1. Introdução
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COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 5.ed. v.2 São Paulo: Saraiva, 2005. p.182
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3. Classificação
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COELHO, Fábio Ulhoa Ob. Cit p.185
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4. Constituição
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Art. 19, § 3º, da Lei n. 6385/76
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fundador que não esteja disposto a usa-los, deve optar pelo contrário, a
constituição por subscrição particular.
A constituição da companhia, tem início com o registro na CVM, onde o pedido
para o registro necessariamente precisa estar instruído com o estudo de
viabilidade econômica e financeira do empreendimento, o projeto dos estatutos e o
prospecto. Caso um destes três requisitos do pedido esteja aquém dos critérios
satisfatórios da CVM, o registro deverá ser indeferido.
O fundador da companhia, para requerer o registro da companhia, deve
contratar uma instituição financeira para intermediar os trâmites legais da
colocação das ações no mercado. Além disso, deve constar a assinatura desta
instituição.
Feito isto, e a CVM concedido o registro a companhia, a instituição financeira,
irá oferecer ao público o investimento. Aqueles que pretenderem adquirirem ações
dessa companhia devem procurar a instituição financeira para assinar os
documentos que legalizam o adquirente como titular das ações. Assim, quando
todo o capital da empresa estiver subscrito, os fundadores devem reunir em
assembléia os fundadores para fazerem uma análise dos bens que serão
oferecidos para a integralização, e discutir sobre a constituição da companhia.
Realizando todas as formalidades e não havendo oposição de mais que 50% dos
subscritores representativos do capital social, é determinada a constituição da
companhia, e em seguida, elege-se os administradores e os fiscais. O projeto do
estatuto votado pela maioria, só pode ser mudado por determinação unânime dos
subscritores. Todo isso se dá na constituição por subscrição pública.
Agora a constituição por subscrição particular é bem menos complexa, e exige
bem menos formalidades. A constituição poderá ser processada por deliberação
dos subscritores em assembléia de fundação, ou por escritura pública. Nos dois
casos, são necessárias as assinaturas de todos os subscritores.
Na constituição, existem algumas regras gerais, tais como: a) conforme o art.
89, da LSA, é dispensável a escritura pública para a incorporação de imóveis na
formação do capital social; b) segundo o art. 90, da LSA, na assembléia de
fundação ou na escritura pública, o subscritor pode estar representado por
procurador com poderes especiais; c) também segundo o art. 91, da LSA, em
quanto a companhia estiver em processo de constituição, deve ser acrescentado a
expressão “em organização”; d) conforme o art. 92, parágrafo único, da LSA, os
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5. Valores mobiliários
5.1. Ações
seja expedido, deverá se configurar a sua realização, isto esta previsto no art. 23,
§ 2°, da LSA.
O capital social da companhia deve em vários momentos ser aumentado, e
esse crescimento nem sempre se dá pelo ingresso de novos recursos na
companhia.
Existem algumas formas de se aumentar o capital social da companhia, e eles
são:
a) Emissão de ações: o mais comum, é quando há uma intensa entrada de
novos recursos na companhia, inchando assim o patrimônio social da
empresa. O aumento será deliberado em assembléia geral extraordinária
ou por deliberação do conselho administrativo.
b) Valores mobiliários: é a conversão de debêntures ou partes beneficiárias
em ações, importam em aumento de capital social, com emissão de
novas ações.
c) Capitalização de lucros e reservas: é a forma de se aumentar o capital
sem ter que dispor de novos recursos. Através da assembléia geral
ordinária pode decidir-se que uma parcela do lucro de reservas irá para
a integralização do capital social.
Por outro lado, o capital social também pode ser reduzido, e a lei permite
que isso aconteça, quando ocorrem duas situações: excesso do capital social,
quando o capital esta superdimensionado, e não suporta mais nada; e irrealidade
do capital social, quando acontecer alguma prejuízo patrimonial. Isto esta previsto
no art. 173, da LSA.
A lei determina que seja feita uma assembléia geral nos quatro meses
imediatamente posteriores ao término do exercício social, com a finalidade de
análise de um conjunto de matérias específicas. Ela se chama assembléia geral
ordinária. As competências da assembléia encontram-se no art. 132, da LSA.
Existe também um quorum estabelecido pela lei, para dar validade as
deliberações das assembléias, tanto ordinária, como extraordinária. Para se dar
inicio em uma assembléia, necessita-se de um quorum, de no mínimo 1/4 do
capital social votante, ou seja, a presença de 1/4 dos acionistas que possuem
direito a voto. Para se mudar a alguma coisa em votação na assembléia, o
quorum muda para 2/3 dos acionistas.
