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D I S C I P L I N A Física e Meio Ambiente

Física e mensuração

Autores

Ciclamio Leite Barreto

Gilvan Luiz Borba

Rui Tertuliano de Medeiros

aula

02
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara

Ministro da Educação Revisora Tipográfica


Fernando Haddad Nouraide Queiroz
Secretário de Educação a Distância – SEED Ilustradora
Ronaldo Motta
Carolina Costa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Editoração de Imagens


Adauto Harley
Reitor
Carolina Costa
José Ivonildo do Rêgo
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Secretária de Educação a Distância Adaptação para Módulo Matemático


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Pedro Gustavo Dias Diógenes
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Divisão de Serviços Técnicos


Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Barreto, Ciclamio Leite.

   Física e meio ambiente / Ciclamio Leite Barreto, Gilvan Luiz Borba, Rui Tertuliano de Medeiros.
– Natal, RN : EDUFRN, 2006.

  316p. : il

   1. Física. 2. Meio ambiente. 3. Sociedade. I. Borba, Gilvan Luiz. II. Medeiros, Rui Tertuliano de.
III. Título.

ISBN  978-85-7273-334-2 CDU 53


RN/UF/BCZM 2006/87 CDD 530

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação

N
esta aula, serão explorados aspectos da Física relacionados com as mensurações
de quantidades físicas, bem como das unidades utilizadas, e contextualizados
no meio ambiente. Realçaremos o papel das mensurações, focalizando a
necessidade de definir padrões de medidas das quantidades físicas, e a compreensão
de padrões de medidas (tais como os de comprimento, tempo e massa) estão sujeitos a
mudanças e, por conseguinte, a serem eventualmente substituídos por outros. Você será
solicitado a propor seus próprios padrões para o valor da unidade de uma quantidade
física fundamental e compará-los com o padrão correntemente usado. Finalmente, será
sugerido que você invente suas próprias unidades de medidas e explique seu uso. Os
processos de estimativas de ordens de magnitude serão explicados e nossa expectativa é
que você se aprofunde nesses cálculos. Algarismos significativos, conversão de unidades
e coerência dimensional são complementos indispensáveis ao tema em questão.

Objetivos
Reconhecer a necessidade de padrões de medidas de
1 quantidades físicas.

Identificar as características essenciais a um padrão de


2 medidas eficiente.

Relacionar as unidades utilizadas no cotidiano às


3 correspondentes do Sistema Internacional (SI).

Reconhecer a necessidade de medidas na construção


4 de teorias físicas.

Aprender a elaborar estimativas de ordens de magnitude,


5 ou ordens de grandeza, de quantidades físicas, e
expressá-las na notação científica.

Aula 02 Física e Meio Ambiente 


Quantidades físicas
e suas unidades

A
Física é uma ciência essencialmente experimental. A realização de experimentos é
permeada por processos chamados de mensuração, dos quais resulta a obtenção de
medidas, expressas através de números seguidos das unidades apropriadas, que dão
significado quantitativo e conceitual às quantidades físicas (ou grandezas físicas) associadas
aos fenômenos observados.
Cada um de nós pode ser descrito por uma variedade de medidas, cuja importância
relativa depende do fim a que se destinam. Se você, por exemplo, se submete a um teste
ergométrico (aquele da esteira) o médico precisa conhecer principalmente seu peso, sua
altura e também a sua idade. Estas são três quantidades físicas que irão lhe caracterizar
no prontuário médico, um documento ao qual todo paciente tem o direito de acesso. Há
grandezas físicas de caráter tão básico, que desempenham um papel tão fundamental, que
sua definição só é viável graças à possibilidade de serem diretamente medidas. Tal é o caso
da massa, do comprimento e do tempo.

Atividade 1
Você sabe quantos palmos de altura você tem? Um palmo é a distância entre as
extremidades dos dedos polegar e mínimo, numa mão espalmada. Para medir,
encoste-se de costas a uma parede e marque nela o nível mais alto da sua
cabeça. Afaste-se, meça e anote abaixo.

Eu tenho .......... palmos de altura.

O que você acabou de fazer foi usar na prática o conceito de medida, em que o padrão
de referência foi a sua mão e a unidade de medida foi o palmo, o “seu” palmo. Além disso,
sua mão serviu como um instrumento de medidas.
Se uma outra pessoa resolver lhe ajudar e medir a sua altura, será que ela encontrará
o mesmo resultado?

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Você deve ter percebido que a resposta a essa pergunta dependerá do tamanho da mão
da pessoa. Se ela possui mãos maiores que a sua, então dirá que sua altura em palmos (os
dela) é menor do que a que você encontrou. Por outro lado, se ela tiver mãos menores, dirá
que você tem uma altura maior do que a obtida por você.
Assim, parece que sua mão (nem a dela) não seria uma boa escolha como padrão de
medida, nem a unidade “palmo” (nem o seu, nem o dela, nem o de ninguém) tampouco
seria adequada.
Considere outro exemplo. Imagine que você vai comprar alguma coisa por comprimento,
como tecido. A costureira informa que você precisará de uma certa quantidade (cuja medida
ela fornece em palmos) a fim de confeccionar a peça de roupa que você encomendou.
Na loja, você se depara com um vendedor que foi jogador de basquete, ou seja, que
possui mãos muito maiores que as dela. Você há de convir que um problema foi gerado.
Situações similares ocorreriam, certamente até mais complicadas, se quantidades físicas
que envolvessem mais do que um comprimento, tais como áreas ou volumes, estivessem
envolvidas. As medidas não podem depender das características anatômicas do vendedor.
Infelizmente, algo similar ocorreu antigamente no Reino Unido, em que unidades de medidas
foram institucionalizadas, chamadas pé, polegada e braça, baseadas na anatomia do rei! O
pé, por exemplo, corresponde a 30,48 cm Veja a Figura 1.

Figura 1 – Imagem representando uma pessoa medindo o tamanho do pé de outra.

Essas questões parecem simples, mas quando levadas ao cotidiano ou, ainda pior, ao
contexto científico e tecnológico, podem acarretar o aparecimento de problemas relevantes.

