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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

CUNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CASSILÂNDIA


CURSO DE AGRONOMIA

Alimentos para Bovinos

Prof. Dr. Elson Martins Coelho


Alimentos para bovinos Prof. Dr. Elson Martins Coelho
ALIMENTAÇÃO: PRINCÍPIOS BÁSICOS

As substâncias presentes nos alimentos ingeridos e que são importantes para


a nutrição do organismo animal incluem os carboidratos (constituem cerca de 75%
da matéria seca da forragens e são a principal fonte de energia para os
ruminantes); as proteínas, os sais inorgânicos, as vitaminas e a água.
Nos ruminantes o mecanismo de digestão dos alimentos é bastante peculiar
pelo fato destes animais possuírem o estômago composto. O estômago dos
ruminantes é dividido em quatro compartimentos que são o rúmen, o retículo, o
omaso e o abomaso. Cada um possui uma função digestiva específica: o rúmen-
retículo funciona como uma câmara de fermentação, o omaso é o local de absorção
e o abomaso tem uma função digestiva enzimática. Para que o rúmen-retículo
funcione como câmara de fermentação, é necessário que determinadas condições
sejam mantidas como: temperatura, pH e a presença de microorganismos.
O aparelho digestivo tem como principal função digerir e absorver os
alimentos e excretar os produtos não aproveitados pelo organismo. Consta de um
conduto alimentar que compreende boca, faringe, esôfago, estômago, intestino
delgado (duodeno, jejuno e íleo) e intestino grosso (ceco, colo e reto) e de
glândulas acessórias que são as glândulas salivares, o pâncreas e o fígado (Leão,
1988).
A fermentação microbiana ocorre no intestino grosso da maioria dos animais,
principalmente no ceco e no colo, mas, nos ruminantes ocorre a fermentação pré-
gástrica, ou seja, antes que o bolo alimentar passe para outras partes do aparelho
digestivo.
Observa-se (Quadro 1) as diferenças da capacidade do apare-lho digestivo entre
várias espécies, destacando a grande capacidade volumétrica do estômago dos
bovinos.

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Os ruminantes possuem o estômago composto que compreende uma parte
aglandular e uma parte glandular que corresponde ao estômago dos
monogástricos. A parte aglandular compreende o rúmen, o retículo e o omaso,
sendo que nos dois primeiros ocorre a fermentação microbiano, onde as bactérias e
protozoários produzem enzimas capazes de hidrolizar proteínas, lipídios e
carboidratos, inclusive a celulose. A parte glandular corresponde ao abomaso onde
a digestão é feita através do suco gástrico (Silva e Leão, 1979).
O fato dos ruminantes possuírem o estômago composto traz algumas
vantagens com relação aos monogástricos tais como:
a) utilização de alimentos fibrosos consideravelmente maior que em outro
herbívoro, ou que nos suínos.
b) síntese das vitaminas do complexo B e vitamina K o que torna os ruminantes
independentes do fornecimento externo destas vitaminas e dificilmente sofrem
carências delas;
c) síntese de proteínas a partir de compostos nitrogenados não protéicos.
Existem também algumas desvantagens:
a) perda de energia na fermentação pré-gástrica;
b) perda de nitrogênio, em forma de amônia;
c) na hidrólise das proteínas no rúmen perdem-se alguns aminoácidos essenciais;
d) a absorção de açucares no ruminante parece quase nula.
Aproximadamente 70 a 85% de matéria seca digestível da ração é digerida
pelos microorganismos do rúmen.
Alguns compostos ou nutrientes merecem uma citação especial, e assim, os
carboidratos constituem de um modo geral, cerca de 75% da matéria seca das
forragens e consequentemente, a principal fonte de energia para os ruminantes.
Dentre eles destaca-se a celulose que é um carboidrato estrutural básico das
plantas e está presente em quase todas elas, e é um dos mais abundantes
compostos orgânicos, útil aos ruminantes. A utilização desta grande fonte de
energia é desejável e necessária para suprir essas espécies. A celulose é utilizada
pelos ruminantes através de um processo indireto, qual seja, hospedando
microorganismos no rúmen, capazes de hidrolizar a celulose, com fornecimento de
energia.
As partes lenhosas das plantas, isto é, os caules, as hastes de folhas, as
cascas, os sabugos, contém uma substância indigesta chamada lignina, que ocorre
intimamente associada com a celulose. Além de não digerida, a lignina interfere na
digestibilidade dos outros nutrientes. Seu teor aumenta com o decorrer do ciclo

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vegetativo ou idade das plantas. Tem sido sugerido que a lignificação de forrageiras
é o fator mais importante, que limita a produtividade animal. (Noller, 1997)
Outro carboidrato importante, muito presente nos grãos dos cereais, é o
amido que é praticamente todo digerido pelo ruminante, ou seja, apresenta um
coeficiente de digestibilidade próxima a 100%, portanto muito importante à
nutrição de bovinos.
Quantidades razoáveis de carboidratos solúveis tais como glicose, frutose e
sacarose (muito encontrado na cana-de-açúcar) estão presentes nas forragens e
são completamente digeridos no apare-lho digestivo dos ruminantes.
Outro aspecto importante da nutrição de ruminantes, que é oportuno
mencionar se refere a degradação e síntese de proteína. Ocorre, devido à presença
de microorganismo na rúmen, que são capazes de realizar a degradação de
proteína e de outros compostos nitrogenados não protéicos e a subsequente síntese
de proteína microbiana. Portanto, o sistema digestivo dos ruminantes permite uma
menor dependência da qualidade da proteína da ração em comparação ao do
monogástrico. Neste caso, pode até utilizar fonte de nitrogênio não protéico, como
por exemplo a uréia.
A proteína da dieta ingerida é degradada pelos microorganismos do rúmen,
em uma proporção que dependerá das características da fonte protéica e da ração;
os compostos nitrogenados liberados são utilizados na síntese de biomassa
microbiana. Dessa forma, a proteína que atinge o abomaso e intestino do animal,
para ser digerida e absorvida, é composta de duas frações: a proteína da dieta que
não foi degradada no rúmen (PNDR) e a proteína microbiana (PM) que foi
sintetizada no rúmen. A soma destas frações, corrigida pelo coeficiente de absorção
da proteína no intestino delgado, representa a proteína disponível para o animal.
(Silva, 1992)
Pelo exposto pode-se tirar algumas conclusões de ordem prática:
a) é importante manter a estabilidade das condições do rúmen, por conseqüência a
da população microbiana. Portanto, mudanças bruscas e rápidas da dieta, são
indesejáveis, pois, podem provocar distúrbios no rúmen, prejudicando o
desempenho animal. Adaptação às mudanças alimentares devem ser realizadas;
b) devido a presença dos microorganismos no rúmen, os bovinos podem ser
alimentados de nitrogênio não protéico, como o da uréia, pois são capazes de
utilizar esse nitrogênio para a produção de proteína;
c) devido ao aumento do teor de lignina nas plantas, com o aumento da sua idade é
absolutamente importante evitar que os bovinos sejam alimentados com
forrageiras em estágio adiantado de maturação;

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d) para a devida nutrição dos microorganismos do rúmen e ou dos bovinos, o
suprimento alimentar deve ser devidamente equilibrado em fontes de energia,
proteína ou outros compostos nitrogenados, minerais e vitaminas.

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ALIMENTOS VOLUMOSOS

Os alimentos volumosos constituem os produtos ou subprodutos utilizados na


alimentação dos bovinos; normalmente são baixos em energia e contêm mais de
18% de fibra bruta na matéria seca.

I - CAPINEIRA

A capineira é uma pequena área cultivada com gramíneas de elevada


capacidade de produção, que são cortadas e picadas, para fornecer alimento verde
ou na forma de silagem aos animais. A capineira permite a utilização intensiva da
terra, uma vez que um hectare pode produzir grande quantidade de forragem.
Consideram-se de 10 a 15 animais adultos/ha.
Muitas espécies foram utilizadas para formação de capineira, entretanto
atualmente a mais indicada é o capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum),
cujos os principais cultivares são o napier, o Taiwan, o pioneiro, o mineiro ou
mineirão, o porto rico, o vruckwona e o cameroon.

Formação da Capineira

Alguns aspectos são de fundamental importância para se obter sucesso no


uso do capim-elefante para corte. A capineira deve ser vista como uma cultura que
exige correção da acidez e do alumínio tóxico do solo (calagem) e adubação
adequadas, de acordo com a análise do solo, na época de sua implantação ou
formação e, posteriormente, na época de sua utilização. Portanto, a amostragem de
solo é o primeiro passo a ser dado, após a escolha adequada da área, que deve ser
bem drenada, plana ou com declividade suave e próxima ao local de fornecimento
aos animais.
A calagem deve ser realizada antes da aração em toda a área, e o fertilizante
fosfatado colocado no fundo do sulco de plantio.
Para plantio desta forrageira, é preciso um bom preparo do solo com destoca
(se necessária), aração e gradagem. O plantio deve ser realizado no início da
estação chuvosa (nov. a dez.). Plantar mudas de 3 a 4 meses de idade, em sulcos
de 15 a 20 cm de profundidade e espaçamento de 0,80 a 1,0m. Ao distribuir as
mudas no sulco, deve-se ter a preocupação de cruzar pé com ponta. Nesse caso,
serão necessárias 3 a 4 toneladas de mudas para formação de 1,0 ha de capineira.