Para a aprovação de proposta dirigida à assembléia geral, é necessário mais
que 50% do total de ações com direito a voto presentes à reunião daquele órgão,
descontados os votos em branco. Isto está previsto no art. 129, da LSA.
O conselho de administração é um órgão facultativo. Tem o poder de deliberar
também, e tem a função de tomar parte da competência da assembléia geral, ou
seja, aliviar um pouco os trabalhos da assembléia, com a finalidade de agilizar as
decisões da companhia. O conselho administrativo, só é obrigatório nas
sociedades anônimas abertas, nas de capital autorizado e nas de economia mista.
Ao estatuto da companhia, cabe determinar o número de conselheiros (no
mínimo três) que irão presidir o conselho administrativo. O estatuto deve também
determinar a duração do mandato de cada conselheiro (no máximo de quatro
anos). Além disso, estabelecer as leis e regras sobre a forma de mandato e de
substituição deste, de forma a ficar bem claro. O conselho delibera por maioria de
votos, e o único órgão que pode destituir os membros do conselho é a
assembléia.
A diretoria é o órgão responsável pela representação legal da sociedade e de
execução das deliberações da assembléia geral e do conselho de administração.
O estatuto deverá determinar à diretoria: a) número de membros, nunca inferior a
dois, ou o mínimo e máximo permitido; b) modo de substituição dos diretores; d)
atribuições e poderes de cada diretor (art. 143, da LSA).
É importante ressaltar, que não necessariamente, os diretores precisam ser
acionistas da companhia. E eles são eleitos pelo conselho de administração.
Enfim o conselho fiscal, é o órgão que necessariamente é obrigatório, porém
seu funcionamento é facultativo. Ele é composto de no mínimo três e de no
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máximo cinco membros. Por ter um funcionamento facultativo, ele deliberado por
assembléia geral. Além disso, não pode se configurar fiscal, o membro de órgão
de administração, o empregado da companhia ou de sociedade por ela
controlada, e o cônjuge ou parente até terceiro grau de administrador da
companhia. A competência do conselho fiscal, vem previsto no art. 163, da LSA.
Previstos nos arts. 145 a 160, da LSA, a lei determinou um montante de regras
jurídicas aplicáveis tanto ao membro do conselho da administração, quanto ao da
diretoria. Desse montante, existem alguns deveres principais, entre os quais
estão:
a) Dever de diligência: refere-se ao dever de que todo administrador deve
empregar o cuidado e a diligência nos negócios da companhia, como
que empregaria caso fosse os seus próprios negócios (art. 153).
Esclarece a lei, que o administrador deve efetuar o seu trabalho, com os
fins e interesses da companhia. E que por fim, como diz Rubens
Requião4, o administrador deve ter lealdade estrita e gratidão, pelo
grupo que o elegeu, no caso, os acionistas da empresa.
b) Dever de lealdade: é proibido ao administrador usar, em razão de um
cargo que ocupa, informações pertinentes aos planos e interesses da
empresa em benefício próprio ou de terceiro (art. 155, da LSA). Além
disso, o administrador deve evitar ao máximo se expor em conflitos
sociais que venham a contradizer os interesses da companhia e do
cargo que ocupa. Desrespeitando essas regras, há casos que podem
até configurar-se em crime, como o crime de concorrência desleal.
c) Dever de informar: o administrador tem o dever de informar à Bolsa de
Valores e a imprensa qualquer deliberação dos órgãos sociais, que
venham alterar significativamente o mercado de venda e compra de
valores imobiliários. Esse dever de informar, não refere-se sobre
informações sobre negócios relativos ao objeto social da empresa, isso é
contra a lei e os princípios do sigilo profissional da empresa, mas diz
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REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 1995. p. 167.
13
respeito sim, sobre tudo aquilo que possa contribuir para alterações no
mercado de compra e venda dos valores mobiliários da companhia.5
5.5 O acionista
O acionista é definido no art. 106, da LSA. Ali diz que o principal dever do
acionista é o de pagar o preço de emissão das ações que subscrever. O acionista
que não exercer a sua função, e no prazo fixado, não pagar a prestação devida,
deve ser constituído em mora. Deverá pagar além do débito, juros, correção
monetária e multa estatuária (máximo de 10%). A companhia tem o direito de
cobrar do acionista a divida não paga, por uma ação de execução.
Sobre os direitos essenciais do acionista, previstos no art. 109, da LSA, listam
os seguintes:
a) Participação nos resultados sociais: que é o direito de receber a parcela
dos lucros sociais que lhe é devido e o direito de participar do acervo da
companhia, em caso de liquidação;
b) Fiscalização da gestão dos negócios sociais: Determina a fiscalização
de forma direta e indireta sobre os negócios sociais;
c) Direito de preferência: refere-se ao direito de preferência dos acionistas
na subscrição de ações e de valor mobiliário conversível em ação.
d) Direito de retirada: é o direito que dá permissão para que o acionista
dissidente de determinadas deliberações da assembléia geral ou de
empresa cujo controle foi desapropriado,retire-se da sociedade,
recebendo um reembolso de suas ações (art. 45, da LSA). Este
reembolso é o valor patrimonial das ações dos acionistas dissidentes.
