ESTUDAR NA FRANÇA
Possibilidades de formação médica na França
Na área de medicina, os titulares de um diploma de graduação podem realizar
formações de pós-graduação, estágios ou residência na França
ESPECIALIZAÇÃO PARCIAL
Postos de residentes estrangeiros ou de
“Faisant-Fonction-d’Interne” (FFI) e Certifi-
cado de Formação Especializada (AFS) ou de
Formação Especializada Avançada (AFSA)
Os Centros Hospitalares Universitários (CHU)
franceses têm postos de residente estrangeiro ou de
“Fazendo-Função-de-Interno ” para médicos estran-
1 a) Dê início aos procedimentos com bastante
geiros que desejem seguir na França uma formação
especializada. Esses postos são remunerados e os resi-
dentes/FFI participam, como os internos franceses, de
todas as atividades clínicas do serviço para onde
foram designados; devem inscrever-se em uma uni-
versidade para obtenção do AFS ou AFSA. Um médico
estrangeiro pode ocupar um posto de FFI por um
período de 1 a 4 semestres, dependendo de seu nível
de especialização no país de origem – nível esse que
condiciona sua inscrição para o AFS ou para o AFSA:
• os médicos que estão cursando uma especia-
lização em seu país inscrevem-se em AFS, cuja
formação prática na França é de 2 a 4 semestres;
• os médicos que já têm uma especialização
inscrevem-se em AFSA, cuja formação prática na
França é de 1 a 2 semestres.
O mais difícil é encontrar um posto de FFI, porque
em geral há mais candidatos do que vagas, princi-
palmente nos serviços de grande prestígio ou alta-
mente especializados. É preferível ir para a França no
final ou logo após o término da especialização no país
de origem: os chefes de serviço franceses preferem
médicos já formados, e para o candidato é mais
proveitoso fazer uma “superespecialização”, visto que
já terá aprendido em seu país o essencial da especia-
lização.
O AFS e o AFSA não dão direito ao diploma oficial
– diplôme d’Etat – de doutor em medicina e portanto
nem ao exercício da medicina na França.
Os documentos exigidos para a inscrição em AFS
ou AFSA são, em geral, uma fotocópia autenticada do
diploma de médico, uma carta de motivação, uma
carta do responsável pela formação do candidato em
seu país e um certificado de proficiência em francês
CAMPUS
F RANCE
campusfrance.org
10 de junho de 2008
(ver os documentos exigidos no site web de cada
faculdade de medicina). Como o FFI participa do fun- imprimir este artigo
cionamento do serviço a que está ligado, preci- enviar por e-mail
sa ter um bom nível de francês.
contato FF
Ver: • Quadro “Descrição dos estudos de medicina”;
• portaria referente aos AFS e AFSA.
Na prática:
Nota: As informações neste
antecedência. artigo são dadas apenas a
título indicativo e podem
b) Aprenda ou aperfeiçoe seu domínio do francês:
mudar; os textos publicados no
consulte a Embaixada da França ou a Aliança Francesa Diário Oficial francês e pelo
sobre o nível necessário para obter o certificado de Birô dos Concursos do
Ministério da Saúde são os
proficiência e os cursos disponíveis.
únicos que constituem
c) Procure um posto de FFI: escreva aos chefes do referência.
serviço para onde gostaria de ir uma carta de mo-
tivação, em francês e com CV, indagando se um posto 1 Na França, “internes” são
de FFI estará disponível na data desejada (os se- os médicos que estão fazendo
uma especialização.
mestres de formação começam em maio e novembro).
d) Escreva aos responsáveis pelos diplomas AFS e
AFSA das faculdades para onde gostaria de ir, soli-
citando uma inscrição. Os responsáveis pelos AFS e
AFSA também podem ajudá-lo a encontrar um posto
de FFI; portanto é aconselhável entrar em contato
com eles.
e) Consulte o consulado francês sobre as forma-
lidades de visto.
Certificado de Formação Especializada (AFS)
ou de Formação Especializada Avançada
(AFSA) sem posto remunerado
Os sites web das faculdades informam que um
candidato a um AFS ou AFSA pode receber proposta
de um posto não remunerado. Nesse caso, ele não é
FFI: trabalha no serviço como interno “supranumerá-
rio”. Desta forma, um candidato que não conseguir um
posto de FFI remunerado mas tiver uma bolsa de seu
país ou recursos pessoais também poderá ir formar-se
e trabalhar em um serviço francês. Entretanto, um
interno não remunerado pelo hospital é um obser-
vador e não está autorizado a realizar atos clínicos ou
cirúrgicos. As formalidades administrativas são as
mesmas.
