
Classe A Classe B
Ordem da Harmônica (>25W) (>10W, Classe D
Máxima Máxima
n % da <300W) [A]
corrente [A] corrente[A]
fundamental [mA/W]
Harmônicas Ímpares
3 2,30 3,45 30.FP 3,4 2,3
5 1,14 1,71 10 1,9 1,14
7 0,77 1,155 7 1,0 0,77
9 0,40 0,60 5 0,5 0,40
11 0,33 0,495 3 0,35 0,33
13 0,21 0,315 3 0,296 0,21
Harmônicas Pares
2 1,08 1,62 2
4 0,43 0,645
6 0,3 0,45
8<n<40
Harmônicas pares são limitadas a 25% dos valores acima. Distorções de corrente que
resultem em nível cc não são admissíveis.
Tabela II.2
Limites de Distorção da Corrente para Sistemas de Distribuição (120V a 69kV)
Máxima corrente harmônica em % da corrente de carga (Io - valor da componente
fundamental)
Harmônica ímpares:
Icc/Io <11 11<n<17 17<n<23 23<n<35 35<n TDD(%)
<20 4 2 1,5 0,6 0,3 5
20<50 7 3,5 2,5 1 0,5 8
50<100 10 4,5 4 1,5 0,7 12
100<1000 12 5,5 5 2 1 15
>1000 15 7 6 2,5 1,4 20
Tabela II.3
Limites de Distorção da Corrente para Sistemas de Sub-distribuição (69001V a 161kV)
Limites para harmônicas de corrente de cargas não-lineares no PAC com outras cargas
Harmônica ímpares:
Icc/Io <11 11<n<17 17<n<23 23<n<35 35<n TDD(%)
<20 2 1 0,75 0,3 0,15 2,5
20<50 3.5 1,75 1,25 0,5 0,25 4
50<100 5 2,25 2 0,75 0,35 6
100<1000 6 2,75 2,5 1 0,5 7,5
>1000 7.5 3,5 3 1,25 0,7 10
Tabela II.4
Limites de distorção de corrente para sistemas de alta tensão (>161kV) e sistemas de
geração e co-geração isolados.
Harmônica ímpares:
Icc/Io <11 11<n<17 17<n<23 23<n<35 35<n THD(%)
<50 2 1 0,75 0,3 0,15 2,5
>50 3 1,5 1,15 0,45 0,22 3,75
Para os limites de tensão, os valores mais severos são para as tensões menores (nível de
distribuição). Estabelece-se um limite individual por componente e um limite para a
distorção harmônica total.
Tabela II.5
Limites de distorção de tensão
Distorção individual THD
69kV e abaixo 3% 5%
69001V até 161kV 1,5% 2,5%
Acima de 161kV 1% 1,5%
Bibliografia:
[2.1] Mauro Crestani, "Com uma terceira portaria, o novo fator de potência já vale em
Abril". Eletricidade Moderna, Ano XXII, n° 239, Fevereiro de 1994
[2.4] IEEE Recommended Practices and Requirements for Harmonic Control in Electric
Power System. Project IEEE-519. Outubro 1991.
Diodos de Potência
Um diodo semicondutor é uma estrutura P-N que, dentro de seus limites de tensão e de
corrente, permite a passagem de corrente em um único sentido. Detalhes de
funcionamento, em geral desprezados para diodos de sinal, podem ser significativos
para componentes de maior potência, caracterizados por uma maior área (para permitir
maiores correntes) e maior comprimento (a fim de suportar tensões mais elevadas). A
figura 3.1 mostra, simplificadamente, a estrutura interna de um diodo.
Figura 3.1 Estrutura básica de um diodo semicondutor
Por difusão ou efeito térmico, uma certa quantidade de portadores minoritários penetra
na região de transição. São, então, acelerados pelo campo elétrico, indo até a outra
região neutra do dispositivo. Esta corrente reversa independe da tensão reversa aplicada,
variando, basicamente, com a temperatura.
O contorno arredondado entre as regiões de anodo e catodo tem como função criar
campos elétricos mais suaves (evitando o efeito de pontas).
Na condução não existe tal carga, no entanto, devido à alta dopagem da camada P+, por
difusão, existe uma penetração de lacunas na região N-. Além disso, à medida que
cresce a corrente, mais lacunas são injetadas na região N-, fazendo com que elétrons
venham da região N+ para manter a neutralidade de carga. Desta forma, cria-se uma
carga espacial no catodo, a qual terá que ser removida (ou se recombinar) para permitir
a passagem para o estado bloqueado do diodo.
Durante t1, remove-se a carga acumulada na região de transição. Como ainda não houve
significativa injeção de portadores, a resistência da região N- é elevada, produzindo um
pico de tensão. Indutâncias parasitas do componente e das conexões também colaboram
com a sobre-tensão. Durante t2 tem-se a chegada dos portadores e a redução da tensão
para cerca de 1V. Estes tempos são, tipicamente, da ordem de centenas de ns.
No desligamento, a carga espacial presente na região N- deve ser removida antes que se
possa reiniciar a formação da barreira de potencial na junção. Enquanto houver
portadores transitando, o diodo se mantém em condução. A redução em Von se deve à
diminuição da queda ôhmica. Quando a corrente atinge seu pico negativo é que foi
retirado o excesso de portadores, iniciando-se, então, o bloqueio do diodo. A taxa de
variação da corrente, associada às indutâncias do circuito, provoca uma sobre-tensão
negativa.
Diodos rápidos possuem trr da ordem de, no máximo, poucos micro-segundos, enquanto
nos diodos normais é de dezenas ou centenas de micro-segundos.
O retorno da corrente a zero, após o bloqueio, devido à sua elevada derivada e ao fato
de, neste momento, o diodo já estar desligado, é uma fonte importante de sobretensões
produzidas por indutâncias parasitas associadas aos componentes por onde circula tal
corrente. A fim de minimizar este fenômeno foram desenvolvidos os diodos "soft-
recovery", nos quais esta variação de corrente é suavizada, reduzindo os picos de tensão
gerados.
Em aplicações nas quais o diodo comuta sob tensão nula não se observa o fenômeno da
recombinação reversa.
Figura 3.2. Estrutura típica de diodo de potência.e
Formas de onda típicas de comutação de diodo de potência.
Tiristor
O nome tiristor engloba uma família de dispositivos semicondutores que operam em
regime chaveado, tendo em comum uma estrutura de 4 camadas semicondutoras numa
sequência p-n-p-n, apresentando um funcionamento biestável.
Princípio de funcionamento
Se houver uma tensão Vgk positiva, circulará uma corrente através de J3, com
portadores negativos indo do catodo para a porta. Por construção, a camada P ligada à
porta é suficientemente estreita para que parte destes elétrons que cruzam J3 possuam
energia cinética suficiente para vencer a barreira de potencial existente em J2, sendo
então atraídos pelo anodo.
Quando uma corrente Ig positiva é aplicada, Ic2 e Ik crescerão. Como Ic2 = Ib1, T1
conduzirá e teremos Ib2=Ic1 + Ig, que aumentará Ic2 e assim o dispositivo evoluirá até
a saturação, mesmo que Ig seja retirada. Tal efeito cumulativo ocorre se os ganhos dos
transistores forem maior que 1. O componente se manterá em condução desde que, após
o processo dinâmico de entrada em condução, a corrente de anodo tenha atingido um
valor superior ao limite IL, chamado de corrente de "latching".
Para que o tiristor deixe de conduzir é necessário que a corrente por ele caia abaixo do
valor mínimo de manutenção (IH), permitindo que se restabeleça a barreira de potencial
em J2. Para a comutação do dispositivo não basta, pois, a aplicação de uma tensão
negativa entre anodo e catodo. Tal tensão reversa apressa o processo de desligamento
por deslocar nos sentidos adequados os portadores na estrutura cristalina, mas não
garante, sozinha, o desligamento.
Podemos considerar cinco maneiras distintas de fazer com que um tiristor entre em
conducão:
a) Tensão
Sendo o disparo através da corrente de porta a maneira mais usual de ser ligado o
tiristor, é importante o conhecimento dos limites máximos e mínimos para a tensão Vgk
e a corrente Ig, como mostrados na figura 3.6.
O valor Vgm indica a mínima tensão de gate que garante a condução de todos os
componentes de um dado tipo, na mínima temperatura especificada.
O valor Vgo é a máxima tensão de gate que garante que nenhum componente de um
dado tipo entrará em condução, na máxima temperatura de operação.
Figura 3.6 Condições para disparo de tiristor através de controle pela porta.
