Adilson Pize2
Resumo: Este trabalho mostra que os projetos que utilizam o PMBOK como guia de gerenciamento de
projetos também podem ser considerados projetos ágeis. Isto é comprovado através da comparação entre as fases
do ciclo de vida de um projeto que utiliza o PMBOK e as fases do ciclo de vida de um projeto utilizando a
"Agile Project Management", com a inclusão do framework SCRUM nos pacotes de trabalho das fases de
execução de um projeto baseado no guia do PMBOK. A partir desta comparação percebe-se que o que define se
o projeto será ágil, é a forma como o projeto é planejado e executado,? e não somente as práticas
disponibilizadas através de guias, metodologias e frameworks.
Palavras-chave: projetos ágeis, PMBOK, APM, SCRUM, produtos inovadores, gerenciamento de projetos,
ciclo de vida, fases do projeto.
Abstract:. This work shows the projects that use the PMBOK as a guide to manage projects can be considered
agile projects. This is comproved by the comparing the phases of the life cycle between PMBOK and "Agile
Project Management" with the inclusion of the SCRUM framework to manage product implementation on the
PMBOK execution phase. This comparation defines that the agility is given by the way of the project is planned
and executed and not only by the practices provided through guides, methodologies and frameworks.
Key-Words: agile projects, PMBOK, APM, SCRUM, innovative products, project management, life cycle,
project phases.
Introdução
Nos últimos anos tem-se ouvido falar muito em métodos ágeis, que
originalmente, foram criados como técnicas de gerenciamento para o desenvolvimento de
software, porém, foram adaptados e também utilizados para o gerenciamento de projetos.
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Autor; pós-graduando MBA Gestão Estratégica em Gerenciamento de Projetos da Faculdade da Serra Gaúcha;
Bacharel em Ciência da Computação pela Universidade de Caxias do Sul;
Endereço eletrônico: juliano.menzen@softbyte.inf.br.
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Co-autor; graduado em Processamento de Dados e Pós-Graduado em Qualidade Total e Reengenharia;
Certificações PMP, ITIL Foundations e ScrumMaster;
Diretor de Certificação da Seção Rio Grande do Sul do PMI;
Sócio da Excellence Gestão Empresarial;
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comparação entre o ciclo de vida de um projeto ágil representado através da "Agile Project
Management" (APM) e a estrutura genérica de ciclo de vida (inicio, organização e
preparação, execução e encerramento do projeto) referenciada pelo guia PMBOK para a
comunicação à alta administração ou entidades menos familiarizadas ao gerenciamento de
projetos (PMBOK, 2008). Esta comparação mostra ainda que os métodos ágeis podem
coexistir com os modelos tradicionais de gerenciamento de projetos, de forma a se
complementarem, demonstrando como é possível aplicar o framework ágil SCRUM dentro de
um projeto baseado nas práticas descritas pelo guia PMBOK.
Desenvolvimento
Por outro lado, nos últimos anos tem sido divulgado através de diversas
bibliografias como ("SCRUM", 2009, "Highsmith", 2004, "Highsmith", 2000) e também
através de grupos de discussão, modelos de gerenciamento de projetos ágeis. Estes modelos
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Um dos motivos que levou a utilização de novas formas gerenciar projetos foi
a busca de práticas que fossem mais eficientes e eficazes do que as atuais para atingir os
objetivos do projeto, visto que mesmo com a utilização do PMBOK para auxiliar o
gerenciamento de projetos, existe um número considerável de projetos que fracassam, o que é
apresentado pelo “CHAOS Summary de 2009”. Esta pesquisa realizada pelo Standish Group,
aponta que 32% de todos os projetos são concluídos dentro do tempo, orçamento e com todas
as funções implementadas, enquanto que 44% são entregues com algum atraso, diferenças de
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Manifesto criado em 2001 declarando os princípios que fundamenta o desenvolvimento ágil de softwares.
Originalmente possuíndo dezessete signatários: Kent Beck, Mike Beedle, Arie van Bennekum, Alistair
Cockburn, Ward Cunningham, Martin Fowler, James Grenning, Jim Highsmith, Andrew Hunt, Ron Jeffries, Jon
Kern, Brian Marick, Robert C. Martin, Steve Mellor, Ken Schwaber, Jeff Sutherland, Dave Thomas
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orçamento e menos funcionalidades que as previstas e por fim, 24% dos projetos falham,
sendo cancelados antes da entrega ou então com entregas nunca utilizadas.
