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Autor: Pedro Pimenta de Mello Spineti

QUANDO COMEÇA A VIDA HUMANA?

Questões acerca da pesquisa com células-tronco


embrionárias humanas no Brasil

Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioética da


Coordenação Central de Extensão da Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro como requisito para conclusão do curso.

Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.

Professor orientador: Prof. Dr. Anibal Gil Lopes

Rio de Janeiro

31 de Outubro de 2007
À Deus princípio e fim de toda vida,

aos meus pais colaboradores de Deus no milagre da minha vida,

aos meus mestres e colegas da pós-gradução na PUC-Rio.


Sumário

1- Introdução

2- Células-tronco: O que são e por que estão gerando tanta


discussão?

2.1- Células-tronco adultas

2.2- Células-tronco embrionárias

3- .Legislaçào Brasileira

3.1 - Ação Direta de Inconstitucionalidade

3.2 - Outras questões referentes à lei 11.105/2005

4- Quando começa a vida humana?

4.1- O que diz a biologia

4.2- O que diz a antropologia

4.3- O que dizem as religiões

5- Conclusão

6- Bibliografia
1- Introdução

A terapia celular teve início em setembro de 1957 com o primeiro


transplante de células-tronco de medula óssea, realizado por Thomas Donnall, nos
Estados Unidos da América, em pacientes submetidos a altas doses de radiação1.
O sucesso desta técnica, no tratamento das moléstias hematológicas, levou os
cientistas a buscarem o transplante celular como possibilidade de tratamento para
uma série de doenças degenerativas.
Diversos tipos celulares tem sido utilizados em pesquisa, sendo as células-
tronco adultas as mais empregadas, até o momento, na pesquisa básica e clínica.
Os resultados preliminares, no entanto, têm demonstrado que estas células têm
pouco ou nenhum potencial de se transformar em células especializadas, como
miócitos ou neurônios, sendo seus efeitos justificados por efeitos parácrinos2,
vasculogênicos e imunomoduladores.
Em contraste, a pesquisa básica com células-tronco embrionárias, animais
e humanas, tem mostrado um grande potencial destas células em gerar células
especializadas avaliando-se, então, que elas poderiam ter um efeito superior às
células adultas. Isto tem levado cientistas, no mundo todo, a pressionarem seus
governos a autorizar este tipo de pesquisas.
O Brasil autorizou a pesquisa com células-tronco embrionárias humanas
no ano de 2005, através da lei 11.105, conhecida como Lei de Biossegurança, que
envolveu um grande debate público acerca do uso dessas células. Tal lei está
tendo sua constitucionalidade questionada no Supremo Tribunal Federal (STF),
por permitir a destruição de embriões humanos.
Para julgar este processo, o STF convocou uma audiência pública para
tentar definir quando começa a vida humana. Este será o enfoque do presente
trabalho, que se propõe a analisar a problemática da pesquisa com células-tronco
embrionárias e tentar responder às questões levantadas pelos ministros do STF,
analisando o início da vida a partir de aspectos biológicos, antropológicos,
filosóficos e religiosos.

1
Cf. THOMAS, D. et al. Intravenous infusion of bone marrow in patients receiving radiation and
chemotherapy. New England Journal of Medicine, v. 257, p. 491-6, 12 set. 1957.
2
Efeito parácrino é aquele devido a ação de mediadores celulares com atuação restrita à
vizinhança do local de sua produção.
2- Células-tronco: O que são e por que estão gerando tanta
discussão?

Células-tronco podem ser definidas como células capazes de multiplicar-


se, dando origem a novas células-tronco ou diferenciando-se em células mais
especializadas. Podem ser subdivididas, de acordo com sua capacidade de gerar
outros tipos celulares, em totipotentes, pluripotentes ou multipotentes.
Células totipotentes seriam aquelas capazes de gerar todos os tipos
celulares necessários à formação de um novo ser humano, podendo ser
identificadas com a célula ovo ou zigoto formado a partir da fecundação. As
células pluripotentes poderiam gerar todos os tipos celulares de um indivíduo, mas
não seriam capazes de gerar os tecidos placentários, assim como não poderiam
formar novas células totipotentes. Por fim, as céluas multipotentes poderiam gerar
apenas alguns tipos celulares do indivíduo, dependendo de sua origem.
A célula-tronco por excelência é o zigoto, capaz de dar origem a um novo
indivíduo com todos seus diferentes tipos celulares. Sabe-se que, ao longo do seu
processo de multiplicação celular, as célula filhas tornam-se cada vez mais
especializadas, perdendo sua capacidade de gerar diferentes tipos celulares e até
mesmo sua capacidade de multiplicar-se.
Somente no último século, foi descoberto que algumas células do adulto
ainda guardam características de células-tronco, autodividindo-se e sendo capazes
de dar origem a outros tipos celulares3. Estas célulares passaram a ser chamadas
de células-tronco adultas em contraste com as originadas dos tecidos
embrionários.

2.1- Células-tronco Adultas

As células-tronco adultas podem ser encontradas em diferentes tecidos do


indivíduo. Sua presença foi descrita na medula óssea, sangue de cordão umbilical,

3
Santiago Ramón y Cajal, prêmio Nobel de medicina em 1906, demonstrou que neurônios podem
voltar a crescer se postos no ambiente adequado. Rita Levi-Montalcini, prêmio Nobel de medicina
de 1986, repetiu e confirmou os estudo de Cajal na década de oitenta. Angelo Vescovi demonstrou
a plasticidade das células-tronco neuronais, mostrando podem dar origem a tipos celulares
derivados do mesoderma in VESCOVI, A.; GALLI, R.; GRITTI, A. The Neural Stem cell and
their transdifferetiation capacity. Biomedicine and Pharmacotherapy, v. 55, n. 4, p.201-5, 7 mai.
2001.
líquido aminiótico, polpa dentária, criptas intestinais, gordura visceral e músculo
esquelético entre outros.
Estas células são utilizadas, desde a década de cinqüenta, para o
tratamento de neoplasias hematológicas, com segurança estabelecida em seu uso.
Isto permitiu o desenvolvimento de uma série de estudos clínicos, com estes tipos
celulares, para o tratamento de várias doenças crônico-degenerativas. A maioria
dos estudos em humanos, publicados até o momento, tem referido o uso de sangue
de medula óssea na sua fração mononuclear ou mesenquimal.
Os primeiro estudos, principlamente em cardiologia, foram bastante
animadores, sugerindo a capacidade destas células em recuperar função
miocárdica após o infarto agudo do miocárdio4. No entanto, apesar de
demonstrarem uma melhora clínica e funcional nestes pacientes, os estudo foram
incapazes de demonstrar a transformação das células tronco adultas em miócitos5.
Esta observação repetiu-se nos estudos com doentes neurológicos e
hepatopatas o que fez os pesquisadores acreditaram que estas células atuem
através de efeitos parácrinos, estimulando a angiogênese no sítio em que são
injetadas, diminuindo a isquemia e inflamação nestes locais.
Esta avaliação, porém, tem feito muitos cientistas creditarem os resultados
não totalmente satisfatórios de seus experimentos à não ocorrência de
transdiferenciação das células, levando-os a buscar um novo tipo celular para seus
trabalhos.