Quando Vak cresce, a capacitância diminui, uma vez que a região de transição aumenta
de largura. Entretanto, se a taxa de variação da tensão for suficientemente elevada, a
corrente que atravessará a junção pode ser suficiente para levar o tiristor à condução.
d) Temperatura
A altas temperaturas, a corrente de fuga numa junção p-n reversamente polarizada dobra
aproximadamente com o aumento de 8o C. Assim, a elevação da temperatura pode levar
a uma corrente através de J2 suficiente para levar o tiristor à condução.
e) Energia radiante
c) Máxima corrente de anodo (Ia max): pode ser dada como valor RMS, médio, de pico
e/ou instantâneo.
j) Corrente de disparo (IL): mínima corrente de anodo requerida para manter o SCR
ligado imediatamente após ocorrer a passagem do estado desligado para o ligado e ser
removida a corrente de porta.
k) Tempo de disparo (ton): é o tempo necessário para o tiristor sair do estado desligado
e atingir a plena condução.
a) Condução
Observamos ser bastante simples o circuito de disparo de um SCR e, dado o alto ganho
do dispositivo, as exigências quando ao acionamento são mínimas.
b) Comutação
Se, por um lado, é fácil a entrada em condução de um tiristor, o mesmo não se pode
dizer de sua comutação. Lembramos que a condição de desligamento é qua a corrente
de anodo fique abaixo do valor IH. Se isto ocorrer, juntamente com a aplicação de uma
tensão reversa, o bloqueio se dará mais rapidamente.
Não existe uma maneira de se desligar o tiristor através de seu terminal de controle,
sendo necessário algum arranjo ao nível do circuito de anodo para reduzir a corrente
principal.
Em algumas aplicações específicas, é possível que a carga, pela sua dinâmica própria,
faça com que a corrente tenda a se inverter, fazendo o tiristor desligar. Isto ocorre, por
exemplo, quando existem capacitâncias na carga as quais, ressoando com as indutâncias
do circuito produzem um aumento na tensão ao mesmo tempo em que reduzem a
corrente. Caso a corrente se torne menor do que a corrente de manutenção e o tiristor
permaneça reversamente polarizado pelo tempo suficiente, haverá o seu desligamento.
A tensão de entrada pode ser tanto ca quanto cc. A figura 3.8.2 ilustra tal
comportamento. Observe que enquanto o tiristor conduz a tensão de saída, vo(t) é igual
à tensão de entrada. Quando a corrente se anula e S1 desliga, o que se observa é a tensão
imposta pela carga ressonante.
Figura 3.8.2 Circuito e formas de onda de comutação por ressonância da carga.
É utilizada em circuitos com alimentação cc e nos quais não ocorre reversão no sentido
da corrente de anodo.
Antes do surgimento dos GTOs, este foi um assunto muito discutido, buscando-se
topologias eficientes. Com o advento dos dispositivos com comutação pelo gate, os
SCRs tiveram sua aplicação concentrada nas aplicações nas quais ocorrem comutação
natural ou pela carga.
A figura 3.8.3 mostra um circuito para comutação forçada de SCR e as formas de onda
típicas. A figura 3.8.4 mostra detalhes de operação do circuito auxiliar de comutação.
Quanto o tiristor auxiliar, Sa, é disparado, em t2, a corrente da carga passa a ser
fornecida através do caminho formado por Lr, Sa e Cr, levando a corrente por Sp a zero,
ao mesmo tempo em que se aplica uma tensão reversa sobre ele, de modo a desligá-lo.
Continua a haver corrente por Cr, a qual, em t3, se torna igula à corrente da carga,
fazendo com que a variação de sua tensão assuma uma forma linear. Esta tensão cresce
(no sentido negativo) até levar o diodo de circulação à condução, em t4. Como ainda
existe corrente pelo indutor Lr, ocorre uma pequena oscilação na malha Lr, Sa, Cr e D2
e, quando a corrente por Sa se anula, o capacitor se descarrega até a tensão Vcc na
malha formada por Cr, D1, Lr, fonte e Df.
Figura 3.8.3 Topologia com comutação forçada de SCR e formas de onda típicas.
Redes Amaciadoras
O objetivo destas redes é evitar problemas advindos de excessivos valores para dv/dt e
di/dt, conforme descrito anteriormente.
a) O problema di/dt
Uma primeira medida capaz de limitar possíveis danos causados pelo crescimento
excessivamente rápido da corrente de anodo é construir um circuito acionador de gate
adequado, que tenha alta derivada de corrente de disparo para que seja também rápida a
expansão da área condutora.
Além deste fato tem-se outra vantagem adicional que é a redução da potência dissipada
no chaveamento pois, quando a corrente de anodo crescer, a tensão Vak será reduzida
pela queda sobre a indutância.
O atraso no crescimento da corrente de anodo pode levar à necessidade de um pulso
mais longo de disparo, ou ainda a uma sequência de pulsos, para que seja assegurada a
condução do tiristor.
b) O problema do dv/dt
A limitação do crescimento da tensão direta Vak, usualmente é feita pelo uso de circuitos
RC, RCD, RLCD em paralelo com o dispositivo, como mostrado na figura 3.9.
No caso mais simples (a), quando o tiristor é comutado, a tensão Vak segue a dinâmica
dada por RC que, além disso desvia a corrente de anodo facilitando a comutação.
Quando o SCR é ligado o capacitor descarrega-se, ocasionando um pico de corrente no
tiristor, limitado pelo valor de R.
No caso (b) este pico pode ser reduzido pelo uso de diferentes resistores para os
processos de carga e descarga de C. No 3o caso, o pico é limitado por L, o que não traz
eventuais problemas de alto di/dt. A corrente de descarga de C auxilia a entrada em
condução do tiristor, uma vez que se soma à corrente de anodo proveniente da carga.
Estado estacionário
a) Impedância série
b) Reatores acoplados
Conforme ilustrado na figura 3.10, se a corrente por SCR1 tende a se tornar maior que
por SCR2, uma força contra-eletro-motriz aparecerá sobre a indutância,
proporcionalmente ao desbalanceamento, tendendo a reduzir a corrente por SCR3. Ao
mesmo tempo uma tensão é induzida do outro lado do enrolamento, aumentando a
corrente por SCR2. As mais importantes características do reator são alto valor da
saturação e baixo fluxo residual, para permitir uma grande excursão do fluxo a cada
ciclo.
Figura 3.10: Equalização de corrente com reatores acoplados
Disparo
O tempo de atraso pode ser interpretado como o intervalo entre a aplicação do sinal de
porta e a real condução do tiristor.
A mínima tensão de disparo é o valor mínimo da tensão direta entre anodo e catodo
com a qual o tiristor pode ser ligado por um sinal adequado de porta. Recorde-se, da
característica estática do tiristor, que quanto menor a tensão Vak, maior deve ser a
corrente de gate para levar o dispositivo à condução.
Desligamento
Especialmente com carga indutiva, deve-se prever algum tipo de arranjo que consiga
manter o equilíbrio de corrente mesmo que haja diferentes características entre os
tiristores (especialmente relacionadas com os tempos de desligamento). A capacitância
do circuito amaciador limita o desbalanceamento, uma vez que absorve a corrente do
tiristor que começa a desligar.
Circuito de disparo
A corrente de porta deve ser alvo de atenções. O uso de um único circuito de comando
para acionar todos os tiristores minimiza os problemas de tempos de atraso. Além disso,
deve-se procurar usar níveis iguais de corrente e tensão de porta, uma vez que influem
significativamente no desempenho do disparo. Para minimizar os efeitos das diferenças
nas junções porta-catodo de cada componente pode-se fazer uso de um resistor ou
indutor em série com a porta, para procurar equalizar os sinais. É importante que se
tenha atingido a corrente de disparo (IL) antes da retirada do pulso de porta, o que pode
levar à necessidade de circuitos mais elaborados para fornecer a energia necessária.
Uma seqüência de pulsos também pode ser empregada.
Quando o circuito opera com tensão superior àquela suportável por um único tiristor, é
preciso associar estes componentes em série, com precauções para garantir a
distribuição equilibrada de tensão entre eles. Devido a diferenças nas correntes de
bloqueio, capacitâncias de junção, tempos de atraso, quedas de tensão direta e
recombinação reversa, redes de equalização externa são necessárias, bem como
cuidados quanto ao circuito de disparo.
Estado estacionário
O método usual de equalizar tensões nas situações I e VI é colocar uma rede resistiva
com cada resistor conectado entre anodo e catodo de cada tiristor. Estes resistores
representam consumo de potência, sendo desejável usar os de maior valor possível. O
projeto do valor da resistência deve considerar a diferença nos valores das correntes de
bloqueio direta e reversa.