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A utilização de mudas mais velhas, que são as mais comuns, implica dobrar a
quantidade de mudas, ou seja, plantar duas fileiras de mudas dentro do sulco.
As mudas devem ter as pontas retiradas e, no momento do plantio, serem
cobertas com aproximadamente 10 cm de terra.

Manejo e Utilização da Capineira

O primeiro ponto a se considerar é que o capim-elefante, sendo uma


forrageira tropical, possui seu maior potencial de crescimento no período das
'águas' ou de 'verão'. Portanto, é nesse período que deve ser manejado para
produção de forragem. O segundo, é que o capim deve receber cortes em
intervalos mais curtos, para não prolongar sua maturidade, evitando,
consequentemente, perdas de seus valores nutricionais. (Quadro 1)

A capineira deve receber pelo menos 3 cortes no período das 'águas', sendo
o primeiro em outubro/novembro, o segundo em dezembro/janeiro e o terceiro em
março/abril. O capim do 1º e 3º cortes deve ser fornecido aos animais em seu
estado natural, depois de picado, enquanto o capim do 2º corte é destinado à
produção de silagens. Todos os cortes também podem ser destinados à produção
de silagem.
Caso não seja possível a realização de algum corte na capineira para
fornecimento aos animais, mesmo assim, o capim deve ser cortado e deixado no
campo. Nesse caso, pode-se realizar um pastejo leve na capineira, para que os
animais venham a consumir as folhas, e, em seguida, cortar o caule que restou,
rente ao solo.
Após cada corte, aplicar de 10 a 15 t de esterco/ha e realizar adubação
nitrogenada em cobertura, antes do 1º corte (quando as plantas estiverem ainda
com pequeno porte - 40 cm) e 15 dias após o 1o e 2o cortes. Aplicar 40 kg de N/ha

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para cada adubação, com o solo úmido. Realizar anualmente análise de solo,
visando ao monitoramento da fertilidade do solo, tendo em vista a necessidade de
calagem e os níveis de fósforo e potássio.

II - CANA-DE-AÇÚCAR

A cana-de-açúcar constitui um recurso forrageiro muito importante para a


alimentação dos bovinos, na época seca do ano.
Apresenta uma série de vantagens, entre elas:
a - produz grande quantidade de massa por área, chegando a 120 t/ha;
b - está entre as primeiras plantas forrageiras na produção de energia/área;
c - maior acúmulo de açúcares com a maturação da planta;
d - pronta para utilização no período seco;
e - plantio e manutenção do canavial são simples;
f - fácil manejo, colheita e preparo;
g - para fins forrageiros, um canavial pode ser utilizado até 8 anos;
h - baixo custo de produção.
Apresenta algumas desvantagens:
a - pobre em proteína, apresentando de 2 a 3% na matéria seca;
b - pobre em alguns minerais como fósforo, magnésio, enxofre, zinco e manganês;
c - consumo da cana pelos animais não é alto (de 20 a 25 kg/vaca/dia com
suplemento concentrado);
d - para altos níveis de produção (leite ou carne) deve ser evitada como único
volumoso.

Formação do Canavial

1 - Escolha da área:

A área deve ser próxima ao curral, de preferência em solos mais férteis,


drenados, com topografia plana ou ligeiramente inclinada (até 20%). Considera-se
para o dimensionamento, a relação de 25 vacas/ha, alimentadas durante 150 dias.

2 - Escolha da variedade:

Considerar para a escolha variedades que tenham alta produção, boa


brotação de soqueira e bom perfilhamento e que sejam ricas em açúcar, resistentes

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ao tombamento, a pragas e doenças. Devem-se utilizar, pelo menos, duas
variedades, sendo uma de ciclo de maturação precoce (corte no início do período
seco) e outra de ciclo médio ou médio-tardia, cuja colheita começa a partir da
metade do período seco. Características de variedades de cana aparecem no
Quadro 1.

3 - Plantio

Consideram-se duas épocas para plantio de cana: 'cana de ano', plantio em


setembro/outubro, para colheita após um ano; 'cana de ano e meio', plantar em
janeiro a março, para colheita após 16 a 22 meses após o plantio.
Fazer aração e gradagem, realizar plantio em nível e construir carreadores ou
estradas, para evitar trânsito nas áreas plantadas.
Fazer sulcos profundos de 25 a 30 cm, utilizando-se de sulcadores ou arados.
O espaçamento entre os sulcos deve ser de 1,0m, para solos mais pobres e
áreas em declive, e de 1,20 a 1,30m, para solos férteis. Utilizar mudas ou toletes
com 8 a 12 meses de idade, com 3 a 4 gemas, numa proporção que garanta de 15
a 18 gemas/metro. Cobrir as mudas dentro do sulco com aproximadamente 10 cm
de terra. Gastam-se em torno de 10 t de mudas/ha.
Realizar calagem e adubação fosfatada e potássica, de acordo com a análise
do solo. O calcário deve ser distribuído em todo o terreno, antes da aração, e bem
incorporado ao solo. Os fertilizantes devem ser distribuídos no fundo do sulco de
plantio. A adubação orgânica é recomendada, utilizando-se de 10 a 15 t/ha de
esterco, distribuídas também nos sulcos.

Tratos culturais

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Manter o canavial livre de ervas daninhas, com capinas feitas com enxada,
cultivador ou herbicida.
A adubação nitrogenada interfere no teor de açúcar da planta. Do plantio ao
1º corte, o N pode ou não ser recomendado, dependendo das condições locais. É
recomendado a adubação nitrogenada a solos pobres em matéria orgânica, e, neste
caso, realizar adubação de cobertura na base de 50 a 60 kg de N/ha, em torno de
60 dias após o plantio.

Manejo da Cana-soca

A palhada do canavial não deve ser queimada, podendo ser deixada


espalhada, objetivando reduzir capinas, aumentar teor de matéria orgânica e
reduzir perdas de água do solo.
A escarificação entre as fileiras do canavial é indicada, visando à
descompactação do solo e à incorporação do calcário e fertilizante fosfatado
quando aplicados. Podem-se utilizar o arado, sulcador ou escarificador, a uma
distância de aproximadamente 40 cm de ambos os lados das fileiras.
A adubação química deve ser utilizada após o início das "águas", à base de
300 a 400 kg da fórmula 20.00.20. O monitoramento, através da análise de solo, se
faz necessário, visando aos ajustes da correção e adubação. Utilizar esterco na
quantidade de 10 a 15 t/ha, preferencialmente, incorporado com arado ou
escarificador.

Utilização da Cana

A cana deve ser cortada rente ao solo, com podão ou enxada; retirar suas
folhas secas, antes desta operação, deixando-as espalhadas sobre o solo.
Pode ser utilizada para os bovinos como único volumoso ou misturada a
outros volumosos como capim, silagens, etc. Devido a suas limitações nutricionais,
deve ser sempre suplementada com algum alimento concentrado ou mistura deles,
visando à maior utilização desta forrageira pelos bovinos.
Quando se deseja altos níveis de produção, a cana deve ser evitada.
Uma das formas de se utilizar deste volumoso com sucesso é através da
chamada cana + uréia. Para o preparo e fornecimento dessa mistura, seguir o
roteiro abaixo:

a - Preparo da mistura uréia + fonte de enxofre:

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- a uréia constitui uma fonte de nitrogênio não-protéico, e as bactérias do rúmen
apresentam a capacidade de converter este nitrogênio em proteína microbiana,
utilizando a energia da cana;
- é importante a inclusão de uma fonte de enxofre, pelo fato de a cana ser pobre
neste mineral e ser importante para a síntese de proteína em nível de rúmen.
Utilizar sulfato de amônio ou sulfato de cálcio (gesso agrícola);
- proporção da mistura: 9 partes de uréia + 1 parte de sulfato de amônio, ou 8
partes de uréia + 2 partes de sulfato de cálcio. Misturar bem com auxílio de uma
enxada, ensacar e guardar em local seco, fora do alcance dos animais.

b - Colher a cana, eliminando as folhas secas, e picá-la integralmente (caule e


folhas).

c - Fornecimento aos animais: fazer adaptação dos animais, fornecendo na 1ª


semana 0,5 kg da mistura uréia + fonte de enxofre, para 100 kg de cana picada. Do
8o dia em diante, fornecer 1,0 kg da mistura, para 100 kg de cana. Dissolver a
mistura uréia + fonte de enxofre em 4 litros de água, usando um regador plástico, e
distribuir uniformemente sobre a cana picada. Misturar bem antes de fornecer aos
animais.

d - Cuidados necessários:
- fazer adaptação dos animais;
- não fornecer cana + uréia para animais em jejum;
- observar os animais com regularidade;
- permitir livre acesso dos animais à água e aos minerais;
- fornecer a mistura em cocho coberto ou perfurado;
- jogar fora a sobra no cocho do dia anterior;
- readaptar os animais no caso de interrupção do tratamento.

e - Este sistema de arraçoamento permite mantença e ou pequenos


desempenhos no ganho de peso e produção de leite. Para maiores produções,
recomenda-se o uso de alimentos energéticos e ou protéicos (milho, sorgo, farelos,
etc.), em mistura com a cana/uréia (quadro 2).

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III - RESTOS CULTURAIS

Os ruminantes, devido às peculiaridades de seu aparelho digestivo, são


capazes de utilizar uma série de resíduos, subprodutos ou restos culturais, inúteis a
outros animais.
Apesar de serem normalmente pobres na sua composição química, fibrosos, com
baixa digestibilidade da matéria seca, são normalmente disponíveis em nível de
propriedade, podendo ser utilizados na alimentação dos bovinos.
O uso dos restos culturais deve estar relacionado à praticidade no seu
manuseio, à disponibilidade de mão-de-obra e de equipamentos. Devem ser
utilizados para mantença ou pequenos desempenhos dos animais.

