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O ROMANTISMO E A INFLUÊNCIA DE LORD BYRON NA OBRA DE ÁLVARES DE

AZEVEDO

REVOLUÇÃO FRANCESA: QUEDA E ASCENSÃO

No final do século XVIII e início do século seguinte, a Europa passou por grandes
transformações. Pois, com a Revolução Francesa, ascende ao poder político europeu, a
partir do ano de 1789, a classe social outrora habitante dos burgos. Estas eram regiões
situadas nas proximidades dos castelos feudais, onde havia um maior fluxo de pessoal e de
produtos, facilitando o comércio. Daí a palavra burguesia para designar os que viviam
basicamente das transações comerciais.

Entretanto, o comércio encontrava, na França, grandes empecilhos ao seu


desenvolvimento. Isso porque o simples transporte de mercadorias tinha de passar por
barreiras alfandegárias, obrigando-se a pagar altíssimos impostos. Sem falar dos assaltos
constantes. Como se não bastasse, na década de 80, secas e inundações ocorreram
alternadamente. Isso fez os preços dos produtos ora subir, não dando chance de compra
aos pobres; ora descer, levando pequenos proprietários à falência.

Enquanto esse quadro sofria agravância, uma pequena parcela da população vivia
sob os mais diversos privilégios: o Primeiro Estado e o Segundo Estado. Eram compostos
pelo alto clero e pela nobreza, respectivamente. Entre algumas mordomias, podemos citar
o recebimento de dízimos e a isenção de impostos, por exemplo. Com isso, toda a carga de
estabilização econômica recaía sobre o chamado Terceiro Estado, que tinha grande
composição: artesãos, camponeses, profissionais liberais e os burgueses (banqueiros,
comerciantes, lojistas, fabricantes, etc.). Desta forma, diante de uma recessão na economia
nacional, o rei francês, Luís XVI, imediatamente elevava os impostos atribuídos à camada
mais carente. Assim, deixava-a sobrecarregada. No entanto, mantinha o alto nível de vida
dos Estados superiores.

Além do mais, a ideologia ecoada pelo Iluminismo, movimento transformador da


mentalidade humana (do teocentrismo para o antropocentrismo, da fé para a razão,
valendo-se salientar que não houve um afastamento das práticas religiosas por parte dos
filósofos iluministas), enfraquecia a coroa européia. Pois, para os iluministas, o absolutismo
era um tipo de governo que privava os cidadãos dos seus direitos, assim, as leis não
deveriam ser impostas por um rei, mas elaborada pela sociedade ou por representantes
legais dela. Dessa forma, a crescente propagação do movimento forneceu as
fundamentações teóricas para a oposição intelectual às monarquias e, na França, surgiu o
lema: “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”.

Os estados absolutistas, por sua vez, tentaram reverter o quadro de degradação


social a fim de amenizar a insatisfação popular e, com isso, evitar uma possível revolução.
Então, criaram o Despotismo Esclarecido, sistema de governo baseado nos pensamentos
de Voltaire. Pois, segundo o iluminista francês, deveriam ocorrer uma série de
transformações na política européia, mas essas mudanças tinham de ser regidas por um
monarca com absoluta autoridade, um déspota. Sendo assim, o povo ficaria a distância da
tomada de decisões. Contudo, a tentativa do Despotismo Esclarecido não satisfez às
camadas mais baixas, que continuavam oprimidas.
Portanto, pelo peso das responsabilidades e pelo descontentamento com a opressão
do Estado absolutista, com fundamentos nos ideais do Iluminismo, a burguesia, camada
mais bem instruída do Terceiro Estado, levanta-se contra a Monarquia francesa.
Primeiramente, os burgueses enfraquecem e, logo após, derrubam o reinado de Luís XVI.
Isso ocorreu por meio de sucessivas vitórias contra o monarca. A saber:

• em 09 de julho de 1789, reúne-se uma Assembléia Nacional Constituinte, à qual


caberia a elaboração de uma Constituição para a França. Segundo Antônio Pedro
e Florival Cáceres (PEDRO & CÁCERES, 1985:229): “Isto significava que o rei
deixava de ser o senhor absoluto do reino.”;

• no mesmo ano, os franceses avançam sobre a prisão política da época, a Bastilha,


enforcando o seu responsável;

• ainda em 1789, é criada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,


documento que estabeleceu as bases teóricas da revolução.