2.2- Células-tronco Embrionárias

Foram obtidas, pela primeira vez, em 1998 por James Thompson6, nos
Estados Unidos. Elas foram extraídas da massa celular interna de embriões
fertilizados in vitro e não implantados. Estas células são semeadas e amplificadas
em cultura para serem utilizadas posteriormente para terapia. Estudos têm tentado
utilizar diferentes estímulos para diferenciar estas células em células
especializadas como neurônios, cardiomiócitos, hepatócitos, células beta da ilhota
pancreática.

4
Cf. SCHÄCHINGER, V. et al. Intracoronary Bone Marrow-Derived progenitor Cells in Acute
Myocardial Infarction. New England Journal of Medicine, v. 355, n. 12, p.1210-21, 21 set. 2006.
5
Células do músculo cardíaco.
6
Cf. THOMPSON, J. et al. Embryonic stem cell lines derived from human blastocysts. Science, v.
282, n. 5391, p. 1145-7, 6 nov. 1998.
Os estudos em animais têm apresentado resultados promissores quanto à
capacidade de diferenciação destas células em tipos celulares especializados,
diferentemente das células-tronco adultas, o que tem gerado uma enorme pressão
dos cientistas para liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias em
todo o mundo. Isto se confronta com a necessidade de destruir os embriões para
obtê-las, gerando um questionamento ético sobre este procedimento.
Além das questões éticas que serão analisadas, problemas técnicos ainda
precisam ser superados para que estas células possam ser utilizadas em pesquisas
clínicas, tais como: condições de cultura, imunogenicidade, tumorigênese,
diferenciação.
As primeiras linhagens humanas de células-tronco foram expandidas em
cultura sobre fibroblastos de ratos, o que torna estas células inadequadas para
experimentos em humanos, já que a contaminação da cultura pode desencadear
reações alérgicas e transmitir doenças ao homem. Foram desenvolvidos novos
meios de cultura que prometem dispensar o emprego de outras células animais ou
humanas na cultura, o que resolveria este impasse.
Embora alguns experimentos com transplante alogênico de certas
linhagens celulares em murinos tenham demonstrado ausência de reação contra o
enxerto, não pode-se afirmar que o mesmo venha a acontecer em seres humanos.
Sendo assim, a imunossupressão torna-se obrigatória para os transplantes de
células-tronco embrionárias, o que tem sérias conseguências, podendo causar
doenças mais graves que a própria doença de base do paciente. A única forma de
evitar este problema seria a clonagem terapêutica, mas isto traz mais
questionamentos éticos que o próprio uso das células-tronco embrionárias e é
proibido pela própria lei de biossegurança.
Todos os autores concordam que é necessário o desenvolvimento de
técnicas que garantam a qualidade das células-tronco embrionário transplantadas,
pois, uma vez em cultura, elas podem apresentar instabilidade de seu DNA,
sofrendo uma série de mutações que podem ser tumorigênicas. O grande problema
é que qualquer método de verificação irá basear-se em técnicas de amostragem,
principalmente quando fala-se de transplantes da ordem de 100.000.000 células.
Contudo, basta um clone neoplásico para iniciar um tumor.
As técnicas para induzir a diferenciação destas células ainda estão sendo
pesquisadas. Até o momento, encontra-se na literatura relato de diferenciação
destas células em neurônios, músculo, células beta pancreáticas e hepatócitos.
Porém, não basta apenas adquirir o fenótipo de uma célula especializada, precisa-
se saber se estas células são funcionais, se elas sobrevivem no hospedeiro,
integram-se ao seu tecido e se são funcionais in vivo. Os estudos em modelos
animais estão, no momento, procurando chegar a conclusões sobre estas questões.
A tabela a seguir apresenta as principais diferenças entre as células tronco
embrionárias e as células tronco adultas.

Células-Tronco Adultas Células-Tronco Embrionárias


Estudos clínicos fase I – III Estudos in vitro e em animais
Não geram células especializadas São capazes de gerar células
especializadas
Não são imunogênicas Potencialmente imunogênicas
Não precisam ser cultivadas Necessitam expansão em cultura
Não há evidência de tumorigênese Tumorigênese em animais
Não são alergênicas Alergênicas
Eficácia comprovada Precisam de avaliação de
seguranca gênica, integração e
funcionalidade

3- Legislação Brasileira

3.1- Lei Nacional de Biossegurança

Em 24 de março de 2005, após uma grande campanha da comunidade


científica e de pessoas com doenças incuráveis, o Congresso Nacional Brasileiro
aprovou a Lei 11.105, também conhecida como Lei de Biossegurança. Esta lei
trata, em especial, de organismos geneticamente modificados, mas, em seu artigo
quinto, permite a pesquisa com células-tronco embrionárias humanas como pode-
se ver abaixo:

Art. 5º. É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de


células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos
por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento,
atendidas as seguintes condições:
I - sejam embriões inviáveis; ou
II - sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da
publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação
desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da
data de congelamento.
§ 1o Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.
§ 2o Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem
pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão
submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos
comitês de ética em pesquisa.
§ 3o É vedada a comercialização do material biológico a que se refere
este artigo e sua prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei no
9.434, de 4 de fevereiro de 1997.

Art. 6º. Fica proibido:


I - implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de
registro de seu acompanhamento individual;
II - engenharia genética em organismo vivo ou o manejo in vitro de
ADN/ARN natural ou recombinante, realizado em desacordo com as
normas previstas nesta Lei;
III - engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e
embrião humano;
IV - clonagem humana;

Art. 24. Utilizar embrião humano em desacordo com o que dispõe o


art. 5o desta Lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Art. 25. Praticar engenharia genética em célula germinal humana,


zigoto humano ou embrião humano:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 26. Realizar clonagem humana:


Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.7

Esta lei foi regulamentada pelo decreto 5.591 de 22 de novembro de 2005


que define alguns termos da lei 11.105,segundo o texto abaixo:
IX - célula germinal humana: célula-mãe responsável pela formação
de gametas presentes nas glândulas sexuais femininas e masculinas e
suas descendentes diretas em qualquer grau de ploidia;
X - fertilização in vitro: a fusão dos gametas realizada por qualquer
técnica de fecundação extracorpórea;
XI - clonagem: processo de reprodução assexuada, produzida
artificialmente, baseada em um único patrimônio genético, com ou
sem utilização de técnicas de engenharia genética;
XII - células-tronco embrionárias: células de embrião que apresentam
a capacidade de se transformar em células de qualquer tecido de um
organismo;
XIII - embriões inviáveis: aqueles com alterações genéticas
comprovadas por diagnóstico pré implantacional, conforme normas
específicas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, que tiveram seu
desenvolvimento interrompido por ausência espontânea de clivagem
após período superior a vinte e quatro horas a partir da fertilização in
vitro, ou com alterações morfológicas que comprometam o pleno
desenvolvimento do embrião;
XIV - embriões congelados disponíveis: aqueles congelados até o dia
28 de março de 2005, depois de completados três anos contados a
partir da data do seu congelamento;
XV - genitores: usuários finais da fertilização in vitro;8

Através da portaria 2.526 de 26 de dezembro de 2005, o Ministério da


Saúde passou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) o dever de

7
BRASIL. Lei 11.105. Distrito Federal, 2005.
8
BRASIL. Decreto 5.591. Distrito Federal, 2005
regulamentar as técnicas necessárias para o uso clínico das células-tronco
embrionárias, além de fazer um cadastro de todos os embriões disponíveis para
fins de pesquisa9. Estas normas estão sendo desenvolvidas e serão submetidas a
consulta pública antes de entrar em vigor.

