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A experiência pascal

Qual foi o grande acontecimento que fez aquele grupo de homens desiludidos, tristes e medrosos,
saltar para a praça pública, passados três dias da morte do Mestre, anunciando com júbilo e sem medo a
sua ressurreição e apontando descaradamente o dedo àqueles que o haviam condenado? Diante desta
transformação, os judeus “estavam todos assombrados e, sem saber o que pensar, diziam uns aos outros:
‘Que significa isto?’ Outros, por sua vez, diziam, troçando: ‘Estão cheios de vinho doce!’” (At 2, 12).
A experiência pascal é o grande recomeço da vida daqueles discípulos, e o grande começo da vida
dos discípulos de todos os tempos. Este recomeço é impulsionado vitalmente pela acção do Espírito Santo,
o grande dom do Ressuscitado, na interioridade dos discípulos, que os conduz ao nível mais profundo da
vida, onde se encontram na Fé e no Amor com Cristo eternamente vivo: “Os discípulos encheram-se de
alegria por verem o Senhor. E ele voltou a dizer-lhes: ‘A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou,
também Eu vos envio a vós.’ Em seguida soprou sobre eles e disse-lhes: ‘Recebei o Espírito Santo.’” (Jo
20, 20-22).
A experiência pascal é uma experiência espiritual. É no Espírito Santo que os discípulos
experimentam a verdade da ressurreição, verdade que acolhem como certeza, mas não como evidência. O
Espírito de Deus não se encontra com o Homem ao nível da biologia nem do psiquismo, mas ao nível da
interioridade pessoal-espiritual. É a esse nível que a experiência pascal é para os discípulos reveladora de
um sentido novo da história, das acções e das palavras de Jesus, da esperança messiânica, da morte do
Mestre e do novo caminho a seguir. A experiência do sentido da vida não é nunca nem em ninguém
demonstrável pela evidência. E quando este sentido é optimizado pela vida teologal, isto é, imerso numa
nova dinâmica de Fé, Esperança e Amor ao jeito de Jesus e actuado pelo Espírito Santo, a evidência
desaparece por absoluto. Resta a certeza, mas uma certeza que não se pode impôr pela evidência. Fica
apenas uma forma de “provar” a experiência pascal, que foi a seguida pelos discípulos: estar disponível
para dar a vida por ela. Os discípulos tinham, no Espírito Santo, a certeza da ressurreição de Jesus (Act 5,
32) mas não a podiam impôr pela evidência; evidente, no entanto, foi o facto de eles terem sido capazes de
dar a vida pela certeza que os habitava. O mesmo Pedro que negara a Jesus por medo diante de uma
criada (Mt 26, 69-70) está, depois da experiência pascal, diante de todo o Sinédrio, como prisioneiro,
anunciando Jesus ressuscitado e apontando o dedo às autoridades judaicas que o interrogavam de terem
matado Jesus. No fim do interrogatório “trouxeram novamente os apóstolos (Pedro e João) e, depois de os
açoitarem, proibiram-lhes de falar no nome de Jesus e libertaram-nos. Eles saíram da sala do Sinédrio
cheios de alegria por terem sido considerado dignos de sofrer vexames por causa do nome de Jesus. E
todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e anunciar a Boa Nova de Jesus, o
Messias” (At 5, 40-42).
Com os açoites não pareciam Pedro e João muito preocupados... o que não podia deixar de ser
anunciado era a novidade que a experiência pascal introduzira nas suas vidas. Ora, esta atitude de
coerência até às últimas consequências não costuma ser o resultado típico da embriaguez, como alguns
haviam insinuado. Por outro lado, eles anunciam a Boa Nova do Ressuscitado recorrendo às Escrituras,
citando-as e interpretando-as com destreza e clareza pouco próprias de um grupo de ébrios... Olhando para
trás dois mil anos podemos ainda reconhecer que dificilmente uma embriaguez ou uma demência pudesse
transformar tão radicalmente o rosto da história da Humanidade.

