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O nascedor

Por que será que o Che


Tem este perigoso costume
De seguir sempre renascendo?
Quanto mais o insultam,
O manipulam
O atraiçoam
Mais ele renasce.
Ele é o mais renascedor de todos!
Não será por que Che
Dizia o que pensava e fazia o que
dizia?
Não será por isso que segue sendo
tão extraordinário,
Num mundo onde palavras
e actos tão raramente se encontram?
E quando se encontram
raramente se saúdam
Por que não se reconhecem?

De Eduardo Galeno (Uruguai)

O Eterno!

Venho trazer-te um recado


do teu povo que é o meu povo:
Diz o povo Che Guevara
que é mentira, não estás morto.

Tua presença firme e clara


como estrela refulgente
segue alerta e combatente
comandante Che Guevara.

Homens como tu não morrem


Nem na história nem no tempo.
como haveriam de morrer
os homens que são eternos

Tua presença firme e clara


como estrela refulgente
segue alerta e combatente
comandante Che Guevara.

Diz o povo comandante


que segue a voz de aço
de tua espingarda acesa
pelo continente inteiro.

Tua presença firme e clara


como estrela refulgente
segue alerta e combatente
comandante Che Guevara.

Diz o povo comandante


que está firme em seu posto
teu coração legendário
guerreou o guerrilheiro.

Tua presença firme e clara


como estrela refulgente
segue alerta e combatente
comandante Che Guevara.

Como foste mais que um homem


como foste luz e exemplo
viverás eternamente
no coração do povo.

De Carlos Publea

ATÉ SEMPRE “HASTA SIEMPRE"

Aprendemos a querer-te
desde a histórica altura
onde o sol da tua bravura
encurralou a morte.

Aqui nos ficou a clara


a profunda transparência,
da tua querida presença
Comandante Che Guevara.

Tua mão gloriosa e forte


sobre a história dispara
quando toda Santa Clara
se desperta para ver-te.
Aqui nos ficou a clara
a profunda transparência,
da tua querida presença
Comandante Che Guevara

Vens queimando a brisa


com sóis de Primavera
para plantar a bandeira
com a luz do teu sorriso.

Aqui nos ficou a clara


a profunda transparência,
da tua querida presença
Comandante Che Guevara.

Teu amor revolucionário


te conduz a nova empresa
onde esperam a firmeza
de teu braço libertário.

Aqui nos ficou a clara


a profunda transparência,
da tua querida presença
Comandante Che Guevara.

Seguiremos adiante
como junto a ti seguimos
e com Fidel te dizemos:
"Até sempre, Comandante!"

De Carlos Puebla

CHE GUEVARA

O látego do carrasco
Deixou a mostra as veias abertas
De uma América sem líderes,
Cheia de ditadores patéticos
E de déspotas obtusos,
Promíscuos em suas salas de mármore.

Há os que iludem com discursos


E os que mentem sem palavras –
Apoderam-se de mecanismos de tortura
Para espalhar o pânico e o terror.

A América se ergue com a sua mão direita


Que, ensanguentada, deixa-se extinguir,
Cambaleante cai sobre a perna esquerda,
Em repetidos golpes...
O guerrilheiro está morto!
Seu idealismo se tornou sonho,
O sonho transcreveu sua lenda,
A lenda transformou-se em eternidade.

A América de Guevara se perpetua,


Em sua eterna busca
Pelos verdadeiros líderes,
Por sua total e plena liberdade

Do livro (O Anjo e a Tempestade), de Agamenon Troyan

Embalos

Desperta meu menino, que vem Guevara


os olhos ardentes, florida a barba.
Desperta meu menino, que já chega o Che
dizem é muito mau, eu não sei porquê.
Desperta meu menino, que se aproxima Ernesto
gritando para os pobres: este mundo é nosso.
Desperta meu menino, que está connosco um
pastor do povo que espanta os lobos.
Dorme meu menino, que é melhor não ver o que
aqueles lobos fizeram com ele.

Letra: Víctor Manuel Arbeloa


Música: Luís Pastor

Che Guevara

Como se a mão pura de San Martín


Tivesse se estendido para seu irmão, Martí,
E o Prata, de margens verdejantes, corresse pelo mar
Para se juntar à embocadura cheia de amor do Cauto.

Assim Guevara, gaúcho de voz forte, agiu para dedicar


Seu sangue guerrilheiro a Fidel,
E sua mão larga teve mais espírito de camaradagem
Quando nossa noite era mais negro, mais escura.

A morte recuou. De suas sombras impuras,


Do punhal, do veneno e das feras,
Só restam lembranças selvagens.

Fundida dos dois, uma única alma brilha,


Como se a mão pura de San Martín
Tivesse se estendido para seu irmão, Martí.