SIGLAS
FFI: Faisant-Fonction-d’Interne
AFS: Attestation de Formation
Spécialisée
AFSA: Attestation de Formation
Spécialisée Approfondie
CHU: Centre Hospitalo-
Universitaire
DES: Diplôme d’Etudes
Spécialisées
DHOS: Direction de
l’Hospitalisation et de
l’Organisation des Soins
DESC: Diplôme d’Etudes
Spécialisées Complémentaires
DU: Diplôme Universitaire
DIU: Diplôme Inter-
Universitaire
Estudantes internacionais: cursar Medicina na França?
Os estudantes internacionais de graduação que desejam solicitar transferência dos estudos
Postos de residentes estrangeiros dos Hospitais
de Paris
Desde 1956 a Assistência Pública – Hospitais de
Paris (Assistance Publique – Hôpitaux de Paris) e o
colégio de médicos dos hospitais de Paris oferecem
bolsas “de excelência” para uma formação de um ano,
não renovável, em Paris, como residente estrangeiro
com uma inscrição em AFS ou AFSA (35 vagas em
2008). Os critérios são rigorosos: internos em final de
curso de especialização em seu país ou jovens
especialistas, de menos de 35 anos, com bom nível de
francês e que em seguida retornarão ao país de
origem para atuarem em hospitais universitários. O
candidato deve ter uma carta de um chefe de serviço
parisiense, aceitando-o e apoiando sua candidatura.
Os dossiês de inscrição devem ser enviados no
começo do ano, para início das funções no mês de
novembro seguinte. As informações referentes a cada
ano estão disponiveis em www.cmhp.asso.fr.
ESPECIALIZAÇÃO COMPLETA: INTERNATO
PARA ESTRANGEIROS
Preparação do Diploma de Estudos Especia-
lizados (DES, 4 ou 5 anos)
Os médicos de outros países podem ter acesso à
preparação do DES por meio do Concurso de Internato
para estrangeiros, aberto a doutores em medicina não
residentes da Comunidade Européia e organizado todo
ano pelo Ministério da Saúde francês. Anualmente é
estabelecido o número de vagas para cada disciplina:
especialidades clínicas, anestesia-reanimação, pedia-
tria, medicina do trabalho, saúde pública, especia-
lidades cirúrgicas, ginecologia obstétrica, ginecologia
clínica, biologia médica, psiquiatria. Os candidatos
informam na inscrição para o concurso a disciplina e a
especialidade em que estão concorrendo. O concurso
compreende uma primeira prova de admissibilidade,
que pode ser prestada na França ou nas embaixadas
francesas; os aprovados nessa etapa inicial passam
por uma segunda prova de admissão, essa na França.
Durante os anos de internato, os estrangeiros
cumprem funções hospitalares em tempo integral, do
mesmo modo que os internos franceses, e recebem
um salário do Centro Hospitalar Universitário onde
exercem (em 2007, cerca de 1.400 euros no primeiro
ano). Também têm de inscrever-se em uma univer-
sidade. Em 2007 havia 36 postos em concurso.
Aos internos estrangeiros não é outorgado o
diploma oficial de doutor em medicina; portanto, eles
não podem exercer a medicina na França após a
obtenção do DES.
Ver:
• Quadro “descrição dos estudos médicos”;
• lista e regulamento dos DES; portaria de 19 de julho
de 2001 sobre a organização do concurso de internato
para estrangeiros, principalmente condições de inscrição,
modalidades do concurso, programa (verificar a cada ano);
• portaria estabelecendo as condições de acesso às
formações especializadas do 3.º ciclo dos estudos de
medicina para médicos estrangeiros;
• portaria sobre abertura do concurso de internato para
estrangeiros para o ano universitário 2007-2008.
Na prática: Veja, para o ano em questão (geral-
mente em abril), a publicação da portaria referente a
abertura do concurso e inscrição, no site do Ministério

iniciados para a França, independentemente de estarem no primeiro ou no último ano, da Saúde www.sante.gouv.fr , em “concours” e
“DHOS” (direção da hospitalização e da organização
deverão obrigatoriamente ingressar no 1.° ano do PCEM. Não há nenhuma possibilidade
do atendimento médico). Atualmente as provas têm
de integrar um curso de medicina já em andamento. Como explicado neste artigo, ao final
lugar em setembro e dezembro, para início das
desse ano o estudante deverá passar por um concurso. Caso seja aprovado, poderá, então,
funções em maio do ano seguinte. Consulte também
solicitar uma análise das matérias já cursadas em seu país de origem para tentar obter na
www.cnci.univ-paris5.fr.
