RECIFE
PERNAMBUCO – BRASIL
2010
2
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Ciência do Solo da Universidade
Federal Rural de Pernambuco,
como exigência para obtenção do
título de Mestre.
RECIFE - PE
2010
3
DEDICO
4
AGENOR BEZERRA DE ALMEIDA JÚNIOR
_______________________________________
Clístenes Williams Araújo do Nascimento
PRESIDENTE DA BANCA EXAMINADORA
(ORIENTADOR)
___________________________________________
Gustavo Pereira Duda
EXAMINADOR
__________________________________________
Mário de Andrade Lira Júnior
EXAMINADOR
___________________________________________
Fernando José Freire
EXAMINADOR
5
AGRADECIMENTOS
A minha querida irmã, Aline Cristina pela amizade, apoio e colaboração nos
momentos difíceis;
Ao meu grande e eterno amigo Francisco de Assis (Thikão), por fazer parte
da minha história, tornando-se além de um amigo um irmão;
A família Fertilidade do solo: Carol, Zil, Karina, Rayana, Renato, Évio, Airon,
Welka, Hailson, Eriberto, Vinicius e Fernando pela compreensão e apoio. Em
especial, a Fernando Bruno, Márcio, Wellington, e Vinicius Mendes pela amizade,
companheirismo e dedicação nas atividades acadêmicas e realização deste
trabalho;
Para não pecar por omissão, a todos aqueles que de forma direto ou indireta
contribuíram para realização e conclusão deste trabalho, os meus sinceros
agradecimentos.
6
SUMÁRIO
Pág
LISTA DE FIGURA................................................................................................. vii
LISTA DE TABELAS.............................................................................................. viii
RESUMO................................................................................................................ 10
ABSTRACT............................................................................................................ 11
1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 12
2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 15
2.1 A cana-de-açúcar......................................................................................... 15
2.2 Matéria orgânica........................................................................................... 16
2.3 Utilização da torta de filtro............................................................................ 17
3. MATÉRIAL E MÉTODOS.................................................................................. 21
3.1 Coleta, caracterização e preparo do solo..................................................... 21
3.2 Condução e delineamento experimental...................................................... 21
3.3 Avaliações e coleta das plantas................................................................... 24
3.4 Análise do solo............................................................................................. 24
3.5 Análise estatística........................................................................................ 24
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 26
4.1 Produção de matéria seca e número de brotos de plantas de cana-de-
açúcar.................................................................................................................... 26
4.2 Alterações na fertilidade do solo em função da adubação orgânica e
mineral.................................................................................................................... 29
4.3 Avaliação do estado nutricional de plantas de cana-de-açúcar................... 39
5. CONCLUSÕES.................................................................................................. 49
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 50
vii
LISTA DE FIGURAS
Pág.
Figura1. Distribuição dos tratamentos aos 30 Dias após o plantio....................... 22
Figura 9. Teores de ferro (mg kg-1) no solo após aplicação de diferentes doses
de torta de filtro e adubo mineral............................................................................ 35
Figura 10. Teores de zinco (mg kg-1) no solo após aplicação de diferentes
doses de torta de filtro e adubo mineral.......................................................... ...... 37
Figura 11. Teores de cobre (mg kg-1) no solo após aplicação de diferentes
doses de torta de filtro e adubo mineral................................................................. 37
Figura 12. Teores de manganês (mg kg-1) no solo após aplicação de diferentes
doses de torta de filtro e adubo mineral............................................................. 39
Figura 13. Teores matéria orgânica do solo (mg kg-1) no solo após aplicação de
diferentes doses de torta de filtro e adubo mineral................................................
40
viii
LISTA DE TABELAS
Pág.
