Anda di halaman 1dari 8

artigo convidado

Carvalho PGB; Machado CMM; Moretti CL; Fonseca, ME N. 2006. Hortaliças como alimentos funcionais. Horticultura Brasileira 24: 397-404.

Hortaliças como alimentos funcionais


Patrícia G B de Carvalho; Cristina Maria M Machado; Celso Luiz Moretti; Maria Esther de N Fonseca
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70359-970 Brasília- DF; E-mail: patricia@cnph.embrapa.br

RESUMO ABSTRACT
Embora remonte às origens da civilização, a relação entre ali- Vegetable crops as functional food
mentação e saúde nunca foi tão estreita quanto nos dias de hoje. Although a very old concept, the relationship between food and
Dietas ricas em gordura, sal e açúcar e pobres em carboidratos health has never been as close as it is today. Diets rich in fat, salt, and
complexos, vitaminas e minerais, aliadas a um estilo de vida mais sugar and poor in complex carbohydrates, vitamins, and minerals in
sedentário, são responsáveis pelo aumento de doenças ligadas à association with a more sedentary lifestyle, are responsible for an
dieta, tais como obesidade, diabetes, problemas cardiovasculares, increase in diet-related diseases such as obesity, diabetes,
hipertensão, osteoporose e câncer. Há muito tempo acredita-se cardiovascular problems, hypertension, osteoporosis, and cancer. It is
que o consumo de frutas e hortaliças auxilia na prevenção destas believed that the ingestion of fruits and vegetables helps in the
doenças. As hortaliças são um importante componente da dieta, prevention of these diseases. Vegetables are an important component
sendo tradicionalmente servidas junto com um alimento protéico of the diet, usually in association with protein- and starch-rich foods.
e um carboidrato. Elas fornecem não apenas variedade de cor e They are responsible not only for adding variety of color and texture
textura às refeições, mas também nutrientes importantes. As hor- to meals, but also for providing important nutrients. Vegetables are
taliças têm pouca gordura e calorias, relativamente pouca proteí- low fat and low calorie foods, with relatively small amounts of protein,
na, mas são ricas em carboidratos e fibras e fornecem níveis sig- but they are rich in carbohydrates and fibers and add significant
nificativos de micronutrientes à dieta. Além disso, elas possuem amounts of micronutrients to the human diet. They are also a source
compostos funcionais, que beneficiam uma ou mais funções or- of functional substances, which might benefit one or more
gânicas, além da nutrição básica, contribuindo para melhorar o physiological functions in the body, besides adequate nutritional effects.
estado de saúde e bem-estar e/ou reduzir o risco de doenças. O Functional elements might play a role in improving health and well-
desenvolvimento de cultivares mais ricas nestes compostos tem being, as well as reducing the risk of the onset of diet-related diseases.
se consolidado como um dos principais focos dos modernos pro- The development of vegetable cultivars with greater amounts of these
gramas de melhoramento genético de hortaliças. Vários destes substances is one of the main goals of modern breeding programs.
programas, trabalhando com diferentes hortaliças, estão em anda- Many of these programs, working on different vegetables, are currently
mento no Brasil e no mundo visando aumentar os teores e diversi- underway in Brazil and other countries, aiming to improve the amount
ficar os tipos de carotenóides presentes na dieta. Neste trabalho and variety of carotenoids present in the diet. In the present paper, the
são discutidos os principais aspectos relacionados às hortaliças main aspects of vegetable crops as functional foods are discussed.
como alimentos funcionais, bem como são detalhados os princi- The most important achievements of tomato and carrot breeding
pais avanços obtidos nesta área no melhoramento de cenoura e programs in Brazil aiming to improve the amount and types of
tomate no Brasil. functional compounds are also presented.

Palavras-chave: hortaliças, compostos funcionais, carotenóides, Keywords: vegetables, functional substances, carotenes, plant
melhoramento genético. breeding.

(Recebido para publicação em 6 de junho de 2006; aceito em 21 de dezembro de 2006)

A urbanização, a industrialização e
a globalização exerceram uma
grande influência sobre o estilo de vida,
nal” (Lajolo, 2002), sobrecarrega o sis-
tema de saúde com uma demanda cres-
cente de atendimento a doenças crôni-
água. Dietas ricas em gordura, princi-
palmente gordura saturada e colesterol,
sal e açúcar e pobres em carboidratos
a dieta e, consequentemente, o estado cas relacionadas à má alimentação. No complexos, vitaminas e minerais, alia-
nutricional dos latino-americanos. Ao Brasil, verificou-se, ainda, um aumento das a um estilo de vida mais sedentário,
mesmo tempo em que ocorreu uma di- no número de óbitos decorrentes de são responsáveis pelo aumento das
minuição da subnutrição nas regiões me- doenças crônico-degenerativas (Anuá- doenças ligadas à dieta, tais como obe-
tropolitanas, houve uma alteração no rio Estatístico de Saúde do Brasil, 2001). sidade, diabetes, problemas
estilo de vida, com a adoção de dietas Embora remonte às origens da civi- cardiovasculares, hipertensão,
inadequadas e redução da atividade fí- lização, a relação entre alimentação e osteoporose e câncer. Há muito tempo
sica. Como resultado, doenças decorren- saúde nunca foi tão estreita quanto nos acredita-se que o consumo de frutas e
tes tanto da deficiência, quanto do ex- dias de hoje. Uma recomendação de hortaliças auxilia na prevenção destas
cesso de nutrientes, tornaram-se impor- “alimentação ideal” deve conter doses doenças.
tantes problemas de saúde pública. Este balanceadas de proteínas, carboidratos, A diabetes e alguns tipos de câncer,
quadro, chamado de “transição nutricio- gorduras, fibras, vitaminas, minerais e duas das doenças mais temidas hoje pe-

Hortic. bras., v. 24, n. 4, out.-dez. 2006 397


PGB Carvalho et al.

