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Introdução
Há dois mecanismos básicos para a transmissão de informação no sistema nervoso: o potencial de
ação e a transmissão sináptica. Os sistemas sensoriais somáticos utilizam-se desses mecanismos básicos de
sinalização. Diferentes receptores sensoriais na pele respondem a estímulos tácteis e dolorosos, sendo que os
receptores tácteis adaptam-se rapidamente (possibilitando, portanto, a realização dos experimentos propostos
no presente exercício). Esses receptores interagem com dois tipos de neurônios sensoriais; seus corpos
celulares situam-se em gânglios (agrupamentos de corpos celulares) situados próximos à medula e seus
prolongamentos ramificam-se, um direcionando-se para a periferia do organismo (para os receptores
propriamente ditos) e o outro entra na medula para realizar contatos sinápticos com outros neurônios e
transmitir a informação para o encéfalo. No encéfalo, o número de neurônios que processa informações
provenientes de uma dada região do corpo é proporcional à sua importância e não ao seu tamanho. Se
representarmos o número de neurônios corticais dedicados ao processamento de informações de uma dada
região do corpo sob a forma de área de cada uma das partes do corpo, o resultado final será um “homúnculo”,
i.e., uma figura humana totalmente fora de proporção. Neurônios que transmitem informações relacionadas a
dor são delgados e conduzem potenciais de ação à velocidade de 1m/s ou menos. Os neurônios que
transmitem informações tácteis possuem diâmetros maiores e podem conduzir impulsos à velocidade de 100
m/s. Ao longo de todo o seu curso rumo ao córtex, as vias sensoriais somáticas responsáveis pela transmissão
de informações tácteis e dolorosas são independentes. Há duas propriedades importantes que caracterizam a
sensação táctil: seu imenso poder de discriminação e seu papel na exploração ativa do ambiente. A habilidade
para detectar detalhes varia imensamente na pele de diferentes regiões do corpo sendo mais desenvolvida na
pele das pontas dos dedos e nos lábios, o que está associado à grande inervação dessas regiões e reflete a
quantidade de tecido neural dedicado ao processamento de informações dessas partes do corpo,
particularmente de córtex cerebral. A capacidade para desenvolver leitura Braille, presente em todos os seres
humanos, ilustra o grau de refinamento que pode haver na detecção de detalhes refinados da estimulação táctil.
Outro aspecto importante é a diferença no processamento de informações derivadas de estimulação táctil
promovida pela exploração ativa (a pessoa “busca” a informação) ou de estimulação passiva (algo ou alguém a
estimula). Essa diferença pode ser percebida tomando-se um objeto qualquer e passando-o, por exemplo,
sobre o dedo indicador, e depois passando o dedo indicador sobre ele. A exploração ativa proporciona muito
mais informação, sendo essencial para o reconhecimento de objetos.
A sensação dolorosa é diferente. Sua presença é desconfortável. Ela proporciona muito pouca
informação sobre a natureza do estímulo gerador da sensação, havendo virtualmente pouca ou nenhuma
diferença se ela é gerada pela penetração de um estilete, uma abrasão ou queimadura (a discriminação
possível nessas circunstâncias é feita pelo sentido táctil e não pelo doloroso). A relação entre a intensidade da
dor sentida e a intensidade do estímulo gerador de dor varia entre indivíduos e num mesmo indivíduo em
diferentes ocasiões. Um exemplo clássico é que ferimentos ocorridos “no calor da batalha” não são detectados
no momento, geram pequena sensação dolorosa. Além disso, sensação dolorosa pode surgir mesmo na
ausência de estimulação externa.
Exercícios
O presente conjunto de experimentos deve ser realizado em grupos de até cinco alunos. Na medida do
possível, deve haver um revezamento dos sujeitos experimentais, isto é, cada aluno deverá ter a oportunidade
de ser o voluntário pelo menos um dos experimentos. Os resultados deverão ser anotados para discussão.
Explanações e/ou hipóteses sobre os resultados devem ser elaboradas e serão, posteriormente, discutidas em
classe.