Tabela 1. Composição média da torta de Filtro....................................................... 19
RESUMO
A utilização dos resíduos orgânicos assume relevante importância nos dias atuais,
devido a sua potencialidade de reduzir custos de produção e minimizar impactos
ambientais. Neste sentido, o presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de
avaliar o efeito de diferentes doses de fertilizantes orgânico e mineral na cultura da
cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) e nos atributos químicos do solo. O
experimento foi conduzido em casa de vegetação em delineamento blocos
casualizados com três repetições, arranjo fatorial 5 x 3, representando cinco doses
de torta de filtro ( 0; 9,25; 18,5; 27,75 e 35 g vaso-1) e três níveis de fertilizante
mineral (0; 50 e 100% da dose recomendada). Os resultados indicaram que a
aplicação de torta de filtro promoveu melhoria na fertilidade do solo, por aumentar os
teores de macro e micronutrientes no solo, e reduzir os teores de Al. A torta de filtro
promoveu ação corretiva da acidez do solo, enquanto os fertilizantes minerais
promoveram a acidificação do solo. As plantas de cana-de-açúcar responderam a
aplicação da torta de filtro por aumentar o acúmulo de fósforo, potássio e cobre na
parte aérea das plantas. Recomenda-se o uso de torta de filtro associado à
adubação mineral, como maneira de maximizar o efeito sobre a produtividade e
reduzir custos com fertilizantes minerais.
ABSTRACT
The use of organic wastes plays an important role in agriculture due to its potential
for diminishing yield costs and minimize environmental impacts. The work was
carried out to evaluate the effect of mineral fertilizer and filter cake doses on
sugarcane (Saccharum officinarum L.) yield and soil chemical characteristics. The
experimental was conducted in a greenhouse, in design was the casualized blocks
with three replications, in a factorial outline (5x3), with five doses of filter cake (0;
9,25; 18,5; 27,75 e 35 g pot-1) and three levels of mineral fertilizer (0; 50 e 100% of
the recommended dose). The results showed that cake filter addition favored soil
fertility, increasing the contents of both macro and micronutrients and decreasing Al
concentration. Filter cake promoted corrected soil acidity while mineral fertilizer
acidified the soil. Sugarcane plants responded to filter cake application by increasing
the uptake of phosphorus, potassium and copper. The use of filter cake associated
with mineral fertilization is recommended in order to increase sugarcane yield while
reducing costs with mineral fertilizers.
A torta de filtro foi obtida na usina Santa Tereza, e suas doses estabelecidas
com base na dose do resíduo normalmente utilizado no cultivo da cana proposta
pela Usina Santa Tereza. A amostra da torta de filtro foi analisada no laboratório de
fertilidade do solo da UFRPE usando a metodologia preconizada pela Embrapa
(1999) (Tabela 4).
4
0 10 20 30 40
Torta de filtro (g kg-1 de solo)
0% Adubo mineral 50% Adubo mineral 100% Adubo mineral
0,7
0,6
0,5
● Ŷ = 0,06 – 0,0019* (R2=0,75*)
Al (cm ol c dm -3 )
0,4
■ Ŷ = 0,37 - 0,005**x (R2=0,88*)
0,3 ▲ Ŷ= 0,64 - 0,01**x (R2=0,99**)
0,2
0,1
0
0 10 20 30 40
Torta de filtro (g kg-1 de solo)
0% Adubo mineral 50% Adubo mineral 100% Adubo mineral
Figura 3. Teores de Al+3 (cmolc dm-3) no solo após aplicação de diferentes doses de
torta de filtro e adubo mineral.
1
● Ŷ = 0,58 + 0,0124**x (R2=0,96*)
N (g kg-1)
0,8
0,6 ■ Ŷ = 0,71 + 0,0091**x (R2=95**)
0,2
0
0 10 20 30 40
Torta de filtro (g kg-1 de solo)
0% Adubo mineral 50% Adubo mineral 100 %Adubo mineral
120
100
● Ŷ = 4,6 + 1,68**x (R2=0,99**)
80
P (m g kg -1 )
20
0
0 10 20 30 40
Torta de filtro (g kg-1 de solo)
0% Adubo mineral 50% Adubo mineral 100% Adubo mineral
Figura 5. Efeito da aplicação de torta de filtro e adubo mineral nos teores de fósforo
(mg kg-1) no solo.