Assim, no dia 20 de setembro de 1792, é proclamada a República Francesa,


representando a decadência do rei e de seu antigo regime e a ascensão da alta burguesia
vitoriosa.

O SURGIMENTO DE UMA NOVA ESTÉTICA: O ROMANTISMO

Sabe-se que a arte é a representação do pensamento humano diante dos fatos do


mundo real. Daí a prática artística ser um misto de realidade e de abstração, sendo, por
isso, considerada verossímea (próxima do verdadeiro).

Mediante isso, a troca de poder político-social como conseqüência da Revolução


Francesa instala um forte clima de descontentamento nos vencidos. Na literatura, podemos
observar algumas características que comprovam esse fato: a insatisfação dos perdedores
é evidenciada por meio de uma visão pessimista da vida; a nova realidade tanto os
incomodava que preferiam relembram os tempos do passado; a sociedade, para eles, era
por demais insatisfatória, daí o esquecimento social e o surgimento de uma temática
voltada para o eu; Deus e a mulher eram vistos como figuras sublimes, capazes de mudar a
situação; a natureza era cultuada, pois espelhava a imagem divina; a angústia refletia-se
pelo gosto por lugares escuros, a veneração da morte; etc.

O novo ideário, por sua vez, introduzido na literatura universal por meio do livro Os
sofrimentos do jovem Werther, obra do alemão Johann Wolfgang von Goethe, publicada
pela editora Leipzig em 1774. Nesse romance, Werther, protagonista da história, narra sua
vida em cartas. Tudo acaba com o suicídio do personagem principal, levando os jovens da
época a se identificar com sua história e, com isso, fazer o mesmo. A onda de suicídios
gerada pela leitura do livro o fez ser considerado como o mal-do-século.

No Brasil, como conseqüência do bloqueio continental, instala-se a sede da


monarquia portuguesa. Isso acontece com a chegada da Família Real para o Rio de Janeiro
(1808), a qual fugia das invasões napoleônicas na Europa. Assim, o re D. João VI toma
várias medidas favoráveis à propagação da cultura. Entre elas, vemos em Y. Fujyama
(FUJYAMA, 1985:49):
“(...) a abertura dos portos, permitindo o livre ingresso, no país, das publicações
vindas da Europa; a criação da Biblioteca Real, aumentando a difusão dos livros; a
liberação da imprensa, estimulando a circulação de novas idéias (...)”

Ademais, o Brasil consegue os seus primeiros desvínculos com a cultura lusitana.


Sobre isso, continua o autor (FUJYAMA, 1985: 49):

“Outro fato importante foi a criação das Faculdades de Direito de São Paulo e de
Olinda (esta mais tarde transferida para o Recife), alijando a hegemonia do curso jurídico
de Coimbra (...)”.

Com isso, o Brasil passa a ser produtor de uma literatura mais nacional no sentido de
receber menos influência estrangeira. E é com a publicação da Revista Niterói e da obra
poética de Gonçalves de Magalhães Suspiros poéticos e saudades, ambas em 1836, que o
Romantismo é inaugurado oficialmente na literatura brasileira.

AS TRÊS GERAÇÕES

A poesia romântica brasileira desenvolveu-se em três etapas. Foram elas


denominadas gerações, vejamos:

1ª Geração – acontece em um período histórico de relativa agitação social e política


(Regências e primeiros anos da maioridade de D. Pedro II. Nessa época ocorreram várias
revoltas populares: a Cabanagem, a Balaiada, entre outras.). Essa fase demonstra um forte
sentimento nacionalista, religioso, amoroso e de exaltação do índio brasileiro. Também
pode ser chamada de geração lírico-amorosa ou indianista, cujos expoentes foram
Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias.