las dificuldades terapêuticas que apre- • um alimento do qual um compo- pletarem a digestão (Fernandez et al.,
sentam e pelo alto índice de mortalida- nente foi removido; 1993). As paredes celulares das hortali-
de que provocam, podem ser evitados ças, compostas principalmente por ce-
com uma dieta rica em frutas e hortali-
• um alimento no qual a natureza
lulose, hemicelulose, pectinas, proteínas
de um ou mais componentes foi modi-
ças e pobre em gorduras e carnes. Mais e polifenóis, são a principal fonte de fi-
ficada;
de 200 estudos epidemiológicos foram bras dietéticas. As fibras não são
realizados em todo o mundo para inves- • um alimento no qual a digeridas ou absorvidas no intestino
tigar o papel das hortaliças no risco de biodisponibilidade de um ou mais com- delgado, mas são fermentadas por bac-
desenvolvimento de câncer. Na maior ponentes foi modificada. térias presentes no cólon (intestino gros-
parte destes estudos, o consumo de uma Deve ser enfatizado que, devido a so), produzindo ácido lático e ácidos
ampla variedade de hortaliças é um de- diferenças genéticas, um alimento fun- graxos de cadeia curta como os ácidos
nominador comum entre grupos de bai- cional não será necessariamente funcio- acético, propiônico e butírico, que po-
xo risco (Potter, 2000). Baseado nestes nal para todos os membros de uma po- dem reduzir o colesterol circulante no
estudos, o Instituto Americano de Pes- pulação (Kok, 1999). Ressalta-se ainda, sangue. O consumo adequado de fibras
quisa do Câncer (AICR) recomenda o que não existe uma recomendação de previne a prisão de ventre e as
consumo de uma dieta rica em hortali- dose mínima de ingestão diária de com- hemorróidas e pode auxiliar na preven-
ças e frutas variadas, preferencialmente postos com propriedades funcionais. ção da obesidade, diabetes, câncer de
cruas, para reduzir de 60% a 70% o ris- Hortaliças: Alimentos funcionais cólon, úlceras e doenças coronarianas
co de desenvolver alguma forma de cân- (Vilas Boas, 1999).
Estudos epidemiológicos conduzi-
cer (American Institute of Cancer Muitas organizações de saúde suge-
dos em animais mostraram que deter-
Research, 2006). O mesmo é verdade rem a ingestão de 20 a 35 g de fibras ao
minados componentes das frutas e hor-
para a diabetes, cujo tratamento inclui a dia, mas não existe uma recomendação
taliças são capazes de prevenir o câncer
restrição da ingestão de alimentos ricos de ingestão oficial. O consumo excessi-
e doenças coronarianas diretamente ou
em açúcar, gordura e álcool, substituin- vo de fontes isoladas de fibra pode im-
via interações complexas com os pro-
do-os por frutas, cereais integrais, grãos, pedir a absorção de nutrientes importan-
cessos metabólicos e moleculares do
lacticínios desnatados e hortaliças tes, podendo levar até à obstrução in-
corpo. Estes estudos levaram a Agência
(Mahan & Escott-Stump, 1998). testinal (Mahan & Escott-Stump, 1998).
de Alimentos e Drogas dos Estados
Assim, o papel da nutrição hoje vai Unidos (FDA) a aprovar a alegação de O amido é um carboidrato comple-
além da ênfase sobre a importância de que tais alimentos são benéficos à saú- xo formado por unidades de glicose e
uma dieta balanceada. Ela deve almejar constituído de duas frações: amilose e
de. Segundo o ADA Reports (1999), a
a otimização da nutrição, com o objeti- amilopectina (Eliasson et al., 1981). No
ingestão recomendada de frutas e hor-
vo de maximizar as funções fisiológi- início dos anos 80, foi descoberto que
taliças é de cinco a nove porções (xíca-
cas e garantir o aumento da saúde e bem- uma parte do amido dietético não era
ra, unidade ou fatia média) por dia.
estar e a redução do risco de doenças digerida e absorvida no intestino delga-
(Roberfroid, 2002). As hortaliças são um importante
do (Anderson et al., 1981. Stephen et
componente da dieta, sendo tradicional-
Alimentos funcionais al., 1983). Esta parte foi chamada de
mente servidas junto com um alimento
Apesar do termo “alimento funcio- amido resistente. Entre 7 a 10% do ami-
protéico (carne ou peixe) e um
nal” ter sido introduzido pelo Japão na do de trigo, aveia e batata e 20% do de
carboidrato (massa ou arroz). Elas for-
década de 1980, até hoje não existe uma feijão cozido podem chegar ao cólon,
necem não apenas variedade de cor e
definição universalmente aceita. Uma onde são fermentados pela microflora e
textura às refeições, mas também nu-
das definições mais completas descre- convertidos em ácidos graxos de cadeia
trientes importantes. As hortaliças têm curta. O amido resistente aumenta a ab-
ve os alimentos funcionais como sendo
aqueles que beneficiam uma ou mais pouca gordura e calorias, relativamente sorção de Ca, Mg, Fe, Zn e Cu e reduz o
funções orgânicas, além da nutrição bá- pouca proteína, mas são ricas em colesterol e os triglicerídeos
sica, contribuindo para melhorar o esta- carboidratos e fibras e fornecem níveis plasmáticos, além de auxiliar na preven-
do de saúde e bem-estar e/ou reduzir o significativos de micronutrientes à die- ção do câncer de cólon.
risco de doenças. Os alimentos funcio- ta (Favell, 1998). Além disso, as horta-
A inulina é um carboidrato comple-
nais devem ser alimentos e não pílulas, liças possuem uma variada gama de
xo, pertencente à classe das frutanas,
cápsulas ou qualquer forma de suple- compostos funcionais (Tabela 1).
encontrado em raízes de chicória, alho
mento e devem ser eficazes em quanti- Compostos funcionais presentes e cebola. Ela apresenta as mesmas pro-
dades normalmente consumidas em uma nas hortaliças priedades das fibras solúveis, tais como
dieta padrão (Diplock et al., 1999). As- Fibras, Amido Resistente e Inulina a habilidade de reduzir os lipídeos
sim, de acordo com Roberfroid (2002), Fibra alimentar é o componente do circulantes e estabilizar a glicose
um alimento funcional pode ser: alimento que não é digerido pelo homem sangüínea (Causey et al., 2000). Além
• um alimento natural; devido à ausência de enzimas específi- disso, a inulina é um agente pré-biótico,
• um alimento ao qual um compo- cas ou à incapacidade das enzimas pre- influenciando positivamente a compo-
nente foi adicionado; sentes no trato gastrointestinal de com- sição microbiana do trato

