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Os ruminantes possuem o estômago composto que compreende uma parte
aglandular e uma parte glandular que corresponde ao estômago dos
monogástricos. A parte aglandular compreende o rúmen, o retículo e o omaso,
sendo que nos dois primeiros ocorre a fermentação microbiano, onde as bactérias e
protozoários produzem enzimas capazes de hidrolizar proteínas, lipídios e
carboidratos, inclusive a celulose. A parte glandular corresponde ao abomaso onde
a digestão é feita através do suco gástrico (Silva e Leão, 1979).
O fato dos ruminantes possuírem o estômago composto traz algumas
vantagens com relação aos monogástricos tais como:
a) utilização de alimentos fibrosos consideravelmente maior que em outro
herbívoro, ou que nos suínos.
b) síntese das vitaminas do complexo B e vitamina K o que torna os ruminantes
independentes do fornecimento externo destas vitaminas e dificilmente sofrem
carências delas;
c) síntese de proteínas a partir de compostos nitrogenados não protéicos.
Existem também algumas desvantagens:
a) perda de energia na fermentação pré-gástrica;
b) perda de nitrogênio, em forma de amônia;
c) na hidrólise das proteínas no rúmen perdem-se alguns aminoácidos essenciais;
d) a absorção de açucares no ruminante parece quase nula.
Aproximadamente 70 a 85% de matéria seca digestível da ração é digerida
pelos microorganismos do rúmen.
Alguns compostos ou nutrientes merecem uma citação especial, e assim, os
carboidratos constituem de um modo geral, cerca de 75% da matéria seca das
forragens e consequentemente, a principal fonte de energia para os ruminantes.
Dentre eles destaca-se a celulose que é um carboidrato estrutural básico das
plantas e está presente em quase todas elas, e é um dos mais abundantes
compostos orgânicos, útil aos ruminantes. A utilização desta grande fonte de
energia é desejável e necessária para suprir essas espécies. A celulose é utilizada
pelos ruminantes através de um processo indireto, qual seja, hospedando
microorganismos no rúmen, capazes de hidrolizar a celulose, com fornecimento de
energia.
As partes lenhosas das plantas, isto é, os caules, as hastes de folhas, as
cascas, os sabugos, contém uma substância indigesta chamada lignina, que ocorre
intimamente associada com a celulose. Além de não digerida, a lignina interfere na
digestibilidade dos outros nutrientes. Seu teor aumenta com o decorrer do ciclo
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vegetativo ou idade das plantas. Tem sido sugerido que a lignificação de forrageiras
é o fator mais importante, que limita a produtividade animal. (Noller, 1997)
Outro carboidrato importante, muito presente nos grãos dos cereais, é o
amido que é praticamente todo digerido pelo ruminante, ou seja, apresenta um
coeficiente de digestibilidade próxima a 100%, portanto muito importante à
nutrição de bovinos.
Quantidades razoáveis de carboidratos solúveis tais como glicose, frutose e
sacarose (muito encontrado na cana-de-açúcar) estão presentes nas forragens e
são completamente digeridos no apare-lho digestivo dos ruminantes.
Outro aspecto importante da nutrição de ruminantes, que é oportuno
mencionar se refere a degradação e síntese de proteína. Ocorre, devido à presença
de microorganismo na rúmen, que são capazes de realizar a degradação de
proteína e de outros compostos nitrogenados não protéicos e a subsequente síntese
de proteína microbiana. Portanto, o sistema digestivo dos ruminantes permite uma
menor dependência da qualidade da proteína da ração em comparação ao do
monogástrico. Neste caso, pode até utilizar fonte de nitrogênio não protéico, como
por exemplo a uréia.
A proteína da dieta ingerida é degradada pelos microorganismos do rúmen,
em uma proporção que dependerá das características da fonte protéica e da ração;
os compostos nitrogenados liberados são utilizados na síntese de biomassa
microbiana. Dessa forma, a proteína que atinge o abomaso e intestino do animal,
para ser digerida e absorvida, é composta de duas frações: a proteína da dieta que
não foi degradada no rúmen (PNDR) e a proteína microbiana (PM) que foi
sintetizada no rúmen. A soma destas frações, corrigida pelo coeficiente de absorção
da proteína no intestino delgado, representa a proteína disponível para o animal.