(Poema de Nicolás Guillén, o mais destacado poeta cubano vivo na época da revolução)
OUTUBRO

Em Outubro se nasce e se morre


Na senda da palavra Liberdade
Em Outubro e em qualquer idade
Não importa o mês, só que se morre…

E era Outubro, era a hora certa


Da sede de sangue, de vingança
De acabar um sonho ‘inda criança:
Era Outubro e era hora certa;

E foi de morte o mês; Outubro dor


E foi de dor o mês, Outubro morte
E foi Outubro o tempo derradeiro…

E dando ao mundo a vida e o amor


Outubro selou a tua sorte
E fez eterno o sonho guerrilheiro!…

Che

Eu tive um irmão
Não nos vimos nunca
mas não importava.

Eu tive um irmão
que andava na selva
enquanto eu dormia.

O amei ao meu modo,


lhe tomei a voz
livre como a água,
caminhei às vezes
perto de sua sombra.
meu irmão desperto
enquanto eu dormia.

Meu irmão mostrando-me


por detrás da noite
a sua estrela eleita.

De Júlio Cortázar (Argentina)


Que pare o som

Mataram a tua carne


Com uma torrente de fogo
Mas jamais a palavra
E menos o pensamento.

Que pare um momento o som


que se calem as guitarras
Em tributo de silencio por Che Guevara.
Que siga o som.

Talvez tua carne humana


não resistisse ao aço
mas nem sequer aço pode
resistir ao teu exemplo.

Que pare um momento o som.


Que emudeça a palavra
Para escutar o grito de Che Guevara.
Que siga o som.

Em Vallegrande nasceste
ainda que te digam morto.
Só assim nascem os homens
para a história e o tempo.

Que pare um momento o som


para enxugar uma lágrima.
Uma lágrima de pólvora por Che Guevara.
Que pare o som.

Letra e música: Carlos Puebla

Um nome

Quando se fale do valor estóico


da vida cabal, profunda e clara
sem mencionar o guerrilheiro heróico
Estaremos dizendo Che Guevara.

Quando se fale da luz criadora


cuja força imortal a noite aclara
até torná-la numa nova aurora
estaremos dizendo Che Guevara.
Quando se fale dos decididos
dos que saem a mostrar a cara
pela miséria dos oprimidos
estaremos dizendo Che Guevara.

Quando se fale do dever profundo


da luta exemplar que nunca pára
por conseguir o pão de toda gente
estaremos dizendo Che Guevara.

Quando se fale do grito maior


da voz que mais alto se fez ouvir
sem pronunciar o nome tão querido
estaremos dizendo Che Guevara.

Letra e música: Carlos Puebla

ZAMBA AO CHE

Venho cantando esta zamba


com um rufar libertário,
mataram o guerrilheiro
Che comandante Guevara.
Selvas, pampas e montanhas
pátria ou morte o seu destino.

Que os direitos humanos


violam-nos em qualquer lado
na América Latina
desde domingo até sábado

Impõem-nos militares
para subjugar os povos
ditadores, assassinos,
gorilas e generais.

Exploram o camponês
o mineiro e o operário,
quanta dor o seu destino,
fome, miséria e dor.

Bolívar lhe deu o caminho


e Guevara o seguiu:
libertar nosso povo
do domínio explorador.
A Cuba lhe deu glória
de ser nação libertada.
Bolívia também chora
sua vida sacrificada.

Santo Ernesto de La Higuera


lhe chamam os camponeses,
selvas, pampas e montanhas,
pátria ou morte o seu destino.

De Víctor Jara

Ai, Che caminho

Eu sou um homem nascido


Além na pampa longínqua
Mas o meu sonho querido
É a pátria americana

Não tenho terra nem casa


Não tenho nome nem idade
Sou como o vento que passa
Um vento de liberdade

Ai Che caminho
Pátria ou morte é o meu destino.
Ai Che caminho
Pátria ou morte é o meu destino.

Amanhã quando eu morrer


Ouçam-me queridos irmãos
Quero uma América inteira
Com a espingarda na mão.

Não quero estátuas, nem honras


Não quero versos, nem prantos
Lancem as flores ao vento
E Pátria ou morte é o meu canto.

Ai Che caminho
Pátria ou morte é o meu destino.
Ai Che caminho
Pátria ou morte é o meu destino.

Letra e música: Alfredo de Robertis


Até à vitória

Eu sou Ramón
Aquele que rompe as cadeias.
Escopro solar
A fé
Que acende as fogueiras.

Clamor fundamental
A voz da justiça
o que à brisa suave
transforma em vendaval.

Eu sou Ramón
aquele que vive mais além.
Que trema o verdugo opressor,
abutre insaciável do mal.
Depois da morte eu sou Ramón
até à vitória final.