398 Hortic. bras., v. 24, n. 4, out.-dez. 2006


Hortaliças como alimentos funcionais

gastrointestinal. O consumo de inulina Tabela 1: Substâncias funcionais presentes em hortaliças. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006.
aumenta significativamente a absorção
de cálcio em meninas (Griffin et al.,
2003).
Antioxidantes: Carotenóides, Vi-
tamina C e Polifenóis
Uma das principais teorias que ex-
plicam o poder curativo e preventivo dos
alimentos baseia-se na presença de
antioxidantes. Muitos de nossos proble-
mas de saúde devem-se à ação de for-
mas tóxicas do oxigênio (oxidantes) res-
ponsáveis por processos de oxidação
que atuam na obstrução das artérias,
transformação das células em células
cancerosas, ocasionam problemas nas
articulações e mau funcionamento do
sistema nervoso, além de estarem as-
sociadas ao envelhecimento (Carper,
1995). Os oxidantes derivam de proces-
sos metabólicos normais, como a respira-
ção, ou são oriundos do ambiente
(poluentes do ar, pesticidas, fumo, drogas).
Eles assumem várias formas e aspectos,
sendo a mais comum a dos radicais livres.
Em pequena quantidade, os oxidantes são
importantes na renovação das membranas
celulares, na resposta inflamatória e no
combate a microorganismos. Porém,
quando em excesso, podem atacar o DNA
das células, provocando mutações. Tam-
bém atacam as moléculas de gordura que
compõem as membranas celulares, des-
truindo a sua estrutura (Carper, 1995).
Acredita-se que estes processos são os
eventos iniciais da patogenia de doenças
tais como câncer, doenças
cardiovasculares e degeneração celular no
processo de envelhecimento.
O organismo dispõe de sistemas de
defesa enzimáticos específicos, presen- Fontes: Carper, 1995; Junqueira & Peetz, 2001.
tes nos locais de produção dos radicais
livres, além de antioxidantes, substân-
cias capazes de neutralizar os oxidantes, Carotenóides são uma classe de pig- animal. Sua deficiência é um problema
que mantêm os mesmos em concentra- mentos amarelo-alaranjado-vermelhos sério de saúde pública, sendo a maior
ções muito baixas. Além dos distribuídos em várias frutas, hortaliças, causa de mortalidade infantil em países
antioxidantes endógenos, próprios do temperos e ervas (Mangels et al., 1993). em desenvolvimento. Uma deficiência
corpo, existem substâncias obtidas da De várias centenas de carotenóides que prolongada pode produzir alterações na
alimentação que ajudam a combater a ocorrem naturalmente, apenas 50 têm pele, cegueira noturna, ulcerações na
formação e ação dos radicais livres. Os atividade biológica significativa. Uma córnea que podem levar à cegueira, dis-
antioxidantes exógenos são importante função de alguns carotenóides túrbios de crescimento e dificuldade de
fitoquímicos, vitaminas e minerais que é o seu papel como precursores de vita- aprendizado na infância (WHO/
atuam atrasando ou inibindo o início ou mina A, podendo ser agrupados em dois UNICEF, 1995). Por outro lado, a vita-
a propagação das reações de oxidação grupos: com e sem atividade de pró-vi- mina A em excesso é tóxica, podendo
em cadeia que levam ao dano celular. tamina A (Thane & Reddy,1997). causar má formação congênita se
As frutas e hortaliças são ricas nestes A vitamina A pré-formada é encon- ingerida em excesso durante a gravidez
compostos (Ames et al., 1993). trada apenas em alimentos de origem e doenças ósseas em portadores de de-

Hortic. bras., v. 24, n. 4, out.-dez. 2006 399


PGB Carvalho et al.

ficiência renal crônica. Os carotenóides nitrosaminas e fortalecimento do siste- comum. Ela resulta em baixo crescimen-
são convertidos em vitamina A, à medi- ma imunológico. Como antioxidante, to, anemia megaloblástica (má forma-
da que o organismo necessita, com graus reduz o risco de aterosclerose, doenças ção dos glóbulos vermelhos), elevados
variáveis de eficiência. As formas de cardiovasculares e algumas formas de níveis de homocisteína circulante e ris-
caroteno pró-vitamina A são encontra- câncer (Lee & Kader, 2000). co aumentado de doenças coronarianas.
das nas hortaliças folhosas verde-escu- A vitamina C está presente em di- O teor de homocisteína é um fator de
ras e nas amarelo-alaranjadas. Cores versas frutas e hortaliças como acerola, risco independente, não relacionado ao
mais escuras estão associadas a maio- frutos cítricos, goiaba, morangos, colesterol, hipertensão ou diabetes
res teores de pró-vitamina (Mahan & brócolos, couve-flor, espinafre, pimen- (Homocysteine Lowering Trialists’
Escott-Stump, 1998). O beta-caroteno é ta, pimentão e repolho, dentre outros. Collaboration, 1998).
o carotenóide pró-vitamina A mais ati- Muitos fatores pré e pós-colheita A ingestão diária recomendada
vo. Ele é um pigmento laranja termolábil, influenciam a sua concentração, desde (IDR) para o folato é de 3mg por kg de
