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Desde o século XVI, os edifícios nasceram no papel

Por isso, tantas idéias ficaram ocultas pelo caminho, engrossando a face oculta da
arquitetura, às vezes mais interessante do que a que finalmente foi posta de pé. “Desde
o século XVI, os edifícios nasceram no papel,e ao contar com um meio tão barato, os
arquitetos mudaram a sua maneira de trabalhar: desenhavam, na verdade, faziam
muitos rascunhos, explorando várias idéias. Depois de 300 anos de colecionismo, os
desenhos dos grandes autores provavelmente foram localizados em sua maior parte. Se
contarmos os projetos conhecidos, são muito mais numerosos que os edifícios
realizados. E a maioria, entretanto, são projetos frustrados”, comenta o professor
Lorda. Nesse campo há muitas propostas nascidas com o único objetivo de servir de
inspiração aos demais. É o caso de muitas cidades dos tratadistas do Renascimento. Na
sua obra Re aedificatoria1 (1485), León Battista Alberti plantava a idéia de se construir
ruas em curva para dar a sensação de grandeza e conseguir melhores efeitos visuais.
Nessa mesma linha de pensamento estava o florentino Filarei (1400 - 1469), que
imaginou uma cidade — Sforzinda, em honra ao seu protetor Francesco Sforza — com
forma de estrela, especificou até a decoração que teriam que ter as casas. Era a sua
resposta às desordenadas e insanas urbes medievais.

Tampouco pretendiam ir além dos desenhos — estes sim, esplêndidos — os ilustrados


franceses conhecidos como visionários quando se dedicavam a fundo aos seus conceitos
mais radicais. Étienne-Louis Boullée (1728-1799) defendia algo tão moderno como que a
arte de construir era também um artifício para solucionar problemas sociais. Ao
contemplar suas obras como o Cenotáfio de Newton,que parecia ter sido tirado de um
filme expressionista alemão, compreendemos que seja apontado como um dos
precursores da arquitetura moderna. A abstração e a simetria também guiavam a régua e
o esquadro de Claude Nicolás Ledoux (1736-1806), cujos projetos poderiam ser expostos
em um museu de arte contemporânea.

1
“Sobre a arte de construir”. Trata de normas e recomendações para a realização de projetos de edificações de vários
usos e de planejamento urbano.
Gravuras do cenotáfio de Newton2 — Esfera com 150 m de diâmetro

Gravuras do cenotáfio de Newton3, em corte

Com o advento da Revolução Industrial e das idéias socialistas, foi produzido um revival
das utopias, como aquelas concebidas pelos renascentistas, porém ainda mais

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Fonte: http://expositions.bnf.fr/boullee/images/grand/80.jpg
3
Fonte: http://expositions.bnf.fr/boullee/images/grand/82.jpg
ambiciosas. Tomemos como exemplo, a fantasia de King Camp Gillete, mais conhecido
por ter inventado a máquina descartável utilizada para fazer a barba. No seu livro The
human draft (1894)4 descreve uma cidade perto das Cataratas do Niágara com
exatamente 24000 edifícios de 25 andares cada, que abrigariam 60 milhões de
habitantes.

Gravura do prédio imaginado por King Gillette5

Na Espanha,houve também um representante dessas fantasias idealizadas, que quase


sempre terminaram entrando em choque com a realidade. Arturo Soria (1844-1920)
inventou a cidade linear como solução para os problemas de transporte e amontoamento
das grandes populações. No entanto, o que finalmente se materializou na rua madrilena
que leva o seu nome é um pálido reflexo do que foi sonhado por ele: uma única via
arborizada de 40 metros de largura no mínimo, atravessada na sua parte central por um
trem elétrico. As moradias unifamiliares deveriam ter 80 m² de superfície e 320 m² de
horta e jardim. Curiosamente, esta concepção igualitária terminaria por torna-se
realidade em Stalingrado, onde foi construída uma autêntica cidade linear ao longo do
curso do rio Volga.