0,6
0,5
K (cm o l c d m -3 )
0,2
▲ Ῡ= 0,46
0,1
0
0 10 20 30 40
Torta de filtro (g kg-1 de solo)
0% Adubo mineral 50% Adubo mineral 100% Adubo mineral
5
Ca (cmol c dm -3) ● Ŷ = 3,23 + 0,06**x (R2=0,89*)
4
■ Ŷ = 3,70 + 0,04*x (R2=0,82*)
3
▲ Ŷ= 3,56 + 0,04*x (R2=0,85*)
2
0
0 10 20 30 40
Torta de filtro (g kg-1 de solo)
0% Adubo mineral 50% Adubo mineral 100% Adubo mineral
Figura 7. Teores de cálcio (cmolc dm-3) no solo após aplicação de diferentes doses
de torta de filtro e adubo mineral.
4
3,5
3
Mg (cm ol c dm -3 )
2,5
2 ● Ŷ = 1,64 + 0,03nsx + 0,002*x2 (R2=0,95*)
1,5 ■ Ŷ = 1,18 + 0,06*x (R2=0,75*)
1 ▲ Ŷ= 1,17 + 0,04*x (R2=0,91*)
0,5
0
0 10 20 30 40
Torta de filtro ( g kg-1 de solo)
0% Adubo mineral 50% Adubo mineral 100% Adubo mineral
150
120
● Ῡ = 97,85
Fe (m g kg -1 )
30
0
0 10 20 30 40
Torta de filtro (g kg-1 de solo)
0% Adubo mineral 50% Adubo mineral 100% Adubo mineral
Figura 9. Teores de ferro (mg kg-1) no solo após aplicação de diferentes doses de
torta de filtro e adubo mineral.
18
16 ● Ŷ = 2,77 + 0,21**x (R2=0,99**)
14
12 ■ Ŷ = 5,94 + 0,20**x (R2=0,99**)
Zn (m g kg -1 )
Figura 10. Teores de zinco (mg kg-1) no solo após aplicação de diferentes doses de
torta de filtro e adubo mineral.
4
● Ŷ = 0,80 + 0,07**x (R2=0,99**)
Cu (m g kg -1 )
3
■ Ŷ = 1,51 + 0,06**x (R2=0,99**)
2 ▲ Ŷ= 2,11 + 0,06**x (R2=0,99***)
0
0 10 20 30 40
Torta de filtro (g kg-1 de solo)
0% Adubo mineral 50% Adubo mineral 100% Adubo mineral
Figura 11. Teores de cobre (mg kg-1) no solo após aplicação de diferentes doses de
torta de filtro e adubo mineral.
38
75
45
▲ Ŷ= 22,74 + 1,19**x (R2=0,97***)
30
15
0
0 10 20 30 40
Torta de filtro (g kg-1 de solo)
0% Adubo mineral 50% Adubo mineral 100% Adubo mineral
Figura 12. Teores de manganês (mg kg-1) no solo após aplicação de diferentes doses
de torta de filtro e adubo mineral.
30
25
0
0 10 20 30 40
-1
Torta de filtro (g kg de solo)
0% Adubo mineral 50% Adubo mineral 100% adubo mineral
Figura 13. Teores matéria orgânica do solo (mg kg-1) no solo após aplicação de
diferentes doses de torta de filtro e adubo mineral.
Tabela 10. Correlações de Pearson entre os conteúdos de macro (g vaso-1) e micronutrientes (mg
vaso-1) da parte aérea de plantas de cana-de-açúcar após a aplicação de diferentes doses de torta de
filtro e adubo mineral.
Elemento N P K Ca Mg Cu Mn Fe Zn
N 1,00 0,82** 0,83** 0,77** 0,58** 0,69** 0,88** 0,76** 0,88**
P 1,00 0,84** 0,65** 0,54** 0,84** 0,88** 0,81** 0,79**
K 1,00 0,77** 0,66** 0,87** 0,82** 0,75** 0,80**
Ca 1,00 0,69** 0,67** 0,73** 0,77ns 0,72**
Mg 1,00 0,57** 0,50** 0,74** 0,55**
Cu 1,00 0,77** 0,66** 0,75**
Mn 1,00 0,67** 0,93**
Fe 1,00 0,77**
Zn 1,00
** e * Significativo respectivamente a p < 0,01 e p < 0,05, ns: Não Significativo.
Tabela 11. Teores (g kg-1) e conteúdos (g vaso-1) de fósforo na parte aérea de cana-de-
açúcar submetida a doses crescentes de torta de filtro e adubo mineral.
