Jus Navigandi
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sua condenação confirmada pela Tribunal, interpôs recurso especial e, à míngua do efeito
suspensivo desse recurso, o STJ havia negado o direito de recorrer em liberdade, tendo
então, sido interposto HC ao STF, cuja decisão a ser proferida pela segunda Turma foi
submetida ao plenário.
Desde já, ressaltamos que concordamos com os votos majoritários, no sentido de que
nosso ordenamento jurídico, sobretudo, em face do princípio da presunção de inocência, é
incompatível com a execução provisória da pena decorrente da prática de crime e, com mais
razão ainda, em se tratando de pena privativa da liberdade. Isto porque a pena oriunda de
uma condenação não pode produzir efeitos antes do trânsito em julgado, sob pena de
violação a esse princípio de índole constitucional. Diferentemente é a pena privativa de
caráter processual, cuja aplicabilidade está ligada a requisitos de cautelaridade e a fumaça
do bom direito.
Todavia, parece-nos que os votos minoritários dos Ministros do STF, que ressaltavam
o fato do recurso extraordinário e especial não terem efeito suspensivo, não foram totalmente
rechaçados como deveriam. Explico. Comungamos com a correta linha adotada pelos sete
Ministros que votaram pela inviabilidade jurídica da execução provisória da pena, cujos votos
(em especial, o do Ministro Peluso), além de realçarem o princípio do estado de inocência,
destacaram ainda a violação a dignidade da pessoa humana em impor a mais grave
penalidade ao ser humano (pena privativa de liberdade), através de um julgamento ainda
passível de alteração, considerando a impossibilidade de se devolver ao inocente o tempo
que ficou enclausurado. Argumentou-se ainda que a execução provisória da sentença penal,
além de encontrar óbice na Carta Magna, também o encontra na própria LEP, cujos artigos
105 a 107 mencionam a necessidade de o recolhimento ocorrer após o trânsito em julgado.
Por último, e não mesmo importante, em que pese a concordância com os votos
majoritários, compartilhamos com a preocupação dos votos minoritários, principalmente com a
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indignação do Ministro Joaquim Barbosa em relação à demora do término de um processo de
natureza penal e à possibilidade da prescrição intercorrente, em função do excessivo número
de recursos de que possa se valer a defesa para impedir o trânsito em julgado de sua
condenação. Neste ponto, há várias observações a serem feitas.
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por 8 votos a 2, uma vez que dois ministros vencidos no primeiro julgamento do pleno sobre a
matéria (execução provisória da pena) se renderam ao entendimento da maioria, embora
ressaltando seus posicionamentos em sentido contrário (Cármen Lúcia e Menezes Direito).
Essas decisões beneficiaram um condenado por tentativa de estupro, dois por apropriação
de bens e rendas públicas, um por estelionato e outro por roubo qualificado. Decidiu-se ainda
que os ministros podem julgar individualmente o mérito de habeas corpus que tratem sobre
esta matéria, assim como de outras duas já decididas (prisão civil por dívida e acesso de
advogado a inquérito).
Sobre o autor
Yordan Moreira Delgado
Procurador da República e professor universitário
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