Principais restos culturais

a - Palha de milho: constitui a palha da espiga do milho, e sabe-se que


aproximadamente 33% da espiga é constituída de palha e sabugo. Para seu melhor
aproveitamento, os debulhadores de milho devem separar, além dos grãos, a palha
do sabugo. Deve ser fornecida inteira aos animais com livre acesso, devendo ter
uma proteção (cerca de varas) em volta do material empilhado, para evitar
pisoteio.

b - Palha de feijão: é constituída de hastes e folhas, tem valores nutritivos


superiores às palhas de gramíneas e é tanto melhor quanto mais folhas possuir. É
aconselhado o fornecimento triturada em mistura com outros alimentos. Do total da
planta colhida, 53% correspondem às palhas e 47% às sementes.

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c - Palha de soja: as sobras da colheita de soja constituem alimentos grosseiros,
com alta porcentagem de fibra. Seu aproveitamento pelos bovinos é muito baixo,
limitando seu uso.
d - Palha de arroz: é o produto resultante da bateção do arroz e é constituída da
haste e do cacho com alguma semente, sendo bem aceita pelos animais. Quando a
colheita do arroz é manual, a palha poderá ser armazenada em medas, como se faz
para feno. No caso de colheita mecânica, haverá necessidade de ceifar a planta
rente ao solo, para seu aproveitamento, o que requer o uso de conjuntos
apropriados, para o enfardamento como feito para feno.

e - Palha de trigo: é o produto resultante após a colheita dos grãos e pode ser
manuseada semelhante à palha de arroz.

f - Ponta de cana: recomenda-se seu uso para praticamente todas as categorias de


bovinos, devendo ser evitada para animais de alta produção. Deve ser picada em
picadeiras estacionárias ou mesmo em picadeiras acopladas ao trator (com
carretas), para transportar o material diretamente aos cochos. A quantidade
produzida está em torno de 15 a 18 % da produção total do canavial. As pontas de
cana de canaviais queimados também podem ser utilizadas.

g - Bagaço de cana: é um volumoso de baixa qualidade, seu uso deve ser restrito a
animais de menor exigência ou de baixos desempenhos. Deve ser picado em
picadeiras, logo após a extração do caldo.

h - Rama de mandioca: a rama ou parte aérea da mandioca é um resto cultural com


bom valor nutritivo, podendo ser fornecida picada diretamente aos animais ou na
forma de silagem. Para se ter uma melhor forragem, recomenda-se a utilização
apenas do terço superior, reservando-se as hastes mais grossas para o uso como
muda.

A rama de mandioca possui uma substância tóxica (ácido cianídrico),


presente na "mandioca-brava". Para que este princípio tóxico se torne inócuo,
recomenda-se deixar a rama "murchar" ao sol durante um dia, no caso de
fornecimento direto aos animais. O processo de ensilagem diminui
consideravelmente a toxidez, portanto sem problemas para seu uso.
A produção de rama pode chegar a 30 t/ha aos 16 a 18 meses de plantio.

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A parte aérea da mandioca pode ser também transformada em farelo, cujo
valor nutritivo é relativamente alto. Para tal, deve-se picar o material em uma
picadeira, deixar secar bem ao sol e depois passar em um desintegrador ou
moinho. O farelo assim produzido deve ser ensacado e armazenado em lugar
arejado. Pode ser fornecido aos animais juntamente com outros alimentos ou
misturado (5%) ao capim-elefante, quando utilizado para silagem.
No Quadro 1 aparece a composição de alguns restos culturais.

Tratamento de restos culturais

O baixo valor nutritivo das palhas decorre do fato de apresentarem baixos


teores de proteína e minerais e apresentarem elevados teores de fibra,
representada pelos carboidratos estruturais (celulose e hemicelulose), além da alta
porcentagem de frações indigeríveis como lignina e sílica. Em conseqüência, torna
limitados a digestibilidade e o consumo voluntário dos restos culturais, pelos
bovinos.
Devido a estes fatos, muitos técnicos sugerem submeter estes materiais a
um tratamento prévio por época de sua utilização.
Diversos tratamentos foram propostos, entre eles podem-se citar: mecânico,
térmico (vapor), elevação de pressão e químico. O mecânico, através da
fragmentação ou moagem, pode aumentar o consumo mas não a digestibilidade.
Os tratamentos térmico e de pressão podem ser eficientes, mas são onerosos. O
tratamento químico tem sido o mais proposto.
Os principais produtos químicos utilizados são: hidróxido de sódio, de cálcio,
de amônia, amônia gasosa e uréia.

Uso do hidróxido de sódio (NaOH)

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- Visa ao aumento da digestibilidade do resto cultural.

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Procedimento:
- melhores resultados foram obtidos com 5 kg em 100 kg de matéria seca de palha,
aplicados através de solução com 200 l de água;
- distribuir a solução com regador sobre a palha previamente picada, misturando-a
bem;
- deixar durante 20 a 24 horas;
- tem sido obtido aumento de 30% na digestibilidade.

Uso de uréia

- visa ao aumento da digestibilidade e à incorporação de nitrogênio na fração


fibrosa.

Procedimento:
- passar a palha numa picadeira;
- preparar uma solução de uréia a 7% (7 kg em 100 l de água);
- molhar uniformemente a palha, na proporção de 65 l de solução para 100 kg de
palha;
- cobrir com lona plástica e vedar bem;
- esperar 40 a 50 dias para abrir e fornecer aos animais.

Observação:
- Se, além da solução acima, for utilizado grão de soja cru, bem moído, haverá
aceleração e vantagem no processo de amonização, podendo ser utilizada em 4
semanas. Usar a soja, incorporada à palha, na proporção de 3 kg para 100 kg de
palha.

Uso de amônia anidra (gasosa):

- a amonização visa ao aumento da digestibilidade, à incorporação de nitrogênio e à


preservação (impede fungos e leveduras) do material.

Procedimento:
- passar a palha numa picadeira ou utilizar o material enfardado;
- cobrir com lona plástica e vedar bem;
- injetar a amônia na proporção de 2,5 a 3,5% (base de matéria seca);
- deixar em tratamento durante 15 dias;

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Observações:
- é aconselhado também o tratamento de fenos de baixa qualidade;
- quanto menor a temperatura mais tempo deve durar o tratamento;
- a umidade ideal do material é em torno de 30% (umidecimento é aconselhável a
materiais muito secos).

ALIMENTOS CONCENTRADOS

Constituem os produtos e subprodutos utilizados na alimentação dos bovinos;


normalmente são alimentos com alto teor de proteína e ou energia e que contêm
baixos teores de fibra na matéria seca.
Classificam-se em concentrados energéticos e protéicos. Os primeiros são
altamente energéticos e apresentam menos de 20% de proteína bruta. Incluem a
maioria dos grãos alimentícios e seus subprodutos e as gorduras e óleos de origem
animal e vegetal. Os protéicos são alimentos contendo teores elevados de proteína
bruta (acima de 20%). Incluem a maioria dos farelos de oleaginosas, subprodutos
da indústria animal, estercos e camas de animais e as fontes de nitrogênio não-
protéico. (Nunes, 1991)

I - GRÃOS

Existem basicamente 3 grãos mais importantes na alimentação dos bovinos:


o milho, o sorgo e a soja.

1 - Milho grão

É considerado o mais importante alimento energético e possui as seguintes


características principais: excelente fonte de energia; produz grande quantidade de
energia por unidade de área; baixo teor de fibra; rico em provitamina A (milho
amarelo); bem aceito pelos animais. Deve ser fornecido na forma de fubá, com
moagem de média a grossa, sempre em mistura com uma fonte protéica.
Normalmente entra na proporção de 60% a 80% nas misturas concentradas.

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2 - Sorgo grão

O sorgo é bastante semelhante ao milho, mas apresenta-se com menor teor


de energia, um pouco mais de proteína e é menos palatável. É uma cultura muito
indicada para regiões com restrição de chuva. Para fornecimento aos animais, deve
ser triturado e compor misturas com alimentos protéicos. Pode substituir o milho
nas rações para as diversas categorias de bovinos.

3 - Soja grão

O grão de soja possui altos teores de energia e de proteína, portanto constitui


um excelente alimento. É rico em extrato etéreo (gordura), devendo ser limitado
seu uso em até 40% em misturas concentradas ou até 1,5 kg para bovinos adultos
(ação laxativa). Deve ser fornecido triturado, devido a sua riqueza em óleo, o mais
rápido possível, pois está sujeito à rancificação. Possui a enzima uréase, e por esse
motivo deve ser evitada sua mistura com uréia, pois, caso contrário, ocorrerá a
hidrólise da uréia com desprendimento de amônia e gás carbônico. Os dois
ingredientes podem ser fornecidos separadamente, no momento do tratamento.
Não há necessidade de tostar os grãos de soja para fornecimento aos bovinos,
entretanto, este procedimento é necessário quando se tratar de fornecimento aos
monogástricos (quadro 1).

II - SUBPRODUTOS INDUSTRIAIS

Existe um considerável número de subprodutos industriais, utilizados na


alimentação dos animais. Abaixo a descrição sucinta dos mais utilizados:

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1 - Algodão - farelo

Produto resultante do caroço de algodão moído, após processo industrial,


para extração do seu óleo. Deve ter no mínimo 40% de proteína bruta (PB)

2 - Algodão - farelo com casca

Produto resultante do caroço de algodão moído, após processo industrial,


para extração do seu óleo, com adição de casca, desde que não ultrapasse 25% de
fibra bruta. Deve ter no mínimo 25% de PB.