2ª Geração – surge em um momento político social mais tranqüilo, por isso aparece
arrefecida do patriotismo e dos temas de denúncia social. Seus potes retomam os artistas
europeus, principalmente George Noel Gordon, ou Lord Byron, cuja vida e obra passam a
influenciar os românticos desta fase. A geração, por isso mesmo chamada byroniana,
revela como características marcantes: o pessimismo, o egocentrismo, o desejo de evasão
da realidade e o cansaço da vida. Os destaques de sua poesia foram: Álvares de Azevedo,
Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire.

3ª Geração – o declínio da monarquia volta a sacudir a vida política do país. Além do


mais, a guerra do Paraguai, as lutas abolicionistas e a crescente propaganda dos
republicanos mexem novamente com o ambiente da sociedade. Daí, nasce o novo
sentimento patriótico e os temas sociais e de abolição da escravatura pontuam a poesia da
3ª e última geração do romantismo. Castro Alves é o representante máximo.

A INFLUÊNCIA DE BYRON SOBRE A OBRA DE ÁLVARES DE AZEVEDO: UM


TRABALHO DE COMPARAÇÃO

A LITERATURA COMPARADA: COMO SURGIU E O QUE É


Segundo Sandra Nitrini (NITRINI, 2000:19):

“As origens da literatura comparada se confundem com as da própria literatura. Sua


pré-história remonta às literaturas grega e romana. Bastou existirem duas literaturas para
se começar a compará-las, com o intuito de apreciar os seus respectivos méritos embora
se estivesse ainda longe de um projeto de comparatismo elaborado, que fingisse a uma
mera inclinação empírica.”

No entanto, o estudo sistemático da literatura comparada teve seu início na França,


nos anos de 1828, 1830 e 1835. isso aconteceu com a introdução da nova tendência nas
universidades francesas por, respectivamente, Abel Villemain, Jean Jacques Ampère e
Philarète Chasles. Este último, em sua aula inaugural denominada “Littèrature Étrangère
Comparèe”, define claramente o objetivo da literatura comparada:

“Deixe-nos avaliar a influência de pensamento, a maneira pela qual povos


transformam-se mutuamente, o que cada um deles deu e o que cada um deles recebeu
(...)”.

Se observarmos com atenção, notamos que a palavra central do discurso de Chasles


é “influência”, vocábulo utilizado em larga escala por aqueles que estudam a literatura
comparada. Ora, assim justificamos o subtítulo do presente trabalho, pois, em nossa
exposição, pretendemos mostrar as ações temáticas e intertextuais de Byron refletidas em
Azevedo.

É importante, ainda, verificarmos um outro conceito, fornecido por Henry H. H.


Remak, no artigo “Comparative Literature, It’s Definition and Function”:

“Literatura comparada é o estudo da literatura além das fronteiras de um país


particular (...)”

Com a afirmação de Remak, explicamos ao leitor o motivo de se aproximar dois


autores que pertencem ao mesmo movimento estético, porém artistas de países diferentes.
Contudo, voltemos a Chasles, o qual afirma que ao se fazer literatura comparada, estuda-se
“a influência de pensamento sobre pensamento”, o que faz povos se transformarem
mutuamente.

Assim, o que será feito a partir de então, é pôr em destaque as semelhanças entre
Byron e Azevedo, mostrando como o primeiro inspirou o brasileiro na vida e na arte.

OS AUTORES: VIDA E OBRA

George Noel Gordon, ou Lord Byron, nasceu em Londres, em janeiro de 1788. Ficou
órfão de pai e mãe aos três anos de idade e, aos onze, recebeu grande fortuna como
herança pela morte do tio-avô.

Aristocrata, não precisou trabalhar para se manter, tampouco vender suas obras
como meio de vida. Após escandalizar a tradicional sociedade inglesa pela sua excêntrica
visão de mundo, parte para a Grécia, onde vai lutar pessoalmente, ajudar a financiar os
custos e defender em seus poemas o processo de independência daquele país sobre os
turcos. Lá, morre em janeiro de 1824.

Pela inatividade quanto ao trabalho remunerado, Byron mergulhou em uma vida


boêmia. Era homem da noite dedicado às mulheres e à bebida. Esses aspectos biográficos
terão reflexo em sua obra. Observemos uma passagem de D. Juan, sua obra-prima:

“Eat, drink and love; what can the rest avail us?