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Atividade 2

Agora você vai explorar por que as unidades padrão de medidas são necessárias,
usando exemplos de uma barraca ou estande de feira. Imagine-se como um
feirante de frutas em sua cidade. Como de costume, os clientes se aproximam e
pedem um “cacho” de uma fruta particular, por exemplo, pitomba ou uva. Você
precisa se assegurar de que alguns clientes não recebem mais do que outros
se eles estão pedindo um “cacho”. Ainda mais, se for especificado o preço
do “cacho”. Como você poderia evitar qualquer confusão ao medir diferentes
quantidades dessas frutas? Escreva sua resposta e busque entre membros
de sua família e na sua vizinhança diversas respostas independentes (escreva
todas elas) a esta questão. Não subestime ninguém! Depois compare-as e
compartilhe-as com os respondentes. (Esse tipo de atitude, de compartilhar os
temas estudados, é saudável, torna você uma pessoa comunicativa e respeitada
perante a comunidade, e poderá lhe trazer benefícios insuspeitados. Não deixe
de cumprir esta parte, de fato até planeje-a antes de executá-la, pois ela é
essencial à aprendizagem, especialmente num curso a distância). Você precisa
vivenciar esta experiência.

Os padrões das unidades básicas:


massa, tempo e comprimento

D
escrever um processo de mensuração de uma quantidade física, coincide com
um método de defini-la. É o que se chama definição operacional. No processo, é
indispensável o uso de algum aparato instrumental. Por exemplo, massa precisa de
balança, distância precisa de trena e intervalo de tempo precisa de cronômetro.

O quilograma
Medir uma quantidade física significa sempre compará-la com um padrão de referência
acessível, invariável, o qual define uma unidade dessa grandeza. Daí, a necessidade de dispor de

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padrões de medida confiáveis para a diversidade de quantidades físicas. A massa, por exemplo,
tem um padrão que, das sete unidades fundamentais de mensuração que compõem o Sistema
Internacional (SI), é a única que ainda retém legalmente até o presente a sua definição do
século XIX. Originalmente, o padrão de massa, chamado quilograma-padrão (símbolo: kg),
foi concebido como sendo a massa de um litro de água, mas medir acuradamente a massa
de um litro de água provou-se difícil. Posteriormente, um ourives inglês teve seus serviços
contratados em 1887 para fazer um cilindro de uma liga de platina-irídio, cuja massa seria
usada para definir o quilograma-padrão. Desde então, esse cilindro acha-se sob guarda da
França, no Birô Internacional de Pesos e Medidas, em Sèvres, perto de Paris.
Bem, nós estamos no Brasil, em particular na região Nordeste, muito distante de
Sèvres, para ter acesso ao quilograma padrão. Como então sabemos, por exemplo, que cada
caixa de uva exportada da região de Petrolina, indicando 0,5 kg, será aceita em Bruxelas, na
Bélgica, como contendo exatamente 0,5 kg? Réplicas acuradas desse cilindro que representa
o quilograma-padrão acham-se disponíveis nos diversos países (veja Figura 2). No Brasil,
existe um órgão governamental que trata do controle das medidas, o Instituto Nacional de
Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (Inmetro), que guarda e utiliza réplica do
quilograma padrão para cumprir suas atribuições no país. O Inmetro rotineiramente fiscaliza
os instrumentos de medidas usados no comércio, na indústria e nos laboratórios e hospitais.
Graças a esse controle, sabemos que estamos trabalhando (medindo) de acordo com as
normas e padrões internacionais. Dada a existência do quilograma padrão, por exemplo, cada
pessoa ao pesar-se busca saber quantas vezes sua massa supera a do quilograma-padrão.

Figura 2 – Massa padrão. Essa foto representa a cópia de número 69 da massa padrão original e
encontra-se em Portugal, no Laboratório de Massas.

Decorridos 120 anos da existência legal do quilograma-padrão, há agora a necessidade


de mudança para outro padrão, e os cientistas até já têm propostas, devido à constatação
de que o atual está perdendo massa, embora a uma taxa imperceptível do ponto de
vista macroscópico, mas relevante para as necessidades de alta precisão da tecnologia
contemporânea. Mas a mudança precisa ser oficial, ratificada por uma conferência
internacional dos metrologistas.

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Visite o site www.inmetro.gov.br/ para saber mais sobre o INMETRO e sobre as
unidades legais de medidas.

Ao longo dos anos, com o desenvolvimento tecnológico e as demandas cada vez mais
exigentes sobre os padrões existentes, os cientistas têm redefinido as unidades padrão. O
padrão de comprimento no SI, chamado metro (símbolo: m), foi primeiramente baseado
na circunferência da Terra, enquanto o padrão de tempo, chamado segundo (símbolo: s),
foi originalmente concebido como uma fração de um dia. Agora, o metro é definido como
a distância que a luz viaja no vácuo numa certa fração de um segundo, enquanto este é o
tempo que leva um átomo de certo elemento da tabela periódica para executar um número
estabelecido de vibrações. Ou seja, o metro é definido em termos da velocidade da luz e
do segundo, e requer conhecimentos de Física Atômica (uma área da Física baseada na
Mecânica Quântica) para ser plenamente compreendido. Cada um desses padrões pode ser
medido com notável precisão e, igualmente importante, pode ser acessivelmente reproduzido
em qualquer lugar. As unidades metro (m), quilograma (kg) e segundo (s), representadas
conjuntamente por mks, são unidades fundamentais que, junto a outras, formam o SI.
Descrever um processo de mensuração das unidades fundamentais coincide com o método
de defini-las. é o que se chama definição operacional. No processo, é indispensável o uso
de algum aparato instrumental. Por exemplo, massa precisa de balança, distância precisa
de trena e intervalo de tempo precisa de cronômetro.

Atividade 3
Cite algumas características que um objeto deve ter para que sirva
como padrão de uma certa medida sem provocar problemas, como os
mencionados anteriormente.