Eu sou Ramón,
aquela luz do oprimido.
A carne, o sangue e a pele
do homem redimido.

Eu sou o leão que vai


passando na montanha,
por montes e valados
rugindo liberdade.
Eu sou Ramón,
aquele que nunca morrerá.
Que trema o verdugo opressor,
abutre insaciável do mal.
Depois da morte eu sou Ramón
até à vitória final.

Letra e música: Aníbal Zampayo

Nada mais

Em tendo rancho e cavalo


é mais leve o meu penar
Se tudo aquilo que tive só restam recordações.
Nada mais… Nada mais…

Não tenho contas com Deus.


Minhas contas são com os homens.
Eu rezo na planície aberta
e me faço leão no monte
Nada mais… Nada mais…
Gosto de olhar o homem
plantado sobre a terra.
Como uma pedra ao alto.
Como um farol na ribeira.
Nada mais… Nada mais…

Alguma gente só morre


para voltar a nascer.
E quem disso duvidar
que o pergunte ao Che.
Nada mais… Nada mais…

Letra e música: Atahualpa Yupanqui

O homem novo

Pelo caminho do homem novo


Com passo firme e falar claro
Soube manter a rota
Dos homens do seu tempo.
Ninguém poderá enterrar seu nome
Sua voz será escudada para sempre
Repetindo as palavras
Que a história guardou
Pelo caminho do homem novo
Como estrela no alto brilha o seu nome
Hoje que sua grandiosa e última façanha
Guarda um diário de campanha.
o gesto enorme que foi a sua vida
Cheia de luta, de poesia
É como luzes de auroras
Que iluminam novos dias.
Pelo caminho do homem novo
Com passo firme e falar claro
Souber manter a rota
Dos homens do seu tempo.

Letra e música: César Portilho de la Luz

Canção ao homem novo

Fá-lo-emos tu e eu
nós dois o faremos
tomemos a argila
para o homem novo.
Seu sangue virá
de todos os sangues
apagando os séculos
do medo e da fome.
Por braço um fuzil
por luz o olhar
e junto à ideia
uma bala assomada.
E onde está a voz
um grito escondido
milhões de ouvidos
serão receptivos.
Seu grito será
de guerra e vitória
como um matraquear
que anuncia a glória.
E por coração
a esse homem daremos
o do guerrilheiro
que todos sabemos.
Fá-lo-emos tu e eu.
Por braço um fuzil!
Nós o faremos
Por luz o olhar!
Tomemos a argila
é de madrugada.

Letra e música: Daniel Viglietti

Canção ao guerrilheiro heróico

Meu comandante Guevara


não há na tua cabeça uma flor
mas estão as metralhadoras
caules de sangue e de dor.
Ouçam bem os assassinos
não mataram mais um homem
mataram aos que duvidam
que é a hora de lutar.
Ouçam bem os generais
há uma bala se sol
para a obscura mentira
que têm por coração.
No correr dos rios
desde o dialecto aimará
por altiplanos e selvas
o guerrilheiro falará.
E dirá as cem razões
de vencer ou de morrer.
E cada guerrilha nova
Fá-lo-á sentir-se viver.

Letra e música. Daniel Viglietti


Seu nome é povo

A morte
com a sua impecável função
de artesã do sol,
que faz heróis,
que faz história
e nos cede um lugar para morrer,
nesta terra pelo futuro.
Que exemplo
se converteu em trincheira
da vontade,
da palavra amar,
da consciência
e da morte.
Não há nomes
dos que caem nas costas,
dos que caem nos montes,
do que caiu com o nachete,
no mesmo lugar
onde tempos atrás
caíram outros
outros sem nome.
Os heróis
recordam-se sem lágrimas
recordam-se nos braços
recordam-se na terra,
e isso me faz pensar
que afinal não o mataram
e que vivem ali
onde haja um homem,
pronto a lutar,
a continuar.

Letra e música: Eduardo Ramos

Che esperança (canção do índio livre)

Dorme, dorme, meu menino índio,


Aqui vem o Comandante.
Com o fumo do seu puro
Semeia estrelas na noite.

Avozinha, avozinha
Quem é?

Dorme, dorme, índiozinho,


Lembra-te do seu nome.
Suas pegadas no caminho
São uma flor que se abre!

Avozinha, avozinha
Quem é?

É o canto do vento,
A carícia da aurora.
A esperança, meu menino
Chama-se Che Guevara!
É um homem de luta e paixão,
A alma da Revolução,
O Homem Novo,
O filho guerrilheiro
Que sempre, sempre viverá na minha canção.

