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INTRODUÇÃO

FILIPENSES
Autoria
Esta é uma das cartas mais pessoais de Paulo destinada à liderança de uma igreja. Desde os
primórdios do cristianismo, essa carta faz parte do cânon neotestamentário, e desde os antigos
eruditos até os teólogos da atualidade, há firme consenso sobre sua autoria paulina (1.1).
Afinal, além de todos os fortes indícios internos de autenticidade, Paulo fundou a igreja de Filipos
em sua segunda grande viagem missionária, sendo esta a primeira igreja a ser estabelecida por ele
na Europa (At 16). Filipos era uma cidade pequena, fundada pelo rei Filipe da Macedônia, pai do
famoso Alexandre, o Grande.
Paulo desenvolveu um profundo amor paternal pelos irmãos da Igreja em Filipos, e sempre lhes
confidenciava intimidades, desafios e projetos. Mesmo depois de haver cooperado financeiramente
com Paulo por duas vezes antes de esta carta ser escrita (4.6), assim que a liderança da igreja tomou
conhecimento de que o apóstolo fora aprisionado em Roma, decidiu enviar uma terceira e generosa
oferta pelas mãos de um de seus santos líderes, Epafrodito (2.27).

Propósitos
Ainda que o principal objetivo de Paulo, nesta carta, seja agradecer de maneira entusiástica e
formal a generosidade e amabilidade dos irmãos de Filipos, por mais uma vez haverem tirado de
si para cooperar com as necessidades pessoais e ministeriais de Paulo em Roma (1.5; 4.10-19), o
apóstolo aproveita a oportunidade para cumprir algumas outras funções importantes: a) fazer um
relato geral das suas circunstâncias (1.12-26; 4.10-19). b) encorajar a Igreja em Filipos e outras que
viriam a ler esse depoimento a se manterem firmes e inabaláveis, mesmo diante das mais severas
perseguições. Paulo os exorta a se regozijarem nos sofrimentos por amor e fé em Cristo (1.27-30;
4.4). c) estimulá-los a desenvolver relacionamentos fraternais sérios e permanentes a partir de
um caráter humilde, dispostos a estabelecer um indestrutível senso de unidade (2.1-11; 4.2-5). d)
formalizar a recomendação ministerial dos jovens servos Timóteo e Epafrodito à Igreja em Filipos,
(2.19-30). e) advertir os filipenses e demais igrejas contra os judaizantes (legalistas), antinomistas
(libertinos) e místicos (defensores de uma espécie de espiritismo judaico), que tentavam se infiltrar
entre os irmãos para corromper a sã doutrina cristã.

Data da primeira publicação


O contexto histórico revela qque esta carta de Paulo foi escrita qquando o apóstolo
p estava ppreso.
Alguns eruditos acreditam que esse encarceramento ocorreu em Éfeso, outros afirmam que aconte-
ceu em Cesaréia. Contudo, as análises e estudos mais aceitos dão conta de que Paulo estava preso
em Roma, por volta do ano 61 d.C., quando escreveu e enviou esta carta à comunidade cristã dos
filipenses. Essa interpretação histórica corresponde ao tempo de prisão domiciliar vivido pelo após-
tolo, que fora registrado em At 28.14-31. Portanto, quando Paulo escreve aos filipenses não estava
numa masmorra ou calabouço, como ocorreu em Mamertima – onde ficou detido quando escreveu
sua segunda carta a Timóteo – mas numa casa alugada, sob a diuturna vigia de uma guarda especial
de oficiais romanos (1.13).

Esboço geral de Filipenses


1. Saudação e ação de graças, e orações pelos amados filipenses (1.3-11)
2. A maior razão de Paulo para continuar vivo é Cristo (1.12 – 4.1)
A. Essa é a motivação para pregar sempre e a todos (1.12,13)
B. Mesmo preso Paulo ensina e evangeliza em Roma (1.14)
C. A atitude de Paulo reflete o Espírito de Cristo (1.15-18)
D. Querer estar com Cristo, mas viver pelos irmãos (1.19-26)
E. Todo o sentido da vida reside em Jesus (1.27 – 2.30)

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F. Um estilo de vida de acordo com o Evangelho (1.27-30)
G. Agir como Jesus agiria em cada situação (2.1-18)
H. Timóteo e Epafrodito são exemplos de servos (2.19-30)
I. Não há nada qque se compare
p a conhecer a Cristo ((3.1-11)
J. É sempre preciso crescer e amadurecer mais (3.12-16)
K. Inimigos da Cruz x Amigos de Jesus (3.17 – 4.1)
3. Exortações finais (4.2-23)
A. Chamado à unidade cristã e à concórdia (4.2-9)
B. Testemunho final e ação de graças (4.10-20)
C. Saudação final e bênção apostólica (4.21-23)

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FILIPENSES
Prefácio e saudações que sinto de todos vós, com a terna mi-

1 Paulo e Timóteo, servos de Cristo,


a todos os santos em Cristo Jesus
que estão com os bispos e diáconos em
sericórdia de Cristo Jesus.
9 E suplico isto em oração: que o vosso
amor fraternal cresça cada vez mais no
Filipos:1 pleno conhecimento e em todo enten-
2 graça e paz a vós outros, da parte dimento,
de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus 10 a fim de que possais discernir o que
Cristo. é melhor, para que vos torneis puros e
irrepreensíveis até o dia de Cristo,
Ação de graças e súplicas 11 plenos do fruto de justiça, fruto este
3 Dou graças ao meu Deus todas as vezes que vem por meio de Jesus Cristo, para
que me recordo de vós. glória e louvor de Deus.3
4 Em todas as minhas súplicas em vosso
benefício, sempre oro com alegria, O sofrer e o avanço do Evangelho
5 em razão da vossa cooperação na causa 12 Desejo, portanto, irmãos, que saibais
do Evangelho, desde o primeiro dia até que tudo o que me aconteceu tem, ao
agora.2 contrário, servido para o progresso do
6 E estou plenamente convicto de que Evangelho,
aquele que iniciou boa obra em vós, há 13 de tal maneira a ficar evidente para
de concluí-la até o Dia de Cristo Jesus. toda a guarda do palácio e para todos
7 Ora, é justo que eu me sinta assim a os demais que é por causa de Cristo que
respeito de todos vós, pois estais em meu estou na prisão.4
coração, já que todos sois participantes 14 E os irmãos, em sua maioria, moti-
comigo da graça, tanto nas correntes que vados no Senhor por minhas algemas,
me prendem, quanto na defesa e na con- ousam pregar com mais coragem e de-
firmação do Evangelho. terminação
ç a Palavra de Deus.
8 Deus é minha testemunha, da saudade 15 É verdade, contudo, que alguns procla-