Disparo
Um método que pode ser usado para minimizar o desequilíbrio do estado II é fornecer
uma corrente de porta com potência suficiente e de rápido crescimento, para minimizar
as diferenças relativas ao tempo de atraso. A largura do pulso deve ser tal que garanta a
continuidade da condução de todos os tiristores.
Desligamento
Para equalizar a tensão no estado V um capacitor é ligado entre anodo e catodo de cada
tiristor. Se a impedância do capacitor é suficientemente baixa e/ou se utiliza a constante
de tempo necessária, o crescimento da tensão no dispositivo mais rápido será limitado
até que todos se recombinem. Esta implementação também alivia a situação no disparo,
uma vez que realiza uma injeção de corrente no tiristor, facilitando a entrada em
condução de todos os dispositivos.
Circuito de disparo
a) Transformador de pulso
Quando se usar transformador de pulso é preciso garantir que ele suporte pelo menos a
tensão de pico da alimentação. Como as condições de disparo podem diferir
cosideravelmente entre os tiristores, é comum inserir uma impedância em série com a
porta para evitar que um tiristor com menor impedância de porta drene o sinal de
disparo, impedindo que os demais dispositivos entrem em condução. Esta impedância
em série pode ser um resistor ou um capacitor, que tornaria mais rápido o crescimento
do pulso de corrente.
b) Acoplamento luminoso
A potência necessária para o disparo é provida por duas fontes: uma para alimentar o
emissor (em geral a própria fonte do circuito de controle) e outra para o lado do
receptor. Eventualmente, a própria carga armazenada no capacitor do circuito amaciador
(ou rede de equalização), através de um transformador de corrente, pode fornecer a
energia para o lado do receptor, a partir da corrente que circula pelo tiristor,
assegurando potência durante todo o período de condução [3.5].
Sobre-tensão
As funções gerais da proteção contra sobre-tensão são: assegurar, tão rápido quanto
possível, que qualquer falha em algum componente afete apenas aquele tiristor
diretamente associado ao componente; aumentar a confiabilidade do sistema; evitar
reações na rede (como excitação de ressonâncias). Estas sobre-tensões podem ser
causadas tanto por ações externas como por distribuição não homogênea das tensões
entre os dispositivos.
Resfriamento
O sistema de refrigeração deve possuir redundância, ou seja, uma falha no sistema deve
pôr em operação um outro, garantindo a troca de calor necessária. Existem várias
maneiras de implementar as trocas: circulação externa de ar filtrado, circulação interna
de ar (com trocador de calor), refrigeração com líquido, etc. A escolha do tipo de
resfriamento é influenciada pelas condições ambientais e preferências do usuário.
Princípio de funcionamento
O GTO possui uma estrutura de 4 camadas, típica dos componentes da família dos
tiristores. Sua característica principal é sua capacidade de entrar em condução e
bloquear através de comandos adequados no terminal de gate.
Desde que, geralmente, o GTO está submetido a condições de alto di/dt, é necessário
que o sinal de porta também tenha rápido crescimento, tendo um valor de pico
relativamente elevado [3.9]. Deve ser mantido neste nível por um tempo suficiente (tw1)
para que a tensão Vak caia a seu valor de condução direta. É conveniente que se
mantenha a corrente de gate durante todo o período de condução, especialmente se a
corrente de anodo for pequena, de modo a garantir o estado "ligado". A figura 3.16
ilustra as formas de corrente recomendadas para a entrada em condução e também para
o desligamento.
Durante o intervalo "ligado" existe uma grande quantidade de portadores nas camadas
centrais do semicondutor. A comutação do GTO ocorrerá pela retirada destes portadores
e, ainda, pela impossibilidade da vinda de outros das camadas ligadas ao anodo e ao
catodo, de modo que a barreira de potencial da junção J2 possa se reestabelecer.
Quando a corrente drenada começa a cair, a tensão reversa na junção gate-catodo cresce
rapidamente, ocorrendo um processo de avalanche. A tensão negativa de gate deve ser
mantida próxima ao valor da tensão de avalanche. A potência dissipada neste processo é
controlada (pela própria construção do dispositivo). Nesta situação a tensão Vak cresce e
o GTO desliga.
Para evitar o disparo do GTO por efeito dv/dt, uma tensão reversa de porta pode ser
mantida durante o intervalo de bloqueio do dispositivo.
O ganho de corrente típico, no desligamento, é baixo (de 5 a 10), o que significa que,
especialmente para os GTOs de alta corrente, o circuito de acionamento, por si só,
envolve a manobra de elevadas correntes.
Figura 3.16. Formas de onda típicas do circuito de comando de porta de GTO.
Desligamento
O circuito mais simples utilizado para esta função é uma rede RCD, como mostrado na
figura 3.17.
(3.2)
Entrada em condução
A limitação de di/dt nos GTOs é muito menos crítica do que para os SCR. Isto se deve à
interdigitação entre gate e catodo, o que leva a uma expansão muito mais rápida da
superfície em condução, não havendo significativa concentração de corrente em áreas
restritas.
Para reduzir este efeito, um circuito snubber para o disparo pode ser necessário, com o
objetivo de reduzir a tensão sobre o GTO em sua entrada em condução, pode-se utilizar
um circuito amaciador formado, basicamente, por um indutor com núcleo saturável, que
atue de maneira significativa apenas durante o início do crescimento da corrente, mas
sem armazenar uma quantidade significativa de energia.
Nas situações em que um componente único não suporte a tensão ou a corrente de uma
dada aplicação, faz-se necessário associar componentes em série ou em paralelo. Nestes
casos os procedimentos são similares àqueles empregados, descritos anteriormente, para
os SCRs.
Figura 3.18 GTO acionando carga indutiva e amaciador para desligamento.
Princípio de funcionamento
O controle de Vbe determina a corrente de base, Ib, que, por sua vez, se relaciona com
Ic pelo ganho de corrente do dispositivo.
Na realidade, a estrutura interna dos TBPs é diferente. Para suportar tensões elevadas,
existe uma camada intermediária do coletor, com baixa dopagem, a qual define a tensão
de bloqueio do componente.
O uso preferencial de TBP tipo NPN se deve às menores perdas em relação aos PNP, o
que ocorre por causa da maior mobilidade dos elétrons em relação às lacunas,
reduzindo, principalmente, os tempos de comutação do componente.
A AOS representa a região do plano Vce x Ic dentro da qual o TBP pode operar sem se
danificar. A figura 3.21 mostra uma forma típica de AOS.
Conexão Darlington
Como o ganho dos TBP é relativamente baixo, usualmente são utilizadas conexões
Darlington (figura 3.22), que apresentam como principais características:
- T2 não satura, pois sua junção B-C está sempre reversamente polarizada
Um ponto básico é utilizar uma corrente de base adequada. As transições devem ser
rápidas, para reduzir os tempo de atraso. Um valor elevado Ib1 permite uma redução de
tri. Quando em condução, Ib2 deve ter tal valor que faça o TBP operar na região de
quase-saturação. No desligamento, deve-se prover uma corrente negativa, acelerando
assim a retirada dos portadores armazenados.
Figura 3.23 Forma de onda de corrente de base recomendada para acionamento de TBP.
Neste arranjo, a tensão mínima na junção B-C é zero. Excesso na corrente Ib é desviado
por D3. D3 permite a circulação de corrente negativa na base.
MOSFET
Atualmente não existem transistores MOSFET para aplicações em potências mais
elevadas. Os componentes disponíveis tem características típicas na faixa de:
1000V/20A ou 100V/200A. Sua principal vantagem é a facilidade de acionamento, feita
em tensão, e a elevada velocidade de chaveamento, tornando-o indicado para as
aplicações de freqüência elevada (centenas de kHz).
O terminal de gate é isolado do semicondutor por SiO2. A junção PN- define um diodo
entre Source e Drain, o qual conduz quando Vds<0. A operação como transistor ocorre
quando Vds>0. A figura 3.25 mostra a estrutura básica do transistor [3.12].
Quando uma tensão Vgs>0 é aplicada, o potencial positivo no gate repele as lacunas na
região P, deixando uma carga negativa, mas sem portadores livres. Quando esta tensão
atinge um certo limiar (Vth), elétrons livres (gerados principalmente por efeito térmico)
presentes na região P são atraídos e formam um canal N dentro da região P, pelo qual
torna-se possível a passagem de corrente entre D e S. Elevando Vgs, mais portadores
são atraídos, ampliando o canal, reduzindo sua resistência (Rds), permitindo o aumento
de Id. Este comportamento caracteriza a chamada "região resistiva".