Letra e música: Egon Kragel

Com a adarga no braço

Apareceste na mitologia do meu amor


pela mão de minha mãe
com um sotaque estranho e uma boina girrasol
um dia me contou que já não estavas
com comoção na voz.
Aprendi o teu diário e teus dotes de orador
como a bíblia moderna
e com Che Comandante e a Suite de las Américas
completei o rosário e a Avé-Maria da minha religião
Guevara tu voltas ao caminho com a adarga no braço
pintado nos pulôveres dos rapazes
ou vigilante desde a parede
por isso te levo na carteira como um amuleto
ou como a pagela caseira de um santo
para que me proteja e me puxe as orelhas
se algum dia mau me esqueço do Che.
Teus filhos comeram do mesmo pão que eu comi
fomos à mesma escola
viveste com o povo e nas mesmas condições
por isso estás ao lado de Camilo
e à esquerda de Xangô.
E aos que te utilizam como tema de sermão
e fazem tudo ao contrário
não lhes permitiremos mais discursos em teu louvor
nem que usem teu retrato
se dizem o que não são.

Letra e música: Fank Delgado


O aparecido

Abre sendas pelos cerros,


deixa as pegadas no vento,
a águia lhe dá o voo
e a cobiça o silêncio.
Nunca se queixou do frio,
nunca se queixou do sono,
o pobre sente o seu passo
e o segue como um cego.

Corre, corre, corre


por aqui, por ali, por acolá
corre, corre, corre,
corre que te vão matar,
corre, corre, corre.

Sua cabeça é rematada


por corvos com garras de ouro
como o crucificou
a fúria do poderoso.
Filho da rebeldia
seguem-no dúzias e dúzias,
porque oferece a sua vida
eles querem dar-lhe a morte.

Corre, corre, corre


por aqui, por ali, por acolá
corre, corre, corre,
corre que te vão matar,
corre, corre, corre.

Letra e música: Víctor Jara

São ainda os sonhos

Tu surgias desde o hemisfério sul


e vinhas desde antes,
com o amor ao mundo bem dentro.
Foi uma estrela que te pôs aqui
e te fez deste povo.
De gratidão nasceram muitos homens
que como tu,
não queriam que te fosses
e são outros desde então.
Depois de tanto tempo e tanta tempestade
seguimos para sempre
este caminho longo, longo,
por onde vais.
O fim do século anuncia uma velha verdade,
os bons e maus tempos
fazem parte da realidade.
Eu bem sabia que ias voltar,
que ias voltar de qualquer lugar,
porque a dor não matou a utopia,
porque o amor é eterno
e quem te ama não te esquece.
Tu bem sabias desde aquela vez
que ias crescer que ias ficar,
porque a fé limpa as feridas,
porque o teu espírito é humilde
e reencarnas nos pobres e nas suas vidas.
Depois de tanto tempo e tanta tempestade…
São ainda os sonhos
que atraem as pessoas
como um íman que as une cada dia.
Não se trata de moinhos,
não se trata de um Quixote,
algo suaviza a alma dos homens,
uma virtude que se eleva por cima
dos títulos e nomes.
Depois de tanto tempo e tanta tempestade…

Letra e música: Geraldo Alfonso

Guitarra em duelo maior

Soldadinho da Bolívia
Soldadinho boliviano
Armado vais com teu rifle
Que é um rifle americano.

To entregou um assassino
Soldadinho boliviano
Oferta de Mister Dólar
Para matar teu irmão
Soldadinho da Bolívia
Para matar teu irmão.

Não sabes quem é o morto


Soldadinho boliviano?
O morto é Che Guevara
E era argentino e cubano
Soldadinho da Bolívia
E era argentino e cubano.
Ele foi teu melhor amigo
Soldadinho boliviano
Ele foi teu amigo, do pobre
Do oriente ao altiplano.
Soldadinho da Bolívia
Do oriente ao altiplano.

Está minha guitarra inteira


Soldadinho boliviano
De luto, mas não chora
Ainda que chorar seja humano
Soldadinho da Bolívia
Ainda que chorar seja humano.

Não chora porque esta hora


Soldadinho boliviano
Não é de lágrimas e lencinho
Mas sim de machete em punho.
Soldadinho da Bolívia
Mas sim de machete em punho.

Com o Money que te paga


Soldadinho boliviano
Que te vendes, que te compra
É o que pensa o tirano
Soldadinho da Bolívia
É o que pensa o tirano.

Desperta, que já é dia


Soldadinho boliviano
Toda a gente se levanta
Porque o sol nasceu bem cedo
Soldadinho da Bolívia
Porque o sol nasceu bem cedo.

Mas decerto aprenderás


Soldadinho boliviano
Que um irmão não se vende
Que não se mata um irmão
Soldadinho da Bolívia
Que não se mata um irmão.