1 A primeira igreja cristã na Europa foi fundada na casa de Lídia, a partir de sua conversão, em Filipos, uma das principais
colônias do Império Romano (chamada em latim de Colonia Augusta Philippensis), localizada na principal estrada (via Egnácia)
que ligava as províncias orientais com a cidade de Roma. Na Igreja em Filipos, ministravam vários bispos (em grego episkopoi,
que significa “supervisores” ou “presbíteros” – At 20.17-28), entre eles Lucas, o autor de um dos evangelhos e do livro de Atos
dos Apóstolos (At 16.13-17; 20.6).
2 O grande júbilo do apóstolo do Senhor era constatar que as igrejas recebiam suas cartas e conselhos como Palavra de Deus
e se entregavam à prática do Evangelho (Rm 1.8; 1Co 1.4; Cl 1.3; 1Ts 1.2; 2Ts 1.3; 2Tm 1.3; Fm 4). Paulo era agradecido a Deus
pelo apoio permanente dos filipenses, desde seus primeiros discípulos (At 16.12) até agora, perto do final do seu primeiro perío-
do de prisão em Roma (2.24; At 28.16-31). A palavra original grega koinonia, normalmente associada a idéia de “comunhão” ou
“participação ativa no progresso de vida de alguém”, aqui tem o sentido de “cooperação generosa”. Paulo e a igreja dos filipenses
“compartilhavam” as bênçãos e os sofrimentos pela causa de Cristo.
3 O alvo dos cristãos é viver acima da mediocridade dos embaraços e da mistura com o mal, até a volta gloriosa de Cristo,
quando todo o processo de salvação (que inclui regeneração, santificação e glorificação) será concluído (v.10; 2.16; 1Co 1.8; 5.5;
2Co 1.14). É Deus quem toma a iniciativa da salvação, é Ele mesmo quem lhe dá continuidade e um dia a levará à consumação,
quando os cristãos haverão de prestar contas dos seus atos na Terra, antes de usufruírem todos os benefícios da glória eterna
com Cristo (2Co 5.10). Deus espera que os crentes demonstrem ao mundo uma vida verdadeiramente justa (Am 6.12; Mt 5.20-48;
Hb 12.11; Tg 3.18; Gl 5.22), fruto este, produzido por Jesus Cristo, mediante a obra diária do Espírito Santo (Jo 15.5; Ef 2.10), com
o objetivo maior de louvar e glorificar a Deus (Ef 1.6-14).
4 Paulo soube, pelo poder do Espírito Santo em sua vida, transformar uma situação – aparentemente vexatória, humilhante e
dolorosa – em grande testemunho e oportunidade para pregar o Evangelho aos soldados e oficiais da famosa guarda pretoriana
que, em Roma, somava mais de 9000 homens.

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5 FILIPENSES 1

mam a Cristo por inveja e rivalidade, po- 23 Sinto-me conclamado pelos dois la-
rém outros o fazem com boas intenções. dos: desejo partir e estar com Cristo, o
16 Estes o fazem por amor, conscientes que é infinitamente melhor;7
de que fui posto aqui para defesa do 24 mas, entendo que, por vossa causa, é
Evangelho; mais necessário que eu permaneça no
17 mas aqueles outros, anunciam Cristo corpo.
apenas por ambição egoísta, sem sinceri- 25 Portanto, imbuído dessa confiança,
dade, imaginando que podem aumentar creio que vou permanecer e continuar
o sofrimento ocasionado por essas mi- com todos vós, para o vosso progresso
nhas algemas. e alegria na fé,
18 Todavia, que importa? O importante é 26 a fim de que, pela minha presença,
que de qualquer forma, seja por motivos uma vez mais a vosso louvor e glória
escusos ou nobres, Cristo está sendo em Cristo Jesus transborde por minha
proclamado, e por isso me alegro. Em causa.
verdade, sempre me alegrarei!5
A unidade dos crentes em Cristo
A bênção de viver com Cristo 27 Portai-vos como cidadãos dignos
19 Pois estou certo de que o que se pas- do Evangelho de Cristo, para que des-
sou comigo resultará em libertação para sa forma, quer eu vá e vos veja, quer
mim, graças às vossas súplicas e pelo so- tão-somente ouça a vosso respeito em
corro do Espírito de Jesus Cristo. minha ausência, tenha eu conhecimen-
20 Aguardo com ansiedade e grande to de que permaneceis firmes num só
esperança, que em nada serei decepcio- espírito, combatendo unânimes em
nado; pelo contrário, com toda a intrepi- prol da fé evangélica,
dez, tanto agora como em todos os dias, 28 sem de maneira alguma vos deixardes
Cristo será engrandecido no meu corpo, constranger por aqueles que se opõem à
seja durante a vida, ou mesmo na hora vossa fé. Para eles, isso é sinal de perdição,
da morte.6 entretanto, para vós, de salvação, e isso
21 Porque para mim, o viver é Cristo e o vem da parte de Deus.
morrer é lucro! 29 Porquanto, por amor de Cristo vos
22 Caso continue vivendo no corpo, cer- foi concedida a graça de não somente
tamente apreciarei o fruto do meu labor. crer em Cristo, mas também de sofrer
Mas já não sei o que escolher. por Ele,8

