DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
BELÉM-PARÁ
2010
2
BELÉM-PARÁ
2010
3
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
EPÍGRAFE
RESUMO
ABSTRACT
This study aims to understand how cooperation among organizations contributes to the
formation of networks in the management of socio-cultural development program which
aims at social inclusion. With that Said, we sought to know the ASP – the Amazon
String Program of the School of Music of the University Federal of Pará., analyzing its
principles, goals and structure. First, we performed a literature search, in order to
substantiate the issues related to partnership and cooperation networks. He explained
the evolution of the organizational culture of organizations facing change the
competitive landscape, pointing to the development of relationship networks since the
beginning of Directors, where companies sought isolation in order to increase their
competitive edge, even today, in that the establishment of partnerships has become
necessary for survival. After discussion of the questioning and the delimitation of the
research object, we started with the hypothesis that the Amazon String Program has a
complex network of interaction that strengthens the common interests and benefits
among civil society partners, public agencies and private organizations. The method of
study is a case study cited, with the intention of the discourse analysis of semi-
structured interviews to be done with those involved in the ASP, especially with
manager, Ph.D. Aureo DeFreitas. To delimit this study we cite the works of authors
connected with the theme: Cooperation Networks, explaining that the cooperation
networks and partnerships created new values in the management of projects and
programs. Finally, suggestions are provided for the strengthening of partnerships in the
ASP Network, as well as suggestions for future studies.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
SUMÁRIO
RESUMO..........................................................................................................................7
ABSTRACT.....................................................................................................................8
LISTA DE FIGURAS.....................................................................................................9
LISTA DE QUADROS................................................................................................ 10
1.INTRODUÇÃO..........................................................................................................13
1.1 TEMA........................................................................................................................13
1.2. OBJETIVOS E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA...................13
1.3. JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA............................................................16
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO.......................................................................22
2. REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................23
2.1 COOPERAÇÃO INTERORGANIZACIONAL......................................................23
2.2 TIPOLOGIAS EM REDES DE COOPERAÇÃO...................................................29
2.3 PRINCIPAIS CONFIGURAÇÕES DAS REDES DE COOPERAÇÃO
ORGANIZACIONAL ...................................................................................................30
2.3.1 Redes de Fornecimento..........................................................................................31
2.3.2 Rede de Corsórcios................................................................................................32
2.3.3 Redes Associativas................................................................................................34
2.4 GANHOS COMPETITIVOS DAS REDES DE COOPERAÇÃO..........................37
2.5 ESTABELECENDO UMA REDE DE COOPERAÇÃO.......................................44
2.6. CONTEXTUALIZANDO O PROGRAMA CORDAS DA AMAZÔNIA..............47
2.6.1. Aspectos de liderança no PCA..............................................................................47
2.6.2. Surgimento da Orquestra de Violoncelistas da Amazônia....................................50
2.6.3. Panorama atual do Programa Cordas da Amazônia..............................................55
2.6.4 Projetos que compõem o Programa Cordas da Amazônia.....................................58
3. METODOLOGIA DA PESQUISA..........................................................................62
3.1 TIPO DE COLETA DE DADOS..............................................................................62
12
4. ESTUDO EMPÍRICO:............................................................................................67
4.1 O SURGIMENTO DA REDE DE COOPERAÇÃO NO PCA...............................67
4.1.1 Formação de Parcerias: Universidade Federal do Pará.........................................71
4.1.2 Formação de Parcerias: MEC – Ministério da Educação......................................76
4.1.3 Formação de Parcerias: MINC – Ministério da Cultura........................................77
4.1.4 Formação de Parcerias: EMUFPA- Escola de Música da UFPA.........................78
4.1.5 Formação de Parcerias: os alunos do PCA...........................................................80
4.1.6 Formação de Parcerias: mães de alunos...............................................................88
4.1.7 Formação de Parcerias: pesquisadores.................................................................90
4.1.8 Formação de Parcerias: pesquisadores.................................................................92
6. REFERÊNCIAS BBLIOGRÁFICAS......................................................................97
7. ANEXOS...................................................................................................................101
13
1. INTRODUÇÃO
1.1 TEMA
compostos por conexões representados por sujeitos sociais entre indivíduos, grupos,
organizações etc. conectados por algum tipo de relação (MARTELETO, 2001).