(Silva, 1992)
Pelo exposto pode-se tirar algumas conclusões de ordem prática:
a) é importante manter a estabilidade das condições do rúmen, por conseqüência a
da população microbiana. Portanto, mudanças bruscas e rápidas da dieta, são
indesejáveis, pois, podem provocar distúrbios no rúmen, prejudicando o
desempenho animal. Adaptação às mudanças alimentares devem ser realizadas;
b) devido a presença dos microorganismos no rúmen, os bovinos podem ser
alimentados de nitrogênio não protéico, como o da uréia, pois são capazes de
utilizar esse nitrogênio para a produção de proteína;
c) devido ao aumento do teor de lignina nas plantas, com o aumento da sua idade é
absolutamente importante evitar que os bovinos sejam alimentados com
forrageiras em estágio adiantado de maturação;
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d) para a devida nutrição dos microorganismos do rúmen e ou dos bovinos, o
suprimento alimentar deve ser devidamente equilibrado em fontes de energia,
proteína ou outros compostos nitrogenados, minerais e vitaminas.
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ALIMENTOS VOLUMOSOS
I - CAPINEIRA
Formação da Capineira
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A utilização de mudas mais velhas, que são as mais comuns, implica dobrar a
quantidade de mudas, ou seja, plantar duas fileiras de mudas dentro do sulco.
As mudas devem ter as pontas retiradas e, no momento do plantio, serem
cobertas com aproximadamente 10 cm de terra.
A capineira deve receber pelo menos 3 cortes no período das 'águas', sendo
o primeiro em outubro/novembro, o segundo em dezembro/janeiro e o terceiro em
março/abril. O capim do 1º e 3º cortes deve ser fornecido aos animais em seu
estado natural, depois de picado, enquanto o capim do 2º corte é destinado à
produção de silagens. Todos os cortes também podem ser destinados à produção
de silagem.
Caso não seja possível a realização de algum corte na capineira para
fornecimento aos animais, mesmo assim, o capim deve ser cortado e deixado no
campo. Nesse caso, pode-se realizar um pastejo leve na capineira, para que os
animais venham a consumir as folhas, e, em seguida, cortar o caule que restou,
rente ao solo.
Após cada corte, aplicar de 10 a 15 t de esterco/ha e realizar adubação
nitrogenada em cobertura, antes do 1º corte (quando as plantas estiverem ainda
com pequeno porte - 40 cm) e 15 dias após o 1o e 2o cortes. Aplicar 40 kg de N/ha
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para cada adubação, com o solo úmido. Realizar anualmente análise de solo,
visando ao monitoramento da fertilidade do solo, tendo em vista a necessidade de
calagem e os níveis de fósforo e potássio.
II - CANA-DE-AÇÚCAR
Formação do Canavial
1 - Escolha da área:
2 - Escolha da variedade:
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ao tombamento, a pragas e doenças. Devem-se utilizar, pelo menos, duas
variedades, sendo uma de ciclo de maturação precoce (corte no início do período
seco) e outra de ciclo médio ou médio-tardia, cuja colheita começa a partir da
metade do período seco. Características de variedades de cana aparecem no
Quadro 1.
3 - Plantio
Tratos culturais
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Manter o canavial livre de ervas daninhas, com capinas feitas com enxada,
cultivador ou herbicida.
A adubação nitrogenada interfere no teor de açúcar da planta. Do plantio ao
1º corte, o N pode ou não ser recomendado, dependendo das condições locais. É
recomendado a adubação nitrogenada a solos pobres em matéria orgânica, e, neste
caso, realizar adubação de cobertura na base de 50 a 60 kg de N/ha, em torno de
60 dias após o plantio.
Manejo da Cana-soca
Utilização da Cana
A cana deve ser cortada rente ao solo, com podão ou enxada; retirar suas
folhas secas, antes desta operação, deixando-as espalhadas sobre o solo.
Pode ser utilizada para os bovinos como único volumoso ou misturada a
outros volumosos como capim, silagens, etc. Devido a suas limitações nutricionais,
deve ser sempre suplementada com algum alimento concentrado ou mistura deles,
visando à maior utilização desta forrageira pelos bovinos.
Quando se deseja altos níveis de produção, a cana deve ser evitada.