5 Muitos mestres cristãos reconheciam os verdadeiros motivos das perseguições, açoites e prisões de Paulo e pregavam o
Evangelho ainda com mais amor, lealdade e bravura. Outros, porém, dando vazão à inveja que alimentavam contra o apóstolo,
usavam esses fatos de forma fraudulenta e maldosa, com o propósito de destruir a reputação de Paulo e fazer prevalecer seus
ensinos sobre Cristo, projetar suas próprias imagens e conquistar ambições meramente egoístas. Paulo usa a expressão grega
“aumentar o sofrimento”, que significa literalmente “fricção”, numa figura de linguagem sugerida pelo “atrito” das algemas em
suas mãos e pés. Contudo, o apóstolo do Senhor não se deixava deprimir, pois sabia que a Mensagem é sempre maior do que
o mensageiro. Alegria é a palavra-chave dessa carta de Paulo, aparecendo no texto (como sinônimos, verbos e substantivos)
mais de 15 vezes.
6 Paulo tem absoluta certeza da sua “salvação” (tradução literal da palavra “libertação”) eterna em Cristo (Rm 8.28; Jó 13.16,18)
e fé em seu livramento da prisão, por meio das orações dos filipenses e da vontade do Espírito Santo (v.25; 2.24).
7 A fonte de inspiração e alegria de viver de Paulo era a presença do Deus vivo em sua alma por intermédio do Espírito Santo
de Cristo. Todos os cristãos sinceros gozam desse mesmo privilégio e, por isso, devem aprender a ouvir e a seguir os conselhos
do Espírito Santo, a fim de sentirem as mesmas alegrias e consolações de Paulo. As circunstâncias adversas e o sofrimento são
tentações para que desistamos do Evangelho, e, assim, deixemos de fazer o que sabemos que é correto. Entretanto, Paulo nos
ensina a perseverar pela fé e nos regozijarmos em Cristo, mantendo nosso testemunho durante todo o tempo em que estivermos
nessa Terra. Paulo afirma objetivamente, que ao fecharmos nossos olhos para esse mundo e abandonarmos esse corpo fraco e
mortal, estaremos na presença de Cristo para sempre (2Co 5.6-8).
8 A verdadeira vida cristã é constituída de fé, alegrias e sofrimentos; experiências oferecidas pelo Senhor aos seus filhos como
bênçãos, jamais com maldições ou castigos, pois fomos chamados não apenas para crer, mas para sermos co-participantes

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FILIPENSES 1, 2 6

30considerando que estais passando pela próprios interesses, mas igualmente pe-
mesma luta que me viram combater e los interesses dos outros.3
agora ouvis que ainda enfrento.
Cristo, sendo Deus, humilhou-se
O humilde e fraterno amor cristão 5 Tende em vós o mesmo sentimento que

2 Portanto, se por estarmos em Cristo,


temos algum poder, algum encoraja-
mento de amor, alguma comunhão no
houve também em Cristo Jesus,
6 o qual, tendo plenamente a natureza
de Deus, não reivindicou o ser igual a
Espírito, alguma profunda fraternidade Deus,4
e compaixão,1 7 mas, pelo contrário, esvaziou-se a si
2 completai a minha alegria, tendo o mesmo, assumindo plenamente a forma
mesmo modo de pensar, o mesmo amor, de servo e tornando-se semelhante aos
um só espírito e uma só atitude.2 seres humanos.5
3 Nada façais por rivalidade nem por 8 Assim, na forma de homem, humilhou-
vaidade; pelo contrário, cada um consi- se a si mesmo, entregando-se à obediên-
dere, com toda a humildade, as demais cia até a morte, e morte de cruz.6
pessoas superiores a si mesmo. 9 Por isso, Deus também o exaltou so-
4 Cada um zele, não apenas por seus bremaneira à mais elevada posição e lhe

dos sofrimentos que o próprio Cristo enfrentou e venceu (Mt 5.11,12; At 5.41; Tg 1.2; 1Pe 4.14). Os filipenses haviam visto o
testemunho de Paulo e Silas, em sua primeira viagem a Filipos, quando foram presos por causa da proclamação verdadeira do
Evangelho (At 16.19-40).
Capítulo 2
1 Segundo Paulo, ser salvo é estar com Cristo. É viver dia após dia em relacionamento íntimo (as entranhas eram consideradas
a sede das emoções, assim como o coração em nossos dias) com o Espírito de Cristo, nosso Salvador (o Messias). A partir
desse relacionamento, que amadurece e se aperfeiçoa constantemente, fluem todos os benefícios, aprendizados, experiências e
frutos próprios da salvação (3.8-10; Rm 8.1; 2Co 5.17; Gl 2.20). A igreja em Filipos, de uma forma geral, demonstrava muitos dos
aspectos da verdadeira vida cristã: encorajamento (exortação), comunhão (em grego koinonia, cujo sentido aqui tem a ver com
uma “participação ativa na vitória do irmão sobre as dificuldades da vida”), afeição, solidariedade, compaixão e fraternidade (2Co
13.14; Cl 3.12; Rm 5.8; 8.38,39; 1Jo 3.16; 4.9-16).
2 Paulo reforça a importância dos crentes em Cristo serem unidos em torno do mesmo propósito principal: proclamar o ver-
dadeiro Evangelho, o próprio Cristo. Não significa que todos os cristãos devam pensar igual sobre todos os assuntos, mas que
deve haver humildade para aceitar as diferenças em prol de uma vida fraternal, harmoniosa e de mútua cooperação em todos os
sentidos. Colocar em prática, nos relacionamentos, a “atitude” de Cristo (v.5; 4.2; Rm 12.16; 15.5; 2Co 13.11).
3 Os maiores inimigos da unidade cristã são: o egoísmo, a vaidade pessoal e o “complexo messiânico” (a falsa idéia de que
determinada pessoa foi chamada por Deus para resolver os problemas do mundo, e que todos lhe devem plena obediência;
qualquer oposição às suas determinações é considerada como ataque do Inimigo). Considerar os outros “superiores a si” não
significa desenvolver um sentimento de inferioridade, baixa auto-estima ou pieguice, mas, sim, – por amor cristão – considerar o
próximo digno de toda deferência e atendimento preferencial (Rm 12.10; 15.1; Gl 5.13; Ef 5.21; 1Pe 5.5).
4 Paulo traduz para o grego um antigo hino aramaico (vv.6-11), adaptando seus versos à teologia que está ensinando à Igreja:
Cristo é Deus; eles, juntamente com o Espírito Santo são a mesma pessoa com funções diferentes. O contraste entre o primeiro
homem (Adão) e o Segundo (Jesus) é evidenciado pelo apóstolo. Adão (como toda a sua descendência) sentiu o desejo de
ser “como Deus” (Gn 3.5) e cedeu à tentação (desobediência) de usurpar essa posição (que também é o objetivo de Satanás).
Em contraste, Jesus Cristo não se apegou egoisticamente aos seus atributos e privilégios divinos, mas aceitou com humilde
resignação a vontade do Pai, como única possibilidade da raça humana ser absolvida da condenação eterna, e entregou-se à
dor e ao vexame da morte de cruz.
5 Jesus é perfeitamente Deus e perfeitamente humano. Esse é um dos conceitos basilares do NT (especialmente da
teologia de Paulo) e da fé cristã. Jesus não perdeu ou renunciou aos seus atributos divinos, como a onisciência, onipotência
e onipresença. Porém, para que Ele pudesse nascer e viver na Terra como “verdadeiro homem”, voluntariamente, escolheu o
caminho da humilhação (ao contrário de Lúcifer e de Adão), e assumiu plenamente a natureza humana de “filho e servo de Deus”,
depositando toda a sua glória natural nas mãos de Deus Pai (Jo 1.14; 17.5-24; Lc 9.32; Rm 8.3; Hb 2.17).
6 A maneira como Jesus se humilhou, obedecendo como perfeito servo até o momento mais horrível da vida humana: a
morte, exemplifica a total dependência e reverência que um ser absolutamente livre pode ter em relação a Deus. Jesus foi
além, não apenas se entregando à morte, mas passando pelos sofrimentos físicos, emocionais e espirituais de ver sua criação
submetê-lo ao mais cruel e humilhante dos aniquilamentos: a morte de cruz, como um criminoso amaldiçoado (2Co 8.9; Hb
5.7,8; Gl 3.13; Hb 12.2).