3.2- Ação Direta de Inconstitucionalidade

Em 14 de novembro de 2005, o procurador geral da república Cláudio


Fonteles impetrou uma ação direta de inconstitucionalidade contra o artigo quinto
da lei de bissegurança, que é justamente o artigo que permite o uso de células
embrionárias para fins terapêuticos10. Ele aponta que a vida se inicia na
fecundação e, portanto, a destruição destes embriões viola o direito inviolável a
vida expresso no artigo quinto da constituição brasileira11. Esta ação foi aceita
pelo Supremo Tribunal Federal que convocou uma audiência pública para que
pudesse definir quando começa a vida humana. Nos capítulos seguintes, tentar-se-
á chegar a uma conclusão acerca do tema, analisando diferentes pontos de vista,
buscando o bom senso entre as opinões de biólogos, filósofos, antropólogos e
teólogos.

3.3- Outras Questões referentes à Lei 11.105/2005

Com relação à legislação, é importante ressaltar que não existe, no Brasil,


nenhuma lei que regule a prática da fecundação assistida ou os bancos de
embriões. A lei de biossegurança só se refere aos embriões elencáveis para
pesquisa, ou seja, os inviáveis ou com mais de três anos após congelamento e que
tenham autorização dos progenitores.
Pesquisadores estrangeiros têm criticado os embriões congelados como
fonte de células-tronco, devido a baixa viabilidade de suas células após o
descongelamento. Isto leva ao questionamento que, mesmo que as células

9
CF. MINISTÉRIO DA SAÚDE, BRASIL. Portaria 2.526 de 21 de dezembro de 2005.
10
FONTELLES, C.L.; SOUZA, A.S.B.S. Ação direta de inconstitucionalidade nº 3510- 0/600.
Distrito Federal, 14 nov. 2005.
11
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes...” BRASIL. Constituição da
Republica Federativa do Brasil. Art. 5º., caput. Distrito Federal: [n.d.], 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm> Acesso em:
29/10/2007.
disponíveis para pesquisa, segundo a legislação atual, mostrem resultados, elas
não serão suficientes e as melhores a serem utilizadas.
O número de embriões disponíveis também é exíguo, segundo
levantamento da ANVISA, apresentado no II Simpósio internacinal de terapias
avançadas e células-tronco. De acordo com o levantamento, existem 10.000
embriões congelados há mais de três anos ou inviáveis, no Brasil, número muito
aquém dos 300.000 estimados antes da aprovação da lei. Estudos internacionais
mostram que o rendimento de embriões congelados para cultura celular é da
ordem de 0,06% o que daria apenas 600 culturas disponíveis de todos os embriões
congelados no país12.
Como mencionado anteriormente, a Lei de Biossegurança proíbe a
clonagem, seja ela reprodutiva ou terapêutica. Sendo assim, caso o transplante de
células-tronco embrionárias mostre-se imunogênico este deverá ser abandonado,
por não ser possível fazer uso da clonagem terapêutica de acordo com a lei
brasileira.
Somente a título de comparação, pode-se observar a posição de outros
países com relação ao uso de células tronco embrionárias:
Países que permitem a derivação de linhagens de células-tronco
embrionárias e a transferência de núcleo (clonagem terapêutica)
Reino Unido Japão
Bélgica Coréia do Sul
China Singapura
Israel

Países que permitem a derivação de linhagens de células-tronco


embrionárias, mas não permitem a transferência de núcleo
(clonagem terapêutica)
Austrália Irã
Brasil Letônia
Canadá Holanda
Dinamarca República Tcheca
Estônia Rússia
Finlândia Eslovênia
França Espanha
Grécia Taiwan
Hungria Suíça

12
VALLE, S. Progress in stem cell research and its interface with the brazilian legislation. In:
INTERNACIONAL SYMPOSIUM IN ADVANCED THERAPIES AND STEM CELLS, II,
2007, Rio de Janeiro. Conferência.
Países que proibiram a derivação de linhagens de células-tronco
embrionárias e não permitem a transferência de núcleo (clonagem
terapêutica)
Alemanha Irlanda
Austria

4- Quando começa a vida humana


4.1- O que diz a biologia

A embriologia é uma ciência relativamente nova. A descoberta dos


gametas data do século XVII, porém foi apenas no século XIX que surgiu o
conceito de fecundação. Esta idéia está presente na ‘teoria celular’ de Virchow13.
Atualmente, os embriologistas concordam que toda vida humana tem origem no
encontro do espermatozóide paterno com o óvulo materno.
O óvulo e o espermatozóide possuem 23 cromossomos cada um, e as
demais células do corpo humano têm 46, sendo chamadas células somáticas. Em
cada célula somática temos 22 pares de cromossomos denominados autossômicos
e um par de cromossomos sexuais XX ou XY, que definem o sexo feminino ou
masculino, respectivamente.
Com a união dos dois gametas, restaura-se o número total de
cromossomos, gerando um novo ser humano com uma identidade genética única,
diferente da dos progenitores. Esta primeira célula já tem, em seu núcleo, o DNA
com toda a informação genética necessária para gerar um novo ser.
Ainda não foi possível definir qual o instante exato da fecundação em que
se inicia o novo ser. Seria logo que o espermatozóide passa a barreira da
membrana do ovócito e entra em seu ambiente estrutural com o material
genômico que lhe é próprio? Seria após o apagamento das membranas dos pró-
núcleos, masculino e feminino, possibilitando uma conversação bioquímica entre
eles? Seria após o emparelhamento e troca genética entre os pró-núcleos até o
estabelecimento e estabilização da diploidia, logo seguida de divisão das duas
células, que são ainda totipotentes?