sensível à luz e ao oxigênio, e que está a cultivar utilizada até condições climá- massa corpórea. As ingestões dietéticas
associado à proteção contra doenças car- ticas, práticas de plantio, método de co- adicionais recomendadas para o perío-
díacas e câncer. Um estudo realizado na lheita e processamento (Lee & Kader, do pré-concepção, gestação e lactação
Universidade do Estado de Nova York, 2000). não são facilmente atingidas sem
em Buffalo, mostrou que o consumo de Polifenóis suplementação. O folato é amplamente
hortaliças ricas em beta-caroteno, mais encontrado nos alimentos. As melhores
Os polifenóis são os antioxidantes
de uma vez por semana, diminui signifi- fontes são fígado, feijão, hortaliças de
mais abundantes da dieta. Esta classe
cativamente o risco de câncer pulmonar folhas verde-escuras, principalmente
compreende uma diversidade de com-
em relação ao risco dos indivíduos que aspargo, brócolos e espinafre, e frutas
postos, dentre eles flavonóides (berin-
não consomem hortaliças (Carper, 1995). como abacate, laranja, morango e toma-
jela, morango), flavinóides (batata, re-
O licopeno é um pigmento verme- polho branco), ácidos fenólicos, te. Entre 25 e 50% do folato da dieta é
lho que ocorre naturalmente apenas em cumarinas, taninos e lignina. Eles parti- nutricionalmente disponível. De 50 a
tecidos de hortaliças e algas. Ele é en- cipam dos processos metabólicos res- 95% é perdido durante o processamento
contrado em elevada concentração em ponsáveis pela cor, adstringência e aro- e o preparo doméstico do alimento, prin-
tomate e seus produtos derivados, sen- ma dos alimentos. Todos possuem pro- cipalmente em altas temperaturas. Uma
do o antioxidante mais eficiente dentre priedades anti-carcinogênicas, anti-in- perda considerável ocorre durante o
todos os carotenóides testados – o do- flamatórias e anti-alérgicas. armazenamento de hortaliças à tempe-
bro da atividade do beta-caroteno ratura ambiente. Assim, recomenda-se
Subclasse dos fenóis, exercem efei-
(Clinton, 1998; Shi et al., 1999). Estu- o consumo de hortaliças frescas e cruas
tos sobre várias enzimas metabólicas e ou pouco cozidas. O álcool interfere na
dos mostram que o licopeno na dieta está
de sinalização, atuando contra radicais sua absorção e/ou aumenta a sua
relacionado à redução da incidência de
livres, processos inflamatórios, alergi- excreção. O folato é destruído por dro-
certos tipos de câncer e o seu nível no
as, agregação plaquetária, úlceras, vírus, gas, anticoncepcionais e cafeína.
tecido adiposo foi relacionado à redu-
ção do risco de ataque cardíaco. A tumores e hepatotoxinas. Há evidênci-
Selênio
luteína e a zeaxantina são carotenóides as que seu consumo regular reduz o ris-
co de morte por doenças coronarianas. O selênio é um mineral-traço essen-
armazenados em nosso organismo na cial, ou seja, o organismo necessita dele
retina e na lente do olho, relacionados à Está presente na maioria das espécies
em quantidades mínimas, tornando-se
redução do risco de catarata e de dege- (Dillard & German, 2000).
tóxico em altas doses. Deficiências de
neração macular. Ambas estão presen- Outras formas de ação selênio ocorrem na maioria dos animais
tes em hortaliças folhosas de coloração As substâncias funcionais não são de sangue quente, gerando catarata,
verde e verde escura, como brócolos, todas antioxidantes. Elas também po- distrofia muscular, depressão, necrose
couve-de-Bruxelas, espinafre e salsa dem proteger o organismo por meio de do fígado, infertilidade, doenças cardía-
(Thane & Reddy, 1997). outros mecanismos, tais como: indução cas e câncer (Hendler, 1994).
Vitamina C ou inibição de enzimas; remoção de Este mineral oferece proteção con-
O ácido ascórbico (vitamina C) é o metabólitos reativos; e indução da tra doenças crônicas associadas ao en-
micronutriente mais associado a frutas apoptose (morte celular) (Dragsted et velhecimento, como aterosclerose
e hortaliças, que fornecem mais de 90% al., 1997). (doenças das artérias coronarianas,
desta vitamina à dieta humana. A vita- Ácido Fólico cerebrovascular e vascular periférica),
mina C é necessária à prevenção do O ácido fólico ou folato, vitamina câncer, artrite, cirrose e efisema. Está
escorbuto e manutenção da saúde da pertencente ao complexo B (vitamina presente, entre outros alimentos, em
pele, gengivas e vasos sangüíneos. Tam- B9), participa do metabolismo dos brócolos, couve, aipo, pepino, cebola,
bém possui diversas funções biológicas aminoácidos e da síntese dos ácidos alho e rabanete (Hendler, 1994).
na formação de colágeno, absorção de nucléicos. É essencial para a formação Glicosinolatos
ferro inorgânico, redução do nível de das células do sangue. A deficiência de Os glicosinolatos formam um gran-
colesterol, inibição da formação de folato pode ser a hipovitaminose mais de grupo de glicosídeos sulfurados. Eles