3 - Algodão - caroço

Produto proveniente da indústria de algodão, após retirada das plumas.


Constitui excelente alimento para os bovinos. Altamente energético e protéico.
Deve ser fornecido inteiro aos animais.

4 - Amendoim-farelo (solvente)

Produto resultante das sementes de amendoim moídas, após processo


industrial, para extração de seu óleo. Mínimo: 45% de PB

5 - Arroz - farelo integral (gordo ou cru)

Proveniente exclusivamente do processo normal de obtenção, consistindo no


pericarpo, película que cobre o grão, gérmen, fragmentos de casca. Deve ter no
mínimo 13% de PB e 14% de extrato etéreo.

6 - Arroz - farelo desengordurado (solvente)

Produto obtido do processo de extração do óleo do farelo de arroz integral.


Mínimo: 16% de PB.

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7- Girassol, farelo (solvente)

Produto resultante das sementes de girassol moídas, após o processo


industrial, para extração de seu óleo. Mínimo: 28% de PB.

8 - Milho - farelo de glúten - 21

Parte do grão de milho que fica após extração da maior parte do amido, do
glúten e do gérmen, no processo de produção de amido ou do xarope. Mínimo: 21%
de PB.

9 - Milho - farelo de glúten - 50/60

Resíduo obtido após remoção da maior parte do amido, do gérmen e do


farelo, no processo de produção do amido ou do xarope. Mínimo: 50% ou 60% de
PB.

10 - Soja - farelo (solvente)

Produto resultante dos grãos de soja moídos, após processo industrial, para
extração do seu óleo. Mínimo: 44% de PB.

11 - Trigo - farelo

Subproduto resultante da moagem do trigo, após processo industrial, para


obtenção da farinha de trigo. Mínimo: 14% de PB

12 - Melaço de cana

Líquido xaroposo, obtido no processo de industrialização para produção de


açúcar. Deve ter no máximo 26% de umidade. Foi muito utilizado em mistura com
uréia, na proporção de 9:1, na década de 60 e 70.

13 - Melaço em pó

Produto obtido após processo industrial de desidratação do melaço xaroposo.


É um alimento energético, devendo entrar nas misturas concentradas (até 5%) ou

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adicionado ao volumoso, objetivando aumentar a palatabilidade. O melaço em pó
produzido no país (M. Gerais) possui a seguinte composição: MS = 97%; NDT =
70%; PB = 2%; Ca= 4,5%; P = 0,14%.

14 - Polpa de cervejaria (seca)

Subproduto obtido da fermentação da cerveja, depois de passar por processo


de desidratação. Possui em torno de 20% de PB.

15 - Carne - farinha

Produto oriundo do processamento industrial de tecidos animais; deve ser


isenta de cascos e chifres. Pouco utilizada na alimentação de bovinos. Mínimo: 60%
de PB.

16 - Carne - farinha de carne e ossos

Constituída pela farinha de carne mais ossos. Mínimo: 40% de PB.

17 - Peixe - farinha

Produto seco e moído, obtido pela cocção do peixe integral, de seus cortes ou
de ambos, com ou sem extração do óleo. Mínimo: 55% de PB.

18 - Penas - farinha hidrolisada

Subproduto resultante da cocção sob pressão de penas limpas, não-


decompostas obtidas do abate de aves. Altamente protéica, com 80% de PB.

19 - Sangue - farinha

Produto resultante do processamento do sangue fresco altamente protéico,


com 80% de PB.

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20 - Ossos autoclavados - farinha

Produto obtido pelo cozimento de ossos em vapor sob pressão, secados e


triturados. Deve apresentar no máximo 10% de PB e no mínimo 10 % de fósforo.

21 - Ossos calcinados - farinha

Produto obtido pela calcinação de ossos. Mínimo: 15% de fósforo.

III - RAÍZES E TUBÉRCULOS

Para fins práticos, a planta da mandioca é dividida em parte aérea (hastes e


folhas) e parte subterrânea (raízes tuberosas e feculentas). Dentre outros fatores,
sua produção depende de condições climáticas, da fertilidade do solo e do cultivar
plantado, variando de 10 a 35 t/ha de raízes e de 8 a 30 t/ha de parte aérea.
Toda mandioca possui um princípio tóxico. Quando se trata de mandioca-
mansa, pode-se fornecê-la fresca aos animais, sem nenhum problema. Quando se
trata de mandioca-brava, o envenenamento dos animais pode ser evitado, ao se
processar a desidratação da mandioca parcial ou total. Consiste em picá-la e deixá-
la bem espalhada ao ar livre, por 24 horas. Isso basta para eliminar grande parte do
princípio tóxico da mandioca-brava, tornando-a inofensiva aos animais, sendo
válido tanto para raiz como para a parte aérea. (Carvalho, 1992)

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1 - Preparo das raízes e sua utilização na alimentação

A raiz de mandioca é rica em energia, mas pobre em proteína. Possui muito


amido, e as experiências mostram que pode ser incluída na formulação de rações
de todos os animais.
Qualquer que seja sua destinação (fornecimento imediato aos animais ou
conservação), as raízes devem ser lavadas, a fim de retirar a terra aderida. Uma
vez limpas, as raízes devem ser trituradas ou picadas, para fornecimento direto
(fresca) ou para conservação sob a forma de raspa seca, farelo ou silagem.

2 - Fresca

É uma das formas que a raiz pode ser fornecida aos animais. Alguns cuidados
devem ser tomados:
- se for mandioca-mansa, colher, lavar, picar e fornecer imediatamente as raízes
aos animais, porque não se conservam bem em estado fresco, pois o amido sofre
rapidamente uma hidrólise, seguida de fermentação. Em clima quente, três dias
após a colheita, as raízes tornam-se praticamente inutilizáveis;
- se a mandioca for brava, não convém fornecê-la em estado fresco. Antes, deve ser
picada e parcialmente secada.

3 - Raspa seca

Para desidratar as raízes ao sol, é preciso observar os seguintes passos:


- colher e lavar as raízes em um tambor ou caixa, ou, ainda, em um terreiro
cimentado, jogando jatos d’água. Eliminar as que tiverem coloração escura;
- picá-las em pedaços de mais ou menos 5 cm de comprimento por 1,5 cm de
largura, em uma máquina de fazer raspas ou numa picadeira de capim;
- espalhá-las sobre uma lona ou em um terreiro cimentado, de tal forma que se
tenha 5 a 7 kg/m2;
- passar o rodo no sentido de maior comprimento do terreiro, formando pequenas
leiras, desmanchando-as periodicamente, como se faz na secagem de café;
- verificar se o material está seco (14% de umidade). Um método prático é tomar
um pedaço de raiz e riscar no piso como se fosse giz; se deixar risco, é porque está
seco;
- ensacá-la diretamente ou transformá-la em farelo, depois de seca;
- empilhar os sacos sobre estrado de madeira, em local arejado. (Carvalho, 1992)

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O tempo necessário para a secagem depende da umidade do ar, da
incidência de sol e do revolvimento do material no terreiro, durando, em geral, de 2
a 3 dias.
A raspa ou farelo deve ser fornecida aos bovinos, misturada a alimentos
protéicos (farelo, uréia, etc.). Tem substituído o milho, em misturas de
concentrados (sem desvantagens), tanto para engorda como para vacas em
lactação.

4 - Ensilada

Para obtenção de uma boa silagem os seguintes passos devem ser


observados:
- colher, lavar e selecionar as raízes, como indicado anteriormente, no processo de
desidratação;
- amontoar as raízes limpas perto da picadeira e picá-las imediatamente em
pedaços de, no máximo, 2 cm;
- compactar bem o material a cada camada de 20 cm postas no silo;
- fechar todo o espaço do silo e dar ao topo uma forma abaulada;
- cobrir com lona plástica (vedando bem) e sobrepor uma camada de terra, com no
mínimo 10 cm;
- fazer canaleta para proteger o silo contra entrada de água;
- encher o silo o mais rápido possível, por isso aconselha-se a construção de silos
pequenos;
- não abrir o silo antes de 30 dias;
- ao abrir o silo, não expor muito a parte ensilada que não vai ser retirada logo.
O segredo da boa silagem está, sobretudo, na rapidez das operações de colher,
lavar, picar, compactar, encher e fechar o silo. (Carvalho, 1992)
A silagem deve ser fornecida aos bovinos, em mistura com outros alimentos
volumosos e concentrados (quadro 1).

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IV - URÉIA

A uréia é um composto orgânico sólido, branco, cristalizado e solúvel em


água e álcool. Quimicamente, é classificada como amida, daí ser considerada um
composto nitrogenado não-protéico (NNP).
A uréia contém de 45% a 46,4% de nitrogênio, que, apesar de estar na forma
de NNP, é utilizado pelos ruminantes. Isto ocorre, devido à presença da enzima
uréase normalmente presente no rúmen, que desdobra a uréia em amônia e gás
carbônico. Daí, os microorganismos (microflora) presentes no rúmen passam a
utilizar essa nova fonte de nitrogênio. Utilizam o nitrogênio amoniacal para a
síntese de proteína microbiana. Portanto, a proteína microbiana ocorre em nível de
rúmen, e passa a ser utilizada pelo organismo animal, através do processo normal
da digestão (esquema 1).