Uma das formas de se utilizar deste volumoso com sucesso é através da
chamada cana + uréia. Para o preparo e fornecimento dessa mistura, seguir o
roteiro abaixo:
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- a uréia constitui uma fonte de nitrogênio não-protéico, e as bactérias do rúmen
apresentam a capacidade de converter este nitrogênio em proteína microbiana,
utilizando a energia da cana;
- é importante a inclusão de uma fonte de enxofre, pelo fato de a cana ser pobre
neste mineral e ser importante para a síntese de proteína em nível de rúmen.
Utilizar sulfato de amônio ou sulfato de cálcio (gesso agrícola);
- proporção da mistura: 9 partes de uréia + 1 parte de sulfato de amônio, ou 8
partes de uréia + 2 partes de sulfato de cálcio. Misturar bem com auxílio de uma
enxada, ensacar e guardar em local seco, fora do alcance dos animais.
d - Cuidados necessários:
- fazer adaptação dos animais;
- não fornecer cana + uréia para animais em jejum;
- observar os animais com regularidade;
- permitir livre acesso dos animais à água e aos minerais;
- fornecer a mistura em cocho coberto ou perfurado;
- jogar fora a sobra no cocho do dia anterior;
- readaptar os animais no caso de interrupção do tratamento.
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c - Palha de soja: as sobras da colheita de soja constituem alimentos grosseiros,
com alta porcentagem de fibra. Seu aproveitamento pelos bovinos é muito baixo,
limitando seu uso.
d - Palha de arroz: é o produto resultante da bateção do arroz e é constituída da
haste e do cacho com alguma semente, sendo bem aceita pelos animais. Quando a
colheita do arroz é manual, a palha poderá ser armazenada em medas, como se faz
para feno. No caso de colheita mecânica, haverá necessidade de ceifar a planta
rente ao solo, para seu aproveitamento, o que requer o uso de conjuntos
apropriados, para o enfardamento como feito para feno.
e - Palha de trigo: é o produto resultante após a colheita dos grãos e pode ser
manuseada semelhante à palha de arroz.
g - Bagaço de cana: é um volumoso de baixa qualidade, seu uso deve ser restrito a
animais de menor exigência ou de baixos desempenhos. Deve ser picado em
picadeiras, logo após a extração do caldo.
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A parte aérea da mandioca pode ser também transformada em farelo, cujo
valor nutritivo é relativamente alto. Para tal, deve-se picar o material em uma
picadeira, deixar secar bem ao sol e depois passar em um desintegrador ou
moinho. O farelo assim produzido deve ser ensacado e armazenado em lugar
arejado. Pode ser fornecido aos animais juntamente com outros alimentos ou
misturado (5%) ao capim-elefante, quando utilizado para silagem.
No Quadro 1 aparece a composição de alguns restos culturais.
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- Visa ao aumento da digestibilidade do resto cultural.
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Procedimento:
- melhores resultados foram obtidos com 5 kg em 100 kg de matéria seca de palha,
aplicados através de solução com 200 l de água;
- distribuir a solução com regador sobre a palha previamente picada, misturando-a
bem;
- deixar durante 20 a 24 horas;
- tem sido obtido aumento de 30% na digestibilidade.
Uso de uréia
Procedimento:
- passar a palha numa picadeira;
- preparar uma solução de uréia a 7% (7 kg em 100 l de água);
- molhar uniformemente a palha, na proporção de 65 l de solução para 100 kg de
palha;
- cobrir com lona plástica e vedar bem;
- esperar 40 a 50 dias para abrir e fornecer aos animais.
Observação:
- Se, além da solução acima, for utilizado grão de soja cru, bem moído, haverá
aceleração e vantagem no processo de amonização, podendo ser utilizada em 4
semanas. Usar a soja, incorporada à palha, na proporção de 3 kg para 100 kg de
palha.
Procedimento:
- passar a palha numa picadeira ou utilizar o material enfardado;
- cobrir com lona plástica e vedar bem;
- injetar a amônia na proporção de 2,5 a 3,5% (base de matéria seca);
- deixar em tratamento durante 15 dias;
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Observações:
- é aconselhado também o tratamento de fenos de baixa qualidade;
- quanto menor a temperatura mais tempo deve durar o tratamento;
- a umidade ideal do material é em torno de 30% (umidecimento é aconselhável a
materiais muito secos).
