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Plano de Desenvolvimento
Sustentável do Norte
do Estado do Rio de Janeiro

Análise Situacional – 2ª Parte

Setembro 2010
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Coordenador geral | Eduardo Nery


Gestor | Ricardo Carvalho

Projeto:
Plano de Desenvolvimento
Sustentável do Norte e Noroeste do
Estado do Rio de Janeiro

Coordenadores dos Módulos

História e Etnografia | Elisiana Alves


Meio Ambiente Natural | Luciano Cota
Meio Ambiente Modificado | Milton Casério
Economia | Nildred Martins
Social | Karen Menezes e
Samantha Nery
Rede Social | Ênio Silva
Sistema Físico e
Infraestrutura | Milton Casério
Político Administrativo,
Municipal e Regional | Eduardo Nery
Sistema de Informação | Rosângela Milagres
Cartografia | Miguel Felippe

Coordenadoras de Módulo Avaliação Situacional


dos Mercados | Samantha Nery
Karen Menezes

Aquarelas | Elisiana Alves

Canavial (Campos dos Goytacazes I)


Barco na Praia (São João da Barra)
Capela (Campos dos Goytacazes II)
A Lagoa Feia (Campos dos Goytacazes - Quissamã)
Plataforma Iluminada (Macaé III)
Navio com Containers (Macaé I)
Lagoa de Iquipari (São João da Barra)
Jongo I (Quissamã)
Navio com Containers ( Macaé IV)
Plataforma (Macaé V)
Boi Pintadinho (Itaperuna)
APRESENTAÇÃO

Os vultosos investimentos que estão sendo e serão realizados na Região Norte Fluminense
associados à Bacia de Campos constituem um forte elemento indutor do seu desenvolvi-
mento, se adequadamente geridos segundo os preceitos da sustentabilidade econômica
social e ambiental. Neste sentido, a elaboração de um plano de desenvolvimento sustentá-
vel, de longo prazo, certamente trará, depois de concluído, um diferencial estratégico com-
petitivo para os gestores públicos, empreendedores privados e do terceiro setor e, igualmen-
te, para toda a sociedade que vive nessa Região e na Noroeste, sua vizinha integrada.

Assim, o projeto do Planejamento Estratégico do Norte e Noroeste Fluminense representa,


portanto, o refinamento de um olhar focalizado no desenvolvimento continuado, baseando-
se no fato de que a sua implementação, como resultado dos esforços dos diversos agentes
socioeconômicos regionais e do Estado do Rio de Janeiro, entre outros, representa um con-
junto de ações e programas coordenados, devidamente priorizados, comprometidos com a
criação e crescimento de um estado de bem estar para sua sociedade. O seu escopo princi-
pal abrange inclusive a identificação de outras potencialidades dessas Regiões, além das já
conhecidas, qual sejam o pólo petrolífero, o pólo de extração mineral e os tradicionais pólos
de agricultura. O desenvolvimento sustentável será produzido de forma conseqüente, sobre
o conhecimento e a exploração dos fatores diferenciais que caracterizam e que as suas lo-
calidades e populações podem promover.

A metodologia utilizada no projeto, conforme a especificação consistente de seu termo de


referência, foi testada e amadurecida, com sucesso, em outros estados da federação, e os
seus resultados responderão as seguintes indagações:

onde estamos em relação ao restante da sociedade? e, onde queremos chegar numa visão
de futuro, dos próximos 25 anos?

Como produto, ao final de sua realização, estará disponível uma carteira de projetos estrutu-
rantes e articulados de curto, médio e longo prazos, capazes de induzir e promover o pro-
cesso de desenvolvimento regional. Essa carteira será incorporada ao Sistema de informa-
ção de Gestão Estratégica do Estado do Rio de Janeiro, SIGE- RIO, onde tornar-se-á aces-
sível, via Internet, para os interessados em sua implementação,

Para sua viabilização, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão se articulou com a


Petrobras, por meio da unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Campos
(UM-BC), a qual vem desenvolvendo um conjunto de ações regionais relevantes através do
seu Programa de Desenvolvimento Social de Macaé e Região, PRODESMAR, especifica-
mente constituído com o objetivo de aprimorar o planejamento e as ações de desenvolvi-
mento, em bases sustentáveis, para as Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Ja-
neiro, afetadas direta e indiretamente pelas atividades do setor petrolífero. Desse entendi-
mento, como uma decisão de responsabilidade social da empresa, a Petrobrás assumiu a
responsabilidade pelo aporte financeiro para a execução desse projeto, cuja gestão está a
cargo da SEPLAG, Rio de Janeiro, em um prazo de dez meses, conclusão programada para
setembro de 2010, em quatro etapas, sequenciadas, que também produzirão resultados,
parciais, da maior significação, para os processos de tomada de decisão sobre o desenvol-
vimento do Norte e Noroeste Fluminense e os seus reflexos na economia do Estado do Rio
de Janeiro.

Francisco Antônio Caldas Andrade Pinto


Subsecretário Geral
Rio de Janeiro, março de 2010

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Governo do Estado do Rio de Janeiro

Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão - SEPLAG


Sérgio Ruy Barbosa Guerra Martins
Secretário de Estado

Subsecretário Geral de Planejamento e Gestão - SUBGEP


Francisco Antonio Caldas Andrade Pinto

Av. Erasmo Braga, 118 - Centro


20.020-000 - Rio de Janeiro/RJ
Brasil

Edição Final

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


EXPLICAÇÃO INICIAL

O Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro


foi desenvolvidoo em quatro etapas consecutivas, num total de dez meses.

A Etapa 1, denominada Análise Situacional, foi realizada em quatro meses e teve como pro-
dutos, os seguintes relatórios:

• Análise Situacional da Região Norte do Estado do Rio de Janeiro, Volume 1, em 2 to-


mos, o qual está estruturado em nove capítulos com os seguintes conteúdos história,
etnografia, meio ambiente natural, meio ambiente modificado, economia(1), sistema so-
cial(1), rede social, sistema físico e infraestrutura, sistema político-administrativo muni-
cipal e regional(1), nos quais os capítulos sinalizados com (1) são individualizados por
Região Norte ou Noroeste, os demais sendo comuns a ambas as Regiões;

• Análise Situacional da Região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, Volume 2, em 2


tomos, estruturado de maneira análoga ao anterior;

• Relatório Análise da Relação Situacional de Mercados que trata especificamente dos


da inclusão da população no sistema socioeconômico regional, tendo como temas cen-
trais a estrutura social, o trabalho, a renda e a democracia econômica, designado Vo-
lume 3; e

• Cenários Prospectivos, designado como Volume 4.

Os trabalhos, que se referem à situação existente anterior, estão referenciados a menos


quinze anos, ou seja, cobrem o período 1994 a 2009, exceção à história e cultura que re-
montam às origens do processo civilizatório regional, nos idos de 1532. As evoluções futu-
ras consideram o horizonte 2035, às vezes 2040, com períodos menores intermediários,
sempre que tal condição mostre significado e agregue valor.

Para a execução da Etapa 1, foram adotados diferentes modos de participação da socieda-


de fluminense e regional, dependendo do momento em que ocorreram, a saber:

Primeiro Momento

• levantamento e compilação de dados secundários de fontes oficiais ou reconhecidas;

• conjunto de entrevistas com formadores de opinião líderes empresariais, municipais e


associações de classe e população;

• visitas técnicas e levantamentos de campo nas regiões norte e noroeste fluminense


com a realização de um novo conjunto de entrevistas e conversas com representantes
da sociedade local e regional, incluindo prefeitos municipais.

Segundo Momento

• implantação da rede social regional e realização de oficinas de trabalho regulares em


Campos dos Goytacazes e Itaperuna com os participantes que se filiaram;

• os resultados escritos pelos grupos, nessas oficinas, foram considerados como contri-
buições passando a constar do conteúdo dos relatórios;

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Terceiro Momento

• distribuição de pesquisas sistemáticas, sob a forma de questionários, para resposta


por representantes das secretarias municipais das duas Regiões;

• nova interação direta para esclarecimento e complementação de informações para a


elaboração da análise situacional.

A Etapa 2, denominada Estratégia de Desenvolvimento Regional, produziu um único relató-


rio com o mesmo nome, possuindo um conjunto de Macroprogramas de Desenvolvimento –
com seus Objetivos, Metas, Programas, Empreendimentos ou Iniciativas correspondentes -,
associados a cada um dos assuntos que configuram as realidades regionais. A partir desta
plataforma foram constituídas a Visão, os Eixos de Desenvolvimento Estratégicos e os Pro-
gramas Estruturantes que geram, na Etapa 3, o Programa de Desenvolvimento Sustentável
do Norte e Noroeste Fluminense, entre outros produtos. Para a realização desta Etapa 2,
houve duas baterias de reuniões e oficinas e um questionário que apresentaram ampla pos-
sibilidade de participação para representantes regionais (e membros da Rede Social) e re-
presentantes do Governo Estadual e PETROBRÁS, tendo sido obtidas contribuições impor-
tantes que alimentaram o relatório correspondente.

A Etapa 3 compreende a Carteira de Projetos Iniciais correspondendo ao Programa de De-


senvolvimento Regional, um relatório reunindo tudo o que se identificou deve ser feito, já
classificado e priorizado tecnicamente pelos especialistas, assim como os relatórios do mo-
delo de Regulação e Regulamentação Institucional-Legal, os Modelos de Governança e
Gestão, “Funding” e a Metodologia de Acompanhamento e Desempenho a ser usada na
implementação. Para a sua realização, duas novas oficinas nas duas Regiões, produziram
idéias e propostas muito profícuas, que foram desenvolvidas e incorporadas aos conteúdos
dos relatórios mencionados.

Do Programa de Desenvolvimento Regional, citado, foram extraídos e especificados 52 Ma-


croprojetos que serão priorizados para execução gradual. Estes Macroprojetos constituem o
Relatório Carteira de Projetos, objeto da Etapa 4.

As operações da Rede Social, passarão a operar em um Portal específico, desenvolvido


especificamente para permitir o acompanhamento da implementação deste Plano de De-
senvolvimento Sustentável Norte-Noroeste, sob a supervisão da SEPLAG. A este Portal
está igualmente conectado o Sistema de Informação de Acompanhamento, SIGEP, estru-
turado com as bases de dados e informações usadas para o desenvolvimento deste Plano,
bem como o módulo instrumental de gerenciamento da Carteira de Projetos, nos moldes
especificados pela SEPLAG.

Finalmente, mas da maior importância, cumpre lembrar que os relatórios deste Plano rece-
beram, desde sua divulgação inicial, inúmeras sugestões, comentários e ajustes, que foram
devidamente considerados em uma revisão completa de todo o material produzido, que foi ,
por conseguinte, integralmente reeditado, nesta sua versão final.

Coordenação Geral
Setembro de 2010

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


SUMÁRIO

1ª Parte

1. História .............................................................................................................. 13

2. Etnografia .......................................................................................................... 65

3. Meio Ambiente Natural ...................................................................................... 353

4. Meio Ambiente Modificado ................................................................................ 439

2ª Parte

5. Economia ........................................................................................................... 595

6. Sistema Social ................................................................................................... 721

7. Rede Social ....................................................................................................... 869

8. Sistema Físico e Infraestrutura .......................................................................... 895

9. Sistema Político-administrativo Municipal e Regional ....................................... 997

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


“ ...as formas de comportamento emergente mostram a qualidade distintiva de fica-
rem mais inteligentes com o tempo e de reagirem às necessidades específicas e
mutantes de seu ambiente...”

in Emergência, 2001.
Steven Johnson

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


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Economia
Capítulo 5
Autora:
Nildred Stael Fernandes Martins

Colaboradores:
Arnaldo Clemente Vieira
Leandro Alves Silva
Maria Fernanda Souza Jácome
Renato Martins Passos Ferreira
Rogério Augusto Figueiredo Coutinho

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


SUMÁRIO

1. VISÃO GERAL: PRINCIPAIS DESAFIOS E POTENCIALIDADE ......................... 595

1.1 Formação Econômica e Padrão Geral de Reprodução ........................................ 595

1.2 Delimitação Geográfica e Inserção no Contexto Regional Brasileiro .................... 596

2. DINÂMICA ECONÔMICA REGIONAL ................................................................. 597

2.1 Desempenho Econômico das Mesorregiões Fluminenses ................................... 597

2.2 Dinâmica Econômica do Norte Fluminense.......................................................... 600

2.3 Classificação dos Municípios Segundo o Desempenho ....................................... 601

2.4 Fluxos Externos – Comércio Exterior ................................................................... 602

3. AGRICULTURA E AGRONEGÓCIO .................................................................... 604

3.1 Caracterização Geral ........................................................................................... 604

3.2 Estabelecimentos Agrícolas ................................................................................. 604

3.3 Agricultura Familiar .............................................................................................. 606

3.4 Produtores ........................................................................................................... 607

3.5 Pessoal Ocupado................................................................................................. 607

3.6 Uso da Terra e Cobertura Vegetal ....................................................................... 608

3.7 Lavoura Temporária............................................................................................. 610

3.7.1 A produção da Cana-de-açúcar no Norte Fluminense.......................................... 611

3.8 Lavoura Permanente............................................................................................ 615

3.9 Pecuária............................................................................................................... 616

3.10 Silvicultura............................................................................................................ 618

3.11 Financiamento da Produção, Assistência Técnica e Tecnologia .......................... 618

3.12 Agronegócio......................................................................................................... 620

3.13 Conclusão ............................................................................................................ 621

4. O MERCADO DE CRÉDITO DE CARBONO ....................................................... 621

4.1 O Aquecimento Global ......................................................................................... 621

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


4.2 Tratados Internacionais Sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas ............... 623

4.2.1 O Protocolo de Quioto.......................................................................................... 624

4.2.2 O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)................................................. 625

4.3 A política Nacional de Mudanças Climáticas ........................................................ 626

4.4 O Fundo Nacional sobre Mudanças Climáticas - Lei nº 12.014/2009 ................... 627

4.5 Mercado de Créditos de Carbono no Brasil......................................................... 627

4.6 Mercado de Créditos de Carbono no Rio de Janeiro............................................ 630

4.7 A Potencialidade dos Créditos de Carbono na Região Norte Fluminense ............ 630

4.8 Conclusão ............................................................................................................ 635

5. TURISMO ............................................................................................................ 637

5.1 Turismo Sustentável ............................................................................................ 637

5.2 Regiões Turísticas do Estado do Rio de Janeiro .................................................. 638

5.2.1 Regiões Turísticas dos Municípios da Região Norte Fluminense ......................... 639

5.3 Descrição dos Principais Atrativos Turísticos da Região Norte do Estado do Rio de
Janeiro ................................................................................................................. 640

5.3.1 Campos dos Goytacazes ..................................................................................... 640

5.3.2 Carapebus ........................................................................................................... 643

5.3.3 Cardoso Moreira .................................................................................................. 644

5.3.4 Conceição de Macabu.......................................................................................... 645

5.3.5 Macaé .................................................................................................................. 645

5.3.6 Quissamã............................................................................................................. 648

5.3.7 Rio das Ostras ..................................................................................................... 652

5.3.8 São Fidélis ........................................................................................................... 654

5.3.9 São Francisco de Itabapoana............................................................................... 656

5.3.10 São João da Barra ............................................................................................... 656

5.4 Infraestrutura Turística ......................................................................................... 657

5.4.1 Infraestrutura Turística da Região Norte do Estado do Rio de Janeiro ................. 657

5.5 Empregos Gerados pelo Turismo na Região Norte Fluminense........................... 658

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


5.6 Turismo Cultural................................................................................................... 659

5.6.1 Turismo Cultural na Região Norte do Estado do Rio de Janeiro........................... 659

5.7 Artesanato como Produto Turístico ...................................................................... 659

5.7.1 O Artesanato na Região Norte Fluminense .......................................................... 659

5.8 Conclusão ............................................................................................................ 660

6. ESTRUTURA PRODUTIVA.................................................................................. 660

6.1 Estrutura Produtiva das Regiões Norte e Noroeste Fluminenses ......................... 660

6.2 Especialização Produtiva ..................................................................................... 663

6.3 Indústria ............................................................................................................... 667

6.4 Grandes Empreendimentos ................................................................................. 671

6.5 Ciência e Tecnologia............................................................................................ 675

6.6 Alternativa para a Organização Produtiva ............................................................ 680

6.7 Pré-sal ................................................................................................................. 681

6.7.1 Os Impactos dos Investimentos Relacionados ao Pré-sal .................................... 682

6.7.2 Marco Regulatório................................................................................................ 684

6.7.3 A Oferta de Mão-de-obra Qualificada................................................................... 686

6.7.4 Diversificação Industrial ....................................................................................... 686

6.7.5 Infraestrutura Científica e Tecnológica ................................................................. 687

6.8 O Setor de Logística e Transporte ....................................................................... 691

6.9 Conclusão ............................................................................................................ 698

7. TRABALHO E GESTÃO....................................................................................... 698

8. ANÁLISE MACRO AMBIENTAL........................................................................... 699

8.1 Agropecuária e Agronegócios .............................................................................. 699

8.2 Turismo................................................................................................................ 700

8.3 Estrutura Produtiva .............................................................................................. 702

9. REFERÊNCIAS.................................................................................................... 703

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


LISTAS

FIGURAS
Figura 1 - Processo Normal de Absorção dos Raios UV e Liberação na Forma de Raios
Infravermelhos ................................................................................................................... 622

Figura 2 – Modificação na Onda de Energia ...................................................................... 623

FOTOS
Foto 1 - Região Abrangida pelo Domínio Geoambiental Norte-Noroeste Fluminense ........ 636

Foto 2 - Região Abrangida pelo Domínio Geoambiental Norte-Noroeste Fluminense ........ 636

Foto 3 - Região do Planalto do Itabapoana....................................................................... 637

Foto 4 – Região Norte Fluminense, Campos do Goytacazes, Parque Estadual do


Desengano ........................................................................................................................ 641

Foto 5 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Lagoa de Cima ................. 642

Fotos 6 e 7 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Morro do Itaóca......... 642

Foto 8 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Pantanal da Costa Doce... 643

Foto 9 – Região Norte Fluminense, Carapebus, Parque Nacional de Jurubatiba............... 644

Foto 10 – Região Norte Fluminense, Carapebus, Praia ..................................................... 644

Foto 11 – Região Norte Fluminense, Conceição de Macabu, Cachoeira da Amorosa ....... 645

Foto 12 – Região Norte Fluminense, Macaé, Praia dos Cavaleiros ................................... 646

Foto 13 – Região Norte Fluminense, Macaé, Arquipélago de Sant’Ana............................. 647

Foto 14 – Região Norte Fluminense, Macaé, Pico do Frade .............................................. 647

Foto 15 – Região Norte Fluminense, Macaé, Igreja de Sant’Ana....................................... 648

Foto 16 – Região Norte Fluminense, Macaé, Forte Marechal Hermes............................... 648

Foto 17 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Praia João Francisco.............................. 649

Foto 18 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Praia de Barra Furado............................ 649

Foto 19 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Lagoa Feia ............................................. 649

Fotos 20 e 21 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Casas de Fazenda ....................... 650

Foto 22 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Casa Mato de Pipa................................. 650

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Fotos 23 e 24 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Museu .......................................... 651

Fotos 25 e 26 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Complexo Histórico Cultural Fazenda


Machadinha ....................................................................................................................... 651

Foto 27 – Quissamã, Casa de Artes Machadinha .............................................................. 651

Foto 28 – Rio das Ostras, Parque Natural Municipal dos Pássaros ................................... 652

Foto 29 – Rio das Ostras, Monumento Natural dos Costões Rochosos............................. 652

Foto 30 – Rio das Ostras, Praça da Baleia ........................................................................ 653

Foto 31 – Rio das Ostras, Praia do Remanso.................................................................... 653

Foto 32 – Rio das Ostras, Praia do Costazul ..................................................................... 653

Foto 33 – Rio das Ostras, Praia da Boca da Barra ............................................................ 654

Foto 34 – Rio das Ostras, Museu do Sítio Arqueológico Sambaqui de Tarioba ................. 654

Foto 35 – Região Norte Fluminense, São Fidélis, Cachoeira do Oriente............................ 655

Foto 36 – Região Norte Fluminense, São Fidélis, Solar do Barão de Vila Flor................... 655

Foto 37 – Região Norte Fluminense, São Francisco de Itabapoana, Praia Lagoa Doce .... 656

Foto 38 – Região Norte Fluminense, São João da Barra, Praia de Grussaí....................... 657

GRÁFICOS

Gráfico 1 - Brasil, Estado do Rio de Janeiro e Mesorregiões, Produto Interno Bruto, 2007 597

Gráfico 2 - Brasil, Estado do Rio de Janeiro e Mesorregiões Fluminenses, Taxa Média Anual
de Crescimento entre 1996 e 2007 .................................................................................... 599

Gráfico 3 - Mesorregião Norte Fluminense, Evolução Produto Interno Bruto Total e por
Setores Econômicos, 1996, 2000 e 2007........................................................................... 600

Gráfico 4 – Campos dos Goytacazes, Exportações, Importações e Balança Comercial, 2000


a 2009 ............................................................................................................................... 602

Gráfico 5 – Macaé, Exportações, Importações e Balança Comercial, 2000 a 2008 ........... 603

Gráfico 6 - Participação (percentual) dos Municípios do Norte Fluminense na Geração do


PIB do Setor Agropecuário Regional, 2007........................................................................ 604

Gráfico 7 – Região Norte Fluminense, Tipo de Prática Agrícola, 2006............................... 609

Gráfico 8 – Número de Atividades de Projeto no Âmbito do MDL no Mundo ..................... 629

Gráfico 9 – Participação no Total de Atividades de Projeto no Âmbito do MDL no Mundo. 629

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 10 – Curva de Crescimento das Atividades de Projeto MDL no Brasil ................... 630

Gráfico 11 – Emissões de CO2eq pelo Uso de Energia por Região (Gg CO2eq e %) ....... 632

Gráfico 12 – Região Norte Fluminense, Participação dos Setores no Total das Emissões de
Gases Estufa pelo Uso de Energia (%).............................................................................. 632

Gráfico 13 – Emissões de CO2eq pelos Resíduos Sólidos Urbanos (Gg CO2eq e %) ....... 633

Gráfico 14 – Emissões de CO2eq pelos Esgotos Sanitários por Região (Gg CO2eq e %) . 634

Gráfico 15 – Matriz de Transporte Atual e Futura – Participação Relativa (%)................... 691

MAPAS

Mapa 1 – Região Norte Fluminense................................................................................... 596

Mapa 2 - Região Norte Fluminense, Localização das Unidades de Açúcar e Álcool, 1970 612

Mapa 3 - Localização das Unidades Industriais Fluminenses de Açúcar e Álcool, 2007 .... 613

Mapa 4 – Relação das Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro e Regiões de


Governo............................................................................................................................. 631

Mapa 5 – Regiões Turísticas do Estado do Rio de Janeiro................................................ 639

Mapa 6 – Vetores Logísticos da Organização Espacial Brasileira...................................... 692

Mapa 7 – Principais Gasodutos Brasileiros e Interligações de Gasodutos da América do Sul


.......................................................................................................................................... 697

TABELAS

Tabela 1 – Participação Relativa do PIB das Mesorregiões Fluminenses no PIB do Estado


do Rio de Janeiro e do Brasil, 2007 ................................................................................... 598

Tabela 2 – Brasil, Estado do Rio de Janeiro e Mesorregiões Fluminenses, Taxa de


Crescimento do PIB por Períodos Selecionados, 1996, 2000 e 2007 ................................ 598

Tabela 3 - Parâmetros da Classificação dos Municípios Segundo o Desempenho ............ 601

Tabela 4 – Região Norte Fluminense, Desempenho Econômico, 2000 - 2007 .................. 601

Tabela 5 – Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários por


Grupo de Área Total, 2006 ................................................................................................ 605

Tabela 6 – Brasil, Estado do Rio de Janeiro, Região Norte Fluminense, Número de


Estabelecimentos Agropecuários por Grupos de Área Total, 1995 - 2006 ......................... 605

Tabela 7 – Região Norte Fluminense, Número e Área dos Estabelecimentos Agropecuários,


1995 - 2006 ....................................................................................................................... 606

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 8 – Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários por
Condição do Produtor em relação às Terras e Agricultura Familiar, 2006.......................... 607

Tabela 9 – Mesorregião Norte Fluminense, Pessoal Ocupado em Estabelecimentos


Agropecuários por Faixa de Idade e Sexo, 1995 ............................................................... 607

Tabela 10 – Mesorregião Norte Fluminense, Pessoal Ocupado em Estabelecimentos


Agropecuários em 31/12 por Faixa de Idade e Sexo, 2006................................................ 607

Tabela 11 – Mesorregião Norte Fluminense, Pessoal ocupado em Estabelecimentos


Agropecuários por Grupo de Atividade Econômica, 1995 .................................................. 608

Tabela 12 – Mesorregião Norte Fluminense, Pessoal Ocupado em Estabelecimentos


Agropecuários em 31/12, por Grupo de Atividade Econômica, 2006 ................................. 608

Tabela 13 – Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários por


Grupos de Atividade Econômica, 2006 .............................................................................. 609

Tabela 14 – Região Norte Fluminense, Quantidade Produzida, Área Plantada e


Produtividade da Lavoura Temporária, 1995 - 2008 .......................................................... 610

Tabela 15 – Região Norte Fluminense, Quantidade Produzida, Área Plantada, e


Produtividade da Lavoura Permanente, 1995 - 2008 ......................................................... 616

Tabela 16 – Região Norte Fluminense, Efetivo de Rebanhos por Tipo de Rebanho, 1995 -
2008 .................................................................................................................................. 617

Tabela 17 – Região Norte Fluminense, Produção de Origem Animal por Tipo de Produto,
1995 e 2008....................................................................................................................... 617

Tabela 18 – Região Norte Fluminense, Quantidade Produzida na Silvicultura por Tipo de


Produto da Silvicultura, 2008 ............................................................................................. 618

Tabela 19 - Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários que


Receberam Financiamento por Recursos Provenientes de Programas Governamentais de
Crédito, 2006 ..................................................................................................................... 619

Tabela 20 – Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários que


Não Receberam Financiamentos por Motivo da Não Obtenção do Financiamento, 2006.. 619

Tabela 21 – Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários por


Recebimento de Orientação Técnica, 2006 ....................................................................... 619

Tabela 22 – Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários por


Origem da Orientação Técnica, 2006 ................................................................................ 620

Tabela 23 – Região Norte Fluminense, Número de Informantes e Quantidade Produzida na


Agroindústria Rural por Produtos da Agroindústria Rural, 2006 ......................................... 620

Tabela 24 - Compensação e Equivalência CO2 X Créditos de Carbono............................. 625

Tabela 25 – Distribuição das Atividades de Projeto no Brasil por Tipo de Projeto.............. 626

Tabela 26 - Emissões de CO2eq por Região do Estado do Rio de Janeiro ....................... 631

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 27 - Região Norte Fluminense, Infraestrutura Turística (entretenimento) e
Infraestrutura Urbana, 2006. .............................................................................................. 657

Tabela 28 – Região Norte do Estado do Rio de Janeiro, Estabelecimentos Hoteleiros e


Outros Tipos de Alojamentos, 2006 - 2007 ........................................................................ 658

Tabela 29 – Região Norte Fluminense, Número de Empregos por Atividade Econômica do


Turismo, 2007.................................................................................................................... 658

Tabela 30 – Estado do Rio de Janeiro, Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Distribuição


dos Empregados Formais e Estabelecimentos por Região (Ranking de Cada Variável
Entre Parênteses), 2008 .................................................................................................... 661

Tabela 31 – Distribuição dos Empregados Formais por Porte do Estabelecimento e Região,


2008 .................................................................................................................................. 663

Tabela 32 – Divisão CNAE com QL maior que 1 para o Estado do Rio de Janeiro, QL para
as Regiões Norte e Noroeste Fluminense, QL para Região Sudeste e Para Demais Regiões
do Brasil, 2008................................................................................................................. 664

Tabela 33 – Divisão CNAE com QL Maior que 1 para a Região Norte Fluminense e para o
Estado do Rio de Janeiro, 2008......................................................................................... 666

Tabela 34 – Divisão CNAE com QL Maior que 1 para a Região Noroeste Fluminense e para
o Estado do Rio de Janeiro, 2008...................................................................................... 667

Tabela 35 – Classe CNAE com QL Maior que 2 para o Estado do Rio de Janeiro, QL para as
Regiões Norte e Noroeste Fluminense, QL para Demais Regiões do Estado, 2008 .......... 668

Tabela 36 – Classe CNAE com QL Maior que 1 para Região Norte Fluminense, QL para a
Noroeste, QL para Estado do Rio de Janeiro, 2008........................................................... 669

Tabela 37 – Classe CNAE com QL Maior que 1 para Região Noroeste Fluminense, QL para
a Norte, QL para Estado do Rio de Janeiro, 2008.............................................................. 671

Tabela 38 – Estado do Rio de Janeiro, Vinte Maiores Investimentos Programados, 2010-


2012 .................................................................................................................................. 672

Tabela 39 – Estado do Rio de Janeiro, Investimentos Programados na Indústria de


Transformação e Infraestrutura, 2010-2012....................................................................... 673

Tabela 40 – Estado do Rio de Janeiro, Investimentos Programados, até 2012.................. 673

Tabela 41 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Principais Investimentos Programados,


2010-2012 ......................................................................................................................... 674

Tabela 42 – Estado do Rio de Janeiro, Número de Instituições Ofertantes e Número de


Curso Superior por Região, 2009....................................................................................... 675

Tabela 43 –Estatísticas do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2008....... 676

Tabela 44 – Produção dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2008............................ 677

Tabela 45 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Artigos Científicos Indexados no ISI com
Autores de Instituições Localizadas, Publicações em 2009 ............................................... 678
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Tabela 46 – Regiões do Estado do Rio de Janeiro, Depósitos de Patentes no INPI, por Tipo
de Patente e Natureza Jurídica do Titular no Período 1990-2005...................................... 679

Tabela 47 – Depósitos de Patentes Junto ao INPI por Classe de Atividade CNAE e Região
entre 1990 e 2005.............................................................................................................. 679

Tabela 48 – Relação de APL Identificados pelo SEBRAE/RJ, 2004 .................................. 680

Tabela 49 – Estado do Rio de Janeiro e Região Norte Fluminense, Divisão CNAE com QL
Menor que 1, 2008............................................................................................................. 683

Tabela 50 – Região Norte Fluminense, Aplicação do Método Diferencial-Estrutural pela


Modificação de Stilwell, a Partir do Emprego Informado pela RAIS, Utilizando a Média dos
Períodos, 1995-1997 e 2006-2008..................................................................................... 686

Tabela 51 – Região Norte Fluminense, Decomposição Setorial Variação Estrutural,


Aplicação do Método Diferencial-Estrutural Original, a Partir do Emprego Informado pela
RAIS Utilizando a Média dos Períodos 1995-1997 e 2006-2008........................................ 688

Tabela 52 – Região Norte Fluminense, Decomposição Setorial Variação Diferencial,


Aplicação do Método Diferencial-Estrutural Original a Partir do Emprego Informado pela
RAIS Utilizando a Média dos Períodos 1995-1997 e 2006-2008........................................ 690

Tabela 53 – PNLT, Investimentos Recomendados em Infraestrutura de Transportes, até


2023 .................................................................................................................................. 693

Tabela 54 – Investimentos nos Modais e Vetores (MR$), 2008-2011 ................................ 694

Tabela 55 – Região Norte Fluminense (Vetor Leste), Investimentos em Transportes, 2008 -


2023 .................................................................................................................................. 695

Tabela 56 – Região Norte Fluminense, Especialização (QL) para Estabelecimentos e


Empregos nos Setores de Transporte, 2009...................................................................... 696

Tabela 57 – Quantidade e Extensão de Dutos em Operação, em 31/12/2008................... 696

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


“Sinapse e sinergia parecem constituir parte da chave de um desenvolvimento bem
entendido no território,
sinapse entre uma ordem sócio-política descentralizada e um sistema econômico,
social e tecnológico territorializado e
sinergia a partir da articulação de todos esses seus elementos.”

Sérgio Boisier
El desarrollo em su lugar, GeoLibros

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


1. VISÃO GERAL: PRINCIPAIS DESAFIOS E POTENCIALIDADE

1.1 Formação Econômica e Padrão Geral de Reprodução

A ocupação da Região Norte Fluminense, na primeira metade do século XVII, deu-se com a
função de instalar currais com gado bovino para transporte e moagem de cana, suprindo as
necessidades dos agricultores que se transformaram, em seguida, nos senhores dos enge-
nhos. As lavouras de cana-de-açúcar se expandiram e em meados do século XVIII a produ-
ção se consolidou na Região, com a disseminação dos canaviais em fazendas escravocra-
tas e engenhos, substituindo os currais. Caracterizou-se então o primeiro ciclo econômico
da Região, baseado na produção açucareira para exportação e no desenvolvimento das
atividades primárias de subsistência – a produção agrícola e a pecuária extensiva para pro-
dução de carne e leite, além dos trabalhos nos engenhos.

Com o fim da produção baseada na mão-de-obra escrava, o cultivo da cana-de-açúcar en-


trava em um novo ciclo de desenvolvimento, caracterizado por uma modernização da pro-
dução e a instalação de diversas usinas usando cada vez mais altas tecnologias desde a
genética, passando pelo manejo aos processos de cultivo e produção. No transcorrer deste
período com início nos fins do século XIX, ocorre a reestruturação de parque industrial su-
croalcooleiro, o qual se fortaleceu ao longo do século XX, especialmente nas décadas de
1970 e 1980, quando incidiram várias políticas de incentivo para o desenvolvimento desse
setor. Estas políticas foram suportadas por grandes aportes de recursos financeiros, dispo-
nibilizados através do Instituto do Açúcar e do Álcool, IAA, e de programas como o Plano de
Racionalização da Indústria Açucareira e do PROÁLCOOL.

Na atualidade, na Região Norte Fluminense, a cana-de-açúcar continua com papel impor-


tante, não obstante a perda de seu dinamismo para a produção do Estado de São Paulo,
onde se tornou mais competitiva dada a sua produtividade, mecanização e menores custos
de produção. Como decorrência desta situação, observa-se um esvaziamento populacional
nas áreas rurais de Campos dos Goytacazes, Cardoso Moreira, São Fidélis e São Francisco
de Itabapoana, com migrações de importantes contingentes para as áreas urbanas locais e
para outros municípios, particularmente Macaé, e outras regiões, entre elas, a das Baixadas
Litorâneas. (Silva, Guichard)

Constituída sobre a trajetória da monocultura da cana-de-açúcar, no início dos anos 70, a


descoberta e exploração do petróleo na plataforma continental da Bacia de Campos trouxe
novas condições socioeconômicas para a Região. Considerando questões de ordem física e
logística, a Petrobrás instalou em Macaé a sua base terrestre de operações, o que fez com
que as prestadoras de serviço nacionais e multinacionais também para ali se deslocassem.
Com isto, Macaé explode como pólo regional passando a dividir com Campos dos Goytaca-
zes a nucleação da Região.

A inserção da indústria petrolífera no cenário regional do Norte Fluminense representa, pois,


a efetivação de transição e substituição do produto dominante de ciclos econômicos se-
quenciados, o que determinou uma nova alternativa de desenvolvimento, completamente
distinta de ocorrências precedentes quanto aos requisitos, ainda que com enorme propen-
são para repetir-se como monocultura.

Além disto, na década de 90, a Região passou por um processo de reordenamento territorial
com a criação de quatro novos municípios: Quissamã (emancipado de Macaé, em 1990),
Conceição de Macabu (emancipado de Campos, em 1993), Carapebus (emancipado de
Macaé, em 1997) e São Francisco do Itabapoana (emancipado de São João da Barra, em
1997), o que alterou a geografia com inúmeras diferenças, com mudanças administrativas,
populacionais e as próprias demandas em relação às políticas públicas oferecidas.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 595
1.2 Delimitação Geográfica e Inserção no Contexto Regional Brasileiro

A Mesorregião Norte Fluminense é constituída por nove municípios distribuídos em duas


Microrregiões: Campos dos Goytacazes e Macaé. A primeira é formada pelos municípios
Campos do Goytacazes, Cardoso Moreira, São Fidelis, São Francisco de Itabapoana e São
João da Barra. A segunda se forma pelos Municípios de Macaé, Conceição do Macabú, Ca-
rapebus e Quissamã. (Mapa seguinte).

Mapa 1 – Região Norte Fluminense

Fonte: Fundação CIDE – Centro de Informações do Estado do Rio de Janeiro, 2009.


A importância da Região Norte Fluminense no cenário econômico estadual vai além da pre-
sença, em seu território, do complexo industrial baseado na extração de petróleo, da indús-
tria sucroalcooleira e da posição de destaque que alguns municípios assumem na produção
agropecuária. Esta região assumiu, inicialmente e principalmente a partir de Campos dos
Goytacazes, o papel de formação de uma economia regional mais estruturada, fora da me-
trópole.

O Estado do Rio de Janeiro tem seu processo de formação econômica caracterizado pela
concentração das atividades produtivas e, principalmente, serviços, na Região Metropolita-
na, especialmente na cidade do Rio de Janeiro. Esta centralidade, ao longo do tempo, levou
a uma rede urbana carente de cidades de nível médio capazes de polarizar seu entorno. De
fato, a proximidade destas em relação ao Rio de Janeiro - as distâncias são no máximo me-
dianas - resultou na constituição de uma forma de organização, que se valeu, e ainda se
vale da infraestrutura encontrada na cidade do Rio de Janeiro, que se recorde, além de capi-
tal do Estado exerceu, durante séculos, o papel de capital do país. (OLIVEIRA, 2003)

No caso do Norte Fluminense, as dificuldades de acesso (representada inclusive pela Baía


de Guanabara, especificamente no período que antecedeu à construção da Ponte Rio - Nite-
rói, em 1974), o crescimento sucroalcooleiro (e as participações nos ciclos do café e arroz)

596 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


e, mais recentemente, a indústria extrativa do petróleo, constituíram os elementos impulsio-
nadores para o desenvolvimento de uma economia regional mais estruturada.
Tendo como lastro a produção sucroalcooleira, a cidade de Campos dos Goytacazes se
tornou um importante núcleo da economia regional e estadual. Esta situação foi reforçada
com a estrada de ferro, em meados do século XIX, ligando–a até a cidade do Rio de Janei-
ro. No entanto, esta ferrovia se constituiu tão somente como uma via de drenagem da pro-
dução, salientando-se a necessidade de construir-se uma infraestrutura local que pudesse
sustentar a economia regional. Dessa maneira, Campos dos Goytacazes se consolidou co-
mo centro regional, recebendo os principais investimentos, não apenas relacionados direta-
mente com a produção, mas também a um amplo conjunto de infraestrutura e serviços que
se organizaram e foram implantados em conformidade com as demandas da Região.
A implantação da estrutura operacional da Petrobrás, em Macaé, promoveu uma ativação
intensa e a reestruturação no mercado imobiliário e no setor de construção civil nas locali-
dades próximas. (OLIVEIRA, 2003). Em simultaneidade, a economia do petróleo, nestes 46
anos, permitiu atrair para e fixar na Região, instituições universitárias e de capacitação pro-
fissionalizante, além de instituições civis atuantes no processo de desenvolvimento regional
(FIRJAN/SENAI, PRODESMAR, entre outras). Caracterizou-se igualmente, o crescimento
regional da construção de infraestrutura e serviços nas áreas de educação e saúde, de lo-
gística e transportes, e a realização de projetos de energia e de comunicação.
Atualmente as cidades de Campos dos Goytacazes e Macaé atuam como centros regionais
que se complementam. Campos detém comércio e serviços bastante diversificados, o que
define a sua capacidade de polarização, inclusive da Região Noroeste Fluminense. Já Ma-
caé, constitui-se como pólo da economia do petróleo, com movimentações e intensos fluxos
de mão-de-obra, materiais, serviços, etc. ligados ao setor petrolífero.

