Vistos.
Houve prisão em flagrante (fls. 02/13). O Relatório Final foi apresentado pelo
Delegado Fábio Rizzo de Toledo (fls. 33/34).
A denúncia foi recebida (fls. 36 e 60). A defesa preliminar foi apresentada (fls.
53/55). Foram ouvidas as vítimas (fls. 71 e 72), duas testemunhas arroladas pela
acusação (fls. 73 e 74) e sete testemunhas arroladas pela acusação (fls. 85, 86,
87, 88, 89, 90 e 91). O réu foi citado e interrogado (fls. 109).
A Defesa do réu (Dra. Silvana Vieira Pinto), por sua vez (fls. 119/121), postulou
pela fixação da pena no mínimo legal, em razão das atenuantes da menoridade
parcial e da confissão espontânea. Pugnou, ainda, pelo cumprimento da
reprimenda em regime aberto. Alternativamente, requereu que a pena seja
fixada no mínimo legal e em regime semi-aberto.
É o relatório.
DECIDO.
Consta da denúncia que o acusado, após manter vítimas Tiago e Jaqueline sob
seu poder, restringindo suas liberdades, subtraiu, para si, mediante grave
ameaça à pessoa, exercida com o emprego de arma de fogo, o veículo VW-Fusca
1300, placas de Iracemápolis-SP, ano 76, cor vermelha, avaliado a fls.18 em R$
4.500,00, pertencentes a Tiago.
A materialidade do roubo é inconteste de acordo com o boletim de
ocorrência (fls. 15/16), auto de exibição e apreensão (fls. 17), auto de avaliação
direta (fls. 18), auto de entrega (fls. 19), laudo pericial da arma de fogo (fls.
50/51) e prova oral colhida.
A vítima Tiago (fls. 71) disse que estava na praça com sua namorada e quando
ela entrou no carro, o réu, armado, anunciou o assalto. O mesmo exigiu
que o levassem para fora da cidade. Posteriormente foram deixados e o acusado
seguiu com o Fusca. Ato contínuo acionou a polícia. Seguiram o trajeto de fuga
do réu e o localizaram um pouco a frente. A polícia efetuou abordagem. O
mesmo dispensou a arma pelo vidro. Reconheceu o acusado como o autor
do delito. Recuperou o que foi levado.
A vítima Jaqueline (fls. 72) contou que foi surpreendida pelo réu ao entrar no
carro de seu namorado, que já estava em seu interior. O acusado anunciou
assalto com o emprego de arma de fogo. O réu ficou no banco traseiro e exigiu
que sentassem na parte dianteira. Ato contínuo, mando que Tiago o levasse para
fora da cidade, sob pena de matá-los. Saíram de Iracemápolis em direção a
Piracicaba. Posteriormente, o acusado abandonou-os na via pública e evadiu-se
do local com o automóvel. Tiago acionou a polícia e esta localizou o réu nas
proximidades. Encontrou a arma em poder do acusado, bem como o Fusca.
Reconheceu o réu como sendo o responsável pelo crime.
Os depoimentos das vítimas, que nada tinham contra o réu, autorizam o decreto
condenatório e o reconhecimento das causas de aumento de pena, pois estão de
acordo com o restante da prova colhida.
O policial militar Rinaldo Souza Ramos (fls. 73) informou que estava em
patrulhamento quando foram solicitados pelas vítimas a comparecer ao local.
Tiago e Jaqueline passaram-lhe as informações a respeito do roubo. Seguiu em
direção ao caminho percorrido pelo réu na fuga e encontrou-o nas
proximidades. Apreendeu o carro e a arma de fogo municiada, juntamente com
o acusado. O réu alegou que queria o veículo para ir embora. As vítimas
reconheceram o acusado como o responsável pelo delito.
O policial militar Alberto Ribeiro Paixão (fls. 74) informou que foi solicitado
pelas vítimas a comparecer ao local. As mesmas passaram-lhe as informações a
respeito dos fatos. Seguiu o trajeto de fuga do réu e o localizou nas
proximidades. O acusado foi detido e o depoente apreendeu a arma municiada
bem como o carro.
João Batista Domiciano Pereira (fls. 86) não presenciou o ocorrido. Conhece o
acusado há 10 anos. Alegou que o réu é honesto, trabalhador e boa pessoa.
Desconhece algo que possa desabonar sua conduta. Jamais viu o acusado
armado.
José Valdir Degaspari (fls. 87) também não presenciou os fatos. Conhece o
acusado há 04 anos e desconhece algo que possa desaboná-lo. Nunca viu o réu
armado. Narrou que o mesmo é trabalhador, honesto e boa pessoa.
Luis Benedito dos Santos (fls. 88) não presenciou o ocorrido. Conhece o
acusado há 10 anos.alegou que o réu é trabalhador, pai de família, honesto e boa
pessoa. Desconhece algo que o desabone.
Estava em poder da “res” roubada. Além disso, não apresentou qualquer prova
que pudesse ser utilizada em seu favor.
Releva notar que a “qualificadora” (causa especial de aumento) de emprego de
arma de fogo restou cabalmente configurada pela prova oral colhida e pelo
Laudo pericial de fls. 50/51.
Atendendo aos ditames do artigo 59 [4], do Código Penal, fixo a pena base no
mínimo legal, tendo em vista que o réu não possui outros envolvimentos na
esfera criminal.
Posto isto e por tudo mais que dos autos consta, julgo procedente a presente
ação penal para condenar o réu MARCOS …., já qualificado nos autos, ao
cumprimento das penas de 05 anos, 07 meses e 06 dias de reclusão,
além de 14 dias-multa, estes no mínimo legal, por infração ao art. 157, § 2º,
I e V, do Código Penal.
O réu respondeu preso e foi aplicada pena em regime inicial fechado e seria um
contra-senso autorizar apelação em liberdade após sua condenação com provas
robustas e que será certamente mantida.
Nesse sentido:
Ainda, condeno o réu ao pagamento das custas no valor de 100 UFESPs, nos
termos da lei.
P. R. I. C.
Juiz de Direito
[2] Cálculos elaborados com auxílio do Programa do Dr. Hugo Nigro Mazzilli