Denomina-se "equivalente protéico" a composição nutricional da uréia, pelo


fato de não possuir proteína. É calculada multiplicando-se o teor percentual de
nitrogênio por um fator 6,25. Assim, o equivalente protéico da uréia é 45 x 6,25 =
281%. Para fins práticos, em cálculo de ração, este equivalente é somado à
proteína bruta de outros alimentos.
É importante ressaltar que o uso da uréia apresenta-se como uma tecnologia
poupadora, permitindo a economia de outros alimentos, sem comprometer a
produtividade dos animais.

Fatores que influenciam a utilização da uréia

Carboidratos

As fontes e a quantidade de carboidratos na ração são os fatores mais


importantes para a síntese de proteína microbiana pelos microorganismos do
rúmen. Os carboidratos, através do fornecimento de energia e cadeias de carbono

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ao sistema ruminal, juntamente com a amônia, propiciam a síntese de proteína. Os
carboidratos diferem-se amplamente nesta função, sendo o menos efetivo de todos
a celulose e o mais efetivo o amido (presente nos grãos dos cereais, raiz de
mandioca, etc.). A sacarose (presente na cana-de-açúcar) e os açúcares do melaço
apresentam valores intermediários. O amido, além do seu alto valor energético, é
hidrolisado em tempo mais hábil para o aproveitamento da amônia.

Proteínas

O nível de proteína na ração afeta a conversão de NNP em proteína


microbiana. Alguns pesquisadores chamam a atenção para o início da redução de
utilização da uréia, quando o teor de proteína bruta da ração total (base MS) excede
a 14%. Uma suplementação acima deste nível representa uma perda de nitrogênio.
Por outro lado, é indispensável a presença de proteína verdadeira, seja de origem
vegetal ou animal, devido a sua composição em aminoácidos. Estes, provenientes
da degradação da proteína, são importantes para a utilização da amônia pelos
microorganismos. As proteínas também fornecem energia ao sistema.
Outro fator importante é a qualidade da proteína da ração, pois certas
proteínas são muito pouco degradadas no rúmen. A maior utilização da uréia ocorre
com a presença de proteínas menos degradadas ou de baixa solubilidade, devido à
menor formação de amônia.

Enxofre

Para a síntese de proteína microbiana, é importante a presença de enxofre(S)


em nível de rúmen. Portanto, quando se fornece uma ração pobre em enxofre
(como exemplo cana/uréia), a adição de enxofre resulta em maior aproveitamento
de nitrogênio. A relação comumente indicada é de 10 a 12 partes de nitrogênio
para 1 parte de enxofre (N:S).

Utilização da uréia

A uréia pode ser utilizada na ração de todas as categorias de bovinos.


Bezerros a partir de 2 meses de idade estão teoricamente aptos para utilizarem a
uréia. Contudo, muitos trabalhos mostram que animais jovens recebendo rações
contendo uréia tiveram crescimentos menores, quando comparados com aqueles
que receberam proteína verdadeira.

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Há limites de utilização da uréia pelos ruminantes, o que deve ser respeitado,
pois, caso contrário, poderá ocorrer intoxicação do animal, com possível morte.
Abaixo, algumas regras práticas para a utilização da uréia:
- o NNP proveniente da uréia não deve ser maior do que 33% do nitrogênio total da
ração;
- a quantidade de uréia não deve ser superior a 1% da matéria seca total da ração;
- de um modo geral, a uréia não deve ultrapassar 3% numa mistura de
concentrados;
- até 40% de uréia numa mistura de sais minerais;
- 1% de uréia na cana-de-açúcar picada;
- 5 kg de uréia por tonelada de material a ser ensilado;
- considerar como limite máximo 40g de uréia por dia, para cada 100 kg de peso
vivo do animal.
Estes limites estabelecidos apresentam certa margem de segurança e, em
casos especiais, podem ser reestudados. Entretanto, um ponto é de fundamental
importância, qual seja, a adaptação dos animais ao uso da uréia.
Misturas com altos teores de uréia, como a utilização com minerais, merecem
maior atenção no fornecimento por parte dos produtores.
A uréia, quando devidamente utilizada, traz grandes vantagens,
principalmente considerando o aspecto econômico. Deve ser sempre recomendado
à alimentação dos bovinos.

Cuidados no fornecimento de uréia

- realizar adaptação dos animais, com aumento gradativo da uréia, durante pelo
menos uma semana; interrompendo o uso por mais de 3 dias, dever-se-á realizar
nova adaptação;
- em mistura com minerais, fazer adaptação pelo menos durante 2 semanas;
- fazer misturas bem homogêneas;
- observar os animais com regularidade;
- permitir livre acesso dos animais à água e aos minerais;
- fornecer os alimentos com uréia em cocho coberto ou perfurado, para evitar
acúmulo de água;
- não fornecer concentrado com uréia em rações líquidas ('sopão').
No caso de intoxicação, forçar o animal à ingestão imediata de 10 litros de vinagre
e repetir após 2 a 3 horas com mais 5 litros.

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V - EXCREMENTOS DE AVES

Os ruminantes possuem a capacidade de utilizar eficientemente o nitrogênio,


proveniente do ácido úrico, principal fração nitrogenada, excretada pelas aves. À
semelhança da uréia, o ácido úrico constitui uma fonte de NNP. Dois materiais se
destacam na alimentação dos bovinos: a cama de frango e as fezes secas de
galinha.

Cama de frango

A cama de frango é uma mistura, constituída da cama propriamente dita


(material distribuído no piso dos galpões), de fezes e de penas das aves e de restos
de ração. A produção nas granjas avícolas é significativa, uma vez que, de um
galpão com 10 mil aves, se retira, após a engorda dos frangos, em torno de 16 t de
cama.
Sua composição química varia de acordo com o tipo e quantidade de cama,
número de aves/m2, manejo da cama e tempo de armazenagem.
Os tipos de material de cama mais utilizados são: a casca de arroz (moída ou
inteira), serragem e cepilho de madeira, palhadas trituradas, sabugo e feno de
capim triturado. A casca de arroz, apesar de ser muito utilizada, constitui um
material pobre, rico em sílica e de baixa digestibilidade. A serragem e o cepilho
constituem também material inferior, ainda com o risco de possuírem pregos,
arames, etc. O ideal seria o uso de sabugo ou feno de capim triturado. A proteína
bruta da cama de frango normalmente está entre 18 a 22%, sendo que a maior
fração nitrogenada está na forma de ácido úrico, com aproximadamente 60% do N
total. O restante está na forma protéica. Seu valor energético vai depender muito
do tipo de material da cama, mas pode ser considerada uma fonte regular de
energia, com aproximadamente 60% de NDT. Seus teores em cálcio e fósforo são
consideráveis, o que reduz a necessidade na suplementação. Apresenta a seguinte
composição química (base matéria seca): 85% de matéria seca, 21,3% de proteína
bruta, 60% de NDT, 16,8% de fibra bruta, 2,4% de cálcio e 1,8% de fósforo. É
recomendável a análise periódica das camas, para uma maior segurança na
formulação das rações.

Utilização da cama de frango

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A cama de frango pode ser utilizada em todas as categorias de bovinos,
entretanto, deve ser evitada para bezerros de até 60 dias de idade e vacas de alta
produção de leite.
Em misturas concentradas (com milho e farelos), recomendam-se até 50%
para bois em engorda e animais em recria e no máximo 40% para vacas em
lactação. Entretanto, categorias com baixo desempenho ou em mantença podem
receber exclusivamente a cama misturada ou volumoso.
Outra maneira de se utilizar da cama de frango é misturada à forragem, no
processo de ensilagem. Pode ser utilizada na produção de silagem de milho ou
sorgo, entretanto, é mais recomendada às silagens de capim. Trabalho mostra que
o aumento gradativo (até 25%) de cama de frango ao capim-elefante, no momento
da ensilagem, promove o aumento da matéria seca, da proteína bruta e da
digestibilidade da matéria seca. Entretanto, o melhor consumo da silagem,
determinado com novilhos em confinamento, e ganho de peso ocorreram com
13,7% de cama de frango. (Lavezzo, 1977) (quadro 1)

A cama de frango pode ser ensilada pura, sendo que ocorre uma boa
fermentação, quando possui em torno de 60% de matéria seca (40% de umidade).
Na cama de frango úmida e armazenada a granel podem ocorrer alto
aquecimento e risco de combustão espontânea. Outro aspecto da armazenagem é o
tempo, pois o valor do esterco de aves poderá ser alterado em alguns dias, devido
ao desprendimento de nitrogênio pela amonificação. Assim, quanto mais fresca for
a cama, maior será o teor de N e por conseqüência de proteína bruta.

Aspectos de sanidade

Não há indicações de que o homem, ingerindo carne ou leite de animais


alimentados com cama de frango, tenha tido problemas de saúde. Também não foi
constatada doença como resultante do uso de cama de frango em gado de leite, de

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corte e caprinos. Contudo, intoxicação pelo (alto nível) cobre foi observada em
ovinos alimentados exclusivamente com cama, o que não ocorreu com os bovinos.
Potencialmente, as camas de frango podem ser patogênicas, pois, em
análises já realizadas, foram constatados bactérias e fungos, que poderiam causar
algum problema à saúde do animal. Durante a armazenagem ou ensilagem da
cama, temperaturas elevadas ocorrem no interior do material estocado,
constituindo uma forma de inibir o desenvolvimento desses microorganismos. A
acidez desenvolvida no material ensilado (fermentado) também contribui para esse
fato, o que sem dúvida constitui uma prática aconselhável.
Por outro lado, animais de corte recebendo cama de frango não mostraram
na gordura sinais de drogas. Para vacas em lactação recebendo ração em que o
farelo de algodão foi substituído pela cama, concluiu-se que não houve mudanças
nas características do leite.