2. DINÂMICA ECONÔMICA REGIONAL

2.1 Desempenho Econômico das Mesorregiões Fluminenses

A Região Norte apresentou em 2007, de acordo com dados do IBGE – Contas Nacionais,
um PIB equivalente a R$34.985.207.160,97 que representava 10,79% da economia flumi-
nense e 1,2% da economia brasileira. Como pode se ver no Gráfico seguinte, depois da
Região Metropolitana, esta foi a mesorregião que mais contribuiu com a geração de riqueza
no Estado do Rio de Janeiro.

Gráfico 1 - Brasil, Estado do Rio de Janeiro e Mesorregiões, Produto Interno Bruto, 2007

Fonte: IBGE – Contas Nacionais in IPEADATA *Valores constantes ajustados pelo IGP-DI, Ano Base: 2007.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 597


O PIB do Estado, em 2007, foi de R$324.370.491.236,30, dos quais a Região Metropolitana
do Rio de Janeiro respondeu por 73,61%, seguida pela Região Norte Fluminense com
10,79%, pelo Sul com 7,58%, pela Baixada com 5,18%, pelo Centro com 1,77% e finalmente
pela Região Noroeste com 1,07%. (Tabela seguinte).

Tabela 1 – Participação Relativa do PIB das Mesorregiões Fluminenses no PIB do Estado do


Rio de Janeiro e do Brasil, 2007
Participação Relativa do PIB Mesorregional
Mesorregião
no Brasil (%) no Rio de Janeiro (%)
Baixadas 0,58 5,18
Centro 0,20 1,77
Metropolitana do Rio de Janeiro 8,21 73,61
Noroeste 0,12 1,07
Norte 1,20 10,79
Sul 0,85 7,58
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE – Contas Nacionais, Produto Interno Bruto dos
Municípios Brasileiros.

Ao se analisar os dados de crescimento das regiões fluminenses a partir de 1996, nota-se


uma tendência de redução da participação da Região Metropolitana na geração da riqueza
estadual, visto que, na média, esta Região apresentou taxas de crescimento inferiores às
apresentadas pelas demais.

As Regiões da Baixada e Norte Fluminense apresentaram as maiores taxas de crescimento


no período considerado, seguidas pela Região Noroeste, Sul, Centro e Metropolitana do Rio
de Janeiro.

As Regiões apresentaram desempenho melhor entre 1996 e 2000, quando todas superaram
a média de crescimento estadual e nacional. Já entre 2000 e 2007, com exceção das Regi-
ões Norte e Baixada, as demais cresceram segundo as médias fluminense e brasileira. A
Região Centro apresentou crescimento negativo neste período. (Tabela seguinte).

Tabela 2 – Brasil, Estado do Rio de Janeiro e Mesorregiões Fluminenses, Taxa de Crescimento


do PIB por Períodos Selecionados, 1996, 2000 e 2007
Taxa de Crescimento do PIB
Localidade
1996 – 2000 2000-2007 1996-2007
Brasil 9,4 38,3 51,3
Rio de Janeiro 23,0 23,2 51,5
Baixadas 257,6 106,4 638,2
Centro 53,0 -1,2 51,1
Metropolitana do Rio de Janeiro 11,5 12,3 25,3
Noroeste 89,9 17,2 122,6
Norte 112,0 102,1 328,4
Sul 42,1 22,3 73,8
Fonte: Elaboração Própria a partir de dados do IBGE – Contas Nacionais e PIB Municipal

Ao se analisar a taxa média anual de crescimento entre 1996 e 2007, destaca-se o desem-
penho da Baixada Fluminense com crescimento médio anual do PIB de 58,02%. Seguido
pelo Norte (29,85%), Noroeste (11,15%), Sul (6,71%), as quais apresentaram taxas superio-
res à média estadual (4,68%) e nacional (4,66%). A Região Centro Fluminense apresentou
598 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
taxa próxima às do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil. Já a Região Metropolitana do Rio,
apresentou o pior desempenho no período, com taxa média de crescimento anual de 2,3%.
(Gráfico seguinte).

Gráfico 2 - Brasil, Estado do Rio de Janeiro e Mesorregiões Fluminenses, Taxa Média Anual de
Crescimento entre 1996 e 2007

Fonte: Elaboração Própria a partir de dados do IBGE – Contas Nacionais e PIB Municipal

Estas constatações são reforçadas pelos resultados obtidos através da aplicação do método
estrutural-diferencial (Shift and Share Analysis – Anexo 1) aos dados de emprego por
setor (nove setores da atividade produtiva conforme classificação do IBGE) nas mesor-
regiões fluminenses. Tendo como objetivo a descrição do crescimento econômico em
termos de sua estrutura produtiva, a análise estrutural-diferencial revelou que, entre
1994 e 2008, das seis mesorregiões analisadas, apenas a Metropolitana do Rio de Ja-
neiro apresentou variação líquida total do emprego negativa no período.

De acordo com os resultados, apesar da Região Metropolitana apresentar especializa-


ção produtiva em setores dinâmicos (que cresceram acima da média estadual), resultan-
tes da produtividade, do padrão de consumo, do progresso tecnológico e também de
mudanças na divisão inter-regional do trabalho; e de apresentar vantagens comparati-
vas locacionais, expressas, por exemplo, na diversidade do setor terciário, existe uma
tendência de mudança deste padrão. Ou seja, as modificações que vem ocorrendo na
estrutura produtiva desta Região, quando comparadas com as modificações estaduais,
estão ocorrendo no sentido de não reforçar tais vantagens.

Já as demais mesorregiões fluminenses apresentaram variação líquida total do emprego


positiva no período. Assim como a Metropolitana, também apresentaram especialização
produtiva em setores dinâmicos e vantagens locacionais, no entanto, com a diferença de
que, nelas, as mudanças na estrutura produtiva tendem a reforçar as vantagens.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 599


2.2 Dinâmica Econômica do Norte Fluminense

Internamente, ao analisar o desempenho do PIB da Região Norte decomposto por setores


econômicos, observa-se o predomínio da atividade industrial, seguido pelo setor de servi-
ços. A atividade agropecuária, apesar de ser importante para a economia da Região, com
alguns municípios se destacando na produção estadual, diante da indústria extrativa, torna-
se pouco significativa no total da riqueza gerada.

O Gráfico, a seguir, mostra que o crescimento do PIB, quando comparados os anos de 1996
e 2007, foi alavancado pela atividade industrial e pelo setor de serviços. O setor agropecuá-
rio, por sua vez, apresentou piora do seu desempenho durante estes anos, contribuindo
cada vez menos com a geração de riqueza na Região.

Gráfico 3 - Mesorregião Norte Fluminense, Evolução Produto Interno Bruto Total e por Setores
Econômicos, 1996, 2000 e 2007

Fonte: IBGE – Contas Nacionais, valores constantes ajustados pelo IGP-DI, ano base: 2007.

De uma maneira geral, a atividade industrial pode ser considerada como a âncora econômi-
ca regional. Basicamente, ela impacta a Região através dos empregos gerados, direta e
indiretamente, da massa de salários pagos à população e dos impostos. É ela que, em
grande parte, viabiliza a demanda local, sendo os salários pagos, a principal ligação entre os
setores da economia. A dinâmica regional é então determinada, em última instância, pela
atividade industrial via seu impacto sobre o desenvolvimento do setor terciário. O setor pri-
mário desenvolve-se, paralelo à indústria – serviços, caracterizado, predominantemente,
pela prática da atividade agropecuária familiar.

Deve-se ressaltar que o setor de extração de minerais tem fraca inter-relação com outros
setores industriais e que grande parte dos setores influenciados, direta e indiretamente por
ele, se refere a serviços produtivos e de distribuição. Neste sentido, é importante destacar
que a renda gerada pela atividade industrial, não levou a uma diversificação expressiva da
estrutura de produção de bens de consumo final na Região. A explicação para esta obser-
vação está relacionada, entre outras coisas, ao fato de que a massa de salários paga nestes
municípios direciona-se aos operários pouco especializados, sendo que os salários mais
elevados são pagos nos centros onde se localizam as administrações superiores – geral-
mente os grandes centros brasileiros (cidade do Rio de Janeiro).

600 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


2.3 Classificação dos Municípios Segundo o Desempenho

O desempenho econômico dos municípios é medido neste tópico tendo como base de com-
paração entre a taxa de crescimento estadual e nacional, medida pela razão entre o PIB
2007 e o PIB 2000, a qual gera uma classificação conforme descrita na Tabela a seguir.

Tabela 3 - Parâmetros da Classificação dos Municípios Segundo o Desempenho

Classificação Descrição
Taxa de crescimento média maior ou igual a 2 vezes a mé-
Crescimento elevado
dia estadual / nacional
Taxa de crescimento média maior ou igual a 1,25 vezes e
Crescimento acima da média
menor que 2 vezes a média estadual / nacional
Taxa de crescimento média maior ou igual à média estadual
Crescimento moderado
/ nacional e menor que 1,25 vezes a mesma
Municípios em estagnação econômica Menor que a média estadual / nacional
Fonte: CEDEPLAR, UFMG.

A análise dos dados revela a existência de dois grupos de municípios no Norte Fluminense,
os quais se dividem entre os dois extremos da classificação acima, tendo como base de
comparação, tanto a média estadual, como a nacional.

Campos dos Goytacazes, Macaé, Quissamã e São João da Barra apresentaram crescimen-
to elevado, com média mais de duas vezes acima das médias estadual e nacional.

Já os municípios de Carapebus, Cardoso Moreira, Conceição de Macabu, São Fidélis e São


Francisco de Itabapoana foram classificados como estagnados economicamente, com mé-
dias de crescimento inferiores às apresentadas pelo Rio de Janeiro e pelo Brasil, quando se
comparam os anos de 2000 e 2007.

Tabela 4 – Região Norte Fluminense, Desempenho Econômico, 2000 - 2007


Razão em Razão em
Relação à Relação à
Municípios da Região PIB 2000 PIB 2007 Taxa de
Taxa de Taxa de
Norte Fluminense (MR$) * (MR$) * Crescimento
Crescimento Crescimento
Estadual Nacional
Campos dos Goytacazes 10.781.161,94 20.815.925,90 93,08 4,01 2,43
Carapebus 340.625,18 380.853,62 11,81 0,51 0,31
Cardoso Moreira 86.251,41 88.183,11 2,24 0,10 0,06
Conceição de Macabu 142.901,54 132.561,98 -7,24 -0,31 -0,19
Macaé 3.575.886,51 6.385.123,04 78,56 3,39 2,05
Quissamã 1.315.203,38 2.742.982,47 108,56 4,68 2,83
São Fidélis 312.772,90 304.241,19 -2,73 -0,12 -0,07
São Francisco de Itabapoana 313.492,10 330.452,73 5,41 0,23 0,14
São João da Barra 444.913,63 827.773,73 86,05 3,71 2,25
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE – Contas Nacionais, 2000 e 2007 * Valores
Constantes corrigidos pelo IGP-DI, ano base 2007.

A Tabela anterior apresenta os dados que deram origem à classificação. Verifica-se que o
município de Quissamã apresentou a maior taxa de crescimento no período (108,56%), se-
guida por Campos dos Goytacazes (93,08%), São João da Barra (86,05%) e Macaé
(78,56%), todos com taxas muito superiores às médias estadual (23,2%) e nacional (38,3%).

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 601


Ao se analisar a dinâmica econômica de Campos e Macaé, verifica-se que Campos dos
Goytacazes possui uma estrutura produtiva mais diversificada, enquanto Macaé depende
fortemente e quase que exclusivamente da cadeia de petróleo e gás. Desta forma, a renda
tende a circular mais em Campos dos Goytacazes, do que em Macaé: logo, os efeitos multi-
plicadores são diferentes e maiores em Campos. Além disso, deve-se notar a superioridade
das atividades de hotéis e alojamentos em favor de Macaé: com isto uma parcela importante
da renda, significativa, escapa do Município, tendo em vista a não residência das pessoas
que utilizam os serviços de hospedagem na cidade. A atividade de hospedagem em Macaé
é tão mais forte devido, provavelmente, a população flutuante, possivelmente mão-de-obra,
que tende a escoar a maior parte da renda que gera.
Quanto ao crescimento de Quissamã e São João da Barra, os dados sugerem que se deve
ao fato de serem uma base produtiva pequena que tem se beneficiado do crescimento de
cidades maiores no entorno. Aparentemente, o pólo fonte do crescimento no caso de São
João da Barra deve ser Campos, enquanto Quissamã pode se beneficiar da proximidades
tanto com Campos, quanto com Macaé. De qualquer forma, parece plausível explicar o
crescimento destas duas cidades em decorrência da proximidade com cidades de referência
de grande porte gerando transbordamentos para uma base produtiva muito pequena, o que
tende a supervalorizar as taxas de crescimento.
Dentre os municípios que apresentaram estagnação econômica, Carapebus teve a maior
taxa de crescimento (11,81%), seguida por São Francisco de Itabapoana (5,41%) e Cardoso
Moreira (2,24%). São Fidélis (-2,73%) e Conceição de Macabu (-7,24) apresentaram queda
do PIB no período. São municípios com economias pequenas, cuja base produtiva é a ativi-
dade agropecuária praticada, em sua maioria, por pequenos produtores familiares.

2.4 Fluxos Externos – Comércio Exterior


De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior – SECEX do Ministério de Desen-
volvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC, os municípios que apresentaram algum
tipo de comércio exterior, no período compreendido entre 2000 e 2009, foram Campos dos
Goytacazes, Macaé, São Francisco de Itabapoana e São João da Barra.
Em Campos dos Goytacazes, a balança comercial mostrou bom desempenho entre os anos
de 2000 e 2006, quando as exportações superaram as importações. A partir de meados de
2006, as importações, que viam de um processo de crescimento desde 2005, superaram as
exportações, causando saldo negativo da balança comercial até o início de 2008. Com a
queda das exportações em 2008 e manutenção do nível de importações, a balança comer-
cial volta apresentar saldo negativo em 2009. (Gráfico seguinte).

Gráfico 4 – Campos dos Goytacazes, Exportações, Importações e Balança Comercial, 2000 a


2009

Fonte: MDIC - SECEX


602 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Em 2009, Campos dos Goytacazes exportou para 22 países, tendo como principais destinos
a União Européia, o Mercosul, ALADI (exclusive Mercosul), Estados Unidos e Ásia (exclusi-
ve Oriente Médio). Já as importações se originaram predominantemente da Ásia (exclusive
Oriente Médio) e União Européia.
Os principais produtos exportados foram insumos industriais, bens de consumo duráveis e
bens de capital. E os principais produtos importados foram medicamentos e insumos indus-
triais.
Os fluxos comerciais de Macaé caracterizaram-se no período, pelo crescimento do setor
exportador, especialmente a partir de 2006, e por uma relativa estabilidade das importações
durante o período analisado. Como resultado, a balança comercial, seguindo a tendência
das exportações, apresentou bom desempenho no período (Gráfico a seguir).

Gráfico 5 – Macaé, Exportações, Importações e Balança Comercial, 2000 a 2008

Fonte: MDIC - SECEX

O principal destino das exportações, em 2009, foi Santa Lúcia (Mercado Comum do Caribe),
seguido pelos Estados Unidos e Portugal. No total, o Município exportou para 30 países. As
importações tiveram como principal origem, Estados Unidos e Reino Unido.

O principal produto exportado foi o petróleo, seguido, em menor escala, por insumos indus-
triais e bens de capital. Os principais produtos importados foram insumos industriais, bens
de capital e peças e acessórios de equipamentos de transporte.

Em São Francisco de Itabapoana e São João da Barra, houve fluxos mais tímidos no perío-
do, quando comparados com os de Campos dos Goytacazes e Macaé.

Em São Francisco de Itabapoana, os fluxos foram bastante inconstantes no período. Em


2009, o Município não exportou e importou bens de capital e insumos industriais, ocasio-
nando saldo negativo da balança comercial. Os países de origem das exportações foram
Índia, Espanha e Dinamarca.

Em São João da Barra, com fluxos mais estáveis do que São Francisco do Itabapoana, es-
pecialmente em relação às exportações que foram observadas em todos os anos, no perío-
do entre 2000 e 2009, exportou toda a sua produção para a França, em 2009. Já as impor-
tações tiveram como principal origem a Finlândia. O produto exportado foi a cachaça e os
principais produtos importados foram os bens de capital.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 603


3. AGRICULTURA E AGRONEGÓCIO

3.1 Caracterização Geral

A Região Norte Fluminense é notadamente uma região de tradição agrícola, em especial


baseada no cultivo da cana-de-açúcar, nela desenvolvido há mais de 400 anos. Atualmente,
após um período de declínio, está retomando gradualmente à sua produção, a partir de polí-
ticas federais de incentivo.

Apesar desta tradição e do predomínio da produção agropecuária em alguns municípios da


Região, o PIB da produção agropecuária regional, em 2007, não chegou a representar 1%
do total do PIB da Região, o que pode ser explicado pelo predomínio, em termos de geração
de riqueza, da atividade industrial, especialmente da indústria extrativa mineral.

Ainda que não refletida no PIB regional, a importância deste setor para a Região é muito
grande, pois se constitui na principal base produtiva dos municípios que não estão vincula-
dos, diretamente, à cadeia de petróleo. Campos dos Goytacazes e Macaé, juntamente com
São Francisco de Itabapoana apareçam como os principais produtores da agropecuária da
Região. (Gráfico seguinte).

Gráfico 6 - Participação (percentual) dos Municípios do Norte Fluminense na Geração do PIB


do Setor Agropecuário Regional, 2007

Fonte: IBGE in Ipeadata Regional – Contas Nacionais, 2007.

As características topográficas regionais definem o seu potencial e a sua ocupação agrícola,


compreendendo uma planície de grandes extensões. Tais características justificam o tradi-
cional cultivo de milho, de arroz, de café, de mandioca, de feijão e de banana na Região,
além da cana-de-açúcar. A fruticultura é outro setor que tem se desenvolvido na tendo como
produtos principais o abacaxi, o coco, a goiaba e o maracujá.

3.2 Estabelecimentos Agrícolas

Na Região Norte Fluminense predominam os pequenos estabelecimentos agropecuários.


Segundo o Censo Agropecuário de 2006, dos 17.571 estabelecimentos desse tipo, 15.466
(88,02%) possuem até 50 ha., dos quais aproximadamente 40% se concentram na faixa de
4 ha. a 50 ha. (Tabela seguinte).

604 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 5 – Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários por Grupo
de Área Total, 2006
Variável
Grupos de área total Número de estabelecimentos Número de estabelecimentos
agropecuários (unidades) agropecuários (%)
Total 17.571 100,00
Mais de 0 a menos de 0,1 ha. 1.496 8,51
De 0,1 a menos de 0,2 ha. 291 1,66
De 0,2 a menos de 0,5 ha. 430 2,45
De 0,5 a menos de 1 ha. 785 4,47
De 1 a menos de 2 ha. 1.605 9,13
De 2 a menos de 3 ha. 1.852 10,54
De 3 a menos de 4 ha. 711 4,05
De 4 a menos de 5 ha. 1.255 7,14
De 5 a menos de 10 ha. 2.844 16,19
De 10 a menos de 20 ha. 2.339 13,31
De 20 a menos de 50 ha. 1.858 10,57
De 50 a menos de 100 ha. 865 4,92
De 100 a menos de 200 ha. 519 2,95
De 200 a menos de 500 ha. 359 2,04
De 500 a menos de 1000 ha. 95 0,54
De 1000 a menos de 2500 ha. 38 0,22
De 2500 ha. e mais 9 0,05
Produtor sem área 220 1,25
Fonte: Censo Agropecuário, IBGE, 2006
De acordo com os dados dos Censos Agropecuários de 1995 e de 2006, pode-se perceber
a tendência de crescimento do número de pequenos estabelecimentos, com área de até 10
ha., juntamente com a queda no número de estabelecimentos com áreas maiores, a partir
de 10 ha. A Tabela seguinte mostra que a Região acompanha, em geral, a evolução do
quadro nacional e também do Estado do Rio de Janeiro. Ela mostra, contudo, uma quanti-
dade maior de estabelecimentos agropecuários nas faixas até 10 ha., com proporções para
menos nas faixas maiores, entre 10 e 1.000 ha.

Tabela 6 – Brasil, Estado do Rio de Janeiro, Região Norte Fluminense, Número de Estabeleci-
mentos Agropecuários por Grupos de Área Total, 1995 - 2006
Brasil (%) Rio de Janeiro (%) Norte Fluminense (%)
Grupos por Área Total
1995 2006 1995 2006 1995 2006
Menos de 1 ha. 5,47 11,73 8,66 12,68 10,57 17,09
1 a menos de 2 ha. 5,71 8,54 5,70 8,94 7,49 9,13
2 a menos de 5 ha. 14,04 15,30 15,71 20,05 18,75 21,73
5 a menos de 10 ha. 13,84 12,30 15,30 15,05 15,46 16,19
10 a menos de 20 ha. 17,09 14,24 15,95 13,51 14,50 13,31
20 a menos de 50 ha. 20,59 16,31 17,75 12,73 15,68 10,57
50 a menos de 100 ha. 10,24 7,55 9,39 6,45 8,14 4,92
100 a menos de 200 ha. 6,29 4,26 6,01 3,88 4,62 2,95
200 a menos de 500 ha. 4,16 2,91 3,99 2,57 3,26 2,04
500 a menos de 1.000 ha. 1,42 1,04 1,08 0,6 1,04 0,54
Acima de 1.000 ha. 1,14 0,91 0,45 0,27 0,49 0,27
Sem área ou sem declaração 4,93 3,27 1,25
Fonte: Censo Agropecuário, IBGE, 2006.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 605


Observa-se que, de modo geral, o número de estabelecimentos continua crescendo na Re-
gião Norte Fluminense, ou seja, é maior o desmembramento, parcelamento ou fragmenta-
ção, no período entre 1995 e 2006. Os municípios de Campos dos Goytacazes, Cardoso
Moreira e São Fidélis foram, em grande parte, os responsáveis pelo crescimento do número
de estabelecimentos na Região, enquanto que Conceição de Macabu, Macaé, Quissamã e
São João da Barra apresentaram uma condição reversa, diminuição, ou seja, uma concen-
tração.

O caso de São João da Barra deve ser tratado à parte, uma vez que o município de São
Francisco de Itabapoana foi emancipado do mesmo em 1997, o que justifica a queda acen-
tuada do número de estabelecimentos, como indicado na Tabela seguinte.

Tabela 7 – Região Norte Fluminense, Número e Área dos Estabelecimentos Agropecuários,


1995 - 2006
Área dos Estabelecimentos
Número de Estabelecimentos
Mesorregião Agropecuários
Geográfica e 1995 2006 2006
Município
Número Percentagem Número Percentagem Hectares Percentagem
Norte Fluminense 15.028 100 17.571 100 530.035 100
Carapebus - - 162 0,92 5.798 1,09
Campos dos
7.114 47,34 8.098 46,09 255.738 48,25
Goytacazes
Cardoso Moreira 564 3,75 640 3,64 28.146 5,31
Conceição de
223 1,48 207 1,18 11.506 2,17
Macabu
Macaé 973 6,47 626 3,56 56.591 10,68
Quissamã 317 2,11 265 1,51 12.724 2,40
São Francisco de
- - 3.493 19,88 79.962 15,09
Itabapoana
São Fidélis 2.323 15,46 3.391 19,30 66.695 12,58
São João da
3.514 23,38 689 3,92 12.874 2,43
Barra
Nota: Os municípios de Carapebus e de São Francisco de Itabapoana foram emancipados em 1997.
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário- 1995, 2006.

3.3 Agricultura Familiar

A agricultura familiar predomina na Região e é praticada em 77,78% dos estabelecimentos


agropecuários. Como é usual em propriedades de agricultura familiar, a maioria dos produ-
tores são proprietários da terra, totalizando 84,83% do número de estabelecimentos agrope-
cuários, quando considerados também os estabelecimentos não familiares. Em aproxima-
damente 7% dos estabelecimentos, os produtores são ocupantes, enquanto que, no restan-
te, há: arrendatários (3,15%); assentado sem titulação definitiva (2%); parceiro (1,82%); e
produtores sem área (1,25%).

606 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 8 – Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários por Condi-
ção do Produtor em relação às Terras e Agricultura Familiar, 2006
Variável X Agricultura Familiar
Número de Estabelecimentos Número de Estabelecimentos
Condição do Produtor Agropecuários (Unidades) Agropecuários (Percentual)
Não Agricultura Não Agricultura
Total Total
Familiar Familiar Familiar Familiar
Total 17.571 3.904 13.667 100 22,22 77,78
Proprietário 14.905 3.517 11.388 84,83 20,02 64,81
Assentado sem titulação
352 66 286 2 0,38 1,63
definitiva
Arrendatário 553 130 423 3,15 0,74 2,41
Parceiro 320 36 284 1,82 0,2 1,62
Ocupante 1.221 145 1.076 6,95 0,83 6,12
Produtor sem área 220 10 210 1,25 0,06 1,2
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2006.

3.4 Produtores

Os produtores são em sua grande maioria homens, adultos e possuem baixa escolaridade.
Segundo o Censo Agropecuário de 2006, 84,40% dos estabelecimentos agropecuários são
dirigidos por homens; 58,16% dos dirigentes dos estabelecimentos estão nessa atividade a
pelo menos 10 anos; 90,59% deles têm mais que 35 anos; 48,84% possuem ensino funda-
mental incompleto; 8,41% não sabem ler nem escrever; e apenas 0,36% dos dirigentes pos-
suem curso superior em áreas relacionadas à atividade agropecuária.

3.5 Pessoal Ocupado

De acordo com os Censos Agropecuários de 1995 e de 2006, o total de pessoal ocupado


em estabelecimentos agropecuários aumentou nesse período, passando de 41.599 para
49.945 pessoas. Destes, prevalecem os homens com idade superior a 14 anos, fato que se
intensificou no período observado. A quantidade de pessoas ocupadas menores de 14 anos
passou de 5,16% do pessoal ocupado em 1995 para 1,91%, em 2006.

Tabela 9 – Mesorregião Norte Fluminense, Pessoal Ocupado em Estabelecimentos Agropecuá-


rios por Faixa de Idade e Sexo, 1995
Total Menores 14 anos De 14 anos e mais
Sexo
Pessoas (%) Pessoas (%) Pessoas (%)
Total 41.599 100 2.146 100 39.453 100
Homens 34.004 81,74 1.259 58,67 32.745 83
Mulheres 7.595 18,26 887 41,33 6.708 17
Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 1995.

Tabela 10 – Mesorregião Norte Fluminense, Pessoal Ocupado em Estabelecimentos Agropecu-


ários em 31/12 por Faixa de Idade e Sexo, 2006

Total Menores 14 anos De 14 anos e mais


Sexo
Pessoas (%)l Pessoas (%) Pessoas (%)
Total 49.945 100 955 100 48.990 100
Homens 40.288 80,66 540 56,54 39.748 81,13
Mulheres 9.657 19,34 415 43,46 9.242 18,87
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2006.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 607
Em relação ao pessoal ocupado por grupo de atividade econômica na Região Norte Flumi-
nense, verifica-se que no período de 1995 a 2006, a participação de trabalhadores na lavou-
ra temporária se intensificou passando de 39,85% em 1995 para 53,1% em 2006. Na pecuá-
ria, apesar de ter havido um aumento absoluto no pessoal ocupado nos estabelecimentos
agropecuários, em termos percentuais houve uma ligeira diminuição de pessoal ocupado. Já
a lavoura permanente, apresentou redução, tanto em termos absolutos, quanto em termos
percentuais, ou em relação ao número de pessoas ocupadas.

Tabela 11 – Mesorregião Norte Fluminense, Pessoal ocupado em Estabelecimentos Agropecu-


ários por Grupo de Atividade Econômica, 1995
Variável
Pessoal Ocupado em Pessoal Ocupado em
Grupo de Atividade Econômica
Estabelecimentos Estabelecimentos
Agropecuários (Pessoas) Agropecuários (%)
Total 41.599 100
Lavoura temporária 16.578 39,85
Horticultura e produtos de viveiro 830 2
Lavoura permanente 2.926 7,03
Pecuária 16.815 40,42
Produção mista (lavoura e pecuária) 4.432 10,65
Silvicultura e exploração florestal 16 0,04
Pesca e aquicultura 2 0
Produção de carvão vegetal - -
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário, 1995.

Devido a uma mudança de classificação dos dados entre 1995 e 2006, a comparação do
desempenho das demais atividades neste período, torna-se um pouco mais complicada. No
entanto, cabe destacar o aumento da proporção de pessoal dedicado à horticultura e à flori-
cultura, e também a diversificação das atividades, com o aparecimento, em termos mais
significativos, de outros grupos de atividade econômica.

Tabela 12 – Mesorregião Norte Fluminense, Pessoal Ocupado em Estabelecimentos Agropecu-


ários em 31/12, por Grupo de Atividade Econômica, 2006
Variável
Pessoal Ocupado em Pessoal Ocupado em
Grupos de Atividade Econômica Estabelecimentos Estabelecimentos
Agropecuários em 31/12 Agropecuários em 31/12
(Pessoas) (%)
Total 49.945 100
Lavoura temporária 26.520 53,1
Horticultura e floricultura 1.381 2,77
Lavoura permanente 2.154 4,31
Pecuária e criação de outros animais 19.660 39,36
Produção florestal - florestas plantadas 93 0,19
Produção florestal - florestas nativas 3 0,01
Pesca 77 0,15
Aquicultura 57 0,11
Fonte: IBGE - Censo Agropecuário, 2006.

3.6 Uso da Terra e Cobertura Vegetal

Em termos de prática agrícola, de acordo com os dados do Censo Agropecuário realizado


em 2006, prevalece a área destinada à pecuária e criação de outros animais (62%), seguida
pelas lavouras temporárias (34%). As demais atividades representam um pequeno percen-

608 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


tual na utilização da terra, tendo destaque a lavoura permanente (3%) e a horticultura e flori-
cultura (1%).

Atividades como produção florestal, pesca, aquicultura e sementes, mudas e outras formas
de propagação vegetal apresentam caráter mais pontual, e, portanto, não muito significati-
vas. (Gráfico seguinte).

Gráfico 7 – Região Norte Fluminense, Tipo de Prática Agrícola, 2006

Fonte: Censo Agropecuário, IBGE-2006.


A Tabela a seguir mostra o número de estabelecimentos por grupos de atividade econômica
de acordo com o Censo Agropecuário 2006. Os dados reforçam as observações acima, rela-
tivas à área dos estabelecimentos por grupos de atividades, com o predomínio dos estabe-
lecimentos que praticam a pecuária, seguidos dos estabelecimentos destinados ao cultivo
da lavoura temporária.

Tabela 13 – Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários por Grupos


de Atividade Econômica, 2006
Grupos de Atividade Econômica Número de Estabelecimentos
Lavoura temporária 6.109
Horticultura e floricultura 766
Lavoura permanente 1.022
Sementes, mudas e outras formas de propagação vegetal. -
Pecuária e criação de outros animais 9.547
Produção florestal - florestas plantadas 43
Produção florestal - florestas nativas 2
Pesca 48
Aquicultura 34
Fonte: Censo Agropecuário, IBGE-2006.
De acordo com SOUZA et. aliil, 2006, o predomínio das áreas de pastagens está relaciona-
do a dois motivos principais: o declínio dos preços e das relações de troca dos principais
produtos cultivados e o baixo nível tecnológico da atividade pecuária praticada na Região,

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 609


implicando menor dispêndio com insumos e com mão-de-obra e resultando em menor ne-
cessidade de recursos financeiros e menores riscos diante do mercado. Ainda de acordo
com os autores, “... Esses resultados são, portanto, indícios de que houve um recuo das
principais atividades agrícolas da Região, dentre elas a cana-de-açúcar, em favor de ativi-
dades desenvolvidas extensivamente, com baixos níveis de investimento e pouca exigência
de mão-de-obra.”

3.7 Lavoura Temporária

Entre 1995 e 2008, ocorreu uma considerável redução da área plantada da lavoura temporá-
ria, cerca de 23%, a qual passou de 167.886 hectares para 130.003 ha. Arroz, cana-de-
açúcar e milho apresentaram as maiores reduções de área cultivada no período observado.

Cabe destacar o crescimento bastante significativo do cultivo de abacaxi que, em 1995 ocu-
pava apenas 814 hectares e, em 2008, passou a ocupar 2.932 hectares, o que representa
um aumento de mais de 360% da área cultivada. Contudo, a produtividade no cultivo do
mesmo não se manteve nos padrões de 1995, apresentando queda de quase 8 mil frutos
por hectare. São Francisco de Itabapoana é o principal produtor na região. Em 2008 plantou
2.500 ha., do total de 2.932 cultivados na região. Em 2008, o abacaxi também foi cultivado
em São João da Barra (200 ha.), Campos do Goytacazes (130 ha.), Quissamã (100 ha.) e
Cardoso Moreira (2 ha.).

Tabela 14 – Região Norte Fluminense, Quantidade Produzida, Área Plantada e Produtividade da


Lavoura Temporária, 1995 - 2008
Variável X Ano
Lavoura Temporária Área Plantada (ha) Quantidade Produzida Produtividade
1995 2008 1995 2008 1995 2008
Abacaxi (mil frutos) 814 2.932 24.420 65.630 30,00 22,38
Arroz (em casca) (toneladas) 3.090 392 9.789 1.296 3,17 3,31
Batata-doce (toneladas) 124 72 1.488 794 12,00 11,03
Cana-de-açúcar (toneladas) 149.615 121.105 6.782.275 5.826.365 45,33 48,11
Feijão (em grão) (toneladas) 2.125 678 1.811 573 0,85 0,85
Mandioca (Toneladas) 5.967 3.394 114.898 45.452 19,26 13,39
Melancia (toneladas) 88 71 389 1.310 4,42 18,45
Melão (toneladas) 29 18 224 180 7,72 10,00
Milho (em grão) (toneladas) 5.765 1.286 6.436 2.556 1,12 1,99
Tomate (toneladas) 269 55 10.619 2.386 39,48 43,38
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal
Produtos como o arroz, o feijão e a cana-de-açúcar, tradicionalmente cultivados na Região,
apresentaram queda considerável na área plantada e também na quantidade produzida. O
arroz, por exemplo, passou de 3.090 ha., em 1995,, para 392 ha. de área plantada em 2008,
e a quantidade produzida caiu de 9.789 toneladas pra 1.296 toneladas. Porém, a produtivi-
dade desses cultivos permaneceu a mesma ou até mesmo aumentou, como no caso da ca-
na-de-açúcar1, fator que pode ser atrelado à utilização mais intensa de maquinário e de téc-
nicas de cultivo mais adequadas.

Em 2008, o arroz foi produzido em Macaé (210 ha.), Campos (92 ha.), Cardoso Moreira (70
ha.) e São Fidélis (20 ha.).

1
Devido à importância da lavoura de cana-de-açúcar para a Região, sua cadeia produtiva será analisada em um
tópico específico deste estudo.
610 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Já o feijão, com exceção de Carapebus, Conceição de Macabu e São João da Barra, foi
produzido nos demais municípios da região.

A cana-de-açúcar foi produzida em todos os municípios, com destaque para Campos do


Goytacazes (73.030 ha.), São Francisco de Itabapoana (22.000 ha.) e Quissamã (14.000
ha.).

Outros produtos também apresentaram crescimento em sua produtividade, a despeito da


redução da área plantada e da quantidade produzida. Vale destacar o cultivo da melancia,
que apesar de ter sua área plantada reduzida de 88 ha. para 71 ha., teve um aumento con-
siderável na quantidade produzida, passando de 389 toneladas em 1995 para 1.310 tonela-
das em 2008, devido a um aumento bastante significativo de sua produtividade. Os municí-
pios que apresentaram lavouras de melancia foram Campos do Goytacazes e São Francis-
co de Itabapoana.

Cultivado em Campos dos Goytacazes e São João da Barra, o melão seguiu a mesma ten-
dência da melancia, com redução da área plantada, mas aumento da produtividade na área
cultivada.

Já o cultivo de milho, apesar do aumento na produtividade, apresentou considerável redu-


ção na quantidade produzida, uma vez que a área plantada também sofreu uma drástica
redução. Conceição de Macabu e São João da Barra foram os únicos municípios que não
produziram milho em 2008, na região.

A batata-doce e a mandioca apresentaram queda da área plantada, da produção e da pro-


dutividade no período. Culturas tradicionais na região, especialmente a mandioca, vêm ao
longo dos anos, perdendo área para as pastagens. A mandioca foi cultivada em toda a regi-
ão em 2008. Já a batata-doce foi produzida em Campos dos Goytacazes, Cardoso Moreira,
Macaé, São Francisco de Itabapoana, São Fidélis e São João da Barra.

O tomate, cultivado em Campos dos Goytacazes, Cardoso Moreira, São Fidélis e São João
da Barra, apesar do aumento da produtividade, apresentou expressiva redução da área
plantada e da quantidade produzida entre 1995 e 2008.

3.7.1 A produção da Cana-de-açúcar no Norte Fluminense

A cana-de-açúcar é a cultura de maior importância econômica no Estado do Rio de Janeiro,


quando considerados a área plantada e a quantidade produzida. De acordo com os dados
do IBGE, Produção Agrícola Municipal, em 2008 foram plantados 137.407 hectares, com
uma produção de 6.582.623 t. no Estado. Deste total, a Região Norte foi responsável pelo
cultivo de 121.105 hectares (88,14% do total estadual) e pela produção de 5.826.365 tone-
ladas (88,51% do total estadual). E dentro da Região Norte, o município de Campos dos
Goytacazes respondeu por aproximadamente 60% da área plantada e da quantidade produ-
zida de cana-de-açúcar.

Praticada no Estado desde o inicio da sua colonização, esta cultura se desenvolveu de for-
ma mais abrangente, a partir de meados do Séc.XIX, na Região Norte Fluminense, com a
implantação das usinas de produção de açúcar e álcool, quando se formou o complexo su-
croalcooleiro. Este se fortaleceu ao longo do século XX, especialmente nas décadas de
1970 e 1980, quando incidiram várias políticas de incentivo ao desenvolvimento do setor.
Estas políticas foram apoiadas em grandes somas de recursos financeiros, disponibilizados
através do Instituto do Açúcar e do Álcool-IAA e de programas como o Plano de Racionali-
zação da Indústria Açucareira e do PROÁLCOOL.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 611


O Mapa a seguir, mostra a distribuição das unidades industriais de açúcar e álcool no Esta-
do do Rio de Janeiro, na década de 1970. Como pode se observar, todas estão localizadas
no Norte Fluminense e do total de 23 usinas, 15 se localizavam em Campos dos Goytaca-
zes.