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Atividade 4
Nas afirmativas a seguir, identifique a grandeza física e a unidade de medida
nelas envolvidas. Siga o exemplo da afirmativa a.

a) Nós devemos procurar sempre reaproveitar as embalagens PET


(Politereftalato de Etileno), pois elas levam mais de cem anos para se
degradarem no meio ambiente.
Resposta:
Nome da quantidade física: Tempo ;
Unidade de medida: anos

b) Em operação conjunta, o Ibama e a Polícia Federal apreenderam 12


quilogramas de pirarucu, 25 quilogramas de carne de cotia e 9 quilogramas
de carne de paca.
Resposta:
Nome da quantidade física: ............ ;
Unidade:..........................................

c) Em 26 de abril de 2005, um trem descarrilou no percurso ferroviário entre


Duque de Caxias e Campos, no norte fluminense, derramando 60 mil litros
de combustível, parte dos quais atingiu o rio Caceribu.

Resposta:
Nome da quantidade física: ............ ;
Unidade: ......................

Atividade 5
Cite algumas grandezas físicas, além do peso, altura e idade, que os médicos e
enfermeiros medem quando vamos nos consultar. Quais as suas unidade?

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O segundo
Ao longo de um ano, como você bem sabe, os dias não têm a mesma duração, o que
depende da estação do ano. Desde quando definida inicialmente em 1889, e até 1967, a unidade
de tempo correspondia a uma certa fração do dia solar médio, a média de intervalos de tempo
entre sucessivas observações do Sol a pino, ou seja, em seu ponto mais elevado no céu. Em
1967, em convenção internacional, adotou-se um novo padrão de tempo, muito mais preciso e
baseado em um relógio atômico. Irradiados por microondas (um tipo de onda eletromagnética,
utilizada nos modernos fornos de cozinha) de comprimento de onda específico, átomos do
isótopo 133 de césio são energeticamente excitados, mudando de um estado para
outro, do qual logo decai reemitindo a mesma radiação. A unidade de tempo, chamada
segundo (originalmente segundo minuto), define-se como o tempo necessário à ocorrência de
9 192 631 770 ciclos dessa radiação. Tal definição refere-se a um átomo de césio em repouso
extrapolada à temperatura de 0 K, condição irrealizável exatamente.

O metro
Em 1791 (ainda no século XVIII), a distância entre o Pólo Norte e o Equador terrestre
(Figura 3), medida ao nível médio do oceano, era de exatamente 10 milhões de metros (ou
107 m). Durante muito tempo foi assim definido o padrão de comprimento, o metro (m).

Figura 3 – O metro padrão foi originalmente definido como uma fração da distância do Pólo Norte ao Equador.
Nessa definição, o metro corresponde a 1/10.000.000 dessa distância.

Em 1960, estabeleceu-se um padrão também atômico para o metro, usando-se o


comprimento de onda da luz vermelho-laranja emitida pelos átomos do isótopo 86 de criptônio
( ) em um tubo de descarga luminescente (você se familiarizará com o sobrescrito 86 no
símbolo do criptônio, bem como o 133 no do césio, ao estudar sobre a estrutura do núcleo
atômico; eles correspondem ao número de massa A do núcleo desses átomos, a soma do

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número Z de prótons e do número N de nêutrons, seus constituintes: A = Z + N). Em
novembro de 1983, o padrão de comprimento foi novamente alterado, devido à consolidação
do reconhecimento da rapidez da luz no vácuo, c, como sendo a constante fundamental da
natureza medida com maior precisão, a qual é definida exatamente igual a 299 792 458 m/s.
O metro passou então a ser definido de modo a ser consistente com esse número e com a
definição do segundo em termos do relógio atômico de : 1 m = (c m/s) x (1/c s). Assim,
a definição em vigor do metro, unidade básica de comprimento do Sistema Internacional, é
a distância percorrida pela luz no vácuo durante uma fração de 1/c= 1/(299 792 458) do
segundo. Esse padrão supera em muito a precisão daquele baseado no comprimento de onda
da luz. Usando a moderna definição do metro, a distância do Pólo Norte ao Equador supera 107
m em cerca de 0,02%, ou seja, em aproximadamente 2 km. A cada nova definição operacional
aperfeiçoa-se a precisão das unidades fundamentais.

Atividade 6

Responda brevemente às seguintes perguntas.

a) Por que a adoção de um padrão que varia não serve como referência segura?

b) Como o quilograma padrão, referência internacional, é mantido seguro?

c) Por que medir a massa precisa de um litro de água poderia ser difícil?
(Lembre-se de levar em conta a escala microscópica.)

Quantidades físicas derivadas


e suas unidades
Alternativamente, há certas quantidades (ou grandezas) físicas cuja descrição carece
do conhecimento de uma relação matemática envolvendo outras quantidades susceptíveis
de serem medidas. Um exemplo é a densidade (letra grega, lida como rô) de um material,
a qual se define como a massa m por unidade de volume . A partir das medidas
da massa e do volume, podemos calcular a densidade.

