1. Na Unidade 3, observamos que representações decimais para
números reais correspondem a séries innitas. Como comenta- mos, uma série não pode ser encarada simplesmente como uma soma algébrica, mas sim, como o limite da sequência dada por suas somas parciais nitas. Pensar em uma série como uma soma algébrica pode conduzir a erros, como ilustra o seguinte exemplo, bem conhecido. +∞ (a) Considere a série (−1)n . Esta série converge ou diverge? X
n=1
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Se a série for convergente, qual é o limite?
(b) Considere a sequência das somas parciais da série do item n anterior: sn = (−1)k . Esta sequência converge ou di- X
k=1 verge?
2. Na Unidade 3, comentamos que as operações que fazemos para
determinar a fração geratriz de uma dízima periódica são na ver- dade operações com limites, e que estas operações só são legí- timas porque sabemos de antemão que as séries envolvidas são convergentes. No entanto, operar com sequências sem garantias de sua convergência pode levar a erros. Observe o exemplo a seguir. Considere a sequência de números reais denida recursi- vamente da seguinte forma: ( a1 = 2 an+1 = 21 (a2n + 1), ∀ n ≥ 1
(a) Mostre que (an ) é estritamente crescente. Sugestão: use
indução. (b) Considere o seguinte argumento para determinar o limite de (an ): Temos que x = lim an+1 = lim an . Então, 1 1 an+1 = (a2n + 1) ⇒ lim an+1 = (lim an )2 + 1 ⇒
2 2 1 x = (x2 + 1) ⇒ x2 − 2x + 1 = 0 ⇒ x = 1 2 Logo, lim an = 1. Este argumento está correto? Justique sua resposta. Atividade Especial 3
(c) É verdade que lim an = 1? Justique sua resposta.
3. Na Unidade 3, p. 4, foi dada uma prova de que a razão entre o
lado e a diagonal do quadrado não pode ser um número racional. A demonstração original dos gregos antigos para a incomensu- rabilidade desses segmentos partiu de um argumento diferente. Acredita-se que este argumento tenha sido, em linhas gerais, o seguinte: Considere um quadrado ABCD de lado e diagonal medindo a e d, respectivamente. Suponha, por absurdo, que ambos a e d sejam múltiplos inteiros de uma unidade comum u.
(a) Seja E o ponto sobre a diagonal AC tal que o segmento AE
mede a. Considere um quadrado ECF G com lado EC . Mostre que o lado e a diagonal desse quadrado também seriam múltiplos inteiros da unidade u. (b) O processo acima pode ser repetido para o quadrado ECF G e assim indenidamente. Este processo conduz a uma con- tradição, o que nos permite concluir que não pode existir a unidade comum u. Que contradição é essa?
4. Podemos denir, no conjunto dos números complexos, a chamada
ordem lexicográca, denida da seguinte maneira. Se z1 = a1 + i b1 e z2 = a2 + i b2 são números complexos, diremos que z1 ≤ z2 se:
a1 < a2 ou (a1 = a2 e b1 < b2 )
4 MA11 - Unidade 5
(a) Na Unidade 3, p. 9, vimos que R, munido da ordem usual,
é um corpo ordenado. A ordem lexicográca faz de C um corpo ordenado? (b) É possível munir C de uma ordem, de forma que ele seja um corpo ordenado?
5. Na Unidade 4, p. 7, é enunciada a regra para obter a fração
geratriz de uma dízima periódica: A geratriz de uma dízima pe- riódica composta é a fração cujo numerador é igual à parte não- periódica, seguida de um período menos a parte não-periódica, e cujo denominador é formado por tantos noves quantos são os algarismos do período, seguidos de tantos zeros quantos são os algarismos da parte não-periódica. Escreva uma demonstração geral para esta regra.
6. O exercício 1 da Unidade 4 (p. 11) propõe uma aproximação
√ para o número 3 3. Com a ajuda de uma planilha eletrônica, obtenha aproximações com até 10 casas decimais para os números √ √ √ √ √ √ 2, 3, 5, 3 2, 3 3 e 3 5.
7. Da mesma forma que expressamos um número real qualquer na
base 10, podemos encontrar expressões em relação a uma base β ∈ N, β ≥ 2 qualquer. Dizemos que um número α ∈ R, positivo, está expresso na base β se ele é escrito na forma: +∞ X α = a0 + an β −n n=1
em que a0 ∈ N ∪ {0} e os an são dígitos entre 0 e β − 1.
Atividade Especial 5
(a) Em uma base β qualquer, é verdade que um número é ra-
cional se, e somente se, admite representação nita ou pe- riódica? (b) Considere o número que possui uma expressão na base β dada por a0 = 0 e an = β − 1 ∀n ∈ N. Que número é esse?
8. (a) Mostre que um número racional, representado como fração
irredutível por pq , admite expressão decimal nita se, e so- mente se, o denominador q não possui fatores primos dife- rentes de 2 ou 5. (b) É verdade que, se um número racional possui representação decimal nita, então ele terá representação nita em relação a outra base qualquer? (c) Generalize o fato demonstrado no item (a) para uma base qualquer.
9. Chamemos de A o conjunto dos números reais algébricos, isto é,
aqueles que são raízes de polinômios com coecientes inteiros. O objetivo deste exercício é mostrar que A é enumerável.
(a) Para cada n ∈ N, considere Pn o conjunto dos polinômios
com coecientes inteiros e grau menor do que ou igual a n (incluindo o polinômio nulo). Mostre que existe uma função bijetiva entre Pn e o produto cartesiano Zn+1 . (b) Com base no item anterior, mostre que o conjunto Z[x], dos polinômios com coecientes inteiros, é enumerável. (c) Para cada polinômio p ∈ Z[x], considere[ Rp o conjunto das raízes reais de p. Observando que A = Rp , use o item p∈Z[x] 6 MA11 - Unidade 5
anterior para concluir que A é enumerável.
Observe que, dentre os números algébricos, encontram-se to-
dos aqueles que admitem expressões por radicais. Portanto, como consequência deste exercício, podemos concluir que exis- tem muito mais números irracionais que não possuem expressão por radicais do que números que possuem .