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Queridos amigos,

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> Após1 ano da viagem a CV,resolvi acabá-la e partilhá-la com os amigos do costume
p se rirem e degustarem comigo os sabores e cores das Ilhas quentes no Atlantico,
que outrora pertenceram ao nosso mapa politico e que hoje, muito bem, após 30 anos
de independência, que se celebram no dia do meu aniversário, estão a dar o seu
melhor e provam ser perfeitamente capazes de cuidar de si.
> Quem lá vai,fica preso à magia e sabura dos crioulos, encantos da terra, tão rica em
cultura e às suas várias expressões de arte apesar de tão pobre em recursos naturais.
Ninguém lhe fica indiferente e regressar é a morabeza que nos fica no coração.
> aqui me entrego com o carinho do costume:
>
> Manhã de embarque com uma tempestade diabólica, mas com a perspectiva de
chegarmos ao verão dos trópicos (sendo que em Cabo Verde, está nesta altura no seu
inverno rigoroso = a 25º) e lá partimos num voo dos TACV, eu e o meu filho.
> Cabo Verde recebeu o nome por causa de um Cabo Verde a sul do arquipélago, em
frente ao Senegal. De verde tem apenas uns pontos espalhados nos 10 grãozinhos de
terra que são o conjunto de ilhas que formam o arquipélago.Porque é seca e árida. Lá,
infelizmente não chove, mas tem paisagens lindas, gente linda, com espírito
empreendedor e lutadora. Gente que sabe o que é sofrer e amar uma terra pobre e tão
pequena.
> Voltando ao nosso voo, deparamo-nos com um aviãozinho de uma companhia
checa com tripulação checa, que mal fala inglês e muito menos conhece a lingua de
Camões ou o crioulo. Necessidades orçamentais dos TACV. Maioritariamente viajam,
nesta altura das Festas, emigrantes crioulos e muitos idosos que vão passar as férias
às Ilhas de origem e que gostariam de ouvir as manobras de emergência na sua lingua
natal (caso precisem de descer pela manga ou de vestir o colete de salvação se
caírem no Atlantico. Mas ninguém lhes sabe explicar como insuflar o colete ou
assobiar para serem vistos do ar noutra lingua que não a de Shakespeare. Restava-
nos a todos ficarmos à mercê da compreensão dos tubarões crioulos no mar e, dos
checos que faziam parte da tripulação no ar.
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> Ainda tive q fazer de intérprete de uma velhota que nunca antes tinha voado e claro,
nem sabia uma palavrita de tuguês e q se sentiu mal. Era ver a cara dos checos quase
a panicarem. Tivémos de dar uma mãozinha, claro.Por causa da velhota, senão ia-me
partir a rir a perceber o diálogo em pleno voo entre uma crioula aflita e uma Ingmar
Tchecova. De rir eram as frases em checo com muitas consoantes e vogais juntas por
cima dos assentos (tipo: favor apertar o cinto= ttshovannee lammreettaa.Perceberam?
ninguém a bordo,entendia também-)
>
> Chegados ao moderníssimo aeroporto da capital, cidade da Praia, vamos fazer o
check in para a ilha de SaoVicente, cidade do Mindelo. O segurança que nos deu
informações, estiloso qual James Bond em África, deu-nos as indicações necessárias
com óculos escuros (já era de noite, sim, mas ele como estava dentro do aeroporto
ainda não se tinha apercebido!). Já estávamos a transpirar de calor e bem contentes
por tudo o que nos rodeava: viajantes de e para Dakar e Bissau, com as suas fatiotas
extravagantes (uma senhora tinha um vestido com a bandeira da Jamaica e a cara do
Bob Marley em todas as costuras....., pedi-lhe o nr da costureira em Bissau.....), com
os cortes de cabelo e penteados dos mais exóticos que jamais tinha visto, e, pingentes
(de falsos diamantes claro) a imitar os rappers norte americanos. O que um emigrante
faz para mostrar aos que ficaram na terra, que aderiram em pleno à globalização.
Back in África, ó que sabura!!!!!
>
> Ao Mindelo chegámos tarde e sem malas, mas como o espírito era de férias não
estávamos nada ralados. No dia seguinte à noite tínhamos o bacalhau e os figos de
volta para a mesa da Consoada(nem queiram saber o cheiro da sala do aeroporto do
Mindelo, quando se abriam as malas perdidas vindas de Lisboa e que iam chegando
lentamente ao destino quando eram abertas pela policia: bacalhau às carradas p as
muitas mesas de Natal do Mindelo....preciso dizer mais????)Mas ninguém tinha nada
a declarar, muito menos bacalhau...
>
> No regresso ,ainda demos umas voltas na cidade da Praia(que cresceu imenso com
bairros de vivendas de arquitectura perfeitamente europeia)e apanhámos os mesmos
companheiros de aeroporto e os mesmos checos a bordo, mas desta vez foi-nos
oferecido (graças às conections da minha sobrinha)um upgrade para a executiva. Qual
não foi o espanto da malta da económica ao ver o pretinho de tranças, calças
rasgadas e ténis sujos, com ar de pedinte da pracinha (meu filho), a sentar-se com os
deputados e ricos da primeira classe.O gajo só dizia: isto é mel! dormimos logo,
porque cansados e também porque não valia a pena ouvir as explicações do costume.