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Atividade 7

Verifique que um cubo de 10 cm de aresta feito de chumbo


pesa mais de 4 vezes que um cubo de mesmo tamanho feito de alumínio

Outro exemplo da necessidade de uma relação matemática é a velocidade média de


um objeto em movimento (em uma direção, eixo x), definida como sendo o deslocamento
por unidade de tempo: Note que deslocamento não é a mesma coisa
que distância percorrida. Essa equação fornece diretamente a partir das medidas do
deslocamento e do intervalo de tempo necessário à sua
ocorrência. Aqui, e representam variações no tempo e na posição, entre os pontos
final ( ) e inicial ( ) do percurso, mas não o contrário. Um deslocamento de –15
m (por exemplo, saindo da posição 10 m e chegando à posição –5 m) ocorrido
durante 3 s resulta numa velocidade média de –5 metros por segundo (m/s ou m.s–1). Assim
como a densidade , um intervalo de tempo é sempre positivo (sempre ), mas o
deslocamento pode ser negativo ou positivo, dependendo se . Isso nos mostra
que pode ser positiva ou negativa. Esse sinal em (ou em ) indica a direção,
qualidade que caracteriza essas quantidades físicas como de caráter vetorial. Algumas vezes,
sendo a direção estabelecida por um eixo conhecido (por exemplo eixo x), costuma-se usar
como sinônimas as expressões sentido positivo (para indicar a direção de orientação do
eixo) e sentido negativo (para indicar a direção oposta). Isso entretanto, revela-se supérfluo
se a direção é associada ao ângulo que a orientação faz com outra de referência. Se a
primeira orientação coincide com a orientação de referência, podemos entender o sentido
negativo como uma direção de p radiano (equivalente a 1800), enquanto o sentido positivo
como uma direção de 0 radiano (ou 00). Se a orientação em questão não coincide com a
de referência, a especificação do ângulo correto é suficiente para caracterizá-la. A Figura 4
elucida esquematicamente tais situações. Uma direção é definida pelo ângulo que faz com
outra de referência (eixo x). Em (a), o deslocamento OP tem direção θ e o deslocamento
ON tem direção θ + p, onde θ designa um ângulo arbitrário (em radiano). Em (b), os
deslocamentos OP1 e P1N1 ocorrem na direção θ = 0, enquanto os deslocamentos OP2 e
P2N2 ocorrem na direção θ = p, correspondendo respectivamente aos sentidos positivo e
negativo. Contrariamente, intervalo de tempo e densidade, por não precisarem ter nenhuma
direção para serem completamente especificados, têm caráter escalar. Você aprofundará
seu conhecimento sobre quantidades físicas escalares e vetoriais na aula 3 (Movimentos:
conceitos fundamentais e descrição) desta disciplina.

10 Aula 02 Física e Meio Ambiente


Figura 4 – Como especificar direções

As quantidades físicas
fundamentais para o SI

H
á apenas sete quantidades físicas fundamentais para o Sistema Internacional (SI)
de unidades. Todas as outras são derivadas destas. Além de comprimento, massa
e tempo, há também a corrente elétrica cuja unidade de medida no SI chama-se
ampère (A). Um ampère corresponde a uma corrente elétrica resultante do escoamento de
uma unidade de carga elétrica, um coulomb (1 C), através de qualquer seção transversal de
um condutor durante um segundo (1 s): 1 A = 1 C/s. O mol é também uma das sete unidades
básicas do SI e serve para especificar a quantidade de substância de um sistema.
Uma quantidade de substância corresponde a um mol quando constituída de NA
partículas, sendo que partículas/ mol é o número de Avogrado. Também
a intensidade luminosa é uma das sete quantidades físicas fundamentais, sua unidade de
medida no SI chama-se candela (símbolo: cd). Um candela é definido como a intensidade
luminosa emitida por uma fonte de luz de frequência 540 x 1012 Hz em uma dada direção,
cuja intensidade de radiação na direção é de 1/683 watts. Essa frequência é de uma luz verde
para a qual o olho humano possui a melhor capacidade de absorção. O candela também pode
ser definido em termos da radiação de corpo negro emitida por 1/60 cm² de platina quando
ocorre o seu ponto de fusão. Radiação de corpo negro é um tópico fundamental em Física
Quântica, cujas noções preliminares você vai estudar ao longo desta disciplina.
Atualmente, essas definições têm apenas interesse histórico, uma vez que o candela,
como unidade do SI, é definido em função de outra unidade do SI, a unidade de potência,
watt. Finalmente, a temperatura termodinâmica (ou temperatura absoluta) é também uma
das sete quantidades físicas fundamentais. Sua unidade de medida é o kelvin (K).
Uma temperatura termodinâmica medida em kelvin, T(K), se expressa em termos da
mesma temperatura TC medida em grau centígrado (°C) pela equação simples:

  (Eq. 1)

Aula 02 Física e Meio Ambiente 11


Ou seja, você precisa somar 273,15 ao valor da temperatura em grau centígrado para
obter a correspondente temperatura termodinâmica em kelvin. Assim, 77 K equivalem a
aproximadamente –196 °C, isto é, 196 graus centígrados abaixo de 0 °C.
Vamos discutir mais sobre todas essas unidades básicas e as correspondentes
quantidades fundamentais durante o curso de Licenciatura, especificamente nas disciplinas
de conteúdos conceituais subseqüentes a esta. Você encontrará as definições de todas as
unidades do SI em Young e Freedman (2003a).

O uso de prefixos nas unidades


Verifica-se uma necessidade essencial de definir unidades maiores e menores do
que as unidades padrão das quantidades físicas fundamentais. Provavelmente, você já
fez alguma viagem ao longo de alguns quilômetros (km), já tomou comprimidos de 20
miligramas (mg), já comprou embalagem de feijão contendo 1 quilograma (kg), já observou
uma carreta carregada com algumas toneladas (t), já sintonizou uma emissora de rádio FM
numa frequência em unidades de megahertz (MHz) ou uma emissora de rádio AM numa
frequência em unidades de quilohertz (kHz). Entretanto, é improvável que um tempo de 1
microssegundo (µs) ou um objeto da ordem de 1 nanômetro (nm) integrem seus interesses
de tempo e comprimento no dia-a-dia, o que não significa que não tenham importância.
A distância do Pólo Norte ao Equador terrestre é cerca de 10 megametros (Mm),
enquanto a distância média da Terra ao Sol é 149,6 milhões de quilômetros (km), ou 149,6
gigametros No sistema métrico, essas unidades diminutas ou
enormes se relacionam às unidades fundamentais (exceto no caso da massa, que se relaciona
ao grama) pela utilização de múltiplos de 10 ou de 1/10. Assim, um quilômetro (1 km) é igual
a 1000 metros e um milímetro (1 mm) é igual a um milésimo (1/1000) do metro.
A notação exponencial é a preferida para lidar com números grandes ou pequenos,
especialmente quando contêm muitos zeros, senão vejamos:

1000 = 103;
1/1000 = 10–3.

Usando essa notação, você já sabe que 1 km = 10³ m e que 1 mm = 10–3 m. O prefixo
quilo, abreviado k, de kilo, significa sempre um múltiplo de 1000, enquanto o prefixo mili,
abreviado m (não confunda com metro), de mili, significa sempre um múltiplo de 1/1000.
Assim, para facilitar o acesso a essas informações, consulte a Tabela 1, que mostra
os prefixos comumente usados em ciência e tecnologia representando as potências de dez e
veja os exemplos (note e adote a opção por minúscula ou maiúscula no prefixo, dependendo
da potência de dez, bem como a ausência do plural nos símbolos).