400 Hortic. bras., v. 24, n. 4, out.-dez. 2006


Hortaliças como alimentos funcionais

podem ser produzidos ou perdidos pe- A na dieta humana em várias regiões do cor variando de branca a laranja) são
las hortaliças durante o armazenamento. mundo, por ser uma das poucas plantas características controladas por pelo me-
O processamento pode degradar os capazes de acumular alfa e beta- nos três genes distintos. Os graus de in-
glicosinolatos, porém a inativação caroteno, as duas formas principais de tensidade da cor laranja têm herança do
enzimática pelo calor os preserva pró-vitamina A (Simon & Wolff, 1987). tipo poligênica (Buishand & Gabelman,
(Johnson, 2002). A presença destes pigmentos também 1979). Ganhos progressivos observados
Indóis: Estimulam a produção de confere qualidade visual, o que acentua para carotenóides totais indicam que a
enzimas que inibem a atividade do ainda mais a atenção que os carotenóides variabilidade genética para esta carac-
estrogênio. Dessa forma, reduzem o ris- têm recebido nos programas de melho- terística não está ainda totalmente es-
co de cânceres dependentes do ramento genético. Os trabalhos pionei- gotada (Simon et al., 1985; 1989). Para
estrogênio (câncer de mama e de úte- ros visando aumentar os teores de auxiliar os programas de melhoramen-
ro). Estão presentes em brócolos, cou- carotenóides em cenoura, via cultivares to, métodos mais objetivos de avaliação
ve-flor, mostarda e repolho. melhoradas, foram iniciados na década de coloração têm sido empregados, in-
Isotiocianatos: Presentes em de 1960 na Universidade de Wisconsin, cluindo avaliações espectrofotométricas
brássicas como couve-de-Bruxelas, cou- EUA (Laferriere & Gabelman, 1968; (Baranska et al., 2005; Geoffriau et al.,
ve-flor, nabo e repolho. Inibem o meta- Umiel & Gabelman, 1971; Buishand & 2005; Surles et al., 2004). Para a acu-
bolismo e o ataque ao DNA de várias Gabelman, 1979). Este programa apre- mulação de antocianina, um gene domi-
nitrosaminas (substâncias sentou, como característica primordial, nante, denominado P1, confere à raiz a
carcinogênicas). Em experimentos fei- o permanente contato com empresas coloração roxa. Um segundo gene, de-
tos com ratos e camundongos, estes produtoras de semente e agroindústrias. nominado P2, causa pigmentação roxa
compostos inibiram tumores de pulmão Como resultado, os teores de alfa e beta- nas partes aéreas da planta (Simon,
e esôfago (Stoner, 1995). caroteno nas cultivares americanas au- 1996).
mentaram em torno de 70% entre os anos Marcadores moleculares ligados a
Sulforafane: Presente principal-
de 1970 e 1992 (Simon, 1992). Além dis- genes que controlam teores de com-
mente no brócolos, têm ação bactericida
so, as cultivares derivadas destes progra- postos funcionais em cenoura
contra a Helicobacter pylori, causadora
mas permitiram que a agroindústria da O controle genético para acúmulo de
de úlcera e câncer de estômago.
Califórnia desenvolvesse novas classes pigmentos amarelos e vermelhos foi
O melhoramento genético como de produto, as chamadas baby carrots ou
ferramenta para aumentar teores de estudado por Buishand & Gabelman
mini-cenouras, que se tornaram imedia- (1979). Foram descritos sete genes
compostos funcionais em hortaliças tamente populares. Devido a estes novos controlando os caracteres de coloração
O desenvolvimento de cultivares tipos de produto, o consumo per capita laranja, branca, amarela e vermelha.
mais ricas em compostos funcionais as- de cenoura nos Estados Unidos aumen- Mais recentemente, os genes Y e Y2, que
sociados à prevenção de doenças tem se tou consideravelmente, sendo que gran- controlam coloração laranja uniforme de
consolidado como um dos principais fo- de parte deste incremento deveu-se a um xilema e floema, foram mapeados e um
cos dos modernos programas de melho- maior consumo por crianças. marcador do tipo SCAR foi desenvol-
ramento genético de hortaliças. Esta es- Cenouras de coloração atípica vido para Y2 (Bradeen & Simon, 1998).
tratégia tem sido subsidiada por dados de (não-alaranjadas) Vinte QTL associados ao acúmulo de
pesquisas médicas e epidemiológicas O recente interesse comercial por diferentes pigmentos carotenóides fo-
que, de maneira consistente, associam a cenouras de cores pouco usuais tem ram localizados no mapa genético de
quantidade ingerida de alguns compos- ocasionado uma demanda por estudos cenoura (Santos & Simon, 2002). Di-
tos funcionais bem caracterizados, como sobre o controle genético visando sub- versos genes da via biossintética dos
é o caso de carotenóides, e seus efeitos sidiar os programas de melhoramento carotenóides já foram isolados e pode-
preventivos na saúde humana. Desta for- deste grupo varietal. Cenouras brancas rão servir, em um futuro próximo, como
ma, vários programas de melhoramento acumulam fitoeno (Fonseca, 2000), en- genes candidatos em seleção assistida
genético, trabalhando com diferentes quanto as roxas acumulam os por marcadores (Fonseca, 2000; Just et
hortaliças, estão em andamento no Bra- flavonóides antocianinas (Simon, 1996; al., 2006).
sil e no mundo visando, via cultivares Kurilich et al., 2005). As colorações Análise genômica de compostos
melhoradas geneticamente, aumentar os amarelada e vermelha são conferidas à funcionais em cenoura
teores e diversificar os tipos de raiz pela presença dos pigmentos O melhoramento para a quantidade
carotenóides presentes na dieta de adul- antioxidantes luteína e licopeno, respec- e tipo de carotenóides em raízes
tos e crianças. Neste trabalho são deta- tivamente (Umiel & Gabelman, 1971; acumuladoras é uma área pouco explo-
lhados os principais avanços obtidos no Buishand & Gabelman, 1979; Molldrem rada e a cooperação entre melhoramen-
melhoramento para atributos funcionais et al., 2004; Surles et al., 2004). to clássico e molecular pode se mostrar
de cenoura e tomate no Brasil. Controle genético do acúmulo de bastante produtiva. A via biossintética
Melhoramento de cenoura pigmentos carotenóides em cenoura dos carotenóides é uma das vias bioquí-
Estudos de herança indicam que a micas mais bem caracterizadas em plan-
A cenoura (Daucus carota L.) é a
quantidade e o tipo de carotenóides (com tas, com vários genes já clonados e
mais importante fonte de pró-vitamina