ALIMENTOS CONCENTRADOS
I - GRÃOS
1 - Milho grão
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2 - Sorgo grão
3 - Soja grão
II - SUBPRODUTOS INDUSTRIAIS
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1 - Algodão - farelo
3 - Algodão - caroço
4 - Amendoim-farelo (solvente)
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7- Girassol, farelo (solvente)
Parte do grão de milho que fica após extração da maior parte do amido, do
glúten e do gérmen, no processo de produção de amido ou do xarope. Mínimo: 21%
de PB.
Produto resultante dos grãos de soja moídos, após processo industrial, para
extração do seu óleo. Mínimo: 44% de PB.
11 - Trigo - farelo
12 - Melaço de cana
13 - Melaço em pó
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adicionado ao volumoso, objetivando aumentar a palatabilidade. O melaço em pó
produzido no país (M. Gerais) possui a seguinte composição: MS = 97%; NDT =
70%; PB = 2%; Ca= 4,5%; P = 0,14%.
15 - Carne - farinha
17 - Peixe - farinha
Produto seco e moído, obtido pela cocção do peixe integral, de seus cortes ou
de ambos, com ou sem extração do óleo. Mínimo: 55% de PB.
19 - Sangue - farinha
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20 - Ossos autoclavados - farinha
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1 - Preparo das raízes e sua utilização na alimentação
2 - Fresca
É uma das formas que a raiz pode ser fornecida aos animais. Alguns cuidados
devem ser tomados:
- se for mandioca-mansa, colher, lavar, picar e fornecer imediatamente as raízes
aos animais, porque não se conservam bem em estado fresco, pois o amido sofre
rapidamente uma hidrólise, seguida de fermentação. Em clima quente, três dias
após a colheita, as raízes tornam-se praticamente inutilizáveis;
- se a mandioca for brava, não convém fornecê-la em estado fresco. Antes, deve ser
picada e parcialmente secada.
3 - Raspa seca
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O tempo necessário para a secagem depende da umidade do ar, da
incidência de sol e do revolvimento do material no terreiro, durando, em geral, de 2
a 3 dias.
A raspa ou farelo deve ser fornecida aos bovinos, misturada a alimentos
protéicos (farelo, uréia, etc.). Tem substituído o milho, em misturas de
concentrados (sem desvantagens), tanto para engorda como para vacas em
lactação.
4 - Ensilada
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IV - URÉIA
Carboidratos
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ao sistema ruminal, juntamente com a amônia, propiciam a síntese de proteína. Os
carboidratos diferem-se amplamente nesta função, sendo o menos efetivo de todos
a celulose e o mais efetivo o amido (presente nos grãos dos cereais, raiz de
mandioca, etc.). A sacarose (presente na cana-de-açúcar) e os açúcares do melaço
apresentam valores intermediários. O amido, além do seu alto valor energético, é
hidrolisado em tempo mais hábil para o aproveitamento da amônia.
Proteínas
Enxofre
Utilização da uréia
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Há limites de utilização da uréia pelos ruminantes, o que deve ser respeitado,
pois, caso contrário, poderá ocorrer intoxicação do animal, com possível morte.
Abaixo, algumas regras práticas para a utilização da uréia:
- o NNP proveniente da uréia não deve ser maior do que 33% do nitrogênio total da
ração;
- a quantidade de uréia não deve ser superior a 1% da matéria seca total da ração;
- de um modo geral, a uréia não deve ultrapassar 3% numa mistura de
concentrados;
- até 40% de uréia numa mistura de sais minerais;
- 1% de uréia na cana-de-açúcar picada;
- 5 kg de uréia por tonelada de material a ser ensilado;
- considerar como limite máximo 40g de uréia por dia, para cada 100 kg de peso
vivo do animal.
Estes limites estabelecidos apresentam certa margem de segurança e, em
casos especiais, podem ser reestudados. Entretanto, um ponto é de fundamental
importância, qual seja, a adaptação dos animais ao uso da uréia.
Misturas com altos teores de uréia, como a utilização com minerais, merecem
maior atenção no fornecimento por parte dos produtores.
A uréia, quando devidamente utilizada, traz grandes vantagens,
principalmente considerando o aspecto econômico. Deve ser sempre recomendado
à alimentação dos bovinos.