13
Cf. LEONE, S. As raízes antigas de um debate recente. In: CORREA, J. SGRECCIA, E.
Identidade e Estatuto do Embrião Humano: Atas da Terceira Assembléia da Pontifícia Academia
para Vida. São Paulo: EDUSC, 2007, p. 57.
Hoje sabe-se que todo este processo ocorre em um período de cerca 30
horas, após o qual o zigoto completa sua primeira divisão celular. Daniel Serrão
propõe que durante este período chame-se este novo ser vivo de embrião
nascente14. A grande maioria dos biólogos concorda que o início do embrião dá-se
ao final da singamia, com a formação do zigoto unicelular. Porém, é certo que ao
final deste processo tem-se um indivíduo único que, se nada interferir no seu
desenvolvimento, irá nascer em 38 semanas.
O processo de divisão celular por mitose segue ininterruptamente e, pelo
menos até a fase de oito células, cada uma delas é capaz de se desenvolver em um
ser humano completo. São as células-tronco totipotentes.
Dentro de três ou quatro dias as células do embrião assumem um formato
esférico, sendo assim chamado de mórula. Após quatro ou cinco dias, forma-se
uma cavidade no interior da mórula e, então, o embrião passa a se chamar
blastocisto. As células internas do blastocisto, que formam a massa celular
interna, vão originar as centenas de tecidos que compõem o corpo humano, ou
seja, são pluripotentes. As células-tronco embrionárias humanas são obtidas
justamente da massa celular interna de embriões obtidos por fertilização in vitro.
A massa celular externa, por sua vez, dará origem à placenta e aos anexos
embrionários.
Depois da implantação no útero, inicia-se a formação da placenta, que
serve como interface entre o sistema circulatório da mãe e do embrião. A placenta
traz oxigênio e nutrientes ao embrião, promovendo a troca entre os nutrientes e
detritos, mantendo também a homeostasia do sistema circulatório sem que o
sangue do feto se misture com o da mãe. Também produz hormônios e mantem a
temperatura levemente maior que a da mãe. A comunicação entre a placenta e o
embrião é feita através dos vasos do cordão umbilical.
Dentro de uma semana, as células da massa interna formam duas camadas
chamadas de hipoblasto (que dá origem ao saco vitelino) e epiblasto (que origina a
membrana amniótica).
Depois de aproximadamente duas semanas e meia, o epiblasto terá
formado três tecidos especializados, ectoderma, endoderma e mesoderma. O
ectoderma dará origem ao cérebro, coluna vertebral, nervos, pele, unhas e cabelo.

14
Cf. SERRÃO, D. Livro Branco: uso de embriões humanos em investigação científica. Portugal:
Ministério da Ciência e Ensino Superior, 2003, p 17-18.
O endoderma dará origem ao sistema respiratório, tubo digestivo e órgãos como o
fígado e pâncreas. O mesoderma formará, principalmente, coração, rins, ossos,
cartilagens, músculos e células sanguíneas.
Dentro de três semanas, o cérebro estará se dividindo em três, chamados
cérebro anterior, médio e mesencéfalo. Nesta fase se desenvolvem os sistemas
respiratório e digestivo.
À medida que as primeiras células sanguíneas aparecem no saco vitelino,
vasos sanguíneos se formam por todo o embrião e aparece o coração tubular. Este,
rapidamente, começa a crescer, dobra-se sobre si mesmo, na medida que as
câmaras começam a se desenvolver.
O coração começa bater três semanas e um dia após a fertilização. O
sistema circulatório é o primeiro do corpo que atinge o estado funcional. Em
quatro semanas aparecem os brotos dos membros. A pele é transparente, tendo a
espessura de uma célula. À medida que vai se espessando, perde a sua
transparência, só se podendo observar o crescimento dos órgãos internos por
aproximadamente mais um mês.
Entre quatro e cinco semanas o cérebro continua seu rápido crescimento e
se divide em cinco partes distintas. A cabeça compreende cerca de um terço do
tamanho do embrião. Os hemisférios cerebrais aparecem, tornando-se
gradativamente a maior parte do cérebro.
Os rins permanentes surgem em cinco semanas. O saco vitelino contém as
primeiras células reprodutivas, chamadas germinativas, que migram dentro de
cinco semanas para os órgãos reprodutivos.Também em cinco semanas o embrião
desenvolve a placa das mãos e a formação da cartilagem inicia-se. Em seis
semanas, os hemisférios cerebrais estão crescendo desproporcionalmente mais
rápido que outras partes. O embrião começa a fazer movimentos espontâneos e
reflexos. Neste mesmo período ocorrem as formações de células sanguíneas no
fígado, onde estão os linfócitos (importante no desenvolvimento do sistema
imunológico).
Dentro de seis semanas e meia pode-se distinguir os cotovelos, os dedos
começam a se separar e podem-se observar movimentos das mãos. A formação
dos ossos, a ossificação, inicia-se nos ossos da clavícula e dos maxilares. Nesta
fase, já se observam soluços e podem ser vistos movimentos das pernas e resposta
a susto.
O coração com quatro câmaras, em geral está completo, batendo em média
168 batimentos por minutos, mantendo o padrão de ondas semelhantes aos
adultos. Os ovários são identificáveis em sete semanas e as mãos e os pés podem
se unir.Ao completar oito semanas, o cérebro é altamente complexo e constitui
quase metade do tamanho do embrião. O crescimento continua numa taxa
extraordinária, já tendo dominância da mão direita (75%) ou esquerda (25%).
O embrião torna-se mais ativo, ocorrendo rotação da cabeça, extensão do
pescoço, contato da mão com o rosto. Iniciam-se os movimentos respiratórios.Os
rins produzem urina que é liberada no líquido amniótico.
Oito semanas marcam o final do período embrionário. Durante esse
período, o embrião humano cresce de uma única célula a quase um bilhão de
células. Agora possui mais de 90% das estruturas encontradas em adultos15.
Durante suas oito primeiras semanas, o ser humano que se desenvolve é
chamado de embrião, que significa o que cresce internamente. Esta fase é
chamada de período embrionário e é nesta que se desenvolvem os principais
sistemas do corpo.
Com o advento da fecundação in vitro, buscou-se um termo para designar
o embrião antes de sua implantação na cavidade uterina, tendo-se originado o
termo ‘embrião pré-implantação’ ou ‘embrião na fase de pré-implantação’. Em
1979, foi ainda introduzido o termo ‘pré-embrião’ por GROBSTEIN16.
A partir da oitava semana, o embrião passa a ser chamado de feto, que
significa filho não nascido, e é neste período fetal que o corpo cresce e os órgãos
iniciam o seu funcionamento.17 Veja no ANEXO 1 o quadro completo sobre o
desenvolvimento emrbionário humano.

15
STILLWELL, B.J. The biology of prenatal development. [SI]: National Geographic, 2006.
Disponível em: <http://www.ehd.org/resources_bpd_documentation.php?language=72#chapter3>.
Acesso em 28/10/2007.
16
Cf. GROBSTEIN, C. External Human Fertilization. Scientific American, v. 240, n. 6, p. 33-43,
jun. 1979. Este termo, ‘pré embrião’, tem sido duramente criticado por tentar negar ao embrião a
sua natureza individual nos primeiros dias de seu desenvolvimento antes da implantação.
LEJUNE, geneticista mundialmente conhecido, afirma: “Pré-embrião, esta palavra não existe. Não
há necessidade de uma subclasse de embrião a ser chamada de pré embrião, porque nada existe
antes do embrião; antes do embriào existe apenas o óvulo e o esperma...” LEJUNE, J. Apud.
MESTIERE, J. Embriões. Consulex, n. 32, p.42-3. Apud DINIZ, M.H. O estado atual do
biodireito. Ed 3. São Paulo: Saraiva, 2006.
17
Op cit.
4.2- O que diz a filosofia e a antropologia

Quando começa a vida humana? Esta questão tem sido levantada por
diversos pensadores e cientistas ao longo de milênios. Esta questão tomou ordem
prática desde a Grécia antiga, nas discussões acerca do aborto, pois já naquela
época discutia-se se esta prática era lícita As discussões acerca do aborto
permanecem até os dias atuais, porém, o questionamento acerca de quando
começa a vida humana vem ganhando cada vez mais destaque com o avanço da
biotecnologia e a posssibilidade de se gerar embriões in vitro, congelá-los para
posteriormente implantá-los, selecionar seu sexo e caracteres físicos.Será
analisado, a seguir, como evoluiu o conceito filosófico acerca do início da vida
humana e o estatuto antropológico do embrião humano, em diversos períodos da
história da humanidade.