Neste sentido a questão central da pesquisa é compreender como a cooperação
entre organizações contribui para o fortalecimento da gestão de programa Cordas da
Amazônia visando o desenvolvimento sociocultural com inclusão social. Com o
propósito de dar maior ênfase à discussão central, a pesquisa se desdobra em três
questões norteadoras da questão central, a saber:
1- Qual o tipo e concepção de cooperação que predomina nas ações articuladas entre o
programa Cordas da Amazônia, a Universidade e as empresas parceiras que se
envolvem com o programa?
2- Quais as ações desenvolvidas pelo programa que tem sido atrativas ao fortalecimento
da cooperação?
3- O programa apresenta propostas de inclusão e maior participação social através de
ações articuladas de valorização dos aspectos sociais, culturais e ambientais?
com os outros para alcançar certos objetivos que a ação individual isoladamente seria
incapaz de fazê-lo.
Chega-se à idéia de que o conjunto de organizações que constituem esta
interação é formado por sentimentos de dinamismo e complexidade, como se fossem
um organismo vivo, possuindo “vida própria”.
Na concepção de Pires e Macedo (2006, p.88), uma organização consiste em um
conjunto de preceitos, políticas públicas, valores e crenças que influenciam na forma
como as pessoas agem e interagem e colaboram para o estabelecimento de uma cultural
organizacional.
Observa-se nestes conceitos que a cultura organizacional varia de acordo com o
comportamento dos indivíduos que a compõem. As mudanças culturais entre gestores e
sociedade permitiram a abertura de mercados através de novas frentes de negócio, e
conseqüentemente, ocorreu à entrada de novos concorrentes, mão-de-obra mais
capacitada, consumidores mais exigentes e o surgimento de conceitos atrelados à
cooperação. Abordando os significados de cultura organizacional e de organização,
pode-se compreender o surgimento de novas concepções de modelos de gestão.
Putnam (1996, p.97) discorre sobre a evolução sofrida pelo mercado,
contextualizando sobre a Revolução Industrial, como o mais importante acontecimento
social e econômico verificados na sociedade ocidental nos últimos séculos, trazendo
como conseqüência, a partir da mudança de milhares de pessoas dos campos para as
cidades, a elevação do padrão de vida da sociedade: estruturas de classes sociais
transformadas, níveis de educação e padrões sanitários elevados, e capacidade
econômica e tecnológica multiplicadas.
Outro passo em discussão seria o surgimento da globalização econômica, que,
segundo Porter (1998), modificou drasticamente a conjuntura dos mercados, fazendo
com que estes ficassem mais competitivos e buscassem aperfeiçoar a produção e criar
diferenciais relacionados à qualidade de seus produtos / serviços. Ocorre que entre as
inúmeras dimensões humanas existentes, este estudo supõe como relevante a
sociabilidade da natureza humana. É esta dimensão que é responsável pela aproximação
do homem e de seus semelhantes, com a finalidade de criarem, unidos, associações
estáveis para agirem como membros de um mesmo grupo social.
Até a década de 70, a sociedade tinha como foco o meio econômico para
alcançar uma melhor qualidade de vida; com o passar do tempo, percebeu-se que o
18
Noleto (2000, p.15) afirma que a máxima de que somando esforços estaremos
mais aptos a enfrentar os problemas de toda ordem é verdadeira, pois a somatória de
recursos, conhecimentos e perfis multifuncionais ampliam admiravelmente as
possibilidades de atuação.
Segundo Noleto (2000, p.16), a construção de parcerias é uma verdadeira arte,
pois envolve habilidades de todos os envolvidos no processo de cooperação. A parceria
está atrelada às ações mais pontuais, como um projeto ou uma iniciativa em conjunto; já
a aliança estratégica abordará ações conjuntas de longo prazo, ou uma associação
ininterrupta, independentemente do projeto em questão.
O estabelecimento de parcerias resulta na formação de alianças estratégicas.
Estas ocorrem quando há cooperação entre duas ou mais entidades, em prol da mesma
finalidade representando um modo de transformar a sociedade. Assim, quando se fala de
aliança estratégica, é preciso que se pense em longo prazo, com ambas as partes
dispostas a investir em um relacionamento, sendo vistas como um modo de alcançar
resultados, e não o fim em si é uma união firme e durável, disposta a alterar uma
realidade vivenciada, a partir da somatória de forças (KAY, 1993).