Fezes secas de galinha criada em gaiola

Esterco de galinha é uma mistura de excremento, penas das aves e restos de


ração. Sua produção anual está na faixa de 10 a 12 kg/poedeira.
As fezes devem ser fornecidas secas, e sua utilização tem sido mais restrita,
devido a sua menor aceitabilidade por parte dos animais.
Normalmente, apresentam teores de proteína bruta, de cálcio e de fósforo
maiores do que a cama de frango. Têm sido encontrados valores de 22,7% a 26,6%
de proteína bruta, de 6,9% a 7,8% de cálcio e de 2,0 a 2,6% de fósforo (base
matéria seca).
Sua utilização pode seguir basicamente as orientações para o uso de cama
de frango, contudo sempre observando o consumo ou aceitabilidade por parte dos
animais.
A ensilagem também pode ser feita com fezes frescas, juntamente com uma
forrageira, à base de 50% de cada.

MINERAIS

Os minerais constituem nutrientes de vital importância na nutrição dos


bovinos. É necessária sua presença na dieta de todas as categorias, na forma
suplementar, objetivando a manutenção, o desempenho dos bovinos e, até mesmo,
a sobrevivência deles.

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Na constituição do organismo animal, pelo menos 27 elementos minerais
participaram de maneira efetiva. Destes, 15 são considerados como essenciais,
sendo indispensável ao perfeito funcionamento do organismo animal.
A deficiência dos minerais provoca as chamadas doenças carenciais (Quadro
1), e, por outro lado, seu excesso pode apresentar toxidez nos bovinos.

Em função das necessidades quantitativas do animal, os elementos minerais


são classificados em macronutrientes ou macrominerais e micronutrientes ou
microminerais. Os macrominerais são: sódio, cloro, cálcio, fósforo, potássio,
magnésio e enxofre. Os microminerais são: zinco, ferro, cobre, iodo, cobalto,
selênio, manganês e molibdênio.

Macrominerais

1 - Sódio (Na) e Cloro (Cl)

O sódio é elemento universalmente deficiente entre todos os minerais


essenciais aos ruminantes, uma vez que o organismo animal tem baixa capacidade
de armazená-lo. Além do mais, nenhuma ração comumente usada para bovinos
fornece quantidade satisfatória deste mineral. (Barcelos, 1952)
As pastagens, em geral, possuem baixos níveis de sódio, não sendo capazes
de atender às exigências dos bovinos.
A falta de sódio na dieta provoca vários sintomas:

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- apetite anormal pelo sal; os animais são capazes de fazer grandes caminhadas
para ingeri-lo;
- perda de apetite e de peso;
- depravação do apetite, que faz o animal chegar ao ponto de ingerir terra;
- enfraquecimento acentuado e decréscimo na produção de leite;
O cloro é um dos principais elementos do fluido extracelular e possui uma
função importante na formação do ácido clorídrico, essencial para a digestão
gástrica.
As necessidades dos animais são atendidas pelo fornecimento de cloreto de
sódio (sal comum), pelo qual os bovinos têm grande avidez.

2 - Cálcio (Ca)

No organismo animal, o cálcio se apresenta na proporção de 13 a 18 g/kg de


peso vivo, enquanto o leite possui 1,2 g/kg. A maior parte do cálcio do organismo se
encontra nos ossos e dentes.
É importante a relação cálcio e fósforo (em geral 2:1) e níveis adequados de
vitaminas D2 ou D3 para a melhor absorção e utilização do cálcio. A carência destes
minerais causa o raquitismo em animais jovens e osteomalácia (ossos fracos) em
adultos.

3 - Fósforo (P)

Depois do cálcio, o fósforo é o mineral mais encontrado no corpo animal (8 a


10 g/kg de peso vivo). Os solos normalmente são pobres deste elemento, refletindo
em pastagens sem condições de atender às exigências totais dos bovinos.
Alguns sintomas de deficiência:
- baixo índice de fertilidade do rebanho;
- baixa produção de leite e decréscimo no ganho de peso dos bezerros;
- redução do apetite e apetite depravado (ingestão de pedra, madeira, ossos, etc.).

4 - Potássio (K)

É um mineral essencial à vida e se encontra muito presente nos músculos e


na pele. É o terceiro elemento mais encontrado no corpo animal (4 g/kg de peso
vivo).

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Sua carência pode provocar: parada do crescimento, fraqueza, rigidez e
paralisia muscular, redução do apetite. degeneração dos órgãos vitais e desordens
nervosas. (Barcelos 1992)
Apesar de sua importância, geralmente as forragens contêm
consideravelmente mais potássio do que a exigida pelo gado de leite (NAS, 1988),
portanto sem necessidade de sua suplementação.

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5 - Magnésio (Mg)

Está intimamente associado ao cálcio e fósforo, portanto com funções no


desenvolvimento dos ossos e dentes. É um ativador de enzimas e importante na
síntese de gordura do leite.
A deficiência de magnésio causa uma doença denominada "tetania das
pastagens", devido a seu baixo teor no sangue, apesar de níveis normais de Ca e P.
Normalmente, não é comum a ocorrência de deficiência de magnésio,
contudo é recomendável sua suplementação.

6 - Enxofre (S)

É um elemento presente nos aminoácidos sulfurosos, como a metionina,


cisteína e cistina e nas vitaminas tiamina e biotina. Possui uma importante função
na síntese de proteínas, em nível de rúmen. Em dietas pobres desse mineral, como
cana/uréia, recomenda-se, além do enxofre presente nas misturas minerais, um
reforço à base de 10 a 12 partes de nitrogênio para uma parte de enxofre.

Microminerais

1 - Zinco (Zn)

Possui muitas funções, entre elas estar associado aos hormônios


reprodutivos, e, entre os sintomas de deficiência, destacam-se o ressecamento e a
escamação da pele. As pastagens em solo de cerrado são normalmente deficientes,
o que merece atenção especial.

2 - Ferro (Fe)

Presente na hemoglobina e apresenta importante função na respiração


celular. O sintoma mais característico é a anemia. São raros os casos de deficiência
em animais adultos, entretanto pode ser freqüente em bezerros na fase de
aleitamento.
Incidência de endo e ectopa-rasitos e ocorrência de perda de sangue podem
conduzir à deficiência.

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3 - Cobre (Cu)

Presente nos glóbulos vermelhos do sangue, mantém estreita relação com o


ferro e o molibdênio. Sua deficiência causa anemia, queda da fertilidade e da
produção de leite.

4 - Iodo (I)

Presente na tireóide, com função primordial na síntese dos hormônios nesta


glândula. Sua deficiência causa o bócio, papeira ou papo, supressão do cio em
vacas e queda do libido nos reprodutores;.

5 - Cobalto (Co)

Faz parte da composição molecular da vitamina B12. Sem a sua presença na


dieta, não há síntese desta vitamina em nível de rúmen. Sintomas como falta de
apetite, anemia, perda de peso ocorrem devido a sua deficiência, que, em casos
extremos, pode resultar em morte dos animais. Doença carencial de cobalto ocorre
com vários nomes regionais, como: "mal-de-colete", "peste de secar", "mal-de-
fastio", etc.

6 - Selênio (Se)

Inicialmente, foi estudado como sendo um elemento tóxico, entretanto sua


carência causa principalmente deficiência reprodutiva e retenção de placenta
durante o parto.

7 - Manganês (Mn)

Sua absorção é baixa pelo organismo animal, sendo importante para a reprodução
e, durante a gestação, para a sobrevivência das crias.

8 - Molibdênio (Mo)

Estudado mais sobre sua toxidez, e, em termos práticos, não tem ocorrido
sua deficiência. Não é necessária sua inclusão nas misturas minerais.

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Fornecimento das Misturas Minerais

Recomendam-se que as misturas minerais sejam adquiridas de empresas


especializadas, evitando-se sua formulação e preparo em nível de propriedade
rural, pois isto implica conhecimento, utilização de equipamentos específicos e
pequenas quantificações de certos minerais. É aconselhado que sua aquisição seja
de empresas estabelecidas, registradas e idôneas, para que ocorra a real
mineralização do rebanho. A mistura mineral deve estar disponível a todas as
categorias do rebanho, durante todo o ano.
Existem, basicamente, dois tipos de misturas minerais disponíveis: uma
mistura completa ou "pronta para uso", na qual estão presentes todos os
ingredientes, e uma outra mais concentrada, para ser misturada ao cloreto de sódio
(sal comum). Evitar "pacotinhos milagrosos" com prescrições para serem incluídos
apenas no sal comun.
O fornecimento das misturas minerais pode ser realizado das seguintes
formas:
a - fornecidas exclusivamente em cochos, de preferência cobertos, distribuídos nas
pastagens e ou nos currais ou estábulos. Os animais têm livre acesso às misturas e
consumo à vontade;
b - adicionadas aos concentrados (milho, farelo, etc.) preparados na propriedade.
Neste caso, em geral, tem sido recomendado de 1 a 4%, dependendo da categoria
e das quantidades de concentrado fornecido;
c - adicionadas à uréia, na proporção de 60 a 70 partes de sal mineral para 40 a 30
partes de uréia, respectivamente. Merecem cuidados especiais de adaptação dos
animais, e devem-se utilizar cochos cobertos e furados, para evitar entrada e
acúmulo de água no cocho.
Recomendadas para o período de inverno, visando à melhor utilização do
pasto seco (maior digestibilidade e consumo). Permitem mantença de animais em
recria (machos e fêmeas).
d - Adicionadas à uréia e a alimentos "palatabilizantes" (fubá de milho, farelos,
etc.), chamadas misturas múltiplas. O Quadro 2 fornece as proporções
recomendadas e o esquema de adaptação dos animais.