A passagem de Id pelo canal produz uma queda de tensão que leva ao seu afunilamento,
ou seja, o canal é mais largo na fronteira com a região N+ do que quando se liga à
região N-. Um aumento de Id leva a uma maior queda de tensão no canal e a um maior
afunilamento, o que conduziria ao seu colapso e à extinÁão da corrente! Obviamente o
fenômeno tende a um ponto de equilíbrio, no qual a corrente Id se mantém constante
para qualquer Vds, caracterizando a região ativa do MOSFET. A figura 3.26 mostra a
característica estática do MOSFET,
Estes transistores, em geral, são de canal N por apresentarem menores perdas e maior
velocidade de comutação, devido à maior mobilidade dos elétrons em relação às
lacunas.
A máxima tensão Vds é determinada pela ruptura do diodo reverso. Os MOSFETs não
apresentam segunda ruptura uma vez que a resistência do canal aumenta com o
crescimento de Id. Este fato facilita a associação em paralelo destes componentes.
A tensão Vgs é limitada a algumas dezenas de volts, por causa da capacidade de
isolação da camada de SiO2.
O que ocorre é que, enquanto Vds se mantém elevado, a capacitância que drena corrente
do circuito de acionamento é apenas Cgs. Quando Vds diminui, a capacitância dentre
dreno e source se descarrega, o mesmo ocorrendo com a capacitância entre gate e dreno.
A descarga desta última capacitância se dá desviando a corrente do circuito de
acionamento, reduzindo a velocidade do processo de carga de Cgs, o que ocorre até que
Cgd esteja descarregado.
b) Desligamento
Princípio de funcionamento
Os IGBTs apresentam um tiristor parasita. A construção do dispositivo deve ser tal que
evite o acionamento deste tiristor, especialmente devido às capacitâncias associadas à
região P, a qual relaciona-se à região do gate do tiristor parasita. Os modernos
componentes não apresentam problemas relativos a este elemento indesejado.
Para o desligamento, no entanto, tais portadores devem ser retirados. Nos TBPs isto se
dá pela drenagem dos portadores via base, o que não é possível nos IGBTs, devido ao
acionamento isolado. A solução encontrada foi a inclusão de uma camada N+, na qual a
taxa de recombinação é bastante mais elevada do que na região N-. Desta forma, as
lacunas presentes em N+ recombinam-se com muita rapidez, fazendo com que, por
difusão, as lacunas existentes na região N- refluam, apressando a extinção da carga
acumulada na região N-, possibllitando o restabelecimento da barreira de potencial e o
bloqueio do componente.
Os MCTs apresentam uma facilidade de comando muito superior aos GTOs. Relembre-
se o baixo ganho de corrente que um GTO apresenta no desligamento, exigindo um
circuito de comando relativamente complexo. No entanto, os MCTs ainda (1995) não
atingiram níveis de tensão e de corrente comparáveis aos dos GTOs, estando limitados a
valores da ordem de 2000V e 600A.
O fato do MCT ser construído por milhares de pequenas células, muito menores do que
as células que formam os GTOs, faz com que, para uma mesma área semicondutora, a
capacidade de corrente dos MCTs seja menor do que um GTO equivalente. Mas esta é
uma limitação tecnológica atual, associada à capacidade de constuirem-se maiores
quantidades de células com certeza de funcionamento correto.
Princípio de funcionamento
É possível construir MCTs que são ligados por um MOSFET de canal N, e desligado
por um MOSFET de canal P, como mostrado na figura 3.33.
A queda no MOSFET deve ser menor que 0,7V, para garantir que o TBP não conduza.
Esta queda de tensão se dá com a passagem da totalidade da corrente de anodo pelo
MOSFET.
Referências Bibliográficas
[3.1] SCR Manual
Detemmerman, B.
[3.5] Firing System and Overvoltage Protection for Thyristor Valves in Static VAR
Compensators
Hausles, M. e outros
Miller, T.J.E.
John Wiley & Sons, 1982, USA
E. Duane Wolley
IEEE Trans. On Electron Devices, vol. ED-13, no.7, pp. 590-597, July 1966
Yasuhiko Ikeda
A. Woodworth
Electronic Components and Applications, vol 3, no. 3, pp. 159166, Julho 1981
[3.10] Ultra Low-loss Non-linear Turn-off Snubbers for Power Electronics Switches
Edwin S. Oxner
B. Jayant Baliga
Porceedings of the IEEE, vol 76, no. 4, Abril 1988, pp. 409-418
V. A. K. Temple
PCIM, Novembro 1989, pp. 12-15.
Harris Semiconductors
1. Motores e geradores
2. Transformadores
3. Cabos de alimentação
Figura 4.1 Área de seção e diâmetro de fio de cobre que deve ser
usado em função da freqüência da corrente para que o aumento
da resistência seja menor que 1%.
Figura 4.2 Resposta em freqüência de cabo trifásico (10 km).
4. Capacitores
5. Equipamentos eletrônicos
6. Aparelhos de medição
1. Conversores
Serão vistos aqui alguns casos típicos de componentes
harmônicas produzidas por conversores eletrônicos de potência,
tais como retificadores e controladores CA.
(4.1)
onde:
h é a ordem harmônica;
2. A comutação
(4.2)
4. Forno de arco
3. Referências bibliográficas
5. Filtros passivos
Uma vez que o fator de qualidade das células não é infinito, ou seja,
mesmo na ressonância existe uma resistência no caminho da corrente,
isto faz com que a compensação não seja ideal e, mais do que isso, que
exista uma componente distorcida também na tensão do barramento.
A figura 5.4 mostra um sistema simulado, com uma carga não-linear, que
absorve uma corrente aproximadamente quadrada. Insere-se um filtro de
terceira ordem, cujo resultado observa-se na figura 5.5 (superior).
Quando se utilizam também filtros de quinta e sétima ordem, além de um
capacitor para correção do fator de potência, obtém-se o resultado
mostrado na parte inferior da mesma figura. Note a significativa
melhoria na forma de onda.
Isto pode ser feito apenas de modo discretizado, dividindo cada filtro em
estágios, cada um com capacidade de condução de parte da corrente. A
entrada ou saída de módulos seria feita em função da distorção produzida
pela carga, que pode variar. Este procedimento, além de caro é de difícil
implementação.
1. Exemplos monofásicos
Como grandes indutâncias são indesejáveis, um filtro LC pode permitir ainda o mesmo
FP, mas com elementos significativamente menores [5.2]. A presença do indutor em
série com o retificador reduz o valor de pico com que se carrega o capacitor, uma vez
que há uma queda de tensão sobre ele. O valor da tensão média sobre o capacitor será
cerca de 72% do valor obtido sem o indutor, num projeto otimizado [5.2].
A figura 5.7 mostra as formas de onda relativas às correntes de entrada com filtro
capacitivo e com filtro LC. Pelos espectros de tais correntes nota-se a redução
significativa no conteúdo harmônico da "onda quadrada" em relação à "onda
impulsiva". Note ainda a maior amplitude da componente fundamental obtida no
circuito com filtro capacitivo, devido à sua defasagem em relação à tensão da rede.
Figura 5.7 Formas de onda e espectro da corrente de retificador monofásico com filtro
capacitivo e com filtro LC.
Com este método, supondo ainda uma corrente quadrada na entrada do retificador,
chega-se a FP elevado (0,95). As harmônicas não bloqueadas pelo filtro sintonizado
poderão ainda circular pela rede, mas encontrarão um caminho alternativo pelo
capacitor. A figura 5.9 mostra as formas de onda na entrada do retificador e na rede,
bem como seus respectivos espectros.
1. Referências bibliográficas
Este tipo de conversor tem sido o mais utilizado como PFP em função de suas
vantagens estruturais como [6.1]:
Outras topologias também podem ser utilizadas como PFP, mas não serão discutidas
neste capítulo, o qual tem como objetivo indicar algumas possibilidades gerais de
melhoria na forma de onda fornecida pela rede a uma carga qualquer.
O Conversor elevador de tensão (boost) com entrada CC
Condução contínua
(6.1)
Condução descontínua
(6.2)
(6.3)
(6.4)
(6.6)
(6.7)
Característica de saída
(6.8)
Sejam:
(6.9)
(6.10)
(6.11)
(6.12)
onde
(6.13)
A figura 6.5 mostra a variação da corrente de saída (normalizada em relação a K’) para
diferentes valores de α (relação de tensões entrada/saída), em função do ciclo de
trabalho.
Indutância de entrada
O máximo ciclo de trabalho obtido anteriormente define uma máxima corrente de saída
a qual, para uma certa tensão de saída, implica na máxima potência para o conversor.
Esta potência é dada por:
(6.