Adubo
mineral Doses de torta de filtro (g kg-1 de solo) Equação
(%)
0 9,25 18,5 27,75 37
Teor de P (g kg-1)
0 1,1 c 3,1 b 4,0 b 4,7 b 5,4 a Ŷ=1,6 + 0,11x** (R2=0,95**)
50 3,4 b 3,5 b 3,8 b 4,2 b 4,0 b Ŷ=3,11 + 0,018x* (R2=0,77*)
100 5,3 a 5,9 a 5,9 a 5,6 a 5,4 a Ŷ= 5,3 + 0,38x05** - 60,06**x
(R2=0,96*)
CV (%) 6,19
Conteúdo de P (g vaso-1)
0 25,3 c 139,1 c 164,8 b 175,1 b 192,1 b Ŷ=25,83 + 45,94**x0,5 – 3,15*x
(R2=0,99**)
50 175,6 b 201,1 b 201,8 b 206,2 b Ŷ=178,05 + 1,46*x (R2=0,84*)
240,8 b
100 284,2 a 298,0 a 300,4 a 279,3 a 328,3 a
Ŷ=Ῡ= 298,04 (NS)
CV (%) 13,63
Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5%. CV= coeficiente de
variação; (NS)= não significativo; (**) e (*) significativos a 1 e 5 %, respectivamente.
Tabela 12. Teores (g kg-1) e conteúdos (g vaso-1) de potássio na parte aérea de cana-de-
açúcar submetida a doses crescentes de torta de filtro e adubo mineral.
Adubo
mineral Doses de torta de filtro (g kg-1 de solo) Equação
(%)
0 9,25 18,5 27,75 37
Teor de K (g kg-1)
0 17,9 a 14,3c 18,4 b 24,2 a 27,3 a Ŷ=17,83 – 3,62*x0,5 + 0,87*x
(R2=0,97*)
50 19,4 a 19,3 b 24,5 a 24,6 a 23,6 a Ŷ= Ῡ= 22,29 (NS)
100 21,8 a 24,3 a 25,1 a 26,0 a 26,5 a Ŷ=22,52 + 0,1199**x (R2=0,90*)
CV (%) 10,40
Conteúdo de K (g vaso-1)
0 388,8 b 647,5 b 756,8 b 897,81 b 950,8 b Ŷ= 453,46 + 14,86**x (R2=0,94**)
50 993,2 a 1104,7 a 1288,2 a 1223,9 a 1437,9 a Ŷ= 1007,9 + 10,90**x (R2=0,87*)
100 1164,5 a 1227,5 a 1276,5 a 1303,4 a 1603,3 a Ŷ=1124,4 + 10,31*x (R2=0,79*)
CV (%) 11,55
Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5%. CV= coeficiente de
variação; (NS)= não significativo; (**) e (*) significativos a 1 e 5 %, respectivamente.
Tabela 13. Teores (g kg-1) e conteúdos (g vaso-1) de cálcio na parte aérea de cana-de-
açúcar submetida a doses crescentes de torta de filtro e adubo mineral.
Adubo
mineral Doses de torta de filtro (g kg-1 de solo) Equação
(%)
0 9,25 18,5 27,75 37
Teor de Ca (g kg-1)
0 5,72 a 6,19 a 5,5 a 6,1 a 4,85 b Ŷ= Ῡ= 5,65 (NS)
50 6,50 a 6,30 a 6,56 a 7,2 a 6,57 a Ŷ= Ῡ= 6,62 (NS)
100 5,38 a 5,80 a 6,16 a 6,1 a 7,67 a Ŷ= 5,24 + 0,05*x (R2=0,77*)
CV (%) 9,69
Conteúdo de Ca (g vaso-1)
0 123,9 b 279,7 a 229,8 b 225,0 b 170,2 b Ŷ= Ῡ= 205,7 (NS)
50 334,3 a 359,1 a 344,4 a 355,6 a 399,9 a Ŷ= Ῡ= 358,6 (NS)
100 286,8 a 293,2 a 310,8 ab 303,3 ab 465,4 a Ŷ= Ῡ= 331,9 (NS)
CV (%) 14,32
Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5%. CV=
coeficiente de variação; (NS)= não significativo; (**) e (*) significativos a 1 e 5 %, respectivamente.