Segundo Noleto (2000, p.17), são características das parcerias e alianças
estratégicas: é um compromisso que será desenvolvido em longo prazo, sendo que os
recursos humanos, financeiros e materiais serão compartilhados, além dos riscos e
sucessos; para isto, é preciso que haja um objetivo comum, mesmo que cada parceiro
mantenha suas habilidades e competências. A autora afirma sobre a acuidade que se
deve ter ao avaliar parceiros:
Segundo Lewis (1992, p.3), uma aliança dura tanto quanto a necessidade mútua,
incluindo a eficácia com a qual os parceiros irão trabalhar em conjunto. Esta
20
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Assimetria de poder
Redes de
fornecimento Empresas em Crime organizado
rede
Formalidade
Informalidade
Consórcios Centrais de
compras Redes informais
Joint-ventures
Crime organizado
3 4
2
Exportador
1 Prestador de
serviços
Empresa
Central Distribuidor
Banco
Consórcio 1
Objetivo C
A
C B Prestador
Consórcio 2
de Serviços
D
E
F H
Objetivo A Objetivo B
G
B C F G
A E
D H
E I
Cliente 1
Cliente 2
L M
Cliente 3
J
N
Cliente 4
O
Becker (2007) expõe quanto aos ganhos competitivos das redes de cooperação,
afirmando que a lógica sugere que o estabelecimento de redes de cooperação gere
resultados de ganhos reais para todos os envolvidos na rede, caso contrário não havia
cooperação entre a rede. Seguindo esta linha de pensamento, o enfoque no ganho
coletivo é ressaltado perante o enfoque da empresa tradicional, onde a individualidade
prevalece.
Segundo Balestrin e Verschoore (2008), a expressão dominada ganhos
competitivos será empregada na indicação da natureza estratégica dos resultados
aspirados pela rede, objetivando o fortalecimento da competitividade das empresas
associadas. O termo remete que esse resultado possui essência naturalmente estratégica,
fortalecendo a competitividade das organizações associadas em rede, se comparadas
38
Interação
adaptados, é o papel do líder ajustar tal situação. É neste ínterim que a cultura
organizacional e a liderança estão entrelaçadas.
Caso o indivíduo tente impor seu modo de ser, tentando obter a liderança “à
força”, a cultura não será produzida, pois a confiança é gerada quando os liderados o
seguem espontaneamente. No caso deste estudo, o processo de formação cultural do
programa gira em torno de seu líder, seu comportamento leva o grupo de professores,
alunos, pais e incentivadores ao sucesso dentro da rede, e o modo como este sucesso é
alcançado dentro da cultura criada.
A cultura é a aprendizagem acumulada e compartilhada pelo grupo,
direcionando o comportamento de seus membros. Estes membros convivem dentro de
uma unidade social, que é o próprio Programa Cordas da Amazônia, e dentro de um
espaço comum, ou seja, as instalações físicas da Universidade Federal do Pará. Mesmo
com a saída de alguns membros, dificilmente a cultura sofrerá mudanças, pois o sentido
de estabilidade do grupo é valorizado pela permanência da liderança e pela
profundidade de sua cultura.
Com o tempo que dispensam juntos, os membros do grupo criam sua própria
identidade, valores e crenças; caso estas crenças e valores do fundador não sejam
aceitos pelos membros do grupo, estes elegerão outra liderança, na tentativa de obterem
as atitudes que os levem ao sucesso pretendido (SCHEIN, 2009). A partir desta
afirmação do autor, os parágrafos que seguem buscam mostrar a formação profissional
do gestor do programa, que norteará todo o perfil das ações do Programa Cordas da
Amazônia, bem como de seus parceiros.
