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TRANSIÇÕES EM CANAIS [1]

1. Introdução
As transições constituem dispositivos hidráulicos freqüentemente presentes em canais artificiais
com diversos objetivos práticos. Uma transição pode ser definida como uma mudança de direção,
de declividade ou de geometria da seção transversal de um canal, de forma a produzir mudanças no
estado do escoamento. Praticamente todas as transições de interesse da engenharia são estruturas
localizadas e comparativamente curtas, embora possam afetar o escoamento por grandes distâncias
a montante e/ou a jusante. Se uma transição vertical e/ou horizontal for brusca, o escoamento pode
ser rapidamente variado e ondas oblíquas podem ocorrer.
A maioria das transições introduz alterações permanentes no escoamento, mas algumas produzem
apenas modificações transitórias e o escoamento eventualmente retorna ao seu estado original.
Deve-se notar que apreciáveis mudanças na profundidade do escoamento geralmente ocorrem em
todos os tipos de transição.
No tratamento de transições, assim como nos demais tópicos relativos aos escoamentos livres, a
distinção entre os regimes fluvial e torrencial de escoamento é de primordial importância. O projeto
e a performance de transições são criticamente dependentes do regime de escoamento que se
processa no canal.
Dois tipos bastante comuns de transição são o estreitamento e o alargamento de canais. Estas
transições horizontais serão discutidas mais detalhadamente nos itens seguintes.

2. Caracterização Teórica do Escoamento em Transições Horizontais


No caso de transições horizontais a cota de fundo do canal mantém-se constante, enquanto sua
largura é variável. Um tratamento elementar das transições horizontais, assumindo a ausência de
perda de energia, indica que se o escoamento é fluvial, a profundidade de escoamento decresce com
o estreitamento e cresce com o alargamento da seção transversal do canal. No entanto, se o
escoamento é torrencial, a profundidade de escoamento cresce com o estreitamento e decresce com
o alargamento da seção transversal do canal. Este comportamento pode ser observado na Figura 1.

Figura 1 – Transições horizontais

[1] Autores:

Fernando Alves Lima (mestrando do Programa de Pós-graduação em SMARH)


Lucas Samuel S. Brasil (mestrando do Programa de Pós-graduação em SMARH)
Márcia Maria Lara Pinto Coelho (professora do Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos)

1
(Fonte: Baptista e Coelho, 2002)
Entretanto, é um fato que todo escoamento sempre perde energia ao passar por uma transição. Esta
perda pode ser expressa como a diferença de energia a montante e a jusante da transição:
U 2m U 2j
∆E = y m + − yj −
2g 2g

Assim, uma caracterização mais realista do escoamento em transições pode ser feita através de uma
abordagem empírica, de forma a considerar o efeito de perda de energia e outros fatores
complicadores, como, por exemplo, a formação e a propagação de ondas e a ocorrência de ressalto
hidráulico.

3. Escoamento Fluvial em Transições Horizontais


Diversos experimentos foram realizados por Formica (1955) com o intuito de caracterizar o
comportamento de um escoamento fluvial ao passar por transições horizontais bruscas. Nestes
experimentos, foram analisados estreitamentos e alargamentos da seção transversal do canal, para
diferentes formas geométricas de variação da largura, como mostra a Figura 2.

Figura 2 – Diferentes tipos de transições horizontais bruscas analisadas por Formica (1955)
Fonte: Chow (1959)

No escoamento fluvial em transições horizontais, a linha d’água se comporta de maneira semelhante


àquela descrita na abordagem teórica. No entanto, a consideração da perda de energia do
escoamento ao passar pela transição pode ser feita através das seguintes relações:
U 2j
ƒ Estreitamento brusco: ∆E = K
2g

2
(U m − U j ) 2
ƒ Alargamento brusco: ∆E = ε
2g

Em que K e ε são coeficientes, Um e Uj são, respectivamente, as velocidades médias a montante e a


jusante da transição e E é a perda de energia.
Segundo Formica (1955), os valores do coeficiente ε para expansões bruscas são definidos pela
tabela a seguir de acordo com os tipos de transições mostrados na Figura 2:

Tipos de Transições 1 2 3 4 5 6 7 8
ε 0,82 0,87 0,68 0,41 0,27 0,29 0,45 0,44

Para contrações bruscas, o coeficiente K apresenta uma ampla faixa de valores, geralmente
proporcional ao aumento da vazão. Entretanto, o valor médio de K para a transição I é 0,10 e para
as transições II até IV é 0,06.
Segundo o U.S. Army Corps of Engineers (1998), as perdas de carga nas transições ∆E podem ser
avaliadas pela expressão:
2
α m U 2m α j U j
∆E = C −
2g 2g

em que C é um coeficiente de perda de carga, U a velocidade média na seção, α coeficiente de


Coriollis e os índices m e j relacionados às seções de montante e jusante da transição. A
representação de valor absoluto indica que esta expressão pode ser utilizada tanto para contrações
como para expansões. Alguns valores típicos do coeficiente C para transições em regime fluvial são
apresentados na tabela a seguir:

Geometria da transição Coeficiente de contração Coeficiente de expansão


Sem perda de carga 0,0 0,0
Gradual 0,1 0,3
Típicas, junto a pontes 0,3 0,5
Abruptas 0,6 0,8

4. Escoamento Torrencial em Transições Horizontais


Cuidados especiais devem ser tomados no tratamento de transições supercríticas tendo em vista a
possibilidade de ocorrência de ressalto hidráulico e de ondas oblíquas, que podem acarretar
profundidades de escoamento significativas. Indicações práticas mais detalhadas para o cálculo de
transições horizontais supercríticas serão apresentadas nos itens seguintes.