4.2.1- Período Mitológico


Encontra-se na mitologia hindu, chinesa, japonesa e pré-colombiana idéias
pré-formacionistas, indicando que o ser humano, já desde seu início, estaria
completo, sendo homem em sua totalidade. Em alguns mitos africanos existe,
inclusive, a idéia de que o embrião já estaria pré-formado no seio de uma mãe
celeste, antes de tomar forma no ventre da mãe terrestre.

4.2.2- Grécia Clássica


Os gregos não tinham conhecimentos acerca da embriologia humana.
Segundo Hipócrates, o embrião formava-se quando o esperma masculino
coagulava o sangue no ventre materno. Seus conceitos acerca do estatuto do
embrião humano apresentam um caráter filosófico e especulativo. Em seu
juramento, Hipócrates proíbe a prática do aborto. Tal proibição irá permear a
medicina ocidental, não tendo sido questionada até os tempos modernos.
Lísias (445-478 a.C.) escreve O discurso sobre o aborto, que foi perdido
em sua maior parte. Porém, em um fragmento que chegou até o nosso tempo
encontramos a seguinte frase: "aquilo que ainda está em gestação é um homem".
No entanto, serão as idéias de Aristóteles que irão influenciar não só o
pensamento grego, como toda tradição filosófica subseqüente. Ele defende a
doutrina das três almas que se manifestam uma a seguir da outra na seguinte
ordem: alma nutriz, alma sensitiva e alma intelectiva.
A alma sensitiva seria a responsável pela sensibilidade e pela vida e só
começaria a atuar no quadragésimo dia de gestação para os homens e no
nonagésimo dia para as mulheres. Só a partir deste momento o embrião estaria
completamente formado, tornando-se um ser humano. Encontra-se aí a distinção
entre feto formado e não formado. Esta distinção permitia que o aborto fosse
realizado até o prazo estipulado para formação completa do embrião. Este período
“inanimado” foi arbitrariamente definido, não tendo fundamento biológico.

4.2.3- Estóicos 3 e 2 a.C.


Os estóicos negavam qualquer autonomia do embrião humano antes do
nascimento. Encontra-se grande influência de sua filosofia no direito romano que
considerava o embrião como portio matris uteri vel viscerum.

4.2.4- Filosofia Cristã


O estatuto do embrião humano foi tema de debate já entre os primeiros
Padres da Igreja, sobretudo devido à preocupação com a condenação do aborto.
Segundo Tertuliano “Não há diferença entre tirar uma vida já nascida e
destruí-la antes de nascer. Ela é um homem que quer tornar-se um homem.”18 Ele
ainda vai mais além, afirmando:
Se se determinar que a morte nada mais é que a disjunção do corpo e
da alma, então a vida, que se opõe à morte, poderá ser definida como,
meramente, a conjunção da alma e do corpo. Se a separação das duas
substâncias ocorre no instante da morte, então a forma da conjunção
dessas substâncias tem de ocorrer simultaneamente com a vida.19

Ou seja, ele defende o início da vida com a concepção, o que não foi
amplamente aceito em sua época.
Santo Agostinho, por sua vez, furta-se a definir quando começa a vida
humana, considerando-a um mistério até para o mais douto dos homens. O mesmo
não acontece no Oriente, onde São Basílio não faz distinção entre o ser formado e
não-formado, como Aristóteles e muitos Padres ocidentais. Ele irá condenar o
aborto em qualquer momento da gravidez20.

18
TERTULIIAN, Apologeticum, IX, 87. Apud LEONE, S. As Raízes de um antigo debate. In:
CORREA, J. SGRECCIA, E. Identidade e Estatuto do Embrião Humano: Atas da Terceira
Assembléia da Pontifícia Academia para Vida. São Paulo: EDUSC, 2007, p. 47.
19
Ibid.
20
Cf. LEONE, S. As Raízes de um antigo debate. In: CORREA, J. SGRECCIA, E. Identidade e
Estatuto do Embrião Humano: Atas da Terceira Assembléia da Pontifícia Academia para Vida.
São Paulo: EDUSC, 2007, p. 49.
São Gregório de Nissa esclarece ainda mais, utilizando de um princípio
único e comum de existência para afirmar que corpo e alma iniciam sua existência
ao mesmo tempo, contrariando Aristóteles21.
São Tomás de Aquino, ao contrário destes seus antecessores, continua a
afirmar a doutrina das três almas de Aristóteles. Para ele, a alma espiritual é
infundida junto com a alma racional. Disto decorre que matar o embrião em
qualquer fase é um pecado grave, porém, só poderia ser considerado crime após o
surgimento da alma racional22.
Neste momento da história, a preocupação da Igreja encontrava-se em
punir o pecado do aborto. A preocupação em definir o estatudo do embrião só
surgirá mais tarde.

4.2.5- Iluminismo
As idéias de Aristóteles irão perdurar por todo o período medieval e
renascimento. Somente no século XVII, com a evolução da biologia, o debate
acerca do estatuto do embrião passará a ser conduzido pelas ciências naturais.
Com a descoberta dos gametas masculino e feminino, irão surgir novas
idéias pré-formacionistas que irão defender que o embrião encontra-se
completamente formado dentro dos gametas. Uma vez que o embrião já estaria
completamente formado no gameta, a terioa das três almas seria completamente
infundada. A única divergência entre os cientistas deste período seria acerca de
que gameta carreava os embriões: o ovócito ou o espermatozóide. Entre os
defensores destas teses encontramos Giusepe Gegli Aromatari (1568-1660),
Nicolò Stenone (1638-1686), Reinier de Graaf (1641-1673) e Anton van
Leeuwenhoek (1632-1723).

4.2.6- Idade Moderna


Um século após o surgimento das teorias pré-formacionistas, Virchow
(1821-1902) irá apresentar a ‘teoria celular’, segundo a qual todas as células de
um determinado organismo têm sua origem numa célula mãe, ou zigoto, que é
formada pela união dos gametas parentais. Tal teoria colocará em cheque as idéias
pré-formacionistas e trará de volta a questão acerca de quando começa a vida
humana.
21
Cf. Op cit., p. 49.
22
Cf. Op cit., p. 52.
Rosmini (1797-1855) irá propor a teoria conhecida como transnaturação,
segundo a qual o começo do ser humano dá-se na concepção, na medida em que a
alma sensível é trasnaturada em alma intelectiva imediatamente no momento da
concepção, elevando o indivíduo ao estado de sujeito, ou pessoa intelectiva.
As idéias de feto animado e inanimado também encontrarão defensores
neste período, entre eles: P. Scavini (1790-1869) e G dÁniballe (1815-1892).