França o nível equivalente.
Por ser uma área regulamentada, a medicina na França e no Brasil apresenta diminutas Preparação do Diploma de Estudos Especiali-
possibilidades de exercício da profissão com um diploma estrangeiro. Na França, nenhum zados Complementares (DESC, 1 a 2 anos)
dos diplomas mencionados assegura a um estrangeiro o direito automático ao exercício da Durante e após a preparação do DES, os internos
profissão. O estudante brasileiro que queira realizar uma formação francesa na área médica estrangeiros podem complementar sua especialização
deve portanto optar por uma pós-graduação, um estágio ou uma residência na França. com um DESC, cuja parte prática se desenvolve
Os titulares de um diploma de graduação poderão realizar formações de pós graduação, parcialmente ao mesmo tempo que a formação para o
estágios ou residência na França. DES.

Fonte: CampusFrance Brasil Ver: lista e o regulamento dos DESC.

 Regulamentados conjuntamente pelos Ministérios da Saúde e da Educação,
os estudos de medicina na França estão organizados em três ciclos,
que levam à obtenção do Diploma Nacional de Doutor em Medicina
OUTROS DIPLOMAS
Os médicos em formação também podem preparar
um Diploma Universitário (DU) ou um Diploma
Interuniversitário (DIU), cuja lista está disponível em
cada faculdade.
OUTROS ESTÁGIOS, COM FINANCIAMENTOS
DIVERSOS
É possível fazer estágios diversos, como obser-
vador, para aprender uma técnica ou uma prática
específica. Nesse caso, teoricamente o estagiário não
tem autorização para atividades clínicas. Não existe
um mecanismo bem definido; em geral a solicitação é
feita diretamente aos chefes de serviço dos hospitais
ou às instituições. É útil e mesmo necessário contatar
o departamento de assuntos internacionais do hospital
ou da instituição para tomar conhecimento das
formalidades a serem cumpridas com relação a
O primeiro ciclo (PCEM), comum às áreas de medicina,
odontologia, obstetrícia e fisioterapia, tem a duração de
dois anos. Ao término do primeiro ano, há uma prova muito
seletiva cujo índice de aprovação é de aproximadamente
20%. Cada escola recebe no máximo 8% de estudantes
internacionais de países não pertencentes à União Européia.
O segundo ciclo dura quatro anos e dá direito ao
Certificado de Síntese Clínica e Terapêutica. Para ter acesso
ao ciclo seguinte o estudante deve ser aprovado com boas
notas nas provas de ensino teórico, validar todos os estágios
hospitalares (36 meses em diferentes especialidades), rea-
lizar 36 plantões em 3 anos e participar dos seminários
obrigatórios.
O êxito no “Exame Nacional Classificatório” (ex-concurso
de internato-residência) permite o acesso à formação em
medicina geral ou a uma entre 10 especialidades, no
chamado terceiro ciclo. O internato em medicina geral
corresponde a um ciclo de três anos e o internato nas
especialidades varia de 4 a 5 anos. A escolha da
especialidade é condicionada à classificação no ENC.
O terceiro ciclo leva ao Diploma de Estudos Especializados
(DES). Alguns DES possibilitam formações especializadas
complementares, tais como o Diploma de Estudos
Especializados Complementar (DESC), efetuado em dois
anos, ou a Capacidade em Medicina (CAPME), no caso
dos médicos generalistas.
Após a obtenção de um DES e a defesa de uma tese, os
internos em Medicina obtêm o Diploma Nacional de
Doutor em Medicina.
Fonte: CampusFrance Brasil
acordos de estágio, cobertura social, vistos etc.
Também é preciso contatar o consulado francês para
as formalidades legais.
ESTÁGIOS PARA ESTUDANTES DE MEDICINA
As faculdades de medicina francesas às vezes se
propõem a receber estudantes de medicina para
períodos curtos, em geral inferiores a 3 meses. Os
estudantes participam das atividades do serviço
hospitalar para o qual são designados, como seus
colegas franceses. Às vezes também existem acordos
entre faculdades francesas e latino-americanas para
intercâmbio de estudantes. Informar-se diretamente
junto às faculdades dos dois países.
Annick Manuel, assistente técnica, especialista
Veja também informações sobre
e consultora em saúde e pesquisa médica junto à bolsas na área médica em:
Delegação Regional de Cooperação França Brasil www.france-conesud.cl/html/
Cone Sul, annick.manuel@diplomatie.gouv.fr drc_sant.htm#formation
anterior próximo