- realizar adaptação dos animais, com aumento gradativo da uréia, durante pelo
menos uma semana; interrompendo o uso por mais de 3 dias, dever-se-á realizar
nova adaptação;
- em mistura com minerais, fazer adaptação pelo menos durante 2 semanas;
- fazer misturas bem homogêneas;
- observar os animais com regularidade;
- permitir livre acesso dos animais à água e aos minerais;
- fornecer os alimentos com uréia em cocho coberto ou perfurado, para evitar
acúmulo de água;
- não fornecer concentrado com uréia em rações líquidas ('sopão').
No caso de intoxicação, forçar o animal à ingestão imediata de 10 litros de vinagre
e repetir após 2 a 3 horas com mais 5 litros.
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V - EXCREMENTOS DE AVES
Cama de frango
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A cama de frango pode ser utilizada em todas as categorias de bovinos,
entretanto, deve ser evitada para bezerros de até 60 dias de idade e vacas de alta
produção de leite.
Em misturas concentradas (com milho e farelos), recomendam-se até 50%
para bois em engorda e animais em recria e no máximo 40% para vacas em
lactação. Entretanto, categorias com baixo desempenho ou em mantença podem
receber exclusivamente a cama misturada ou volumoso.
Outra maneira de se utilizar da cama de frango é misturada à forragem, no
processo de ensilagem. Pode ser utilizada na produção de silagem de milho ou
sorgo, entretanto, é mais recomendada às silagens de capim. Trabalho mostra que
o aumento gradativo (até 25%) de cama de frango ao capim-elefante, no momento
da ensilagem, promove o aumento da matéria seca, da proteína bruta e da
digestibilidade da matéria seca. Entretanto, o melhor consumo da silagem,
determinado com novilhos em confinamento, e ganho de peso ocorreram com
13,7% de cama de frango. (Lavezzo, 1977) (quadro 1)
A cama de frango pode ser ensilada pura, sendo que ocorre uma boa
fermentação, quando possui em torno de 60% de matéria seca (40% de umidade).
Na cama de frango úmida e armazenada a granel podem ocorrer alto
aquecimento e risco de combustão espontânea. Outro aspecto da armazenagem é o
tempo, pois o valor do esterco de aves poderá ser alterado em alguns dias, devido
ao desprendimento de nitrogênio pela amonificação. Assim, quanto mais fresca for
a cama, maior será o teor de N e por conseqüência de proteína bruta.
Aspectos de sanidade
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corte e caprinos. Contudo, intoxicação pelo (alto nível) cobre foi observada em
ovinos alimentados exclusivamente com cama, o que não ocorreu com os bovinos.
Potencialmente, as camas de frango podem ser patogênicas, pois, em
análises já realizadas, foram constatados bactérias e fungos, que poderiam causar
algum problema à saúde do animal. Durante a armazenagem ou ensilagem da
cama, temperaturas elevadas ocorrem no interior do material estocado,
constituindo uma forma de inibir o desenvolvimento desses microorganismos. A
acidez desenvolvida no material ensilado (fermentado) também contribui para esse
fato, o que sem dúvida constitui uma prática aconselhável.
Por outro lado, animais de corte recebendo cama de frango não mostraram
na gordura sinais de drogas. Para vacas em lactação recebendo ração em que o
farelo de algodão foi substituído pela cama, concluiu-se que não houve mudanças
nas características do leite.
MINERAIS
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Na constituição do organismo animal, pelo menos 27 elementos minerais
participaram de maneira efetiva. Destes, 15 são considerados como essenciais,
sendo indispensável ao perfeito funcionamento do organismo animal.
A deficiência dos minerais provoca as chamadas doenças carenciais (Quadro
1), e, por outro lado, seu excesso pode apresentar toxidez nos bovinos.
Macrominerais
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- apetite anormal pelo sal; os animais são capazes de fazer grandes caminhadas
para ingeri-lo;
- perda de apetite e de peso;
- depravação do apetite, que faz o animal chegar ao ponto de ingerir terra;
- enfraquecimento acentuado e decréscimo na produção de leite;
O cloro é um dos principais elementos do fluido extracelular e possui uma
função importante na formação do ácido clorídrico, essencial para a digestão
gástrica.
As necessidades dos animais são atendidas pelo fornecimento de cloreto de
sódio (sal comum), pelo qual os bovinos têm grande avidez.
2 - Cálcio (Ca)
3 - Fósforo (P)
4 - Potássio (K)
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Sua carência pode provocar: parada do crescimento, fraqueza, rigidez e
paralisia muscular, redução do apetite. degeneração dos órgãos vitais e desordens
nervosas. (Barcelos 1992)
Apesar de sua importância, geralmente as forragens contêm
consideravelmente mais potássio do que a exigida pelo gado de leite (NAS, 1988),
portanto sem necessidade de sua suplementação.