4.2.7- Idade Contemporânea


Apesar de todo o avanço da biologia no campo da embriologia, vários
antropólogos defendem a tese de que o início do ser humano não é,
necessariamente, coincidente com o início de uma nova vida. Por isto, deve lhe
ser atribuida uma humanidade gradual, de acordo com seu desenvolvimento.
Diferentes autores apresentam critérios distintos para atribuir o status de
ser humano ao embrião, com todos os seus direitos, sendo fundamental conhecer a
corrente antropológica utilizada para definir estes critérios antes de debater a este
respeito 23.
São muito variados os critérios apresentados pela antropologia
contemporânea para atribuir o estatuto de pessoa humana ao embrião.
Didaticamente, pode-se dividí-los em extrínsecos e intrínsecos. Aqueles não têm
origem no embrião e sim em fatores externos, enquanto, estes se referem à
características do próprio embrião.

Os principais critérios extrínsecos são:


- Relações humanas: critério defendido pelos estruturalistas franceses que
afirma que o embrião só se torna uma pessoa humana quando passa a
estabelecer relações. Este momento do início da relação é apontado, por
alguns juristas, como o momento da nidação em que o zigoto passaria a
interagir diretamente com a sua mãe. No entanto, sabe-se hoje que, do

23
Cf. EJIK, J. The criteria of overall individuality and the bioanthropological status of the embryo
before implantation. In: XII General Assembly International Congress "The Human Embryo
Before Implantation". Vaticano, Libreria Editrice Vaticana, 2006. Disponível em:
<http://www.academiavita.org/template.jsp?sez=Pubblicazioni&pag=testo/embr_preimp/eijk/eijk
&lang=english>. Acesso em: 28/06/2007.
ponto de vista molecular, o embriào interage com sua mãe desde o
momento da fecundação.

- Lei positiva: o embrião só seria considerado como pessoa a partir do


momento que a lei o definisse como tal. Neste intuito, é que o Supremo
Tribunal Federal do Brasil fez uma audiência pública na tentativa de obter
um consenso sobre quando começa a vida humana, para que possa
interpretar as outras leis que influenciam diretamente o embrião. A
permissão do aborto até determinado período da gravidez também é um
exemplo claro do uso deste critério.

- Decisão de dar a vida ao embrião: este critério foi criado após o advento
da fertilização “in vitro”. Ele postula que a vida do novo embrião depende
do desejo de seus pais de o implantarem. Caso não haja esta decisão, ele
não poderá continuar a se desenvolver, não podendo ser considerado uma
pessoa humana.

Já os principais critérios intrínsecos são:


- Independência do corpo materno: o embrião só poderia ser considerado
uma pessoa uma vez que fosse independente do corpo materno. Alguns
autores sustentam que esta independência deve ser total, o que só acontece
ao nascimento, ou parcial, que aconteceria após a formação da placenta
que irá nutrir o embrião e servir de interface entre ele e a mãe.

- Natureza biológica humana: o embrião seria uma pessoa apenas por ser
humano em termos biológicos.

- Individualidade: o embrião só seria uma pessoa a partir do momento em


não pode mais se dividir, dando origem a um gêmeo. Isto só acontece ao
final da fase de blástula.

- Animação: o embrião só se torna humano após a infusão da alma. Como


este momento não é consensual entre filósofos e religiosos, deverá ser
analisado dentro do contexto em que está sendo discutido.
- Manifestação de atividade especificamente humana: segundo alguns
cientistas e bioeticistas, o embrião não pode ser pessoa humana até ter um
desenvolvimento mínimo do seu sistema nervoso central.

- Finalidade intrínseca: o embrião, mesmo não sendo ainda um indivíduo


humano, deve ser respeitado pelo fato da sua finalidade intrínseca não ser
outra, senão, tornar-se um indivíduo hhumano.

Muitas destas definições trazem consigo não apenas o conhecimento científico


acumulado acerca da embriologia e reflexões filosóficas acerca do início da vida
como, também, uma série de interesses que tendem a moldar um conceito de
início da vida e da pessoa humana de acordo com sua utilidade.
Como já foi pontuado anteriormente, a possibilidade de gerar embriões fora do
corpo materno tem levado a um questionamento do estatuto do embrião humano
antes de ser implantado, surgindo conceitos como o de ‘pré-embrião’.

4.3- O que dizem as religiões

A religião tem vivido um perído de crise iniciado na modernidade, sendo


duramente criticada por filófosos como Feuerbach, Marx, Comte, Carnap e
Nietzsche. Este último chegou, inclusive, a proclamar a morte de Deus24. Sendo
assim, por que se discutir a posição das religiões diante do debate bioético acerca
do início da vida e do uso de células-tronco embrionárias? A resposta é simples,
pois ao mesmo tempo em que se prega a morte de Deus e o combate às religiões
formais, o ser humano nunca foi tão religioso, buscando algo que o transcenda.
FRANKL, V chegou a afirmar que:
Ser homem significa ir além de si mesmo. A essência da existência
humana se encontra na própria autotranscendência. Ser homem quer
dizer estar voltado para alguma coisa ou alguém, oferecer-se e
dedicar-se plenamente a um trabalho, a uma pessoa amada, a um
amigo a quem se quer bem, a Deus que se quer servir. 25

24
Cf. NIETZSCHE, F. A gaia ciência. Tradução: Márcio Pugliese. São Paulo: Hemus, 1976, seção
125.
25
FRANKL, V. Logoterapia e analisi esistenziale. p. 51-56. Apud. GALANTINO, N. Dizer
homem hoje: novos caminhos da antropologia filosófica. Tradução Roque Fangiotti. São Paulo:
Paulus, 2003.
A seguir,serão apresentadas as posições morais das principais religiões
presentes no Brasil, acerca da pesquisa com células tronco embrionárias.