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7 FILIPENSES 2

deu o Nome que está acima de qualquer 17 Contudo, ainda que a minha vida
outro nome; esteja sendo derramada como oferta
10 para que ao Nome de Jesus se dobre juntamente com o sacrifício e o serviço
todo joelho, dos que estão nos céus, na provenientes da vossa fé, alegro-me e me
terra e debaixo da terra, congratulo com todos vós.
11 e toda a língua confesse que Jesus Cris- 18 E, pelo mesmo motivo, alegrai-vos e
to é o Senhor, para a glória de Deus Pai.7 acompanhai-me neste júbilo!11

Os cristãos devem resplandecer Paulo envia homens de Deus


12 Sendo assim, meus amados, como sem- 19 Tenho esperança no Senhor Jesus de
pre obedecestes, não somente na minha que, em breve, vos poderei enviar Timó-
presença, porém muito mais agora na mi- teo, para que eu também me anime,
nha ausência, colocai em prática a vossa recebendo notícias vossas.
salvação com reverência e temor a Deus, 20 Pois não tenho ninguém que tenha esse
13 pois é Deus quem produz em vós tanto mesmo sentimento, que sinceramente
o querer como o realizar, de acordo com zele por vosso bem-estar.
sua boa vontade.8 21 Porquanto, todos procuram cuidar
14 Fazei tudo sem murmurações nem apenas de seus próprios interesses, e não
contendas; se dedicam ao que é de Cristo Jesus.
15 para que vos torneis puros e irrepreen- 22 Entretanto, sabeis vós que Timóteo foi
síveis, filhos de Deus inculpáveis, vi- aprovado porque serviu comigo na mi-
vendo em um mundo corrompido e nistração do Evangelho, como um filho
perverso, no qual resplandeceis como cooperando com seu pai.12
grandes astros no universo,9 23 Portanto, é ele quem espero vos en-
16 retendo firmemente a Palavra da vida, viar, tão logo tenha certeza sobre minha
para que, no dia de Cristo, eu tenha situação,
motivo de me gloriar no fato de que não 24 tendo fé no Senhor que, em breve,
foi inútil que corri e trabalhei.10 também eu poderei ir ter convosco.

7 A ressurreição e exaltação de Deus é a resposta do Pai à sua obediência filial; é o verdadeiro “amém” de Deus ao “está
consumado” do Filho. O Nome supremo é também o título: Senhor (em grego Kurios), termo usado na Septuaginta (a tradução
grega do AT) para traduzir o nome de Deus (em hebraico Yahweh – Jeová). Deus concedeu ao Filho, Jesus Cristo, o lugar
supremo de autoridade e majestade à mão direita do Pai (Mt 28.18; Jo 17.2; At 2.33; Is 52.23; Ef 1.21; Hb 1.4,5). Pela vontade
soberana de Deus todas as pessoas do mundo, um dia, dobrarão seus joelhos diante de Cristo, e o reconhecerão como Senhor,
quer voluntariamente (como crentes salvos), quer não (Rm 14.9).
8 A salvação é um processo no qual o primeiro milagre se dá com a regeneração imediata da nossa alma, no momento preciso
em que aceitamos o dom remidor de Cristo. A partir de então, começa o crescimento e a maturidade espiritual, um processo de
aprendizado e experiências vivas com o Espírito de Cristo; um pouco por dia, durante todos os dias da nossa vida na terra. Ao
fecharmos os olhos para este mundo, os abriremos para o tempo da glorificação que alcançará seu auge no glorioso retorno de
Jesus. Portanto, os cristãos devem viver na terra de acordo com a fé que abraçaram, e capacitados pelo Espírito Santo (Mt 24.13;
1Co 9.24-27; Hb 3.14; 6.9-11; 2Pe 1.5-8). O contexto indica que Paulo procura advertir a Igreja quanto ao problema dos desen-
tendimentos (“guerras entre os crentes”). Nesse sentido, a expressão “salvação” tem o sentido de “saúde espiritual da Igreja”. O
clima de harmonia, compreensão e colaboração é sempre resultado da obra de Deus nos corações quebrantados dos crentes.
9 Paulo usa uma figura de linguagem para mostrar o contraste que deve haver entre o brilho fulgurante do caráter e das atitudes
dos cristãos, que, mesmo em menor número, iluminam – como estrelas – o frio universo humano mergulhado nas trevas da
incredulidade (Dn 12.3 e Mt 5.14-16). A mesma distinção que houve entre o comportamento de Cristo e o mundo, quando Ele
andou pela terra (Jo 1.9; 8.12; Ef 5.8).
10 A frase “Palavra da vida” é uma expressão sinônima para o termo “Evangelho”, que os cristãos devem levar com honra,
firmeza e gratidão, como um atleta nos antigos jogos olímpicos da época de Paulo (1Ts 2.19; 1Co 9.24-27).
11 Paulo afirma que mesmo que viesse a ser morto no cárcere, seu sangue seria derramado como a oferta junto aos sacrifícios
(libação), acompanhando a dedicação espiritual dos cristãos da Igreja em Filipos, numa analogia aos sacrifícios diários do AT
(Êx 29.38-41; Nm 28.7).
12 Timóteo é um dos grandes testemunhos bíblicos do quanto, mesmo pessoas com pouca idade, mas humildes e consagra-
das ao Senhor, podem cooperar notavelmente com a expansão do Reino de Deus em todo o mundo. Paulo havia discipulado o
jovem Timóteo como um pai que educa seu filho amado (1 e 2Tm).