Estes altos índices de fracassos indicados pela pesquisa podem estar ligados
aos critérios que definem o sucesso do projeto. Sob a ótica do planejamento de projetos, um
projeto será bem sucedido quando o mesmo for realizado conforme o planejado, obedecendo
escopo, prazo e orçamento. Entretanto, outro ponto que pode ser considerado como fator de
sucesso é o valor que o projeto traz para o seu solicitante. De acordo com um poadcast do
Ricardo Vargas4 um projeto é considerado de sucesso, quando o mesmo gera valor ao
solicitante do projeto. Um exemplo disso é o projeto Iridium da Motorola, para a telefonia
global, que pode ser considerado de sucesso em relação ao escopo, tempo e custo, porém, por
não ter sido receptivo a mudanças, no momento do seu lançamento já havia sido
disponibilizada a tecnologia GSM e TDMA/CDMA, tornando o projeto um fracasso
comercial. Outro exemplo foi o filme Titanic, que ultrapassou enormemente o seu orçamento
e tempo, porém, foi o primeiro filme a gerar uma bilheteria mundial de um bilhão de dólares.
Considerando-se que o sucesso de um projeto está ligado ao seu valor gerado, podemos
considerar que o filme Titanic foi um projeto de sucesso, enquanto que se o critério para o
sucesso for o escopo, tempo e custo, o projeto Iridium é que foi um projeto de sucesso.
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Ricardo Vargas | MSc, IPMA-B, PMP. Especialista em gerenciamento de projetos, riscos e portfólio. É autor de
dez livros em português e inglês. Consultor em projetos, administra um portfólio de investimentos gerenciados
superior a US$18 bilhões mundialmente. Foi Chairman do Project Management Institute (PMI), maior
associação do mundo em gerenciamento de projetos.
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As fases propostas pela APM para o gerenciamento de projetos ágeis são cinco:
Visionar, Especular, Explorar, Adaptar e Finalizar (Highsmith, 2004) . Estas fases formam o
ciclo de vida de um projeto ágil. Por outro lado, o ciclo de vida de um projeto que utiliza o
PMBOK por base possui genericamente quatro etapas: Iniciar o projeto, Organizar e preparar
o Projeto, Executar o produto do Projeto e Encerrar o Projeto (PMBOK, 2008). Em cada uma
destas etapas, podem estar envolvidas uma ou mais fases, as quais não são estabelecidas pelo
PMBOK, mas identificados pelo gerente e a equipe do projeto.
identificados até o momento. Neste momento os membros do projeto devem criar uma visão
sobre como será feita a comunicação entre eles para que o projeto possa ser realizado.
Comparativamente a um projeto seguindo as indicações do PMBOK, nesta fase de
visionamento, podem ser incluídas duas áreas de conhecimento: O Gerenciamento do Escopo
do Projeto e o Gerenciamento da Comunicação.
-Transparência: Este pilar garante que tudo o que afeta o resultado deva ser
visível e conhecido por aqueles que gerenciam os resultados.
acordo com a sua data de entrega. O Sprint Backlog será considerado uma entrega do projeto,
devendo estar definido no planejamento do cronograma do mesmo.
O Scrum Master não necessita ser o gerente de projetos nestes casos, podendo
ser um membro do time de execução do produto ou alguém que tenha as habilidades e
competências necessárias para exercer esta função. O Product owner será um representante do
cliente, conforme acontece no Scrum tradicional.
Esta fase serve em muitos casos para revisar a visão do projeto com os seus
objetivos, refazer o processo de especulação e novamente explorar e adaptar o que foi revisto.
Este processo nos leva a um ciclo iterativo incremental entre as fases de Envisionamento,
Especulação, Exploração e Adaptação até o projeto ser concluído. Este processo é necessário
devido à característica dos projetos, pois em muitos deles, como mencionado anteriormente,
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Considerações Finais
Entretanto, muitas vezes, mesmo com atitude ágil, há outro problema que
implica na inviabilidade do emprego de métodos ágeis, que é o contrato para a construção do
produto.
Este artigo não tem por foco falar de contratos, entretanto, um contrato de
escopo e custo fixos para a elaboração de um novo produto, para o qual ainda não se possui
conhecimento de todos os requisitos do produto, inviabiliza o emprego de muitos dos itens
que implicam na agilidade do gerenciamento do projeto.
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Referências
(SCRUM, 2009) Schwaber, Ken. Guia do SCRUM. Trad. Heitor Roriz Filho, Michel
Goldenberg, Rafael Sabbagh. Dísponivel em: http://www.scrum.org/scrumguides/
(Amaral, 2004) Amaral, J.A.A Modelos para gestão de projetos: como utilizar
adequadamente conceitos, ferramentas e tecnologias. São Paulo: Scortecci, 2004.