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O objetivo do presente experimento é investigar se a sensibilidade cutânea é uniforme. Dois bastões de
estimulação térmica (fornecidos como parte do material desta prática) serão utilizados no experimento. Um
voluntário deve apoiar uma de suas mãos sobre a mesa com a palma voltada para baixo. Uma gratícula
(quadrado, com 1 cm de lado, quadriculado) deve ser desenhada na falange média do dedo médio. Os olhos
devem estar vendados. Um dos estimuladores térmicos deve ser mantido em água à 45 oC e o outro em gelo
triturado com um pouco de água, em ambos os casos ao longo de todo o experimento. Pontos situados em
cada um dos 20 pequenos quadrados da gratícula devem ser estimulados duas vezes com o bastão quente e
outras 2 vezes com o bastão frio, numa seqüência aleatória desconhecida pelo voluntário. O procedimento de
estimulação envolve tomar o estimulador térmico, secá-lo rapidamente com um papel toalha ou guardanapo e
tocar gentilmente o ponto desejado, com a ponta fina do estimulador, por cerca de 2 a 3 segundos (esse
contato deve produzir um leve abaulamento da pele). O voluntário deverá, a cada estimulação, descrever sua
sensação como “quente” ou “frio”. Uma caneta hidrográfica azul de ponta fina deverá ser utilizada para marcar
os pontos identificados pelo voluntário como “frios” e outra, vermelha, para marcar os pontos identificados
como “quente”. É importante enfatizar que a cor vermelha ou azul identificará a sensação descrita pelo
voluntário e não o estimulador utilizado. Um dos demais alunos do grupo deverá tomar nota do estimulador
efetivamente utilizado e da sensação descrita pelo sujeito experimental em cada uma das estimulações. Deve-
se esperar cerca de 5-7 segundos antes de proceder a uma nova estimulação.
Ao final do experimento teremos um pequeno mapa dos pontos quentes e frios além de uma proporção
entre esses pontos entre si e em relação ao total de estimulações realizadas. Será importante ter esse mapa e
refletir sobre eventuais resultados que pudessem ser considerados “estranhos”.
Diferenças de percepção ao mesmo estímulo térmico
Um voluntário deve introduzir a mão esquerda em uma vasilha contendo água a 10 oC e a mão direita
numa vasilha com água a 45 oC, onde devem permanecer por cerca de 2 minutos. Findo esse período, ambas
as mãos devem ser introduzidas numa cuba com água a 30 oC. Um segundo voluntário deve repetir o
experimento deixando as mãos por apenas 3 segundos nas vasilhas iniciais. Registrar se esses procedimentos
implicam em diferenças nas sensações percebidas quando da imersão das mãos na vasilha a 30 oC.
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devem ser anotados em uma tabela para a realização posterior de cálculos de Média e de Desvio Padrão da
Média (DPM). Exemplo de Tabela:
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Medida LADO ESQUERDO LADO DIREITO
ponta falang mão antbr braço tronco ponta falang mão antbr braço tronco
1 0,4 .... ... ... ... ... ...
2 0,7 ... ... ... ... ... ...
..
É recomendável que se faça 30 testes, no mínimo
Média
DPM
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Para efeito de visualização dos resultados, construir um gráfico das médias e EPM encontradas para cada lado
do corpo considerando cada uma das regiões do corpo (ver exemplo abaixo).
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pesos colocados em ambos os copos poderão ser iguais ou diferentes. Assim, por exemplo, num primeiro teste,
coloca-se 50 g em cada copo. Num segundo teste um dos copos terá mais peso (digamos 50 vs 52 g). Em cada
teste pede-se ao voluntário que relate se há alguma diferença de pesos nas mãos. Diversas combinações de
pesos, ora iguais ora diferentes (variando entre 10 a 250 g) e de diferenças de pesos (até que uma diferença
seja detectada) devem ser utilizadas; por exemplo, 50 versus 55 g, 50 versus 57 g, 50 versus 60 g, 10 versus
12 g, 10 versus 15 g, 100 versus 110, 100 versus 120 g, 100 versus 150 g, 200 versus 220 g, 250 versus 300 g
etc). Em cada teste a diferença de pesos corretamente identificada pelo voluntário deve ser anotada em
conjunto com peso médio dos dois copos utilizados naquele teste específico. Ao final dos testes deve-se
construir um gráfico tendo na abscissa o peso médio medido e na ordenada a diferença de peso que gerou a
discriminação correta. A curva final segue algum tipo de função conhecida?
REFERÊNCIAS
(algumas disponíveis em www.ib.usp.br/~gfxavier, > Disciplinas (Protocolos e Cronogramas) > Leituras
Recomendadas, senha = aaa)
Greenspan JD 1993. A laboratóry exercise in somesthesis that is expeditious, inexpensive, and suitable for large
classes. American Journal of Physiology (Adv. Physiol. Education, 10), s2-s9.
Hasue RH, Xavier GF, 2005. Experimentando com sensações (temperatura, tato e pressão). Em Curi R,
Procópio J & Fernandes LC. Praticando Fisiologia. Editora Manole,
KANDEL E, SCHWARTZ JH & JESSEL M. 1991. Principles of Neural Science 3rd ed. Elsevier, Ed. New York,
1135p.