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FILIPENSES 2, 3 8

25 Mesmo assim, creio que será neces- cooperação que vós não pudestes me
sário enviar-vos de volta Epafrodito, conceder.13
meu querido irmão, auxiliador e com-
panheiro de lutas, mensageiro a quem Aceitar a Cristo é o maior ganho
enviastes para me ajudar nas minhas
necessidades.
26 Pois ele tem saudades de todos vós e
3 Concluindo, meus irmãos, quanto
ao mais, alegrai-vos no Senhor. Para
mim, não é incômodo escrever-vos outra
se sente angustiado por saberdes que ele vez sobre o mesmo assunto, e para vós é
havia adoecido. uma segurança a mais.
27 De fato, ele esteve gravemente en- 2 Tomai cuidado com os “cães”, cuidado
fermo, à beira da morte; mas Deus se com esses que praticam o mal, cuidado
compadeceu dele, e não apenas dele, mas com a falsa circuncisão!1
igualmente do meu coração, para que 3 Porquanto, nós é que somos a própria
eu não fosse afligido por tristeza sobre circuncisão, todos nós que adoramos
tristeza. pelo Espírito de Deus, que nos gloriamos
28 Por isso, o enviarei a vós com mais em Cristo Jesus e não depositamos
urgência, a fim de que possais vos alegrar confiança alguma na carne.2
ao vê-lo novamente, e, com isso eu sinta 4 Embora eu também tivesse razões para
menos tristeza. alimentar tal convicção, ora, se alguém
29 Recebei-o, portanto, no Senhor, com julga que tem motivos para confiar na
grande alegria, e sempre honrai pessoas carne, eu ainda mais:3
como ele; 5 circuncidado no oitavo dia de vida, fi-
30 porquanto, ele chegou às portas da lho da descendência de Israel, da tribo de
morte por amor à causa de Cristo, ar- Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à
riscando a própria vida para suprir a Lei, fui fariseu;4

13 Paulo usa uma figura de linguagem (literalmente em grego: “jogou com a vida”), retirada dos jogos entre soldados e gladia-
dores, nos quais alguns ofereciam voluntariamente a própria vida, para referir-se à atitude corajosa de Epafrodito em sua dispo-
sição para servir à Igreja de Cristo. Paulo também usa a expressão grega, muitas vezes traduzida como “apóstolo” (mensageiro,
missionário) ao mencionar a responsabilidade de Epafrodito como representante da Igreja em Filipos (2Co 8.23).
Capítulo 3
1 Paulo usa a expressão “cão” para demonstrar a irracionalidade e a ferocidade com que os falsos pregadores se opunham
ao verdadeiro Evangelho e a gravidade das heresias que ensinavam, cujos resultados podiam ser comparados ao ataque de um
“cão” devorador. Divulgavam uma doutrina semelhante àquela que Paulo combateu nas igrejas da Galácia. Esses falsos mestres
distorciam de tal maneira o significado do ritual da circuncisão, que Paulo o chama literalmente de “mutilação”, pois perdera seu
principal conceito espiritual e, nas mãos desses falsários, havia sido transformado apenas em um corte inútil no órgão genital
masculino (Gl 5.15; Gn 17.10; 21.4; Dt 10.16; Jr 4.4).
2 Por causa do sacrifício de Cristo, os cristãos – como o Povo da Aliança (a Igreja) - passaram a considerar a “circuncisão” (o
povo com a marca de propriedade de Deus), tendo, portanto, o direito de herdar as promessas do Senhor. A circuncisão deixou
de ser um ritual físico, obrigatório, e passou a ser um ato voluntário e espiritual, uma decisão de amor (Rm 2.24-29; Cl 2.11; Gl
6.16; 1Pe 2.9,10; Gl 5.2-6).
3 Embora o termo “carne”, na maioria das vezes em que aparece nas cartas de Paulo, tenha a ver com a “natureza humana
pecaminosa”, aqui se refere a qualquer valor humano, ganho por herança ou esforço, em que o homem não convertido deposita
sua fé ou confiança. Os nossos esforços morais, intelectuais ou religiosos são frágeis, como a própria natureza humana,
não podem, portanto, nos salvar nem mesmo nos aperfeiçoar. Os vv.4-14 apresentam uma das seções autobiográficas mais
importantes das cartas de Paulo (Gl 1.13-24; 1Tm 1.12-16; At 22.1-21; 26.1-23).
4 A fé pré-cristã de Paulo estava depositada na sua linhagem, puramente judaica, e no seu zelo quanto à obediência da Lei
e suas normas e detalhamentos farisaicos. A expressão literal “hebreu de hebreus” quer dizer “um filho judeu, nascido de pais
judeus”. Paulo enfatiza que não era prosélito (gentio que se converte ao judaísmo), mas nascido judeu, circuncidado ainda
bebê, na mais tradicional das tribos judaicas: Benjamim, em cujas fronteiras ficava a Cidade Santa, Jerusalém. Portanto, era um
verdadeiro e digno hebreu, no sangue, no idioma, na cultura e no estilo de vida (Gn 17.12; At 22.2,3; 23.6; 26.5; Gl 1.14). Perante
as exigências da religião judaica, Paulo era irrepreensível (v.6). Entretanto, diante do Espírito de Cristo, e em seu coração, ele se
reconheceu pecador (Rm 3.20; 7.7-25).