4.1. Estreitamento do canal


Quando um escoamento torrencial passar por uma contração de paredes simétricas, ondas oblíquas
serão formadas, como mostrado nas figuras 3 e 4. Estas ondas serão também simétricas em relação
à linha central do canal.

3
Figura 3 – Ondas oblíquas formadas em um estreitamento brusco (Fonte: Chow, 1959)

Fr 2
Fr 1
Fr 3

Fr 2
Fr 1 Fr 3

β2

y2 y3
y1

Figura 4 – Esquema geral das ondas oblíquas formadas no canal (Adaptado: Chow, 1959)

Através de investigação experimental e analítica, Ippen e Dawson (1951) concluíram que


estreitamentos lineares são sempre melhores que estreitamentos curvilíneos. Quando um
escoamento torrencial passar por um estreitamento linear, ondas oblíquas simétricas serão formadas
nos pontos A e A’ (veja Figura 4-a). Estas ondas serão propagadas segundo a direção definida pelo
ângulo β1, encontrando-se no ponto B, ao longo da linha central do canal. Finalmente, após esta
interferência, as ondas atingirão as paredes opostas àquelas em que foram formadas, nos pontos C e
C’. Nas regiões ABC e A’BC’, o escoamento é caracterizado pelo número de Froude Fr2. Deve-se
notar também que no final da contração distúrbios negativos serão formados nos pontos D e D’.

4
Em contrações bem executadas é possível minimizar a propagação de ondas oblíquas e distúrbios
negativos para jusante. Isto pode ser feito direcionando-se as ondas oblíquas para os pontos D e
D’ao invés dos pontos C e C’. Assim, teoricamente, cancelam-se os distúrbios negativos e o
escoamento a jusante da transição se processa sem perturbações (ver Figura 4-b). Essa condição
pode ser atendida se a geometria for projetada com um ângulo θ que atenda a equação mostrada a
seguir:

b1 − b 2 b1 b2
= +
tan θ tan β1 tan(β 2 − θ)

Como os ângulos de deflexões das ondas β1 e β2 dependem também do ângulo θ, a metodologia de


cálculo consiste em se adotar um valor preliminar para θ e com isso calcular β1 e β2, por meio da
equação (12), apresentada no capítulo anterior (Canais Curvos). A marcha de cálculo com outro
valor de θ é repetida até que a equação acima seja atendida.

Em geral, valores elevados de Fr1 e valores pequenos de y3/y1 conduzirão a contrações longas. Para
reduzir o comprimento das contrações, recomenda-se que o valor adimensional y3/y1 esteja entre 2 e
3, e que Fr3 fique bem acima do valor crítico.

4.2. Alargamento do canal


Alargamentos de canais em regime torrencial ocorrem freqüentemente em situações onde o
escoamento emerge com altas velocidades de condutos forçados, comportas, rápidos de vertedores,
etc. Em geral, quando o alargamento ocorre bruscamente, o escoamento não é capaz de acompanhar
a divergência. Estudos de Hom-ma e Shima indicam que a separação entre o escoamento e as
paredes do canal pode realmente ocorrer, como mostra a Figura 5.

Figura 5 – Separação do escoamento torrencial em um alargamento brusco de canal


(Adaptado: Chow, 1959)

A superfície de separação mostrada na Figura 5 age como se fosse uma superfície sólida. Como
conseqüência, o escoamento se comporta de maneira similar ao escoamento torrencial em canais
com estreitamento da seção transversal.
Sendo assim, a geometria da expansão deve ser determinada de maneira a minimizar a formação e a
propagação de distúrbios excessivos, tais como ondas oblíquas, para jusante. Caso a geometria da
expansão não seja adequada, esses distúrbios podem ser de grande magnitude, de forma que as
paredes do canal na transição ou a jusante dela podem não mais ser capaz de confinar o escoamento.