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5 - Magnésio (Mg)
6 - Enxofre (S)
Microminerais
1 - Zinco (Zn)
2 - Ferro (Fe)
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3 - Cobre (Cu)
4 - Iodo (I)
5 - Cobalto (Co)
6 - Selênio (Se)
7 - Manganês (Mn)
Sua absorção é baixa pelo organismo animal, sendo importante para a reprodução
e, durante a gestação, para a sobrevivência das crias.
8 - Molibdênio (Mo)
Estudado mais sobre sua toxidez, e, em termos práticos, não tem ocorrido
sua deficiência. Não é necessária sua inclusão nas misturas minerais.
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Fornecimento das Misturas Minerais
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Atenção:
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crescimento, à produção e reprodução dos animais, ou seja, à perfeita nutrição e
saúde.
As vitaminas até agora conhecidas são diferentes em estrutura química, não
constituindo, portanto, um determinado grupo definido de substâncias. Não há
relação de identificação química entre elas, como há entre os carboidratos, as
proteínas e os lipídios. Devido às suas diferentes estruturas químicas, as diversas
vitaminas têm funções diferenciadas no organismo dos animais.
As vitaminas são classificadas em dois grupos: aquelas solúveis em solventes
de gordura e são grupadas sob a denominação de vitaminas lipossolúveis; e
aquelas outras solúveis em água, que recebem a denominação de vitaminas
hidrossolúveis.
Existem algumas características básicas, que diferem as vitaminas do grupo
lipossolúvel (A, D, E, K) das vitaminas do grupo hidrossolúvel (complexo B e C),
como, a função, local de absorção, excreção e armazenamento. As vitaminas do
complexo B possuem papel enzimático fundamental nas reações intermediárias do
metabolismo comum a todos os organismos, incluindo os mais simples, como as
bactérias. Contudo, as vitaminas lipossolúveis somente são requeridas por
organismos multicelulares complexos, com funções altamente especializadas, cujo
mecanismo e função são ainda desconhecidos. (Vilela, 1979) Quadro 1
1 - Vitaminas lipossolúveis
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a - Vitamina A e Caroteno
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No período de boas pastagens, é muito remota ou mesmo inexistente a
possibilidade de carência da vitamina A. Mesmo na época de seca, se o animal
receber alimentos verdes de boa qualidade, é improvável casos de deficiências.
Entretanto, se o alimento básico provém de capineira, cuja forragem esteja madura
(com poucas folhas), silagens, fenos e palhadas, há de ser prevista a possibilidade
de deficiência, principalmente no caso de vacas boas produtoras de leite.
b - Vitamina D
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c - Vitamina E
d - Vitamina K
2 - Vitaminas Hidrossolúveis
3 - Outros comentários
Com base nas pesquisas, pode ser avaliado que, em condições normais de
criação, de um modo geral, os ruminantes têm as suas necessidades vitamínicas
atendidas pelos alimentos naturais e pela síntese que ocorre no rúmen e nos
tecidos.
Aparentemente, a vitamina que deveria merecer um pouco de atenção seria
a vitamina A, já que pode ser deficiente em determinadas situações (pastagem
seca, volumoso de baixa qualidade, palhadas), especialmente no caso de rebanho
leiteiro.
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Conclui-se que não há necessidade de amplas suplementações vitamínicas
na alimentação dos rebanhos brasileiros, pois o problema praticamente restringe-se
à vitamina A, mesmo assim em situações especiais. (Vilela, 1979)
Nos casos especiais têm de se considerar as vacas leiteiras de alta produção,
pois tem ocorrido resposta a certas vitaminas, como por exemplo, com o uso de
niacina.
As vitaminas são ministradas aos bovinos, de um modo geral, adicionadas à
ração ou mesmo injetável em quantidades de acordo com as recomendações do
fabricante. É oportuno mencionar que existem comercialmente disponíveis misturas
minerais vitamínicas, prontas para uso, denominadas "núcleos".
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se de 3,6 a 4,5 kg/dia; a taxa de respiração sofre redução de 10 a 12%; e ganho de
peso em gado de corte (NRC, 1988) aumenta em 36%.
