Prosseguindo nas alterações no CTN, promovidas pela Lei Complementar n.º 118,
publicada em 09/02/05, analisemos o ponto em que o crédito tributário teve restrições em
suas preferências. Foram as alterações nos art. 186 a 188. Além disso, verificaremos uma
norma interpretativa expressada no art. 3.º da LC 118.
Vamos lá:
Situação geral
No geral, permanece a chamada preferência relativa do crédito tributário, aquela exercida
sobre quaisquer outros, salvo os decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de
trabalho, esta última agora acrescentada – art. 186.
Na falência
Nas situações de falência, entretanto, o crédito tributário sofreu um recuo na sua
preferência. De acordo com o introduzido parágrafo único, na falência têm preferência
sobre os créditos tributários:
¾ os extraconcursais – que são, em linha geral, despesas e
obrigações contraídas no curso da falência, tendo prioridade no
pagamento, conforme art. 84 da Lei 11.101 (a nova Lei de
Falências):
Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os
mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a:
IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido
vencida;
Observe-se que, de acordo com o art. 84, V, da Lei 11101/05, os créditos tributários
também podem ser extraconcursais, desde que se refiram a tributos com fatos geradores
ocorridos no curso do processo de falência. Nesta situação, são pagos prioritariamente;
mas, diante de outros extraconcursais, devemos observar a ordem do art. 83 (final do inciso
V, art. 84). Diante dessa última colocação, um crédito tributário extraconcursal tem
preferência sobre um crédito com garantia real constituído antes da decretação da falência;
mas, se o crédito com garantia real foi constituído após a decretação da falência, sendo,
portanto, também um extraconcursal, terá preferência sobre o tributário.
b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei;
c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada em garantia;
c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei;
b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados ao seu
pagamento;
VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou
administrativas, inclusive as multas tributárias;
Assim, fique esclarecido que as multas tributárias não gozam da mesma preferência dos
demais créditos tributários (tributos). Da conjugação do art. 83, incisos III e VII, da Lei
11.101/05 (nova Lei de Falências) e da nova redação do CTN, no seu art. 186, parágrafo
único, III, constata-se que as multas só têm preferência sobre os créditos subordinados, que
são aqueles assim estabelecidos por lei ou em contrato, ou ainda, os créditos de sócios ou
administradores sem vínculo empregatício. Antes das multas tributárias, portanto, devem
ser pagos, além daqueles que preferem aos tributos, os créditos com privilégio especial,
com privilégio geral e os quirografários.
O art. 3.º da LC 118/05 tem como intuito a interpretação do inciso I do art.168 do CTN.
Segundo o art. 168, o prazo para pleitear a restituição de importância é de 05 anos contados
da data da “extinção do crédito”. Esta data seria a do pagamento indevido.
Contrariando tal jurisprudência, a LC 118, no seu art. 3.º, cumprindo uma função
interpretativa, aponta que em tais lançamentos (por homologação), o prazo de 05 anos para
pleitear a restituição de importância tem sua contagem iniciada a partir do pagamento
antecipado (indevido).
Até a próxima,