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Para se estudar a geometria das expansões supercríticas em canais, normalmente se utiliza dados
das investigações práticas. O problema pode também ser tratado de forma analítica, utilizando o
método das características, entretanto, esta abordagem apresenta considerações simplificadoras, que
conduzem a resultados aproximados.
Rouse, Bhoota e Hsu (1951) empregaram estas duas abordagens para caracterizar a geometria de
expansões. Os experimentos realizados demonstraram que os alargamentos mais eficientes
apresentam variação da largura da seção transversal dada pela seguinte relação:
3/ 2
b 1 x  1
=   +
b1 2  b1 Fr1  2

Esta forma de alargamento prevê o confinamento de 90% do escoamento. Nota-se que o começo
desta expansão é suficientemente gradual para minimizar a ocorrência de distribuições não-
hidrostáticas de pressões. Assim, o aumento no ângulo das paredes laterais da expansão é suficiente
para eliminar a formação de ondas oblíquas. A condição representada pela equação anterior implica
numa divergência indefinida. Entretanto, para proposições práticas, em que a divergência é seguida
por trechos paralelos, a Figura 6 mostra a forma das curvas limítrofes para projeto de canal,
derivada do método das características.

a) Representação esquemática de um alargamento em canal

3/2
1 x 
Valores de b/b1

b 1
=   +
b 1 8  b 1 Fr1  2

Valores de x/b1 Fr1

b) Curvas de alargamento

Figura 6 – Curvas de alargamento para canais com escoamento torrencial (Rouse, Bhoota e Hsu)
(Fonte: Hwang,1984)
6
5. Calha Parshall
A Calha Parshall é um dispositivo hidráulico que combina transições horizontais e verticais, sendo
largamente empregado em todo o mundo não somente como medidor de descargas industriais e de
vazões de água e esgotos, mas também como efetivo misturador de soluções químicas nas estações
de tratamento de água.
A Calha Parshall possui um trecho convergente e uma garganta logo em seguida, com fundo em
declive. Sendo o escoamento fluvial a montante do Parshall, ocorre escoamento crítico na entrada
da garganta, seguido por um escoamento torrencial. Após esse trecho um ressalto hidráulico pode
ocorrer, dependendo das condições de jusante. Como o escoamento passa pela profundidade crítica,
a Calha Parshall pode ser utilizada para medir vazão; já o emprego do Parshall como misturador se
deve à divergência das linhas de fluxo e a turbulência causada pelos ressaltos hidráulicos, que
ajudam a distribuir o produto químico.
As dimensões das Calhas Parshall são determinadas de acordo com a faixa operacional de vazões e
são definidas com base em tabelas presentes na literatura ou catálogos fornecidos pelos fabricantes.
As figuras seguintes apresentam diversos modelos de Calhas Parshall e o exemplo de um catálogo
do fabricante.

garganta

Trecho divergente

Trecho convergente
local de medida

Figura 7 – Calha Parshall em PVC

Figura 8 – Calha Parshall em concreto Figura 9– Calha Parshall em concreto

7
Figura 10 – Catálogo do fabricante para dimensionamento da Calha Parshall

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6. Constrições
Constrição é uma obra hidráulica que reduz bruscamente a seção transversal de um canal. Os efeitos
causados por esta intervenção dependem principalmente da vazão, da geometria do canal e do
regime de escoamento.
O escoamento através de uma constrição pode ser fluvial ou torrencial. Quando o escoamento é
fluvial, a constrição irá induzir a formação de um remanso, que pode ter seu efeito pronunciado a
uma longa distância a montante (Figura 11– a, b), formando a curva M1. Já quando o escoamento é
torrencial, a constrição produzirá um distúrbio à jusante e não será sentido efeito a montante da
mesma (Figura 11– c). Caso haja, para o escoamento torrencial, efeito de represamento a montante
da constrição, irá se formar um ressalto hidráulico e logo em seguida uma curva S1 (Figura 11– d).

Figura 11– Constrição em canal com escoamento uniforme: (a,b) escoamento fluvial, (c,d) escoamento
torrencial (Adaptado: Chow, 1959)

Muitas investigações experimentais foram desenvolvidas sobre esse assunto, quase todas para
escoamento fluvial. Um dos melhores estudos foi desenvolvido pelo U.S. Geological Survey e a
partir deste estudo, foram gerados alguns modelos típicos de constrições (vide Figura 12) para os
quais é possível se determinar a vazão por meio das equações de energia e da continuidade,
utilizando os coeficientes próprios do tipo da geometria escolhida.

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Constrição – Tipo I

Constrição – Tipo II

Constrição – Tipo III

Constrição – Tipo IV

Figura 12– Constrições típicas desenvolvidas pelo USGS (1955)


(Fonte: Chow, 1959)

7. Bibliografia
1. BAPTISTA, M.B. e COELHO, M.M.L. P. Fundamentos de Engenharia Hidráulica. Escola de
Engenharia da UFMG, 2003.
2. CHADWICK, A. e MORFETT, J. Hydraulics in Civil and Environmental Engineering. E&FN
SPON, 1993.
3. CHOW, V.T. Open-Channel Hydraulics. McGRAW-HILL Book Company, 1959.
4. FRENCH, R. H. Open Channel Hydraulics. McGRAW-HILL International Editions, 1994.
5. HENDERSON, F. M. Open Channel Flow. MACMILLAN Series in Civil Engineering, 1966.
6. HWANG, N.H.C. Fundamentos de Sistemas de Engenharia Hidráulica. Editora Prentice-Hall do
Brasil Ltda, 1984.
7. SINNIGER, R. O., HAGER, W. H. Constructions Hydrauliques: Ecoulements stationnaires.
Traité de Génie Civil de l’École Polytechinique Fédérale de Lausanne, 1998. v. 15.

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