12 Aula 02 Física e Meio Ambiente


Tabela 1 – Prefixos para as potências de dez

Potências de dez Prefixos Abreviaturas Potências de dez Prefixos Abreviaturas

10–24 locto y 101 deca da

10–21 zepto z 102 hecto h

10–18 atto a 103 kilo k

10–15 femto f 106 mega M

10–12 pico p 109 giga G

10–9 nano n 1012 tera T

10–6 micro µ 1015 peta P

10–3 milli m 1018 exa E

10–2 centi c 1021 zeta Z

10–1 deci d 1024 iota Y

Veja a seguir um exemplo prático da utilização de uma dessas abreviaturas:

Um paciente denunciou ao Procon/SP – Serviço de Proteção ao Consumidor,


de São Paulo – ter achado comprimido de 5 mg em frasco do medicamento
Coumadin, do Laboratório Bristol-Myers, que indicava conter comprimidos
de 1 mg. Daí “Se o paciente é orientado a tomar 1 miligrama e toma 5, o
efeito simplesmente vai aumentar cinco vezes. Ingerir dosagem excessiva é
extremamente perigoso”, alertou o médico. (BRASILEIRO, 2003).

Existem outras quantidades físicas, bem como um grande número de múltipos


e submúltiplos de grandezas físicas, que estão listadas e tabeladas nos livros de
Física básica, portanto sugerimos que você consulte, por exemplo o livro Física,
vol I, Sears e Zemansky, existente em seu pólo.

Aula 02 Física e Meio Ambiente 13


Notação científica e
algarismos significativos

C
omo representar a exatidão de um número representativo da medida de uma
quantidade Física? Em ciência e tecnologia, em geral, a representação de um número
é facilitada pela chamada notação científica: um número entre 1 e 10 multiplicado
pela apropriada potência de dez. Constata-se uma grande utilidade em ciência expressar
os números representativos de medidas das quantidades físicas, obtidos de acuradas
mensurações, na forma dessa notação científica, a qual é fácil de identificar e de operar.
Quando o expoente é 0 ou 1, costuma-se não explicitar a potência:
e . Geralmente, a quantidade de
algarismos que contém esse número, entre um e dez, corresponde ao número de algarismos
significativos possíveis de expressar a medida da correspondente quantidade física,
compatível com a escala utilizada na sua mensuração.
Por exemplo, ao lermos 0,000375 kg = 3,75 x 10–4 kg, devemos supor que a balança
utilizada tem uma precisão tal que a menor divisão da sua escala é espaçada em 10 microgramas
(10 µg) – um tracinho a cada 10 µg – ou décimos de 10–4 kg (a leitura vai além da sétima
divisão após três unidades de 10–4 kg e da equivalente distância aquém da oitava), o que nos
permite estimar o número de centésimos de 10–4 kg: aproximadamente 5. Isso significa que
a acurácia (precisão) da medida pode ser expressa como kg e, obviamente,
poderíamos similarmente obter como resultado
Qualquer uma das três leituras estaria correta. Usando essa escala, não há nexo
em expressar o resultado da medida como 3,758 x 10–4 kg, porque o número 8 não tem
significado, haja vista ser o 5 já uma estimativa; tampouco como 3,7 x 10–4 kg, pois assim
omite-se o potencial de acurácia da escala.
Dizemos que o número de algarismos significativos da medida original é a soma
daqueles que podem ser obtidos exatamente da escala (são dois: o 3 e o 7) mais um, que
corresponde ao que é estimado (no caso, o 5) entre duas das suas menores divisões. Assim,
o número de algarismos significativos da medida original é igual a 3.

Algarismos significativos da medida de uma quantidade física são, pois, os


algarismos exatamente determinados pela escala utilizada mais um, aquele que é
estimado entre duas das suas menores divisões. Usar mais ou menos algarismos
do que a quantidade assim determinada falseia a precisão da medida.

14 Aula 02 Física e Meio Ambiente


Você agora é capaz de explicar por que sua régua milimetrada é capaz de medir um
comprimento de 2,45 x 10–2 m sem mais nem menos precisão, ou seja, com exatamente 3
algarismos significativos. Aqui, esse número de algarismos significativos não pode ser igual
ou inferior a 2, nem igual ou superior a 4.
Mais um exemplo: suponha que seja necessário adquirir uma lousa para fixar na parede
da sala de laboratório do pólo que você freqüenta em seu curso de licenciatura a distância.
Investigando o espaço na parede, medidas são feitas de modo a garantir que as dimensões da
lousa se adeqüem à área disponível. De modo grosseiro, verifica-se um espaço disponível de
cerca de 2,10 m na horizontal e 1,30 m na vertical, correspondendo a uma área de 2,73 m2.
Pesquisando no comércio, acha- se uma lousa de preço razoável com dimensões 2,04 m na
largura (horizontal) e 1,2 m na altura (vertical). Você pode constatar que as medidas da lousa
indicam que sua área cabe tranqüilamente no espaço disponível. Mas, há um detalhe: com
três e dois algarismos significativos, respectivamente, as medidas da lousa podem ser melhor
especificadas incluindo a acurácia da mensuração, (2,04 ± 0,01) m e (1,2 ± 0,1) m, o que
significa que as medidas de largura e altura podem resultar em qualquer valor compreendido,
respectivamente, nos intervalos 2,03 m a 2,05 m e 1,1 m a 1,3 m, o que se reflete na área
entre valores 2,03 m x 1,1 m e 2,05 m x 1,3 m, ou seja, entre 2,233 m2 e 2,665 m2. Esses dois
valores, bem como o que você achou para a área da lousa, não se justificam do ponto de vista
da acurácia correta, pois contêm um número maior (igual a 4) de algarismos significativos do
que qualquer uma das suas dimensões.

Atividade 8
Expresse sua idade em segundos, utilizando a notação científica. Que
1 aproximações devemos fazer para obter esse resultado?

Expresse a idade do Universo (14,6 bilhões de anos) em segundos,


2 utilizando a notação científica.