Mapa 2 - Região Norte Fluminense, Localização das Unidades de Açúcar e Álcool, 1970

Fonte: Diagnóstico da Cadeia produtiva da Cana-de-açúcar do Estado do Rio de Janeiro

A partir meados da década de 1980, o complexo sucroalcooleiro passou a apresentar perda


de dinamismo na Região, processo que foi intensificado na década de 1990. De acordo com
AZEVEDO (2004), citado por SOUZA at.al. (2006), as principais razões para esta perda de
dinamismo são: os efeitos dos planos econômicos, dívidas em dólar assumidas no processo
de modernização das firmas, agravadas pela desvalorização da moeda nacional, custos
elevados e baixa produtividade associada ao déficit hídrico regional, que implicam desvan-
tagens num contexto de acirramento da competição com outras regiões. Ainda de acordo
com SOUZA at. alii. (2006), “... somam-se a esses eventos a extinção do IAA, na década de
noventa, e a redução dos estímulos propiciados pelo PROÁLCOOL que, concebido num
contexto de alta do petróleo, decorrente dos choques de 1973 e 1979, perdeu importância a
partir de meados dos anos 80, já num cenário de crise fiscal, aceleração inflacionária e re-
dução dos preços do petróleo, no qual os pesados subsídios até então concedidos às produ-
toras tornaram-se inviáveis.” (SOUZA at. al., 2006).

O resultado dessa perda de dinamismo foi a redução do número de unidades industriais de


produção de açúcar e álcool na região. Como pode se observar no Mapa a seguir, em 2007
existiam apenas oito usinas no Estado do Rio de Janeiro, sendo sete no Norte Fluminense e
uma no município de Cabo Frio.
612 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Mapa 3 - Localização das Unidades Industriais Fluminenses de Açúcar e Álcool, 2007

Fonte: Diagnóstico da Cadeia produtiva da cana-de-açúcar do Estado do Rio de Janeiro

De fato, a baixa produtividade da lavoura de cana-de-açúcar fluminense, especialmente a da


Região Norte, é apontada como uma das principais causas da perda de dinamismo do setor
na região, refletida na pouca competitividade diante de outras regiões produtoras. De acordo
com VEIGA (2006), a agroindústria da cana-de-açúcar do Estado do Rio de Janeiro apre-
senta níveis de produtividade muito aquém dos obtidos nos Estados de São Paulo e do Pa-
raná, por exemplo. Segundo o autor, nestes estados obtém-se 71,24% a mais de açúcar por
hectare que no Rio de Janeiro.
A seguir são relacionadas as principais conclusões do “Diagnóstico da Cadeia produtiva da
cana-de-açúcar do Estado do Rio de Janeiro”, realizado por VEIGA (2006):
• O açúcar produzido no Estado do Rio de Janeiro é comercializado predominante-
mente nas Regiões Norte e Noroeste Fluminense, região dos Lagos e Zona da Ma-
ta de Minas Gerais. O mercado do Grande Rio é normalmente abastecido com o
açúcar do estado de São Paulo. Entretanto, algumas transações têm sido efetua-
das com açúcar produzido no Rio de Janeiro na forma de açúcar triturado. A pro-
dução paulista atinge as demais regiões do Estado do Rio, principalmente no perí-
odo de entressafra, quando, normalmente, encontram-se esgotados os estoques
de passagem regionais.
• A aquisição de álcool hidratado da Região Norte Fluminense tem sido praticada
por distribuidoras de pequeno e médio porte, não sendo comum a ocorrência de
contratos de fornecimento deste produto. As grandes distribuidoras têm apresenta-
do pouco interesse na aquisição dessa produção por contarem com ofertas de ou-
tras regiões produtoras, restringindo-se à aquisição do álcool anidro, que é produ-
zido apenas em duas usinas.
• Existem cerca de 10.000 fornecedores de cana-de-açúcar no Estado do Rio de Ja-
neiro, que foram responsáveis por 61,5% do total de canas esmagadas na safra
2004/2005. A maioria dos fornecedores é constituída por pequenos produtores, os
quais não conseguem nesta atividade recursos suficientes para sua sobrevivência.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 613


Por isso, têm que desenvolver outras ocupações para complementação da sua
renda familiar.
• Constatou-se carência de recursos materiais, principalmente máquinas e imple-
mentos agrícolas, tanto junto à maioria dos fornecedores como em algumas usi-
nas. Também os recursos humanos e financeiros são limitados, o que constitui sé-
ria restrição à adoção de tecnologia.
• A produtividade média da cultura de cana-de-açúcar no Estado do Rio de Janeiro é
baixa quando comparada à média do Brasil e a dos principais estados produtores
de cana. A irrigação e a drenagem são tecnologias importantes para o desenvolvi-
mento da atividade canavieira na região. Considerando-se que já existe uma ex-
tensa rede de canais e que estes se encontram em mal estado de conservação,
causando elevados prejuízos aos produtores, sugere-se a criação de um consórcio
constituído pela SERLA, pelas prefeituras locais e entidades de classe interessa-
das no assunto, que se encarregará de buscar recursos regulares para a perma-
nente manutenção dos canais e obras hidráulicas que compõem o sistema.
• Além da baixa produtividade agrícola, a qualidade média da cana-de-açúcar pro-
cessada no Estado do Rio de Janeiro não é satisfatória, destacando-se as seguin-
tes causas: alto índice de impurezas vegetais e minerais e elevado número de ho-
ras entre a queima do canavial e a efetiva entrega à usina e processamento da ca-
na-de-açúcar.
• Observou-se uma acentuada evasão da mão-de-obra empregada no campo, no
sentido, principalmente, de atividades ligadas direta ou indiretamente à Petrobras e
à indústria ceramista (tijolos e telhas).
• Na região Norte Fluminense, a oferta de mão-de-obra no campo é insuficiente para
atender à demanda regional, sobretudo na fase de colheita da cana-de-açúcar. A
contratação de mão-de-obra procedente de outros estados vem se tornando uma
prática comum das usinas para viabilizarem a colheita de suas lavouras. Este pro-
cedimento tem provocado sérios desgastes e crises nas relações trabalhistas e
operacionais entre as usinas – contratantes – e os trabalhadores.
• Algumas usinas colheram, na safra pesquisada, parte da sua produção com colhe-
deira mecânica. A introdução e a ampliação da colheita mecânica têm ocorrido de
forma discreta devido a motivos dentre os quais se destacam: valor muito elevado
dos investimentos necessários à mecanização, tais como aquisição de colhedeiras,
veículos de transporte apropriados e adaptações na recepção da cana-de-açúcar
na usina; a maioria das usinas não dispõe de recursos suficientes para efetivar es-
ses investimentos.
• A estrutura fundiária regional fragmentada, o sistema de plantio utilizado e o di-
mensionamento inapropriado dos canaviais têm dificultado a introdução e a opera-
cionalização da colheita mecânica da cana-de-açúcar na região.
• Existe uma tendência crescente de remuneração da cana-de-açúcar sob a forma
de açúcar (moeda-produto), com mudanças na forma tradicional de comercializa-
ção.
• O Estado do Rio de Janeiro dispõe de uma concentração de recursos logísticos fa-
voráveis ao desenvolvimento do setor sucroalcooleiro. Visando a contribuir para
este desenvolvimento, sugere-se haver maior integração entre os fornecedores e
as usinas, buscando o atendimento de interesses comuns, por meio de ações que
aumentem a produção e a qualidade da cana-de-açúcar, do açúcar e do álcool.

614 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


• A venda de excedentes de energia elétrica gerada a partir da queima do bagaço
de cana nas usinas para empresas concessionárias de distribuição é uma alterna-
tiva que poderá ser implementada pela usinas da Região Norte Fluminense. Esse
procedimento permitirá ainda às usinas credenciarem-se para receber recursos de
governos e/ou empresas de países desenvolvidos signatários do Protocolo de Qui-
oto, que têm metas de redução de emissão de CO2 a serem cumpridas.
• Deve haver ações mais efetivas dos órgãos de classe e das unidades industriais
visando a estimular a formação de núcleos de pequenos e médios produtores, com
o objetivo de viabilizar e racionalizar o uso de insumos, máquinas agrícolas e mão-
de-obra. Há sugestão para treinamentos relacionados às práticas associativistas.
• Há necessidade de treinamentos na área de gestão da produção, procurando atua-
lizar os produtores em relação à sua atividade e visando à obtenção de eficiência
no agronegócio da cana-de-açúcar.
• É necessária a atuação dos órgãos de classe para desenvolverem ações orienta-
das à formação de grupos para comercialização conjunta da produção de cana-de-
açúcar, bem como à busca de modalidades de financiamento visando a possibilitar
a comercialização de açúcar em períodos de preços mais favoráveis.
3.8 Lavoura Permanente
A lavoura permanente apresenta números bem mais modestos que a lavoura temporária na
região Norte Fluminense, uma vez que a área destinada ao cultivo daquela é muito inferior à
área destinada a essa.
Observa-se, assim como na lavoura temporária, uma tendência de diminuição geral da área
plantada, o que implica diretamente na redução da quantidade produzida na região. Nesse
sentido, o abacate, o café, e a tangerina aparecem como os principais produtos, pois além
da área plantada, tiveram uma redução considerável da produtividade.
A lavoura de café da região foi apontada por MANZATTO (2003), como a menos produtiva
do Estado do Rio de Janeiro. De acordo com o estudo realizado, o café robusta irrigado se-
ria o mais indicado para a região. Os principais produtores de café São Fidélis e Campos
dos Goytacazes.
O cultivo de banana, apesar da redução da área plantada de 3.092 ha. pra 2.648 ha., apre-
sentou um aumento muito significativo na quantidade produzida, o que se justifica por sua
produtividade, que passou de 0,89 t/ha. para 9 t/ha. Com um cultivo mais disseminado pela
região, somente os municípios de Carapebus e Quissamã não apresentaram lavoura de
banana em 2008.
Cabe destacar o crescimento da área plantada do coco-da-baía, que pulou de 56 hectares
em 1995 para 2.033 hectares em 2008, o que impactou diretamente na quantidade produzi-
da, passando de 785 mil frutos para 25.408 mil frutos. Apesar dos aumentos indicados, na
questão da produtividade houve uma pequena queda, de 14,02 t/ha. para 12,50 t/ha. Culti-
vado em toda a região, destaca-se a lavoura de Quissamã, com 1.100 ha. plantados e pro-
dução de 11.000 mil frutos em 2008. O município também possui uma envasadora de água-
de-coco.
A goiaba e o urucum, além do aumento da área plantada, apresentaram também um cres-
cimento em sua produtividade, o que, conseqüentemente implica um aumento da quantida-
de produzida. São Francisco de Itabapoana foi o único município a apresentar cultivo de
urucum na região. Já a lavoura de goiaba, mais disseminada, foi encontrada em Campos
dos Goytacazes, Cardoso Moreira, Macaé, São Francisco de Itabapoana e São João da
Barra.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 615


Tabela 15 – Região Norte Fluminense, Quantidade Produzida, Área Plantada, e Produtividade
da Lavoura Permanente, 1995 - 2008
Variável X Ano
Lavoura permanente Área plantada (ha) Quantidade Produzida Produtividade
1995 2008 1995 2008 1995 2008
Abacate (toneladas) 42 16 1.683 328 40,07 20,50
Banana (cacho) (toneladas) 3.092 2.648 2.741 23.821 0,89 9,00
Café (em grão) (toneladas) 273 97 221 70 0,81 0,72
Coco-da-baía (mil frutos) 56 2.033 785 25.408 14,02 12,50
Goiaba (toneladas) 51 178 1.224 5.000 24,00 28,09
Laranja (toneladas) 297 218 13.426 2.356 45,21 10,81
Limão (toneladas) 15 38 2.350 440 156,67 11,58
Manga (toneladas) - 69 - 1.224 17,74
Maracujá (toneladas) 1.300 112 19.605 1.400 15,08 12,50
Tangerina (toneladas) 16 9 1.080 81 67,50 9,00
Urucum (semente) (toneladas) 115 150 104 240 0,90 1,60
Uva (toneladas) - 5 - 50 10,00
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal, 1995 e 2008.
Alguns produtos apresentaram uma queda bastante acentuada na produtividade, como é o
caso da laranja (passou de 45,21 t/ha. para 10,81 t/ha.), da tangerina (de 67,50 t/ha. para 9
t/ha.), e principalmente do limão (de 156,67 t/ha. para 11,58 t/ha.), que mesmo tendo um
aumento da área cultivada, devido à sua fraca produtividade, apresentou queda considerá-
vel em sua quantidade produzida. Em 2008, o limão foi cultivado nos municípios de Carape-
bus, Campos dos Goytacazes, Conceição de Macabu, São Francisco de Itabapoana e São
Fidélis.

Os municípios produtores de laranja na Região foram Carapebus, Campos dos Goytacazes,


Cardoso Moreira, Quissamã, São Francisco de Itabapoana, São Fidélis e São João da Bar-
ra.

A tangerina, menos disseminada na Região, foi cultivada pelos municípios de Campos dos
Goytacazes, São Francisco de Itabapoana e São Fidélis.

É importante apontar ainda a diversificação da atividade de fruticultura no Norte Fluminense,


uma vez que produtos como a manga e a uva, que não eram contabilizados nos levanta-
mentos de 1995, já aparecem nos dados de 2008, mesmo que com uma produção ainda
incipiente.

3.9 Pecuária

A pecuária na Região Norte Fluminense, apesar de possuir certa diversidade em seu efeti-
vo, está bastante concentrada nos rebanhos de bovinos. Aparecem ainda com algum desta-
que os rebanhos de suínos e eqüinos.

Por ser uma área plana de grandes extensões, essa região é favorável à criação de gado de
forma extensiva, o que vem ao encontro do aumento observado no efetivo de rebanho bovi-
no no período observado, passando de 483.638 cabeças para 661.959 cabeças. Além do
rebanho bovino, apenas os rebanhos de bubalinos e de ovinos apresentaram crescimento
no período de 1995 a 2008, sendo que o rebanho bubalino é bastante pequeno nessa regi-
ão.

Os demais rebanhos apresentaram quedas, muitas vezes significativas, em sua quantidade


nesse período. Cabe destacar a queda acentuada do rebanho de galos, frangas, frangos e
pintos, que passou de 643.299 em 1995 para 102.521 em 2008. Os rebanhos de suínos e
616 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
de galinhas apresentaram queda de aproximadamente 50% de seu efetivo, tendo o suíno
passado de 38.214 para 16.870 e o de galinhas passado de 133.925 para 68.932.

Tabela 16 – Região Norte Fluminense, Efetivo de Rebanhos por Tipo de Rebanho, 1995 - 2008
Ano
Tipo de rebanho
1995 2008
Bovino 483.638 661.959
Equino 25.764 18.257
Bubalino 601 927
Asinino 459 159
Muar 5.091 1.651
Suíno 38.214 16.870
Caprino 4.839 2.530
Ovino 8.051 14.096
Galos, frangas, frangos e pintos. 643.299 102.521
Galinhas 133.925 68.932
Codornas 3.825 1.308
Coelhos 965 684
Nota: Efetivos de rebanho em 31/12
Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal

O município de Campos dos Goytacazes se destaca no Estado do Rio de Janeiro pelo ta-
manho do seu efetivo de rebanhos, especialmente bovinos, equinos, mulas, suínos e ovinos.

Em relação à produção de origem animal, o Norte Fluminense está basicamente consolida-


do sobre a produção de leite e de mel de abelha. A produção de leite cresceu de 64.807 mil
litros de leite em 1995 para 67.709 mil litros em 2008, enquanto o mel de abelha reduziu de
18.572 quilogramas em 1995 para 11.586 quilogramas em 2008.

A produção de ovos de codorna caiu de 17 mil dúzias em 1995 para 13 mil dúzias em 2008,
enquanto a produção de ovos de galinha passou de 786 mil dúzias em 1995 para 714 mil
dúzias em 2008. Pode-se relacionar essa queda na produção diretamente à queda nos efe-
tivos de rebanho de galinhas e de codornas nesse período.

No tocante ao valor da produção, todos os produtos apresentaram crescimento no período


de 1995 a 2008, com destaque para o valor da produção de leite que aumentou mais de três
vezes.

Tabela 17 – Região Norte Fluminense, Produção de Origem Animal por Tipo de Produto, 1995 e
2008
Variável X Ano
Tipo de Produto Produção de Origem Animal Valor da Produção (MR$)
1995 2008 1995 2008
Leite (mil litros) 64.807 67.709 13.988 43.476
Ovos de galinha (mil dúzias) 786 714 455 1.094
Ovos de codorna (mil dúzias) 17 13 9 13
Mel de abelha (quilogramas) 18.572 11.586 102 143
Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 617


Em relação à apicultura, de acordo com o Censo Apícola do Estado do Rio de Janeiro, con-
forme descrito no trabalho de PACHECO, 2007, o norte fluminense possuía, em 2006, 246
produtores, dos quais 57% apresentaram perdas de colméias. Segundo a autora, esta é
uma tendência apresentada pelo Estado, com a perda de colméias se revelando como um
dos fatores responsáveis pela baixa produtividade apícola estadual.

Na região existe a Associação Apícola do Norte Fluminense com sede em São Fidélis, onde
foi construído um entreposto para o processamento do mel.

Cabe destacar que a piscicultura também é uma atividade importante na região, com várias
associações de pescadores, que praticam a pesca artesanal. No entanto, a falta de dados e
estudos oficiais não permite que seja feira uma análise mais aprofundada do setor.

3.10 Silvicultura

De acordo com estudo sobre a silvicultura no Estado do Rio de Janeiro publicado pela FIR-
JAN em dezembro de 2009, foi realizada uma pesquisa pelo Departamento de Silvicultura
do Instituto de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) intitulado
“Estimativa da Área Ocupada por Reflorestamentos no Estado do Rio de Janeiro”, onde fo-
ram identificados 54 polígonos, com área total de 593 hectares na Região Norte Fluminense.

Em relação ao tipo de produto da silvicultura, a lenha aparece como o principal produto, tan-
to em quantidade produzida como em valor da produção. Além da lenha, a produção de ma-
deira em tora é outro produto da Região Norte Fluminense.

Tabela 18 – Região Norte Fluminense, Quantidade Produzida na Silvicultura por Tipo de Produ-
to da Silvicultura, 2008

Quantidade Valor da Produção


Tipo de Produto da Silvicultura
Produzida (MR$)
Lenha (metros cúbicos) 179.152 4.913
Madeira em tora (metros cúbicos) 5.199 386
Madeira em tora para outras finalidades (metros cúbicos) 5.199 386
Fonte: IBGE – Produção da extração vegetal e da silvicultura - 2008

Assim como nas demais partes do Estado, a Região Norte Fluminense possui diversas á-
reas passíveis de reflorestamento, mantendo-se as áreas originalmente ocupadas pela Mata
Atlântica. Entre os fatores limitadores ao reflorestamento e à recuperação de áreas degra-
dadas estão os custos do projeto, a falta de estrutura suficiente de órgãos de fiscalização,
além de empecilhos ligados à legislação ambiental e a pressão de produtores e empresá-
rios.

3.11 Financiamento da Produção, Assistência Técnica e Tecnologia

A prática da atividade agropecuária no Norte Fluminense, com algumas exceções (princi-


palmente em relação ao cultivo das lavouras de cana-de-açúcar), caracterizada pela utiliza-
ção de técnicas tradicionais, pouco produtivas e pouco avançadas tecnologicamente.

Como exemplo, os dados censitários de 2006 mostram que, apenas 1.196 do total de
17.571 estabelecimentos agropecuários possuíam trator. E apenas 170 estabelecimentos
possuíam tanques para resfriamento de leite, do total de 9.547 dedicados à prática de pecu-
ária.
618 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Em relação aos financiamentos, a Tabela a seguir mostra que apenas 670 estabelecimentos
os receberam, em 2006, dos quais 536 foram provenientes de programas de crédito, pre-
dominantemente do PRONAF.

Tabela 19 - Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários que Rece-


beram Financiamento por Recursos Provenientes de Programas Governamentais de Crédito,
2006
Número de
Recursos Provenientes de Programas Governamentais de Crédito
Estabelecimentos
Total 670
Não são provenientes de programas de crédito 134
São provenientes de programas de crédito 536
São provenientes de programas de crédito - PRONAF 449
São provenientes de programas de crédito - outro programa (federal,
85
estadual ou municpal)
São provenientes de programas de crédito - PRONAF e outro programa
2
(federal, estadual ou municpal)
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário, 2006.

A grande maioria dos estabelecimentos rurais, 16.901 dos 17.571 existentes na Região, não
receberam financiamento. Destes, predominaram os que declararam não ter precisado de
financiamento (12.831). Dentre os que supostamente precisaram, destacam-se os que de-
clararam ter medo de contrair dívidas (2.383), os que consideram o processo burocrático
(754) e outros motivos (623). Os demais se mostraram pouco significativos. (Tabela seguin-
te)

Tabela 20 – Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários que Não


Receberam Financiamentos por Motivo da Não Obtenção do Financiamento, 2006
Motivo da Não Obtenção do Financiamento Número de Estabelecimentos
Total 16.901
Falta de garantia pessoal 96
Não sabe como conseguir 98
Burocracia 754
Falta de pagamento do empréstimo anterior 116
Medo de contrair dívidas 2.383
Outro motivo 623
Não precisou 12.831
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário, 2006.

Em relação à assistência técnica, 79,25% dos estabelecimentos declararam não receber


nenhum tipo de assistência, 13% a recebem ocasionalmente e apenas 7,69% a recebem
regularmente. (Tabela seguinte).
Tabela 21 – Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários por Rece-
bimento de Orientação Técnica, 2006
Variável
Orientação Técnica Número de Estabelecimentos Número de Estabelecimentos
Agropecuários (Unidades) Agropecuários (%)
Total 17.571 100
Ocasionalmente 2.295 13,06
Regularmente 1.351 7,69
Não recebeu 13.925 79,25
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário, 2006.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 619


Já em relação à origem da assistência técnica predominam as prestadas pelo governo, se-
guidas das de origem própria e das prestadas por cooperativas. (Tabela a seguir).
Tabela 22 – Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Agropecuários por Origem
da Orientação Técnica, 2006
Variável
Origem da Orientação Técnica Recebida Número de Número de
Estabelecimentos Estabelecimentos
Agropecuários (Unidades) Agropecuários (Percentual)
Total 17.571 100
Recebe 3.646 20,75
Governo (federal, estadual ou municipal) 2.314 13,17
Própria ou do próprio produtor 1.048 5,96
Cooperativas 191 1,09
Empresas integradoras 63 0,36
Empresas privadas de planejamento 111 0,63
Organização não-governamental (ONG) 5 0,03
Outra 88 0,5
Não recebe 13.925 79,25
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário, 2006.

3.12 Agronegócio
O agronegócio é pouco desenvolvido e disseminado na região. De acordo com os levanta-
mentos censitários de 2006, 180 informantes declararam estar envolvidos com a agroindús-
tria rural. Destes, 107 produzem queijo e requeijão utilizando predominantemente a matéria-
prima própria, o que representa uma alternativa de agregação de valor ao leite.
Apesar de ser praticada em poucos estabelecimentos, proporcionalmente ao tamanho da
Região e à importância da atividade agropecuária, a agroindústria mostrou-se relativamente
diversificada. Foram produzidos 16 produtos diferentes em 2006. Depois da produção de
queijo e requeijão, a produção de farinha de mandioca ocupa o maior número de estabele-
cimentos, 29 no total. Os demais produtos são produzidos em poucos estabelecimentos.

Tabela 23 – Região Norte Fluminense, Número de Informantes e Quantidade Produzida na A-


groindústria Rural por Produtos da Agroindústria Rural, 2006
Variável
Quantidade Quantidade
Número de
Produtos da Agroindústria Rural Produzida com Produzida com
Informantes
Matéria-prima Matéria-prima
(Unidades)
Própria Adquirida
Aguardente de cana (mil litros) 4 827 -
Arroz em grão (toneladas) 5 20 10
Café torrado em grão (toneladas) 3 1 0
Café torrado e moído (toneladas) 3 0 -
Doces e geléias (toneladas) 6 21 20
Farinha de mandioca (toneladas) 29 69 25
Manteiga (toneladas) 2 X X
Melado (mil litros) 2 X -
Pães, bolos e biscoitos (toneladas) 2 X -
Polpa de frutas (toneladas) 1 X -
Queijo e requeijão (toneladas) 107 127 27
Rapadura (toneladas) 1 X -
Sucos de frutas (mil litros) 4 1 1
Carne de bovinos (verde) (toneladas) 2 X -
Carne de suínos (verde) (toneladas) 8 3 0
Carvão vegetal (toneladas) 1 - X
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário, 2006.
620 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
3.13 Conclusão

De uma maneira geral, a atividade agropecuária e a agroindústria na Região Norte são ativi-
dades produtivas caracterizadas pelo predomínio de pequenos estabelecimentos, onde se
desenvolvem atividades ainda bastante artesanais, em sua maioria de caráter informal e que
utilizam a mão-de-obra familiar.
Obtêm baixos rendimentos, são ainda pouco profissionalizadas e bastante instáveis. São
pouco competitivas no mercado e os principais problemas enfrentados relacionam-se a: ta-
manho; baixa capacidade gerencial; assistência técnica insuficiente, dificuldades de acesso
ao crédito; comercialização e localização – especialmente as agroindústrias rurais. O pro-
blema da localização reflete-se, essencialmente, na restrição ao tipo e quantidade de produ-
to comercializado e ao difícil acesso a informação, financiamento e apoio institucional.

Cabe destacar, que mesmo tendo ocorrido uma redução da área plantada de cana-de-
açúcar, junto a um aumento da importância de novas atividades, especialmente da fruticultu-
ra, a agricultura da região permanece bastante especializada, tornando-a mais vulnerável ao
comportamento do mercado.

Por outro lado, deve-se considerar a existência de importantes potencialidades para o de-
senvolvimento de tais atividades na região. A forte base agrícola, o grande mercado poten-
cial relacionado à proximidade com centros urbanos de elevada renda per capita, crescente
importância do turismo, rede de transporte relativamente desenvolvida, crescente interesse
e presença de instituições governamentais e não-governamentais, entre outros. Deve-se
destacar a implantação de vários projetos do governo do Estado, como o Rio Rural, Rio Ge-
nética e o Frutificar, além do Programa Balde Cheio da Embrapa.

4. O MERCADO DE CRÉDITO DE CARBONO

Considerando que a mudança global do clima representa um dos grandes desafios da atua-
lidade, medidas para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas têm sido adotadas
pela comunidade internacional e pelo Governo brasileiro. Diante desta realidade a geração
de Créditos de Carbono no cenário nacional, apresenta-se como alternativa eficaz de com-
bate ao avanço do aquecimento global e ao mesmo tempo representa uma oportunidade
para a geração de negócios e riquezas.

Assim, o presente estudo tem como objetivo demonstrar a potencialidade do Estado do Rio
de Janeiro, e mais especificamente das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, no que tan-
ge à geração de Créditos de Carbono, como instrumento do Mecanismo de Desenvolvimen-
to Limpo – MDL, instituído pelo Protocolo de Quioto.

4.1 O Aquecimento Global

Desde a primeira Revolução Industrial (séc. XVIII) 2, o meio ambiente vem sendo gravemen-
te devastado para atender às demandas de oferta e procura do mercado. Dentre as princi-
pais causas do aquecimento global podemos destacar a queima de combustíveis fósseis -
carvão mineral, petróleo e gás natural, para a utilização em transportes e como fonte de e-
nergia -, desmatamento, queimadas das florestas nativas, agricultura e a criação de gado.

2
O processo de degradação ambiental teve início com a primeira Revolução Industrial (Inglaterra - séc. XVIII),
em que a produção em larga escala, a queima de carvão mineral (principal fonte de energia para movimentar
máquinas e locomotivas a vapor), a explosão demográfica, as demandas de consumo e a competição por mer-
cados, começaram a gerar poluição no meio ambiente. Neste momento as cidades industrializadas européias
passaram a emitir toneladas de gases poluentes na atmosfera terrestre.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 621


O desenvolvimento desenfreado – não sustentável - e os elevados níveis históricos de e-
missão de gases do efeito estufa, principalmente pelos países desenvolvidos, acabaram por
culminar no aquecimento global nas proporções atuais.

O aquecimento global decorre da alta concentração de gases causadores do efeito estufa


(GEE) acumulados na atmosfera. Como parte de um processo natural de absorção e libera-
ção de energia, o sol emite Raios Ultravioletas que são absorvidos pela atmosfera terrestre
e liberados na forma de Raios Infravermelhos. No entanto, os GEEs acumulados na atmos-
fera aprisionam parte dos Raios Infravermelhos, retendo-os na atmosfera terrestre causando
o aquecimento do planeta, Vide Figuras a seguir.

Em outro aspecto, a camada de ozônio, presente na estratosfera, de salutar importância,


destina-se a conter parte dos Raios Ultravioletas emitidos pelo sol. Quanto menor é a referi-
da camada de ozônio, maior é a quantidade de Raios Ultravioletas que se prestará a atingir
o planeta Terra, intensificando, via de consequência, a emissão de Raios Infravermelhos, e
em razão do acúmulo de GEEs na atmosfera, gerando maior aquecimento global.

Os principais gases do efeito estufa são regulados pelo Protocolo de Quioto, quais sejam:
CO2 – Dióxido de Carbono; N2O - Óxido nitroso; CH4 – Metano; HFCs – Hidrofluorcarbone-
tos; PFCs – Perfluorcarbonetos e SF6 – Hexafluoreto de enxofre. Os CFCs – Clorofluorcar-
bonetos são regulados pelo Protocolo de Montreal e tornaram-se conhecidos pelo seu gran-
de poder de destruição da camada de ozônio.

O aquecimento global, se não contido a tempo, causará sérias conseqüências atuais e futu-
ras ao planeta, dentre as quais se destacam: a desertificação de algumas áreas; o derreti-
mento das geleiras; aumento da temperatura e do nível dos mares; intensificação das tem-
pestades tropicais e da ocorrência de furacões; decréscimo na capacidade de produção de
alimentos e impactos negativos na biodiversidade.

Neste cenário de mudanças climáticas, a temática ambiental ganhou destaque para a co-
munidade internacional. Então, foram concebidos inúmeros Tratados e Convenções com
objetivo de conter o aquecimento global e fomentar o desenvolvimento sustentável, evitando
assim, maiores prejuízos no futuro.

Figura 1 - Processo Normal de Absorção dos Raios UV e Liberação na Forma de Raios Infra-
vermelhos

Legenda:
Raios Ultravioletas
Raios Infravermelhos

A figura representa o processo normal de absorção dos Raios


UV e liberação na forma de Raios Infravermelhos pela
atmosfera terrestre.

Fonte: Elaboração Rogério Coutinho, 2010

622 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Figura 2 – Modificação na Onda de Energia

Legenda:
Raios Ultravioletas
Raios Infravermelhos

A Figura representa a modificação na onda de energia quando os


Raios Infravermelhos são aprisionados na atmosfera terrestre
pelos gases do efeito estufa (GEEs), causando o aquecimento
global.
Fonte: Elaboração Rogério Coutinho, 2010

4.2 Tratados Internacionais Sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas

Diante da problemática das mudanças climáticas e da necessidade de conciliar progresso e


preservação ambiental, as Convenções sobre o clima começaram a ganhar relevo no deba-
te internacional, culminando na celebração de vários Tratados Internacionais.

Dentre as principais Convenções Internacionais podemos destacar: a Conferência das Na-


ções Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estolcomo, 1972); Conferência das Nações
Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – conhecida como ECO 92 ou Rio 92 (Rio
de Janeiro, 1992); Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (ado-
tada em Nova Iorque/EUA na sede das Nações Unidas e assinada pela maioria das nações
durante a ECO 92) e as Conferências das Partes – COPs.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada no ano de
1972 em Estolcomo/Suécia, foi a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente. Por isso, representa o marco inicial das discussões em nível mundial sobre a te-
mática ambiental. A Conferência chamou a atenção das nações para o fato de que as ações
humanas estavam causando séria devastação ambiental, gerando riscos para a própria so-
brevivência da humanidade, mas não chegou a abordar diretamente a questão climática.

A ECO 92 ou Cúpula da Terra foi uma grande Conferência realizada no Rio de Janei-
ro/Brasil em 1992, com a participação de delegações nacionais de 175 países. Seu objetivo
era introduzir a idéia do desenvolvimento sustentável, como modelo de crescimento econô-
mico pautado no equilíbrio ecológico, e articular a comunidade global em torno do problema
do aquecimento global. Durante a Conferência foram consagrados 27 princípios de política
de prevenção ambiental. A Declaração do Rio - Agenda 21 -, a Declaração do princípio do
manejo florestal sustentável e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do
Clima são alguns dos Tratados celebrados durante a ECO 92, dentre os quais grande parte
das nações participantes tornaram-se signatárias.

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, celebrada em 1992


durante o encontro da Cúpula da Terra, tinha como principal objetivo a estabilização da con-
centração de Gases do Efeito Estufa. Tal Convenção do Clima entrou em vigor no ano de
1994, e já em 1995 as partes da Convenção passaram a reunir-se em encontros denomina-
dos Conferência das Partes - COP. Desde então a Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas avança em suas discussões por meio de reuniões anuais, as
denominadas COPs - Conferências das Partes.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 623
Dentre todas as Conferências das Partes já realizadas, destaca-se a COP-3 que aconteceu
em 1997, na cidade de Quioto/Japão. A Conferência tornou-se importante por ser palco da
celebração do Protocolo de Quioto, que representa o primeiro instrumento a estabelecer
metas de redução de emissão dos gases do efeito estufa aos países desenvolvidos, incluí-
dos no Anexo I do Protocolo, e também a propor um modelo de desenvolvimento limpo para
os países emergentes.

4.2.1 O Protocolo de Quioto

O Protocolo de Quioto - anexo à 3ª Conferência das Partes - foi adotado em 1997, durante a
COP-3, como medida jurídica de combate ao aquecimento global. Começou a vigorar inter-
nacionalmente em 16 de fevereiro de 2005 com a adesão da Rússia ao Tratado, sendo rati-
ficado por 179 países até o momento, que juntos são responsáveis por 55% das emissões
globais.

O documento estabelece que os países do Anexo I (países desenvolvidos), que celebraram


e ratificaram o Protocolo, devem reduzir suas emissões de Gases do Efeito Estufa (GEEs)
em 5,2%, em média, utilizando como base os níveis de emissões observados em 1990. Es-
sa meta deverá ser observada e cumprida entre os anos de 2008 e 2012, que corresponde
ao Primeiro Período de Comprometimento do Protocolo. Anote-se que se os países signatá-
rios do tratado não cumprirem suas metas de redução de emissões, sujeitar-se-ão a penali-
dades. 3

Atendendo aos protestos dos países desenvolvidos que vaticinaram ser inviável a redução
de parte das emissões dos gases do efeito estufa, o Protocolo de Quito prevê que as Partes
podem adotar programas nacionais de redução de emissões. Ofereceu-se, ainda, três me-
canismos de flexibilização para auxiliar os países desenvolvidos a cumprirem suas metas de
redução de emissões assumidas na Convenção, quais sejam:

• Implementação Conjunta (JI – Join Implementation): consiste em uma atividade


de projeto de redução de emissões de gases do efeito estufa implementada por
duas Partes que se encontrem no Anexo I (países desenvolvidos). Nos termos do
artigo 6º do Protocolo de Quioto, as Partes podem transferir ou adquirir umas das
outras unidades de redução de emissões resultantes de projetos por elas imple-
mentados, haja vista que se trata de uma iniciativa conjunta entre dois países in-
dustrializados objetivando o cumprimento de suas metas. É um mecanismo válido
somente entre os 39 países constantes no Anexo I, portanto, não válido no e para
o Brasil.

• Comércio de Emissões (Emissions Trading): instituído pelo artigo 17 do Protocolo


de Quioto, o Comércio de Emissões permite que as Partes que tenham compro-
missos de limitação de emissões, negociem entre si parte de suas metas. Através
deste mecanismo, uma Parte que não conseguiu cumprir a sua meta estabelecida
no Tratado, poderia adquirir uma cota de emissões de outra Parte que tenha atin-
gido e superado esta meta. A exemplo do mecanismo de Implementação Conjunta,

3
O Protocolo de Quioto nos países em que foi ratificado possui força normativa. Assim, os países industrializa-
dos, constantes do Anexo I (que ratificaram o acordo) que não cumprirem suas metas de redução estarão sujei-
tos a penalidades, como por exemplo, serem excluídos de acordos comerciais ou terem sua meta de redução
multiplicada por 1,3 para o próximo Período de Comprometimento, que deve ter início em 2013, além de prestar
contas regularmente às Partes da Conferência informando as medidas tomadas para minimizar o aquecimento
global.

624 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


o Comércio de Emissões também não está disponível para utilização nos países
que não estão dispostos no Anexo I.

• Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL (Clean Development Mechanism


– CDM): criado pelo artigo 12 do documento em voga, é o único mecanismo pelo
qual os países emergentes, não incluídos no Anexo I, podem implementar ativida-
des e projetos de redução de emissões de gases do efeito estufa, que tenham por
finalidade a geração de Créditos de Carbono. Dado a relevância do MDL para o
Mercado de Créditos de Carbono nacional, o mecanismo será discutido com mais
abrangência nos tópicos seguintes.

4.2.2 O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)

O MDL é a alternativa que mais interessa ao Brasil, pois permite que os países não desen-
volvidos participem de projetos de redução de emissões, possibilitando, inclusive, que os
países desenvolvidos invistam nesses projetos. De acordo com artigo 12 do Protocolo de
Quioto, o MDL tem como principal objetivo auxiliar os países não incluídos no Anexo I (paí-
ses não desenvolvidos), a conquistar o desenvolvimento sustentável, contribuindo para o
objetivo final da Convenção, e ainda auxiliar as nações constantes no Anexo I a cumprirem
seus compromissos quantificados de limitação e redução de GEEs.

O mecanismo em tela representa, pois, uma oportunidade para as empresas brasileiras no


desenvolvimento de programas de redução de emissões de GEEs, ou até mesmo de se-
qüestro de gases do efeito estufa através do florestamentos e reflorestamento, manutenção
de florestas nativas, criação de aterros sanitários, dentre outros.

Funcionando como mecanismo de cooperação entre países desenvolvidos (Anexo I) e os


países não constantes no Anexo I, o MDL permite que os países do Anexo I adquiram Certi-
ficados de Emissões Reduzidas (CERs) resultantes das atividades dos projetos implantados
nos países emergentes. Emitidos por organizações credenciadas, os CERs corresponderão
às reduções que decorram da implementação de um projeto, sem o qual as emissões seri-
am mais elevadas. Ou seja, a redução de emissões advindas de um projeto será vendida
sob a forma de CERs.

Os gases do efeito estufa - GEEs são quantificados ou valorados para fins de aquisição dos
CERs ou créditos de carbono, de modo que cada tonelada de um GEE corresponda a uma
quantia diferente na aquisição dos referidos créditos. Esta é uma medida internacional cria-
da com o objetivo de medir o potencial de aquecimento global, que cada um dos seis gases
causadores do efeito estufa possui. O Dióxido de Carbono - CO2 é o gás utilizado como ba-
se de cálculo, uma vez que as quantificações são realizadas considerando a tonelada deste
gás. Por exemplo, o seqüestro de uma tonelada de dióxido de carbono - CO2 equivale a 1
crédito de carbono, conforme Tabela seguinte:

Tabela 24 - Compensação e Equivalência CO2 X Créditos de Carbono


Compensação e Equivalência CO2 X Créditos de Carbono
Gases do Efeito Estufa Créditos de Carbono ou CERs Equivalentes
1 tonelada do CO2 – Dióxido de Carbono 1
1 tonelada do CH4 – Metano 21
1 tonelada do N2O - Óxido nitroso 310
1 tonelada do HFCs – Hidrofluorcarbonetos 140 a 11.700
1 tTonelada do PFCs – Perfluorcarbonetos 6.500 a 9.200
1 tonelada do SF6 – Hexafluoreto de enxofre 23.900
Fonte: Como Comercializar Créditos de Carbono, Antônio Carlos Porto Araújo, 2006

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 625


Dessa forma, com a criação de um aterro sanitário, v.g., podem-se adquirir créditos de car-
bono advindos do seqüestro do gás metano na atmosfera, sendo que 1 tonelada de gás
metano seqüestrado equivale a 21 CERs ou Créditos de Carbono.