14)
Com (6.12) e (6.14) determina-se a máxima indutância de entrada para a qual ocorre
operação no modo descontínuo:
(6.16)
Característica de entrada
A corrente de entrada tem uma forma triangular. Seu valor médio, calculado em cada
ciclo de chaveamento, é dado por:
(6.16)
(6.17)
Note-se que a corrente média de entrada não é senoidal! Isto ocorre porque no intervalo
t2 a redução da corrente depende também da tensão de saída, que é constante, e não
apenas da tensão senoidal de entrada. Quanto maior for Vo, menor será t2. Assim, a
corrente média dependerá mais efetivamente apenas de Îi(t), tendendo a uma forma
senoidal.
(6.18)
(6.19)
(6.20)
(6.21)
Como estes resultados são obtidos a partir da expressão da corrente média de entrada,
eles ignoram o efeito advindo do chaveamento em alta freqüência sobre o valor eficaz
da corrente e sobre o fator de potência. Em outras palavras, estes valores para o Fator
de Potência seriam os obtidos com a inclusão de um filtro passa-baixas na entrada do
conversor, de modo que a corrente absorvida da rede fosse apenas a sua componente
média, ficando as harmônicas de alta freqüência sendo fornecidas pela capacitância
deste filtro. Na figura 6.7.a tem-se resultados de simulação, mostrando a corrente no
indutor interno e na rede (após a filtragem)
Figura 6.7.a Corrente no indutor (superior) e na rede (inferior), após filtragem.
O circuito, também aqui, tem necessidade apenas da malha de tensão, que determina a
duração do tempo de condução. O controle pode ser feito por CIs dedicados os quais
detectam o momento em que a corrente se anula, levando à nova condução do
transistor.
(6.22)
(6.23)
(6.24)
A corrente média de entrada, que segue um comportamento senoidal, tem seu valor
máximo coincidente com o pico da tensão. Isto leva a um fator de potência unitário.
Novamente aqui se pressupõe um filtro passa-baixas na entrada o qual fax com que
apenas a corrente média (60Hz) venha da linha. Todas as componentes de alta
freqüência são fornecidas pela capacitância do filtro.
Do ponto de vista dos níveis de IEM conduzida, uma topologia que opere com
freqüência variável é, em princípio, mais interessante, uma vez que o espectro aparece
distribuído em torno da freqüência média e não concentrado na freqüência de
chaveamento [6.4], reduzindo a amplitude. Por outro lado, a variação da freqüência
obriga dimensionar os componentes para a mínima freqüência, de modo que, em
valores mais elevados tem-se um super-dimensionamento.
O conversor elevador de tensão operando no modo contínuo tem sido a topologia mais
utilizada como PFP devido às suas vantagens, especialmente o reduzido ripple presente
na corrente de entrada. Além disso os componentes ficam sujeitos a menores valores de
corrente (em relação às soluções apresentadas anteriormente). Por outro lado, exige,
além da realimentação da tensão de saída (variável a ser controlada), uma medida do
valor instantâneo da tensão de entrada, a fim de permitir o adequado controle da
corrente absorvida da rede. Problemas de estabilidade também são característicos,
devido à não-linearidade do sistema.
Princípio de operação
Mede-se a corrente de entrada, a qual será regulada de acordo com a referência gerada.
Gera-se um sinal que determina a largura de pulso a ser utilizada para dar à corrente a
forma desejada. A figura 6.9 mostra o diagrama geral do circuito e do controle.
Figura 6.9 Diagrama de blocos do conversor elevador de tensão, com circuito de
controle por corrente média.
O ciclo de trabalho varia com o valor instantâneo da tensão de entrada. Dada a eq.
(6.1), o valor da largura de pulso, para cada semi-ciclo da rede, é obtido de:
(6.25)
(6.26)
(6.27)
(6.28)
Em relação ao método anterior, uma vantagem é a melhor estabilidade do sistema,
dada a robustez do controle por histerese. A variação da freqüência é um inconveniente
para um dimensionamento ótimo dos elementos de filtragem.
A figura 6.13 mostra a topologia de um conversor Cuk com uma entrada trifásica e
retificador a diodos [6.5]. A indutância de entrada é colocada no lado alternado,
dividida entre as 3 fases. A tensão sobre C1 é aproximadamente igual à tensão
retificada somada à tensão de saída.
Figura 6.15 Tensão e corrente de entrada com condução contínua (na indutância de
entrada).
Figura 6.16 Tensão (50V/div) e corrente de fase (1A/div) Horiz.: 4ms/div
A idéia é forçar a existência de uma corrente na fase que estaria desenergizada. Tal
corrente circula inicialmente apenas pela alimentação, não alterando o comportamento
da saída. Este conversor provê uma melhoria no fator de potência utilizando uma
técnica de chaveamento em baixa freqüência.
Neste circuito existe um caminho para a corrente presente nos indutores quando a
chave abre. A continuidade se dá pela condução dos diodos da ponte retificadora
trifásica, passando pelos capacitores de filtro.
Uma variação nos tempos de condução dos interruptores permite ainda um pequeno
ajuste na tensão de saída, funcionando como uma espécie de conversor boost operando
em baixa freqüência.
A figura 6.18 mostra 2 resultados de simulação, com carga elevada e carga leve.
As TDH em cada caso são, respectivamente, 11,4% e 39,4%. No primeiro caso a
defasagem da componente fundamental da corrente em relação à tensão é de apenas
0,7o, enquanto no segundo caso é de 26,3o. Os fatores de potência são, respectivamente
0,994 e 0,834.
A figura 6.19 mostra os espectros da corrente de entrada para ambos os casos, sendo
evidente o bom comportamento no caso de corrente elevada.
Referências Bibliográficas
Filtragem ativa de uma carga única, ou um conjunto delas, é uma opção a fazer-se a
correção do fator de potência no estágio de entrada de cada equipamento, utilizado os
chamados pré-reguladores de fator de potência.
O objetivo da filtragem da corrente é obter uma forma de onda que siga a forma da
tensão, ou seja, que o conjunto carga + filtro represente uma carga resistiva,
maximizando o fator de potência, o que vale dizer, minimizando a corrente eficaz
absorvida da fonte, mantida a potência ativa da carga.
Tais circuitos podem operar como Filtros Ativos, para os quais deve-se produzir uma
forma de corrente (ou tensão) que compense as distorções presentes no sistema.
Quando a energia transferida para o sistema não contém parcela ativa, a fonte que
alimenta o inversor pode ser realizada apenas com elementos de acúmulo de energia,
como capacitores ou indutores. Devido às menores perdas produzidas pelos capacitores,
seu uso é mais difundido. No entanto, a tecnologia de supercondutores já permite
(embora com custos elevados) o armazenamento de grandes quantidades de energia sem
perdas, nos chamados SMES (Superconductive Magnetic Energy Storage) [7.1],
tornando este tipo de circuito mais indicado para eventuais aplicações em potência
elevada.
A figura 7.1 mostra estrutura de inversores trifásicos que podem sintetizar diferentes
formas de corrente em seus terminais.
Se, em regime, tais conversores não fornecem potência ativa, eles não necessitam de
uma fonte de potência em sua alimentação. O circuito deve operar de maneira a manter
sob controle o valor da corrente no indutor ou da tensão do capacitor de armazenamento
de energia. Uma descrição do método de controle será feita posteriormente.
Figura 7.1. Topologias de inversores trifásicos.
É óbvio que para que seja possível o controle das formas de onda (seja de corrente ou de
tensão), os valores de Io ou de Vcc devem ser maiores do que os valores de pico
máximos, respectivamente de corrente e de tensão, presentes no sistema.
Técnicas de modulação
Diferentes técnicas de modulação podem ser empregadas. As mais usuais são a MLP e a
por histerese (quando se trata de controle de corrente). Outras possibilidades são, por
exemplo, modos deslizantes (sliding mode), lógica nebulosa (fuzzy), etc.
É possível obter este tipo de modulação ao comparar uma tensão de referência (que seja
imagem da tensão de saída buscada), com um sinal triangular simétrico cuja frequência
determine a frequência de chaveamento. A frequência da onda triangular (chamada
portadora) deve ser, no mínimo 20 vezes superior à máxima frequência da onda de
referência, para que se obtenha uma reprodução aceitável da forma de ondadesejada,
após efetuada a filtragem. A largura do pulso de saída do modulador varia de acordo
com a amplitude relativa da referência em comparação com a portadora (triangular).
Tem-se, assim, uma Modulação por Largura de Pulso.
A tensão de saída é formada por uma sucessão de ondas retangulares de amplitude igual
à tensão de alimentação CC e duração variável.
A figura 7.2 mostra a modulação de uma onda senoidal, produzindo na saída uma
tensão com 2 níveis, na frequência da onda triangular.