Aos dezesseis anos de idade, Áureo DeFreitas teve seu contato com o violoncelo
pela primeira vez, em 1980, sendo este o instrumento que o acompanharia em toda a sua
vida profissional. Esta imersão musical foi possível através de sua participação no
Projeto Espiral do Instituto Carlos Gomes, onde tinha como professora a norte-
americana Dra. Linda Kruger. Foi esta profissional que mais tarde o convidou para
estudar nos Estados Unidos. (FARIAS, 2009)
Em 1982, DeFreitas inicia o curso superior de Graduação em Educação Artística
na Universidade Federal do Pará, já que na época não existia em Belém um curso
específico para a área musical. Porém, decidido a construir uma carreira na Música, ele
transfere seu curso para o Rio de Janeiro, especificamente na Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro, a UFRJ. Neste mesmo ano de início no curso de bacharelado
49
diagnosticados com TDDA, para avaliar os conhecimentos que eles possuem acerca do
transtorno apresentado pela criança/adolescente sob seus cuidados;
O reconhecimento do Programa Cordas da Amazônia através do público e dos
meios de comunicação (os meios de comunicação coletados ao longo da produção deste
estudo foram: matérias em jornais, revistas, televisão, apresentações em turnês
regionais, nacionais e internacionais) foi conquistado através da educação musical
inovadora e de qualidade que é oferecida para cerca quatrocentos alunos nas faixas
etárias entre seis a quarenta e cinco anos, demonstrando que a prática cultural independe
das circunstâncias e limitações.
O termo relacionado com inovação diz respeito ao caráter singular da
metodologia proposta pelo PCA de inserir crianças e adolescentes portadores de
transtornos tais como déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), autismo, e dislexia no
projeto. A proposta visa oportunizar melhoria de qualidade de vida e valorizar a auto-
estima por intermédio do ensino do violoncelo. A coordenação do projeto investiga os
efeitos da música no desempenho dos participantes, principalmente no que diz respeito
à inclusão social e equilíbrio emocional.
Os alunos portadores de transtornos tais como: déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH), autismo e dislexia encontram no projeto uma oportunidade de
melhoria de sua qualidade de vida e valorização da auto-estima. A equipe do projeto
investiga os efeitos da música no desempenho dos participantes, principalmente no que
diz respeito à inclusão social e equilíbrio emocional.
O gestor do programa ressalta a relevância das pesquisas realizadas no PCA:
O gestor do programa defende que o PCA não é uma simples procura por novos
talentos musicais, e sim uma aprendizagem diária dos alunos sobre os enfrentamentos
dos desafios diários da vida, respeitando as características individuais dos participantes,
e extraindo destes as suas melhores possibilidades de produção artística.
“Através das aulas conseguimos extrair o melhor dos alunos. Eles saem da
sala de aula transformados em outras pessoas, mais seguros, confiantes, mais
preparados para enfrentar os desafios da vida. Esse é o diferencial do PCA”.
(ENTREVISTA PROFESSORA DO PROGRAMA, 17.10.2011).
Nestes pólos, são agregados cinco projetos voltados para a pesquisa, ensino e
extensão. São eles:
a) Viola em Grupo,
b) Violino em Grupo,
c) Violoncelo em Grupo, e
d) Transtornos do Desenvolvimento e Aprendizagem, e
e) Orquestra de Violoncelistas da Amazônia
Nos pólos do PCA Benguí – Pólo EMAÚS, e PCA Jurunas, o perfil dos
estudantes de viola e violino é voltado para o estudo instrumental prático, sem o
conhecimento teórico. Esta metodologia aplicada de forma diferenciada é necessária
para cativar o estudante, que em sua totalidade é muito carente, tanto em aspectos
financeiros quanto em conhecimentos escolares pregressos. Como veremos adiante, a
60
Transtorno
Orientador (a) Bolsista Voluntário
estudado
Mestranda em
Déficit de atenção / Ph.d. em educação Graduando em
Música / Bacharel
Hiperatividade musical Música
em Psicologia
Doutoranda em Graduando em Graduanda em
Autismo
Psicologia Letras Música
Mestre em Graduando em Graduanda em
Dislexia
Psicologia Música Música
Graduanda em
Síndrome de Down Pedagoga Sem bolsista
Música
Quadro 5 - Pesquisadores do Projeto Transtornos do Desenvolvimento e Aprendizagem.
61
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
UFPA
Patrocinadores
MINC
PROGRAMA
AMAZÔNIA
Alunos
66
Os dados serão analisados através da análise do discurso. Este método visa não
somente a apreensão da mensagem transmitida pelos entrevistados, mas também
interpretar e explorar o seu sentido. Significa analisar o contexto ao qual o emissor da
mensagem está inserido, e compreender que aquela fala foi produzida mediante
determinado objetivo. Vergara (2008) discorre acerca deste método de pesquisa:
4. ESTUDO EMPÍRICO
UFPA
PROEX
ICA
EMUFPA
PCA
DeFreitas teve seu interesse despertado na área de pesquisa ao ouvir falar sobre
os editais de projetos da Pro - Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Pará.