4.3.1- Catolicismo
Desde o século XIX, a Igreja católica tem defendido que o início da vida
humana ocorre a partir da concepção. Este é o fundamento de suas críticas a todos
os experimentos ou práticas que possam trazer algum prejuízo a este ser humano.
Com relação às células tronco, o Magistério da Igreja Católica tem
afirmado e reafirmado, insistentemente, sua posição favorável à pesquisa com
células tronco adultas, uma vez que estas respeitam a vida humana em todas as
suas fases26. O contrário acontece com pesquisa com células embrionárias
humanas, uma vez que levam à destruição do embrião, sendo proibidas, conforme
aponta o Papa Bento XVI (2006):
Perante a eliminação directa do ser humano não pode haver sujeições
nem subterfúgios; não se pode pensar que uma sociedade possa
combater eficazmente o crime, quando ela própria legaliza o delito no
âmbito da vida nascente. Por ocasião de recentes Congressos da
Pontifícia Academia para a Vida tive a ocasião de reafirmar o
ensinamento da Igreja, dirigido a todos os homens de boa vontade,
sobre o valor humano do recém-concebido, mesmo quando é
considerado antes da sua implantação no útero.27

4.3.2- Protestantismo Clássico


De forma geral, os protestantes, assim como os católicos, reconhecem o
início da vida a partir da concepção. Não existe, entretanto, um consenso, entre as
diversas denominações protestantes, nas questões referentes às pesquisas com
células tronco embrionárias.
As igrejas tradicionais não têm uma posição única, válida mundialmente,
encontrando-se, na literatura, reflexões de diferentes teólogos divergentes entre si.
Os que são contrários à pesquisa baseiam-se, de forma geral, na dignidade da

26
Cf. BENTO XVI. Discurso ao senhor Ji-Young Francisco Kim, novo embaixador da República
da Coréia junto da Santa Sé por ocasião da apresentação das cartas credenciais. Vaticano: [s.n.],
2007. Disponível em: <http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2007/october/
documents/hf_ben-xvi_spe_20071011_ambassador-korea_po.html>. Acesso em: 29 out. 07.
27
BENTO XVI. Discurso durante o encontro com os participantes no congresso promovido pela
Pontifícia Academia para Vida. Vaticano: [s.n.], 2006. Disponível em: <http://www.vatican.va
/holy_father/benedict_xvi/speeches/2006/september/documents/hf_ben-vi_spe_20060916_pav_po.
html> Acesso em: 29 out. 07.
pessoa humana e apontam a destruição dos embriões como uma afronta aos seres
humanos mais indefesos que existem.28
Já os autores favoráveis à pesquisa com células-tronco embrionárias
afirmam que estas podem ser realizadas, quando não existe nenhum outro meio
possível para obter os mesmos resultados e que, preferencialmente, devem ser
utilizados embriões que foram descartados para o processo reprodutivo. O ponto
fundamental atrás destas reflexões é o bem maior que a terapia com células-tronco
poderá trazer para outros indivíduos.

4.3.3- Pentecostalismo Protestante


As duas principais representantes do pentecostalismo protestante no Brasil
são a Assembléia de Deus e a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).
Não encontra-se um ensino formal da IURD acerca do início da vida, mas
pode-se extrapolar o seu pensamento acerca do uso de células-tronco, a partir do
testemunho de seus 16 deputados no Congresso Nacional, os quais votaram a
favor da pesquisa com células-tronco embrionárias, em desacordo com o restante
da frente parlamentar evangélica29.
Já a Assembleia de Deus defende que a vida humana se inicia com a
concepção, sendo a destruição de embriões para pesquisa um grave pecado diante
de Deus, conforme afirmou o Pastor Pedro Ribeiro em seu discurso para o
plenário da Câmara:
Não somos contra a ciência. Pelo contrário. Queríamos que a ciência
aliasse a sua profundidade e eficácia com o conhecimento Daquele
que rege todo o Universo, Daquele que criou todos nós e as nações,
que é o nosso querido e amado Deus, que provê vida e espírito que
tem vida, e vida eterna. Sabe-se quando há exatamente o
acasalamento, a junção entre o espermatozóide e o óvulo, criando o
ovo, com a fecundação. Portanto, há vida.30

28
Cf. MEILAENDER, G. Algumas reflexões protestantes. In: HOLLAND, S.; LEBACQZ, K.;
ZOLOTH, L. (Org.). As células tronco embrionárias humanas em debate. Tradução: Adail Sobral
e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 2006, p. 150-1.
29
CÂMARA deve votar lei que permite pesquisas com células tronco. [S.I.]: Agência Brasil, mar.
2005. Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI480900-EI1434,00.html>.
Acesso em: 29 out. 07.
30
RIBEIRO, P. Discurso. In: FÓRUM DE AÇÃO POLÍTICA DA IGREJA EVANGÉLICA
ASSEMBLÉIA DE DEUS, 2, 2005, Brasília. Disponível em: <http://www.biotecnologia.com.br/
biocongresso/discursos.asp?id=384>. Acesso em: 29 out. 07.
4.3.4- Judaísmo
De acordo com o Talmude Babilônico, até os primeiros 40 dias da
gestação o ser humano em formação é “algo semelhante a água” 31. Este escrito é
utilizado por alguns rabinos para permitir o aborto dentro deste período. O mesmo
escrito tem sido evocado na discussão acerca da pesquisa com células-tronco
embrionárias humanas. Outros escritos acerca do aborto ainda afirmam que o
embrião é parte do corpo da mãe, assim como sua coxa, podendo ser retirado em
caso de doença grave. Ou seja, ele não tem estatuto de um ser humano pleno32.
Baseado nestes dois pontos, a moral judaica permite a pesquisa com
células-tronco embrionárias, pois considera que os embriões produzidos in vitro
não podem ser considerados propriamente indivíduos humanos, por terem menos
de 40 dias e por terem sido gerados extra-útero, não fazendo parte do corpo da
mãe e nào sendo capazes de gerar novos seres humanos a não ser que sejam
implantados no útero.

4.3.5- Kardecismo
Segundo Allan Kardec, “A União começa na concepção, mas ela não se
completa senão no momento do nascimento.”33, ou seja, o novo ser humano só
passa a apresentar uma alma com o nascimento. Caso o corpo escolhido morra
antes do nascimento, o espírito pode escolher um novo corpo para reencarnar.34
O Livro dos Espíritos afirma, ainda, que existem alguns natimortos que
nunca tiveram espírito, pois não havia nada a fazer pelos seus corpos35. Em “A
Gênese”, KARDEC explora mais o tema, introduzindo o conceito de que o
perispírito se liga ao óvulo fecundado desde a concepção e vai se ligando
molécula a molécula ao corpo de acordo com o desenvolvimento do feto,
culminando no nascimento, quando a ligação é completa e irreversível.36
Apoiadas nos conceitos apresentados acima, encontraremos duas correntes
dentro do espiritismo. A primeira é contrária à pesquisa com células-tronco

31
Cf. DORFF, E.N. A pesquisa com células tronco: uma perspectiva judaica. In: HOLLAND, S.;
LEBACQZ, K.; ZOLOTH, L. (Org.). As células tronco embrionárias humanas em debate.
Tradução: Adail Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 2006, p. 99.
32
Cf. Ibid. P. 98.
33
KARDEC, A. Livro dos Epíritos. Questão 344. São Paulo: Petit, 1998.
34
Cf. Ibid questão 346.
35
Cf. Ibid questão 356.
36
Cf. KARDEC, A. A gênese: os milagres e as previsões segundo o espiritismo. São Paulo: Lake,
2005.
embrionárias, pois defende que só Deus é quem pode retirar a vida de uma pessoa,
mesmo que tenha sido gerada a partir de uma fecundação in vitro37.
A outra corrente apoia a pesquisa, apontando que alguns embriões nunca
chegam a ter alma, gerando os natimortos. Para eles, os embriões utilizados em
pesquisa seguiriam um destino semelhante, não vindo a ter alma ou, caso
tivessem, com a sua destruição o espírito buscaria outro corpo38.