É possível ainda obter uma modulação a 3 níveis (positivo, zero e negativo). Este tipo
de modulação apresenta um menor conteúdo harmônico. A produção deste sinal de 3
níveis é ligeiramente mais complicado para ser gerado analogicamente.
O obtenção de uma onda senoidal que recupere a onda de referência é facilitada pela
forma do espectro. Note-se que, após a componente espectral relativa à referência,
aparecem componentes nas vizinhanças da frequência de chaveamento. Ou seja, um
filtro passa baixas com frequência de corte acima e 50/60 Hz é perfeitamente capaz de
produzir uma atenuação bastante efetiva em componentes na faixa dos kHz. Na figura
7.4 tem-se também as formas de onda filtradas (filtro LC, 2mH, 20µ F). Uma redução
ainda mais efetiva das componentes de alta frequêncis é obtida com o uso de filtro de
ordem superior.
Figura 7.4 Formas de onda da tensão de fase e de linha em inversor trifásico em semi-
ponte. Indica-se ainda os respectivos sinais MLP filtrados. Espectro dos sinais MLP de
2 e 3 níveis.
Modulação MLP com frequência de portadora variável
Figura 7.5. Espectro de sinal MLP (referência cc) com portadora de frequência variável.
Neste caso, são estabelecidos os limites máximo e/ou mínimo da corrente, fazendo-se o
chaveamento em função de serem atingidos tais valores extremos. O valor instantâneo
da corrente, em regime, é mantido sempre dentro dos limites estabelecidos e o
conversor comporta-se como uma fonte de corrente.
Tanto a freqüência como o ciclo de trabalho são variáveis, dependendo dos parâmetros
do circuito e dos limites impostos. A figura 7.6 mostra as formas de onda para este tipo
de controlador.
A obtenção de um sinal MLC pode ser conseguida com o uso de um comparador com
histerese, atuando a partir da realimentação do valor instantâneo da corrente. A
referência de corrente é dada pelo erro da tensão de saída (através de um controlador
integral). A figura 7.7 ilustra este sistema de controle. Na figura 7.8 vê-se a forma de
onda da tensão de saída, aplicada à carga e o respectivo espectro. Note-se o
espalhamento devido ao fato de a frequência não ser constante.
Consideremos o intervalo (t1 - t2). A referência ira é a maior positiva e irb é a maior
negativa. Considerando que a corrente de saída Io é perfeitamente contínua, o
interruptor S1 pode ser acionado de acordo com uma lei de modulação senoidal, m1, de
modo que a corrente ia siga a referência ira em termos dos componentes de baixa
freqüência do espectro.
Da mesma forma, uma lei de modulação m5 pode ser adotada para S5, fazendo com que
ib siga a referência irb.
Figura 7.9 Tensões de entrada e referência de corrente.
Quando a chave S1 é aberta, uma outra chave da semi-ponte superior deve ser fechada
para permitir a continuidade da corrente. Quando S5 é aberta, outro interruptor da semi-
ponte negativa deve entrar em condução. Para estas funções, S3 e S6 são usadas, uma
vez que elas não alteram as correntes pelas fases a e b. A forma senoidal desejada para a
fase c é resultado do fato que a soma das correntes nas 3 fases é nula. Quando S3 e S6
conduzirem simultaneamente, cria-se um caminho de livre-circulação para a corrente cc.
A figura 7.10 mostra os sinais de comando para os interruptores e a forma de onda da
tensão instantânea sobre o indutor cc, a qual apresenta um comportamento de 3 níveis.
Uma vez que a freqüência de chaveamento deve ser muito maior do que a freqüência da
rede, pode-se considerar que, dentro de cada ciclo de chaveamento as tensões da rede
são constantes.
As correntes instantâneas pelas fases tem forma retangular, com amplitude dada pela
corrente cc e largura determinada pela lei de modulação (figura 7.11). Simultaneamente
haverá corrente apenas por 2 das 3 fases, uma vez que a existência de 3 correntes
simultâneas colocaria em curto 2 das fases. A corrente injetada na rede acompanhará o
valor médio desta corrente.
Equações básicas
Seja x(t) uma função lógica que descreve o estado de uma chave genérica S.
Correspondentemente, a lei de modulação m(t) pode ser definida como uma função
contínua dada pelo conteúdo de baixa freqüência de x(t). Como x(t) assume apenas
valores 0 e 1, m(t) é limitada entre 0 e 1.
O fato de apenas um interruptor estar fechado em cada semi-ponte ao mesmo tempo, faz
com que apenas um x(t), relacionado a cada semi-ponte, a cada instante, possa ser 1
[7.2]:
(7.1)
(7.2)
(7.3)
(7.4)
Para obter as correntes senoidais de entrada tem-se (note que estamos supondo corrente
em fase com a tensão, mas esta análise vale para qualquer tipo de corrente):
(7.6)
(7.7)
Observe-se ainda que a síntese da corrente desejada pode ser feita em malha aberta,
ou seja, é preciso apenas que se disponha da referência adequada.
Absorção de reativos
Esta técnica de controle pode ser estendida variando-se a fase entre a tensão de entrada
e as respectivas correntes, permitindo assim a circulação de uma quantidade controlável
de potência reativa.
Para este objetivo, as referências de corrente, ir, devem estar defasadas das tensões de
entrada de uma fase adequada, φ . As equações das correntes não sofrem alterações,
enquanto a tensão de saída passa a ser expressa por:
(7.9)
Note que se o inversor fornece apenas energia reativa a tensão média no lado cc é nula,
como é de se esperar, já que se trata de um elemento puramente indutivo.
Generalizando um pouco mais, qualquer forma de corrente pode ser absorvida da rede,
desde que uma referência adequada seja utilizada, o que torna esta topologia bastante
própria para a implementação de filtros ativos de potência.
Controle da corrente cc
Numa situação de regime, para que não haja mudança na corrente cc, a tensão média
sobre o indutor deve ser nula, como mostrado na equação (7.9). Como o indutor possui
perdas, ou ainda, porque transitoriamente houve uma absorção (ou entrega) de potência
ativa, é possível que ocorra uma variação no nível da corrente cc. O controle do
conversor deve prever um modo de manter, em regime, a corrente no valor Io desejado.
Isto pode ser feito alterando a fase das referências de corrente. Se a defasagem entre
tensão e corrente for 90o, o inversor só trabalha com energia reativa. Se a fase for menor
do que 90o, isto significa que o inversor está entregando ao resto do sistema um pouco
de potência ativa, o que faz com que a corrente Io tenda a diminuir (aparece uma tensão
média positiva no lado cc). Fazendo com que a defasagem seja maior do que 90o o
inversor absorve potência ativa do sistema, levando ao crescimento da corrente Io. Uma
vez atingido o valor Io desejado, o controle deve retornar referência de regime. O
mesmo efeito pode ser obtido controlando-se a amplitude do sinal de referência em
função do erro da corrente cc.
Neste caso, a corrente média de saída é determinada pela diferença entre as tensões
médias da rede e da saída do inversor. Tal diferença é aplicada sobre os indutores de
filtro, definindo, assim, a corrente. As diferenças instantâneas determinam a ondulação
da corrente na freqüência de chaveamento.
Como não se faz uma síntese direta da corrente, a correta operação desta topologia
necessita da realimentação da corrente, a ser comparada com a referência, gerando um
sinal de erro que, se necessário, corrige a largura de pulso.
Controle da tensão cc
O valor da tensão cc deve ser maior do que o valor de pico da tensão da rede,
permitindo, assim, a síntese de corrente mesmo em condições de mínima diferença de
tensão aplicada sobre a indutância de saída.
Síntese de tensões
O estágio de saída deve ser adaptado de modo a ser obtida uma tensão filtrada dos
componentes relativos à freqüência de chaveamento, obtendo-se apenas a tensão média
sintetizada pelo inversor.
As figuras 7.12 e 7.13 mostram tais conversores.
A tensão CA que aparece sobre os capacitores de filtro, Cf, representam o valor médio
da tensão de saída sintetizada pelo filtro. Esta tensão está aplicada ao primário dos
transformadores, os quais transferem a tensão à rede, de modo que a tensão aplicada à
carga seja a soma da tensão inicial da rede com a tensão de compensação.
Dependendo da fase entre a corrente da carga e esta tensão tem-se que o inversor pode
ou não estar entregando (ou absorvendo) potência ativa. No caso de compensação
reativa pura, as tensões sintetizadas devem estar defasadas de 90 graus das correntes,
como mostrado na figura 7.14, na qual o compensador está sintetizando um capacitor.
Na tensão nota-se a presença de componentes de alta freqüência, enquanto a corrente,
por efeito da carga simulada, surge melhor filtrada.