Segundo DeFreitas (2011), a servidora da UFPA e atual professora da EMUFPA,
professora Msc. Adriana Couçeiro, sempre teve por prática divulgar os referidos editais
da PROEX. Outros professores da Escola de Música também tinham acesso a estes
editais, que eram apresentados a todos, constantemente, em reuniões de Conselho;
porém, não existia ainda na EMUFPA a cultura de se trabalhar além da sala de aula, no
contexto de pesquisa e extensão.
Sua percepção foi que, se passasse a ganhar espaço com projetos de pesquisa,
aprovando em massa várias bolsas, seu trabalho teria um reconhecimento mais efetivo
na academia, e ganharia os fomentos que necessitava para seguir adiante. A falta de
concorrência também o ajudou a avançar, pois foi o único pesquisador a concorrer na
área musical às bolsas de extensão. Em síntese, a UFPA, através dos projetos de
pesquisa e extensão, abriria às portas para que DeFreitas pudesse ultrapassar os entraves
burocráticos que sozinho não havia como enfrentar.
Segundo Farias (2009), especialmente promovendo o ensino, a pesquisa e a
extensão em bairros da periferia de Belém, tais como Cremação, Jurunas e Bengui, onde
se concentra uma demanda carente em todos os aspectos, em especial em acesso a
educação musical, o PCA coloca seus projetos à disposição da sociedade, oportunizando
qualidade de vida aos seus participantes, e estendendo essa assistência às suas famílias.
O indivíduo poderá se desenvolver não somente como músico, mas também como
cidadão, contribuindo para a evolução da sociedade.
Atualmente, o Programa Cordas da Amazônia conta com um rede de cooperação
formada pelos parceiros: Ministério da Educação e Cultura, Ministério da Cultura,
Universidade Federal do Pará (incluindo Pro-Reitoria de Extensão e Instituto de
Ciências da Arte), Escola de Música da UFPA, alunos, pais de alunos, pesquisadores e
patrocinadores.
A seguir a descrição e análise sobre o que motiva cada parceiro a contribuir com
o programa.
71
Jessika Rodrigues,
Autismo e Desenvolvimento Infantil:
Interdisplinaridade e Inovação de Linguagem Áureo DeFreitas
2009
Musical João Paulo Nobre
Suene Ferreira
Jessika Rodrigues
Áureo Defreitas
Mariene da Silva Casseb
Autismo e desenvolvimento infantil: a música
2010 João Paulo Nobre
como forma de intervenção.
Jéssika Rodrigues,
Suene Ferreira
Dislexia do Desenvolvimento: Intervenção a Letícia Silva
2010
partir da Educação Musical no Programa Cordas Áureo Defreitas
75
Paulyane Nascimento
Contribuição Sócio-Cultural do Programa
2010 Ulisses Wilson Vaz Farias
Cordas da Amazônia
Quadro 9 – Artigos publicados pelos pesquisadores do PCA.
Fonte: Dados coletados pela autora, elaboração própria, 2011.
Projetos Aprovados
Allana Cristine
Dislexia do desenvolvimento:
2009 PIBEX Nascimento Vilhena
intervenção a partir da
educação musical
Transtornos do
Programa Transtornos do
Onelma Lobato Lima
2010 PIBEX Desenvolvimento e
Dificuldades de Aprendizagem
Práticas pedagógicas do
2010 MEC Sem bolsista.
Programa Cordas da Amazônia
76
da Escola de Música da
Universidade Federal do Pará:
interdisciplinaridade e
inovação de linguagem
Pesquisadores da DIS
e Orquestra de
2010 MINC Turnê China
Violoncelistas da
Amazônia
Programa Transtornos do
Letícia Silva e Silva
2011 PIBEX Desenvolvimento e Onelma Lobato Lima
Dificuldades de Aprendizagem Niely Freitas
Quadro 10 – Projetos do PCA.
Fonte: Dados coletados pela autora, elaboração própria, 2011.
das Nações Unidas para a educação, a Ciência e a Cultura (United Nations Educational
Scientific and Culture Organization – UNESCO), acreditando que todas as experiências
vivenciadas em música, configuram uma parte fundamental da vida humana. Nesse
contexto, se faz essencial o intercâmbio do grupo paraense, a fim de divulgar nossa
cultura e demonstrar que o Brasil compartilha das crenças da UNESCO.
