Por isso, tantas idéias ficaram ocultas pelo caminho, engrossando a face oculta da
arquitetura, às vezes mais interessante do que a que finalmente foi posta de pé. “Desde
o século XVI, os edifícios nasceram no papel,e ao contar com um meio tão barato, os
arquitetos mudaram a sua maneira de trabalhar: desenhavam, na verdade, faziam
muitos rascunhos, explorando várias idéias. Depois de 300 anos de colecionismo, os
desenhos dos grandes autores provavelmente foram localizados em sua maior parte. Se
contarmos os projetos conhecidos, são muito mais numerosos que os edifícios
realizados. E a maioria, entretanto, são projetos frustrados”, comenta o professor
Lorda. Nesse campo há muitas propostas nascidas com o único objetivo de servir de
inspiração aos demais. É o caso de muitas cidades dos tratadistas do Renascimento. Na
sua obra Re aedificatoria1 (1485), León Battista Alberti plantava a idéia de se construir
ruas em curva para dar a sensação de grandeza e conseguir melhores efeitos visuais.
Nessa mesma linha de pensamento estava o florentino Filarei (1400 - 1469), que
imaginou uma cidade — Sforzinda, em honra ao seu protetor Francesco Sforza — com
forma de estrela, especificou até a decoração que teriam que ter as casas. Era a sua
resposta às desordenadas e insanas urbes medievais.
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“Sobre a arte de construir”. Trata de normas e recomendações para a realização de projetos de edificações de vários
usos e de planejamento urbano.
Gravuras do cenotáfio de Newton2 — Esfera com 150 m de diâmetro
Com o advento da Revolução Industrial e das idéias socialistas, foi produzido um revival
das utopias, como aquelas concebidas pelos renascentistas, porém ainda mais
2
Fonte: http://expositions.bnf.fr/boullee/images/grand/80.jpg
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Fonte: http://expositions.bnf.fr/boullee/images/grand/82.jpg
ambiciosas. Tomemos como exemplo, a fantasia de King Camp Gillete, mais conhecido
por ter inventado a máquina descartável utilizada para fazer a barba. No seu livro The
human draft (1894)4 descreve uma cidade perto das Cataratas do Niágara com
exatamente 24000 edifícios de 25 andares cada, que abrigariam 60 milhões de
habitantes.
4
Ver resumo em: http://www.library.cornell.edu/Reps/DOCS/gillette.htm
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Fonte: http://cache.gawkerassets.com/assets/images/8/2010/07/500x_gillettebuildingexterior.jpg
Projeto para uma cidade linear6
No século XX, professores como Le Corbusier que deixou um legado de idéias malogradas
que mudariam substancialmente a fisionomia de Paris, Veneza ou Rio de Janeiro —
seguiram os passos de Artur Soria ou outros utopistas. Lamentavelmente, o século
passado também foi a idade de ouro das construções carregadas com propósitos
ideológicos.
Miers Van Der Rohe desenhou uma torre que foi muito copiada
posteriormente
Como escreve o crítico Deyan Sudjic em A arquitetura do poder, “por isso há tantas
fotos de Tony Blair, François Mitterrand, Winston Churchill e incontáveis chefes de
estado, arcebispos, presidentes de empresas e capitalistas multimilionários inclinados
sobre elaboradas maquetes arquitetônicas”.Muitas, por sorte, nunca se tornaram
públicas, por exemplo, a Germânia de Hitler ou o Palácio dos Sovietes, uma obra
inenarrável encomendada por Stalin nos anos 30. O seu perpetuador, Boris Iofan, estava
tão em sintonia com o patrocinador da obra que chegou a dizer: “são os comentários de
um gênio”, referindo-se às sugestões do líder comunista.
Outras idéias que ficaram no caminho mereciam ter tido sorte. Algumas, não obstante
eram tão poderosas que terminaram fecundando obras alheias. “Sempre houve projetos
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Fonte: http://historias-matritenses.blogspot.com/2010/12/colegio-de-huerfanos-de-la-armada-ii.html
seminais como a torre de cristal de 1929 de Mies Van Der Rohe para a Friedrichstrasse
de Berlim, cuja imagem gerou milhares de arranha-céus do Estilo Internacional”, aponta
Manuel Blanco, catedrático da Escola de Arquitetura de Madri.
Walking City7
Claro que os jovens arquitetos britânicos não pensavam que tais disparates pudessem ser
concretizados, mas sua influência pode ser encontrada em edifícios pouco convencionais
como o Museu Pompidou de Paris, obra de Renzo Piano e Richard Rogers.
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Fonte: http://www.vitruvius.com.br/media/images/magazines/grid_9/cd52_arq053-01-05.jpg
Foto do Centro Pompidou em Paris8
Por último, tem-se que fazer referência ao desejo dos seres humanos por alcançar o céu,
que registrou um fracasso adiantado com a bíblica Torre de Babel. Nos tempos atuais, e
apesar do temor desencadeado por conta do 11 de Setembro, continua-se tentando
bater os recordes de altura. A cifra mítica é o quilômetro a qual nenhum arranha-céu
construído ou em construção se aproximou. A torre Burj Dubai,o edifício mais alto do
mundo que foi inaugurado no início do ano de 2010 na cidade de Dubai — Emirados
Árabes Unidos —, alcança 828 metros.
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Fonte: http://artsandculture.ckdp.ca/wp-content/uploads/2009/11/pompidou1.jpg
Foto da torre Burj Dubai9
Baseado em artigo da revista Muy Interesante, Ano 25, número 300, out. 2010,
Argentina.
Traduzido por Nathalia Cardoso (5B ED)
Introdução e Revisão de texto por Patricia Ferreira.
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Fonte: http://www.worldgreatestsites.com/burj-dubai.htm