Existem diversos espécies de projetos de MDL capazes de gerar créditos de carbono (vide
Tabela seguinte). Dentre os vários segmentos do mercado de carbono, os que mais se des-
tacam são:
• Utilização de Energias limpas: biomassa, eólica, PCHs, solar, e energia geradas
por hidrelétricas, etc.;
• Substituição de combustíveis fósseis por renováveis (óleo, petróleo x gás, biomas-
sa, biocombustiveis, etc.);
• Eficiência energética: redução de consumo de energia elétrica ou térmica;
• Melhorias em tecnologias de processos industriais: siderurgia, alumínio, cimento,
petroquímica, fertilizantes, etc.
• Projetos de seqüestro de biogás, resíduos e efluentes: criação de aterros sanitá-
rios, seqüestros de gases de autofornos, biodigestores, produção e aproveitamen-
to de biogás na agricultura, suinocultura, pecuária, frigoríficos, agra-indústria em
geral, etc.
• Projetos florestais (reflorestamento ou florestamento).
Tabela 25 – Distribuição das Atividades de Projeto no Brasil por Tipo de Projeto
Redução
de
Redução de Emissão
Redução
Projetos em Número Emissão no Número Redução no 1º
Anual de
Validação / de 1º Período de Anual de Período
Emissão
Aprovação Projetos de Obtenção Projetos Emissão de
(Toneladas)
de Crédito Obtenção
de
Crédito
Energia Renovável 215 18.164.438 133.159.388 49,1% 38,1% 35,4%
Suinocultura 74 4.140.069 38.617.535 16,9% 8,7% 10,3%
Troca de Combus-
44 3.271.516 27.382.490 10% 6,9% 7,3%
tíveis fósseis
Aterro Sanitário 36 11.327.606 84.210.095 8,2% 23,8% 22,4%
Eficiência
28 2.027.173 19.853.258 6,4% 4,3% 5,3%
Energética
Resíduos 17 646.833 5.002.110 3,9% 1,4% 1,3%
Processos
14 1.002.940 7.449.083 3,2% 2,1% 2%
industriais
Redução de N2O 5 6.373.896 44.617.272 1,1% 13,4% 11,9%
Reflorestamento 2 434.438 13.033.140 0,5% 0,9% 3,5%
Emissões
3 269.181 2.564.802 0,7% 0,6% 0,7%
Fugitivas

Fonte: Relatório publicado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, utilizando a última compilação do site da
CQNUMC: 01 de fevereiro de 2010: “Status atual das atividades de projeto no âmbito do Mecanismo de desen-
volvimento Limpo (MDL) no Brasil e no mundo”.

4.3 A política Nacional de Mudanças Climáticas

Como prova de que o insucesso nas negociações internacionais da COP-15 (realizada em


Copenhague/Dinamarca de 7 a 18/12/2009), não afetou as intenções do Governo brasileiro,
626 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
no que tange à redução em âmbito nacional das emissões de gases do efeito estufa (GEEs),
foi sancionada pelo Presidente da República no dia 28/12/2009, Lei de Mudanças Climáticas
que institui no país a Política Nacional de Mudança do Clima.

A Lei de Mudanças Climáticas representa o instrumento normativo responsável por introdu-


zir no ordenamento jurídico pátrio, metas de redução de emissões. Anote-se que serão man-
tidos os compromissos já anunciados pelo Brasil durante a COP-15, quais sejam: entre
36,1% e 38,9% de redução das emissões de GEEs, até o ano de 2020.

A Política Nacional de Mudanças Climáticas estabelece princípios, objetivos e políticas pú-


blicas que servirão para auxiliar os diversos setores da economia no cumprimento de suas
metas de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa.

Serão definidas através de decreto presidencial as metas que cada setor da economia as-
sumirá para que a meta global do país seja atingida. Para isso foram previstas para o mês
de janeiro de 2010 reuniões com o Governo, acadêmicos e empresários de aéreas como
construção civil, mineração, setor agropecuário, indústria de bens de consumo, de serviços
de saúde e transporte público, com o objetivo de discutir as metas a serem fixadas no aludi-
do decreto.

Não obstante a previsão de tais agendamentos cumpre-se registrar que nenhuma divulga-
ção do acontecimento das mesmas foi veiculada e divulgada pelo Governo Brasileiro.

4.4 O Fundo Nacional sobre Mudanças Climáticas - Lei nº 12.014/2009

Instituído pela Lei nº. 12.014, de 9 de dezembro de 2009 (publicada no DOU em


10/12/2009), o Fundo Nacional sobre Mudanças Climáticas será administrado por um Comi-
tê Gestor, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, com a participação de representantes
do Poder Executivo Federal e de representantes do setor não governamental. Será constitu-
ído por recursos do orçamento da União oriundos principalmente da exploração do petróleo
e gás natural, de doações e empréstimos de entidades nacionais e internacionais. O Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES será o agente financeiro res-
ponsável por controlar o Fundo.

A partir de 2010 o Fundo começará a ser irrigado com recursos provenientes do lucro da
exploração do petróleo no Brasil. Cerca de R$ 800.000.000,00 (oitocentos milhões de reais)
serão destinados ao Fundo em 2010, e este será mantido com mais ou menos 10% do lucro
da exploração do petróleo e do gás no Brasil. Os recursos do Fundo servirão para financiar
projetos que contribuam para a redução das emissões de gases do efeito estufa no território
nacional.

Note-se que a criação do Fundo, favorece a concepção de novos projetos de MDL, podendo
financiar projetos de mitigação da mudança do clima, apoiar as cadeias produtivas sustentá-
veis, recuperação de áreas degradas e restauração de florestas nativas, formulação de polí-
ticas públicas, dentre outros.

4.5 Mercado de Créditos de Carbono no Brasil

Em 2009, ano em que o Brasil iniciou a exploração do pré-sal, foram instituídas pela Política
Nacional de Mudanças Climáticas metas significativas de redução de emissões de gases do
efeito estufa. Nesse contexto, para que o Brasil possua uma economia de baixo carbono, e
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 627
ao mesmo tempo possa explorar o petróleo, sobretudo, localizado na camada do pré-sal,
será necessário investir parte dos recursos advindos desta exploração para estimular e fi-
nanciar projetos de redução de emissões no território nacional.

Desde a criação e implementação do MDL no Brasil foram registrados 165 projetos brasilei-
ros no Conselho Executivo de MDL da ONU, o que representa 8,47% dos 1.946 projetos já
implementados em nível mundial, segundo dados atualizados até o dia 04/12/2009. Estima-
se que os 165 projetos já implantados possam gerar aproximadamente 20,8 milhões de
Créditos de Carbono por ano no Brasil, com o potencial de negociação total de R$ 686 mi-
lhões em média a.a. Considerando o impacto da crise econômica internacional no mercado
de carbono, atualmente o preço de cada crédito de carbono está cotado entre 12 e 13 euros,
preço este que estava cotado em 20 euros antes da crise.

A título de registro histórico-evolutivo, cumpre-se registrar que no ano de 2008 foram regis-
trados 34 projetos de MDL brasileiros no Conselho de MDL, o que equivale a 9% dos proje-
tos registrados em todo o mundo, que somaram 367. Em 2009 ocorreu uma brusca queda
de 50% no número de projetos registrados junto ao Conselho de MDL da ONU, tendo sido
apresentados apenas 17 projetos. Sendo assim, a participação do Brasil diminuiu no ano de
2009, para 2%, considerando os 610 projetos registrados em âmbito mundial, comparativa-
mente ao ano de 2008.

A Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono (ABEMC) atribui este declí-
nio no número de registro de MDL no país à falta de compreensão quanto ao funcionamento
do mercado de carbono, à ausência de um regime tributário específico, aos riscos regulató-
rios e à falta de definição da natureza jurídica dos CERs (Certificado de Emissão Reduzida).
Somem-se a esses fatores os impactos da crise financeira mundial que reduziu o valor das
cotações, desestimulando assim possíveis investimentos.

No entanto, a expectativa brasileira para o mercado de carbono em 2010 são as melhores,


considerando as metas de redução de emissões fixadas voluntariamente pelo Governo bra-
sileiro, a instituição da Política Nacional de Mudanças do Clima e a criação o Fundo Nacio-
nal sobre Mudanças Climáticas, que já começará a ser irrigado e fomentado em janeiro de
2010.

Posto isso, trabalhados os números dos projetos de MDL efetivamente implantados no Bra-
sil, passa-se a apresentar as estatísticas das atividades de projetos em fase de habilitação
no âmbito do MDL no Brasil e no mundo até fevereiro de 2010, conforme relatório compilado
do site da CQNUMC – acesso Internet (www.mct.gov.br/clima).

Uma atividade de projeto entra no sistema do MDL quando o seu documento de concepção
de projeto (DCP) correspondente é submetido para validação a uma Entidade Operacional
Designada (EOD). Ao completar o ciclo de validação, aprovação e registro, a atividade regis-
trada torna-se efetivamente uma atividade de projeto no âmbito do MDL. As figuras 3 e 3a
mostram o status atual das atividades de projeto em estágio de validação, aprovação e re-
gistro. Um total de 5.804 projetos encontrava-se em alguma fase do ciclo de projetos do
MDL, sendo 2.029 já registrados pelo Conselho Executivo do MDL e 3.775 em outras fases
do ciclo. Como pode ser verificado nas já mencionadas figuras 3 e 3a, o Brasil ocupa o 3º
lugar em número de atividades de projeto, com 438 projetos (8%), sendo que em primeiro
lugar encontra-se a China com 2.162 (37%) e, em segundo, a Índia com 1.546 projetos
(27%).

628 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 8 – Número de Atividades de Projeto no Âmbito do MDL no Mundo

Fonte: Extraído do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Estado do Rio de Janeiro,
SEA (2007).

Gráfico 9 – Participação no Total de Atividades de Projeto no Âmbito do MDL no Mundo

Fonte: Extraído do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Estado do Rio de Ja-
neiro, SEA (2007).

Quanto à distribuição mensal das atividades de projeto do MDL no Brasil, pode-se verificar
da figura 4 a curva de crescimento do número de atividades de projeto no âmbito do MDL no
Brasil, tanto dos projetos que estão em validação ou passaram pela etapa de validação co-
mo dos projetos registrados. Para validação, a curva inicia-se em janeiro de 2004 e, para o
registro, em novembro de 2004, quando o primeiro projeto foi registrado pelo Conselho Exe-
cutivo do MDL, no caso um projeto brasileiro.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 629


Gráfico 10 – Curva de Crescimento das Atividades de Projeto MDL no Brasil

Fonte: Extraído do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Estado do Rio de


Janeiro, SEA (2007).
4.6 Mercado de Créditos de Carbono no Rio de Janeiro

Não se conseguiu fazer uma análise oficial, pragmática e exaustiva do Mercado de Créditos
de Carbono no Estado do Rio de Janeiro, seja quanto à sua instituição e/ou desenvolvimen-
to.
Nada obstante, através de entrevistas com organizações da sociedade civil, como por e-
xemplo, o Instituto BioAtlântica (IBio) e ASM Ambiental, pôde-se perceber que o mercado de
créditos de carbono, no Estado do Rio de Janeiro, tem se desenvolvido de forma bastante
lenta e deficitária.
Fora assentado sistematicamente que apesar de o Estado ter um grande potencial de cres-
cimento, principalmente nas Regiões Norte e Noroeste fluminense, mais especificamente no
campo do florestamento e reflorestamento, não existem políticas públicas incentivadoras
capazes de catapultar tal mercado.
Ressaltou-se que existem diversos projetos caminhando para a certificação CCBA (mercado
voluntário do tipo A, que usa todos os critérios do MDL, diferenciado apenas no que tange à
necessidade da carta de anuência do governo federal).
Outrossim, cumpre-se registrar que não existe ainda processo de sistematização e ranque-
amento dos estados brasileiros produtores de Créditos de Carbono, não sendo possível,
pois, aferir a posição exata e status do estado do Rio de Janeiro no cenário nacional.
Contudo, imperativo destacar que o primeiro projeto de MDL implantado no Brasil, e efeti-
vamente certificado, foi levado a efeito no Estado do Rio de Janeiro, qual seja, o Aterro Sa-
nitário de Nova Iguaçu.

4.7 A Potencialidade dos Créditos de Carbono na Região Norte Fluminense

As emissões de CO2eq de três regiões do Estado do Rio de Janeiro (Metropolitana, Médio


Paraíba e Norte Fluminense) correspondem a cerca de 90% das emissões totais do estado.
A Região Metropolitana é responsável por mais da metade de todas as emissões do estado,
enquanto o Médio Paraíba por cerca de 28% e o Norte Fluminense por pouco mais de 10%,
conforme Tabela seguinte colacionada.

630 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 4 – Relação das Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro e Regiões de
Governo

Na Região Metropolitana, o setor que mais contribui é o de transportes, responsável por


41% de todas as emissões dessa área. Já no Médio Paraíba é o setor industrial (81%), que
é bastante importante para a economia regional. No Norte Fluminense, o setor energético é
responsável por 76% das emissões, em função da existência de termoelétricas importantes.
Todas as outras regiões do Estado apresentam importância global reduzida em relação à
emissão de CO2eq, sendo que nenhuma delas ultrapassa 3,5% do total emitido. Além disso,
nas demais regiões, as emissões são mais equilibradas entre os setores, com exceção da
Baía de Ilha Grande, onde 41% das emissões são ligadas ao setor energético, fato decor-
rente do consumo das usinas nucleares de Angra. Além deste, na Região Serrana, o setor
industrial (33%) e o de transportes (32%) são as principais fontes, com um importante pre-
domínio sobre os demais.

Tabela 26 - Emissões de CO2eq por Região do Estado do Rio de Janeiro


Região Emissão de CO2eq (Gg) (%)
Metropolitana 19.742,0 51,8
Médio Paraíba 10.741,3 28,2
Norte Fluminense 4.035,3 10,6
Serrana 1.280,6 3,4
Baixadas Litorâneas 1.156,6 3,0
Centro-Sul 464,7 1,2
Baía de Ilha Grande 382,9 1,0
Noroeste Fluminense 311,6 0,8
Total 38.115,0 100,0
Fonte: Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Estado do Rio de Janeiro (2007)
De interessante para o presente trabalho, aponta-se, pois, o mercado de créditos de carbo-
no porventura existente nas regiões hidrográficas respectivamente insertas nas regiões de
governo Norte fluminense. É de se ressaltar que a presente análise será desenvolvida a
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 631
partir dos dados das emissões da Região, sobrepostos a real potencialidade dessa área em
gerar créditos de carbono.
A área que abrange toda a porção Norte do estado do Rio de Janeiro, englobando as Regi-
ões Hidrográficas VIII, IX e X do Estado do Rio de Janeiro – vide Mapa anterior, retro cola-
cionada -, possui 9.730,443 km2.
A região Norte apresenta emissões equivalentes a 4.012,9 Gg de CO2eq (10,5%), a menor
emissão de todas as regiões do Estado do Rio de Janeiro – Gráfico seguinte. Constitui-se
na terceira maior emissão de CO2eq pelo uso de energia na comparação com as demais
regiões do Estado do Rio de Janeiro.

Gráfico 11 – Emissões de CO2eq pelo Uso de Energia por Região (Gg CO2eq e %)

Fonte: Extraído do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do


Estado do Rio de Janeiro, SEA (2007).
A análise detalhada de cada uma dessas regiões indica que as emissões pelo uso de ener-
gia se diferenciam bastante.
Na Região Norte prevalecem as emissões a partir do setor energético (76,3%), enquanto os
setores de transporte (15,9%), residencial (3,1%) e industrial (1,4%) ficam em segundo pla-
no. Essa preponderância do setor energético esta relacionado, principalmente, com a extra-
ção de petróleo na bacia de Campos e a atividade de usinas termelétricas, que demandam
grande quantidade de energia para a sua realização e funcionamento, Gráfico seguinte.
Gráfico 12 – Região Norte Fluminense, Participação dos Setores no Total das Emissões de
Gases Estufa pelo Uso de Energia (%)

Fonte: Extraído do Inventário de Emissões de Gases de Efeito


Estufa do Estado do Rio de Janeiro, SEA (2007).
632 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Observa-se que a região Norte é a que apresenta as maiores emissões de CO2eq a partir
dos diferentes usos do solo dentre todas as regiões do Estado. As emissões desta região
totalizam 2.024,5 Gg de CO2eq, o que equivale a 20,0% das emissões do Estado. As emis-
sões por mudanças do uso do solo respondem por quase a metade de todos os gases emi-
tidos na região Norte (45,9%), com valor de 930,02 Gg de CO2eq, que e semelhante aos
valores da região Metropolitana e Centro-Sul.

Com relação às emissões a partir de resíduos sólidos urbanos, observa-se que quase todas
as regiões do Estado apresentam pequena participação nas emissões dos gases de efeito
estufa quando comparadas a região Metropolitana, em virtude desta região concentrar a
maior parte da população do Estado do Rio de Janeiro – Gráfico seguinte. A Região Norte
emite 113,4 Gg de CO2eq, o equivalente a 3,1% das emissões do Estado.
Gráfico 13 – Emissões de CO2eq pelos Resíduos Sólidos Urbanos (Gg CO2eq e %)

Fonte: Extraído do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Estado


do Rio de Janeiro, SEA (2007).

Dos totais emitidos pelos resíduos sólidos urbanos na região Norte Fluminense observa-se
que existe um equilíbrio de emissões entre os aterros sanitários (2,6 Gg de CH4) e os lixões
(2,8 Gg de CH4). Os autores do Inventario de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Esta-
do do Rio de Janeiro ressaltam que, apesar dos aterros sanitários serem uma das melhores
alternativas para a área de saneamento, eles possuem maior fator de emissão. Isto se da
uma vez que a decomposição dos resíduos se da em um ambiente com maior anaerobiose
que nas outras duas opções (aterros controlados e lixões), o que aumenta a metanogenese
(produção de metano).

No que pertine às emissões de gases de efeito estufa a partir dos esgotos sanitários a regi-
ão Norte aparece como a terceira maior emissora de gases de efeito estufa a partir dos es-
gotos sanitários, com quantidades de 52,6 Gg de CO2eq, o que representa 5,5% do total. A
partir da região Norte são emitidas 1,28 Gg de metano e 0,08 Gg de óxido nitroso, enquanto
foi registrada a emissão de 0,35 Gg de metano e 0,04 Gg de óxido nitroso a partir da região
Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2005.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 633


Gráfico 14 – Emissões de CO2eq pelos Esgotos Sanitários por Região (Gg CO2eq e %)

Fonte: Extraído do Inventário de Emissões de Gases de Efeito


Estufa do Estado do Rio de Janeiro, SEA (2007).
Vistos os passivos da Região Norte, imperativo lançar as informações angariadas no que
toca aos projetos efetivamente existentes, se existentes.

Para o desenvolvimento do presente trabalho foi elaborado um resumido questionário, este


submetido às empresas da sociedade civil, tais como Instituto BioAtlântica e ASM Ambien-
tal, ambas sediadas no Rio de Janeiro – capital -, haja vista que nos órgãos governamentais
nenhuma base de dados foi encontrada ou disponibilizada, não obstante as insistentes in-
vestidas.
Assim:
• O Mercado de Créditos de Carbono já funciona efetivamente nas Regiões Norte e
Noroeste fluminense? Existem projetos de Reduções Certificadas de Emissões já
iniciados nessas Regiões? Quais são as espécies de créditos de carbono (reflores-
tamento, suinocultura, utilização de energias renováveis...) gerados nessas Regi-
ões?
• Análise das condições - físicas, fiscais e outras identificadas pelo instituto - favorá-
veis e desfavoráveis ao funcionamento do Mercado de Carbono nas Regiões Norte
e Noroeste Fluminense.
• Quais são as expectativas futuras para a geração de Créditos de Carbono nas Re-
giões Norte e Noroeste fluminense?
• Com o advento da Política Nacional de Mudanças Climáticas e o Fundo Nacional
de Mudanças Climáticas criado no final de 2009, quais são as novas expectativas
para o mercado de créditos de carbono nacional?
Da interpretação literal das respostas obtidas nas entrevistas, unanimemente, foi declinado
não funcionar ainda o mercado de créditos de carbono na região Norte, sendo destacadas
apenas algumas poucas iniciativas, tímidas e incipientes, por parte do setor privado, como
por exemplo, na queima do bagaço da cana-de-açúcar pelas usinas, projetos esses ainda
precários e sem as devidas certificações.

Enfatize-se que existem projetos caminhando para a certificação CCBA, que é o mercado
voluntário, do tipo A (usa todos os critérios do MDL, diferenciado somente no que tange a
carta de anuência do governo federal).
634 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Os projetos que se encontram atualmente em estruturação são o Parque de Carbono (Pedra
Branca) e o Corredor Ecológico do Muriqui (voltado para a região de Macaé).

Não obstante, restou evidenciado que o mercado de carbono no Norte Fluminense é bastan-
te promissor, sobretudo, no que diz respeito ao reflorestamento ou florestamento, seja pelas
condições do solo, pelo relevo, mão-de-obra e espaço geográfico.

Apontaram-se como condições desfavoráveis a falta de políticas públicas direcionadoras,


estipulação de metas e incentivos fiscais.

4.8 Conclusão

Como já demonstrado neste relatório, a geração de créditos de carbono ou de Certificados


de Emissões Reduzidas – CERs representam às empresas brasileiras e às estrangeiras
aqui instaladas, grande oportunidade de participar do mercado de carbono. Mercado este
que segundo a Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Carbono (ABEMC), po-
derá chegar a render ao Brasil aproximadamente US$16 bilhões por ano, já que se tornou
necessidade a redução de emissões do Brasil após a instituição da Política Nacional de Mu-
danças Climáticas.

Nesse contexto, podemos afirmar o grande potencial da Região Norte Fluminense na gera-
ção de CERs. Sobretudo, porque existentes grandes terrenos sem utilização. Assim, essas
áreas podem e devem ser ocupadas com a instalação de geradores eólicos de energia, hi-
drelétricas, usinas processadoras de biomassa, projetos de seqüestro de biogás: criação de
aterros sanitários, produção e aproveitamento do biogás proveniente da agricultura, suino-
cultura, pecuária, mas, sobretudo, de projetos de florestamento e reflorestamento.

Vale ressaltar que, além de rentável, seria interessante para a região utilizar-se do MDL por
meio de projetos de florestamento e reflorestamento, como forma de reconstruir a vegetação
nativa severamente degrada.

Conforme já elucidado, os impactos da crise econômica mundial, a ausência de um regime


tributário especifico, a falta de compreensão quanto ao funcionamento do mercado de car-
bono, a indefinição quanto à natureza jurídica dos CERs e os riscos regulatórios levaram a
queda de 50% dos projetos de MDL no Brasil em 2009 comparativamente ao ano de 2008.
No entanto, esse brusco declínio do mercado tende a ser superado em 2010, considerando
a instituição de metas de redução de emissões, criação do Fundo Nacional sobre Mudanças
Climáticas e a instituição da Política Nacional de Mudanças Climáticas.

Sendo assim, é de grande valia que o Governo do Estado do Rio de Janeiro aproveite este
momento de regulamentação das mudanças climáticas, para conceder incentivos fiscais,
criar e executar políticas públicas que tornem atrativos os investimentos em créditos de car-
bono na Região NorteFluminense, além de auxiliar os empreendedores na confecção dos
projetos de MDL para que seja possível a aquisição de financiamentos junto ao Fundo Na-
cional de Mudanças Climáticas pelos pequenos investidores.

Nas cidades menores da região é de interesse do Governo local investir em créditos de car-
bonos, faltando apenas empreendedores interessados em executar projetos ali localizados.
Daí surge a necessidade de criar condições que atraiam e facilitem esses investimentos no
Norte Fluminense.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 635


Foto 1 - Região Abrangida pelo Domínio Geoambiental Norte-Noroeste Fluminense

São áreas bastante dissecadas, em que predominam solos de elevada fertilidade natural,
capazes de promover o seqüestro de carbono, por meio de projetos de florestamento e
reflorestamento.
Fonte: Estudo realizado pela Embrapa em dezembro de 2004: “Macropedoambientes da
Região Noroeste Fluminense – uma contribuição ao planejamento ambiental”.

Foto 2 - Região Abrangida pelo Domínio Geoambiental Norte-Noroeste Fluminense

Em algumas áreas o relevo apresenta-se forte e ondulado.


Fonte: Estudo realizado pela Embrapa em dezembro de 2004: “Macropedoambientes da Região
Noroeste Fluminense – uma contribuição ao planejamento ambiental”.

636 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Foto 3 - Região do Planalto do Itabapoana

Em geral são áreas dessecadas. Os solos desse ambiente caracterizam-se pela


fertilidade natural baixa, com baixa a média retenção de água. Considerando a
baixa fertilidade, está região pode ser utilizada para a instalação de energias renováveis.
Fonte: Estudo realizado pela Embrapa em dezembro de 2004: “Macropedoambientes da
Região Noroeste Fluminense – uma contribuição ao planejamento ambiental”.

5. TURISMO

5.1 Turismo Sustentável

O turismo é uma das maiores atividades econômicas do planeta, movimentando 10% do PIB
mundial. Segundo a Organização Mundial do Turismo, cada dólar investido em turismo por
um país gera seis dólares de retorno.

No Brasil, mesmo longe de atingir todo o seu potencial, a atividade já é uma das principais
fontes de entrada de dólares no país. Com 5 milhões de visitantes estrangeiros em 2008, o
Brasil é o principal mercado turístico internacional na América do Sul e ocupa o segundo
lugar na América Latina em termos de fluxo de turistas internacionais.

Mas bons resultados exigem cautela e planejamento. O desenvolvimento não-controlado de


um destino turístico pode levar ao esgotamento de seus recursos naturais, à descaracteriza-
ção de seu patrimônio cultural e ao desequilíbrio social. Em conseqüência, a região se dete-
riora, perde sua atratividade e os turistas desaparecem, rumo a novos destinos.

O turismo sustentável surge como alternativa para quebrar esse ciclo e assegurar a viabili-
dade dos destinos e empreendimentos a longo prazo. Apresenta-se, também, como condi-
ção para que o turismo possa contribuir substantivamente para a promoção do desenvolvi-
mento econômico e social, para a proteção do meio ambiente e para a diversidade cultural.

Para a Organização Mundial do Turismo (1999):

“Turismo sustentável é a atividade que satisfaz às necessidades dos turistas e as ne-


cessidades socioeconômicas das regiões receptoras, enquanto a integridade cultural,
a integridade dos ambientes naturais e a diversidade biológica são mantidas para o
futuro”.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 637
Por ser uma das maiores indústrias do mundo e por envolver atividades das mais distintas, o
turismo tem um imenso potencial transformador. Ele é fundamental para o aumento das ta-
xas de emprego, exigindo investimentos de menor vulto que quaisquer outros setores para
criar postos de trabalho. Necessita de serviços que dificilmente podem ser substituídos por
máquinas e automatismos e cria vagas que beneficiam tanto os menos qualificados, quanto
profissionais especializados. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, o turismo res-
ponde por um em cada nove empregos no mundo (11% dos postos de trabalho) e, no Brasil,
as atividades turísticas empregavam cerca de 1,4 milhões de trabalhadores, em 2003 (me-
nos de 2% da PEA).

5.2 Regiões Turísticas do Estado do Rio de Janeiro

De acordo com a TURISRIO – Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro, o Esta-


do do Rio de Janeiro, foi divido em 11 regiões turísticas. Esse mapeamento tem por objetivo
a organização territorial e a gestão da atividade. O trabalho resultou no agrupamento de um
determinado número de municípios, conferindo praticidade nas ações propostas para o de-
senvolvimento do setor, sem perder de vista a necessária integração das diversas regiões
na realização e promoção do produto turístico de todo o estado. As regiões foram identifica-
das levando em consideração a homogeneidade e complementaridade das identidades ge-
ográficas, paisagísticas, territoriais e da oferta de infraestrutura e serviços. Esse processo
de regionalização é dinâmico e vem sendo ajustado para atender novos cenários.
No momento, as 11 regiões turísticas (Mapa seguinte) do Estado do Rio de Janeiro, com os
municípios que delas fazem parte, são as seguintes:
• Metropolitana: Niterói e Rio de Janeiro;
• Agulhas Negras: Itatiaia, Resende, Porto Real e Quatis;
• Baixada Fluminense: Belford Roxo, Duque de Caxias, Japeri, Mesquita, Nilópolis,
Nova Iguaçu, Queimados, São João de Meriti e Seropédica;
• Caminhos da Mata: Itaboraí, Rio Bonito, Silva Jardim, São Gonçalo e Tanguá;
• Costa Doce: Campos dos Goytacazes, Cardoso Moreira, São Francisco do Itaba-
poana, São Fidelis e São João da Barra.
• Costa do Sol – Região dos Lagos: Araruama, Armação dos Búzios, Arraial do
Cabo, Cabo Frio, Carapebus, Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Macaé, Maricá,
Quissamã, Rio das Ostras, São Pedro da Aldeia e Saquarema;
• Costa Verde: Angra dos Reis, Itaguaí, Mangaratiba, Paraty e Rio Claro;
• Noroeste das Águas: Aperibé, Bom Jesus do Itabapoana, Cambuci, Italva, Itaoca-
ra, Itaperuna, Laje do Muriaé, Miracema, Natividade, Porciúncula, Santo Antônio de
Pádua, São José de Ubá e Varre-Sai;
• Serra Norte: Bom Jardim, Cantagalo, Carmo, Conceição de Macabu, Cordeiro,
Duas Barras, Macuco, Santa Maria Madalena, São Sebastião do Alto, Sapucaia,
Sumidouro e Trajano de Morais;
• Serra Verde Imperial: Areal, Cachoeiras de Macacu, Comendador Levy Gasparian,
Guapimirim, Magé, Nova Friburgo, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Te-
resópolis e Três Rios;
• Vale do Café: Barra do Piraí, Barra Mansa, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes,
Miguel Pereira, Paracambi, Paraíba do Sul, Paty do Alferes, Pinheiral, Piraí, Rio das
Flores, Valença, Vassouras e Volta Redonda.

638 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 5 – Regiões Turísticas do Estado do Rio de Janeiro

Fonte: www.riodejaneirohotel.com.br

5.2.1 Regiões Turísticas dos Municípios da Região Norte Fluminense

Os municípios que fazem parte da Região Norte do Estado do Rio de Janeiro estão inseri-
dos nas seguintes regiões turísticas:

• Costa Doce:

A Região da Costa Doce possui 5.617,3 km² e 525.200 habitantes. Apresenta um grande
potencial para desenvolver o turismo de veraneio, tendo como demanda o interior do Estado
do Rio de Janeiro e os municípios vizinhos dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

No cenário de belezas naturais estão inseridos núcleos urbanos e fazendas que testemu-
nham a história e constituem o patrimônio cultural e histórico regional. A região comporta
diversos exemplares de solares urbanos e de fazendas e templos remanescentes do ciclo
da cana-de-açúcar (século XIX).

• Costa do Sol – Região dos Lagos:

A Região dos Lagos – Costa do Sol, com 5.295,2 km² e 672.598 habitantes, possui um lito-
ral de rara beleza e grande diversidade, com praias procuradas para a prática do surf e do
mergulho, e com lagoas de grande apelo paisagístico e grande potencial para as atividades
náuticas e balneárias.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 639


Observa-se também, como fator importante de atração turística, a proximidade da cidade do
Rio de Janeiro e o clima com insolação estável durante todo o ano, com pouca variação de
temperatura e baixo índice pluviométrico.

A região também registra, como grande apelo turístico, o patrimônio histórico e cultural com
exemplares arquitetônicos retratando a história local, artesanato, artes plásticas, vestuário e
gastronomia.

Nas áreas rurais encontram-se algumas sedes de fazendas de grande importância histórica
e arquitetônica, remanescentes dos séculos XVIII e XIX, que marcaram o apogeu do ciclo da
cana de açúcar na região.

• Serra Norte:

A Região Turística, com 5.118,8 km² e 170.627 habitantes, apresenta um grupo de municí-
pios inseridos em um ambiente montanhoso, com vales e encostas de expressiva beleza
natural, enriquecido pela presença de remanescentes da Mata Atlântica tombada (matas de
topo), incluindo o Parque Estadual do Desengano, em grande parte situada no município de
Santa Maria Madalena. O perfil predominantemente rural da maioria dos seus municípios e
a tranqüilidade de pequenas cidades interioranas propicia o desenvolvimento do turismo
rural e do ecoturismo, com destaque também para o turismo de compras (moda íntima) e
religioso. Merece destaque ainda, conjuntos de arquitetura típica, como o existente na cida-
de de Duas Barras, que podem vir a ter valor apelativo para um mercado turístico específico.

5.3 Descrição dos Principais Atrativos Turísticos da Região Norte do Estado do


Rio de Janeiro

5.3.1 Campos dos Goytacazes

• Rio Paraíba do Sul: atravessa todo o Estado do Rio, de sul a norte, e, nas Regiões
Norte e Noroeste têm afluentes que comandam toda a drenagem da área. Os prin-
cipais da margem esquerda são o Muriaé (que banha Laje do Muriaé, Itaperuna, I-
talva e Cardoso Moreira) e o Pomba (que serve Santo Antônio de Pádua, Aperibé e
Cambuci). Os principais da margem direita são os Dois Rios (São Fidélis), o Rio do
Colégio (também São Fidélis) e o Rio Preto (Campos). Curvilíneo no trecho do mu-
nicípio cria uma belíssima paisagem com suas 48 pequenas ilhas arborizadas com
espécies como a lombrigueira e o ingá, além de vegetação rasteira. Não há praias
ou cachoeiras e antigamente era possível a navegação por barcos a vapor, mas,
atualmente, é navegável somente para barcos de pequeno calado. O Rio Muriaé
tem águas barrentas com temperatura fria, mas seus recursos hídricos, contudo,
são da maior importância para o abastecimento d'água da cidade de Campos e pa-
ra o desenvolvimento das plantações as suas margens.

• Parque Estadual do Desengano: com uma área de 22.400 ha, constitui o último
trecho da mata Atlântica no norte do Estado, situado em terras dos municípios de
Campos, Santa Maria Madalena e São Fidélis. O Parque é o local de maior concen-
tração de avifauna da Serra do Mar em território fluminense. Sua fauna terrestre
também é rica e ali se encontra o mono-carvoeiro, maior primata das Américas.

640 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Foto 4 – Região Norte Fluminense, Campos do Goytacazes, Parque Estadual do Desengano

Fonte: http://br.viarural.com/servicos/turismo/parques-estaduais/
parque-estadual-do desengano/default.htm

• Bela Joana: região situada no Vale do Rio Preto, distrito de Morangaba a sudoeste
do município, apresenta características rurais devido à predominância da agricultu-
ra e da pecuária. A região abriga trechos remanescentes da Mata Atlântica, com
belas cachoeiras, montanhas, riachos e um verde exuberante.

• Rio Bela Joana: afluente do Rio Preto possui águas cristalinas e quedas que for-
mam grandes blocos rochosos, com diversas piscinas naturais.

• Pico "Peito de Moça": com 700 m. de altitude, guarda semelhança com o Pão de
Açúcar.

• Cachoeira Pedra Rasa: é uma das mais belas cachoeiras da região, além de ser
uma das maiores, com uma queda de 80m de altura.

• Tombo D'Água: em Morangaba, caracteriza-se pelas imensas formações rocho-


sas, por onde jorram as águas de uma altura de 80m, formando 3 saltos. No local
há uma piscina natural com aproximadamente 50m de comprimento, e fundo are-
noso. Ao redor a vegetação segue intocada, onde se destacam bromélias, samam-
baias, orquídeas de diversas espécies e árvores de grande porte, como cedro, ipê,
jequitibá, jatobá, pau pereira, canela e coqueiro Indaiá.

• Cachoeira do Rio Mocotó: próximo de São Fidélis, onde águas jorram brancas de
espumas por estreita fenda e se precipitam de uma altura de mais de 40m em uma
piscina natural. Suas águas claras, transparentes, de temperatura amena no verão
e fria no inverno, são propícias para banhos.

• Pico São Mateus: em Morangaba, com 1.576m de altitude, é o ponto mais elevado
do município e oferece ampla vista de todo o seu território e da paisagem natural da
Mata Atlântica.

• Lagoa de Cima: entre Ibitioca e Morangaba, foi chamada por D. Pedro II de "Lagoa
dos Sonhos", nome pelo qual também é conhecida. Suas águas da lagoa têm boas
condições para banhos, pesca de vara e navegação de pequenos barcos.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 641


Foto 5 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Lagoa de Cima

Fonte: http://br.olhares.com/lagoa_de_cima_camposrj_foto2593101.html

• Morro do Itaóca: em Ibitioca, uma das 7 elevações que fazem parte do Maciço de
Itaóca, é o ponto culminante, com 414m de altitude. Do seu pico avista-se a Lagoa
de Cima e parte da cidade de Campos.
Fotos 6 e 7 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Morro do Itaóca

Fonte: http://www.trilhaseaventuras.com.br/diarioviagem/viagem.asp?id=249&id_colunista=44

• Pedra Lisa e Pedra do Baú: em Morro do Coco, ao norte do município. A primeira


em altura aproximada de 726m, enquanto a Pedra do Baú, localizada ao lado, pos-
sui menor altitude, porém maior dimensão. Do acesso tem-se ampla vista de toda a
planície e de localidades do município, dentre os quais, Santa Maria, Santo Eduar-
do, Santa Bárbara e Vila Nova.

• Pantanal da Costa Doce: nome dado à Lagoa Feia, a maior do Estado, com área
total de 130km² e profundidade média de 2 metros, faz divisa entre Quissamã e
Campos. A partir de Campos, o acesso se dá pela Ponta Grossa dos Fidalgos, pró-
xima a Tocos. Em toda a orla, junto às suas margens, a vegetação aquática é for-
mada por iguapés, taboas, paperis, oraltas de burro, damas-do-lago etc.

642 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Foto 8 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Pantanal da Costa Doce

Fonte: http://www.juberj.com.br/default.aspx?code=88

• Praia do Farol de São Tomé: com extensão de 40km, há casuarinas plantadas em


sua orla que mudam de coloração conforme os ventos. Nela está localizada a Área
de Preservação Ambiental do Lagamar.

• Igreja Matriz de São Salvador: a primeira igreja de Campos foi mandada construir
em 1652, no local onde hoje está localizada a Igreja de São Francisco. Em 1678, foi
transferida para o local onde hoje se encontra. Em 1722, foi substituída por outra
mais ampla. Em 1929, foi elevada à categoria de Catedral, quando então foi demo-
lido o templo para dar lugar à atual matriz, em estilo neoclássico, inaugurada em
1935 por ocasião do centenário da cidade. Foi elevada a Basílica Menor em 1965
pelo Papa Paulo VI.

• Igreja de Nossa Senhora da Lapa (Asilo da Lapa): construção de 1748, com um


anexo onde outrora funcionou o quartel do Destacamento de Milicianos, destinado a
seminário já no século XIX, servindo também de sede ao Liceu de Humanidades.

• Museu Barbosa Guerra: fundado com o nome de Museu de Imprensa Silva Arcos
em 1931, possui em seu acervo objetos pertencentes aos índios goytacazes e aos
escravos africanos, além de possuir exemplares de revistas e jornais, objetos e
mobiliários antigos, videoteca de 500 títulos, biblioteca com mais de seis mil títulos,
e um laboratório de fotografia.