Letra: Nicolás Guillén


Este poema foi musicado em pelo menos duas versões distintas, respectivamente por Paco
Ibáñez e Angel Parra

Se o poeta és tu

Se o poeta és tu
como disse o poeta
e és tu quem derrubava
estrelas em noites mil
de chuvas coloridas.
Que tenho que dizer-te comandante.
Se o que mostrou seu perfil ao futuro
e se fez íntimo com vozes de espingarda
foste tu,
guerreiro para sempre
tempo eterno.
Que posso eu cantar-te,
comandante.
Em vão procuro na guitarra
a tua dor
e no jardim já tudo é belo
não há temor.
Que posso eu deixar-te
comandante,
que não seja trocar
minha guitarra p’la tua sorte,
ou negar uma canção ao sol,
ou morrer sem amor.
Que tenho p’ra dizer-te
comandante.
Se o poeta és tu,
como disse o poeta.
E és tu quem derrubou estrelas
em mil noites
de chuvas coloridas.
Que tenho p’ra dizer-te
comandante.

Letra e música: Pablo Milanés

Seu nome ardeu como um palheiro

Como a sombra da sombra


Pela selva dentro entrou
Dias inteiros caminhou
Com a espingarda e a razão.

Entra as lianas repousou,


Por sobre as víboras andou,
De clara pólvora se vestiu
E aos pastores elucidou
Buscando forças para achar
A liberdade agonizante
E foi assim que tombou
Na serra
O famoso comandante.

Seu nome ardeu como um palheiro


E a cinza se espalhou.
(Um vento forte pegou nela
E levou-a pelos caminhos).

E em cada sítio da Terra


Onde um pastor o velou,
Onde um operário o leu
E um estudante o escutou
E um camponês o seguiu
Cresceu o silêncio ante o seu nome.

E é assim que volta a combater


O Che na luta dos homens.

Ele é talvez um morto mais


Mas o seu clarão brilhou
Quando a rajada cortou
O seu sangue em dois lagos iguais.

O mês de Outubro despadaçou-se


Como um vulcão ou um vidro azul,
A inquieta América escondeu
Sua fria fúria de metal,
E desde a serra ao litotal,
A dor abriu a flor amarga.
E era um assombro o seu final
E é a batalha que se estende.

Pastor da serra: irei!


Irei, Comandante, irei!
Até à vitória, irei!

Letra e música: Patrício Manns

Ontem e hoje enamorado

Vagueia redonda a noite


vagueia vagabunda e muda
e as pombas não se juntam
e os pirilampos não falam.
É triste o tempo dos nevões
ainda que não caía nem uma geada
tremendo vão os corações
desamparados na fome
as ruas são leões
devorando portais
desalojando o sonho
expulsando-o do mundo.
E aí está o enamorado
pedindo à esperança
que seu peito não se inunde
com o pranto de seu tempo.
Vagueiam as noites de Janeiro
vagabundas e alegres
juntam-se todas as pombas
parecemos vagalumes.
E aí está o enamorado
com sua lua entre os braços
pedindo a esperança
para todos, para todos.
E aqui está o enamorado.

Letra e música: Santiago Feliú


América, falo-te de Ernesto

Com uma mão comprida


para tocar as estrelas
e uma pressão de deus na pegada,
passou por tua cintura,
por teu avesso e direito
o tutor dos acanhados.

Preparando o milagre
de caminhar sobre a água
e o resto dos sonhos
das dolências da alma,
veio ao romper a noite
um emissário da aurora.

E com voz tão perfeita


que não precisa de ouvido
fez um cantar que soa a estampido.
Em todos os idiomas o emissário
vai ver-te:
em todos os idiomas
há morte.
Ainda que o enterrem fundo,
ainda que lhe mudem a cara,
ainda que falem de esperança
e brilhe a mascarada,
chegará o seu fantasma
bem retratado nas balas.

Letra e música: Sílvio Rodrígues

Fuzil contra fuzil

O silêncio do monte vai


preparando um adeus.
A palavra que se dirá in memoriam
será a explosão.

Perdeu-se o homem deste século então,


seu nome e apelido são: fuzil contra fuzil.
Quebrou-se a casca do vento a sul
e sobre a primeira cruz desperta a verdade.

Todo o mundo terceiro vai


enterrar a sua dor.
Com granizo de chumbo fará
a sua cova de honra, sua canção.

Deixarão o corpo da vida ali,


seu nome e apelido são: fuzil contra fuzil.
Cantarão seu luto de homem e animal
e em vez de deitar lágrimas, com chumbo chorarão.
Levantarão o homem da tumba ao sol
e seu nome repartirão: fuzil contra fuzil.

