“Quanto
aos
meus
próprios
vislumbres
de
inspiração
–
estou
muito
bem
outra
vez,
e
correspondentemente
improdutivo
–,
posso
confidenciar
apenas
um.
Ocorreu-‐me
que
a
base
última
da
necessidade
que
o
homem
tem
da
religião
é
a
impotência
infantil,
que
é
muito
maior
no
homem
do
que
nos
animais.
Passada
a
infância,
ele
não
pode
conceber
um
mundo
sem
pais
e
cria
para
si
mesmo
um
Deus
justo
e
uma
natureza
delicada,
as
duas
piores
falsificações
antropomórficas
que
ele
poderia
ter
imaginado…”
Carta
de
Freud
enviada
a
Jung
a
2
de
Janeiro
de
1910
“´[…]
É
a
defesa
contra
o
desamparo
infantil
que
empresta
as
suas
feições
características
à
reação
do
adulto
ao
desamparo
que
ele
tem
de
reconhecer
–
esta
reação
está
na
origem
da
Religião.”
Palmer,
M.
(2001),
Freud
e
Jung.
São
Paulo:
Edições
Loyola.
Que
futuro
para
o
Homem?
“Estou
em
contradição
convosco
quando
(...)
dizeis
que
o
homem
não
poderia
de
modo
nenhum
passar
sem
a
consolação
que
a
ilusão
religiosa
lhe
dá,
que,
sem
ela,
não
suportaria
o
peso
da
vida,
a
realidade
cruel.
Isto
é
verdade
se
estivermos
a
falar
do
homem
a
quem
desde
a
infância
se
deu
esse
doce
–
ou
doce
e
amargo
–
veneno.
Mas
e
do
outro
que
foi
educado
de
forma
sóbria?
Possivelmente
aquele
que
não
sofre
de
nenhuma
neurose
não
necessita
de
nenhum
narcótico
para
entorpecer
esta.
Sem
dúvida,
o
homem
encontrar-‐se-‐á
numa
situação
difícil:
terá
a
dura
consciência
da
sua
pequenez
no
seio
do
universo,
do
seu
desamparo,
não
será
mais
o
centro
da
criação,
o
objecto
dos
tenros
cuidados
de
uma
Providência
benévola.
A
sua
situação
será
semelhante
à
da
criança
que
abandonou
a
casa
paterna,
onde
se
sentia
bem
e
confortável.
(...)
O
homem
não
pode
permanecer
eternamente
uma
criança,
tem
de
se
aventurar
no
universo
hostil.
(...)
o
meu
único
desígnio,
ao
escrever
este
estudo,
é
o
de
chamar
a
atenção
para
a
indispensável
realização
deste
progresso.
Freud,
S.
(1997)
O
Futuro
de
Uma
Ilusão.
Lisboa:
Diversos.
Interpretação__________________