• Casa de Cultura Villa Maria: construção datada de 1918, no melhor estilo de vilas
italianas. Entre os anos de 1979/89, foi sede do Governo Municipal, que a restaurou
e manteve até que, no início dos anos 90, com a instalação da Universidade Esta-
dual do Norte Fluminense - UENF, nela foi instalada a sede da reitoria.

5.3.2 Carapebus
• Parque Nacional de Jurubatiba: criado em 1998, é uma área de restinga de 14 mil
hectares com muitas lagoas, abrangendo os municípios de Macaé, Carapebus e
Quissamã. O parque é formado por 44 km de costa. A diversidade de Jurubatiba é
tão importante que lá podem ser encontrados vestígios tanto do sertão nordestino,
quanto da Floresta Amazônica e as clusias. A área de preservação possui 12 lago-
as costeiras e inúmeros brejos temporários e permanentes, com florestas inundá-
veis e inundadas. Entre as espécies da flora, destacam-se a pitangueira, o cajueiro,
a erva-mate e madeiras de lei, como o angelim-rosa, o aderno, o catambu, a caixe-
ta e o ipê-amarelo. No Parque vivem jacarés, capivaras, tatus, lontras, tamanduás-
mirins, além de um número considerável de aves e peixes. Das lagoas costeiras

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 643


dependem várias espécies de aves aquáticas, residentes e migratórias, como ire-
rês, marrecas-caboclas, patos de crista, marrecas-queixo-branco e outras.
Foto 9 – Região Norte Fluminense, Carapebus, Parque Nacional de Jurubatiba

Foto: Felipe Fragoso

• Praia de Carapebus: de extensão aproximada de 12km, encontra-se no Parque,


entre as praias de Lagomar, em Macaé, e João Francisco, em Quissamã. Suas á-
guas são frias e transparentes, as areias têm granulação grossa e cor escura. Es-
treito cordão de restinga paralelo à praia separa o oceano de diversas lagunas.
Foto 10 – Região Norte Fluminense, Carapebus, Praia

Foto: Plabo Carneiro

• Lagoa de Carapebus: formada pelos córregos do Sameiro, Maracujá e Jacutinga e


ligada ao canal Macaé-Campos, tem área aproximada de 10km², possui vegetação
típica de restinga junto às suas margens. Possui água doce e morna, de tonalidade
escura e pouca transparência.

• Igreja Matriz de Nossa Senhora da Glória: inaugurada em 1950, é uma das mais
belas de toda região. Sua construção iniciou-se em 1932 e, apesar de não estar
acabada interiormente, foi entregue ao culto em 1939.

5.3.3 Cardoso Moreira


• Rio Muriaé: cuja nascente está localizada em Miraí, Minas Gerais, percorre Muriaé
e Patrocínio (ambas em MG) e depois, já no Estado do Rio, Lajes do Muriaé, Itape-
runa, Italva e Cardoso Moreira, desaguando no rio Paraíba do Sul em Campos. O
seu percurso passa pelo centro da cidade de Cardoso Moreira, formando corredei-
ras e cachoeiras.

644 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


• São Joaquim: região de pastagem, a serra ao redor do distrito possui plataformas
em pedra de grande beleza.

• São Luís: localidade rodeada de altas montanhas e pedreiras em belíssimo vale.

• Valão do Fura-Olho: possuindo corredeiras e piscinas naturais, ocorrendo um fe-


nômeno na época das cheias na nascente do rio em Campos quando água dessas
cheias demora cerca de 12 horas para atingir o local do poço, subindo seu nível e
rodopiando por cerca de 40 minutos.

• Câmara de Vereadores/Antiga Estação Ferroviária: construída em 1878, fazem


parte do conjunto arquitetônico a caixa d'água e o prédio do rancho em aço pré-
moldado.

5.3.4 Conceição de Macabu

• Cachoeira da Amorosa: desnivelamento do rio Carogango, tem dois saltos parale-


los, com altura aproximada de 15 m., que em época de maior incidência de chuvas
podem se tornar um só. Os saltos formam uma piscina natural com pouca profundi-
dade.
Foto 11 – Região Norte Fluminense, Conceição de Macabu, Cachoeira da Amorosa

Fonte: http://www.conceicaodemacabu.rj.gov.br/turismo.php?pag=3

• Cachoeira Santo Agostinho: apesar do nome, trata-se de uma pequena corredei-


ra de águas claras e temperatura fria, que não apresenta quedas e sim um pequeno
desnível que forma piscina natural de 20 m. de comprimento e 5 m. de largura, for-
mada pelas tranqüilas águas do Rio Santo Agostinho.

• Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição: situada no centro da cidade em


frente a Praça Santos Dumont, sua construção original é de 1855.

5.3.5 Macaé
• Lagoa de Imboacica: com área aproximada de 5 km², identifica-se como trecho de
limite entre os municípios de Macaé e Rio das Ostras. Estreita faixa de areia a se-
para do oceano. Suas águas têm tonalidade, temperatura e transparência constan-
tes durante o ano, com presença de praias principalmente no trecho sul da Lagoa,
junto à restinga.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 645


• Praia do Pecado: tem cerca de 1.000 m de extensão, com areias grossas e escu-
ras, águas mornas e transparentes. Possui, ainda, afloramento de rochas no ocea-
no, localizados entre 50 m a 180 m de distância da praia, em linha paralela à costa.

• Praia dos Cavaleiros: tem cerca de 1500 m de extensão, sendo conhecida como a
“Copacabana” macaense.

Foto 12 – Região Norte Fluminense, Macaé, Praia dos Cavaleiros

Fonte: http://www.flickr.com/photos/ondemostro/149408204/

• Praia do Farol/Prainha: com cerca de 500 m de extensão, tem águas mornas,


transparentes, e areias grossas, com tonalidade amarelada. Está localizada junto a
uma encosta rochosa onde estão as ruínas do Farol de Imbetiba/Farol Velho.

• Praia do Forte: situada entre a Ponta do Forte e a Foz do Rio Macaé, tem aproxi-
madamente 150 m de extensão. Nela está o Forte Marechal Hermes, construído no
início do século XX.

• Morro de Sant’ana: com 100 m. de altura, nele estão localizados a Igreja de


Sant’ana, construída em 1630, e o mirante do Cruzeiro de Sant’Ana. De seu topo
avista-se o complexo urbano de Macaé, a orla marítima, o Rio Macaé e seu expres-
sivo manguezal e, ao fundo, a região serrana.

• Praia da Barra: com extensão aproximada de 2 km, suas águas apresentam cons-
tante variação em sua cor, transparência e temperatura.

• Praia de São José do Barreto: com extensão aproximada de 10 km, identifica-se


como prolongamento da Praia da Barra. Em mar aberto, com águas mornas e escu-
ras, suas areias grossas, de tonalidade amarelada, têm um dos maiores índices de
areias monazíticas de todo o litoral macaense. Do local avista-se o arquipélago de
Sant'ana, além da longa faixa de praias da região, com ocorrência de desova de
tartarugas.

• Arquipélago de Sant’Ana: composto pelas Ilhas de Sant’Ana, do Francês, Ilhote


do Sul, e Ilha Ponta das Cavalas, destacando-se ainda o grupamento de rochedos
concentrados em maior número próximo a Ilha do Francês. Local de desova de vá-
rias espécies de aves marinhas, principalmente gaivotas. Possui duas extensões de
praia, com águas transparentes e areias claras.

646 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Foto 13 – Região Norte Fluminense, Macaé, Arquipélago de Sant’Ana

Fonte: http://www.riodejaneirocapital.com.br/macae/

• Parque Ecológico Fazenda Atalaia: em Córrego do Ouro, ocupa uma área de 235
ha de Mata Atlântica. Antigo manancial que abastecia a cidade com água potável,
hoje é local histórico devido à importância de suas construções no passado.

• Pico do Frade: distante 6km de Glicério está localizado na Serra dos Crubixais, a
maior reserva florestal do município, na fronteira com Trajano de Morais, estando a
1.429 m de altitude, ponto mais elevado de Macaé, sendo constituído de duas for-
mações rochosas: a maior, do Frade, e a Pedra do Paulo, hoje também conhecida
como Pedra do Grito. Do pico tem-se ampla vista de toda a região serrana e de to-
do o litoral macaense.
Foto 14 – Região Norte Fluminense, Macaé, Pico do Frade

Fonte: http://www.macaecvb.com.br/modules.php?name=Geral&showPage=true&pageID=21

• Pico Peito de Pomba: a 6 km do Arraial do Sana, tem altura aproximada de 1.400


m e se destaca como ponto de referência e atração da região do Sana. No seu cu-
me há uma formação rochosa com altura de 50 m, com o formato de um peito de
pomba. Do local avista-se a região serrana de Macaé e o Arraial do Sana.

• Igreja de São João Batista: situada na Praça Veríssimo de Melo. Provável cons-
trução do século XVIII foi originalmente erigida como capela da Irmandade de São
João Batista, sendo posteriormente ampliada para dar lugar à atual Igreja Matriz.
Destacam-se no interior, também as imagens sacras em tamanho natural de Nossa
Senhora das Dores, Senhor Morto e Jesus carregando a cruz.

• Igreja de Sant’Ana: situada no topo do morro de Sant’Ana, de onde se avista todo


o complexo urbano de Macaé, a orla marítima, o Rio Macaé e seu manguezal e, ao
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 647
fundo, a região serrana. A capela primitiva data de 1630. Foi erguida pelos jesuítas,
sofrendo posteriormente inúmeras reformas, sendo a última em 1896.
Foto 15 – Região Norte Fluminense, Macaé, Igreja de Sant’Ana

Fonte: http://www.macaecvb.com.br/modules.php?name=Geral&showPage=true&pageID=21

• Forte Marechal Hermes: edificado ao longo das curvas de nível do Morro do Forte,
de onde se avista a cidade, as praias e as ilhas. Há uma reserva florestal e, no topo
do morro, está a antiga Fortaleza de Santo Antônio do Monte Frio.
Foto 16 – Região Norte Fluminense, Macaé, Forte Marechal Hermes

Fonte: http://www.macaecvb.com.br/modules.php?name=Geral&showPage=true&pageID=21

• Palácio dos Urubus: localizado nas proximidades do morro do Sant'ana, data da


segunda metade do século XIX. Sua denominação surgiu a partir da construção de
um matadouro nas imediações, o que fez com que revoadas de urubus fizessem do
telhado o local de suas refeições. O matadouro foi desativado, e as aves debanda-
ram, no entanto, o nome foi incorporado ao folclore da cidade.

• Prédio da Sociedade Musical Lyra dos Conspiradores: inaugurado em 1887.


Seu interior é simples, com dependências para reuniões e capela. O prédio foi to-
talmente recuperado e apresenta um grande interesse cultural do município.

5.3.6 Quissamã
• Praia João Francisco: localizada junto à área de restinga, no Parque, situa-se en-
tre as praias de Carapebus, naquele município, e do Pires. Com águas frias de
pouca transparência e areias de granulação média com tonalidade amarelada, for-
ma um estreito cordão com coqueiros e casuarinas, que separa a praia das lagunas
da região, como a Piripiri, a Maria Menina, a da Garça, a do Paulista e a Lagoa Pre-
ta.

648 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Foto 17 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Praia João Francisco

Fonte: http://www.quissama.rj.gov.br/index.php/roteiro-atrativos-naturais/

• Praia de Barra Furado: Barra do Furado é um lugar peculiar. A pequena vila de


pescadores que divide Campos dos Goytacazes e Quissamã transformou-se num
balneário muito procurado por surfistas de todo o Brasil, pois lá é sediado anual-
mente, uma das etapas do Campeonato Brasileiro de Surf Profissional, além de ou-
tras competições do esporte.

Foto 18 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Praia de Barra Furado

Fonte: http://www.quissama.rj.gov.br/index.php/roteiro-atrativos-naturais/#ccm

• Lagoa Feia: a maior do Estado, tem área total de 170 km², profundidade média de
2 metros e faz divisa entre Quissamã e Campos. De água doce, morna e escura,
bastante piscosa, com praias na Enseada do Tatu. Está circundada por vegetação
típica de campos de pastos existentes na região.
Foto 19 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Lagoa Feia

Fonte: http://www.quissama.rj.gov.br/index.php/roteiro-atrativos-naturais/#ccm

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 649


• Casas de Fazenda: antigas sedes das grandes propriedades dedicadas ao cultivo
da cana são construções do século XIX, algumas das quais ainda guardam caracte-
rísticas originais, como a Casa-Grande, a Capela, a Senzala, jardins, aléias e pal-
meiras imperiais. Destacam-se as seguintes: da Trindade; de Palmeiras; de Quis-
samã; do Mello; Morro do Pilar; Santa Raquel; São Domingos; Santa Francisca;
São José e São Manuel.
Fotos 20 e 21 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Casas de Fazenda

Fonte: http://www.quissama.rj.gov.br/index.php/roteiro-historico-e-cultural/#chcfm

• Casa Mato de Pipa: Mato de Pipa é a mais antiga casa de engenho do Norte Flumi-
nense ainda conservada e foi a primeira casa de telhas de toda a região. Construí-
da em 1777, é um exemplo da arquitetura rural inspirada pelo estilo bandeirista de
São Paulo. A casa possui um acervo de documentos, móveis e utensílios que por si
só contam sobre os primeiros colonizadores da região. Atualmente, o imó-
vel pertence à Associação dos Amigos de Mato de Pipa, fundada em 1983, que é
responsável por sua preservação e manutenção.
Foto 22 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Casa Mato de Pipa

Fonte: http://www.quissama.rj.gov.br/index.php/roteiro-historico-e-cultural/

• Museu Casa Quissamã: sede de fazendas de açúcar mais próxima ao Centro de


Quissamã, a moradia do Visconde de Araruama, de 1826, chegou a receber o Im-
perador Dom Pedro II, como hospede, e por diversas vezes. Além do Imperador,
passaram pela grande aléia de palmeiras imperiais o Duque de Caxias, o Conde D’
Eu e a Princesa Isabel, convidados ilustres das requintadas festas que aconteciam
ali. Móveis e utensílios da época transportam o visitante para uma verdadeira via-
gem ao passado. O amplo gramado e as aléias de palmeiras compõem um cenário
imponente, que inclui um baobá.

650 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Fotos 23 e 24 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Museu

Fonte: http://www.quissama.rj.gov.br/index.php/roteiro-historico-e-cultural/

• Complexo Histórico Cultural Fazenda Machadinha: história da cultura negra está pre-
sente na Machadinha com seu conjunto de senzalas ainda preservadas, únicas no
país ainda habitadas por descendentes de escravos, que mantiveram por séculos a
beleza da cultura afro-brasileira. A Casa Grande (hoje em ruínas), construída em
1867, foi morada do Visconde de Ururaí, genro do Duque de Caxias, que chegou a
se hospedar diversas vezes na fazenda. Está localizada a 15 km do Centro. No lo-
cal, o visitante pode apreciar o Jongo e o Fado, danças típicas dos escravos, além
de degustar a culinária Raízes do Sabor, que resgata receitas das senzalas no sé-
culo XIX.
Fotos 25 e 26 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Complexo Histórico Cultural Fazenda
Machadinha

Fonte: http://www.quissama.rj.gov.br/index.php/roteiro-historico-e-cultural/
• Casa de Artes Machadinha: a Casa de Artes Machadinha, inaugurada em julho de
2008, é um espaço destinado às apresentações de jongo, fado, à degustação de
culinária típica da época dos escravos, além de exposição e venda de artesanatos,
bebidas, doces, e ainda, um memorial que faz parte do Complexo Histórico Cultural
da Fazenda Machadinha.

Foto 27 – Quissamã, Casa de Artes Machadinha

Fonte: http://www.quissama.rj.gov.br/index.php/roteiro-historico-e-cultural/
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 651
5.3.7 Rio das Ostras
• Parque Natural Municipal dos Pássaros: O Parque dos Pássaros ocupa uma
área preservada de oito hectares de formações úmidas e mata de restinga, povoa-
da por uma rica fauna, característica da Mata Atlântica. Os visitantes podem percor-
rer suas belas trilhas, observar os pássaros e a vegetação. Há possibilidade de co-
nhecer o interior do viveiro, às sextas-feiras, numa visita guiada por biólogos. O
Parque é também um campo permanente para pesquisa científica orientada ao re-
conhecimento e sobrevivência da biodiversidade. As dependências do Parque con-
tam com Centro de Visitantes, Biblioteca e Videoteca, Núcleo de Educação Ambien-
tal, Centro de Estudos da Flora e Fauna, trilha ecológica e o maior viveiro de aves
do Brasil.

Foto 28 – Rio das Ostras, Parque Natural Municipal dos Pássaros

Fonte: http://www.riodasostras.rj.gov.br/pturisticos.html

• Monumento Natural dos Costões Rochosos: o Monumento Natural dos Costões


Rochosos é uma extensa faixa de rochas compreendida entre a Praia da Joana e a
Praça da Baleia. Possui grande riqueza de fauna e flora, além de uma bela vista do
nascer do sol.

Foto 29 – Rio das Ostras, Monumento Natural dos Costões Rochosos

Fonte: http://www.riodasostras.rj.gov.br/pturisticos.html

• Praça da Baleia: Esta área de lazer e contemplação abriga a escultura de uma


Baleia Jubarte com 20 m. de comprimento de estrutura metálica, recoberta com
chapas de bronze e liga de latão. É de autoria do artista plástico, Roberto Sá, co-
nhecido internacionalmente pelas por suas esculturas hiper-realistas. Esta é a mai-
or homenagem a um cetáceo no mundo.

652 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Foto 30 – Rio das Ostras, Praça da Baleia

Fonte: http://www.riodasostras.rj.gov.br/pturisticos.html

• Praia do Remanso: próxima à Praça da Baleia, é uma praia de enseada formada


por rochedos. Conta com infraestrutura e é freqüentada por famílias com crianças.

Foto 31 – Rio das Ostras, Praia do Remanso

Fonte: http://www.riodasostras.rj.gov.br/cdepraias.html

• Praia do Costazul: com 2,3 km, é uma praia oceânica, “point” de surfistas, “body-
boarders” e amantes da pesca de caniço. Boa parte de sua orla foi contemplada
com o projeto urbanístico mais moderno da região.

Foto 32 – Rio das Ostras, Praia do Costazul

Fonte: http://www.riodasostras.rj.gov.br/cdepraias.html

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 653


• Praia da Boca da Barra: praia da foz do rio das Ostras, onde as águas se encon-
tram num espetáculo diferente. Própria para crianças. Conta com infraestrutura de
quiosques e restaurantes e também está passando por um processo de revitaliza-
ção.
Foto 33 – Rio das Ostras, Praia da Boca da Barra

Fonte: http://www.riodasostras.rj.gov.br/cdepraias.html

• Museu do Sítio Arqueológico Sambaqui da Tarioba: Inaugurado em 1998, o museu


é aberto à visitação pública com exposição permanente de peças catalogadas por
época, origem e denominação pelo Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB), em re-
constituição da pré-história da região. Possui uma área escavada com restos de
esqueletos e exposição de objetos de adorno, ostras gigantes, conchas, pedras
(batedores e quebra-coquinhos), que caracterizam a ocupação de uma antiga civili-
zação estimada entre 4 mil e 2 mil anos. O Sítio Arqueológico foi registrado com o
nome Tarioba, pelo próprio IAB, em 1967. O termo sambaqui é de origem tupi-
guarani e significa acúmulo de conchas. Em 2003, sofreu importante revitalização
com instalação de sistema interno de som, vitrines e projeto de iluminação novos
para melhor visualização do material exposto.
Foto 34 – Rio das Ostras, Museu do Sítio Arqueológico Sambaqui de Tarioba

Fonte: http://www.riodasostras.rj.gov.br/culturaehistoria.html

5.3.8 São Fidélis

• Parque Estadual do Desengano: com uma área de 22.400 ha, constitui trecho da
Mata Atlântica no norte do Estado, situado em terras dos municípios de Campos,
Santa Maria Madalena e São Fidélis. O Parque é local de grande concentração de
avifauna da Serra do Mar em território fluminense. Sua fauna terrestre também é ri-
ca e ali se encontra o mono-carvoeiro, maior primata das Américas.
• Rio Paraíba do Sul: atravessa todo o município com largura média de 450 m. e pro-
fundidade entre 1 e 5 m. Em toda a extensão dos 27 km fidelenses, tanto nas mar-
654 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
gens como em suas praias, há diferentes tipos de vegetação, destacando-se tre-
chos com tamarindeiros, mangueiras e touceiras de bambu. Ao atravessar a Sede,
apresenta ilhotas e ilhas. Há algumas corredeiras, como a Corredeira do Salto. A-
lém dos núcleos e centros urbanos que o margeiam, destacam-se também as áreas
das fazendas com antigos casarões, velhas colônias e usinas de açúcar, como a
centenária Usina Pureza.
• Rio do Colégio: de águas frias e cristalinas, tem corredeiras e cachoeiras, como a
do Oriente.

• Cachoeira do Oriente: com 10 m. de altura e três saltos intercalados por pequenos


patamares em rocha.
Foto 35 – Região Norte Fluminense, São Fidélis, Cachoeira do Oriente

Fonte: http://www.saofidelisrj.com.br/?sf=cachoeira_do_oriente

• Cachoeira do Recreio: com dois saltos principais, um deles com mais de 60 m.,
possui águas límpidas, claras e frias.
• Cachoeira Pedra D'água: grande lajeado em declive, com 15 m. de largura e 40 m.
de extensão, tem trechos represados que formam três piscinas. Suas águas são
claras, transparentes e mornas.
• Igreja Matriz: construção monumental datada de 1809 foi erigida pelos padres Ca-
puchinhos da Ordem de São Francisco de Assis e guarda o Museu de Arte Sacra.
Sua construção tem forma de cruz e a cúpula possui 15 m. de diâmetro, sustentada
por sólidas colunas.
• Solar do Barão de Vila Flor: construído em 1847, tem elementos do mobiliário origi-
nal, além de pequeno acervo de objetos, quadros e livros. Atualmente abriga o Mu-
seu Histórico do Município, a Biblioteca Municipal e a Secretaria de Esporte Cultura
Lazer e Turismo.
Foto 36 – Região Norte Fluminense, São Fidélis, Solar do Barão de Vila Flor

Fonte: http://www.saofidelisrj.com.br/?sf=solar_do_b_de_vila_flor

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 655


• Ponte Sobre o Rio Paraíba do Sul: em estrutura metálica de origem inglesa, foi
construída em 1889 para atender o transporte ferroviário da região.
5.3.9 São Francisco de Itabapoana
• Praia de Barra Itabapoana: última praia ao norte do município limita-se com o Es-
tado do Espírito Santo. Sua extensão é de 4 km e a cor da água é normalmente es-
verdeada ou azulada, com areias de granulação fina e tonalidade clara. Sua paisa-
gem circundante é natural, avistando-se somente algumas construções residenciais
na cidade de Barra do Itabapoana, localizada perto da foz do rio de mesmo nome e,
à sua direita, a visão da praia Lagoa Doce e a ponta do Retiro.

• Praia Lagoa Doce: com uma extensão de 4 km, é uma das mais bonitas da região.
Na sua paisagem, o grande destaque são as falésias que começam a se formar na
Ponta do Retiro, com cores que vão do vermelho-fogo ao branco e continuam por
toda a extensão da praia. Há uma pequena lagoa de água doce atrás das falésias.
Foto 37 – Região Norte Fluminense, São Francisco de Itabapoana, Praia Lagoa Doce

Fonte: http://www.pmsfi.rj.gov.br/turi/turismo.php?id=1&mod=17

• Praia de Tatagiba: tem 3 km e à sua direita encontra-se a extensa praia de Buena,


onde é feita a exploração de areias monazíticas. A Unidade de Buena é encarrega-
da da prospecção e pesquisa, lavra, industrialização e comercialização dos mine-
rais ilmenita, zirconita e rutilo, além da monazita (terras raras).

• Praia Gargaú: com extensão de 2 km, tem ao seu redor lindas lagoas formadas por
águas doce e salgada, tais como a do Comércio, a dos Quiosques e a da Praia. As
águas do mar mudam de posição de acordo com o fluxo das marés, proporcionan-
do um lindo visual. A localidade tem um rico manguezal que vai até próximo à foz
do Rio Paraíba do Sul, formando um canal navegável de embarcações de pesca e
turismo com um manancial da flora e fauna de preservação ambiental.
5.3.10 São João da Barra
• Cachoeira de São Romão: com várias piscinas naturais, situadas no meio da Mata
Atlântica.

• Praia de Atafona: encontro do rio com o mar, formando o segundo maior delta do
país. Manguezais, pesca abundante, areias monazíticas e alta concentração de io-
do no mar.

• Praia de Grussaí: mar e lagoa, grande concentração de jovens, quiosques, bares,


restaurantes, competições esportivas, ambiente descontraído, pousada e clube so-
cial.

656 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Foto 38 – Região Norte Fluminense, São João da Barra, Praia de Grussaí

Fonte: http://www.espacoecologiconoar.com.br
• Praia de Iquipari: santuário ecológico com mar e lagoa protegido por lei ambiental,
tem flora e fauna nativos exuberantes.
• Igreja Matriz de São João Batista: construída em 1630 e incendiada em 1882,
sofreu várias reformas, sempre mantendo suas linhas originais em formato de cruz.
• Casa da Câmara e Cadeia Pública: inaugurada em 1797, nela funciona uma bi-
blioteca e salão de exposições.
• Casa da Cultura: antigo Grupo Escolar Alberto Torres, cuja construção data da
segunda metade do século XIX.
5.4 Infraestrutura Turística
Considera-se como infraestrutura do apoio ao turismo o conjunto dos estabelecimentos e
serviços que dão suporte à atividade turística através do atendimento direto ao visitante.
Trata-se dos meios de hospedagem e alimentação, agenciamento turístico, lazer, compras e
entretenimento, aviação (através de melhorias nos aeroportos) e infraestrutura urbana. Inte-
grados ao conjunto da infraestrutura urbana, constituem, em parte, a força de atração de
uma determinada localidade.
5.4.1 Infraestrutura Turística da Região Norte do Estado do Rio de Janeiro
Em relação à infraestrutura turística de apoio ao turismo (entretenimento e hotelaria) e à
infraestrutura urbana, a Região Norte Fluminense possui no total 22 bibliotecas, 6 museus,
12 teatros, 19 centros culturais, 23 estádios/ginásios, 7 cinemas, 63 instituições financeiras,
436 estabelecimentos de saúde, 203 estabelecimentos hoteleiros e 68 outros tipos de alo-
jamentos (Tabela seguinte).
Tabela 27 - Região Norte Fluminense, Infraestrutura Turística (entretenimento) e Infraestrutura
Urbana, 2006.
Estádios
Municípios da Região Centro Instituições Est. de
Biblioteca Museu Teatro / Giná- Cinema
Norte Fluminense Cultural Financeiras Saúde
sios
Campos dos Goytacazes 2 1 4 1 5 2 24 191
Carapebus 0 0 1 1 0 1 1 8
Cardoso Moreira 3 0 0 0 2 0 2 12
Conceição de Macabu 1 0 1 1 1 0 2 11
Macaé 1 1 3 1 4 2 17 112
Quissamã 2 1 0 1 2 0 2 15
Rio das Ostras 1 2 1 3 1 1 6 26
São Fidelis 1 1 1 0 2 0 3 22
São Francisco de Itabapoana 1 0 0 0 0 0 4 27
São João da Barra 10 0 1 11 6 1 2 12
Total 22 6 12 19 23 7 63 436
Fonte: IBGE – Perfil dos Municípios Brasileiros – Cultura 2006 e IBGE – Cidades 2005 e 2007
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 657
Tabela 28 – Região Norte do Estado do Rio de Janeiro, Estabelecimentos Hoteleiros e Outros
Tipos de Alojamentos, 2006 - 2007

Municípios da Região
Estabelecimentos Hoteleiros Outros Tipos de Alojamentos
Norte Fluminense

Campos dos Goytacazes 46 5


Carapebus 0 0
Cardoso Moreira 1 0
Conceição de Macabu 4 1
Macaé 68 36
Quissamã 3 1
Rio das Ostras 60 21
São Fidelis 7 2
São Francisco de Itabapoana 7 1
São João da Barra 7 1
Total 203 68
Fonte: Anuário Estatístico do Rio de Janeiro - 2007

5.5 Empregos Gerados pelo Turismo na Região Norte Fluminense

O turismo tem caráter social e multiplicador na geração de empregos, sendo um setor ex-
tremamente importante em termos de investimentos e desenvolvimento econômico.

O total de empregos gerados por algumas atividades econômica do turismo nos municípios
da Região Norte do Estado do Rio de Janeiro são: 3.339 no setor de transporte rodoviário
de passageiros, 563 no setor de transporte aéreo de passageiros, 1.433 em hotéis e simila-
res, 3.904 em restaurantes e outros serviços de alimentação e bebidas, 75 em agências de
viagens e operadoras de turismo e 184 no setor de locação de meios de transporte sem
condutor (Tabela seguinte).

Tabela 29 – Região Norte Fluminense, Número de Empregos por Atividade Econômica do


Turismo, 2007

Restaurantes Agências Locação de


Transporte
Transporte e Outros de Viagens Meios de
Municípios da Região Rodoviário Hotéis e
Aéreo de Serviços de e Transporte
Norte Fluminense de Similares
Passageiros Alimentação Operadores Sem
Passageiros
e Bebidas Turísticos Condutor

Campos dos Goytacazes 1.780 5 440 1.574 23 54


Carapebus 2 0 0 3 0 0
Cardoso Moreira 4 0 0 2 0 4
Conceição de Macabu 42 0 7 33 0 0
Macaé 1.365 558 724 1.736 45 123
Quissamã 19 0 1 79 5 0
Rio das Ostras 75 0 237 326 2 3
São Fidelis 13 0 14 28 0 0
São Francisco de
39 0 8 8 0 0
Itabapoana
São João da Barra 0 0 2 115 0 0
Total 3.339 563 1433 3.904 75 184
Fonte: Anuário Estatístico do Rio de Janeiro - 2009
658 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
5.6 Turismo Cultural

O turismo cultural é um dos segmentos do mercado turístico e consiste na visita a determi-


nado destino com o objetivo de conhecer a cultura local em sua forma de expressão, como
museus, galerias, arquiteturas, sítios históricos, o folclore, a gastronomia, o artesanato, a
arte, crenças e tradições, festas e outros que caracterizam o modo de ser e viver de um po-
vo.

5.6.1 Turismo Cultural na Região Norte do Estado do Rio de Janeiro


Na Região Norte do Estado do Rio de Janeiro podemos destacar várias manifestações cul-
turais, como por exemplo, a Cavalhada (única no Estado), no distrito do mesmo nome, em
Campos dos Goytacazes. O Boi Pintadinho, variante do Bumba-meu-boi nordestino, que no
Estado do Rio de Janeiro migrou para o carnaval, está presente em muitos municípios, co-
mo Macaé, Quissamã, Carapebus e Campos dos Goytacazes. A Dança do Fado de Quis-
samã, um bailado de origem afro-brasileiro ainda ativo que é o símbolo da herança cultural
deixada pelos escravos que vieram da África para trabalhar nos canaviais da região.

5.7 Artesanato como Produto Turístico


O artesanato é um produto que pode refletir a história de um povo, além de contribuir para o
desenvolvimento sustentável de uma comunidade. Para que o artefato possa ser um veículo
de sustentabilidade turística, é necessário que tenha referência do lugar, com destaque dos
traços da cultura local, transformando-se em instrumento de informação e atração e, conse-
qüentemente, em um produto turístico.

5.7.1 O Artesanato na Região Norte Fluminense

A Região Norte preserva as técnicas mais tradicionais do bordado, crochê, ponto cruz, apli-
cados em linhas de cama e mesa e também na moda. A utilização das fibras naturais em
objetos também é expressiva na região, assim como as cerâmicas, que hoje é uma das ma-
térias-primas mais utilizadas por grupos de mulheres artesãs da Região.
Existem nos municípios da Região Norte Fluminense as seguintes atividades artesanais:
• Campos dos Goytacazes: bordado, barro e culinária típica;
• Carapebus: bordado, tapeçaria e conchas;
• Cardoso Moreira: bordado, madeira e material reciclável;
• Conceição de Macabu: bordado, fibras vegetais e material reciclável;
• Macaé: bordado, fibras vegetais e madeira;
• Quissamã: bordado, fibras vegetais e culinária típica;
• Rio das Ostras: barro, madeira e metal;
• São Fidelis: bordado, fibras vegetais e material reciclável;
• São Francisco de Itabapoana: bordado, fibras vegetais e culinária típica;
• São João da Barra: fibras vegetais, material reciclável e culinária típica.
Podemos destacar a feira “O Luxo do Lixo” onde os artesãos dos municípios da Região Nor-
te do Estado do Rio de Janeiro mostram suas potencialidades. A feira tem um foco ambien-
tal, com caráter sustentável e ecologicamente correto, apresentando artesanato rústico com
aproveitamento de produtos naturais. Um evento de grande porte, que atrai um grande nú-
mero de expositores e visitantes. No mês de novembro de 2009, o evento ocorreu em Cam-
pos dos Goytacazes e a sede em 2010, será o município de São Francisco do Itabapoana.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 659


Outro projeto que podemos destacar é o Programa de Artesanato do Estado do Rio de Ja-
neiro, coordenado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indús-
tria e Serviços. O programa tem como objetivo desenvolver o artesanato no Estado do Rio
de Janeiro, permitindo a geração de mais emprego e renda, melhorando a qualidade de vida
dos artesãos e de toda a cadeia produtiva do setor. O desenvolvimento do setor com res-
ponsabilidade social e valorização do aproveitamento de matéria-prima local, contribuindo
para a identidade regional.

5.8 Conclusão
O Norte Fluminense é uma região com vocações turísticas nas modalidades de turismo de
negócios (em função principalmente da economia do petróleo), turismo de lazer como o de
sol e mar, ecoturismo, turismo rural, turismo de aventura e o turismo cultural.
Os principais municípios receptores de turistas são Quissamã, Macaé e Campos dos Goyta-
cazes. Em Rio das Ostras, uma quase conurbação de Macaé, pode-se destacar o turismo
sol e mar, o turismo cultural, o turismo rural e o ecoturismo. Em Quissamã, o turismo cultu-
ral, o ecoturismo e o turismo sol e mar. Já em Macaé e Campos dos Goytacazes, o turismo
de negócios, o turismo sol e mar e o ecoturismo. Em São João da Barra, o turismo de sol e
mar, com propensão crescente do turismo de negócios com o Porto de Açu. Os outros mu-
nicípios da região possuem potenciais turísticos, mas ainda pouco explorados.
Os municípios de Campos dos Goytacazes, Macaé e Rio das Ostras concentram a maior
oferta de equipamentos e de serviços turísticos, mas que precisam ser melhorados. Nos
outros municípios da Região, a infraestrutura turística é deficiente.

Verifica-se a necessidade de uma estruturação de políticas públicas integradas para o de-


senvolvimento do setor de turismo dessa Região, principalmente nas questões de sanea-
mento básico, divulgação institucional, capacitação e qualificação, conscientização da popu-
lação local e sinalização turística. Ou seja, há necessidades tanto intra município quanto
regionais, resultantes de integrações intermunicípios. Investimentos do setor privado, no que
diz respeito à hospedagem/hotelaria, alimentos e bebidas, e atrações também comparecem
com prioridade.

6. ESTRUTURA PRODUTIVA
Este estudo abrange as Regiões Noroeste e Norte Fluminense. A análise conjunta apresen-
tada decorre da possibilidade de avaliar estas duas estruturas produtivas que se mostraram
bastante diferentes uma da outra. Neste sentido, buscou-se aproveitar de comparações para
destacar pontos que ajudam no entendimento de cada estrutura, bem como do caráter de
complementaridade e integração que um estudo regional ou interregional requer.
Ao apresentar as duas regiões em paralelo, espera-se tornar clara a necessidade de ações
distintas, porém coordenadas, de forma que possam ser eliminadas as fraquezas de uma
Região sem ampliar as de outra, para que as oportunidades possam ser compartilhadas,
mesmo que indiretamente por ambas.

6.1 Estrutura Produtiva das Regiões Norte e Noroeste Fluminenses


A análise está feita a partir de dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), de
2008.
A Tabela seguinte apresenta a estrutura existente em termos da distribuição setorial do em-
prego e dos estabelecimentos do Rio de Janeiro. Nesta Tabela os números entre parênte-
ses indicam a classificação de cada variável (percentual de empregados ou de estabeleci-
mentos) para cada região, seguido a ordem do maior para o menor.

660 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 30 – Estado do Rio de Janeiro, Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Distribuição dos Empregados Formais e Estabelecimentos por
Região (Ranking de Cada Variável Entre Parênteses), 2008
Região Norte Região Noroeste Total Rio de Janeiro
Subsetor do IBGE
Estab Emp Estab Emp Estab Emp
Comércio varejista 41,66 (1) 14,91 (1) 37,57 (1) 21,66 (2) 17,99 (1) 17,92 (1)
Administração pública direta e autárquica 0,26 (22) 14,51 (2) 0,44 (18) 26,46 (1) 16,48 (2) 16,53 (2)
Com. e administração de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 10,20 (3) 8,41 (6) 6,13 (4) 1,95 (13) 15,23 (3) 15,24 (3)
Serv. de alojamento, alimentacao, reparação, manutenção, redação, ... 14,09 (2) 11,15 (3) 15,96 (2) 8,56 (3) 11,84 (4) 11,83 (4)
Transportes e comunicações 3,42 (8) 6,58 (7) 2,04 (10) 2,38 (10) 6,54 (5) 6,55 (5)
Construção civil 5,03 (5) 10,04 (5) 2,50 (8) 2,33 (11) 4,69 (6) 4,68 (6)
Ensino 2,95 (9) 3,14 (10) 1,95 (11) 3,79 (7) 4,55 (7) 4,55 (7)
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 4,33 (6) 3,86 (8) 3,93 (6) 5,54 (5) 4,03 (8) 4,03 (8)
Comércio atacadista 3,46 (7) 2,15 (13) 4,43 (5) 3,02 (9) 3,22 (9) 3,22 (9)
Instituições de crédito, seguros e capitalização 1,03 (11) 0,89 (16) 0,90 (16) 1,38 (16) 2,21 (10) 2,21 (10)
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 1,92 (10) 3,80 (9) 2,85 (7) 5,00 (6) 2,00 (11) 2,00 (11)
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 0,76 (13) 0,43 (18) 2,34 (9) 3,05 (8) 1,54 (12) 1,54 (12)
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 0,33 (20) 0,20 (22) 0,31 (20) 0,35 (21) 1,39 (13) 1,39 (13)
Indústria metalúrgica 0,62 (15) 1,13 (15) 0,93 (14) 1,39 (15) 1,28 (14) 1,29 (14)
Serviços industriais de utilidade pública 0,37 (18) 0,81 (17) 0,33 (19) 0,46 (20) 1,21 (15) 1,21 (15)
Extrativa mineral 0,76 (14) 10,82 (4) 1,46 (13) 1,07 (17) 1,13 (16) 1,13 (16)
Indústria do material de transporte 0,17 (23) 0,23 (21) 0,07 (23) 1,04 (18) 0,94 (17) 0,95 (17)
Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica 0,58 (16) 0,23 (20) 0,92 (15) 1,78 (14) 0,85 (18) 0,85 (18)
Agricultura, silvicultura, criação de animais, extrativismo vegetal... 5,99 (4) 2,17 (12) 11,98 (3) 5,92 (4) 0,77 (19) 0,75 (19)
Indústria mecânica 0,47 (17) 2,71 (11) 0,15 (22) 0,15 (22) 0,63 (20) 0,63 (20)
Indústria de produtos minerais não metálicos 0,92 (12) 1,37 (14) 1,75 (12) 2,05 (12) 0,52 (21) 0,52 (21)
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 0,33 (19) 0,24 (19) 0,28 (21) 0,08 (23) 0,51 (22) 0,51 (22)
Indústria da madeira e do mobiliário 0,31 (21) 0,17 (23) 0,74 (17) 0,56 (19) 0,28 (23) 0,28 (23)
Indústria do material elétrico e de comunicações 0,04 (24) 0,03 (24) 0,01 (25) 0,01 (25) 0,15 (24) 0,15 (24)
Indústria de calçados 0,02 (25) 0,02 (25) 0,03 (24) 0,02 (24) 0,03 (25) 0,03 (25)
Total 100 100 100 100 100 100
Fonte: RAIS, 2008

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 661


Observa-se que a classificação da participação dos estabelecimentos é idêntica à classifica-
ção da participação do emprego considerando o total do Estado. Neste sentido, verifica-se
também que a distribuição setorial dos estabelecimentos e do emprego no Rio de Janeiro é
extremamente próxima. Isso sugere uma associação entre estas dimensões no sentido de
que a importância relativa de cada atividade econômica (em termos da presença desta ativi-
dade na economia medida pelo número de estabelecimentos) está refletida no emprego que
esta atividade gera na Região.