Figura 7.12 Inversor trifásico, com acúmulo capacitivo, para síntese de tensão.
Figura 7.13 Inversor trifásico, com acúmulo indutivo, para síntese de tensão.
De maneira similar ao que se viu para os sintetizadores de corrente, neste caso o circuito
com acúmulo capacitivo pode operar em malha aberta (em relação à tensão média
produzida). Já no inversor com acúmulo indutivo, como a tensão é resultado da
passagem da corrente pelos capacitores de filtro, é necessário fazer uma realimentação
desta tensão para certificar-se que ela acompanha a referência.
Modulação vetorial
(7.10)
Para esta análise, representa-se cada corrente ca (em p.u.,sendo Io a base) por um vetor
unitário (já que, instantaneamente as correntes ca só podem assumir este valor ou serem
nulas) na direção dos eixos a,b,c.
Por exemplo, quando a corrente ia for igual a +Io, ela será representada pelo vetor +1
sobre o eixo a. Sua representação será -1, sobre o mesmo eixo quando ia=-Io e será o
vetor nulo quando ia=0.
Os vetores obtidos pela adição de todos os pares de vetores não-nulos podem ser usados
para representar o estado do conversor. Como resultado tem-se 6 vetores de estado, j1 a
j6, mais o vetor zero (o vetor zero corresponde a estados de livre-circulação, quando
conduzem interruptores do mesmo ramo).
Figura 7.15 Representação das correntes do conversor em vetores espaciais.
(7.11)
(7.12)
(7.13)
Figura 7.16 Modulação vetorial em condições normais.
Há diferentes maneiras de fazer o comando dos interruptores. Neste caso, por exemplo,
o interruptor S5, por ser comum aos dois estados adjacentes, fica sempre ligado.
Durante δ ', S1 é mantido ligado. Ao ser desligada essa chave, S3 entra em condução,
durante δ ". Ao se encerrar este intervalo, desliga-se S3 e liga-se S2, realizando o
intervalo de livre-circulação (durante δ o). Observe que neste estratégia de comando
dos interruptores há uma comutação a menos do que a obtida na estratégia indicada na
figura 7.10, o que contribui para reduzir as perdas de comutação do conversor.
Na situação mostrada na figura 7.16 o vetor sintetizado i coincide com a referência i*.
Isto não ocorre em situações saturadas, como mostrado na figura 7.17. Entende-se por
saturação o fato de não ser possível sintetizar exatamente a corrente de referência.
Quando o vetor de referência, i*, está fora do hexágono, a maior componente, i', é
mantida constante (i'=i*'), enquanto a outra, i", é reduzida até trazer o vetor sintetizado,
i, para o limite do hexágono. O estado nulo desaparece. O vetor sintetizado difere da
referência em fase e magnitude. Os ciclos de trabalho são:
(7.14)
(7.15)
(7.16)
A figura 7.17 mostra também uma situação de saturação profunda, que ocorre quando a
maior das componentes de i* resulta fora do hexágono. Neste caso esta componente é
feita igual ao vetor mais próximo (j1, no exemplo) e a corrente de saída do conversor se
torna quadrada. Os ciclos de trabalho são:
(7.17)
(7.18)
(7.19)
Figura 7.17 Modulação vetorial nos casos de a) saturação e b) saturação profunda.
Consideremos uma carga que absorva uma corrente não-senoidal como, por exemplo,
um retificador trifásico com filtro LC no lado contínuo. Este conversor absorve uma
corrente semelhante à mostrada na figura 7.21.
Figura 7.21 Corrente de linha.
(7.21)
(7.22)
Tais potências estão mostradas na figura 7.23. Note que a potência ativa possui um
valor médio e uma parte oscilatória. Já a potência reativa tem valor médio nulo. Isto se
deve ao fato de as correntes serem simétricas e estarem centradas em relação às
respectivas tensões. As potências, separadas em suas componentes média e variável
estão mostradas nas figuras 7.24 e 7.25. Os valores médios são calculados tomando-se
um intervalo mínimo de 1/6 de período da rede.
(7.23)
(7.24)
(7.25)
(7.26)
(7.27)
As figuras 7.26 e 7.27 mostram tais componentes.
O filtro ativo deve ser capaz de compensar todos os elementos de potência, exceto a
potência ativa média, que é a que, efetivamente, está realizando trabalho junto à carga.
(7.29)
Aplicando-se a transformação inversa a, obtém-se as correntes nas fases abc que devem
ser geradas para compensar a corrente:
(7.30)
A corrente de compensação necessária para a fase a está mostrada na figura 7.28. Este
sinal deve servir de referência para produzir o padrão MLP para o inversor. A figura
7.29 mostra a tensão da fase a, a corrente da carga e a corrente fornecida após a
compensação. Observa-se que o fator de potência resultante é unitário e que todas as
harmônicas foram compensadas.
Veremos nesta situação uma alimentação equilibrada alimentando uma carga resistiva
desequilibrada, cujas correntes de linha estão mostradas na figura 7.36.
Como se nota na figura 7.37, como as tensões são equilibradas, as projeções no plano
α β também o são, e não há componente de seqüência zero.
Figura 7.37 Tensões no plano α β 0 .
Uma vez que o sistema é a 3 fios, também não existe corrente de seqüência zero, como
se vê na figura 7.38.
A corrente de compensação para a fase a está mostrada na figura 7.42. Ela é senoidal e
leva à compensação da corrente de linha, como mostrado na figura 7.43. Observa-se que
é possível compensar o desequilíbrio e obter um fator de potência unitário.
As correntes no plano α β 0 estão na figura 7.47. Por ser um sistema a 3 fios, não tem-
se corrente de seqüência zero.
A figura 7.48 mostra as potências instantâneas. Observe que tanto a potência reativa
quanto a de seqüência zero são nulas. Temos apenas potência ativa, com um valor
médio e uma parcela variável. A obtenção do valor médio exige uma integração por ½
ciclo.
A figura 7.49 mostra as componentes ativa e reativa no plano α β 0 . Como a potência
reativa é nula, suas componentes também o são.
Como há uma parcela variável de potência ativa a ser compensada, este método produz
uma corrente de compensação, mostrada na figura 7.50 para a fase a. Esta corrente é
não-senoidal e, portanto, introduzirá distorção harmônica na corrente da rede, após a
compensação. Na figura 7.51 tem-se as correntes compensadas nas fases a e b,
juntamente com as tensões de fase e as correntes de carga.
Figura 7.50 Corrente de compensação da fase a.
Figura 7.51 Tensão, corrente na carga e na linha (após compensação), nas fases a e b.
O uso deste método, como se nota, não se aplica a sistemas com alimentação
desequilibrada, uma vez que seu objetivo é o de compensar todas as parcelas de
potência exceto a potência ativa média. Como se vê na figura 7.52, este objetivo é
conseguido, mas isto não significa que se tenha o máximo fator de potência, como
evidenciam as formas de onda mostradas em 7.51.
Sendo a carga resistiva, não há potência reativa. A potência ativa apresenta um valor
médio e uma parte variável, como mostrado na figura 7.56.
Figura 7.56 Potências ativa, reativa e de seqüência zero.
A corrente de compensação produzida para a fase a está mostrada na figura 7.57. Sua
injeção no sistema leva às formas de onda mostradas na figura 7.58. Note-se que, sem
compensação, a corrente da fase a segue a mesma forma da tensão, dado que a carga é
equilibrada e resistiva. A ação da corrente de compensação distorce a corrente
resultante, de modo que a rede não mais vê uma carga resistiva. A figura 7.41 mostra
que o objetivo do método, que é o de obter apenas a potência ativa média foi atingido.
Um paradigma mais geral, e que garante o fator de potência unitário, qualquer que
sejam as tensões (incluindo distorções harmônicas), é de sintetizar uma carga resistiva.
No entanto, ainda não se dispõe de um método instantâneo que permita a um
compensador agir segundo este paradigma em sistemas trifásicos.
O caso monofásico
Caso o sistema apresente uma tensão senoidal e nenhuma não-linearidade, realizar uma
compensação que emule uma carga resistiva ou que absorva uma corrente senoidal seria
equivalente.
Quando um filtro ativo leva à absorção apenas de uma corrente senoidal, isto significa
que a rede vê uma carga aberta para as outras freqüências, ou seja, a carga deixa de
atuar como fator de amortecimento para as eventuais ressonâncias do sistema.
Além disso, essa corrente senoidal absorvida não minimiza a corrente eficaz e,
conseqüentemente, não maximiza o fator de potência.
A defesa desta última técnica é feita com o argumento de que a absorção de correntes
senoidais melhoraria a forma da tensão da rede. Isto é verdade, mas também ocorre com
o método de sintetizar uma carga resistiva, sem as desvantagens da perda de
amortecimento.