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9 FILIPENSES 3

6 quanto ao zelo, persegui a Igreja; quan- isso, ou seja perfeito; entretanto, vou
to à justiça que há na Lei, irrepreensível. caminhando, buscando alcançar aquilo
7 Todavia, o que para mim era lucro, pas- para que também fui alcançado por
sei a considerar como prejuízo por causa Cristo Jesus.
de Cristo.5 13 Irmãos, não penso que eu mesmo já o
8 Mais do que isso, compreendo que tenha conquistado; mas tomo a seguinte
tudo é uma completa perda, quando atitude: esquecendo-me das coisas que
comparado à superioridade do valor do para trás ficam e avançando para as que
conhecimento de Cristo Jesus, meu Se- estão adiante de mim,
nhor, por quem decidi perder todos esses 14 apresso-me em direção ao alvo, a fim
valores, os quais considero como esterco, de ganhar o prêmio da convocação celes-
a fim de ganhar Cristo, tial de Deus em Cristo Jesus.7
9 e ser encontrado nele, não tendo por 15 Por isso, todos nós que alcançamos a
minha a justiça que procede da Lei, mas maturidade espiritual, devemos pensar
sim a que é outorgada por Deus median- dessa mesma maneira; porém, se em al-
te a fé, gum aspecto pensais de forma diferente,
10 para conhecer Cristo, e o poder da sua também quanto a isso Deus vos escla-
ressurreição, e a participação nos seus recerá.8
sofrimentos, identificando-me com Ele 16 Contudo, caminhemos na medida da
na sua morte, perfeição que já atingimos.9
11 com o propósito de, seja como for a 17 Caros irmãos, sede meus imitadores
ressurreição dentre os mortos, nela estar e prestai atenção nos que caminham de
presente.6 acordo com o padrão de comportamen-
to que temos vivido.10
Correndo em direção ao alvo 18 Porquanto, como já vos adverti repe-
12 Não que eu já tenha alcançado tudo tidas vezes, e agora repito com lágrimas

5 O encontro de Cristo com Paulo, na estrada de Damasco, transformou seu conjunto de valores, sua visão de si mesmo e do
mundo. O auto-suficiente, arrogante e egocêntrico Saulo, foi convertido num servo, humilde, amoroso e cristocêntrico (At 9.3-16;
2Tm 2.15).
6 Paulo não está revelando qualquer dúvida sobre sua fé na ressurreição ou na vida eterna com Cristo após a morte do
corpo, mas, sim, reforçando sua intensa dedicação e expectativa. Não significa que ao crermos em Cristo, ainda tenhamos que
– obrigatoriamente – realizar boas obras e contar com um julgamento benevolente de Deus no último dia. Paulo está afirmando
que, seja qual for a forma em que se dê a ressurreição dos que dormem em Cristo, ele – certamente – estará lá, assim como todos
os cristãos sinceros (Dn 12.2; Jo 5.29; At 24.15; 1Co 15.23; 1Ts 4.16).
7 Paulo compreendia bem o quanto os gregos valorizavam a performance intelectual e física dos seres humanos. Os discursos,
as artes e os esportes revelavam – para os gregos – a própria divindade misturada à alma humana. O vencedor das corridas gre-
gas recebia uma grinalda de folhas em sinal de divindade e, muitas vezes, um alto valor em dinheiro. Paulo faz uma analogia com
o grande prêmio dos cristãos: a glória da salvação eterna, não conquistada por esforço ou capacidade, mas por meio da graça
de Deus através do sacrifício de Cristo (1Co 9.24-27; 1Tm 6.12; 2Tm 4.7,8; Mt 24.13; Hb 12.1). As maiores aspirações do apóstolo
Paulo não estavam nesta vida ou em qualquer valor da terra, mas no céu, porque é ali que Cristo está (Cl 3.1,2).
8 A expressão grega original teleioi, que significa “aperfeiçoado” ou “desenvolvido de acordo com um alto padrão”, aponta
para a maturidade daqueles que, com os olhos fixos em Cristo (nosso objetivo principal), esperam ouvir do Senhor: “muito bem”
(Mt 25.21). O cristão teleioii é o crente em Cristo que fez progresso razoável no crescimento e na maturidade espiritual (1Co 2.6;
3.1-3; Hb 5.14). Os cristãos não devem se entregar às discussões teológicas acirradas, especialmente sobre detalhes da fé, o
mais sábio é deixar que o Espírito Santo venha esclarecer todas as coisas a cada um.
9 Cada cristão deve viver segundo o que já aprendeu e experimentou do Senhor. Em um mundo onde a fome por informação
parece insaciável, essa exortação de Paulo é um alerta para que os crentes procurem fazer mais o que já sabem ser a vontade
de Deus do que se entregarem a uma busca insana por descobrir a vontade de Deus para cada detalhe, presente e futuro, de
suas vidas pessoais.
10 Esse é o princípio do discipulado cristão, em que Cristo é nosso mentor e exemplo maior, seguido por Paulo (os apóstolos)
e todos cuja vida espelhe a ação livre e saudável do Espírito Santo. O estilo de vida seguido pelos cristãos deve ser um exemplo
que valha a pena ser seguido pelo mundo. Esse é o mais eficaz método de evangelização em massa de todos os tempos: o
crescimento exponencial dos crentes a partir do discipulado bíblico, sincero e dedicado, um a um.

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FILIPENSES 3, 4 10

nos olhos, que há muitos que vivem como alegria e coroa, permanecei assim firmes
inimigos da cruz de Cristo. no Senhor, amados.1
19 O fim dessas pessoas é a perdição; o 2 Suplico a Evódia e a Síntique que resta-
deus deles é o estômago; e o orgulho que beleçam a boa convivência no Senhor.
eles ostentam fundamenta-se no que é 3 Sim, peço a ti, leal companheiro de
vergonhoso; eles se preocupam apenas jugo, que as ajudes, pois ministraram
com o que é terreno.11 comigo na causa do Evangelho, junta-
20 No entanto, a nossa cidadania é dos mente com Clemente e com meus outros
céus, de onde aguardamos com grande cooperadores, cujos nomes estão no
expectativa o Salvador, o Senhor Jesus livro da vida.2
Cristo, 4 Alegrai-vos sempre no Senhor; e nova-
21 que transformará nossos corpos hu- mente vos afirmo: Alegrai-vos!3
milhados, tornando-os semelhantes ao 5 Seja a vossa amabilidade conhecida
seu corpo glorioso, pelo poder que o por todas as pessoas. Breve voltará o
capacita a colocar tudo o que existe de- Senhor.4
baixo do seu pleno domínio.12 6 Não andeis ansiosos por motivo algum;
pelo contrário, sejam todas as vossas
Unidade e alegria em oração solicitações declaradas na presença de

4 Portanto, meus irmãos, a quem amo


e de quem tenho saudades, minha
Deus por meio de oração e súplicas com
ações de graça.5