No ano de 2010, apoiando os objetivos do Programa Cordas da Amazônia, o
Ministério da Educação contribuiu com o fomento de R$ 92.000,00 (noventa e dois mil
reais) para a turnê Pequim. Este fomento contribuiu para que os pesquisadores da
Divisão de Inclusão Social do Programa Cordas da Amazônia e integrantes da comitiva
da Orquestra Juvenil de Violoncelistas da Amazônia pudessem participar da 29ª
Conferência Mundial de Educadores Musicais que se realizará no período de 01 a 10 de
Agosto, de 2010, na cidade de Pequim, China. Durante esta conferência, foram
realizadas três apresentações envolvendo a Orquestra Juvenil de Violoncelistas da
Amazônia e oito comunicações científicas envolvendo os pesquisadores do Programa
Cordas da Amazônia. O grupo foi o único representante brasileiro neste evento,
promovendo o nome do Brasil na temática de educação inclusiva.
Segundo a professora Dra. Lia Braga, que ano passado atuou como Vice
Diretora do Instituto de Ciências da Arte da UFPA, e pertence atualmente ao quadro
efetivo de docentes do núcleo de Piano e de Teoria da EMUFPA, o Programa Cordas da
Amazônia consegue abranger os três eixos que sustentam a Universidade Federal Do
Pará, que são: ensino, pesquisa e extensão. Ela afirma que essa abrangência torna o
programa coerente com o ambiente universitário, colaborando através de seu papel na
consolidação do conhecimento em artes social e na ampliação das atividades do
Instituto de Ciências da Arte, junto à comunidade externa:
Jesimiel dos
Jose Roberto Lennon Yuri Soares Rafael Silva
Santos
Jose Roberto Lennon Yuri Soares Lucas Borges Robson Navegante
Lennon Yuri
Lucas Borges Plínio Sergio Rodolfo Carvalho
Soares
Lucas Borges Patrick Wilson Rafael Silva Rodrigo Dias
Plínio Sergio Pedro Henrique Rebeca Lemos Sabrina Abreu
Patrick Wilson Rafael Silva Robson Navegante Sandro Roberto
Pedro Henrique Rebeca Lemos Rodolfo Carvalho Suene Ferreira
Rodrigo Dias Robson Navegante Rodrigo Dias Yan Felipe
Rebeca Lemos Rodolfo Carvalho Sabrina Abreu
Robson Navegante Rodrigo Dias Sandro Roberto
Sabrina Abreu Sabrina Abreu Suene Ferreira
Sandro Roberto Sandro Roberto Ulisses Vaz
Yan Felipe Suene Ferreira Yan Felipe
Jéssika Rodrigues Yan Felipe
Suene Ferreira*
Ulisses Vaz*
Rafael Silva
Isabel Bianca
Wagner Mattos
Quadro 15 – 3° fase de estruturação da OIJVA
Fonte: DeFreitas (2009, p.34)
foram tocar no exterior, onde estão até hoje, enquanto as meninas, embora
tivessem mais talento, conseguiram sair de Belém, mas ficaram no Brasil, no
eixo Rio / São Paulo. Eu, por exemplo, fui coroado com uma bolsa de cento e
vinte e quatro mil dólares com o Projeto Cordas da Amazônia”.
(ENTREVISTA GESTOR DO PCA, 05.02.2011).
Harada
Mayara Mississipi -
Tatuí - SP SP – SP Natal - RN
Alencar USA
Samuel
Tatuí - SP SP – SP Suiça
Ramiro
Tiago SP - SP
Imbiriba
Ulisses
RJ - RJ
Vaz
Wagner Briançon - Fr
Matos
Yasmim
Tatuí - SP SP – SP
Alencar
Quadro 16 – Mobilidade Nacional e Internacional do integrantes da OIJVA.
Fonte: DeFreitas (2009, p.37).
“Além dos alunos, considero que seus pais sejam os principais parceiros do
programa, pois são muito participativos, além das apresentações em público,
estão sempre presentes nas aulas. Essa participação em sala de aula ajuda a
escola a desenvolver estratégias pedagógicas de inclusão, e fortalece o
programa”. (ENTREVISTA PEDAGOGO DA EMUFPA, 03.02.2011).