Outros trabalhos confirmam que aquecimento da água durante o inverno
aumenta o seu consumo por vacas de leite, o mesmo acontecendo com vacas não
lactantes, e este aumento foi crescente quando a temperatura da água passou de 1
para 39ºC. Os trabalhos concluem que os gastos com o aquecimento ou
esfriamento da água são maiores do que a que se obtém de retorno financeiro. Por
outro lado, o gado zebu (Bos indicus) bebe menos água do que o gado europeu (Bos
taurus). Esta diferença está principalmente relacionada com o hábito de
alimentação do gado zebu. O zebu tem um hábito de pastejo com maior grau de
seletividade do que o europeu e, com isto, consome mais água via forragem.
Existem outras variáveis dentro da espécie que afetam o consumo de água:
se o animal precisa de alimento somente para a mantença, ou para crescer, ou para
engordar, ou para gestar e ou para lactação. (ARC, 1980)
Vacas gestantes consomem mais água do que as não gestantes,
especialmente durante os 3 últimos meses de gestação.
Com temperaturas variando de 17 a 27ºC, a estimativa de requerimento de
água pelos bovinos é de 3,5 a 5,5 kg de água/kg de matéria seca da dieta.
O NRC(1988) propõe uma equação para estimar o consumo de água por
vacas em lactação, assim:
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A água fornecida aos animais deve ser limpa e estar disponível à vontade. Os
bebedouros devem ser de fácil acesso e estar próximos aos animais. Ainda, é
oportuno lembrar que vacas no final de gestação e início de lactação são os animais
que necessitam de maior quantidade de água. O Quadro 2 apresenta consumo de
água para bovino de corte.
PROMOTORES DE CRESCIMENTO
Aditivos
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Os aditivos são ionóforos que foram desenvolvidos para aumentar a
eficiência alimentar, quando adicionados, em dosagens recomendadas, à dieta
alimentar de bovinos em confinamento, ou para aumentar a taxa de ganho de peso
em gado recriado ou terminado a pasto (Cesar, 1986). Esses ionóforos são
antibióticos capazes de atuar na fermentação do rúmen, modificando seu
metabolismo.
Existem vários tipos de ionóforos, entretanto, apenas dois estão disponíveis
no país e aprovados para serem adicionados à dieta alimentar de bovinos de corte.
São eles:
a) Monensina sódica: fabricado no Brasil e comercializado sob o nome de
Rumensin.
b) Ácido lasalocídico: fabricado no Brasil e comercializado sob o nome de
Taurotec.
Ambos possuem o mesmo mecanismo de ação e afetam os processos
metabólicos, tais como:
- aumentam o consumo de dietas com alta fibra e baixa energia;
- modificam a digestibilidade da fibra;
- diminuem a degradação da proteína em nível de rúmen;
- aumentam a digestão de amido;
- provocam mudanças na população microbiana do rúmen;
- diminuem a incidência de desordens metabólicas (prevenção de acidose);
- inibem a ocorrência de timpanismo.
Com relação à resposta animal, Alvarenga (1991), mencionando outros autores,
informa que as reações no desempenho de animais alimentados com ionóforos
(aditivos) dependem do tipo da dieta. Em dietas à base de grãos (caso de animais
em confinamento), diminui o consumo sem promover diminuição no ganho de peso,
melhorando assim a conversão alimentar. Já em dietas com quantidades maiores de
forragens, a conversão alimentar também melhora, porém pelo aumento no ganho
de peso com o mesmo consumo.
Tem-se encontrado acima de 10% no aumento da eficiência alimentar.
Níveis recomendados do princípio ativo para animais confinados:
- Monensina sódica - 200 miligramas/cabeça/dia;
- Ácido lasalocídico - 300 miligramas/cabeça/dia.
Entretanto, para seu uso, seguir as orientações prescritas pelo fabricante.
Observação: estes aditivos são extremamente tóxicos para eqüinos.
Anabolizantes
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- são encontrados naturalmente em outros alimentos com teores superiores à carne
de animais implantados. Comparação da concentração de hormônios femininos em
relação a 500g de carne de bovinos implantados. Exemplos:
* 1 ovo de galinha contém 200 vezes mais hormônio;
* 1 copo de leite contém entre 3 a 5 vezes mais;
* 1 colher de sobremesa de óleo de soja contém 2.000 vezes mais atividade
estrogênica.
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