Letra e música: Sílvio Rodríguez


Pelos Andes do mundo

Cresces imensurável em teu sangue


sinal da acção e do dever
sobre os Andes do mundo
avanças, Che, triunfal.
Vences, comandante sem igual
vencem, tua presença e vigor
gritam com pulso de aço
teu rumo, Che, tua voz.
Agrupas frente a Lincoln os negros
mãos, companheira no Vietname
forja da nossa América
mais pátrias livres teu andar.
Lutas com os pobres do mundo
lutas guerrilheiro imortal.
Até à vitória sempre
presente tu estarás!

Letra e música: Tânia Castellanos

Uma canção necessária

Tua pele ligada ao osso perdeu-se na terra


a lágrima, o poema e a lembrança
estão lavrando sobre o fogo o canto da morte
com metralhadoras douradas a partir de ti.
E aqui, a cada noite se procura em teus livros
o propósito justo de toda a acção
e abre-se a tua memória a todo aquele que renasce
mas nunca falta quem te eleve a um altar
e faça lenda a tua imagem formadora
e torne impossível o sonho de alcançar-te
e aprenda algumas das tuas frases de memória
para dizer “serei como ele” sem conhecer-te
e o apregoe sem pudor, sem sonho, sem amor, sem fé
e percam tuas palavras o sentido do respeito
para o homem que nasce coberto da tua flor.
Algum poeta disse e seria o mais justo:
desde hoje o nosso dever é defender-te de ser Deus.

Letra e música: Vicente Feliú

Che e Pablo Neruda


"NÃO EXISTE EXPERIÊNCIA MAIS PROFUNDA PARA O REVOLUCIONÁRIO DE QUE O
ACTO DA GUERRA"

Tristeza na morte de um herói

* Por Pablo Neruda

Nós que vivemos esta história


esta morte e ressurreição
de nossa esperança enlutada,
os que escolhemos o combate
e vimos crescer as bandeiras
soubemos que os mais calados
foram os nossos únicos heróis
e que depois das vitórias
chegaram vociferantes
a boca cheia de jactância
e de proezas salivares.

O povo moveu a cabeça;


e voltou o herói ao seu silêncio

Mas o silêncio se cobriu de luto


até afogar-nos nesse luto
quando morria nas montanhas
o fogo ilustre de Guevara

O comandante terminou
assassinado num barranco
Ninguém abriu a boca.
Ninguém chorou nos povoados índios.

Ninguém subiu às torres das igrejas.


Ninguém levantou fuzis,
e cobraram a recompensa
aqueles a quem veio salvar
o comandante assassinado

O que houve, medita o pesaroso,


com estes acontecimentos?

E não se diz a verdade


Porém se cobre com papel
esta desgraça de metal.
Mal se abrira o roteiro
como um machado que caiu
na cisterna do silêncio.

Bolívia voltou ao seu rancor,


a seus enferrujados gorilas,
à sua miséria intransigente,
e como bruxos assustados

os sargentos da desonra,
os generaizinhos do crime
esconderam com eficiência
o cadáver do guerrilheiro,
como se o morto os queimasse.

A selva amarga engoliu


os movimentos, os caminhos,
e onde passaram os pés
da milícia exterminada
hoje os cipós aconselharam
uma voz verde de raízes
e o veado selvagem voltou
à folhagem sem estampidos
Poema de Nicolás Guillén

Che Guevara

Como se a mão pura de San Martín


Tivesse se estendido para seu irmão, Martí,
E o Prata, de margens verdejantes, corresse pelo mar
Para se juntar à embocadura cheia de amor do Cauto.

Assim Guevara, gaúcho de voz forte, agiu para dedicar


Seu sangue guerrilheiro a Fidel,
E sua mão larga teve mais espírito de camaradagem
Quando nossa noite era mais negro, mais escura.

A morte recuou. De suas sombras impuras,


Do punhal, do veneno e das feras,
Só restam lembranças selvagens.

Fundida dos dois, uma única alma brilha,


Como se a mão pura de San Martín
Tivesse se estendido para seu irmão, Martí.

(Poema de Nicolás Guillén, o mais destacado poeta cubano vivo na época da


revolução)

Poema de Sophia Mello

Che Guevara

Contra ti se ergue a prudência dos inteligentes e o arrojo dos patetas

A indecisão dos complicados e o primarismo


Daqueles que confundem revolução com desforra

De poster em poster a tua imagem paira na sociedade de consumo


Como Cristo em sangue paira no alheamento ordenado das igrejas

Porém
Em frente do teu rosto
Medita o adolescente à noite no seu quarto
Quando procura emergir de um mundo que apodrece

HOMENAGEM A CHE GUEVARA

As palavras eram força justa

seu vestido as árvores sua casa


constante sonda da miséria funda

por não saber contar sua mudez.