Além disso, percebe-se o peso das atividades de comércio varejista, administração pública e
alguns serviços, tanto na presença destas atividades (estabelecimentos) quanto no emprego
gerado por elas no Estado do Rio de Janeiro. Na outra extremidade algumas atividades in-
dustriais apresentam um peso menor para o total da economia fluminense, como demons-
trado pela participação das indústrias de material de transporte; mecânica; produtos mine-
rais não metálicos; borracha, fumo, couros, peles, similares; madeira e do mobiliário; materi-
al elétrico e de comunicações e indústria de calçados, toda com menos de 1% de participa-
ção.

A Região Norte apresenta uma estrutura diferente da média do Estado. O comercio varejista
é responsável por mais de 40% dos estabelecimentos, mas por apenas 14,91% dos empre-
gados deste setor. Contudo, esta não é a regra geral, ou seja, é mais comum observar a
superioridade da participação no emprego em relação à participação nos estabelecimentos.
Esta comparação permite distinguir a presença de uma atividade econômica na região e o
seu peso na geração de emprego. Desta forma, chamam a atenção os setores de constru-
ção civil; extrativa mineral e a indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico on-
de a participação no emprego supera a participação nos estabelecimentos.

No caso da Região Noroeste o comércio varejista também aparece com destaque, porém
com uma participação menor em relação à Região Norte no que se refere aos estabeleci-
mentos (37,57%) e uma participação maior no que se refere ao emprego (21,66%).

De fato, a administração pública é a principal atividade empregadora nesta Região


(26,46%), embora represente apenas 0,44% dos estabelecimentos.

Dois outros setores destacam-se na Região Noroeste. Primeiro, o setor de serviços de alo-
jamento, alimentação, etc. que concentra 15,96% dos estabelecimentos e 8,56% do empre-
go. Isso denota a presença de um conjunto de estabelecimentos de menor porte em termos
relativos. O mesmo acontece com o setor de agricultura, silvicultura, criação de animais,
extrativismo vegetal etc. que responde por 11,98% dos estabelecimentos e 5,52% do em-
prego. No caso particular desta atividade, verifica-se que nas duas dimensões, estabeleci-
mentos e emprego, a Região Noroeste apresenta participações muito acima da média do
Estado que, para este setor, não ultrapassa 1%.

A Tabela seguinte apresenta a distribuição do emprego nas Regiões Norte e Noroeste em


termos do porte dos estabelecimentos, em 2008. Na Região Norte observa-se uma concen-
tração do emprego em estabelecimentos de grande porte (com mais de 500 empregados)
representando 42,5% do emprego. Por sua vez, a Região Noroeste concentra o emprego
em estabelecimentos de micro e pequeno porte, com uma participação conjunta de 60%.

662 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 31 – Distribuição dos Empregados Formais por Porte do Estabelecimento e Região,
2008
Distribuição dos Empregados Formais por Porte do Estabelecimento e Região, 2008
Micro Pequeno Médio Grande
De 1000
Menos De 50 De 100 De 250 De 500
Região 10 a ou Total
de 10 a 99 a 249 a 499 a 999
49 mais
(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
Norte 13,2 18,7 6,9 10,7 8,0 13,5 29,0 100
Noroeste 29,0 24,7 6,3 6,0 6,1 18,3 9,6 100
Outras Regiões do Rio de Janeiro 14,3 21,5 8,6 10,2 7,8 8,0 29,7 100
Total Rio de Janeiro 14,4 21,4 8,5 10,2 7,8 8,4 29,4 100
Total Sudeste 16,3 21,5 8,8 10,8 8,7 8,0 25,8 100
Total Brasil 16,5 20,7 8,2 10,4 8,8 8,6 26,8 100
Fonte: RAIS, 2008

De fato, estes dados mostram que as regiões Norte e Noroeste possuem estruturas produti-
vas bastante distintas. A Região Norte baseia-se em grandes estabelecimentos e possui
uma importância relativa do comércio, serviços, construção civil e indústria extrativa mineral
significativa em termos do emprego. A Região Noroeste tem uma estrutura produtiva basea-
da em estabelecimentos de pequeno porte, na atividade agrícola e na administração pública.

6.2 Especialização Produtiva

Para avaliar as especializações produtivas é utilizado o Quociente Locacional (QL). O QL é


a razão entre a participação de um setor específico no total do emprego de uma determina-
da região e a participação relativa deste mesmo setor no total do emprego do país. Desta
forma, QL com valor superior à unidade denotam alguma especialização da Região naquele
setor específico. A Tabela seguinte mostra as atividades econômicas, segundo a classifica-
ção CNAE 2.0 em dois dígitos (Divisão), com QL maior que 1 para o Estado do Rio de Ja-
neiro.

É preciso esclarecer que, apesar de um QL acima da unidade representar uma especializa-


ção, pode também acontecer que esta especialização surja como resultado de uma peque-
na base econômica, tendo em vista que o QL relaciona participações relativas. Assim, para
uma unidade espacial com uma pequena base econômica, quantidades muito pequenas de
trabalhadores em uma determinada atividade tendem a ser representativas. Isso deve ser
verificado quando se trabalha com dados muito desagregados espacialmente.

Tendo em vista essas limitações do QL, podem-se destacar na Tabela seguinte, os setores
em que o valor para o Quociente Locacional para o Rio de Janeiro está acima de dois. Nes-
te sentido, chamam atenção os setores de Apoio à Extração de Minerais; Extração de Petró-
leo e Gás Natural; Transporte Aquaviário; Fabricação de Outros Equipamentos de Transpor-
te, exceto Veículos Automotores; Coleta, Tratamento e Disposição de Resíduos, Recupera-
ção de Materiais. Isto sugere que as atividades produtivas do Estado estão concentradas
em torno da extração de petróleo e gás natural e as atividades relacionadas. De fato, a ca-
deia produtiva do petróleo se converteu historicamente em uma referência para a economia
fluminense.

Quando observada a Região Norte Fluminense, as atividades relativas à extração de petró-


leo e gás natural tornam-se ainda mais importantes. A Região apresenta-se ainda mais es-
pecializada na cadeia produtiva do petróleo dentro do Estado do Rio de Janeiro. Além disso,
destacam-se os setores em que a especialização da Região supera a do Estado. Na Tabela
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 663
citada, o QL destes setores está destacado. Desta forma, surgem as atividades de Trans-
porte Aquaviário; Serviços de Arquitetura e Engenharia; Testes e Análises Técnicas; Obras
de Infraestrutura e Atividades de Organizações Associativas como especializações desta
Região, mais do que para o Estado. Isso revela uma maior complexidade da organização da
cadeia produtiva do petróleo e gás dentro da Região Norte Fluminense, onde estão concen-
tradas outras atividades correlatas com uma importância relativa maior, do que para o Esta-
do ou para as demais regiões do país.

Observando a Região Noroeste Fluminense a partir dos dados da Tabela, percebe-se um


quadro diferenciado. Esta Região apresenta algumas especializações nos mesmos setores
em que o Estado. Contudo, não há para estes setores uma especialização da Região maior
que 2, o que não invalida a especialização, mas indica de modo mais incisivo, a possibilida-
de de uma base econômica mais modesta. Existem três setores em que a especialização da
Região é superior à do Estado: alojamento; atividades de atenção à saúde humana e co-
mércio varejista. Isto sugere que, em comparação com as especializações do Estado, a Re-
gião Noroeste contribui para a especialização do Rio de Janeiro em atividades mais relacio-
nadas com serviços e comércio.

Tabela 32 – Divisão CNAE com QL maior que 1 para o Estado do Rio de Janeiro, QL para as
Regiões Norte e Noroeste Fluminense, QL para Região Sudeste e Para Demais Regiões do
Brasil, 2008
Estado do
Região Região Região Outras
Divisão CNAE 2.0 Rio de
Norte Noroeste Sudeste Regiões
Janeiro
Atividades de Apoio à Extração de Minerais 43,07 0,62 6,58 1,39 0,59
Extração de Petróleo e Gás Natural 92,77 0,00 5,68 1,19 0,79
Atividades de Exploração de Jogos de Azar e
0,07 0,99 4,64 1,35 0,63
Apostas
Transporte Aquaviário 20,84 0,00 4,58 1,02 0,98
Fabricação de Outros Equipamentos de Transpor-
0,34 0,51 2,67 1,27 0,71
te, exceto Veículos Automotores
Coleta, Tratamento e Disposição de Resíduos;
2,30 0,06 2,24 1,16 0,83
Recuperação de Materiais
Outras Atividades de Serviços Pessoais 1,28 0,60 2,23 1,12 0,87
Atividades Artísticas, Criativas E de Espetáculos 1,10 0,47 1,98 1,13 0,86
Serviços de Arquitetura e Engenharia; Testes e
3,15 0,37 1,96 1,34 0,64
Análises Técnicas
Seguros, Resseguros, Previdência Complementar
0,47 0,75 1,95 1,35 0,62
e Planos de Saúde
Pesquisa e Desenvolvimento Científico 0,35 0,00 1,90 1,09 0,90
Atividades de Rádio e de Televisão 0,73 0,94 1,87 1,05 0,95
Telecomunicações 0,27 0,13 1,79 1,29 0,69
Atividades Veterinárias 0,38 0,21 1,79 1,26 0,72
Atividades Cinematográficas, Produção de Vídeos
e de Programas de Televisão; Gravação de Som 0,63 0,13 1,77 1,24 0,74
...
Atividades Esportivas e de Recreação e Lazer 0,53 1,05 1,76 1,23 0,76
Atividades de Sedes de Empresas e de Consulto-
0,98 0,10 1,75 1,37 0,60
ria em Gestão Empresarial
Manutenção, Reparação e Instalação de Máqui-
6,29 0,13 1,67 1,20 0,78
nas e Equipamentos
Serviços para Edifícios e Atividades Paisagísticas 0,43 0,42 1,54 1,18 0,81
Alimentação 1,37 0,58 1,51 1,17 0,82
Reparação e Manutenção de Equipamentos de
0,44 1,17 1,51 1,16 0,83
Informática e Comunicação e de Objetos ...

664 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Estado do
Região Região Região Outras
Divisão CNAE 2.0 Rio de
Norte Noroeste Sudeste Regiões
Janeiro
Atividades Auxiliares dos Serviços Financeiros,
Seguros, Previdência Complementar e Planos de 0,25 0,24 1,45 1,34 0,64
Saúde
Serviços de Escritório, de Apoio Administrativo e
1,16 0,16 1,42 1,33 0,65
Outros Serviços Prestados Às Empresas
Educação 0,90 1,09 1,39 0,99 1,01
Atividades Imobiliárias 0,44 0,48 1,38 1,16 0,83
Agências de Viagens, Operadores Turísticos E
0,29 0,19 1,35 1,06 0,93
Serviços de Reservas
Seleção, Agenciamento e Locação de Mão-De-
0,47 0,00 1,34 1,21 0,78
Obra
Fabricação de Produtos do Fumo 0,36 0,00 1,33 0,70 1,32
Armazenamento e Atividades Auxiliares dos
1,92 0,05 1,30 1,24 0,74
Transportes
Aluguéis Não-Imobiliários e Gestão de Ativos
0,92 0,73 1,30 1,17 0,82
Intangíveis Não-Financeiros
Serviços Especializados Para Construção 1,68 0,40 1,29 1,22 0,77
Transporte Terrestre 0,92 0,56 1,29 1,12 0,88
Atividades Jurídicas, de Contabilidade e de
0,48 0,89 1,29 1,13 0,86
Auditoria
Alojamento 1,19 1,49 1,28 0,90 1,11
Edição e Edição Integrada À Impressão 0,36 0,44 1,28 1,17 0,81
Atividades dos Serviços de Tecnologia da
0,55 0,12 1,28 1,37 0,61
Informação
Obras de Infraestrutura 3,52 0,53 1,27 1,06 0,94
Correio e Outras Atividades de Entrega 0,55 1,06 1,26 1,07 0,92
Atividades de Prestação de Serviços de
0,71 0,21 1,23 1,22 0,76
Informação
Atividades de Atenção à Saúde Humana 1,19 1,71 1,20 1,12 0,88
Atividades de Organizações Associativas 3,06 1,88 1,18 1,04 0,96
Atividades de Vigilância, Segurança e
0,46 0,01 1,17 0,98 1,02
Investigação
Transporte Aéreo 1,99 0,00 1,15 1,47 0,49
Fabricação de Produtos Farmoquímicos e
0,16 0,02 1,14 1,49 0,48
Farmacêuticos
Comércio Varejista 1,02 1,42 1,10 1,02 0,98
Outras Atividades Profissionais, Científicas e
0,92 0,05 1,09 1,22 0,77
Técnicas
Eletricidade, Gás e Outras Utilidades 0,59 0,93 1,07 0,77 1,25
Fabricação de Bebidas 0,54 0,86 1,05 0,85 1,16
Atividades de Serviços Financeiros 0,49 0,78 1,02 1,12 0,87
Fonte: RAIS, 2008

Além disso, é preciso observar os setores em que as Regiões Norte e Noroeste apresentam
QL acima de 1, mesmo que este não seja o caso para o total do Estado do Rio de Janeiro.
As informações da Tabela deixam ainda mais evidente a importância e a centralidade da
cadeia do petróleo e gás para a Região Norte, na medida em que mostra haver especializa-
ção nas atividades de Serviços de Arquitetura e Engenharia; Testes e Análises Técnicas;
Serviços Especializados para Construção; Fabricação de Produtos de Minerais Não-
Metálicos e Fabricação de Máquinas e Equipamentos, além daquelas já mencionadas ante-
riormente.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 665
Tabela 33 – Divisão CNAE com QL Maior que 1 para a Região Norte Fluminense e para o Esta-
do do Rio de Janeiro, 2008
Divisão CNAE 2.0 Região Norte RJ
Extração de Petróleo e Gás Natural 92,77 5,68
Atividades de Apoio à Extração de Minerais 43,07 6,58
Transporte Aquaviário 20,84 4,58
Manutenção, Reparação e Instalação de Máquinas e Equipamentos 6,29 1,67
Obras de Infraestrutura 3,52 1,27
Serviços de Arquitetura e Engenharia; Testes e Análises Técnicas 3,15 1,96
Atividades de Organizações Associativas 3,06 1,18
Coleta, Tratamento e Disposição de Resíduos; Recuperação de Materiais 2,30 2,24
Transporte Aéreo 1,99 1,15
Armazenamento e Atividades Auxiliares dos Transportes 1,92 1,30
Serviços Especializados Para Construção 1,68 1,29
Fabricação de Produtos de Minerais Não-Metálicos 1,50 0,58
Alimentação 1,37 1,51
Fabricação de Máquinas e Equipamentos 1,35 0,46
Outras Atividades de Serviços Pessoais 1,28 2,23
Alojamento 1,19 1,28
Atividades de Atenção à Saúde Humana 1,19 1,20
Serviços de Escritório, de Apoio Administrativo e Outros Serviços
1,16 1,42
Prestados às Empresas
Atividades Artísticas, Criativas e de Espetáculos 1,10 1,98
Comércio Varejista 1,02 1,10
Fonte: RAIS, 2008
Para a Região Noroeste Fluminense a Tabela seguinte também apresenta os setores com
QL maior que 1. A maior especialização desta Região é na Extração de Minerais Não-
Metálicos (QL=5,11) seguida da Fabricação de Celulose, Papel e Produtos de Papel
(QL=3,41) e Fabricação de Produtos de Minerais Não-Metálicos (QL=2,24). Além destes
setores, já com um QL menor que 2, chamam atenção as atividades de Serviços Domésti-
cos; Agricultura, Pecuária e Serviços Relacionados; Confecção de Artigos do Vestuário e
Acessórios, em adição àquelas já citadas.

Em resumo, estes dados permitem perceber mais claramente as diferenças entre as Regi-
ões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro. A Região Norte possui especializações
em setores com maiores exigências de capital, enquanto a Região Noroeste concentra suas
especializações nas atividades intensivas em trabalho. Isso está de acordo com a distribui-
ção dos estabelecimentos segundo o porte apresentado na seção anterior em que a Região
Norte concentra o emprego em estabelecimentos de grande porte, ao passo que a Região
Noroeste o faz em unidades de micro e pequeno porte.

Por fim, é preciso lembrar que ao mesmo tempo em que indica a especialização das regi-
ões, o QL também aponta para a dependência da estrutura produtiva destas regiões por
determinados setores. Neste sentido, a Região Norte aparece com maior dependência da
cadeia de petróleo e gás tornando a Região mais sensível tanto ao crescimento quanto às
crises desta cadeia produtiva. Dessa maneira, a especialização menos dependente da Re-
gião Noroeste (possui QL em geral mais baixos e mais bem distribuídos), a torna mais sen-
sível às variações de caráter mais geral na economia, com alguma concentração no setor
agrícola.

666 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 34 – Divisão CNAE com QL Maior que 1 para a Região Noroeste Fluminense e para o
Estado do Rio de Janeiro, 2008
Região
Divisão CNAE 2.0 RJ
Noroeste
Extração de Minerais Não-Metálicos 5,11 0,58
Fabricação de Celulose, Papel e Produtos de Papel 3,41 0,55
Fabricação de Produtos de Minerais Não-Metálicos 2,24 0,58
Atividades de Organizações Associativas 1,88 1,18
Serviços Domésticos 1,81 0,44
Agricultura, Pecuária e Serviços Relacionados 1,73 0,17
Atividades de Atenção à Saúde Humana 1,71 1,20
Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios 1,51 0,82
Alojamento 1,49 1,28
Comércio Varejista 1,42 1,10
Fabricação de Produtos Alimentícios 1,32 0,29
Administração Pública, Defesa e Seguridade Social 1,25 0,89
Comércio e Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas 1,17 0,70
Reparação e Manutenção de Equipamentos de Informática e
Comunicação ... 1,17 1,51
Educação 1,09 1,39
Correio e Outras Atividades de Entrega 1,06 1,26
Atividades Esportivas e de Recreação e Lazer 1,05 1,76
Esgoto e Atividades Relacionadas 1,03 0,85
Fonte: RAIS, 2008

6.3 Indústria

Esta seção analisa a estrutura industrial das Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de
Janeiro. Por tratar especificamente da indústria, a base desta análise é a classificação
CNAE 2.0 em cinco dígitos (classe CNAE). Isto permite observar com mais detalhe as ativi-
dades industriais nestas regiões, uma vez que conta com uma maior desagregação. Utiliza-
se, portanto, as classes CNAE pertencentes às indústrias extrativas e de transformação,
compreendendo as 274 atividades econômicas (de um total de 676). Contudo, o grande nú-
mero de classes industriais coloca limites à análise, no sentido de que passa a ser necessá-
rio maior rigor para a apresentação do QL.

Desta forma, a Tabela seguinte apresenta os setores em que o Estado do Rio de Janeiro
possui Quociente Locacional superior a dois. Observa-se que o Estado apresenta especiali-
zação em 41 atividades industriais, das quais se destacam as relacionadas à cadeia do pe-
tróleo e gás. Em aditamento, comparecem os serviços relacionados a esta cadeia. Além
disso, vale ressaltar a presença de especializações na cadeia metal-mecânica que se rela-
ciona com várias outras cadeias para as quais serve de base, como por exemplo, a Cons-
trução de embarcações e relacionados e de aeronaves. Três outras atividades que merecem
distinção, neste cenário, são as extrações de minerais radioativos; fabricação de prepara-
ções farmacêuticas e fabricação de produtos farmoquímicos.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 667


Tabela 35 – Classe CNAE com QL Maior que 2 para o Estado do Rio de Janeiro, QL para as
Regiões Norte e Noroeste Fluminense, QL para Demais Regiões do Estado, 2008

Outras
Região Região Rio de
Classe CNAE 2.0 Regiões
Norte Noroeste Janeiro
do Estado
Construção de embarcações e estruturas flutuantes 0,86 0,00 15,19 13,43
Fabricação de máquinas e equipamentos para a prospecção e extração de petróleo 61,28 0,00 7,63 13,06
Atividades de apoio à extração de petróleo e gás natural 44,17 0,00 8,70 12,23
Produção de semi-acabados de aço 0,00 0,00 12,92 11,35
Manutenção e reparação de embarcações 6,65 0,00 11,85 11,10
Fabricação de catalisadores 0,00 0,00 11,93 10,48
Extração de petróleo e gás natural 87,03 0,00 0,78 9,71
Extração de minerais radioativos 23,59 0,00 7,10 8,68
Manutenção e reparação de aeronaves 0,00 0,00 9,81 8,62
Fabricação de preparações farmacêuticas 0,00 0,00 9,58 8,42
Fabricação de desinfetantes domissanitários 0,00 0,00 9,06 7,96
Produção de outros tubos de ferro e aço 0,00 0,00 6,26 5,50
Fabricação de elastômeros 0,00 0,00 5,93 5,21
Produção de laminados planos de aço 0,00 0,00 4,91 4,31
Confecção de roupas íntimas 0,26 6,64 4,71 4,28
Fabricação de produtos derivados do petróleo, exceto produtos do refino 0,00 0,00 4,64 4,07
Fabricação de produtos do refino de petróleo 0,00 0,00 3,98 3,50
Construção de embarcações para esporte e lazer 0,00 0,00 3,94 3,46
Fabricação de produtos farmoquímicos 0,09 0,00 3,80 3,34
Manutenção e reparação de tanques, reservatórios metálicos
11,69 0,00 2,17 3,12
e caldeiras, exceto para veículos
Fabricação de produtos químicos inorgânicos não especificados anteriormente 0,00 0,00 3,48 3,06
Fabricação de equipamentos e instrumentos ópticos, fotográficos
0,00 0,00 3,48 3,06
e cinematográficos
Fabricação de pneumáticos e de câmaras-de-ar 0,00 0,00 3,42 3,00
Fabricação de artigos para viagem, bolsas e semelhantes de
0,13 0,00 3,35 2,95
qualquer material
Fabricação de malte, cervejas e chopes 0,03 0,00 3,32 2,92
Fabricação de produtos do fumo 0,42 0,00 3,16 2,82
Fabricação de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal 0,00 0,57 3,17 2,80
Manutenção e reparação de equipamentos e produtos não
especificados anteriormente 0,11 0,00 3,09 2,73
Fabricação de locomotivas, vagões e outros materiais rodantes 0,00 0,00 3,09 2,72
Fabricação de obras de caldeiraria pesada 0,07 0,00 3,02 2,66
Fabricação de mídias virgens, magnéticas e ópticas 0,00 0,00 3,01 2,64
Extração e refino de sal marinho e sal-gema 0,00 0,00 3,00 2,64
Fabricação de aparelhos e equipamentos para instalações térmicas 0,00 0,00 2,96 2,60
Fabricação de embalagens metálicas 0,28 0,59 2,87 2,56
Fabricação de bijuterias e artefatos semelhantes 0,00 0,00 2,83 2,49
Produção de relaminados, trefilados e perfilados de aço 0,00 0,00 2,61 2,29
Fabricação de embalagens de vidro 0,00 0,00 2,59 2,28
Fabricação de gases industriais 0,18 0,00 2,54 2,25
Fabricação de massas alimentícias 0,03 1,63 2,47 2,20
Fabricação de instrumentos e materiais para uso médico e
odontológico e de artigos ópticos 0,09 0,12 2,29 2,03

Fonte: RAIS, 2008

668 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Ao observar os QL apresentados para a Região Norte, e em comparação com o geral do
Estado, percebe-se mais fortemente a importância da cadeia de petróleo e gás para esta
região especificamente. Os QL das atividades extração de petróleo e gás natural
(QL=87,03); Fabricação de máquinas e equipamentos para a prospecção e extração de pe-
tróleo (QL=61,28); atividades de apoio à extração de petróleo e gás natural (QL=44,17); ma-
nutenção e reparação de tanques, reservatórios metálicos e caldeiras, exceto para veículos
(QL=11,69) e Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos da indústria mecânica
(QL=9,05) são bastante expressivos e em muito superiores aos do Estado para os respecti-
vos setores. Assim, verifica-se que a Região Norte é um elo fundamental para a cadeia de
petróleo e gás no Rio de Janeiro, embora existam muito outros elos faltantes tendo em vista
as varias atividades relacionas com QL igual a zero. Espera-se, portanto, uma complemen-
taridade entre a Região Norte e o restante do Estado no sentido de dar sustentação à ca-
deia do petróleo e gás como um todo. Por fim, vale mencionar o alto valor para o QL na ex-
tração de minerais radioativos (QL=23,59) que é maior para a Região Norte do que para o
Estado no geral.

Para o Noroeste Fluminense os dados da Tabela revelam até agora uma grande vulnerabili-
dade da indústria da Região, tendo em vista que apenas para a confecção de roupas ínti-
mas (QL=6,64) há uma especialização de destaque. Nas demais atividades em que o Esta-
do apresenta especialização, esta Região mostra valores para o QL seguinte de 1 para a
maioria dos setores listados. Isso evidencia uma desconexão, ao menos aparente, entre a
estrutura industrial do Estado e da Região.

As atividades industriais em que a Região Norte possui QL maior que 1 são mostradas na
Tabela seguinte. Fica clara, mais uma vez o peso da cadeia produtiva do petróleo e gás e
da cadeia metal-mecânica, sem maiores novidades em relação aos dados já apresentados.
Surgem apenas algumas outras especializações em moagem e fabricação de produtos de
origem vegetal; fabricação de farinha de mandioca e derivados e preparação do leite, por
exemplo. Das atividades em que a Região Noroeste apresentou QL superior a 1, apenas
para fabricação de aguardentes e outras bebidas destiladas (QL=3,47) e atividades de apoio
à extração de minerais, exceto petróleo e gás natural (QL=7,95), a Região Noroeste também
mostrou especialização.

Tabela 36 – Classe CNAE com QL Maior que 1 para Região Norte Fluminense, QL para a Noro-
este, QL para Estado do Rio de Janeiro, 2008

Região Região Rio de


Classe CNAE 2.0
Norte Noroeste Janeiro
Extração de petróleo e gás natural 87,03 0,00 9,71
Fabricação de máquinas e equipamentos para a prospecção e
61,28 0,00 13,06
extração de petróleo
Atividades de apoio à extração de petróleo e gás natural 44,17 0,00 12,23
Extração de minerais radioativos 23,59 0,00 8,68
Manutenção e reparação de tanques, reservatórios metálicos
11,69 0,00 3,12
e caldeiras, exceto para veículos
Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos
9,05 0,25 2,44
da indústria mecânica
Manutenção e reparação de embarcações 6,65 0,00 11,10
Fabricação de estruturas metálicas 3,81 0,02 1,34

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 669


(continuação)

Região Região Rio de


Classe CNAE 2.0
Norte Noroeste Janeiro
Fabricação de produtos cerâmicos não-refratários para uso
3,63 0,30 0,85
estrutural na construção
Produção de tubos de aço com costura 3,46 0,00 1,13
Fabricação de alimentos e pratos prontos 3,29 0,00 0,75
Fabricação de aguardentes e outras bebidas destiladas 2,54 3,47 0,75
Fabricação de produtos químicos orgânicos não especificados
2,36 0,00 0,95
anteriormente
Instalação de máquinas e equipamentos industriais 2,16 0,00 1,30
Moagem e fabricação de produtos de origem vegetal não
1,95 0,00 0,44
especificados anteriormente
Serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento em metais 1,77 0,06 0,93
Fabricação de farinha de mandioca e derivados 1,67 0,00 0,17
Manutenção e reparação de equipamentos eletrônicos e ópticos 1,53 0,00 1,94
Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos elétricos 1,41 0,00 1,47
Atividades de apoio à extração de minerais, exceto petróleo
1,26 7,95 0,92
e gás natural
Extração de minério de estanho 1,22 0,00 0,13
Extração de minerais não-metálicos não especificados anteriormente 1,21 0,26 0,66
Preparação do leite 1,07 4,19 0,98
Fabricação de conservas de frutas 1,07 0,00 0,29
Fabricação de açúcar em bruto 1,03 0,00 0,11
Fonte: RAIS, 2008

Os dados da Tabela listam as classes CNAE em que a Região Noroeste apresenta QL acima
de 1. A partir de tais dados, dois pontos merecem destaque. Em primeiro lugar, o fato de a
Região Noroeste possuir especializações em um maior número de atividades industriais (32
classes com QL maior que 1) do que a Região Norte (25 classes com QL maior que 1). Isso
denota uma menor dependência em relação a apenas uma, ou poucas cadeias produtivas. Em
segundo lugar, a pouca presença de atividades mais relacionadas com a cadeia produtiva do
petróleo e gás, o que sugere uma fragilidade na interação produtiva entre as duas regiões. Isto
fica mais claro quando se observa que apenas nas atividades de Apoio à extração de minerais,
exceto petróleo e gás natural; Preparação do leite e fabricação de aguardentes e outras bebi-
das destiladas, ambas as regiões apresentam especialização.

670 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 37 – Classe CNAE com QL Maior que 1 para Região Noroeste Fluminense, QL para a
Norte, QL para Estado do Rio de Janeiro, 2008

Região Região Rio de


Classe CNAE 2.0
Norte Noroeste Janeiro
Fabricação de peças e acessórios para o sistema de freios
0,00 24,45 0,58
de veículos automotores
Fabricação de papel 0,00 17,94 1,03
Aparelhamento e outros trabalhos em pedras 0,24 17,52 1,43
Fabricação de artefatos de tapeçaria 0,00 17,15 0,98
Fabricação de produtos de carne 0,00 12,96 1,81
Fabricação de laticínios 0,21 11,64 0,39
Extração de pedra, areia e argila 0,75 8,34 1,06
Atividades de apoio à extração de minerais, exceto petróleo
1,26 7,95 0,92
e gás natural
Fabricação de equipamentos de transporte não especificados
0,57 7,30 0,51
anteriormente
Confecção de roupas íntimas 0,26 6,64 4,28
Fabricação de águas envasadas 0,84 4,92 0,64
Fabricação de equipamentos hidráulicos e pneumáticos, exceto válvulas 0,56 4,75 0,85
Fabricação de esquadrias de metal 0,16 4,61 1,11
Preparação do leite 1,07 4,19 0,98
Fundição de ferro e aço 0,00 3,59 0,86
Fabricação de aguardentes e outras bebidas destiladas 2,54 3,47 0,75
Torrefação e moagem de café 0,42 3,45 1,39
Confecção de roupas profissionais 0,61 3,16 1,60
Fabricação de artigos de serralheria, exceto esquadrias 0,16 3,07 0,95
Fabricação de produtos de minerais não-metálicos não
0,28 2,54 1,57
especificados anteriormente
Fabricação de produtos de panificação 0,43 2,33 1,25
Fabricação de artefatos têxteis para uso doméstico 0,00 2,32 0,28
Serviços de pré-impressão 0,69 2,22 1,89
Fabricação de artefatos de concreto, cimento, fibrocimento,
0,58 1,90 0,94
gesso e materiais semelhantes
Fabricação de sabões e detergentes sintéticos 0,08 1,87 0,95
Fabricação de artigos do vestuário, produzidos em malharias
0,03 1,66 0,42
e tricotagens, exceto meias
Fabricação de estruturas de madeira e de artigos de
0,28 1,64 0,60
carpintaria para construção
Fabricação de massas alimentícias 0,03 1,63 2,20
Reforma de pneumáticos usados 0,26 1,48 0,71
Recondicionamento e recuperação de motores para
0,74 1,31 1,12
veículos automotores
Fundição de metais não-ferrosos e suas ligas 0,00 1,28 0,70
Fabricação de escovas, pincéis e vassouras 0,27 1,17 1,09
Fonte: RAIS, 2008

6.4 Grandes Empreendimentos

Esta seção apresenta os principais empreendimentos relacionados às Regiões do Norte e


Noroeste Fluminense, em especial. A base para esta análise é a compilação das informa-
ções presentes no documento “Decisão Rio – Investimentos 2010-2012” elaborado pela Fe-
deração das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN (2009).

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 671


De acordo com a FIRJAN, estão previstos para o período 2010-2012, um total de R$126,3
bilhões distribuídos em investimentos de infraestrutura (R$28,6bilhões), indústria de trans-
formação (R$20,3bilhões), Petrobrás (R$77,1bilhões) e outros (R$0,3bilhão). Estes investi-
mentos estão distribuídos entre os objetivos de implantação (75,5%), expan-
são/modernização (20,2%) e construção de embarcações (4,3%).

A Tabela seguinte apresenta os vinte maiores investimentos previstos de acordo com o rela-
tório “Decisão”. Estes investimentos correspondem a cerca de 34% do total previsto. Estas
informações mostram que os maiores investimentos são de implantação, ou seja, corres-
pondem a empreendimentos novos, e concentrados em petroquímica e energia. O setor de
transporte e logística também apresenta grandes investimentos, embora em menor escala,
seguido pela indústria naval. Vale observar, para estes vinte maiores empreendimentos, a
diversidade de atores/investidores presentes. Do ponto de vista das Regiões em análise,
apenas os municípios de Campos dos Goytacazes e São João da Barra, ambos na Região
Norte Fluminense, receberão investimentos específicos. Deve-se mencionar que existem
investimentos, que não ficarão restritos a um único município e, portanto, poderão contem-
plar outras regiões do Estado não explicitadas na Tabela.

Tabela 38 – Estado do Rio de Janeiro, Vinte Maiores Investimentos Programados, 2010-2012

Investimento Setor Municípios Objetivo Valor (R$ bi)

Comperj Petroquímica Itaboraí Implantação 14,6


Chevron Energia Campos Implantação 4,4
Usina Termelétrica do São João da
Energia Implantação 4,3
Açu Barra
Angra 3 Energia Angra dos Reis Implantação 4
CSN – Plataforma Expansão
Transporte/Logística Itaguaí 3,7
Logística em Itaguaí /Modernização
Complexo Portuário São João da
Transporte/Logística Implantação 2
do Açu Barra
OGX Energia Campos Implantação 1,5
Construção de
Eisa Indústria Naval Rio de Janeiro 1,4
Embarcação
Expansão
Grupo Fisher Indústria Naval Vários 1,3
/Modernização
Desenvolvimento Expansão
Governo Federal Vários 1,1
Urbano /Modernização
Porto do Sudeste Transporte/Logística Itaguaí Implantação 1,1
Light– UHE Itaocara Energia Vários Implantação 0,6
Gerdau – Terminal
Transporte/Logística Itaguaí Implantação 0,6
Portuário
Expansão
Metrô – Linha 1A Transporte/Logística Rio de Janeiro 0,5
/Modernização
Aeroporto Internacional Expansão
Transporte/Logística Rio de Janeiro 0,4
Tom Jobim /Modernização
Desenvolvimento Expansão
Porto Maravilha Rio de Janeiro 0,4
Urbano /Modernização
Expansão
MRS Logística Transporte/Logística Vários 0,4
/Modernização
Construção de
STX Europe Indústria Naval Niterói 0,4
Embarcação
Coquepar – Companhia
de Coque Calcinado de Petroquímica Seropédica Implantação 0,3
Petróleo
Michelin Borracha Itatiaia Implantação 0,3
Fonte: FIRJAN 2009
672 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
A Tabela seguinte relaciona os investimentos por macro setor, setor e valor. Fica mais claro,
nesta Tabela, o peso de cada setor no total dos investimentos. Estes dados sugerem uma
lógica coerente para os investimentos. Pode-se perceber um foco final na indústria petro-
química e naval, que para se implantar, desenvolver e funcionar adequadamente requer
investimentos em setores correlatos que se encontram em elos anteriores da cadeia produ-
tiva, como siderurgia e energia, por exemplo. Além disso, o setor de transporte e logística é
fundamental tanto no período de execução dos investimentos quanto para o funcionamento
dos setores considerando-se o fluxo de matérias primas e o escoamento da produção.

Tabela 39 – Estado do Rio de Janeiro, Investimentos Programados na Indústria de Transfor-


mação e Infraestrutura, 2010-2012
Valor
Macrosetor Setor %
(R$ bi)
Petroquímica 15,2 75
Indústria Naval 3,7 18,1
Indústria de transformação Siderurgia 0,8 3,9
Outros 0,6 3
Total 20,3 100
Energia 15,6 55
Transporte/Logística 10,5 37
Infraestrutura Desenvolvimento Urbano 2,1 7
Saneamento Básico 0,4 1
Total 28,6 100
Fonte: FIRJAN 2009

Os diferenciais de investimento nas regiões podem ser observados a partir da Tabela se-
guinte. De todo montante de investimentos previstos, a Região Norte Fluminense deverá
receber o segundo maior volume de recursos, superada apenas pela Região Leste. Na outra
ponta, os investimentos destinados à Região Noroeste confundem-se com os de outras re-
giões, o que denota um volume menor de recursos. O volume total para o conjunto de Regi-
ões no qual se encontra a Região Noroeste soma R$1,9 bi, correspondendo a 1,5% do in-
vestimento total e a apenas 14,7% do previsto para a Região Norte. Esta desigualdade é
reflexo, entre outras coisas, das especializações produtivas de cada região, o que combina-
do aos setores que receberão investimento levam à concentração destes em algumas regi-
ões. Uma conseqüência prevista deste movimento é a intensificação da concentração des-
tes setores nas respectivas regiões especializadas, bem como o aprofundamento desta es-
pecialização.

Tabela 40 – Estado do Rio de Janeiro, Investimentos Programados, até 2012


Região R$ bilhões %
Leste 15,6 12,3
Norte 12,9 10,3
Baixada I 6,2 4,9
Município do Rio de Janeiro 5,3 4,2
Sul 5,0 3,9
Outros - incluindo a Região Noroeste 1,9 1,5
Investimentos Não Restritos a uma Única Região 79,4 62,9
Total 126,3 100
Fonte: FIRJAN 2009
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 673
Os principais investimentos em cada Região são apresentados na Tabela seguinte. Mais
uma vez, reforça-se a predominância dos investimentos na Região Norte que revelam uma
concentração em infraestrutura e para a implantação. Além disso, surge apenas a indústria
naval entre os principais investimentos. Uma observação importante é a ausência do setor
de petroquímica entre os principais investimentos na Região Norte, o que aponta para duas
possibilidades. Primeiro, os investimentos previstos em petroquímica nesta Região são de
menor porte e estão espraiados em empreendimentos mais modestos. Isto pode ser decor-
rente do peso da cadeia produtiva do petróleo na Região, que requer ações mais localizadas
para ampliação de capacidade ao mesmo tempo em que demanda fortes investimentos em
energia e logística para obter ganhos de eficiência. Em segundo, pode ser o resultado de
uma complementaridade entre as regiões do Estado mais especializadas no setor petroquí-
mico, de tal forma que a ampliação da capacidade produtiva para extração do petróleo ne-
cessite de investimentos em transporte e logística para alcançar as atividades relacionadas
à petroquímica localizadas nas regiões vizinhas. De qualquer forma, a Região Norte benefi-
cia-se não apenas com os investimentos diretos em infraestrutura, mas também dos demais
investimentos previstos em outras regiões no setor petroquímico, uma vez que isso significa
uma ampliação da demanda para a sua produção industrial. Na relação não figuram ainda
investimentos potenciais, em avaliação, na área litorânea de São Francisco de Itabapoana
associados à geração eólica (parques eólicos) aproveitando o potencial de ventos ali exis-
tente.