(Comer, beber e amar; o que mais é útil para nós?)

Manuel Antônio Álvares de Azevedo, por sua vez, nascido em São Paulo, a 12 de
setembro de 1831, também teve uma vida privilegiada do ponto de vista financeiro. Assim
como Byron, recebeu uma educação esmerada e, aos 12 anos de idade, já lia obras em
inglês e em francês.

Em 1848, matricula-se na Universidade de Direito de São Paulo. Lá, conhece os


integrantes da chamada “Sociedade Epicuréia”, fundada em 1845 e, segundo Moisés
(1999:159), era “destinada a repetir aqui a existência boêmia de Byron”. E não foi
diferente: além da intenção de seguir o modelo de vida e de obra do artista inglês, Azevedo
não sentia a necessidade de trabalhar para se manter, porque, como já dissemos era
descendente de rica família.

Portanto, vive desregradamente, cultuando os prazeres da carne. Essa tendência


byroniana tem eco também em sua produção artística, como podemos ver em Macário, sua
única obra dramática:

“A vida está na garrafa de Cognac, na fumaça de um charuto de Havana, nos seios


voluptuosos da morena. Tirai isso da vida – o que resta?”

O fragmento acima revela que Álvares de Azevedo conhecia o texto de Byron citado
anteriormente. Pois, além da sensível relação intertextual, a frase do autor de D. Juan foi
utilizada pelo brasileiro como epígrafe de um de seus poemas “Spleen e Charutos”.

Em relação ao amor, observa-se freqüentemente na poesia dos dois autores o


sofrimento devido à incorrespondência amorosa. Vejamos:

“É tempo deste coração permanecer insensível

Porque já não pode comover os outros

Mas se por ninguém eu posso ser amado

Ainda quero amar!”

Lord Byron

“Passei como D. Juan entre as Donzelas

Suspirei as canções mais doloridas


E ninguém me escutou (...)

Meu Deus! Ninguém me amou!”

Álvares de Azevedo

Como vimos, a carência do sentimento amoroso demonstrada pelo eu-lírico, em


ambos os textos, levava-o a um estado de autocomiseração.

Por sua vez, a vida é tratada pelos dois poetas com desgosto não por um cansaço
trazido pelo passar dos anos, mas pela desmotivação causada por um mundo enfadonho.
Neste mundo, desta maneira, não existiria estímulo ou razão para viver. Segundo Álvares
de Azevedo:

“A vida é um escárnio sem sentido

Comédia infame que ensangüenta o lodo.”

Álvares de Azevedo

Aproximando a um texto de Byron, fica clara a influência deste:

“Eu vaguei pela vida sem conforto (...)

Farto da vida, breve serei morto.”

Lord Byron

A solidão também foi tema presente na obra dos dois autores. Em ambos, há traços
autobiográficos.

“Como uma ilha vulcânica, sozinho

O fogo vem consumir-se no meu peito.”

Lord Byron

“Vivi na solidão – odeio o mundo.”

Álvares de Azevedo

Como pudemos observar, os aspectos biográficos e a veia estética de cada artista


mostram que forte influência sofreu o poeta brasileiro do inglês Lord Byron, que foi
tematicamente copiado por toda uma geração da poesia romântica brasileira. É por isso
que a 2ª Geração do Romantismo, a geração do mal-do-século, do pessimismo, também
pode ser chamada de byroniana, a qual tem em Álvares de Azevedo sua figura de maior
destaque.
BIBLIOGRAFIA

AZEVEDO, Álvares de. Obra completa.Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.

BYRON, SHELLEY & KEATS. Poesia romântica inglesa. Lisboa: Relógio D’Água, 1992.
Tradução de Fernando Guimarães.

CÁCERES, Florival & PEDRO, Antonio. História geral. São Paulo: Moderna, 1982.

GOETHE, Johann Wolfgang von. Os sofrimentos do jovem Werther. São Paulo: Clube do
Livro, 1988. Tradução de Erlon José Paschoal.

NITRINI,Sandra. Literatura comparada. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,


2000.

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