Não foi verificado ajuste dos modelos de regressões nos diferentes níveis de
adubo mineral para os teores e conteúdos de Fe na parte aérea da cana-de-açúcar.
No entanto, os teores de Fe presentes na parte aérea apresentaram valores médios
de 65,85; 69,52 e 78,91 mg kg-1 para os níveis de 0, 50 e 100% de adubo mineral,
respectivamente. Estes valores encontram-se dentro da faixa dos teores adequados
para cana-de-açúcar proposto por Raij & Cantarela (1996), exceção feita à
testemunha (52,52 mg kg-1). Não foi verificadas correlações entre os teores de Fe
no solo e os conteúdos de Fe na planta, refletindo a baixa disponibilidade do
elemento ao solo, visto que, provavelmente, o Fe encontra-se em formas menos
disponíveis ao solo, como por exemplo, ligados a fração da matéria orgânica e aos
47
óxidos. Isto é explicado pela alta afinidade existente entre óxidos de Fe e Mn com os
íons metálicos, reduzindo desta forma a disponibilidade de nutrientes as plantas.
Além disso, o aumento do pH pode ter propiciado a baixa solubilidade do Fe ao solo,
e conseqüentemente, menor absorção de Fe pelas plantas, como indicado na
correlação negativa existente entre o conteúdo de Fe da parte aérea e o pH do solo
(Tabela 9). Não foram observadas correlações significativas entre os teores de Fe
no solo e o conteúdo de Fe na planta, no entanto, estes tiveram correlações
positivas. Resultados similares foram obtidos por Sharma et al. (2000) e Soumaré et
al. (2003), indicando que os teores de Fe dependem largamente do teor da matéria
orgânica do solo.
Os teores e conteúdos de Zn da parte aérea não se ajustaram a nenhum
modelo de regressão (Tabelas 15 e 16, respectivamente), todavia, estes
responderam positivamente a aplicação dos adubos minerais. As concentrações de
Zn variaram de 18,04 a 23,44; 32,73 a 40,96 e 48,58 a 67,65 mg kg-1 para AM0, AM1
e AM2, respectivamente. As concentrações de Zn obtidos estão dentro da faixa
adequada (10 a 50 mg kg-1 ) proposto por Raij & Cantarela (1996). O incremento nos
teores desse elemento no solo apresentou concomitante aumento conteúdo na parte
aérea (Tabela 9). O conteúdo de Zn da parte aérea correlacionou-se negativamente
com o pH do solo (Tabela 9). Tal fato pode ser explicado através da afirmação de
Raij (1991) que relata que sob condições de pH elevado, o Zn precipita na forma de
hidróxido de zinco insolúvel e se torna indisponível para as plantas. Quaggio (2000)
também cita que a disponibilidade de Zn no solo é diretamente afetada pelo pH, uma
vez que ao elevar o pH do solo a disponibilidade do referido micronutriente é
diminuída, devido ao aumento da retenção no complexo coloidal ou a redução da
solubilidade de suas fontes. Segundo Abreu et al. (2007) a máxima disponibilidade
de Zn ocorre na faixa de pH entre 5,0 a 6,5, e em solos que recebem doses de
corretivos para elevar o pH do solo acima de 6,0 podem ocorrer deficiências de Zn,
principalmente em solos arenosos.
Ocorreram respostas significativas (p<0,01) pelo teste F da interação entre
torta de filtro e adubo mineral para os teores e conteúdos de Mn da parte aérea. Os
teores médios de Mn na parte aérea foram 27,42; 1427,42 e 215,15 para os níveis
de 0, 50 e 100% da adubação mineral, respectivamente. Os valores de Mn obtidos
encontram-se dentro da faixa teores adequados para cana-de-açúcar proposto por
Raij & Cantarela (1996). Apesar do conteúdo de Mn no solo ter aumentado com a
48
aplicação de torta de filtro, não foram verificadas correlações positivas deste
elemento no solo com o conteúdo de Mn na planta de cana-de-açúcar (Tabela 9).
49
4. CONCLUSÕES
5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVAREZ V., V. H.; NOVAIS, R.F.; BARROS, N. F.; CANTARUTTI, R.B.; LOPES, A.
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