4
Ver resumo em: http://www.library.cornell.edu/Reps/DOCS/gillette.htm
5
Fonte: http://cache.gawkerassets.com/assets/images/8/2010/07/500x_gillettebuildingexterior.jpg
Projeto para uma cidade linear6

No século XX, professores como Le Corbusier que deixou um legado de idéias malogradas
que mudariam substancialmente a fisionomia de Paris, Veneza ou Rio de Janeiro —
seguiram os passos de Artur Soria ou outros utopistas. Lamentavelmente, o século
passado também foi a idade de ouro das construções carregadas com propósitos
ideológicos.

Miers Van Der Rohe desenhou uma torre que foi muito copiada
posteriormente

Como escreve o crítico Deyan Sudjic em A arquitetura do poder, “por isso há tantas
fotos de Tony Blair, François Mitterrand, Winston Churchill e incontáveis chefes de
estado, arcebispos, presidentes de empresas e capitalistas multimilionários inclinados
sobre elaboradas maquetes arquitetônicas”.Muitas, por sorte, nunca se tornaram
públicas, por exemplo, a Germânia de Hitler ou o Palácio dos Sovietes, uma obra
inenarrável encomendada por Stalin nos anos 30. O seu perpetuador, Boris Iofan, estava
tão em sintonia com o patrocinador da obra que chegou a dizer: “são os comentários de
um gênio”, referindo-se às sugestões do líder comunista.

Outras idéias que ficaram no caminho mereciam ter tido sorte. Algumas, não obstante
eram tão poderosas que terminaram fecundando obras alheias. “Sempre houve projetos

6
Fonte: http://historias-matritenses.blogspot.com/2010/12/colegio-de-huerfanos-de-la-armada-ii.html
seminais como a torre de cristal de 1929 de Mies Van Der Rohe para a Friedrichstrasse
de Berlim, cuja imagem gerou milhares de arranha-céus do Estilo Internacional”, aponta
Manuel Blanco, catedrático da Escola de Arquitetura de Madri.

Também passaram despercebidas as propostas de Archigram, um grupo de arquitetos


londrinos que reagiram contra o racionalismo imperante. Suas referências iam da música
pop até os quadrinhos da Marvel. Um de seu membros, Peter Crook, declarou: “a comida
pré-cozida é mais importante que Palladio (arquiteto italiano)”. Da imaginação de outro
integrante do grupo, Ron Herron, surgiu a WalKing City, uma cidade à base de estruturas
móveis com aspecto de répteis mecânicos que permitiriam a seus habitantes mover-se
ao lugar desejado. No catálogo de arquitetura-ficção de Archigram também aparecia a
Instant City, uma metrópole voadora equipada com exposições, dispositivos áudio visuais
e outros serviços de ócio que levariam a emocionante experiência urbana aos povoados
ou pequenas cidades onde se instalaria temporariamente. Isto é uma cidade
instantânea.

Walking City7

Claro que os jovens arquitetos britânicos não pensavam que tais disparates pudessem ser
concretizados, mas sua influência pode ser encontrada em edifícios pouco convencionais
como o Museu Pompidou de Paris, obra de Renzo Piano e Richard Rogers.

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Fonte: http://www.vitruvius.com.br/media/images/magazines/grid_9/cd52_arq053-01-05.jpg
Foto do Centro Pompidou em Paris8

Por último, tem-se que fazer referência ao desejo dos seres humanos por alcançar o céu,
que registrou um fracasso adiantado com a bíblica Torre de Babel. Nos tempos atuais, e
apesar do temor desencadeado por conta do 11 de Setembro, continua-se tentando
bater os recordes de altura. A cifra mítica é o quilômetro a qual nenhum arranha-céu
construído ou em construção se aproximou. A torre Burj Dubai,o edifício mais alto do
mundo que foi inaugurado no início do ano de 2010 na cidade de Dubai — Emirados
Árabes Unidos —, alcança 828 metros.

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Fonte: http://artsandculture.ckdp.ca/wp-content/uploads/2009/11/pompidou1.jpg
Foto da torre Burj Dubai9

Baseado em artigo da revista Muy Interesante, Ano 25, número 300, out. 2010,
Argentina.
Traduzido por Nathalia Cardoso (5B ED)
Introdução e Revisão de texto por Patricia Ferreira.

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Fonte: http://www.worldgreatestsites.com/burj-dubai.htm

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