Tabela 41 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Principais Investimentos Programados,


2010-2012
R$
Região Investimento Setor Município Objetivo
Bilhões
Chevron Energia Campos Implantação 4,4
Usina Termelétrica do Açu Energia São João da Barra Implantação 4,3
Complexo Portuário do Açu Transporte/Logística São João da Barra Implantação 2
Norte
OGX – Exploração de Petróleo Energia Campos Implantação 1,5
Aeroporto Farol de São Tomé Transporte/Logística Campos Implantação 0,3
Centro Logístico de Barra do Furado Indústria Naval Quissamã Implantação 0,1
Light S/A – Itaocara Energia Vários Implantação 0,62
Desenvolvimento Expansão/
Noroeste Governo Federal Vários 0,01
Urbano Modernização
Godiva Alimentos – GODAM Alimentos São José de Ubá Implantação 0,01
Fonte: FIRJAN 2009

Por sua vez, os principais investimentos previstos para a Região Noroeste são bem mais
modestos e abrangem os setores de energia, desenvolvimento urbano e alimentos. Isto leva
a considerar dois pontos em especial. Em primeiro lugar, a reduzida presença de atividades
industriais na região, o que pode levar a um ritmo mais lento nos investimentos em ativida-
des desta natureza. Contudo, o investimento em infraestrutura (energia) tende a induzir e
possibilitar a expansão da indústria local. Em segundo lugar, o próprio investimento no de-
senvolvimento urbano caracteriza a possibilidade de uma demanda maior de energia para
fins não industriais, como efeito da maior urbanização da Região.

De modo geral, estes investimentos podem levar ao mesmo tempo a dois efeitos que mere-
cem destaque. O primeiro efeito é mais claro, qual seja o crescimento das respectivas regi-
ões que receberão os investimentos, bem como do Estado do Rio de Janeiro como um todo.
Tende a haver um efeito multiplicador deste investimento com o aumento de renda e em-
prego, proporcionado por economias de aglomeração e de escala. Neste sentido, espera-se
um desenvolvimento destas regiões alem da diversificação da sua estrutura produtiva.

Contudo, um segundo efeito possível é o aprofundamento das desigualdades intra e interre-


gionais. As desigualdades intrarregionais, destacando-se aqui a Região Norte, seriam resul-
tados do aumento da especialização nas atividades produtivas já presentes nesta região.
674 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Desta forma, o crescimento da cadeia produtiva do petróleo e, em alguma medida, da ca-
deia metal mecânica e da indústria naval, tornariam a região mais dependente das poucas
atividades para as quais já apresenta especialização, reduzindo o ritmo da diversificação. O
aprofundamento das desigualdades interregionais seria conseqüência, ao mesmo tempo, da
concentração de investimentos de maior vulto em regiões já relativamente mais desenvolvi-
das e como resultado do próprio crescimento destas regiões em virtude dos investimentos.
Na medida em que tais investimentos ampliam o emprego e a renda em determinadas regi-
ões tende também a absorver mão de obra proveniente das outras regiões de crescimento
mais lento e a concentrar novos investimentos. Deve-se, portanto, buscar formas compensa-
tórias para estes efeitos considerando a integração das regiões, em especial do Noroeste e
Norte Fluminense, no sentido de direcionar novos investimentos para diversificar as econo-
mias regionais e distribuir renda.

6.5 Ciência e Tecnologia

A análise da estrutura científica e tecnológica das regiões passa pela observação de cinco
pontos principais: a) capacidade para formação de recursos humanos de nível superior; b)
capacidade de formar e fixar pesquisadores; c) produção e diversificação do conhecimento
gerado; d) geração de tecnologia; e) setores envolvidos na geração de tecnologia.

Do ponto de vista da capacidade da formação de pessoas na educação de nível superior, a


Tabela seguinte apresenta o número de instituições que oferecem cursos de nível superior e
o número de cursos oferecidos de acordo com o Ministério da Educação (MEC). Para um
total de 206 instituições dentro do Estado do Rio de Janeiro, são oferecidos ao todo 3.074
cursos. Um primeiro aspecto a chamar a atenção é o fato de que a Região Noroeste possui
instituições de ensino superior apenas em quatro municípios dos treze que compões a regi-
ão. São, para esta região, um total de doze instituições que oferecem 70 cursos, o que re-
presenta apenas 5,8% e 2,2% do total do Estado, respectivamente. No caso da Região Nor-
te, as instituições de ensino superior estão concentradas em três dos nove municípios cons-
tituintes. Por sua vez, estes três municípios somam 24 instituições e 239 cursos, correspon-
dendo, respectivamente, a 11,6% e 7,7% do Estado.

Tabela 42 – Estado do Rio de Janeiro, Número de Instituições Ofertantes e Número de Curso


Superior por Região, 2009

População Cursos por mil


Região Município Instituições Cursos
2009 habitantes
Campos dos Goytacazes 13 176 434.008 0,41
Macaé 8 56 194.413 0,29
Norte
Quissamã 3 7 19.878 0,35
Total 24 239 648.299 0,37
Itaperuna 6 55 99.454 0,55
Santo Antônio de Pádua 3 9 42.405 0,21
Noroeste Bom Jesus do Itabapoana 2 5 35.303 0,14
Miracema 1 1 26.824 0,04
Total 12 70 203.986 0,34
Capital Rio de Janeiro 80 1572 6.186.710 0,25
Outros Outros 90 1193 - -
Total 206 3074 - -
Fonte: MEC, 2010

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 675


Destes dados, é importante ressaltar que, tanto para a Região Noroeste quanto para a Re-
gião Norte, a ponderação do número de cursos de nível superior ofertados pela população é
superior à verificada para a capital do Estado. Isto indica que uma possibilidade de que a
estrutura para graduação nestas Regiões esteja minimamente adequada ao peso da popu-
lação em termos relativos. Esta relação seria mais bem medida a partir da comparação ofer-
ta de vagas de cursos que correspondem às demandas da economia ao invés de cursos
genericamente considerados, contudo, tais informações não estão disponíveis.

De qualquer forma, deve-se estar atento para a capacidade desta estrutura de graduação
alimentar e sustentar as atividades de pesquisa e geração de conhecimento nas regiões.
Neste sentido, a Tabela seguinte auxilia no entendimento da capacidade das Regiões em
gerar e fixar pesquisadores. A partir de dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do
CNPq, é apresentado um retrato da estrutura de pesquisa no ano de 2008.

A primeira constatação é quanto à ausência de grupos de pesquisa localizados na Região


Noroeste e cadastrados na base de dados do CNPq. Desta forma, entende-se que, pelo
menos no que este indicador é capaz de captar, as atividades de pesquisa nesta Região são
bastante limitadas, chegando praticamente à sua ausência.

A situação mostra-se, pelo menos em parte, diferente para a Região Norte. Neste caso, e-
xistem 117 grupos cadastrados junto ao CNPq, porém, concentrados em apenas três institu-
ições e em poucas áreas de conhecimento. Além disso, estes grupos contam com 872 pes-
quisadores, 983 estudantes e 235 técnicos atuando em 490 projetos de pesquisa diferentes.
Chama a atenção o número de estudantes (de graduação ou pós-graduação) envolvidos em
pesquisa. Isto sugere certa capacidade da Região em dar continuidade à formação de pes-
soal com potencial para uma próxima geração e gestão de conhecimento regionalmente.
Estes dados conferem à Região Norte uma melhor condição para sustentar uma infraestru-
tura científica em comparação à Região Noroeste, embora tal estrutura seja bastante dimi-
nuta em comparação com a capital, Rio de Janeiro (que concentra a maior parte das pes-
quisas e desenvolvimentos, na atualidade).

Tabela 43 –Estatísticas do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2008


Linhas de
Região Cidade Instituições Grupos Pesquisadores Estudantes Técnicos
Pesquisa
Campos dos
2 98 434 757 922 216
Região Goytacazes
Norte Macaé 1 19 56 115 61 19
Total 3 117 490 872 983 235
Rio de
47 2.178 8.291 15.185 15.143 29.60
Janeiro
Niterói 2 398 14.77 2.487 2.631 254
Petrópolis 1 46 95 136 221 37
Nova Iguaçu 2 37 137 231 158 12
Maricá 1 28 76 158 100 5
Outras
Vassouras 1 28 76 158 100 5
Duque de
1 19 56 115 61 19
Caxias
Volta
1 8 33 130 248 5
Redonda
Arraial do
1 6 26 20 5 12
Cabo
Total Geral 60 2.865 10.757 19.492 19.650 35.44
Fonte: CNPq, 2010

676 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 44 – Produção dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Censo 2008
Campos dos Goytacazes Macaé Outras regiões Total Rio de Janeiro
Grande Área do Conhecimento Produção Produção Produção Produção Produção Produção Produção Produção
Autores Autores Autores Autores
Bibliog. Técnica Bibliog. Técnica Bibliog. Técnica Bibliog. Técnica
Ciências Agrárias 320 8.903 2.094 - - - 999 25.524 7.730 1.319 34.427 9.824
Ciências Biológicas 270 4.518 1.237 12 145 53 3.832 72.892 23.408 4.090 77.265 24.592
Ciências da Saúde 23 581 187 25 717 242 3.766 80.762 40.725 3.764 80.626 40.670
Ciências Exatas e da Terra 133 3.003 574 - - - 2.495 45.293 14.038 2.628 48.296 14.612
Ciências Humanas 108 1.775 899 4 12 53 3.796 59.350 54.346 3.900 61.113 55.192
Ciências Sociais Aplicadas 24 320 158 29 389 337 1.884 28.924 24.406 1.879 28.855 24.227
Engenharias 140 3.075 1.025 3 49 12 3.215 52.619 20.450 3.352 55.645 21.463
Lingüística, Letras e Artes - - - 16 304 301 1.273 19.243 18.419 1.257 18.939 18.118
Total 1.018 22.175 6.174 89 1.616 998 21.260 384.607 203.522 22.189 405.166 208.698
Fonte: CNPq, 2010

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 677


Ainda utilizando dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, é possível avaliar a
produção de conhecimento e sua diversidade, em particular na Região Norte Fluminense,
uma vez que pesquisadores localizados na Região Noroeste não aparecem nesta base de
dados para o ano de 2008. Desta forma, a Tabela anterior traz a produção dos Grupos de
Pesquisa do CNPq por tipo de produção e por área do conhecimento. Dois pontos são im-
portantes destacar para a Região Norte (Campos e Macaé). Primeiro é a presença de pro-
dução científica em todas as grandes áreas do conhecimento, o que evidencia alguma di-
versidade das pesquisas e do conhecimento produzido. Em segundo, vale observar a con-
centração desta produção em ciências agrária (em primeiro lugar) e em ciências biológicas
(na sequência), em geral, pouco relacionadas à especialização produtiva da Região. Não
obstante esta concentração, deve-se apontar a produção nas ciências da terra e engenhari-
as, estas sim, mais próximas às características industriais presentes na Região. Vale lem-
brar, neste caso, a superioridade do município de Campos dos Goytacazes em relação à
baixa produção de Macaé e restante.

Para complementar estas informações, a Tabela seguinte contabiliza o total de artigos cien-
tíficos indexados no Institute for Scientific Information nas quais, pelo menos um dos seus
autores, localiza-se nas Regiões Norte ou Noroeste Fluminense e que tenha sido publicado
no ano de 2009. Percebe-se que, embora não figure na base de dados do CNPq, existe na
Região Noroeste alguma estrutura capaz de gerar conhecimento. Os municípios de Campos
dos Goytacazes e Macaé são os representantes da Região Norte, o que comprova a estru-
tura científica reportada pela Tabela. Por sua vez, a ocorrência de uma produção científica
de ambiente internacional, nos municípios de Itaperuna e Miracema, é útil para sustentar
manifestação científica e/ou de pesquisa na Região Noroeste.

Tabela 45 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Artigos Científicos Indexados no ISI com
Autores de Instituições Localizadas, Publicações em 2009

Região Município Artigos Científicos


Campos dos Goytacazes 264
Região Norte Macaé 15
Total 279
Itaperuna 3
Região Noroeste Miracema 1
Total 4
Outras Regiões Outros municípios 7.395
Fonte: ISI 2010

A partir das informações sobre a infraestrutura científica das Regiões Norte e Noroeste do
Estado do Rio de Janeiro, faz-se necessário destacar dois pontos conclusivos. Primeiro, é
pela própria existência desta infraestrutura mensurável nestas Regiões. Segundo, apesar de
mensurável, esta estrutura mostra-se bastante acanhada, sobretudo para a Região Noroes-
te, tanto em termos da formação de pessoal de nível superior e pesquisadores, quanto na
condução de pesquisas e produção de conhecimento, principalmente quando comparados
ao conjunto que oferecem as demais regiões do Estado.

Do ponto de vista da estrutura tecnológica, a análise é feita em termos da capacidade das


empresas da região em gerar tecnologia razoavelmente mensurável. Desta forma, a Tabela
seguinte apresenta a produção tecnológica, medida por depósitos de patentes junto ao Insti-
tuto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no período de 1990 a 2005, por região, tipo de
patente e natureza jurídica do titular.

678 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 46 – Regiões do Estado do Rio de Janeiro, Depósitos de Patentes no INPI, por Tipo de
Patente e Natureza Jurídica do Titular no Período 1990-2005
Região Tipo PF PJ NA Total
Modelo de Utilidade 2 2 1 5
Região Norte
Patente de Invenção 2 3 2 7
Modelo de Utilidade 2 0 0 2
Região Noroeste
Patente de Invenção 1 1 1 3
Modelo de Utilidade 269 255 245 769
Outas regiões
Patente de Invenção 272 1.096 316 1.684
Modelo de Utilidade 273 257 246 776
Total do Estado
Patente de Invenção 275 1.100 319 1.694
Fonte: INPI, 2007 (Base de dados cedida diretamente ao Cedeplar/UFMG)

Inicialmente, vale esclarecer que modelos de utilidade são, em geral, considerados patentes
com menor conteúdo tecnológico, ao passo que a patente de invenção representaria uma
contribuição mais significativa para o estoque de conhecimento tecnológico e para a mudan-
ça tecnológica. Além disso, deve-se esclarecer que a predominância de patentes registradas
por indivíduos (pessoa física) representa uma fragilidade do sistema de inovação, o que
revela uma limitada capacidade de criar e sustentar um ambiente mais propício à geração
de novas tecnologias e da inovação.

Desta forma, os dados apresentados na Tabela anterior revelam um sistema local de inova-
ção bastante limitado e imaturo, tanto para a Região Norte mas, sobretudo, para a região
Noroeste. Isto fica claro ao observar-se a baixa atividade patentária, o peso dos modelos de
utilidade e de indivíduos como titulares, considerando o extenso período apurado.

Em outra perspectiva, a Tabela seguinte apresenta os depósitos de patentes distribuídos


entre as classes de atividade CNAE para as regiões em análise. Ressalta-se, neste sentido,
a pequena diversidade de setores com atividade patentária. Para a Região Noroeste consta-
ta-se apenas um pedido de patente originado pelo setor de peças e acessórios para o sis-
tema de freios, enquanto para a Região Norte vale ressaltar o setor de edificações. De modo
geral, estes dados também sugerem uma desconexão entre as atividades tecnológicas e as
especializações produtivas das regiões.

Tabela 47 – Depósitos de Patentes Junto ao INPI por Classe de Atividade CNAE e Região entre
1990 e 2005
Outras
Noroeste Norte
Classe CNAE Fluminense Fluminense
Regiões Brasil
Do Brasil
Administração publica em geral 0 1 74 75
Atividades de serviços relacionados com a agricultura 0 1 0 1
Edificações (residenciais, industriais, comerciais
e de serviços) 0 2 3 5
Fabricação de outros produtos elaborados de metal 0 1 15 16
Fabricação de peças e acessórios para o sistema
de freios 1 0 2 3
Outros setores 0 0 1.112 1.112
Não disponível 4 7 1.247 1.258
Total 5 12 2.453 2.470
Fonte: INPI, 2007 (Base de dados cedida diretamente ao Cedeplar/UFMG)

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 679


Em resumo, as informações apresentadas nesta seção sugerem que as regiões Noroeste e
Norte Fluminense possuem um sistema de inovação imaturo com uma infraestrutura científi-
ca e tecnológica bastante limitada. Desta forma, estas regiões apresentam grande fragilida-
de e pouca possibilidade para responder a desafios econômicos e sociais que demandem
mais intensamente a geração e emprego de conhecimento científico e tecnológico. Além
disso, este cenário torna tais regiões menos habilitadas a receber atividades que exigem um
conteúdo cientifico e tecnológico maior, capazes de gerar maior valor agregado e concorrer
em mercados mais competitivos.

6.6 Alternativa para a Organização Produtiva

Esta seção trata basicamente dos denominados Arranjos Produtivos Locais (APL) como
uma opção para considerar a organização produtiva das regiões. Desta forma, apresenta-se
na Tabela a seguir o conjunto de APL identificados no Estado do Rio de Janeiro em estudo
produzido pelo SEBRAE/RJ (2004).

Tabela 48 – Relação de APL Identificados pelo SEBRAE/RJ, 2004


Atividade Localização
Petróleo Macaé
Moda Íntima Nova Friburgo
Têxtil/Vestuário Petrópolis
Rochas Ornamentais Santo Antônio de Pádua
Vale do Paraíba
Siderurgia (Volta Redonda, Barra Mansa e Barra do Piraí).
Automotivo Sul Fluminense (Resende e Porto Real)
Petroquímico,
Químico e Plásticos Duque de Caxias, Belford.
Cerâmica Vermelha Campos dos Goytacazes
Indústria Naval Niterói
Fruticultura Campos dos Goytacazes
Turismo Rio de Janeiro
Turismo Região dos Lagos
Turismo Itatiaia e Resende
Turismo Costa Verde
Telecomunicações Rio de Janeiro
Informática Rio de Janeiro
Audiovisual Rio de Janeiro
Fonte: SEBRAE, 2004
Dadas as características das Regiões em análise, a abordagem dos APLs torna-se interes-
sante na medida em que tais formas de organização e coordenação de atividades produti-
vas, relacionadas à produção e distribuição de bens e serviços e também ao processo de
geração, disseminação e uso de conhecimentos e de inovações, podem gerar impactos po-
sitivos sobre o crescimento e sustentação do emprego e da renda nas regiões sede. Além
disso, deve-se considerar a possibilidade de obter maior eficiência de especializações pro-
dutivas, bem como atenuar efeitos negativos de crises econômicas.
Em termos da Região Noroeste, cabe observar a ocorrência do APL de Rochas Ornamen-
tais, em Santo Antônio de Pádua. Com a sua identificação feita desde estudo do SEBRAE
em 2004, esta condição se transforma em evidencia de especialização percebida na Região
por meio do Quociente Locacional (QL) , cujo valor alcança 8,34 para a atividade de extrati-
vista, no ano de 2008. Este APL caracteriza-se pela predominância de pequenas e micro-
empresas onde se identifica algum grau de articulação entre agentes locais (incluindo insti-

680 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


tuições de apoio), visando à adoção de ações coletivas indutoras visando um maior nível de
competitividade.

No caso da Região Norte, vale ressaltar o APL de Produção de Petróleo, localizado em Ma-
caé. De fato, as três maiores especializações desta região são nas atividades de extração
de petróleo e gás (QL=87,03), fabricação de máquinas e equipamentos para a prospecção e
extração de petróleo (QL=61,28) e atividades de apoio à extração de petróleo e gás natural
(QL=44,17). De acordo com o apurado pelo SEBRAE, trata-se de APL no qual se identifica a
presença de empresa-âncora (Petrobrás), que conforma uma estrutura de governança cen-
tralizada, baseada na presença de uma malha de empresas fornecedoras de insumos, com-
ponentes e serviços que a elas se articulam via relações de subcontratação.

Além do APL de Petróleo, tem-se, em Campos do Goytacazes, o APL de Cerâmica, hoje


exclusivamente vermelha e também o APL Fruticultura, que abrange outros municípios. No
primeiro caso, a cerâmica vermelha, pode-se associar esta ocorrência com a especialização
na extração de minerais não metálicos (QL=1,21) na Região Norte, embora pequena. Este
APL apresenta a mesma caracterização percebida em Santo Antônio de Pádua, para o caso
das Rochas Ornamentais. No caso do APL Fruticultura não é observada especialização na
Região que indique maior presença desta atividade em âmbito microrregional. Isto está de
acordo com o levantamento do SEBRAE que o caracteriza como incipiente, em termos do
seu grau de articulação interna, mas que apresenta um expressivo potencial de expansão,
em virtude da presença de possíveis empresas-âncora e da mobilização de um conjunto de
estímulos provenientes de políticas de apoio àquele ramo de atividade. Não obstante ao
menor peso em termos regionais, é preciso considerar a importância do Arranjo para a or-
ganização produtiva do município.

6.7 Pré-sal

De forma resumida, o pré-sal representa grandes reservatórios de petróleo e gás natural


situados entre 5.000 e 7.000 m. seguinte do nível do mar. Para se alcançar tais reservató-
rios é preciso vencer lâminas d’água que ultrapassam 2.000 m. de profundidade indo atra-
vés da camada de sal até os poços. Trata-se de uma área total de 149.000 km2 dos quais
41.772 já foram concedidos, sendo que 35.739 km2 destes têm a participação da Petrobrás,
enquanto os 107.228 km2 (72% do total da área) ainda não tiveram atribuídos os direitos de
concessão de sua exploração.

Em termos da produção nacional de petróleo, estudos dão conta de que, considerando ape-
nas o pré-sal conhecido, pode-se chegar a 1.815.000 de barris por dia em 2020, segundo o
Governo Federal e, em 2030, a produção nacional total poderá atingir os 6,1 milhões de
barris por dia, de acordo com o PROMINP.

De outra perspectiva, o cenário mundial para o mercado de petróleo aponta para uma reali-
dade diversa. Estima-se que a produção mundial de petróleo que, em 2008, chegou a 86
milhões de barris/dia, caia para não mais que 31 milhões de barris/dia em 2030, caso não se
verifiquem novas descobertas. No sentido contrário, a demanda esperada de petróleo para o
ano de 2030 é de 106 milhões de barris/dia, o que acarretaria em um déficit de 75 milhões
de barris/dia, que deverão ser supridos por novas descobertas de petróleo, fontes alternati-
vas de energia e maior eficiência energética.

Estes fatos apresentam para a economia brasileira um cenário diferente do experimentado


até agora. De importador tradicional de petróleo, tendo alcançado recentemente à condição
de auto-suficiência, o país vislumbra, para um futuro próximo, a possibilidade de ocupar uma
condição de exportador, a partir da exploração das descobertas do pré-sal o que depende
da conquista de posição de liderança tecnológica na exploração de petróleo em águas ultra

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 681


profundas e da captação de recursos de investimento no mercado de capitais nacional e
internacional. Naturalmente que a evolução do mercado interno em expansão, de sua base
industrial diversificada e das mudanças estruturais em curso na matriz energética nacional
determinarão as condições de produção de excedentes de petróleo para a exportação.

O que se vê, portanto, é um quadro de grandes perspectivas de investimentos necessários


para o aproveitamento destas oportunidades postas pelo advento do pré-sal, parcela das
quais correspondem a novos investimentos na Região Norte Fluminense.

Para a economia brasileira como um todo, mas em especial no âmbito do desenvolvimento


mesorregional, é preciso abordar o novo quadro de possibilidades apresentado pelo pré-sal
considerando-se as dimensões: 1) investimentos necessários de forma ampla; 2) o marco
regulatório; 3) a oferta de mão-de-obra; 4) a diversificação da base industrial e 5) a deman-
da sobre a infraestrutura de ciência e tecnologia. Estas dimensões compõem o escopo de
uma primeira análise. Elas não são independentes e, como esperado, influenciam-se mutu-
amente, revelando um ambiente complexo para a formulação de estratégias de desenvolvi-
mento e de tomada de decisão.

6.7.1 Os Impactos dos Investimentos Relacionados ao Pré-sal

Várias são as estimativas acerca do volume de investimentos relacionados à exploração do


petróleo na camada pré-sal. Na edição de 26 de setembro de 2008, do jornal Valor Econô-
mico, o professor do Instituto de Economia da UFRJ, prof. Adilson de Oliveira, estimou que
os investimentos necessários para a extração do petróleo no pré-sal chegariam a US$ 20
bilhões ao ano, em 2015, e a US$ 25 bilhões, em 2020. A previsão do BNDES é de que os
investimentos da cadeia produtiva do petróleo e gás, para a exploração da área do pré-sal
somem US$ 200 bilhões, até 2012, sendo que para o ano de 2010, o banco reservou R$ 56
bilhões apenas para o setor de infraestrutura cuja maior parte refere-se ao pré-sal. O plano
de investimentos da Petrobras, apenas anunciado para o período de 2008-2013 chega a
US$ 174 bilhões.

Todo este volume de investimentos relacionados à cadeia produtiva do petróleo e gás e à


exploração do pré-sal deve ser considerado em termos tanto dos elos da cadeia anteriores à
exploração e produção de petróleo e gás natural, quanto aos elos posteriores. Em relação
aos elos anteriores, ou seja, o conjunto de atividades econômicas necessárias para que a
exploração ocorra, os investimentos tendem a favorecer parques industriais mais diversifi-
cados e não precisam, necessariamente, estar concentrados numa região, a não ser pelas
economias geradas e pela especialização de cada Região. Assim, parte destes investimen-
tos pode ser distribuída entre várias outras regiões que, mesmo não tendo a mesma especi-
alização da Região Norte Fluminense, podem ser mais eficientes, tanto em termos técni-
cos/tecnológicos, quanto de custos.

O mesmo raciocínio pode ser empregado, com ressalvas, para os elos da cadeia posteriores
à exploração e produção de petróleo. Estes investimentos dependerão amplamente da di-
nâmica que se pretende dar ao setor dentro da economia nacional. Assim, depende-se for-
temente do modelo de desenvolvimento a que tais investimentos servirão, ou seja, pela de-
cisão sobre o nível de agregação de valor que se quer dar ao produto bruto para exportação
ou para o mercado interno. A ressalva vem do fato de que, devido às características do pro-
duto central (um recurso natural), petróleo e gás, a sua produção imprime uma configuração
regional específica para o setor em que a própria região produtora, ou regiões próximas,
tendem a beneficiar o produto, tendo estas regiões vantagens na concorrência por investi-
mentos para tais fins. Não obstante estas vantagens potenciais da Região produtora e regi-
ões próximas, a infraestrutura de logística pode modificar tais vantagens em beneficio de
grandes mercados consumidores ou com maior capacidade tecnológica.
682 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Considerando, portanto, as especializações produtivas da Região Norte apresentadas na
Tabela, há um peso relativo muito maior na própria extração de petróleo e gás natural e nas
atividades de apoio a extração de minerais, embora exista alguma especialização também
em setores precedentes na cadeia produtiva, como fabricação de maquinas e equipamen-
tos, obras de infraestrutura, por exemplo. Isto sugere que a estrutura produtiva da Região
está concentrada no centro da cadeia produtiva, mais que nos elos anteriores ou posterio-
res.

A Tabela a seguir recupera as atividades CNAE para as quais a Região Norte não possui
especialização, uma vez que apresentaram o QL para 2008 seguinte da unidade. São des-
tacados os setores que podem ser mais facilmente associados à cadeia produtiva do petró-
leo e gás. Pode-se perceber que mesmo para o Estado do Rio de Janeiros, nestes setores
especificamente, não há especialização ou, quando há, estes apresentam o QL pouco aci-
ma de 1.

Desta forma, um Plano de Desenvolvimento para a Região Norte Fluminense para aprovei-
tar de forma adequada às perspectivas colocadas a partir da exploração do pré-sal, deve
considerar o adensamento da cadeia produtiva do petróleo e gás nos elos anteriores e pos-
teriores à extração da atividade E&P propriamente dita. Neste sentido, toda a base produtiva
da Região seria beneficiada, uma vez que os elos que compõem a cadeia do petróleo tam-
bém perpassam outras cadeias que podem se favorecer, num processo multiplicador, dos
encadeamentos para frente e para trás gerados pelos investimentos no pré-sal.

É preciso, portanto, conhecer o tamanho deste processo multiplicador, bem como o alcance
dos encadeamentos gerados, afim de melhor planejar e executar as ações adequadas para
o desenvolvimento da Região de forma consistente no longo prazo.
Tabela 49 – Estado do Rio de Janeiro e Região Norte Fluminense, Divisão CNAE com QL Menor
que 1, 2008
Divisão CNAE 2.0 Região Norte RJ
Publicidade e pesquisa de mercado 0,99 0,87
Atividades de sedes de empresas e de consultoria em gestão empresarial 0,98 1,75
Aluguéis não-imobiliários e gestão de ativos intangíveis não-financeiros 0,92 1,30
Transporte terrestre 0,92 1,29
Outras atividades profissionais, científicas e técnicas 0,92 1,09
Educação 0,90 1,39
Construção de edifícios 0,90 0,66
Extração de minerais não-metálicos 0,81 0,58
Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 0,75 0,60
Atividades de rádio e de televisão 0,73 1,87
Atividades de prestação de serviços de informação 0,71 1,23
Administração pública, defesa e seguridade social 0,70 0,89
Comércio por atacado, exceto veículos automotores e motocicletas 0,70 0,98
Serviços domésticos 0,68 0,44
Agricultura, pecuária e serviços relacionados 0,64 0,17
Atividades cinematográficas, produção de vídeos e de
0,63 1,77
programas de televisão; gravação de som ...
Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas 0,62 0,70
Eletricidade, gás e outras utilidades 0,59 1,07
Atividades dos serviços de tecnologia da informação 0,55 1,28
Correio e outras atividades de entrega 0,55 1,26
Fabricação de bebidas 0,54 1,05
Atividades esportivas e de recreação e lazer 0,53 1,76
Atividades de serviços financeiros 0,49 1,02
Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria 0,48 1,29
Fabricação de produtos alimentícios 0,47 0,29
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 683
(continuação)
Divisão CNAE 2.0 Região Norte RJ
Seguros, resseguros, previdência complementar e
0,47 1,95
planos de saúde
Seleção, agenciamento e locação de mão-de-obra 0,47 1,34
Atividades de vigilância, segurança e investigação 0,46 1,17
Fabricação de coque, de produtos derivados do
0,46 0,37
petróleo e de biocombustíveis
Reparação e manutenção de equipamentos de
0,44 1,51
informática e comunicação e de objetos pessoais e domésticos
Atividades imobiliárias 0,44 1,38
Serviços para edifícios e atividades paisagísticas 0,43 1,54
Extração de carvão mineral 0,39 0,05
Esgoto e atividades relacionadas 0,39 0,85
Atividades veterinárias 0,38 1,79
Impressão e reprodução de gravações 0,37 0,82
Edição e edição integrada à impressão 0,36 1,28
Fabricação de produtos do fumo 0,36 1,33
Pesquisa e desenvolvimento científico 0,35 1,90
Fabricação de outros equipamentos de transporte,
0,34 2,67
exceto veículos automotores
Agências de viagens, operadores turísticos e serviços de reservas 0,29 1,35
Telecomunicações 0,27 1,79
Pesca e aqüicultura 0,25 0,80
Atividades auxiliares dos serviços financeiros,
0,25 1,45
seguros, previdência complementar e planos de saúde
Confecção de artigos do vestuário e acessórios 0,24 0,82
Serviços de assistência social sem alojamento 0,23 0,79
Fabricação de móveis 0,23 0,31
Atividades de atenção à saúde humana integradas
0,22 0,58
com assistência social, prestadas em residências ...
Extração de minerais metálicos 0,22 0,60
Atividades ligadas ao patrimônio cultural e ambiental 0,20 0,81
Metalurgia 0,17 0,90
Fabricação de produtos químicos 0,17 0,88
Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 0,16 1,14
Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos 0,15 0,22
Fabricação de produtos diversos 0,08 0,76
Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias 0,08 0,29
Atividades de exploração de jogos de azar e apostas 0,07 4,64
Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 0,06 0,58
Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos 0,05 0,24
Fabricação de produtos têxteis 0,05 0,29
Fabricação de produtos de madeira 0,05 0,14
Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 0,05 0,55
Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos
0,03 0,12
para viagem e calçados
Produção florestal 0,01 0,04
Captação, tratamento e distribuição de água 0,00 0,89
Descontaminação e outros serviços de gestão de resíduos 0,00 0,25
Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais 0,00 0,80
Fonte: RAIS, 2008
6.7.2 Marco Regulatório

Considerando a descoberta de grandes reservas de petróleo e gás na camada pré-sal, se-


gundo ALMEIDA e BELLUZZO (2009), a regulamentação atual não é compatível com tal

684 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


abundância4. Isto posto, pode-se seguir para a análise dos pontos fundamentais da proposta
de marco regulatório do Governo Federal. Os pontos principais desta proposta e que tem
uma relação mais imediata com a presente análise são: 1) a adoção do modelo de partilha
para as novas explorações na área do pré-sal com a Petrobrás como operadora e uma par-
ticipação mínima de 30% em todos os blocos; 2) a criação de uma nova empresa pública
(“Petro-sal”) para representar a União nos consórcios e comitês operacionais, diminuindo a
assimetria de informações entre a União e as empresas de petróleo pela atuação e acom-
panhamento direto de todas as atividades na área de E&P, em especial o custo de produção
do óleo; 3) a criação do Fundo Social com objetivo de proporcionar uma fonte regular de
recursos para as atividades de combate à pobreza, educação de qualidade e para inovação
científica e tecnológica.

O objetivo geral do novo marco regulatório é permitir que o Brasil transforme a riqueza do
petróleo em desenvolvimento humano nacional. Para tanto, argumenta-se pela necessidade
de explorar as grandes reservas do pré-sal de forma inteligente, desenvolvendo toda a es-
trutura produtiva do país, bem como na geração de bem-estar social. Neste sentido, a parti-
cipação da Petrobras em todos os blocos, bem como a atuação da nova empresa (“Petro-
sal”) permitirá que se estimem de forma adequada os custos de operação evitando as per-
das de receita da União, bem como dará ao Estado a condição de cadenciar o ritmo de ex-
ploração de forma a induzir e possibilitar o desenvolvimento da economia nacional em rela-
ção ao nível de atividade, das necessidades de financiamento, do desenvolvimento tecnoló-
gico e da formação de mão-de-obra, entre outros.

Neste contexto estrutural da regulação desenhada, o Fundo Social deve garantir os meios
para promoção, não apenas do desenvolvimento humano, como também do estabelecimen-
to a cada período dos requerimentos de formação de recursos humanos, científicos e tecno-
lógicos e financeiros necessários para o período seguinte em favor da socioeconomia como
um todo. Além disso, evita-se a apreciação cambial pela simples exportação de recursos
naturais, o que tende a reduzir a competitividade da indústria nacional e seu consequente
desmoronamento. É prevista a combinação deste Fundo com uma política industrial ade-
quada no sentido de fortalecer a cadeia produtiva do petróleo e gás natural considerando os
fornecedores de bens, serviços e valorização da engenharia nacional e do refino e petro-
química para agregar valor ao óleo bruto.

Em termos das possibilidades de crescimento e desenvolvimento da Região Norte, o novo


marco regulatório apresenta-se bastante favorável. Como as atividades produtivas dessa
Região giram fortemente em torno da extração e produção de petróleo e gás natural, é de se
esperar que ela possa usufruir tanto dos pontos positivos quanto negativos desta especiali-
zação.

Desta forma, torna-se possível promover o crescimento das atividades diretamente relacio-
nadas à atividade E&P, mas também o desenvolvimento de outras atividades industriais, de
comércio e serviço, a formação de mão-de-obra qualificada necessária a cada setor. Além
disso, pode-se evitar que a exploração aconteça de forma desordenada e em ritmo inade-
quado, acima do ideal, para que a indústria nacional/local, seja do ponto de vista da escala
ou da tecnologia, possa atender, seja como fornecedora ou como agregadora de valor. Nes-
te ultimo caso, como mostrado na Tabela, reduzir a fragilidade dos elos anteriores e posteri-
ores á extração e produção centrais para a economia da região.

Em princípio, o novo marco regulatório deve permitir uma abordagem sistêmica do processo
de desenvolvimento econômico o que favorece medidas de cunho meso e microrregional.

4
ALMEIDA, Julio Gomes de; BELLUZZO, Luiz Gonzaga. "Riscos e oportunidades do pré-sal". Folha de São
Paulo. São Paulo, 01 de setembro de 2009.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 685
6.7.3 A Oferta de Mão-de-obra Qualificada
Trate-se de um fator crucial para o sucesso, não apenas da exploração do pré-sal, como
também para o desenvolvimento de toda a indústria da Região Norte Fluminense. Como
mencionado várias vezes, espera-se um forte crescimento da Região em virtude dos inves-
timentos incluindo o pré-sal, com efeitos multiplicadores em toda base econômica regional.
Uma conseqüência direta deste processo é o aumento da demanda por trabalhadores em
todos os níveis. Contudo, em função dos desafios colocados pelas características das re-
servas, espera-se, para a exploração do pré-sal, bem como para as suas atividades auxilia-
res, um crescimento da demanda por mão-de-obra mais ou altamente qualificada.
Neste sentido, pode-se esperar que, num primeiro momento, em alguma medida, estes tra-
balhadores venham de outras regiões, atraídos pela alta remuneração. Entretanto, este não
é um recurso válido para prazos mais estendidos, longos, na medida em que os encadea-
mentos para frente e para trás também irão gerar pressões sobre a oferta de trabalho. Desta
forma, deve-se administrar e ampliar a formação de recursos humanos regionais com a qua-
lificação necessária para atender aos mercados de atividades produtivas resultantes da ex-
pansão planejada da economia regional.

As conseqüências em termos das necessidades de formação e absorção de mão de obra


estão fortemente relacionadas às condições do sistema de educação e à ciência e tecnolo-
gia e à dinâmica intra e interregional, que serão tratadas mais adiante.

6.7.4 Diversificação Industrial

Um aspecto chave, essencial criação da sustentabilidade da Região se deve à constituição


de base produtiva regional conexa com as cadeias produtivas que formam a sua via de de-
senvolvimento programada. Quanto mais diversificada é uma economia mais complexa são
as suas relações e decisivos os tempos que viabilizam os estágios de seu desenvolvimento.
Neste sentido, a simples especialização pode gerar problemas: uma forte especialização,
representado por um QL de valor muito elevado, em uma ou poucas atividades, tanto mais
quando estas estão relacionadas, pode representar uma dependência, de certa forma, inde-
sejada, na medida em que torna a economia da Região altamente suscetível aos altos e
baixos de uma única cadeia produtiva ou setor, sem possibilidades ou alternativas de reação
mais rápida em períodos de crise desta cadeia ou setor. Assim, quando os setores nos
quais a Região tem especialização crescem, minimizam-se os riscos e a vulnerabilidade, o
que requer tempos mínimos para sua consecução: uma ruptura neste processo de constitui-
ção da especialização pode comprometer toda base produtiva regional, antes que esta con-
siga reagir adequadamente, desde que a sua estruturação está em andamento.