Se aquilo cair, num avião daqueles, ninguém se vai lembrar do sítio das portas de
emergência. Para além de que era em checo.....
>
> Resumindo 21 dias de paródia e encontros de amigos, deixo-vos aqui algumas das
minhas melhores impressões daquela terra sabe pa´fronta (ou como dizem lá:
saocente é sabe, é sabe pa cagá).
> O Gui sofreu um "cassobody" logo na 2ªnoite, mas recuperou o espírito das férias
logo depois. Ah…sabem o que é um cassobody??? Em Inglês o assaltante diz ao
coitado que vai ficar sem a carteira: case or body (a bolsa ou a vida)? Em mindelense
juntaram-se as palavras e deu este estrangeirismo, que faz já parte do crioulo.
> Mindelo- que em 15 anos cresceu imenso, ou seja, continua uma ilha, não há pontes
entre elas, nem acrescentaram terra ao mar, mas há construção e projectos em todos
os metros quadrados de pedra.Até tem um projecto de campo de golf que se chamará
não green course, mas imaginem.....brown course(...sabem...não há água p regar a
relvita q habitualmente é....green......)
> Mindelenses: Esteve por lá um contingente da NATO acampado numa das saídas
da Ilha p uma das praias. Já se foram, mas ficaram muitos filhos da NATO. Sobretudo
no vestir. Adoram camuflados. O 50 Cent tb lá tem mtos filhos. Céus, a quantidade de
rappers….
>
> O Michael Jordan tb lá passou. Pelo menos as tshirts dele com 2 metros a vestir os
miúdos de 12 anos com 1,70. E head phones. A pergunta que me fiz foi esta: se estão
a passear com os amigos e à conversa, porque andam de head phones e i pod?
tentem vcs perceber prq eu não consegui.
> Andam tradicionalmente às voltas na famosa pracinha, todos da direita p a esquerda
(eu e o Gui fizemos a volta da esquerda para a direita e chorámos a rir, prq
andávamos sempre aos encontrões e cruzámo-nos com os mesmos, cada vez que
terminávamos 1 volta). Qual o sentido e motivo? apenas passeio e ficar tonto.
> Os chinas invadiram aquele pedoce de terra e aculturaram-se na perfeição falando
inclusivamente crioulo. Entrei numa loja à procura de elásticos p o cabelo e perguntei:
«tem elásticos? Resposta da chinoca: "espiá li". Ia caindo de traseiro.Falam
crioulo...coisa inimaginável!!!!
>
> Mas sentada num dos bancos da pracinha também passei horas com a Du e tb com
o Gui a rir perdidamente a ver as figuras da malta. A Du de pochete de plástico verde
com o essencial para a noite (sim era mm de plástico verde, não sei prq, mas deve-lhe
ter saído na revista Caras antes do embarque e ela não largava aquilo). Imaginem
todas as figuras que vos descrevi a passarem-nos pela frente, enquanto nós nos
ríamos e ouvíamos o Micas Cabral a cantar André Sardet no Hotel Porto Grande (tudo
prq não quisemos pagar bilhete p entrar e ficámo-nos sentadas no banco a curtir).
> Sim, eu disse o grande Micas Cabral dos Tabanka a cantar musicas do Sardet,
versão bossa nova e canções do Nelson Ned, versão buraka som sistema e SPC,
versão musica popular portuguesa.Um horror e uma desilusão. Quem é q em África
quer ouvir um belíssimo cantor africano por altura das Festas do Fim d´one a cantar
estas musiquinhas da treta????. Que os camones do Algarve gostem é uma coisa,
agora os reis da musica em África? Sim prq esta honra tenho de prestar: os
mindelenses são os reis na e da musica.
> Ouvi tanta e tão boa, por preços tão irrisórios (€1,50 por jam session), que não
consigo descrever. Do Bíus ao Tó Alves, passando pelo Dudu Araújo, Paló, Boy G
Mendes, ao grande Bau e terminando no maior deles, o enorme Paulino Vieira, que
tirando o aspecto de alien que aterrou a nave no Monte Cara e foi passear o seu
talento musical genial até ao Mindelo hotel, enchia a alma de muita muita e boa
musica. Não me canso e não me cansarei de repetir: Cabo Verde é piquenin, mas
gigante na genialidade musical dos seus músicos. Tanto talento em tão pouco espaço!