5
REQUIÃO, Rubens. Ob. Cit. p.172
6
COELHO, Fábio Ulhoa. Ob. Cit. p.209.
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civilmente pelos danos causados. Já no voto conflitante “o acionista não pode votar
nas deliberações sobre o laudo de avaliação de bens com os quais pretende
integralizar suas ações, nem na aprovação das suas contas como administrador,
nem nas questões que possam beneficia-lo de modo particular ou nas que tiver
interesse conflitante com o da companhia”7.
Diz o art. 116, da LSA, acionista controlador, é aquele que possui titularidade
de direitos de sócio que lhe assegurem, constantemente, a maioria de votos na
assembléia geral, e o poder de eleger a maioria dos administradores, e ainda dirige
as atividades sociais e orienta o funcionamento dos órgãos da companhia.
As ações que garantem a base de sustentação do poder de controle,
normalmente, costumam ser vendidas a um valor mais alto do que as demais
ações, inclusive as ordinárias, emitidas pela mesma sociedade. Essa diferença é
denominada “prêmio de controle”
7
COELHO, Fábio Ulhoa. Ob. Cit. p.209-210
15
6. Demonstrações financeiras
8
COELHO, Fábio Ulhoa. Ob. Cit. p.213
9
COELHO, Fábio Ulhoa. Ob. Cit. p.214
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O lucro total gerado pela companhia terá dois possíveis destinos: ficará em
mãos da própria sociedade ou será distribuído entre os acionistas, a título de
dividendos. Aliás, uma das parcelas ficará obrigatoriamente na companhia e outra
será necessariamente distribuída aos acionistas, restando à Assembléia Geral
Ordinária deliberar quanto à destinação do restante do resultado, aprovado ou
rejeitando a proposta da diretoria (art. 192, da LSA).10
Existem cinco categorias de reserva de lucro. A reserva lagal, constituída por
5% do lucro líquido, desde que não ultrapasse 20% do capital social. As reservas
estatuária como o nome sugere são definidas pelos estatutos para o atendimento
de necessidades específicas da sociedade anônima. A reserva para contingências é
destinada à compensação de redução de lucro derivada de evento provável, como é
o caso, de condenação da sociedade anônima em demanda judicial. A reserva de
retenção de lucros tem o objetivo de atender às despesas previstas em orçamento
de capital previamente aprovado em Assembléia Geral. Enfim, a reserva de lucros a
realizar, que tem a função de impedir a distribuição entre acionistas de recursos que
somente irão ingressar no caixa da sociedade em exercícios futuros.
Nas reservas de lucro, ainda há as reservas de capital estabelecidas no art.
182, § 1°, da LSA e as reservas de reavaliação, previstas no art. 8°, da LSA.
Os dividendos obrigatórios são a parcela do lucro líquido da sociedade que a
lei determina seja distribuído entre os acionistas (art. 202, da LSA).11
A distribuição do dividendo obrigatório não será feita quando ocorrer duas
hipóteses: se os órgãos da administração informarem à Assembléia Geral Ordinária
10
COELHO, Fábio Ulhoa. Ob. Cit. p.216
11
COELHO, Fábio Ulhoa. Ob. Cit. p.218
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O art. 219 da LSA diz que a sociedade anônima se extingue pelo fim da
liquidação, ou pela incorporação, fusão e cisão com versão de todo patrimônio em
outras sociedades.
A sociedade anônima sujeita-se ao regime dissolutório estabelecido nos arts.
206 a 218, da LSA. Estabelece esse regime que, a dissolução da companhia pode
se dar por pleno direito,por decisão judicial ou por decisão de autoridade
administrativa competente. As causas que determinam a primeira modalidade de
dissolução são o término do prazo de duração, os casos previstos em estatuto, a
deliberação da assembléia geral por acionistas detentores de, no mínimo, metade
das ações com voto, por unipessoalidade incidente, e, finalmente, pela extinção da
autorização para funcionar.Já as causas da dissolução judicial são a anulação da
constituição da companhia, proposta por qualquer acionista, a irrealizabilidade do
objeto social, e, enfim a falência.Deve-se lembrar que a dissolução não necessita de
unanimidade.
12
REQUIÃO, Rubens. Ob. Cit. p. 205.
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REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 1995. p. 208.
14
REQUIÃO, Rubens. Ob. Cit. p. 208-9
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9. Conclusão
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial. São Paulo: Saraiva: 2006.