11 Na época de Paulo já haviam os chamados “cristãos nominais”, pessoas que se dizem cristãs, mas suas práticas diárias
demonstram nitidamente o contrário. Paulo se refere a dois tipos bem definidos: os judaizantes (legalistas desprovidos de amor
cristão, mais apegados às leis do que ao Deus das leis – v.2) e os antinomistas (um outro extremo; libertinos, para os quais tudo
é permitido – v.19).
12 Cristo tem poder absoluto sobre o universo por toda a eternidade. Deus Pai lhe outorgou esse poder e o ressuscitou
glorificado mediante sua obediência até a morte, e morte de cruz (Mt 28.18; 1Co 15.27; Ef 1.20-22). Mediante o Espírito Santo,
ressuscitará também os nossos corpos mortais, sujeitos às fraquezas, à corrupção, à completa deterioração física e à eterna
separação de Deus (morte e inferno) por causa do pecado (Rm 8.10-23; 1Co 6.14; 15.42-53). O corpo ressurreto, espiritual
e glorioso, já recebido por Cristo, que é “a primícia”, de modo semelhante será presenteado aos cristãos sinceros na futura
“colheita” da ressurreição (1Co 15.20-49).
Capítulo 4
1 Paulo volta a usar a imagem da “grinalda de folhas”, com a qual os gregos costumavam galardoar o vencedor de uma prova
atlética. O apóstolo exalta sua alegria com o triunfo espiritual de seus discípulos em Filipos. Sua maior recompensa agora, e
especialmente, quando Cristo voltar (1Ts 2.19). Os crentes devem permanecer firmes na fé em meio às lutas enfrentadas por amor
ao verdadeiro Evangelho, pois essa dedicação e lealdade não ficarão sem grande recompensa em breve (1.27-30; 1Co 15.58).
2 O zelo de Paulo pela unidade e harmonia entre os irmãos, especialmente entre os líderes espirituais, é tão grande a ponto de
citar a discórdia entre Evódia e Síntique numa carta que seria lida em público e em várias igrejas. Paulo pede que um outro cristão
maduro, de sua confiança, ministre às irmãs em litígio como um pacificador, pois ele acredita na plena reconciliação das partes
em Cristo. Paulo considerava os homens e mulheres que Deus lhe confiava para discipular e cooperar como “companheiros de
jugo” (colegas de ministério), não como subordinados (2.25; Rm 16.3-21; Fm 24). Todos os cristãos sinceros e fiéis já estão com
seus nomes publicados no mais importante de todos os diplomas: o registro celestial dos eleitos do Senhor (Ap 3.5).
3 A alegria espiritual não é apenas um sentimento de prazer ou êxtase decorrente de certos momentos felizes da vida. É um
estado de espírito, permanentemente otimista, em relação ao amor e ação de Cristo em favor do cristão sincero, por meio do
Espírito Santo. O cristão não nega a dor, as fraquezas e o sofrimento, mas tem sua força e motivação alicerçadas na certeza da
provisão divina (Hb 3.17,18; Tg 1.2; 1Pe 4.13).
4 Os cristãos devem dispensar a mesma consideração que Jesus Cristo demonstrou (2Co 10.1) ao próximo, especialmente,
para com seus irmãos. Os líderes cristãos devem exercitar o princípio da amabilidade; para com todos e nas mais variadas situa-
ções, como um dos mais expressivos testemunhos do controle do Espírito Santo (1Tm 3.3; Tt 3.2). O próximo, iminente e mais
importante evento histórico do calendário profético de Deus é o glorioso retorno de Cristo. Considerando que, para Deus, mil anos
são como o dia que passou, é certo deduzir que o Senhor está às portas (Sl 90.4; 1Jo 2.18; Rm 13.11; Tg 5.8,9; Ap 22.7-20).
5 Quanto mais ansiosos e preocupados estamos, menos conseguimos orar adequadamente. Contudo, ao concentrarmos
toda a nossa fé na pessoa do Espírito Santo e ao começarmos a dialogar com Deus (não apenas falar ou rezar, mas ouvir a voz
do Senhor em nossa alma), passamos a ver a vida e seus problemas pela perspectiva de Cristo; reconhecemos que temos um
grande Deus e pequenos problemas, não o contrário como antes (1Pe 5.7; Mt 6.25-31; 2Co 11.28).

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11 FILIPENSES 4

7 E a paz de Deus, que ultrapassa todo tado, porquanto aprendi a viver satisfeito
entendimento, guardará o vosso cora- sob toda e qualquer circunstância.9
ção e os vossos pensamentos em Cristo 12 Sei bem o que é passar necessidade e
Jesus.6 sei o que é andar com fartura. Aprendi o
8 Concluindo, caros irmãos, absoluta- mistério de viver feliz em todo lugar e em
mente tudo o que for verdadeiro, tudo qualquer situação, esteja bem alimenta-
o que for honesto, tudo o que for justo, do, ou mesmo com fome, possuindo
tudo o que for puro, tudo o que for amá- fartura, ou passando privações.10
vel, tudo o que for de boa fama, se hou- 13 Tudo posso naquele que me fortale-
ver algo de excelente ou digno de louvor, ce.11
nisso pensai.7 14 Entretanto, fizestes bem em participar
9 Tudo o que aprendestes, recebestes, da minha aflição.12
ouvistes e vistes em mim, isso praticai; e 15 Sabeis, ó filipenses, que, durante os
o Deus de paz estará convosco. vossos primeiros dias no Evangelho,
quando parti da Macedônia, nenhuma
Paulo é grato à Igreja em Filipos igreja compartilhou comigo no que se
10 Alegro-me grandemente no Senhor, refere a dar e receber, exceto vós;
por terdes finalmente renovado o vosso 16 pois, enquanto eu ainda estava em
cuidado para comigo, sobre o qual, na Tessalônica, generosamente me enviastes
verdade, estáveis atentos, mas vos faltava ajuda, não somente uma vez, mas duas,
ocasião apropriada.8 quando tive necessidade.
11 Não vos declaro isso por estar necessi- 17 Não que eu esteja à procura de ofertas,