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Quando nos relatos da ressurreição se salienta tanto a corporeidade física de Jesus, não podemos
interpretá-los como se de reportagens jornalísticas se tratasse. A grande ênfase dada à corporeidade de
Jesus radica no facto de, no tempo em que os Evangelhos foram escritos, proliferarem já heresias – criadas
pelo contacto do cristianismo nascente com as filosofias gregas chamadas gnósticas – segundo as quais as
experiências pascais eram apenas visões colectivas de um fantasma. Nesta mesma linha, punha-se depois
em causa a corporeidade histórica de Jesus (dizendo que Jesus tinha apenas uma aparência de corpo) e a
própria identidade histórica do Ressuscitado. É neste contexto que surgem também, com o fim principal de
identificar realmente a identidade do Ressuscitado com a identidade histórica de Jesus, os relatos do
sepulcro vazio, dado totalmente ausente na primeira fase da pregação apostólica (1Cor 15, 3-8).
Mas a grande causa para a corporeidade de Jesus nos relatos evangélicos sobre a ressurreição é a
necessidade de partilhar uma experiência espiritual profunda. Os relatos da experiência pascal dos
discípulos, com efeito, não têm como objectivo ser reportagem da experiência, mas sim sua proclamação.
A experiência pascal dos discípulos é o fundamento sobre o qual se foi construindo o edifício da fé
cristã. Esta experiência foi-se repetindo nas comunidades no contexto da celebração, da catequese e da
oração. Mas os crentes de hoje não podem basear a sua fé na experiência pascal dos primeiros discípulos.
Só podemos ser testemunhas se fizermos a nossa própria experiência pascal, confrontando-a com a dos
primeiros discípulos que é, sem dúvida, o ponto de referência. Mas, quer para eles como para nós, a
experiência pascal não é a adesão a uma verdade matemática; antes, é a experiência espiritual profunda
pela qual a pessoa se reconhece imersa no projecto salvador de um Deus Amor que confere à vida um
sentido novo de plenitude.
O Espírito Santo que conduziu os primeiros discípulos à experiência pascal é o mesmo que hoje
continua a conduzir os discípulos de Jesus espalhados pelo mundo. Mas isto não tira o factor de
originalidade única à experiência dos primeiros, em virtude da convivência histórica directa com Jesus
terreno. Esta convivência era uma “chave de interpretação” a que nenhum de nós hoje tem acesso... Por
isso, a experiência pascal dos discípulos históricos de Jesus é sempre uma experiência de reconhecimento
(Jo 21, 7: “É o Senhor!”; Lc 24, 31: “Os seus olhos abriram-se e reconheceram-no.”) Paulo também fez a
experiência pascal do mesmo Jesus ressuscitado, mas como não tinha a “chave” da convivência histórica
com Ele, não fez a experiência de reconhecimento: “Caindo por terra, ouvia uma voz que lhe dizia: ‘Saulo,
Saulo, porque me persegues?’ Ele perguntou: ‘Quem és tu, Senhor?’ Respondeu: ‘Eu sou Jesus...” (At 9, 4-
5). Na experiência pascal dos discípulos de Jesus terreno ninguém precisa de perguntar a Jesus “Quem
és?”, e Jesus também nunca diz quem é; eles o reconhecem.

A experiência pascal de Paulo, como a nossa, já não é uma experiência de reconhecimento mas de
revelação, já que ele não tinha, como nós não temos, a chave do reconhecimento de Jesus que era a
convivência histórica com ele. Mas assim como foi para aquele primeiro grupo o acontecimento que
transformou radicalmente as suas vidas, também para Paulo foi a experiência de um novo nascimento e o
início de uma nova vida, já não amarrada pelas prescrições da Lei, mas dinamizada pela novidade do
Espírito Santo.
Hoje, continua a ser a experiência pascal o acontecimento que nos dá à luz para a Vida Nova que
Deus nos ofereceu em Cristo. Hoje, como ontem, ser discípulo fecundo do Mestre implica fazer a
experiência maravilhada de que “Jesus está vivo!”, não como um sobrevivente, mas como um dador de

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Vida. Dizer que Jesus ressuscitou, não significa dizer que Ele sobreviveu à morte! Significa, isso sim, que
Ele se tornou Fonte de Vida e Vitorioso sobre a morte, conduzindo-nos por graça à Plenitude da Vida em
Deus. Enquanto não fizermos esta experiência maravilhada de que a vida-morte-ressurreição de Jesus tem
a ver connosco, e transfigura radicalmente a nossa própria vida em todas as dimensões, seremos apenas
mais um daqueles discípulos que depois da morte do Mestre estavam escondidos cheios de medo das
autoridades judaicas, ou seremos talvez um daqueles que iam por um caminho que não levava a lado
nenhum…

Rui Santiago cssr

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