Soletrou a tiros de espingarda

vozes de milhões de voz logo amputada

no berço alheio que os fez submissos

ao nulo programa dos anos de não ter

senão os corpos morenos calibrados

na medida inversa da esperança.

Corpos de cumprir a morte arando pastos

às feras iguais fardadas de comando.

Nada se perdeu no rosto que nos mostram

derrubado ao peso de oito balas.

― Por cada voz de nítido protesto

cada testemunho cada alarme

um grito medo ou fome de criança

as palavras actos permanecem

renovadas sempre necessárias:

QUEM PÁRA MORRE. EU RETOMO A ESTRADA.

Marta Cristina Araújo, in “10 Poemas para Che Guevara”(Ed. O Oiro do Dia, 1.980, Porto,
Portugal)
A FACE SUBMERSA

Gastaram-se as promessas da sempre morte viva

Das sílabas do teu rosto novas palavras surgem

Sob as palavras as sílabas se reúnem

Outras palavras sob as palavras nascem

A face submersa ressurge das raízes

Sempre ou nunca mais de cada vez e sempre

Um rastro se propaga, rasga as superfícies

Um perfume silvestre desempesta as cidades

As sílabas reúnem-se

Uma bondade antiga retempera a revolta

Gastaram-se as promessas

A face submersa ressurge das raízes

Outras palavras sob as palavras nascem

Antônio Ramos Rosa, in “10 Poemas para Che Guevara”(Ed. O Oiro do Dia, 1980,
Porto, Portugal)
UM MOMENTO DE TRANSIÇÃO

O tempo procede à gestação de um homem.

Um chão para um povo. Um tecto para a solidão.

O povo alimenta-se de lendas. Um homem

Lutou para sacudir o sono e é agora uma lenda.

Nome a conservar, a tomar um eco, manancial.

A poesia serve os que não possuem armas.

Este homem fica no gatilho dos poetas.

Dispara uma presença incómoda.

Solta cristais de gelo no júbilo dos poderosos.

Enfrentar o destino duas vezes! Ganhar,

recomeçar. A dor rola os seus dados ao longo

de sete vidas: “gastei quatro,

restam-me três”.

Uma bala atravessou a crosta da terra, parou

O coração, o sofrimento não cicatriza.

“Mi patria es America” Nenhuma bala pode matar

a lenda. A epopéia transfere-se. O rigor mortis

é um momento de transição, espaço

aberto para o nascer dos novos rostos.

Um milhão de silêncios ouve soprar o vento.


Ainda ignoramos o nome das sementes.

A interrogação terá uma resposta. As nuvens

acumulam-se. Uma nova manhã fornecerá a terra à tempestade.

Egito Gonçalves, in “10 Poemas para Che Guevara”, (Ed. O Oiro do Dia, 1.980, Porto,
Portugal)

OS ASSASSÍNIOS, NA CAÇA

alegoria para Che Guevara

O cervo na cicatriz da árvore exerce

a sua servidão; diz-se que o bosque

o tem ou que a simbologia é de ambos.

De um e de outro a ferida é imprecisa ―

uma pedra a absorve

e sangra logo, um rio a escoa e seca,

um servo que surgiu, em sua mão

metaboliza-a. Bosque de servos, inquietos,

de sopros de instrumentos para a caça.

Depois, um servo no exercício

da falcoaria lapidou o

seu ser mais real: rei no alasão.

Os servos sublevados gritarão:

Floresta, a parte é o todo e


o todo é universal. Um rei

a ocidente occiso é o princípio.

Uma cidade é a zona mais dorida ―

quem me coroa: servo capital

ou homem vivo?

Fiama Hasse Pais Brandão, in “10 Poemas para Che Guevara” (Ed. O Oiro do Dia, 1.980,
Porto, Portugal)

GUEVARA

Levaremos ainda as nossas roupas

vossos idílios sobre os suíços

vossos pães vossas sujas refeições

pelas clareiras vossas tatuagens.

Levaremos as vossas agonias.

Coisas. Vestígios ácidos da dor.

Estilhaços. Matéria.

Vossas fontes sugadas e musgosas.

Vossas hostes elementares.

O encolher dos dedos sob as mantas

nas ciladas. Vigílias. Levaremos

vosso cheiro a folhagens e a verão.

Levaremos na pele vossas cidades

em sua inexistência.

Vosso rijo manobrar dos fusis.


Recondução da história. O novo, o limpo

acumular dos corpos para o cio.

Levaremos os climas. Mais cerrados,

no lugar da memória, avançaremos

com vossos restos de calcinação.

Avançaremos todos com os ombros

quase amorosamente protegidos

por ombros paralelos.

Seguiremos e de ecos indignados

seguiremos por onde nos chamastes.