Hortic. bras., v. 24, n. 4, out.-dez. 2006 401


PGB Carvalho et al.

sequenciados (Cunningham & Gantt, ao longo do desenvolvimento destas sumo in natura e 35% ao processamento
1998), inclusive em cenoura (Fonseca, cultivares, com os teores médios de industrial. Na agroindústria existe uma
2000; Just et al., 2006). No entanto, com carotenóides sendo praticamente duplica- demanda por itens processados de maior
algumas exceções (Thorup et al., 2000), dos desde a cultivar Brasília (70 µg g-1), valor agregado que combinem aroma,
o conhecimento destes genes ainda não passando pela cultivar Alvorada (110 µg sabor e elevada pigmentação vermelha
tem sido amplamente utilizado para o g-1), até a cultivar Esplanada (153 µg g-1) de polpa (conferida pela presença de
melhoramento para conteúdo de (Fonseca et al., 2005). Estes ganhos fo- licopeno). A combinação destes fatores
carotenóides em culturas de importân- ram obtidos inicialmente via seleção é essencial para alavancar os produtos
cia econômica ou para o estudo da visual e, mais recentemente, com avalia- de derivados de tomate aos níveis de
regulação desta importante via metabó- ções espectrofotométricas e via qualidade necessários para atingir ni-
lica em plantas. Os impactos técnico- cromatografia líquida de alta eficiência chos de elevado padrão de exigência,
científicos destes estudos residem no (Vieira et al., 2005). Embora já apresen- tanto no mercado doméstico quanto no
fato de que estudos de genômica funcio- tem características agronômicas supe- exterior. Além do fator nutricional, tem
nal (variabilidade alélica e expressão riores, estas novas cultivares podem ain- sido demonstrado que teores de pigmen-
gênica) poderão ajudar os programas de da ser melhoradas uma vez que contêm tos carotenóides (tais como o licopeno)
melhoramento genético a desenvolver teores de pró-vitamina A relativamente estão fortemente relacionados a uma
estratégias mais efetivas para modificar reduzidos, quando comparadas a algu- melhor percepção visual dos produtos.
ou aumentar o conteúdo de carotenóides mas cultivares americanas, que podem Neste contexto, existe uma demanda da
em raízes e, teoricamente, também em atingir até 400 µg g-1 (Simon, 1992). parte de consumidores, varejistas e das
outros órgãos acumuladores. Melhoramento de tomate agroindústrias processadoras de polpa
Avanços no melhoramento da ce- O tomateiro (Lycopersicon de tomate no sentido de melhorar o teor
noura no Brasil esculentum Mill.) tem um papel relevan- de licopeno dos frutos das cultivares
A cultura da cenoura tem mostrado te na dieta humana. As principais fon- atualmente comercializadas, tanto para
um crescimento tanto em área quanto tes de licopeno na dieta humana são o consumo in natura quanto para
em produtividade e consumo no mundo fruto do tomate e seus derivados tais processamento.
inteiro (Rubatzky et al., 1999). Este fato como sucos, sopas, molhos e catchups Estratégicas genômicas aplicadas
deve-se, em grande parte, ao desenvol- (Rodriguez-Amaya, 2001). O fruto do ao melhoramento genético do toma-
vimento de novas cultivares com me- tomate, embora sendo relativamente teiro para maiores teores de compos-
lhor adaptação para novas fronteiras pobre em pró-vitamina A (beta- tos funcionais
agrícolas em regiões tropicais e caroteno), constitui-se na terceira fonte O tomateiro é considerado, no pon-
subtropicais. A Embrapa Hortaliças lan- desta substância na dieta humana devi- to de vista do melhoramento genético,
çou, na década de 1980, a cultivar do ao elevado consumo per capita de como uma planta modelo, apresentan-
Brasília com adaptação a regiões tropi- extratos e produtos processados deriva- do diversos mutantes para teor e tipo de
cais e resistência a várias doenças dos do tomate. O pigmento licopeno, carotenóides (Giordano et al., 2003).
foliares e ao nematóide-das-galhas que confere a típica cor vermelha do fru- Acessos carregando mutações de inte-
(Vieira et al., 1983). A utilização desta to maduro de tomate, pertence ao resse têm sido identificados em
cultivar mudou o cenário de produção subgrupo dos carotenóides não-oxige- germoplasma de espécies cultivadas e
de cenoura nos trópicos. Antes a produ- nados, sendo caracterizado por uma es- selvagens. A maioria dos genes da via
ção média de cenoura era de 11 t ha-1, trutura acíclica e simétrica contendo de carotenóides já está isolada em
sem produção comercial durante o ve- onze ligações duplas conjugadas (Rao, Lycopersicon (Carvalho et al., 2004).
rão devido a doenças foliares. O custo 2002). Devido à sua estrutura química, Além disso, primers para seqüências
de produção era elevado devido à fre- o licopeno figura como um dos melho- gênicas correspondendo aos genes co-
qüente aplicação de fungicidas. Após o res supressores biológicos de radicais dificando as enzimas fitoeno-sintase,
lançamento da cultivar Brasília, a pro- livres e mostrou-se como um dos fitoenodesaturase, IPP-sintase, GGPP-
dução média passou para, atualmente, antioxidantes mais eficientes (Rao et al., sintase, zeta-ciclase e beta-ciclase já es-
25 t ha-1, sem aplicação de fungicidas 1998; Rao & Agawal, 2000). Diferen- tão disponíveis (Carvalho et al., 2004).
durante a primavera. Além disso, esta tes estudos clínicos e epidemiológicos Na Embrapa Hortaliças, a diversidade
cultivar tolerante ao calor e resistente a têm associado dietas ricas em licopeno alélica para genes da via biossintética
doenças permite o cultivo por todo o ano a redução do risco de desenvolvimento dos carotenóides está sendo investigada
em todo o Brasil. de câncer de próstata e ovário, bem em linhagens e híbridos com teores e
No ano de 2000 a Embrapa Hortali- como a uma menor incidência de doen- tipos contrastantes de carotenóides.
ças lançou uma cultivar derivada da cul- ças degenerativas crônicas e Marcadores moleculares estão sendo
tivar Brasília, denominada Alvorada, cardiovasculares (Nguyen & Schwartz, gerados através de uma combinação das
mais rica em carotenóides. Em 2005 foi 1999; Cramer et al., 2001; Rao, 2002). técnicas de bibliotecas subtrativas com
liberada a cultivar Esplanada, visando A produção de tomate no Brasil é de materiais genéticos (linhagens e aces-
o processamento (Vieira et al., 2005). aproximadamente 3 milhões de tonela- sos) contrastantes, PCR-heterólogo e
Os ganhos genéticos foram constantes das ano-1, sendo 65% destinado ao con- sequenciamento. A co-segregação dos