Tanta qualidade por preços tão baixos. Mas lá não interessa o preço. Eles adoram
fazer jam sessions uns com os outros. Curtem, divertem-se apenas pelo amor à
musica. E isso faz a diferença na arte. Até uns putos tugas de seu nome Vira lata, que
tocam as 3ºas feiras nos Templários em Lisboa, me emocionaram a cantar em crioulo
e a tocar melhor ainda, musica caboverdiana dos mais
> prestigiados autores. Senti uma alegria enorme por estar a viver aqueles
momentos.Ficarão sempre na minha memória e chorei com pena de não ter nunca
conhecido ao vivo o maior cantor de todos: Ildo Lobo.
>
> Não podia concluir sem contar o que é o fim d´óne no Mindelo,apenas para aguçar
apetites. Na próxima passagem vão lá!vale a pena fazer uma esquinbindila(finta em
mangolé) à crise e partir para aquelas terras.
>
> Sabura é lá na nôs terra Cabo Verde....lá nô tá senti na meio di nôs tradição......: a
tradição começa quando os grupos de jovens e os jovens há mais tempo, se reunem
na famosa pracinha, no centro do mindelo e começa o "Recordai"....Juntam-se os
musicos e os q não são mas gostariam de ser, com os violões e o instrumento de
percurssão que dá nome à tradicão mindelense, de cantar de casa em casa para
recordar o ano que finda e saudar o que enche os corações de esperança, o novo
ano.Com muita musica e entusiasmo que é assim que o povo caboverdiano sabe ser e
estar. E o meus desejos é que as novas gerações perpetuem esse espirito!
>
> Canta-se em cada casa, recebem-se oferendas sob a forma de bebidas, petisca-se,
canta-se e vai-se andando ao longo da cidade até perto da meia-noite, em carrinhas
de caixa aberta, com o grp de foliões,cantadores e esfomeados na "bagageira" sempre
a rir,cantar e beber. Uma verdadeira festa e interacção. Eu e o meu filho q mal
sabíamos falar crioulo num instante nos cafrielizámos e fazíamos parte do grp(éramos
os unicos outsiders mas fomos literalmente adoptados). Aquela gente sabe bem
adoptar estrangeiros. Ficamos aos seus pés. Mesmo nós, tendo origens lá,e,foi isso
que fomos buscar nestas férias, se não nos sentíamos ainda cabo-verdianos, ficámos
nessa noite.
>
> A festa faz-se na bagageira e nas casas onde entrávamos a cantar a modinha
tradicional fez-nos render ao que de melhor aquela gente oferece. Sentimo-nos parte
da tradição do recordai. Cantámos com alma,tocámos o instrumento recordai, rimos e
falámos crioulo e só faltou atirarmo-nos à água da baía do mindelo à meia-
noite,quando os barcos ancorados repicam freneticamente.(a água tá um bocadinho
suja, mas isso não impede os corajosos....até prq é quentinha e sabim....)
> Depois segue-se o banhito para vestir as lantejoulas e as festas da praxe,que
começam após a 1 da manhã. E é farrar até pelo menos às 7. Quem não dança até
ficar sem saltos,quem não sai da festa com o rímel a escorrer pelo rosto,ou as
lantejoulas desfeitas pelos pés, os sapatos nas mãos e sujos de tanto raspar no
cimento e pó dos pavilhões onde se fazem as festas não é bom mindelense.
>
> No inicio do dia acompanha-se a fanfarra dos bombeiros pela cidade,arrastando o
cansaço,a poeira,as olheiras e o que sobra de energia,cantando ou apenas,fazendo
numero. Claro q os velhotes e os que não foram para as festas,estão na linha da
frente.
>
> No final da manhã fomos observar o que restava da cidade já com o sol a brilhar
alto,do alto da cidade.Deixei-me dormir no carro, já não estou habituada a tanta farra.
> Pela noite do dia 1 do ano, as festas continuam,desta vez em casas
particulares,onde se juntam os grupos por faixas etárias. Fui para uma festa
chamada:picapada com arroz d´atum maleguetode. Quer isto dizer...faz-se arroz de
atum, prato tradicional, com muita malagueta, bebidas à descrição e um pick up a
debitar musica pela noite dentro...entenderam o crioulo????e é dançar,beber,comer e
curtir. Já não havia mais pernas da minha parte para aguentar aquela pedalada.Já
nem conseguia mexer o rabo,o q é francamente dificil de me acontecer.
>
> Os dias passaram-se em jantaradas,almoçaradas em familia e com amigos, muita
musica,passeios à Baía das Gatas, S.Pedro e, muitos banhos na pequena mas grande
praia da Laginha.Grandes sestas fiz naquelas areias, belos banhos naquele atlantico
fresco (é inverno lá, não se esqueçam) e muitas conversas com amigos na esplanada
do bar da praia com muita cerveja (a da terra,claro).
>
> Aos vários e bons amigos(as) novos q fiz e, aos de sempre,à familia e amigos q nos
acolheram, agradeço o afecto.
>
> Termino com os desejos de um excelente 2009 com mto entusiasmo e loucura qb
para enfrentar os 365,364,363,362,....que restam. Divirtam-se, recebam o meu amor e
carinho. Tirem partido do melhor da vida em cada dia deste ano.
>
> beijos gordos,vossa
> bé

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