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Fornecer à vontade em cochos cobertos e furados, durante o período de


inverno, visando à melhor utilização do pasto seco (maior digestibilidade e
consumo). Permite mantença ou pequenos ganhos de animais em recria (machos e
fêmeas) e engorda.
Esta proposta é melhor do que a anterior (sal/uréia), pois os animais
consomem mais a mistura e proporciona a ingestão de outros nutrientes, mesmo
que em pequenas proporções.
O consumo voluntário esperado é da ordem de 300 g/animal adulto/dia.
Existem misturas minerais/uréia/palatabilizantes já prontas e comercialmente
disponíveis.

Padrões de Misturas Minerais

A Secretária Nacional de Defesa Agropecuária do MAARA estabeleceu, através da


Portaria nº 33 de 22/04/91, os padrões de registro das misturas minerais destinadas
a bovinos, aves e suínos, que devem ser respeitados pelos fabricantes (Quadro 3).

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Atenção:

Além dos padrões mínimos, a portaria estabelece:


- que é proibido o uso de fosfato de rocha;
- que o teor de flúor não pode exceder 0,2 %;
- que o cálcio e fósforo tenham uma relação mínima de 1:1;
- que o teor de cloreto de sódio não ultrapasse a 60%.
É oportuno esclarecer que o produtor deve observar os teores dos minerais
explícitos na embalagem, comparando-os com os padrões legais.
Em 30/06/95, a Secretaria de Desenvolvimento Rural baixou a Instrução
Normativa no 2, definindo os procedimentos relativos a suplementos minerais, com
inclusão de uréia para bovinos. Entre os procedimentos principais, estabelece que o
suplemento mineral contenha no mínimo 20% e no máximo 35% de uréia e que,
para gado de leite, os minerais da formulação sejam aqueles determinados
(Portaria 33), diminuídos do percentual da uréia. Para gado de corte não é
permitida a redução dos minerais com a inclusão da uréia.

VITAMINAS PARA BOVINOS

As vitaminas são compostos orgânicos existentes nos alimentos, em sua


forma definitiva ou como precursoras, e necessárias em quantidades mínimas ao

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crescimento, à produção e reprodução dos animais, ou seja, à perfeita nutrição e
saúde.
As vitaminas até agora conhecidas são diferentes em estrutura química, não
constituindo, portanto, um determinado grupo definido de substâncias. Não há
relação de identificação química entre elas, como há entre os carboidratos, as
proteínas e os lipídios. Devido às suas diferentes estruturas químicas, as diversas
vitaminas têm funções diferenciadas no organismo dos animais.
As vitaminas são classificadas em dois grupos: aquelas solúveis em solventes
de gordura e são grupadas sob a denominação de vitaminas lipossolúveis; e
aquelas outras solúveis em água, que recebem a denominação de vitaminas
hidrossolúveis.
Existem algumas características básicas, que diferem as vitaminas do grupo
lipossolúvel (A, D, E, K) das vitaminas do grupo hidrossolúvel (complexo B e C),
como, a função, local de absorção, excreção e armazenamento. As vitaminas do
complexo B possuem papel enzimático fundamental nas reações intermediárias do
metabolismo comum a todos os organismos, incluindo os mais simples, como as
bactérias. Contudo, as vitaminas lipossolúveis somente são requeridas por
organismos multicelulares complexos, com funções altamente especializadas, cujo
mecanismo e função são ainda desconhecidos. (Vilela, 1979) Quadro 1

1 - Vitaminas lipossolúveis

Há uma correlação entre a absorção de vitaminas lipossolúveis e a digestão e


absorção dos lipídios.

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a - Vitamina A e Caroteno

Todos os animais requerem uma fonte dietética de vitamina A. No entanto


ela não ocorre como vitamina A propriamente dita em produtos vegetais, mas sob a
forma do caroteno. Este composto é comumente designado de provitamina A,
porque o organismo pode transformá-lo na vitamina ativa, e é desta forma que as
exigências de vitamina A dos animais podem ser supridas, visto que as rações são
constituídas principal ou inteiramente de alimentos de origem vegetal. (Vilela,
1979)
O organismo animal depois de transformar o caroteno em vitamina A,
armazena-o no fígado, em quantidades necessárias, e, em menor escala, em outros
tecidos.
É provável que os bezerros nasçam com reduzida reserva de vitamina A. Daí
vem uma das importantes funções do colostro, que é o de suprir o recém-nascido
desta vitamina. Os animais jovens a requerem em níveis elevados, mas suas
necessidades são atendidas pelo leite, que a encerra em teores adequados.
Entretanto, para isso, é preciso que os bezerros recebam esse alimento em
quantidades apropriadas. No caso da desmama precoce ou redução no
fornecimento de leite, após 60 a 90 dias de idade, o concentrado que recebem deve
ser enriquecido com vitamina A. Bezerros com deficiência de vitamina A
apresentam aspecto doentio, são susceptíveis a doenças do aparelho respiratório
(pneumonia) e digestivo (diarréia), com elevado índice de mortalidade.
Em vacas, a carência dessa vitamina interfere no processo reprodutivo,
provocando ausência de cio ou cios irregulares, abortos e retenção de placenta.
As forragens verdes, embora não sejam fornecedoras da vitamina, são ricas
em seus precursores (carotenos). Esses, principalmente na mucosa intestinal, são
desdobrados em vitamina A. As silagens e os fenos não são fontes satisfatórias de
caroteno, uma vez que esse é destruído em grande parte, durante o processo de
fermentação ou de desidratação. O milho amarelo (grão) é fonte abundante de
caroteno e pode prestar razoável contribuição ao fornecimento da vitamina.
A eficiência da conversão de caroteno em vitamina A é bastante baixa, no
caso dos bovinos. Esta conversão pode piorar mais ainda, no caso de deficiência
protéica e mesmo quando há carência da própria vitamina. Neste último caso, as
respostas do animal ao caroteno são lentas, sendo recomendável a administração
da própria vitamina.

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No período de boas pastagens, é muito remota ou mesmo inexistente a
possibilidade de carência da vitamina A. Mesmo na época de seca, se o animal
receber alimentos verdes de boa qualidade, é improvável casos de deficiências.
Entretanto, se o alimento básico provém de capineira, cuja forragem esteja madura
(com poucas folhas), silagens, fenos e palhadas, há de ser prevista a possibilidade
de deficiência, principalmente no caso de vacas boas produtoras de leite.

b - Vitamina D

É importante para o metabolismo do cálcio, desempenhando papel relevante


na formação do esqueleto e produção de leite.
Nas nossas condições usuais de manejo do rebanho, é dispensável o
fornecimento suplementar da vitamina. Isso porque a luminosidade solar (raios
ultravioletas) converte os esteróis cutâneos em vitamina D3, em quantidade
suficiente para atender às necessidades do animal.
Por outro lado, se bezerros são alojados em bezerreiros, sem receber sol, é
indispensável que tenham essa vitamina em seu alimento, pois o leite não é fonte
suficiente. Da mesma forma, vacas em estabulação completa devem receber
vitamina D adicional. Os fenos curados ao sol são fontes ricas dessa vitamina.

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c - Vitamina E

A importância da vitamina E está no fato de atuar como antioxidante


biológico, bem como de se encontrar fisiologicamente relacionada com o selênio
(micromineral importante na reprodução).
Não chega a ser problema prático na criação, pois é abundante nas forragens
e nos grãos das misturas de concentrados.

d - Vitamina K

A vitamina K está presente em grande quantidade nas forragens verdes, e a


vitamina K2 é sintetizada por bactérias do rúmen.
Assim, em condições normais, praticamente não existem possibilidades de
deficiências dessa vitamina.

2 - Vitaminas Hidrossolúveis

As vitaminas desse grupo, como as do complexo B (tiamina, riboflavina,


niacina, piridoxina, ácido pantotênico, biotina, ácido fólico, inositol,
cianocabalanina, colina), são sintetizadas no rúmen, e a vitamina C é sintetizada
nos tecidos dos animais.
A necessidade de dietas ou fontes dietéticas de vitaminas do complexo B não
tem sido estabelecida para os ruminantes em condições normais de alimentação.
É oportuno observar que o cobalto faz parte da molécula da vitamina B12,
portanto, para a sua síntese, é necessária a presença desse micromineral no
rúmen, ou seja, na dieta dos bovinos.

3 - Outros comentários

Com base nas pesquisas, pode ser avaliado que, em condições normais de
criação, de um modo geral, os ruminantes têm as suas necessidades vitamínicas
atendidas pelos alimentos naturais e pela síntese que ocorre no rúmen e nos
tecidos.
Aparentemente, a vitamina que deveria merecer um pouco de atenção seria
a vitamina A, já que pode ser deficiente em determinadas situações (pastagem
seca, volumoso de baixa qualidade, palhadas), especialmente no caso de rebanho
leiteiro.

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Conclui-se que não há necessidade de amplas suplementações vitamínicas
na alimentação dos rebanhos brasileiros, pois o problema praticamente restringe-se
à vitamina A, mesmo assim em situações especiais. (Vilela, 1979)
Nos casos especiais têm de se considerar as vacas leiteiras de alta produção,
pois tem ocorrido resposta a certas vitaminas, como por exemplo, com o uso de
niacina.
As vitaminas são ministradas aos bovinos, de um modo geral, adicionadas à
ração ou mesmo injetável em quantidades de acordo com as recomendações do
fabricante. É oportuno mencionar que existem comercialmente disponíveis misturas
minerais vitamínicas, prontas para uso, denominadas "núcleos".