402 Hortic. bras., v. 24, n. 4, out.-dez. 2006


Hortaliças como alimentos funcionais

segmentos genômicos carregando estes mo. Desta forma, híbridos que combi- AMES BN; SHIGENAGA MK; HAGEN TM.
1993. Oxidants, antioxidants and the
genes candidatos com algumas caracte- nem aspectos capazes de estimular po- degenerative diseases of aging. Proceedings
rísticas fenotípicas de acúmulo de pre- sitivamente os principais sentidos hu- of the National Academy of Sciences of the
cursores de vitamina A (especialmente manos envolvidos na degustação do to- United States of America 90: 7915-7922.
o beta-caroteno) e licopeno estão em mate, incluindo sensações tácteis (fir- ANDERSON IH; LEVINE AS; LEVITT MD.
1981. Incomplete absorption of the
andamento para alguns mutantes de co- meza, crocância da polpa e textura) e carbohydrate in all-purpose wheat flour. New
loração de fruto do banco de gustativas (teor de ácidos e açúcares England Journal of Medicine 304: 891-892.
germoplasma da Embrapa Hortaliças. balanceado), visuais (cor, formato e bri- ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE SAÚDE DO
Marcadores do tipo QTL ligados ao lho atrativos), aromáticos (compostos BRASIL. 2001. Disponível em http://
portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/
acúmulo de licopeno foram recentemen- voláteis), com aspectos agronômicos anuario2001/index.cfm. Acessado em 15 de
te localizados no mapa genético de to- favoráveis serão os grandes líderes em abril de 2005.
mate (Liu et al., 2003) e podem ser em- um mercado que apresenta crescentes BARANSKA M; SCHULZ H; BARANSKI R;
pregados em sistemas de seleção assis- níveis de exigência. NOTHNAGEL T; CHRISTENSEN LP. 2005.
In situ simultaneous analysis of polyacetylenes,
tida. Considerações finais carotenoids, and polysaccharides in carrot roots.
Avanços obtidos no programa de Nenhum alimento isolado deve ser Journal of Agricultural and Food Chemistry 53:
6565-6571.
melhoramento de tomate no Brasil ingerido em detrimento de outros para BRADEEN JM; SIMON PW. 1998. Conversion
Uma das tarefas dos programas de prevenir uma doença específica. Diferen- of an AFLP fragment linked to the carrot Y2
melhoramento genético é diversificar o tes alimentos fornecem diferentes subs- locus to a simple, codominant PCR-based
panorama varietal do tomateiro, tâncias vitais para a saúde. Portanto, uma marker form, Theoretical and Applied Genetics
97: 960-967.
disponibilizando aos consumidores cul- dieta alimentar variada é essencial. BUISHAND JD; GABELMAN WH. 1979.
tivares e híbridos que combinem fato- Apesar da qualidade nutricional das Investigations of color and carotenoid content
res nutricionais, principalmente o hortaliças, ricas em vitaminas, sais mi- in phloem and xylem of carrot roots (Daucus
licopeno, sabor e aroma. O desenvolvi- carota L.). Euphytica 28: 611-632.
nerais, fibras e fitoquímicos, as hortali-
mento, em larga escala, de cultivares CARPER J. Alimentos: o melhor remédio para a
ças ainda não fazem parte da dieta da boa saúde. 1995. Rio de Janeiro: Ed. Campus.
com teores mais elevados de fatores maioria dos brasileiros. Segundo dados 632p.
nutricionais, incluindo licopeno, tem da Pesquisa de Orçamentos Familiares CARVALHO W; ARAÚJO AH; GIORDANO LB;
sido um dos focos de programas de de 2002-2003 realizada pelo IBGE, o BOITEUX LS; SALES MP; FONSECA MEN.
melhoramento genético de tomate, in- 2004. Use of genes of the carotenoid
consumo per capita de hortaliças fres- biochemical pathway to evaluate genetic
clusive aquele desenvolvido na
cas nas principais regiões metropolita- diversity and species relationships in the genus
Embrapa Hortaliças, em especial a par- Lycopersicon. In: PROCEEDINGS OF THE
nas do país é, em média, de 29 kg ano-1
tir do ano 2000. A cultivar San Vito foi XXXIII BRAZILIAN BIOCHEMISTRY AND
(IBGE, 2003). Este quadro pode ser MOLECULAR BIOLOGY CONGRESS, 23.
um dos primeiros resultados destas
melhorado por meio da divulgação para Anais... Caxambu: SBBq (CD-ROM)
ações de pesquisa, representando o pri-
meiro híbrido F1 de tomate do segmen- o público consumidor das qualidades CAUSEY JL; FEIRTAG JM; GALLAHER DD;
destes alimentos. Incentivos para a pro- TUNGLAND BC; SLAVIN JL. 2000. Effects
to varietal Saladete totalmente desenvol- of dietary inulin on serum lipids, blood glucose
vido no Brasil. Para se obter uma ação dução e consumo de mais hortaliças em and the gastrointestinal environment in
de proteção contra câncer, estudos clí- uma dada comunidade permitiriam que hypercholesterolemic men. Nutrition Research
nicos têm recomendado um consumo alterações nos hábitos alimentares indi- 20: 191-201.
viduais fossem realizadas mais facil- CLINTON SK. 1998. Lycopene: chemistry,
diário entre 10-60 mg de licopeno. A biology, and implications for human health and
maioria dos tomates do tipo longa vida mente. Tal investimento seria funda- disease. Nutrition Reviews 56: 35-51.
apresenta, em média, 30 µg g-1 de fruto. mental na redução dos gastos da saúde CRAMER DW; KUPER H; HARLOW BL;
O tomate San Vito, por sua vez, apre- pública com doenças crônicas e TITUS-ERNSTOFF L. 2001. Carotenoids,
degenerativas. Além disso, o estabeleci- antioxidants, and ovarian cancer risk in pre-
senta quase o dobro deste valor (61 µg
and postmenopausal women. International
g-1) contribuindo, como parte de uma mento de programas de melhoramento Journal of Cancer 94: 128-134.
dieta variada, para suprir a ingestão diá- com foco no incremento do teor e tipos CUNNINGHAM FX; GANTT E. 1998. Genes
ria sugerida para o licopeno. O desafio de compostos funcionais pode contribuir and enzymes of carotenoid biosynthesis in
agora é incorporar a característica de de forma efetiva na melhoria do perfil plants. Annual Review of Plant Physiology and
Plant Molecular Biology 49:557-583.
elevados teores de licopeno em cultiva- nutricional da população brasileira.
DILLARD CJ; GERMAN JB. 2000.
res do tipo longa-vida. Phytochemicals: nutraceuticals and human
Perspectivas do melhoramento ge- REFERÊNCIAS health. Journal of the Science of Food and
Agriculture 80: 1744-1756.
nético do tomateiro para compostos
DIPLOCK AT; AGGETT PJ; ASHWELL M;
funcionais ADA REPORTS. 1999. Position of the American
BORNET F; FERN EB; ROBERFROID MB.
Dietatic Association: Fuctional Foods. Journal of
O estímulo a um consumo mais in- 1999. Scientific concepts of functional foods
the American Dietetic Association 99: 1278-1285. in Europe: consensus document. British
tenso de tomate enriquecido com AMERICAN INSTITUTE OF CANCER Journal of Nutrition 88: S1-S27 (Suppl. 1).
licopeno não depende apenas dos teo- RESEARCH. 2006, 27 de Junho. Healthy and DRAGSTED LO; STRUBE M; LETH T. 1997.
res do pigmento. Faz-se necessário que Wise - A guide to the simple lifestyle steps that Dietary levels of plant phenols and other non-
can help minimise your and your loved ones’ nutritive components: could they prevent
o tomate apresente atributos sensoriais
risk of cancer. Disponível em: http:// cancer? European Journal of Cancer
que motivem e intensifiquem o consu- www.aicr.org.uk/Docs/HealthyWise.pdf Prevention 6: 522-528.