E ainda traremos certas águas

tranquilamente sobre as tardes vilas

onde o ciclo dos sangues se fundia

das raparigas nunca virgens, e outro,

o fértil, sobretudo, em vossas chagas.

Hélia Correia, in “10 Poemas para Che Guevara”(Ed. O Oiro do Dia, 1.980, Porto,
Portugal)

PLAYA GIRÓN

a morte vai e vem desce as escadas

do sol que a enviou

retratos são espalhados pelas águas

do pai do irmão do filho que matou


é a flor de aço e gelatina

que na pureza da terra semeou

os novos barcos de ódio e a vermina

dos antigos cavalos que domou

mas homens estavam vivos nas esquinas

bem colados ao fogo que os juntou

gritando em quanta força o pulmão tinha

cantando em quanto ardor se libertou:

aqui es nuestra tierra tierra niña

aquí los hombres si yanquis no!

João Rui de Sousa, in “10 Poemas para Che Guevara”(Ed. O Oiro do Dia, 1.980, Porto,
Portugal)

NESTE VIL MUNDO

Neste vil mundo que nos coube em sorte

por culpa dos avós e de nós mesmos

tão ocupados em desculpas de salva-lo,

há uma diferença de revoluções.

Alguns sofrem do estômago, escrevem versos,

outros reúnem-se à semana discutindo

o evangelho da semana; outros agitam-se


na paz da consciência que adquirem

com agitar-se em benefícios e protestos;

outros param com as costas na cadeia,

para que haja protestos. Há também

revoluções, umas a sério, que se acabam

em compromissos, e outras a fingir,

que não acabam nem começam. Mas são raros

os que não morrem de úlcera ou de pancada a mais,

e contra quem agências e computadores

se mobilizam de sabê-los numa selva

tentando que os campónios se revoltem.

Os campónios não se revoltam. E eles

são caçados, fuzilados, retratados

em forma de cadáver semi-nu,

a quem cortam depois cabeça, mãos,

ou dedos só (numa ânsia de castra-los

mesmo depois de mortos) e o comércio

transforma-os logo num cartaz romântico

para quarto de jovens que ainda sonhem

com rebeldias antes de empregarem-se

no assassinar pontual da sua humanidade

e da dos outros, dia a dia, ao mês,

com seguro social e descontando

para a reforma na velhice idiota.

Ó mundo pulha e pilha que de mortos vive!


Jorge de Sena, in “10 Poemas para Che Guevara”(Ed. O Oiro do Dia, 1.980, Porto,
Portugal)
GUEVARA

Não choro, que não quero

Manchar de pranto

Um sudário de força combativa.

Reteso a dor, e canto

A tua morte viva.

A tua morte morta

Pelo próprio terror em que ficaram

À sua frente

Aqueles que te mataram

Sem poderem matar o combatente.

O combatente eterno que ficaste,

Ressuscitado

Na voluntária crucificação.

Herói a conquistar o inconquistado,

Já sem armas na mão.

Quem te abateu, perdeu a guerra santa

Da liberdade.

Fez brilhar na manhã do mundo inteiro

Um sol de redentora claridade:

O teu rosto de Cristo guerrilheiro.

11 de Outubro de 1967 in Diário, X volume

Miguel Torga, in “10 Poemas para Che Guevara” (Ed. O Oiro do Dia, 1.980, Porto,
Portugal)
CÂMARA ESCURA

Decomposição. A tensa luz, legível sobre o rosto

queimado, de película, a folha, débil,

desprende-se do in-fólio.ou é o outono?

o cavar do furor, em plena terra?

reabro o in-fólio. A cega luz da folhagem

cresta, invade o rosto, as áreas

tácteis, vocabulares ― a câmara escura,

as tinas, negativos. folha

que se dissolve, rápida, do frágil

diafragma até ao corpo, morto.

Vallegrande. Agora a luz expande-se. Conduz

o corpo, entre a folhagem, com as armas

de luz, sóbrias de fogo, ar, crepitam

no espaço rigoroso ― rigor mortis ―

as aves,sob a cinza. é o seu voo

entre os sulcos e as rugas, a humidade

desfiada pelo tempo, na retina.

e face a estas tábuas, húmus, chuva,

que face ainda vive? cega, dorme,

na rigidez da pele, outra película.

Recomposição. O rosto desce, deflagrando. o ângulo


raso, entre os retábulos e sombras,

sustém que imagem, que retina violenta,

entre escarpas e dureza?

a secura rural, a deste crâneo

morto, rasado pelo vento. retiro-o,

então, do banho. pouso-o no in-fólio,

sob a tensa folhagem: fibras, nervos.

Nuno Guimarães, in “10 Poemas para Che Guevara” (Ed. O Oiro do Dia, 1.980, Porto,
Portugal)

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