A figura 7.60 mostra resultados de simulação com ambos métodos aplicados. A fonte de
entrada possui uma 9a harmônica com 1% de amplitude da fundamental. O indutor
(20mH) e o capacitor (6.25uF) produzem uma ressonância nesta 9a harmônica. Quando
tem-se uma carga resistiva, devido ao amortecimento introduzido, praticamente não se
observa o efeito desta harmônica, pois ela continua afetando as tensões em um nível
muito baixo.
Quando se força a carga a absorver uma corrente apenas na freqüência fundamental
(50Hz), nota-se a ressonância e a conseqüente distorção na tensão.
Figura 7.60 Formas de onda e circuitos simulados para cargas resistiva e "senoidal".
A figura 7.62 mostra a corrente obtida após o filtro de saída. Observe que o circuito não
conseguiu fazer uma compensação perfeita, devido aos problemas citados. O espectro
está mostrado na figura 7.63, onde se vê que a corrente não é senoidal e que restam
componentes na freqüência de chaveamento. De qualquer forma, a distorção harmônica
da corrente caiu de 155% (sem o filtro ativo) para 7,5%.
De maneira análoga, a figura 7.64 mostra uma corrente "trapezoidal" a ser compensada,
bem como a corrente a ser produzida pelo filtro. Na figura 7.65 tem-se a corrente de
linha após a filtragem. Nota-se aqui uma melhor forma de onda, o que se justifica por 2
fatores. O primeiro é que a corrente da carga apresenta um espectro mais concentrado
nas harmônicas de baixa ordem, facilitando a compensação pelo filtro. A segunda é que
as maiores variações ocorrem quando a tensão da rede é baixa, ou seja, quando a
diferença entre a tensão da rede e a tensão contínua do barramento do filtro é grande,
havendo uma grande folga de tensão para a imposição da corrente desejada. O espectro
das correntes da carga e da rede (após a filtragem) estão mostradas na figura 7.66.
Figura 7.61 Forma de onda na carga e corrente do filtro necessária para compensá-la.
Figura 7.62 Corrente da rede com atuação do filtro ativo.
A figura 7.67 mostra uma possível estrutura do sistema de controle para um filtro de
acúmulo capacitivo operando em MLP. A forma da referência da corrente é obtida da
própria tensão. A amplitude desta referência é modulada de modo a manter a tensão cc
no valor desejado. O sinal do erro da tensão cc, passado por um compensador tipo PI
(que anula o erro em regime para uma entrada constante) é uma das entradas do bloco
multiplicador. Sendo um valor contínuo (que varia muito mais lentamente do que a
referência de corrente, que varia na freqüência da rede), funciona como fator de
escalonamento da forma da corrente. A corrente da rede é realimentada, produzindo, em
relação à referência de corrente, um erro o qual, passando por um compensador
(tipicamente tipo P) produz a tensão de controle, que é comparada com a portadora
MLP, gerando os pulsos para o comando dos transistores.
Figura 7.67 Diagrama de controle de filtro ativo paralelo.
Outro aspecto muito importante é que o filtro não deve, idealmente, apresentar
amortecimento. A razão para isso é que, como a tensão Vcc deve ser maior do que a
tensão de pico presente na rede, o conversor deve atuar, nos momento de acúmulo de
energia no capacitor, como um elevador de tensão. Conforme já foi dito, isto se dá pelo
aumento da corrente absorvida da rede, a qual flui para o filtro. Caso o filtro passivo
apresente amortecimento, esta potência adicional poderá ser dissipada nos elementos
resistivos, impedindo sua efetiva transferência para o capacitor. Obviamente a eficiência
de um filtro com amortecimento é comprometida, tanto no aspecto energético, devido às
maiores perdas, como na resposta em freqüência, pois reduz a ordem resultante.
Desta forma, como o filtro de saída apresenta ressonâncias, elas devem ser devidamente
atenuadas pelo circuito de controle, garantindo a estabilidade do sistema.
Considerando o diagrama mostrado na figura 7.68, um dos blocos capaz de realizar esta
função é o chamado "condicionador de sinal", que atua na realimentação da corrente.
Via de regra esta não é uma condição simples de ser satisfeita, visto que para ter uma
atenuação adequada na freqüência de chaveamento (digamos em 20kHz), a freqüência
de ressonância do filtro de saída estará na faixa dos kHz, ou mesmo inferior,
dependendo da ordem deste filtro.
Conclui-se assim que o filtro de saída (tipicamente numa estrutura LC) deve ser de
ordem mais elevada, o que vem permitir usar componentes de menor valor
(individualmente), e também produzir ressonâncias em valores elevados de freqüência.
Quanto ao condicionador de sinais, ele, em princípio, não deve ser um simples filtro
passa-baixas, uma vez que para satisfazer ao papel de atenuar as ressonâncias, teria que
possuir uma freqüência de corte bastante baixa, o que implica em produzir defasagens
importantes na faixa de interesse para a corrente da linha. Deve-se, assim, buscar
circuitos que mantenham o ganho, não alterem a fase e atenuem satisfatoriamente os
sinais fora desta faixa.
Figura 7.68 Circuito de teste para verificação da resposta em freqüência do sistema.
Resultados experimentais
A figura 7.69 mostra correntes da rede quando se emprega um filtro indutivo no lado cc
de retificador. Mostra também a tensão da rede e a corrente após a atuação do filtro.
Ao ser ligado o filtro observa-se uma efetiva melhora na corrente fornecida pela rede.
Nota-se que as distorções presentes na tensão também são observadas na corrente,
indicando que o sistema está se comportando como uma carga resistiva. A oscilação
observada na corrente deve-se à impossibilidade do sistema responder a um degrau de
carga, como ocorre neste caso.
Figura 7.70 Figura 7.14 Tensão da rede (superior - 150V/div.), corrente após
compensação (intermediário - 5A/div.) e corrente sem compensar (inferior - 5A/div.)
A figura 7.71 mostra a corrente de saída do filtro, após ser filtrada pelo filtro passivo,
para o caso do retificador com filtro capacitivo.
Figura 7.71 Corrente (filtrada) de saída do filtro ativo.
A figura 7.73 mostra a corrente de saída do inversor antes de passar pelo filtro passivo e
em um estágio intermediário.
Filtros híbridos
A fim de reduzir a potência a ser manobrada pelo filtro ativo é possível utilizá-lo em
associação com filtros passivos, de maneira que a parte ativa deve atuar apenas sobre as
componentes não corrigidas pelo filtro passivo [7.11].
Observe-se que a componente harmônica a ser drenada pelo filtro passivo não terá que
circular pelo filtro ativo, de modo que tem-se uma redução na corrente eficaz a ser
controlada pela parte ativa. Entretanto, não há diminuição na tensão de projeto do filtro
ativo.
Na figura 7.76 tem-se uma outra alternativa topológica, na qual o filtro ativo é colocado
em série com um filtro passivo. Na verdade podem estar colocados diversos filtros
passivos, sintonizados ou passa-altas.
Figura 7.76 Princípio de operação de filtro híbrido de corrente: (a)Esquema geral;
O sistema de controle do filtro ativo é tal que ele absorve uma componente de corrente
na freqüência fundamental com tal valor que produza sobre a parte passiva do filtro uma
queda de tensão igual à tensão da rede,Vs, como indica a figura (b). Isto faz com que a
tensão a ser suportada pelo estágio ativo seja somente a tensão relativa às componentes
harmônicas.
Além desta componente, o filtro absorve uma corrente igual ao conteúdo harmônico da
carga, de modo que pela fonte circule apenas uma corrente na freqüência fundamental.
Na freqüência de ressonância do filtro passivo a parte ativa deverá suportar uma tensão
aproximadamente igual à parcela distorcida da tensão da rede (figura (c)). Nas demais
freqüências a tensão harmônica divide-se entre o filtro passivo e o ativo (figura (d)).
Referência Bibliográficas
[7.1] M. Ehsani and R. L. Kustom: "Converter Circuits for Superconductive Magnetic
Energy Storage". Texas A&M University Press, 1988, USA.
[7.2] L. Malesani and P. Tenti: "Three-Phase AC/DC PWM Converter with Sinusoidal
AC Currents and Minimum Filter Requirements". Trans. On Industry Applications, vol
IA-23, no. 1, Jan/Feb 1987, pp.71-77.
[7.3] S.Ogasawara, H. Akagi and A. Nabae: "A Novel PWM Scheme of Voltage
Inverter Based on Space Vector Theory". European Power Electronics Conference, EPE
'89, Aachen, Oct. 1989, pp. 1197-1202.