ÁGUA PARA OS BOVINOS

A água é considerada um nutriente essencial para os bovinos. É necessária


para a manutenção dos fluidos corporais e promover o correto balanço dos íons;
para a digestão, absorção e metabolismo dos nutrientes; para eliminação dos
excrementos e excesso do calor corporal; para proporcionar um ambiente para o
desenvolvimento do feto e para transporte de nutrientes aos tecidos do corpo.
(NRC, 1988)
A quantidade de água ingerida pelos bovinos é influenciada por vários
fatores, entre eles o consumo de matéria seca, as condições climáticas
(temperatura e umidade do ar), a composição da dieta, as características da água e
o estado fisiológico do animal. O consumo de água é positivamente correlacionado
com o consumo de matéria seca, e, quanto maior for a temperatura e menor a
umidade do ar, maior será o consumo de água. O consumo de água é altamente
afetado pela composição da dieta. Assim, a ingestão de alimentos com alto teor de
umidade diminui o consumo voluntário de água. O consumo de dietas contendo
substanciais teores de cloreto de sódio, bicarbonato de sódio ou proteína também
está associado com o maior consumo de água. Entretanto, altas concentrações de
cloreto de sódio na água diminuem seu consumo e tornam-se tóxicas na
concentração de 2%.
A temperatura da água também afeta o consumo de água pelos bovinos e
seus desempenhos.
Há dados disponíveis que evidenciam o fato de que temperaturas extremas
afetam o consumo de água, bem como a taxa respiratória e o desempenho do
animal. Sob altas temperaturas ambientais (acima de 30ºC), os referidos dados
mostram que, resfriando-se a água de 31,1 para 18,3ºC, o consumo de água reduz-

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se de 3,6 a 4,5 kg/dia; a taxa de respiração sofre redução de 10 a 12%; e ganho de
peso em gado de corte (NRC, 1988) aumenta em 36%.
Outros trabalhos confirmam que aquecimento da água durante o inverno
aumenta o seu consumo por vacas de leite, o mesmo acontecendo com vacas não
lactantes, e este aumento foi crescente quando a temperatura da água passou de 1
para 39ºC. Os trabalhos concluem que os gastos com o aquecimento ou
esfriamento da água são maiores do que a que se obtém de retorno financeiro. Por
outro lado, o gado zebu (Bos indicus) bebe menos água do que o gado europeu (Bos
taurus). Esta diferença está principalmente relacionada com o hábito de
alimentação do gado zebu. O zebu tem um hábito de pastejo com maior grau de
seletividade do que o europeu e, com isto, consome mais água via forragem.
Existem outras variáveis dentro da espécie que afetam o consumo de água:
se o animal precisa de alimento somente para a mantença, ou para crescer, ou para
engordar, ou para gestar e ou para lactação. (ARC, 1980)
Vacas gestantes consomem mais água do que as não gestantes,
especialmente durante os 3 últimos meses de gestação.
Com temperaturas variando de 17 a 27ºC, a estimativa de requerimento de
água pelos bovinos é de 3,5 a 5,5 kg de água/kg de matéria seca da dieta.
O NRC(1988) propõe uma equação para estimar o consumo de água por
vacas em lactação, assim:

Consumo de água (kg/dia) = 15,99 + [(1,58 ± 0,271) x (consumo de matéria seca


em kg/dia)] + [(0,90±0,157) x (produção de leite em kg/dia)] + [(0,05 ± 0,023) x
(consumo de sódio em g/dia)] + [(1,20 ± 0,106) x (temperatura mínima diária em
graus C)].

A restrição natural, isto é, aguadas de difícil acesso e distantes, contribui


para baixar a produção de leite. Vacas leiteiras com água à disposição bebem 18%
mais e produzem 3,5% mais leite do que vacas que recebem água duas vezes ao
dia (quadro 1).

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A água fornecida aos animais deve ser limpa e estar disponível à vontade. Os
bebedouros devem ser de fácil acesso e estar próximos aos animais. Ainda, é
oportuno lembrar que vacas no final de gestação e início de lactação são os animais
que necessitam de maior quantidade de água. O Quadro 2 apresenta consumo de
água para bovino de corte.

PROMOTORES DE CRESCIMENTO

Os promotores de crescimento não são considerados alimentos, mas são


substâncias capazes de promover o aumento da eficiência alimentar e do
desempenho dos bovinos de corte. São divididos em dois grupos: aditivos e
anabolizantes.

Aditivos

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Os aditivos são ionóforos que foram desenvolvidos para aumentar a
eficiência alimentar, quando adicionados, em dosagens recomendadas, à dieta
alimentar de bovinos em confinamento, ou para aumentar a taxa de ganho de peso
em gado recriado ou terminado a pasto (Cesar, 1986). Esses ionóforos são
antibióticos capazes de atuar na fermentação do rúmen, modificando seu
metabolismo.
Existem vários tipos de ionóforos, entretanto, apenas dois estão disponíveis
no país e aprovados para serem adicionados à dieta alimentar de bovinos de corte.
São eles:
a) Monensina sódica: fabricado no Brasil e comercializado sob o nome de
Rumensin.
b) Ácido lasalocídico: fabricado no Brasil e comercializado sob o nome de
Taurotec.
Ambos possuem o mesmo mecanismo de ação e afetam os processos
metabólicos, tais como:
- aumentam o consumo de dietas com alta fibra e baixa energia;
- modificam a digestibilidade da fibra;
- diminuem a degradação da proteína em nível de rúmen;
- aumentam a digestão de amido;
- provocam mudanças na população microbiana do rúmen;
- diminuem a incidência de desordens metabólicas (prevenção de acidose);
- inibem a ocorrência de timpanismo.
Com relação à resposta animal, Alvarenga (1991), mencionando outros autores,
informa que as reações no desempenho de animais alimentados com ionóforos
(aditivos) dependem do tipo da dieta. Em dietas à base de grãos (caso de animais
em confinamento), diminui o consumo sem promover diminuição no ganho de peso,
melhorando assim a conversão alimentar. Já em dietas com quantidades maiores de
forragens, a conversão alimentar também melhora, porém pelo aumento no ganho
de peso com o mesmo consumo.
Tem-se encontrado acima de 10% no aumento da eficiência alimentar.
Níveis recomendados do princípio ativo para animais confinados:
- Monensina sódica - 200 miligramas/cabeça/dia;
- Ácido lasalocídico - 300 miligramas/cabeça/dia.
Entretanto, para seu uso, seguir as orientações prescritas pelo fabricante.
Observação: estes aditivos são extremamente tóxicos para eqüinos.

Anabolizantes

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Também chamados de 'implantes', são hormônios de origem natural ou


sintética, com atuação glandular, fazendo com que haja liberação do hormônio de
crescimento, aumentando o potencial de crescimento dos bovinos.
Apresentam-se, normalmente, na forma de 'pellet', cuja aplicação é feita
através da introdução sob a pele da orelha do animal. O uso destes implantes tem
promovido, de um modo geral, um acréscimo de 6 a 12% no ganho de peso dos
animais.
Atualmente, estes promotores de crescimento estão proibidos legalmente de serem
fabricados e utilizados no Brasil (Portaria MAARA 51/91). Apesar desta proibição,
tornam-se oportunos comentários a respeito do assunto, devido a seu uso em
diversos países e ao interesse manifestado pelos criadores pela liberação de alguns
destes implantes. Sabe-se que o uso de vários destes compostos são utilizados, em
larga escala, no U.S.A., Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Argentina e México.
Existem basicamente 4 categorias de implantes (Cesar, 1986):
a) implantes de origem sintética (hormônios sintéticos) como o Zeranol e o
Trembolone. Necessitam de período de carência, após serem implantados
(normalmente 60 dias).
b) Implantes de origem natural (hormônios naturais) como o Synovex, Steeroid,
Compudose e Impulso, sem necessidade de período de carência após serem
implantados. Estes hormônios tendem a ser os mais aceitos pela maioria dos
países.
c) Implantes de origem natural combinado com sintético como o Forplix e Revalor.
d) Implantes condenados que causam problemas para a saúde humana à base de
Estilbestrol como o Stimplant, Hexatette e Viguen. São mundialmente condenados
por serem cancerígenos.
É oportuno mencionar que as entidades de classe dos criadores têm feito
esforços, junto às autoridades governamentais, no sentido de que sejam liberados
alguns destes compostos. Entre eles, podem-se citar os hormônios à base de: 17
Beta Estradiol, progesterona, Testosterona, Zeranol e Trembolona.
Os criadores se baseiam em vários argumentos favoráveis à liberação do uso,
devido a não oferecerem risco à saúde humana, podendo mencionar:
- são utilizados por países desenvolvidos;
- após a implantação, os níveis de hormônios na carne são freqüentemente mais
baixos do que aqueles encontrados em gado não tratado;

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- são encontrados naturalmente em outros alimentos com teores superiores à carne
de animais implantados. Comparação da concentração de hormônios femininos em
relação a 500g de carne de bovinos implantados. Exemplos:
* 1 ovo de galinha contém 200 vezes mais hormônio;
* 1 copo de leite contém entre 3 a 5 vezes mais;
* 1 colher de sobremesa de óleo de soja contém 2.000 vezes mais atividade
estrogênica.

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