6 A “paz de Deus” não pode ser confundida com um simples estado de bem-estar emocional ou psicológico, pois é, na
verdade, uma profunda e indestrutível tranqüilidade de alma; fruto da plena confiança de que todos os nossos pecados foram
perdoados na cruz do Calvário, pelo sacrifício vicário de Cristo. Portanto, não temos que carregar qualquer peso de culpa (em
relação ao nosso passado, presente e futuro), embora Satanás e seus asseclas tentem, diariamente e de todas as maneiras,
nos fazer pensar o contrário. Se dermos ouvidos a essas falsas acusações, estaremos desmerecendo o sacrifício redentor do
Senhor (pois já fomos absolvidos), e nossa vida não estará sendo controlada pelo Espírito Santo. A tranqüilidade que vem do
Senhor é fruto da certeza absoluta de estarmos sob os seus cuidados paternos. A expressão “guardará vosso coração e vossos
pensamentos” remete a um conceito militar que retrata uma sentinela montando guarda. Jesus zela por nós diuturnamente, sem
se cansar ou distrair-se; nada que nos acontece pode surpreender a Deus. Seus cuidados estendem-se ao âmago do nosso ser
e às nossas intenções mais profundas. Por isso, podemos, com toda a tranqüilidade, descansar no amor e nas providências
poderosas do nosso Senhor (1Pe 1.5; Ef 3.18-20).
7 A expressão grega prosphile significa “agradável, amável ou belo”, e ocorre no NT apenas nessa carta de Paulo. Outro termo
grego raro é Arete que tem a idéia de “excelência ou virtude”. Buscar a “excelência” humana ou exercitar o divino que existe no ser
humano – a Imago Deii – era o ideal dos gregos estóicos. O cristão, entretanto, foi resgatado do pecado e da morte para proclamar
em seu viver diário as “virtudes” de Jesus Cristo (1Pe 2.9).
8 Paulo usa um termo emprestado da antiga horticultura judaica “renovado” que aparece na Septuaginta (a tradução grega do
AT), e cujo significado é: “florescer de novo” (Êx 17.24).
9 A expressão grega original autarkess ocorre somente aqui no NT, e significa, especialmente no pensamento estóico, “a
serenidade que brota da auto-suficiência”. Para Paulo, no entanto, Cristo é o segredo da “serenidade” (tranqüilidade) e do
perfeito contentamento (1.21; 4.13).
10 O sentido literal da palavra “fartura”, usada aqui por Paulo, é “transbordar”. Certamente, o apóstolo se recordava dos seus
dias de abastança, antes da sua conversão a Cristo. Por crer e pregar o Evangelho, teria perdido seus privilégios nas sinagogas
e sido deserdado pelos familiares.
11 Todo cristão sincero, em razão da sua união vital com Cristo, por meio do Espírito Santo, recebe um poder divino chamado
dunamis, que no original grego significa “força maravilhosa” ou “poder miraculoso”. Esse poder é confiado pelo Senhor aos seus
filhos em Cristo, com o objetivo de ajudá-los a superar todos os problemas e situações difíceis da caminhada cristã, segundo a
vontade de Deus. Algo como a garantia de Deus que o crente pode pagar o preço de andar retamente em um mundo distorcido
pelo pecado, sem temer qualquer prejuízo real no presente e, especialmente no futuro. A comunhão íntima e permanente com o
Espírito Santo, isto é, com o Cristo vivo, é o segredo de toda a força e contentamento do apóstolo Paulo (v.12; 2Co 12.9,10; Jo
15.5; Ef 3.16,17; Cl 1.11).
12 Quando um cristão ou a Igreja contribui com o sustento missionário, está participando ativamente das lutas e aflições de
irmãos que entregaram suas vidas para levar as boas novas do Evangelho àqueles que, como nós, não tinham qualquer espe-
rança (Hb 10.33).

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FILIPENSES 4 12

mas busco preferencialmente o bem que 20Ao nosso Deus e Pai seja a glória por
pode ser creditado à vossa conta.13 toda a eternidade. Amém!
18 Agora estou plenamente suprido, até
em excesso; tenho recursos em abundân- Saudações e bênção apostólica
cia, desde quando recebi de Epafrodito 21 Saudai a todos os santos em Cristo
os donativos que enviastes, como oferta Jesus. Os irmãos que estão comigo igual-
de aroma suave e como sacrifício aceitá- mente vos saúdam.
vel a Deus.14 22 Todos os santos vos cumprimentam,
19 Mas o meu Deus suprirá todas as especialmente os que estão no palácio
vossas necessidades, em conformidade de César.16
com as suas gloriosas riquezas em Cristo 23 A graça do Senhor Jesus Cristo esteja
Jesus.15 com o vosso espírito. Amém!17

13 Paulo usa uma linguagem própria da área econômica e de investimentos com o propósito de demonstrar claramente o
volume do lucro espiritual, que o generoso e contínuo aporte de capital realizado pelos filipenses na vida e missão do apóstolo,
está gerando (inclusive em crédito cumulativo), em suas próprias vidas e para todos quantos aceitarem a Palavra de Deus (2Co
8.1-5; At 17.1-9).
14 Paulo usa uma base veterotestamentária para mostrar que Deus se agrada da participação sacrificial dos crentes, na ado-
ração ao seu Nome, e em todo tipo de contribuição para o sustento missionário e manutenção administrativa do ministério do
Senhor na terra (Gn 8.21; Lv 7.12-15; Rm 12.1; Ef 5.2; Hb 13.15,16), por causa da obra de Cristo a nosso favor (1Pe 2.5) e da obra
de Deus que se realiza em nós pelo seu Espírito (Fp 2.13).
15 Alguns documentos paralelos informam que os filipenses contribuíram não apenas com uma parte do que lhes sobrava, mas
até ao nível de empobrecerem. Contudo, Paulo garantiu que essa generosidade dos irmãos de Filipos não passaria despercebida
aos olhos amorosos e poderosos do Senhor. Ao usar a palavra “suprirá”, Paulo lhe atribui o mesmo sentido da expressão grega
original usada no v.18, “abundância” (2Co 8.2).
16 Paulo não se refere aos familiares do imperador, mas, sim, a todos os militares, serviçais e escravos que, por meio do
testemunho do apóstolo, agora serviam ao Senhor Jesus. Entre os mais chegados cooperadores estava Timóteo (1.1,13,14,16).
177 Ao se referir ao “espírito”, Paulo não está limitando a ação do Espírito Santo apenas à alma dos crentes, mas a expressão no
original grego tem o sentido de “o ser inteiro da pessoa humana” (corpo, alma e espírito – 1Ts 5.23). Paulo invoca sobre os cristãos
uma bênção restauradora que pode ser percebida a partir do âmago do ser até a pele do corpo (Gl 6.18; 2Tm 4.22; Fm 25).

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