As regras para operar algarismos significativos são mais simples na multiplicação e


na divisão do que na adição e na subtração. Ao multiplicar várias quantidades físicas,
o número de algarismos significativos na resposta final é o mesmo que o número de
algarismos significativos na menos precisa das quantidades sendo multiplicadas, onde
“menos precisa” significa “ter o mais baixo número de algarismos significativos”. No caso
da lousa, sua área só pode ser especificada com dois algarismos significativos, pois esta é a
quantidade associada à altura, 1,2 m, fator que contém o menor número daqueles algarismos.

Aula 02 Física e Meio Ambiente 15


Assim, devemos afirmar que a área vale 2,4 m2, subentendendo que o valor pode se situar na
abrangência entre 2,2 m2 e 2,7 m2.
Incautamente, a presença de zeros no resultado de uma medida pode ser má interpretada.
Por exemplo, uma temperatura termodinâmica de 1500 K, ou um comprimento de 0,091 m,
tem dois ou quatro algarismos significativos? Essa ambigüidade é removida pelo uso da
notação científica: 1,5 x 103 K e 9,1 x 10–2 m têm ambas dois algarismos significativos,
enquanto 1,50 x 103 K e 9,10 x 10–2 m têm três. Similarmente, um número como 0,000739
deve ser expresso como 7,39 x 10–4 ou 7,4 x 10–4 para ter respectivamente três ou dois
algarismos significativos. Os três zeros entre a vírgula decimal e o dígito 7 não são contados
como algarismos significativos porque estão presente apenas para localizar a vírgula decimal.
Em geral, um algarismo significativo é um dígito confiavelmente conhecido (ao contrário de
um zero usado para localizar a vírgula decimal).
Para adição e subtração, o número de casas decimais deve ser considerado. Quando
números são adicionados (ou subtraídos), o número de casas decimais no resultado deve
ser igual ao menor número de casas decimais de qualquer parcela na soma. Por exemplo:
123 + 5,35 = 128 (e não 128,35); similarmente, 1,0001 + 0,0003 = 1,0004; esse resultado
tem 5 algarismos significativos, como na 1ª parcela, mesmo que na 2ª parcela tenha só um.
Na subtração 1,002 – 0,998 = 0,004, o resultado tem três casas decimais, mas apenas um
algarismo significativo. Na maior parte das situações que discutiremos nesta disciplina, será
suficiente reter 3 algarismos significativos nas respostas, a menos que seja especificado
o contrário. Assim, correr 5 m deve ser entendido como correr 5,00 m, e a rapidez de um
veículo dada por 32 m/s como 32,0 m/s.

Estimativas e ordens de
magnitude (ou de grandezas)

J
á realçamos quão importante é conhecer a precisão de números representativos de
quantidades físicas. Mas não dá para não considerar estimativas grosseiras de uma
quantidade física, pois mesmo elas podem ser úteis. Por exemplo, para que uma pessoa
tenha uma estimativa de sua densidade (massa/volume), ela pode lembrar vagamente que
da última vez em que se pesou, há um ano, a balança indicou 65 kg; e, geometricamente,
ela pode se modelar, a grosso modo, por um paralelepípedo retângulo de base 15 cm x 30
cm e de altura 160 cm (atenção para o que vem por aí). Então, a ordem de magnitude da
densidade será logo cerca de 40% maior que os
10 kg/m da água, o que já explica por que aquela “pessoa’’ paralelepipédica afunda na
3 3

água. Esse resultado pode não ser o valor exato, e em geral não será, mas pelo menos não

16 Aula 02 Física e Meio Ambiente


obtivemos nenhum número absurdo, pois a ordem de magnitude (a potência de dez) está
correta; se aprimorarmos as hipóteses de trabalho (sair de um paralelepípedo para uma
geometria mais antropomórfica), certamente aprimoraremos a estimativa, a qual, todavia,
manterá a mesma ordem de magnitude.
Acontece que em algumas situações não se faz necessário achar o valor exato, e, em
outras, os cálculos exatos podem ser tão complicados que aproximações grosseiras se
justificam plenamente. Você deve buscar resolver diversas situações para encontrar a ordem
de magnitude de quantidades físicas partindo de aproximações rudes e poucas hipóteses, sem
se preocupar com a necessidade de muitos dados. Isso será um bom treinamento para sua
percepção (feeling) em relação a ordens de magnitude.

Atividade 9
As visitas chegaram. Faça a seguinte estimativa: quantas laranjas devo
espremer para obter 2 L de suco?

Coerência dimensional

E
m ciência e tecnologia, o uso de equações para relacionar quantidades físicas, em que
estas são representadas por símbolos algébricos, é imprescindível e comum – não há
ciência nem tecnologia sem números. Associamos a tais símbolos um número e uma
unidade, eventualmente obtidos num processo de mensuração. Tomemos como exemplo a
equação que relaciona a freqüência f (medida em ciclos por segundo, ou hertz, Hz = s–1), o
comprimento de onda (medido em metro, m) representado pela letra grega λ (lê-se lambda)
e a rapidez de propagação v (medida em metro por segundo, m/s) de uma onda, seja sonora,
aquática, eletromagnética etc. A equação é: λf = v, a qual será de grande utilidade para que
você compreenda bem algumas aulas desta disciplina. Como toda equação que descreve um
fenômeno físico, esta apresenta coerência dimensional.
Para entender isso, você deve considerar que o natural é somar objetos, ou quantidades
físicas, que sejam similares, ou seja, somam-se (ou subtraem-se) pitombas com pitombas,
telefones com telefones, bicicletas com bicicletas, ou mais precisamente, adicionam-se (ou
subtraem-se) massas entre si, velocidades entre si, intervalos de tempo entre si etc. Que
significado haveria de ter um 10 que resultasse da adição de 3 horas mais 7 kg? Nenhum,
não é mesmo? Numa equação, dois termos só podem ser somados (ou subtraídos) se além