Hortic. bras., v. 24, n. 4, out.-dez. 2006 403


PGB Carvalho et al.

ELIASSON AC; CARLSON TLG; LARSSON K; LAFERRIERE L; GABELMAN WH. 1968. SIMON PW. 1992. Genetic improvement of
MIEZIS Y. 1981. Some effects of starch lipids Inheritance of color, total carotenoids, alpha- vegetable carotene content. In: BILLS DD;
on the thermal and rheological properties of carotene, and beta-carotene in carrots, Daucus KUNG SD (eds). Biotechnology and
wheat starch. Starch/Stärke 33: 130-134. carota L. Proceedings of the American Society Nutrition: Proceedings of Third International
FAVELL DJ. 1998. A comparison of the vitamin for Horticultural Science 93: 408-418. Symposium. Londres: Butterworth-
C content of fresh and frozen vegetables. Food LAJOLO FM. 2002. Functional foods: Latin Heinemann. p. 291-300.
Chemistry 62: 59-64. American perspectives. British Journal of SIMON PW. 1996. Inheritance and expression of
FERNANDEZ S; PATTERSON AM; Nutrition 88: S145-S150 (Suppl. 2).
purple and yellow storage root color in carrot.
GONZÁLEZ C. 1993. Fibra dietária LEE SK; KADER AA. 2000. Pre-harvest and post- Journal of Heredity 87: 63-66.
(revisión). Nutrición Clínica 3: 121-129. harvest factors influencing vitamin C content
of horticultural crops. Postharvest Biology and SIMON PW; WOLFF XY. 1987. Carotenes in
FONSECA MEN. 2000. Cloning and expression
of carrot (Daucus carota L.) cDNAs coding for Technology 20: 207-220. typical and dark orange carrots. Journal of
enzymes of the carotenoid biosynthetic pathway LIU YS; GUR A; RONEN G; CAUSSE M; Agricultural and Food Chemistry 35: 1017-
in roots accumulating different types and DAMIDAUX R; BURET M; HIRSCHBERG 1022.
amounts of carotenoids. Madison: University J; ZAMIR D. 2003. There is more to tomato SIMON PW; WOLFF XY; PETERSON CE. 1985.
of Wisconsin. 251p (Tese doutorado). fruit color than candidate carotenoid genes. Selection of high carotene content in carrots.
FONSECA MEN; CARVALHO W; FEITOZA- Plant Biotechnology Journal 1: 195-207. HortScience 20: 586.
CUNHA J; SILVA PP; BOITEUX LS; VIEIRA MAHAN LK; ESCOTT-STUMP S. 1998. Krause: SIMON PW; WOLFF XY; PETERSON CE;
JV. 2005. Marcha de acumulação de luteína, alimentos, nutrição e dietoterapia. São Paulo: KAMMERLOHR DS; RUBATZKY VE;
alfa-caroteno e beta-caroteno em raízes de cul- Roca Ltda. 1179p. STRANDBERG JO; BASSET MJ; WHITE
tivares de cenoura em quatro épocas de co- MANGELS AR; HOLDEN JM; BEECHER GR; JM. 1989. High carotene mass carrot
lheita. Horticultura Brasileira 23: 336. FORMAN MR; LANZA E. 1993. Carotenoid population. HortScience 24: 174.
GEOFFRIAU E; DUBOIS C; GRANGER J; content of fruits and vegetables: an evaluation
STEPHEN AM; HADDAD AC; PHILLIPS SF.
BRIARD M. 2005. Characterization of carrot of analytic data. Journal of the American
1983. Passage of the carbohydrate into the
cultivars by spectrocolorimetry. Acta Dietetic Association 93: 284-96.
Horticultarae 682: 1419-1426. colon. Gastroenterology 85: 589-595.
MOLLDREM KL; JIALIANG LI; SIMON PW;
GIORDANO LB; ARAGÃO FAS; BOITEUX LS. TANUMIHARDJO SA. 2004. Lutein and ß- STONER GD. 1995. Dietary inhibitors of cancer:
2003. Melhoramento genético do tomateiro. carotene from lutein-containing yellow carrots phenethyll isothiocyanate as an example. In:
Informe Agropecuário 24: 43-57. are bioavailable in humans. American Journal GUSTINE DL; FLORES HL (eds). Rockville:
GRIFFIN IJ; HICKS PMD; HEANEY RP; of Clinical Nutrition 80:131-136. American Society of Plant Physiologists. p.78-
ABRAMS AS. 2003. Enriched chicory inulin NGUYEN ML; SCHWARTZ SJ. 1999. Lycopene: 86.
increases calcium absorption mainly in girls chemical and biological properties. Food SURLES RL; NING W; SIMON PW;
with lower calcium absorption. Nutrition Technology 53: 38-45. TANUMIHARDJO SA. 2004. Carotenoid
Research 23: 901-909. OU S; KWOK K; LI Y; FU L. 2001. In vitro study profiles and consumer sensory evaluation of
HENDLER SS. 1994. A enciclopédia de vitami- of possible role of dietary fiber in lowering specialty carrots (Daucus carota L.) of various
nas e minerais. Rio de Janeiro: Ed. Campus. postprandial serum glucose. Journal of colors. Journal of Agriculture and Food
576p. Agriculture and Food Chemistry 49: 1026-1029. Chemistry 52: 3417-3421.
HOMOCYSTEINE LOWERING POTTER JD. 2000. Your mother was right: eat THANE C; REDDY S. 1997. Processing of fruit
TRIALISTS’ COLLABORATION. 1998. your vegetables. Asia Pacific Journal of and vegetables: effect on carotenoids. Nutrition
Lowering blood homocysteine with folic acid Clinical Nutrition 9: S10-S12 (Suppl.). & Food Science 2: 58-65.
based supplements: meta-analysis of RAO AV. 2002. Lycopene, tomatoes, and the
randomised trials. BMJ 316: 894-898. THORUP TA; TANYOLAC B; LIVINGSTONE
prevention of coronary heart disease. Experi-
KD; POPOVSKI S; PARAN I; JAHN M.
IBGE-INSTITUTO BRASILEIRO DE GEO- mental Biology and Medicine 227: 908-913.
2000. Candidate gene analysis of organ
GRAFIA E ESTATÍSTICA. 2003. Disponível RAO AV; AGAWAL S. 2000. Role of antioxidant
em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/ pigmentation loci in the Solanaceae.
lycopene in cancer and heart disease. Journal of
populacao/condicaodevida/pof/2002/ Proceedings of the National Academy of
the American College of Nutrition 19: 563-569.
default.shtm. Acessado em 15 de abril de 2005. Sciences USA 97: 11192-11197.
RAO AV; WASEEM Z; AGAWAL S. 1998.
JOHNSON IT. 2002. Glucosinolates: Lycopene content of tomatoes and tomato UMIEL N; GABELMAN WH. 1971. Inheritance
bioavailability and importance to health. products and their contribution to dietary of root colour and carotene synthesis in carrot,
International Journal for Vitamin and lycopene. Food Research International 31: Daucus carota L. orange vs. red. Journal of
Nutrition Research 72: 26-31. 737-741. the American Society for Horticultural Science
JUNQUEIRA AH; PEETZ MS. 2001. Fome ocul- ROBERFROID MB. 2002. Global view on 97: 453-460.
ta. Agroanalysis 21: 8-12. functional foods: European perspectives. VIEIRA JV; SILVA JBC; CHARCHAR JM;
JUST BJ; SANTOS CAF; FONSECA MEN; British Journal of Nutrition 88: S133-S138 RESENDE FV; FONSECA MEN; CARVA-
BOITEUX LS; OLOIZIA BB; SIMON PW. (Suppl. 2). LHO AM; MACHADO CMM. 2005.
2006. Carotenoid biosynthesis structural genes RODRIGUEZ-AMAYA D. 2001. A guide to Esplanada: cultivar de cenoura de verão para
in carrot (Daucus carota): isolation, sequence- carotenoids analysis in food. Washington: fins de processamento. Horticultura Brasilei-
characterization, single nucleotide polymorphism International Life Sciences Institute Press. 64p. ra 23: 851-852.
(SNP) markers and genome mapping. RUBATZKY VE; QUIROS CF; SIMON PW. 1999. VIEIRA JV; DELLA-VECCHIA PT; IKUTA H.
Theoretical and Applied Genetics (in press) Carrots and related vegetable Umbelliferae. 1983. Cenoura ‘Brasilia’. Horticultura Brasi-
KOK FJ. 1999. Functional foods: relevance of genetic Wallingford: CABI Publishing. 294p. leira 1: 42.
susceptibility. In: PROCEEDINGS OF FORUM SANTOS CAF; SIMON PW. 2002. QTL analyses VILAS-BOAS EVB Alimentos e nutrientes. 1999.
ON FUNCTIONAL FOOD. Anais... Strasbourg: reveal clustered loci for accumulation of ma- Lavras: UFLA/FAEPE/DCA. 70p.
Council of Europe Publishers. p. 217-229. jor provitamin A carotenes and lycopene in (Monografia Pós-graduação Lato Sensu).
KURILICH AC; CLEVIDENCE BA; BRITZ SJ; carrot roots. Molecular Genetics and
WHO/UNICEF (World Health Organization/
SIMON PW; NOVOTNY JA. 2005. Plasma Genomics 268: 122-129.
United Nations International Children’s
and urine responses are lower for acylated vs. SHI J; MAGUER ML; KAKUDA Y; LIPTAY A;
Emergency Fund). 1995. Modelling maternal
nonacylated anthocyanins from raw and NIEKAMP F. 1999. Lycopene degradation and
isomerization in tomato dehydration. Food mortality in the developing countries. Geneva:
cooked purple carrots. Journal of Agricultural
Research International 32: 15-21. WHO/UNICEF. 32p.
and Food Chemistry 53: 6537-6542.

404 Hortic. bras., v. 24, n. 4, out.-dez. 2006

Anda mungkin juga menyukai