5- Conclusão

O debate acerca da pesquisa com células-tronco está apenas começando e


está longe de uma solução pacífica. Porém, dentre tudo o que tem sido discutido,
gostaria de ressaltar dois pontos. O primeiro foi o enfoque até o presente
momento, e é: quando começa a vida humana? O segundo é: deve-se controlar o
desenvolvimento científico ou este não deve ter nenhum controle para o bem da
humanidade?
Quanto ao questionamento acerca do início da vida humana, pode-se
perceber que os cientistas, de forma especial os embriologistas, parecem acordar
que se encontra no momento da fecundação, com a formação da célula ovo ou
zigoto. Tal pressuposto também é reafirmado pela maioria das religiões em nosso
país. A pergunta que deve-se colocar neste momento é: esta vida, originada na
concepção, têm a mesma dignidade da vida de um indivíduo já nascido?
Esta é uma pergunta ardilosa, pois, dependendo do interesse de quem a
propõe ou da utilidade que possa ter, pode haver respostas diferentes. Àqueles
favoráveis às pesquisas com células-tronco, ou ao aborto, tendem a separar o
surgimento desta pessoalidade, desta dignidade, do momento da concepção. Neste
sentido, afirmam que o embrião só ganha dignidade de pessoa ou após a
implantação, ou do surgimento do sistema nervoso, ou do seu nascimento.
Contudo, todos estes critérios são extremamente arbitrários, uma vez que no
zigoto já se encontra todo o programa do novo ser que passa apenas por estágios
diferentes, durante a gestação.

37
Cf. MORAIS, A.F. Células Tronco. Centro Espírita Ismael. Disponível em: <http://www.
ceismael.com.br/tema/tema062.htm>. Acesso em: 29 out. 07.
38
Cf. RÉGIS, M.C. O dilema das células tronco embrionárias. [S.I.]: Jornal Abertura, 2001.
Disponível em: <http://www.espiritnet.com.br/Abertura/Ano2001/dilema.htm>. Acesso em: 29
out. 07.
Os embriões excedentes dos processos de fecundação in vitro também não
podem ser considerados menos embriões do que aqueles implantados, pois foram
produzidos com o mesmo propósito, ou seja, gerar um novo indivíduo. Portanto,
não se deve tentar roubar a dignidade destes pequenos indivíduos e nem tirar-lhes
o direito de serem reconhecidos como seres humanos e, portanto, com direito
inviolável a vida, apenas para justificar, de uma forma mais fácil, os nossos
anseios científicos.
Isto leva ao segundo questionamento apresentado acima, pois muitos
cientistas, embora considerem o embrião humano antes da implantação como uma
pessoa dotada de dignidade, acreditam que seu sacrifício seria válido desde que o
objetivo seja nobre. Porém, antes de adotar-se tal procedimento, deve-se pensar
em longo e não em curto prazo.
Atualmente, discute-se o uso de embriões excedentes para as pesquisas,
porém, se a sociedade for incapaz de definir limites para a biomedicina, estar-se-á
discutindo, no futuro, a produção de embriões para terapia com células-tronco e a
clonagem terapêutica, pois, como foi apresentado anteriormente, o número de
células disponíveis para pesquisa é pequeno e estas podem apresentar problemas
de incompatibilidade que só seriam solucionáveis através da clonagem
terapêutica.
Portanto, antes de defender e aplaudir os possíveis resultados das
pesquisas com células tronco embrionárias humanas, deve-se pensar nas
consequências que o seu uso pode trazer para o nosso próprio conceito de homem.
6- Bibliografia

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Hemus, 1976;
26- PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO.
Normas para apresentação de teses e dissertações. Rio de Janeiro: PUC-
Rio, 1980;
27- RÉGIS, M.C. O dilema das células tronco embrionárias. [S.I.]: Jornal
Abertura, 2001. Disponível em: <http://www.espiritnet.com.br/Abertura/
Ano2001/dilema.htm>. Acesso em: 29 out. 07;
28- RIBEIRO, P. Discurso. In: FÓRUM DE AÇÃO POLÍTICA DA IGREJA
EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS, 2, 2005, Brasília. Disponível
em: <http://www.biotecnologia.com.br/biocongresso/discursos.asp?id=384
Acesso em: 29 out. 07
29- SCHÄCHINGER, V. et al. Intracoronary Bone Marrow-Derived
progenitor Cells in Acute Myocardial Infarction. New England Journal of
Medicine, v. 355, n. 12, p.1210-21, 21 set. 2006;
30- SERRÃO, D. Livro branco: uso de embriões humanos em investigação
científica. Portugal: Ministério da Ciência e do Ensino Superior, 2003
31- SGRECCIA, E. Manual de Bioética. Vol. 1. Ed. 2. Tradução: Orlando
Soares Moreira. São Paulo: Loyola, 2002;
32- THOMAS, D. et al. Intravenous infusion of bone marrow in patients
receiving radiation and chemotherapy. New England Journal of Medicine,
v. 257, p. 491-6, 12 set. 1957;
33- THOMPSON, J. et al. Embryonic stem cell lines derived from human
blastocysts. Science, v. 282, n. 5391, p. 1145-7, 6 nov. 1998;
34- UN APPELLO PER LA VITA, México. Dignità e statuto dellémbrione
umano: atti del congresso scientifico internazionale. Vaticano: Libreria
Editrice Vaticana, 2000;
35- VESCOVI, A.; GALLI, R.; GRITTI, A. The Neural Stem cell and their
transdiferetiation capacity. Biomedicine and Pharmacotherapy, v. 55, n. 4,
p.201-5, 7 mai. 2001;
ANEXO 1
Desenvolvimento do Embrião Humano
Fecundação
0 min Celular
fusão de gametas
Fecundação
12 a 24 horas Genotípico estrutural
fusão dos pró-núcleos
2 dias Primeira divisão celular Divisional
3 a 6 dias Expressão do novo genótipo Genotípico funcional
6 a 7 dias Implantação uterina Suporte materno
Células do indivíduo diferenciadas
14 dias Individualização
das células dos anexos
20 dias Notocorda maciça Neural
3a4
Início dos batimentos cardíacos Cardíaco
semanas
Aparência humana e rudimento de
6 semanas Fenotípico
todos os órgãos
7 semanas Respostas reflexas à dor e à pressão Senciência
Registro de ondas
8 semanas eletroencefalográficas (tronco Encefálico
cerebral)
10 semanas Movimentos espontâneos Atividade
12 semanas Estrutura cerebral completa Neocortical
12 a 16 Movimentos do feto percebidos pela
Animação
semanas mãe
Probabilidade de 10% para sobrevida Viabilidade
20 semanas
fora do útero extra-uterina
24 a 28
Viabilidade pulmonar Respiratório
semanas
28 semanas Padrão sono-vigília Autoconsciência
28 a 30
Reabertura dos olhos Perceptivo visual
semanas

Gestação a termo ou parto em outro


40 semanas Nascimento
período

2 anos após Linguagem para


“Ser moral”
o nascimento comunicar vontades

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