Aula 02 Física e Meio Ambiente 17


de possuírem a mesma dimensão física (por exemplo, comprimento ou tempo ou massa
ou energia etc) possuírem também as mesmas unidades. Você não pode esquecer isso! Se
duas quantidades físicas de distintas dimensões (e, por conseguinte, distintas unidades) são
multiplicadas ou divididas, o resultado tem necessariamente uma dimensão (e unidades) obtida
pelo produto (ou quociente) das quantidades sendo multiplicadas (ou divididas).
Como já vimos nesta aula, velocidade média tem dimensão L/T e unidade SI m/s
porque resulta do quociente entre um deslocamento (dimensão: L; unidade SI: m) e um
intervalo de tempo (dimensão: T; unidade SI: s). No exemplo anterior, considerando uma
onda sonora, se a rapidez (que é a magnitude da velocidade) vale 340 m.s–1 e a frequência
é 2 kHz = 2000 Hz = 2000 ciclos por segundo, então o comprimento de onda l (que é um
comprimento característico da onda) satisfará: 340 m.s–1= l (2000 Hz) = l (2000 s–1), donde
l = (340 m.s–1)/(2000 s–1) = 0,17 m. O produto lf tem a mesma dimensão de velocidade e é
medido nas mesmas unidades de v, m/s. Isso dá coerência dimensional à igualdade original, o
que permite obter l no mesmo sistema de unidades, no caso o SI, na unidade metro. A partir
daí, havendo outras necessidades (ex.: efetuar uma comparação), pode-se converter l para outra
unidade de interesse, tal como milímetro (mm). Nesse caso, teríamos 1,7 x 102 mm.

Conversão de unidades

F
inalmente, uma das coisas importantes ao tratarmos de medidas é a necessidade frequente
de converter as unidades de um sistema de medidas para outro. Por exemplo, assim como
existe no SI o conjunto mks, existe um conjunto de unidades que não pertencem ao SI,
mas são relacionadas às suas unidades, que é o conjunto cgs, centímetro, grama, segundo. Uma
medida de velocidade dada no cgs, por exemplo, 17 cm/s, pode ser convertida às unidades SI
do mks: 17 cm/s = 17 x (10-2 m)/s = 0,17 m/s. Ou, então, se temos uma vazão de água de 250
toneladas por hora, no mks será: 250 x (103 kg)/(3,6 x 103 s) = 69,4 kg/s.
No sistema inglês de unidades, temos a polegada e o pé como exemplos de
medidas de comprimento, a libra como medida de massa e o próprio segundo como
medida de tempo. No sistema métrico decimal, podemos usar o submúltiplo do metro,
o centímetro (1 cm = 10–2 m). Sabemos que 1 polegada equivale a 2,54 cm e que um
pé equivale a 30,48 cm. Assim, temos as conversões: 1 cm = (1 pol)/2,54 = 0,394 pol
e 1 cm = (1 pé)/30,48 = 0,0328 pé.
Perceba que mediante a mudança das unidades, o número que expressa a medida,
obviamente, também muda. Você deve exercitar bastante a conversão de unidades, pois é
extremamente importante para a correção de situações que envolvem medidas de quantidades
físicas em ciência e tecnolgia. Para exemplificar o que pode acontecer quando se trabalha sem
os devidos cuidados em uma situação que pode envolver diferentes sistemas de unidades,
leia o texto a seguir.

18 Aula 02 Física e Meio Ambiente


O orbitador climático de Marte
A sonda norte-americana Orbitador Climático de Marte ou Mars Climate Orbiter
– MCO – é uma sonda da NASA, que se encontra sob os cuidados do Laboratório de
Jato-propulsão – JPL. Foi lançada no Cabo Canaveral em 11 de dezembro de 1998 pelo
foguete Delta II 7425 e chegou a Marte em 23 de setembro de 1999, após uma viagem de
9,5 meses. Essa missão foi anteriormente denominada de Mars Surveyor 98 Orbiter.

Figura 5 – Concepção artística do Mars Climate Orbiter

Era a segunda nave espacial do programa Mars Surveyor ‘98, a outra nave espacial era
a Mars Polar Lander, anteriormente denominada de Mars Surveyor ‘98 Lander.
As duas naves espaciais foram lançadas separadamente, mas formavam uma única
missão com a finalidade de estudar o clima de Marte. Razão pela qual ambas as naves foram
lançadas em um curto espaço de tempo.
O objetivo primário da missão seria o de realizar o estudo das variáveis atmosféricas,
em contraponto à missão com preocupações mais geológicas da Mars Global Surveyor e
do Mars Exploration Rover. Estudar a água e o dióxido de carbono, entender como são
acumulados, de sua interação entre atmosfera e superfície, de sua volatilidade e procurar
evidências de como foi o passado climático e como será o seu futuro.
Para além da sua missão científica, Mars Climate Orbiter também iria servir de
retransmissor para a Mars Polar Lander que deveria pousar na superfície marciana poucos
dias antes de sua chegada a Marte, em 3 de dezembro de 1999.
O Orbitador Climático de Marte foi destruído devido a um erro de navegação. A nave
espacial deveria efetuar sua inserção na órbita de Marte a uma altitude de 140 a 150 km da
superfície. Porém, devido a um equívoco, a nave espacial entrou a uma altitude de 57 km e
foi destruída pela sua fricção com a atmosfera de Marte. O erro deveu-se à equipe da terra
que fez o uso de medidas inglesas para calcular os parâmetros de inserção, enviando os
dados à nave, sendo que esta apenas realizava cálculos no sistema métrico.

Aula 02 Física e Meio Ambiente 19


A missão estava programada para durar um ano marciano, equivalente a aproximadamente
dois anos terrestres. Também estava programado que essa sonda deveria retransmitir dados
da Mars Polar Lander por um período de cinco anos e auxiliar nas retransmissões de dados
dos Veículos Geológico Exploradores de Marte (Mars Exploration Rover).

Atividade 10
O texto “O Orbitador Climático de Marte’’ apresenta uma viagem a Marte feita
por uma sonda espacial.

a) Quanto tempo durou a viagem?


b) O que aconteceu com a nave quando ela chegou a Marte?
c) O que aconteceu de errado?
d) O que deveria ter sido feito para que o erro não tivesse acontecido?