“Elas produzem CDs, DVDs, canetas, tudo que vendem elas produzem,
correm atrás e vendem. Montam kits e enviam aos patrocinadores, atuando
como verdadeiras divulgadoras. Elas que recebem o dinheiro com as vendas.
Elas fazem isso porque faço questão de não pegar em dinheiro de jeito
nenhum, pois acredito que a sociedade só espera um vacilo meu para me
crucificar...é algo que desde 1998 coloco nas mãos de terceiros...não vou ao
banco, não sei quanto existe minha conta. Porém, quando o grupo demonstra
fraqueza financeira, é do meu salário como professor da UFPA que eu tiro o
dinheiro para levantar o caixa, do meu bolso”. (ENTREVISTA GESTOR DO
PCA, 05.02.2011).
Esta parceria é positiva, pois não há arrecadação financeira suficiente para pagar
salários a trabalhadores. O trabalho voluntário das mães é essencial para que circule
capital no projeto, com a venda de material de divulgação da Orquestra. Outra curiosa
demonstração de apoio dessas mães consta no relato do gestor do programa:
“No ano de 2010, o MEC disponibilizou para o PCA cerca de 100 mil reais, e
o MINC – Ministério da Cultura – mais 100 mil reais, para a turnê China, que
ocorreu em agosto. Este recurso foi conseguido da seguinte forma: as mães
dos alunos do PCA ficavam de vigília na Internet, e desta forma conseguiam
promoções de passagens aéreas. Juntávamos dinheiro em pedágios, coletas,
apresentações, com meus recursos próprios também...Eu ia para Brasília
marcar território, ficava lá de plantão, pegava chá de cadeira para falar com
alguém; foram três viagens até Brasília para que eu conseguisse patrocínio”.
(ENTREVISTA GESTOR DO PCA, 05.02.2011).
fez um show acústico na Praça da República, organizado pelas mães dos integrantes.
Sem investimentos em divulgação, qualquer estrutura de iluminação ou palco, a
orquestra, em somente em uma hora de apresentação, conseguiu arrecadar cerca de mil
e quatrocentos reais, doados pelo público, que foram totalmente revestidos para a turnê
China.
“Após a turnê, entre agosto e dezembro, conseguimos arrecadar cerca de 30
mil reais em shows, visando recuperarmos os recursos investidos para que
levássemos os vinte e um integrantes do PCA para a China, fato inédito na
EMUFPA. Nunca um grupo arrecadou tantos fundos”. (ENTREVISTA
GESTOR DO PCA, 05.02.2011).
“Essa foi minha tacada de mestre dentro do PCA. Bem, eu sempre fui pago
para estudar, mas essa cultura de pesquisa não havia na escola de música.
91
exemplo, que tem milhares de acessos. A marca da Sol está associada ao PCA, e ao
visualizar a apresentação da orquestra, simultaneamente ocorre o marketing da Sol.
Assim, a parceria se estabelece.
Não houve, nesta pesquisa, o aprofundamento sobre esta parceria, cabendo como
sugestão a trabalhos profundos. Segundo o gestor do projeto, a parceria com os
fornecedores se fortalece também mediante a divulgação do Programa Cordas da
Amazônia nas redes de relacionamento na Internet, tais como: facebook, orkut, twiter,
youtube. Em entrevista, é enfático sobre a importância da parceria com esta ferramenta:
orquestra.
Quadro 17 – Síntese da rede de cooperação que envolve o PCA
Fonte: Dados coletados pela autora, elaboração própria, 2011.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FARIAS, Ulisses Wilson Vaz; DEFREITAS, Áureo; MAIA, Gilda Helena Gomes.
Contribuição sócio-cultural do programa cordas da Amazônia. Belém, 2010.
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
MARTELETO, Regina Maria. Análise das Redes Sociais: aplicação nos estudos de
transferência da informação. Ciência da Informação, Brasília, v.30, n.1, p.71-81,
jan./abr. 2001.
OLSON, Mancur. A lógica da ação coletiva: os benefícios públicos e uma teoria dos
grupos sociais. São Paulo: EDUSP, 1999.
ANEXOS
ANEXO B
Figura 9 Figura 10
Figura 11 Figura 12
Figura13 Figura 14
Figura 15 Figura 16
Figura 17 Figura 18
Figura 19 Figura 20
Figura 21 Figura 22
Figura 23 Figura 24