Resumo
Nesta aula, discutimos sobre medidas, unidades e notação científica.
Reconhecemos a necessidade e o uso cotidiano de medidas das quantidades
físicas, bem como sua essencialidade na ciência e tecnologia. Tratamos da
necessidade da existência e das características de padrões de medidas das
quantidades físicas fundamentais, tais como comprimento, massa e tempo,
e compreendemos as razões pelas quais eventualmente se faz necessária a
mudança do padrão de medida para uma determinada quantidade física. Esses
padrões também “nascem, vivem e morrem”, dependendo dos interesses de
precisão das medidas, ou seja, dependendo do desenvolvimento tecnológico
alcançado pela sociedade global. Estimulamos você a compreender a
necessidade da incerteza de uma medida, expressando-a com o número
correto de algarismos significativos, e esperamos que você tenha aprendido
efetivamente a operá-los corretamente. Finalmente, ressaltamos a necessidade
de obter uma percepção sobre estimativas de ordem de magnitude, ou ordem
de grandeza, de quantidades físicas, e expressá-las na notação científica, bem
como obtê-las em situações específicas.

20 Aula 02 Física e Meio Ambiente


Auto-avaliação
Agora, você vai pensar (se preciso pesquisar) e escrever as respostas para as perguntas
que seguem.

1 O que é uma unidade de medida?

2 Quantos tipos diferentes de unidades de medida existem?

3 Por que não é de grande valia uma unidade padrão se manter variando?

4 Por que poderia uma medida da unidade padrão variar?

5 Como as pessoas mediam os itens antes da existência de unidades padrão?

Na sua opinião, quais problemas poderiam ter surgido pelo uso desses
6 padrões arbitrários?

O que pesa mais: qual a razão de massas entre uma esfera maciça de 10 cm
7 de diâmetro feita de chumbo e uma outra esfera de mesmo
tamanho feita de alumínio

Qual a dimensão física e a correspondente unidade SI para densidade? (Dica:


8 volume tem dimensão L3 e unidade SI m3).

Mostre que há coerência dimensional na expressão v = v0 + at, em que v e v0


9 representam velocidades, a é aceleração e t é um intervalo de tempo.

Aula 02 Física e Meio Ambiente 21


Referências
BLACKWOOD, O.; HERRON, W. B.; KELLY, W. C. Física na escola secundária. Tradução de José
Leite Lopes e Jayme Tiommo. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961. 384p. Disponível em:
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BRASILEIRO, Renata. Procon manda recolher frascos de coumadin das farmácias. Página
20, Rio Branco, 13 dez. 2003. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/pagina20/13122003/
c_031312.htm>. Acesso em: 12 nov. 2005.

COMETAS. Disponível em: <http://www.if.ufrj.br/teaching/astron/comets.html>. Acesso em:


25 nov. 2006.

WIKIPÉDIA. O orbitador climático de Marte. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/


Mars_Climate_Orbiter>. Acesso em: 10 out. 2006.

YOUNG, H.; FREEDMAN, R. A. Física I: mecâncica: Sears e Zemansky. 10. ed. São Paulo:
Addison Wesley, 2003a.

______. Física II: termodinâmica e ondas: Sears e Zemansky. 10. ed. São Paulo: Addison
Wesley, 2003b.

______. Física III: eletromagnetismo: Sears e Zemansky. 10. ed. São Paulo: Addison
Wesley, 2003c.

______. Física IV: óptica e física moderna: Sears e Zemansky. 10. ed. São Paulo: Addison
Wesley, 2003d.

22 Aula 02 Física e Meio Ambiente


Anotações

Aula 02 Física e Meio Ambiente 23


Anotações

24 Aula 02 Física e Meio Ambiente


Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara

Ministro da Educação Revisora Tipográfica


Fernando Haddad Nouraide Queiroz
Secretário de Educação a Distância – SEED Ilustradora
Ronaldo Motta
Carolina Costa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Editoração de Imagens


Adauto Harley
Reitor
Carolina Costa
José Ivonildo do Rêgo
Vice-Reitor Diagramadores
Nilsen Carvalho Fernandes de Oliveira Filho Bruno de Souza Melo

Secretária de Educação a Distância Adaptação para Módulo Matemático


Vera Lúcia do Amaral Thaisa Maria Simplício Lemos
Pedro Gustavo Dias Diógenes
Secretaria de Educação a Distância- SEDIS
Imagens Utilizadas
Coordenadora da Produção dos Materiais Banco de Imagens Sedis (Secretaria de Educação a Distância) - UFRN
Célia Maria de Araújo
Fotografias - Adauto Harley
Coordenador de Edição MasterClips IMSI MasterClips Collection, 1895 Francisco Blvd,
Ary Sergio Braga Olinisky East, San Rafael, CA 94901,USA.
Projeto Gráfico MasterFile – www.masterfile.com
Ivana Lima MorgueFile – www.morguefile.com
Pixel Perfect Digital – www.pixelperfectdigital.com
Revisores de Estrutura e Linguagem
FreeImages – www.freeimages.co.uk
Eugenio Tavares Borges
FreeFoto.com – www.freefoto.com
Marcos Aurélio Felipe
Free Pictures Photos – www.free-pictures-photos.com
Revisora das Normas da ABNT BigFoto – www.bigfoto.com
Verônica Pinheiro da Silva FreeStockPhotos.com – www.freestockphotos.com
OneOddDude.net – www.oneodddude.net
Stock.XCHG - www.sxc.hu

Divisão de Serviços Técnicos


Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Barreto, Ciclamio Leite.

   Física e meio ambiente / Ciclamio Leite Barreto, Gilvan Luiz Borba, Rui Tertuliano de Medeiros.
– Natal, RN : EDUFRN, 2006.

  316p. : il

   1. Física. 2. Meio ambiente. 3. Sociedade. I. Borba, Gilvan Luiz. II. Medeiros, Rui Tertuliano de.
III. Título.

ISBN  978-85-7273-334-2 CDU 53


RN/UF/BCZM 2006/87 CDD 530

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
D I S C I P L I N A Física e Meio Ambiente

Força e movimento

Autores

Ciclamio Leite Barreto

Gilvan Luiz Borba

Rui Tertuliano de Medeiros

aula

04

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