A região Norte Fluminense é altamente especializada em alguns elos, mais próximos da


exploração e /ou operações, da cadeia produtiva de petróleo e gás (em especial extração e
produção). Uma visão da dinâmica e da complexidade desta especialização pode ser obser-
vada a partir de uma análise estrutural-diferencial (shift share). Em princípio utilizando o mé-
todo proposto por Stilwell (1969), tendo como referência a economia nacional, chega-se aos
dados mostrados na Tabela seguinte.

Tabela 50 – Região Norte Fluminense, Aplicação do Método Diferencial-Estrutural pela Modifi-


cação de Stilwell, a Partir do Emprego Informado pela RAIS, Utilizando a Média dos Períodos,
1995-1997 e 2006-2008
Variação Proporcional ou Variação Estrutural Variação Diferencial
Estrutural (P) Modificada (M) Residual (RD)
-0,30% 6,46% 2,75%
Fonte: RAIS 1995, 1996, 1997, 2006, 2007, 2008

686 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Estes dados indicam que a Região registrou uma Variação Líquida Total positiva
(P+M+RD), o que denota que o emprego na Região cresceu de forma geral, entre os perío-
dos. Além disso, verifica-se que a Região apresentou um crescimento maior nas atividades
em que é especializada do que estas atividades contabilizaram na média nacional, tendo em
vista a Variação Diferencial Residual (RD) ter apresentado valor positivo. Em aditamento, a
Variação Estrutural Modificada (M) também positiva, indica que entre os períodos, a Região
modificou a sua estrutura produtiva no sentido de se especializar em atividades de cresci-
mento mais dinâmico. Contudo, o valor negativo da Variação Estrutural (P) aponta para o
fato de que os setores mais dinâmicos perderam participação relativa na Região Norte entre
os períodos.
Recorrendo a formulação original do método shift share, as informações das Tabelas se-
guintes mostram a decomposição setorial das variações Estrutural e Diferencial. A decom-
posição da Variação Estrutural permite perceber que o seu resultado negativo deveu-se a
perdas relativas à especialização em diversas atividades (destacadas na Tabela), inclusive
em setores importantes para a cadeia produtiva do petróleo e gás. Já na outra Tabela fica
clara a importância da extração de petróleo e serviços relacionados para o dinamismo da
Região. Além disso, conclui-se que, embora setores dinâmicos nacionalmente tenham per-
dido importância relativa, a taxa de crescimento em vários destes setores foi acima da mé-
dia nacional.

O quadro apresentado leva a considerar a forte especialização da Região Norte na extração


de petróleo proporcionando um ritmo de crescimento acima da média em alguns setores
relacionais com esta cadeia. No entanto, os elos da cadeia não têm apresentado o mesmo
dinamismo que a atividade E&P apresentou dentro da Região, tendo em vista a diferença
entre as variações diferenciais do setor de extração de petróleo e os demais, à exceção da
construção que parece ter acompanhado mais de perto. Por fim, os setores com valores
positivos da decomposição da variação diferencial combinados aos setores com valores
negativos da variação estrutural, sugerem uma tímida diversificação da economia da Região
Norte, sem, contudo, oferecer perspectiva de superação da forte especialização verificada.

Tendo tal quadro pela frente, não é difícil perceber que os investimentos no pré-sal podem
ter um efeito agravador sobre a diversidade de atividades exercidas na economia da Região
Norte. Neste sentido, é provável que, na ausência de um planejamento adequado, que dite o
ritmo apropriado dos investimentos e os alinhe às necessidades regionais, o quadro de es-
pecialização na Região Norte tende a ser aprofundado, tornando a economia mais depen-
dente da extração de petróleo e com menores possibilidades de reter a renda desta explora-
ção, a qual tenderá a sair da Região mais facilmente, devido à necessidade de aquisição de
bens e serviços não encontrados localmente, devido a pouca circulação da renda interna-
mente (Escólio: neste caso estaria se repetindo o acontecido com a economia da cana de
açúcar, café, etc).

6.7.5 Infraestrutura Científica e Tecnológica

Embora a Petrobras possua tecnologia de ponta e o país domine os conhecimentos neces-


sários para a extração de petróleo e gás natural em águas profunda, a exploração do pré-sal
coloca o desafio de se desenvolver novas tecnologias e se gerar novos conhecimentos ain-
da não disponíveis, em qualquer parte do mundo. Os exemplos de obstáculos a serem ven-
cidos são as espessuras das laminas d’água (podem ultrapassar os 2.000 m.), a espessura
da camada de sal (pode ultrapassar os 2.000 m.) e as diferenças de temperatura pelas
quais o óleo passa devido à passagem da camada pré-sal (temperatura elevada) para a
água (temperaturas muito baixas), entre outros.

O que se percebe é que será exigido um grande esforço de pesquisa e desenvolvimento


(P&D) por parte das empresas nacionais da das universidades. Estas ultimas, não apenas
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 687
com o objetivo de ampliar o conhecimento acerca dos problemas e como contorná-los, mas
também na formação de recursos humanos a serem altamente qualificados, a serem utiliza-
dos tanto nas próprias pesquisas das universidades quanto nas empresas.

Como foi mostrada na seção sobre ciência e tecnologia (Tabelas correspondentes), a infra-
estrutura científica e tecnológica da Região Norte é bastante acanhada tanto para a forma-
ção de pessoas quanto para a pesquisa. A questão central aqui, e este talvez seja o ponto
mais relevante, é que a montagem de uma infraestrutura de ciência e tecnologia, capaz de
formar profissionais aptos às atividades de pesquisa e desenvolvimento e também para a
produção de bens e serviços, não se constitui da noite para o dia, demanda tempo, recur-
sos, tentativa e erro e pessoas que desejam se dedicar a tais atividades.

Desta forma, o aproveitamento da janela de oportunidade aberta pelo pré-sal exige que se
invista o quanto antes na formação desta infraestrutura de conhecimento e de pesquisa,
tecnologia e formação superior, sob a pena de o atraso comprometer as possibilidades de
desenvolvimento sustentável da Região, na medida em que esta perde competitividade para
regiões com maior/melhor capacidade de resposta nesta área.

Outra questão a ser considerada é o fato de que existem outras regiões do país com siste-
ma de inovação mais maduro do que o observado na Região Norte Fluminense, habilitadas
a responder mais prontamente as demandas apresentadas. Neste sentido, uma política de
parceria e de valorização das potencialidades da região, como a proximidade com o núcleo
da atividade de extração, por exemplo, pode ser um caminho válido para compensar as de-
ficiências atuais da região.

Finalmente, o alerta vale para todo o sistema nacional de inovação. Na medida em que o
conhecimento e tecnologias suficientes para a efetiva exploração do pré-sal não estão dis-
poníveis, a busca por dominar tais conhecimentos e tecnologias coloca muitos atores nas
mesmas condições. Embora o Brasil tenha vantagens em algumas áreas específicas, devido
à experiência da própria Petrobras, outros países e empresas possuem experiência em P&D
e podem dispor de recursos para enfrentar este processo de busca. Vale lembrar que, em
virtude do processo de formação do pré-sal brasileiro, há a expectativa de que se possa
explorar a área correspondente na costa da África, cuja produção em 2030 estima-se que
chegue a mais de 12 milhões de barris/dia, o dobro do esperado para o Brasil.

É neste ponto também que as definições do marco regulatório, ao passo que determina o
ritmo de investimentos e cria o modelo para geração de recursos para P&D torna-se funda-
mental para as pretensões de desenvolvimento regional e nacional.

Tabela 51 – Região Norte Fluminense, Decomposição Setorial Variação Estrutural, Aplicação


do Método Diferencial-Estrutural Original, a Partir do Emprego Informado pela RAIS Utilizando
a Média dos Períodos 1995-1997 e 2006-2008
Decomposição Setorial
Divisão CNAE 95
Variação Estrutural
Com. varejista e reparação de objetos pessoais 1.667,46
Serviços prestados principalmente as empresas 416,78
Com. e repres. de veiculos automotores e motocicletas, ... 270,65
Alojamento e alimentação 158,05
Atividades associativas 147,77
Com. por atacado e representantes comerciais e agen 143,58
Confecção de artigos do vestuário e acessórios 47,21
Aluguel de veículos, máquinas e equipamentos sem co 13,19
Fabricação de maquinas e equipamentos 9,55
Serviços pessoais 9,37

688 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Decomposição Setorial
Divisão CNAE 95
Variação Estrutural
Fabricação de produtos de metal - exclusive máquina 8,42
Atividades anexas e auxiliares do transporte e agentes 5,43
Atividades auxiliares da intermediação financeira, etc. 4,67
Seguros e previdência complementar 4,39
Atividades de informática e serviços relacionados 2,26
Fabricação de outros equipamentos de transporte 1,34
Extração de minerais metálicos 0,66
Atividades imobiliárias 0,41
Fabricação de artigos de borracha e plástico 0,20
Extração de petróleo e serviços relacionados 0,01
Reciclagem 0,01
Serviços domésticos 0,00
Organismos internacionais e outras instituições externas 0,00
Fabriç. de maquinas para escritório e equipamentos d 0,00
Fabriç. de coque, refino de petróleo, elaboração de 0,00
Silvicultura, exploração florestal e serviços relac 0,00
Pesca, aquicultura e serviços relacionados 0,00
Fabrç. de equipamentos de instrumentação para usos -0,00
Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos -0,00
Fabrç. de material eletrônico e de aparelhos e equip. -0,00
Transporte aéreo -0,00
Captação, tratamento e distribuição de água -0,00
Extração de carvão mineral -0,00
Pesquisa e desenvolvimento -0,00
Fabricação de produtos do fumo -0,00
Preparação de couros e fabrç. de artefatos de couro -0,49
Limpeza urbana e esgoto e atividades relacionadas -0,57
Fabricação de produtos químicos -1,98
Fabrç. e montagem de veículos automotores, reboques -18,39
Fabricação de produtos de madeira -22,52
Correio e telecomunicações -24,18
Fabricação de móveis e indústrias diversas -27,34
Transporte aquaviário -29,69
Metalurgia básica -32,09
Educação -55,36
Edição, impressão e reprodução de gravações -60,08
Fabricação de produtos têxteis -61,93
Atividades recreativas, culturais e desportivas -93,71
Fabricação de produtos alimentícios e bebidas -96,25
Construção -99,90
Extração de minerais não-metálicos -102,10
Fabricação de produtos de minerais não metálicos -117,34
Fabricação de celulose, papel e produtos de papel -126,81
Transporte terrestre -162,57
Eletricidade, gás e água quente -275,02
Intermediação financeira -326,17
Saúde e serviços sociais -334,20
Agricultura, pecuária e serviços relacionados -412,12
Administração publica, defesa e seguridade social -668,41
Fonte: RAIS 1995, 1996, 1997, 2006, 2007, 2008

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 689


Tabela 52 – Região Norte Fluminense, Decomposição Setorial Variação Diferencial, Aplicação
do Método Diferencial-Estrutural Original a Partir do Emprego Informado pela RAIS Utilizando
a Média dos Períodos 1995-1997 e 2006-2008
Decomposição Setorial
Divisão CNAE 95
Variação Diferencial
Administração pública, defesa e seguridade social 24.721,78
Extração de petróleo e serviços relacionados 19.990,66
Comércio varejista e reparação de objetos pessoais 18.673,05
Construção 16.845,27
Serviços prestados principalmente as empresas 15.018,16
Atividades associativas 9.674,13
Alojamento e alimentação 7.289,00
Transporte terrestre 6.119,64
Educação 5.727,97
Saúde e serviços sociais 5.026,73
qüicultur de maquinas e equipamentos 4.267,58
Atividades anexas e auxiliares do transporte e agen 2.791,44
Com. Por atacado e representantes comerciais e agen 2.525,04
Agricultura, pecuária e serviços relacionados 2.259,15
qüicultur de produtos alimentícios e bebidas 2.214,17
qüicultur de produtos de metal – exclusive maquina 2.046,80
qüicultur de produtos de minerais não metálicos 1.954,89
Com. E repres. De veículos automotores e motocicletas 1.913,24
Atividades imobiliárias 1.715,79
Limpeza urbana e esgoto e atividades relacionadas 1.307,92
Serviços pessoais 1.197,04
Transporte Aquaviário 961,27
Intermediação financeira 844,25
Atividades recreativas, culturais e desportivas 683,81
Aluguel de veículos, máquinas e equipamentos 648,33
Atividades de qüicultura e serviços relacionados 612,71
Transporte aéreo 537,33
Correio e telecomunicações 470,27
Edição, impressão e reprodução de gravações 287,09
Fabricação de produtos químicos 272,84
Seguros e previdência complementar 228,60
Reciclagem 188,66
Fabricação de outros equipamentos de transporte 188,57
Fabricação de móveis e indústrias diversas 177,94
Fabrç. De equipamentos de instrumentação para usos 169,33
Metalurgia básica 165,24
Eletricidade, gás e água quente 133,88
Fabricação de coque, refino de petróleo, etc. 127,00
Pesquisa e desenvolvimento 120,66
Confecção de artigos do qüicultu e acessórios 89,38
Captação, tratamento e distribuição de água 86,33
Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais eletr. 82,33
Atividades auxiliares da qüicultura o financeira, 79,51
qüicultur de artigos de borracha e plástico 74,60
Extração de minerais metálicos 60,23
Preparação de couros e fabrç. De artefatos de couro 43,51
Serviços domésticos 40,99
Fabricação de produtos do fumo 22,00
Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos similares 21,00
Pesca, qüicultura e serviços relacionados 15,33

690 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Decomposição Setorial
Divisão CNAE 95
Variação Diferencial
Silvicultura, exploração florestal e serviços relacionados 15,33
Extração de carvão mineral 4,00
Organismos internacionais e outras instituições externas 2,33
Fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos 2,00
Fabricação de produtos de madeira -5,92
Fabricação de produtos têxteis -15,50
Fabricação e montagem de veículos automotores, reboques -36,35
Extração de minerais não-metálicos -40,32
Fabricação de celulose, papel e produtos de papel -495,02
Fonte: RAIS 1995, 1996, 1997, 2006, 2007, 2008
6.8 O Setor de Logística e Transporte
Esta seção é baseada no Plano Nacional de Logística e Transporte (PNLT) estruturado em
conjunto pelos Mistérios dos Transportes e da Defesa, em 2009. Mesmo considerando-se
tratar de um plano de caráter indicativo, de médio e longo prazos, associado ao processo de
desenvolvimento sócio-econômico do país, nacional e federativo, o plano é multimodal, en-
volvendo toda a cadeia logística associada aos transportes, com todos os seus custos e não
apenas os custos diretos do setor. E está fortemente fundamentado nos conceitos de territo-
rialidade, de segurança e ocupação do território nacional.
Em complemento, ressaltasse que o PNLT está na base da formulação do Plano Plurianual
PPA 2008-2011, assim como servirá para as primeiras indicações de investimentos para o
PPA 2012-2015 e dos ensaios de organização dos PPAs seguintes até 2023. O Programa
de Aceleração do Crescimento, PAC, lançado pelo Governo Federal em 22 de janeiro de
2007, está integrado ao PNLT, no que diz respeito ao seu horizonte 2008-2011.
Dentre os objetivos listados para o PNLT, vale identificar aqueles que podem apresentar
efeitos mais diretamente relacionados à economia da Região do Norte Fluminense. Desta
forma, o Plano propõe a efetiva mudança, com melhor equilíbrio, na atual matriz de trans-
portes de cargas do país, na medida em que a otimização e a racionalização estão associa-
das ao uso mais intensivo e adequado das modalidades ferroviária e aquaviária, tirando par-
tido de suas eficiências energéticas e produtividades no deslocamento de fluxos de maior
densidade e distância de transporte.
Um resumo da mudança pretendida, bem como do tempo planejado para que ela se verifi-
que é apresentado no Gráfico seguinte. As suas informações ressaltam o peso do transporte
rodoviário na matriz atual e a sua redução no final do período, esperando-se relativizar a
importância exagerada atual em favor das modalidades de transporte ferroviário e aquaviá-
rio. Mesmo para a os modais dutoviário e aéreo deve haver aumento da participação relati-
va.
Gráfico 15 – Matriz de Transporte Atual e Futura – Participação Relativa (%)

Fonte: PNLT, 2009


Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 691
Para os objetivos da presente análise, cabe ressaltar a divisão espacial trabalhada pelo PN-
LT. Organizou-se o país de forma que as microrregiões homogêneas foram agrupadas em
função da superposição georreferenciada de diversos fatores representativos de suas carac-
terísticas: 1) impedâncias ambientais; 2) similaridades sócio-econômicas; 3) perspectivas de
integração e inter-relacionamento; 4) funções de transporte, identificadas a partir da análise
de isocustos em relação aos principais portos concentradores de carga do país. Tal análise
resultou nos sete seguintes agrupamentos, a que se convencionou chamar de “vetores lo-
gísticos”, compostos por microrregiões agregadas segundo os fatores acima referidos: 1)
Amazônico; 2) Centro-Norte; 3) Nordeste Setentrional; 4) Nordeste Meridional; 5) Leste; 6)
Centro-Sudeste; 7) Sul. O Mapa seguinte sintetiza estes resultados.

Mapa 6 – Vetores Logísticos da Organização Espacial Brasileira

Fonte: PNLT, 2009

Passa a interessar, por tanto, no escopo deste trabalho, os resultados relacionados ao Vetor
Leste, onde se encontra a Região do Norte Fluminense.

Um resumo dos volumes de investimentos recomendados pelo PNLT, até 2023, consta da
Tabela seguinte.

692 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 53 – PNLT, Investimentos Recomendados em Infraestrutura de Transportes, até 2023

Total de Investimentos/
Investimento
Período Modo de Transporte Participação Modal
(MR$)
(MR$)
Aeroportuário 5.248.326
Ferroviário 33.752.072
Hidroviário 3.825.381
2008-2011 109.204.304
Portuário 17.894.178
Rodoviário 46.844.347
Outros 1.640.000
Aeroportuário 4.010.390
Ferroviário 53.056.942
Hidroviário 7.124.932
2012-2015 84.309.774
Portuário 8.123.177
Rodoviário 10.443.393
Outros 1.550.940
Aeroportuário 3.762.960
Ferroviário 63.327.062
Hidroviário 4.833.977
Após 2015 97.294.202
Portuário 12.915.500
Rodoviário 12.440.135
Outros 14.568
Aeroportuário 13.021.676 4,48%
Ferroviário 150.136.076 51,63%
Total Hidroviário 15.784.290 5,43%
Modal Portuário 38.932.855 13,39%
Rodoviário 69.727.875 23,98%
Outros 3.205.508 1,1%
Total Brasil 290.808.280 100%
Fonte: PNLT, 2009.

A Tabela seguinte permite reconhecer que, para o Vetor Leste, onde se encontra a Região
Norte Fluminense, o maior volume de investimentos será no modal ferroviário, acompa-
nhando a tendência geral. Percebe-se também que o Vetor Leste receberá o segundo maior
volume de investimentos, sendo superado pelo Vetor Centro-Sudeste e seguido pelo Vetor
Sul. Deve-se destacar também que o Vetor Leste deve receber 24,10% dos investimentos
no modal portuário, correspondendo à maior parcela do total para este modal.

Os detalhes dos investimentos diretamente relacionados à Região Norte Fluminense estão


listados na Tabela respectiva. Deles, nota-se que os investimentos previstos no PNLT rela-
cionados à Região Norte do Rio de Janeiro estão concentrados, na atualidade, no período
mais imediato do Plano de Investimentos, qual seja, 2008 a 2011. Além disso, percebe-se
que, em vista de todo o investimento planejado para o Vetor Leste, a parcela destinada dire-
tamente à Região Norte Fluminense representa 4,5%, apenas.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 693


Tabela 54 – Investimentos nos Modais e Vetores (MR$), 2008-2011
Vetores Logísticos
% Modal
Modal Indicadores Centro- Centro- Nordeste Nordeste Total
Amazônico Leste Sul Total BR
Norte Sudeste Meridional Setentrional
Valor 686.432 854.854 3.672.720 2.709.904 358.986 3.261.043 1.477.737 13.021.676
Aeroportuário % no Vetor 2,42 3,26 4,50 4,04 1,85 14,25 3,27 - 4,48
% do Modal no Brasil 5,27 6,56 28,20 20,81 2,76 25,04 11,35 100
Valor 10.235.500 9.366.712 56.174.107 36.308.096 8.838.675 6.815.600 22.397.386 150.136.076
Ferroviário % no Vetor 36,05 35,73 68,86 54,14 45,49 29,79 49,49 - 51,63
% do Modal no Brasil 6,82 6,24 37,42 24,18 5,89 4,54 14,92 100
Valor 4.947.577 4.683.059 2.048.564 1.511.250 272.416 161.220 2.160.204 15.784.290
Hidroviário % no Vetor 17,43 17,87 2,51 2,25 1,40 0,70 4,77 - 5,43
% do Modal no Brasil 31,34 29,67 12,98 9,57 1,73 1,02 13,69 100
Valor 1.015.230 3.382.518 8.112.465 16.158.970 1.568.547 2.076.570 6.618.555 38.932.855
Portuário % no Vetor 3,58 12,90 9,94 24,10 8,07 9,08 14,62 - 13,96
% do Modal no Brasil 2,61 8,69 20,84 41,50 4,03 5,33 17 100
Valor 11.506.212 6.353.354 10.786.543 10.142.671 8.376.577 10.038.464 12.524.054 69.727.875
Rodoviário % no Vetor 40,53 24,24 13,22 15,12 43,11 43,87 27,67 - 23,98
% do Modal no Brasil 16,50 9,11 15,47 14,55 12,01 14,40 17,96 100
Valor - 1.571.700 780.000 230.000 14.568 529.000 80.240 3.205.508
Outros % no Vetor - 6 0,96 0,34 0,07 2,31 0,18 - 1,10
% do Modal no Brasil - 49,03 24,33 7,18 0,45 16,50 2,50 100
Valor 28.390.951 26.212.197 81.574.399 67.060.891 19.429.769 22.881.897 45.258.176 290.808.280
Total 100
% no Brasil 9,76 9,01 28,05 23,06 6,68 7,87 15,56 100
Fonte: PNLT, 2009

694 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


O maior investimento é o Porto de Açu em São João da Barra. Segundo o documento Deci-
são Rio Investimentos 2010-2012, (FIRJAN, 2009), trata-se de um complexo portuário que
prevê a construção de um terminal portuário, além de uma usina de pelotização e piers off-
shore, com acesso por meio de um canal com 21 metros de profundidade e capacidade para
receber navios de grande porte com berços de atracação especializados e dedicados para
as diferentes famílias de produtos, uma retro área industrial e energética. Desta forma, além
do investimento com o Porto em si, prevê-se que ao todo, o empreendimento atinja supere o
montante de 3,6 bilhões de reais.

Tabela 55 – Região Norte Fluminense (Vetor Leste), Investimentos em Transportes, 2008 - 2023
Vetor: Leste Total
Tipo de PAC e
Descrição Geral
Intervenção Outros 2008/11 2012/15* Pós 2015* (MR$)
Aeroporto Campos dos Goitaca-
Construção/
zes /RJ (Bartolomeu Lisandro) – 696 - - 696
Melhorias
Infraero
Construção/
Aeroporto Macaé/RJ –Infraero 10.226 - - 10.226
Melhorias
Campos/RJ –Macaé/RJ, 149 km Recuperação/
BNDES 65.330 - - 65.330
–Trem Regional Remodelação
RJ –Porto de Açu/RJ: Implanta-
ção do Complexo Portuário e Implantação 2.500.000 - - 2.500.000
Mineroduto
BR-101: Vitória/ES – Divisa
Adequação
ES/RJ, 182 km, incluindo o PAC 470.000 - - 470.000
Capacidade
Contorno de Vitória/ES, 25 km
Total 3.046.252 - - 3.046.252
* valores não programados Fonte: PNLT, 2009

Vale à pena mencionar a construção do aeroporto particular Farol de São Tomé, em Cam-
pos dos Goytacazes. Trata-se de um investimento privado de 350 milhões de reais para a-
tender às plataformas “offshore” da Petrobrás. O empreendimento terá uma grande pista à
beira-mar, com pátio para helicópteros e uma estação terminal de porte médio. A idéia é
atender à demanda que crescerá muito com as operações do pré-sal. (FIRJAN, 2009).

Do ponto de vista da presença de estabelecimentos no setor de transporte, a Tabela seguin-


te mostra a especialização da Região Norte Fluminense em termos do total nacional com
base na RAIS de 2008. São apresentados os QL tanto para unidades produtivas locais com
mais de 10 empregados quanto o total de empregados nestes estabelecimentos. Destacam-
se claramente, como a base da atividade de transporte na Região a navegação de apoio,
historicamente importante para as atividade de exploração de petróleo e gás natural, o
transporte de cabotagem e o transporte ferroviário de carga. Chama a atenção, neste cená-
rio, a pouca importância relativa do transporte rodoviário, o que denota a possibilidade de
que as empresas que atuam nesta Região não estejam estabelecidas localmente.

Para tratar o transporte dutoviário, que não aparece na Tabela anterior, vale considerar ou-
tras fontes de informação. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) considera
o transporte dutoviário como uma das formas mais econômicas de transporte para grandes
volumes principalmente de óleo, gás natural e derivados, especialmente quando compara-
dos com os modais rodoviário e ferroviário (ANTT, 2010).

Neste sentido, a Agência demonstra a preocupação de criar, em parceria com a Agência


Nacional do Petróleo (ANP), um Cadastro Nacional de Dutovias, eficiente e seguro, que sir-
va para orientar suas ações e projetos. Contudo, essa é a única informação que se dispõe
sobre o assunto no “site” da Agência.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 695


A título de ilustração, a Tabela seguinte apresenta dados do Anuário Estatístico da ANP de
2009.

Tabela 56 – Região Norte Fluminense, Especialização (QL) para Estabelecimentos e Empregos


nos Setores de Transporte, 2009

Classe CNAE 2.0 Estabelecimentos Empregos


Navegação de apoio 26,3 38,3
Transporte marítimo de cabotagem 20,2 9,1
Transporte ferroviário de carga 4,5 0,6
Transporte por navegação interior de carga 1,3 3,7
Transporte rodoviário de carga 0,7 0,5
Transporte metroferroviário de passageiros 0,0 0,0
Transporte dutoviário 0,0 0,0
Transporte marítimo de longo curso 0,0 0,0
Transporte por navegação de travessia 0,0 0,0
Transportes aquaviários não especificados anteriormente 0,0 0,0
Transporte aéreo de carga 0,0 0,0
RAIS, 2008

Percebe-se, pelos dados da Tabela, que a modalidade de transporte por dutos possui gran-
de espaço para expansão se comparado à extensão do sistema rodoviário do Rio de Janei-
ro, por exemplo, com um total de 22.400 km de rodovias, somando as pavimentadas e as
não pavimentadas. Desta forma, os 16.986 km de dutos por todo o país demonstram a pos-
sibilidade de crescimento desta modalidade, ao menos em termos relativos. Cabe lembrar o
mineroduto Conceição do Mato Dentro – Porto de Açu, em fase final de construção, cruzan-
do as Regiões Noroeste e Norte Fluminenses, que se prestará à exportação de 26,5 milhões
de toneladas/ano de minério de ferro, através do Porto de Açu (podendo alimentar uma side-
rúrgica e usina de pelotização, entre outras).

Em complemento, a Tabela seguinte ilustra a distribuição da malha de dutos no território


nacional.

Tabela 57 – Quantidade e Extensão de Dutos em Operação, em 31/12/2008

Produtos Dutos em Operação


Movimentados Função Quantidade Extensão (km)
Total 547 16.986
Transferência 286 1.004
Derivados
Transporte 102 4.849
Transferência 59 2.235
Gás natural
Transporte 31 6.838
Petróleo Transferência 32 1.985
Transferência 32 36
Outros
Transporte 5 40
Fonte: ANP, 2010.

696 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 7 – Principais Gasodutos Brasileiros e Interligações de Gasodutos da América do Sul

Fonte: ANTT, 2010

Em termos gerais, é possível considerar de forma bastante positiva o volume de investimen-


tos em logística previstos para a Região Norte Fluminense de forma direta. Além disso, de-
ve-se considerar que a Região tende a beneficiar-se das melhorias verificadas nas demais
regiões, considerando-se a necessidade dos fluxos tanto de bens e insumos de fora para
dentro, quanto para o escoamento da produção interna inclusive ao restante do país para o
exterior, particularmente em termos da produção de petróleo e gás natural. Contudo, é pre-
ciso observar que o crescimento da produção de petróleo e gás prevista para os próximos
anos pode gerar pressão sobre a infraestrutura de logística da Região, que, ao que se pode
apurar, deve receber investimento significativos apenas no curto prazo, podendo enfrentar
dificuldades para responder à demanda crescente no médio e longo prazo.

Em outra direção, quando se considera os elos da cadeia posteriores a extração e produção


de petróleo e gás, percebe-se que dificuldades relacionadas à logística podem determinar a
implantação de empreendimentos nas Regiões que ofereçam melhores condições. A Região
Norte Fluminense parece apresentar vantagens quando se trata do mercado internacional,
em virtude do grande investimento no Complexo de Açu. No entanto, hoje, já possui forte
estrangulamento na sua malha rodoviária regional (e algumas municipais) para atender ao
mercado atual. Esta situação deve se agravar substancialmente em futuro próximo, se não
houver expansão condizente, ainda não programada.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 697
Por fim, vale registrar a opção, ao menos inicialmente, muito importante, caracterizada pela
possibilidade de expansão do transporte dutoviário. Trata-se de uma modalidade cujos in-
vestimentos são de menor monta e em menor velocidade, de acordo com o PNLT, mas cujo
potencial de redução de custos e ganhos de eficiência podem justificar estudos mais apro-
fundados sobre o assunto.

6.9 Conclusão

A forte especialização da Região Norte Fluminense constitui, ao mesmo tempo, uma grande
vantagem, mas também uma perigosa ameaça em prazo mais longo. No momento em que
se descortina uma mudança estrutural na economia brasileira, que visualiza nestes anos
mais recentes a sua passagem de país importador de petróleo para um potencial exporta-
dor, proprietário potencial de uma das grandes reservas mundiais, há um conjunto importan-
te de oportunidades que devem promover o crescimento da economia da Região, cuja es-
pecialização (historicamente verificada) encontra-se justamente no centro desta mudança.
Qualquer que seja o ritmo de exploração das novas grandes reservas de petróleo do pré-sal,
no curto prazo, isso refletirá em forte propulsor do crescimento (e/ou desenvolvimento) do
Norte Fluminense.

No entanto, é no médio e longo prazos que residem as ameaças ao desenvolvimento, não


apenas econômico-industrial, mas também humano da Região. Não obstante tal preocupa-
ção, vale lembrar que as medidas para se contornar os possíveis fatores adversos da abun-
dância e evasão de recursos naturais (neste caso a maldição do petróleo é uma possibilida-
de), requerem tempo para começarem a apresentar resultados positivos (tal como os inves-
timentos em recursos humanos, educação, ciência, tecnologia e inovação e em infraestrutu-
ra de logística e transporte, adensamento/verticalização da cadeia produtiva etc.) e, portan-
to, devem ser iniciadas o quanto antes, sob a pena de reação tardia.

Enfim, os pontos apontados neste trabalho colaboram para o entendimento de algumas


questões centrais para o desenvolvimento. Desta forma, conclui-se pela relevância de um
plano ordenador do desenvolvimento completo, sustentável, para a Região Norte Fluminen-
se, com vistas a prevenir ou mitigar os riscos e aproveitar ou otimizar as oportunidades aqui
apresentadas, com os benefícios esperados, não apenas na dimensão microrregional, mas
também no âmbito estadual e nacional.

7. TRABALHO E GESTÃO

Um dos principais instrumentos de disseminação das políticas de promoção do emprego e


da renda existentes no Brasil atualmente, são as Comissões Municipais de Emprego, atra-
vés das quais o governo repassa os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador -FAT,
para a promoção de cursos de capacitação da mão-de-obra, entre outras iniciativas.

De acordo com o Ministério do Trabalho e Renda, o Estado do Rio de Janeiro possui, em


seus municípios, 92 Comissões Municipais de Emprego criadas e 78 homologadas. No Nor-
te Fluminense todos os municípios possuem Comissão Municipal de Emprego.

Dentro da Região, Campos dos Goytacazes se destaca, possuindo uma infraestrutura mais
adequada para a gestão das políticas de trabalho e renda. O município possui uma Secreta-
ria Municipal de Trabalho e Renda; uma unidade do SESI que atende aos municípios de
Cardoso Moreira, Campos dos Goytacazes, São Francisco de Itabapoana, São João da Bar-
ra, Quissamã, Conceição de Macabu, Carapebus, Macaé, São Fidélis; e uma unidade do
SINE, que atende Campos dos Goytacazes, Conceição de Macabu, Macaé e Rio das Os-
tras. (Ministério do Trabalho e Renda). Como exemplo, em 2010 foram abertas 230 vagas
para cursos profissionalizantes gratuitos, no município.
698 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
O Município de Macaé também se destaca neste setor. Possui uma Subsecretaria Municipal
de Trabalho e Renda vinculada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento, a qual assiste
aos trabalhadores que a procuram através da Central do Trabalhador de Macaé (CTM); uma
unidade do Centro de Integração Empresa Escola – CIEE; e também a Incubadora de Coo-
perativas que oferece diversos cursos gratuitos de capacitação.

Os demais municípios, por serem menores, praticam políticas de promoção do emprego


mais específicas e direcionadas, geralmente voltadas para a capacitação de trabalhadores.

Verifica-se, desse modo, que predominam as políticas voltadas para a capacitação de traba-
lhadores, o que vem ao encontro com as necessidades atuais da região, frente à previsão
de instalação de novos empreendimentos, os quais irão precisar de mão-de-obra capacita-
da.

8. ANÁLISE MACRO AMBIENTAL

A análise macroambiental é um diagnóstico do sistema que se deseja planejar e está entre


os primeiros passos do planejamento. Subdivide-se em análise externa e análise interna.
A análise externa relaciona-se aos fatores externos ao sistema e que o influenciam (oportu-
nidades e ameaças). São fatores econômicos, políticos, culturais, sociais e tecnológicos. Já
a análise interna diz respeito aos fatores internos a um sistema, são seus recursos (fraque-
zas e fortalezas). São fatores físicos, humanos, tecnológicos e financeiros.

Na análise macroambiental da Região Norte do Estado do Rio de Janeiro, foram levantadas


as oportunidades, ameaças, fortalezas e fraquezas regionais, separadas pro setor econômi-
co, conforme relacionado a seguir:

8.1 Agropecuária e Agronegócios


Oportunidades:
• Crescente presença de instituições governamentais e não governamentais com
programas de incentivo ao desenvolvimento do setor agropecuário, como o Projeto
Frutificar, Rio Genética e Rio Rural – Micro bacias Hidrográficas, e o Programa Bal-
de Cheio da Embrapa;
• Proximidade com centros urbanos de elevada renda per capita;
• Crescente importância do turismo.
Ameaças:
• Falhas de coordenação nas relações comerciais;
• Alta carga tributária;
• Ausência de pesquisas.
Fortalezas:
• Prática da atividade agropecuária bastante disseminada em pequenos estabeleci-
mentos;
• Tendência de crescimento do número de estabelecimentos agropecuários e do de
pessoas ocupadas na atividade agropecuária;
• Predomínio da agricultura familiar;
• Diversidade de culturas;
• Fruticultura irrigada;
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 699
• Existência de infraestrutura compatível com a logística eficiente para entrega de
insumos e envio de produtos, tanto para o mercado interno, como para o mercado
externo;
• Forte base agrícola;
Fraquezas:
• Insuficiência Hídrica
• Baixa escolaridade dos produtores rurais;
• Baixa produtividade, em geral, da atividade agropecuária praticada na região;
• Baixa capitalização dos produtores;
• Resistência à adoção de novas técnicas de produção;
• Necessidade de melhoramento genético dos rebanhos;
• Área ocupada por florestas é praticamente inexistente na região;
• Baixa capacidade gerencial;
• Pequena escala de produção;
• Assistência técnica insuficiente;
• Dificuldade de acesso ao crédito;
• Processo de comercialização deficiente;
• Deficiência na capacitação de técnicos e produtores;
• Sistema de difusão da tecnologia deficiente;
• Dependência dos pequenos produtores em relação aos grandes laticínios e às a-
groindústrias processadoras de frutas.
8.2 Turismo
Oportunidades:
• Os municípios da Região Norte localizam-se, em média, 260 km da capital Rio de
Janeiro, principal centro receptor de turistas no Brasil;
• A região é servida de rodovias federais e estaduais, com pavimentação em bom
estado de conservação, favorável ao turismo;
• Os municípios da Região Norte estão inseridos no Programa de Artesanato do Es-
tado do Rio de Janeiro;
• Os municípios de Quissamã, Macaé e Rio das Ostras foram contemplados, em
2005, nos Roteiros Turísticos de Padrão Internacional (Rio Roteiro Serra e Sol), sob
orientação do Ministério do Turismo;
• Plano Diretor de Turismo do Estado do Rio de Janeiro, que contém programas nor-
teadores da política pública do turismo no Estado do Rio de Janeiro;
• A Região possui, em Campos dos Goytacazes e em Macaé, aeroportos com grande
capacidade, sendo que o último habilitado para receber helicópteros estando em
ampliação para receber aeronaves de grande porte;
• Existência do Plano de Manejo do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, que
prevê a utilização da unidade de conservação para fins de pesquisa científica, edu-
cação ambiental e ecoturismo, evitando danos;
• Crescimento do turismo interno e externo no Brasil;
• A região possui um rico acervo ambiental e cultural, capaz de suportar continuadamente
atividades turísticas;
700 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
• Concentração na região de um grande número de indústrias associadas ao setor do
petróleo, podendo alavancar o turismo de negócios;
Ameaças:
• Em alguns municípios da Região há falta de infraestrutura e serviços voltados para
o turismo;
• Aumento da violência urbana;
• Migração da mão-de-obra local, disponível para o turismo, para a atividade petrolí-
fera;
• Saneamento básico deficiente;
• Inexistência de um Centro de Convenções para eventos de grande porte.
Fortalezas:
• Existência de tradições populares e manifestações folclóricas de significativa impor-
tância;
• Rico patrimônio histórico cultural;
• Existência de significativos atrativos naturais, tais como, praias, ilhas, cachoeiras e
parques;
• Em alguns municípios, como, Campos dos Goytacazes, Macaé e Rio das Ostras,
existência de um número significativo de meios de hospedagens e alimentos e be-
bidas;
• Participação da região no projeto da TURISRIO – Companhia de Turismo do Esta-
do do Rio de Janeiro, de Mapeamento das Regiões Turísticas do Rio de Janeiro;
• Existência de associações de artesanato, com intuito de divulgar o artesanato local.
• Representatividade no Conselho Consultivo do Parque Nacional da Restinga de
Jurubatiba;
Fraquezas:
• Inexistência de terminais rodoviários em alguns municípios da região;
• Necessidade de consolidação das informações geradas pelas pesquisas, tornando-
as ferramenta de gestão, num plano articulado e integrado de fomento ao turismo e
à cadeia de produção e comércio de sua economia;
• Inexistência de receptivos turísticos em alguns municípios da região;
• Necessidade de capacitação de mão de obra especializada, principalmente dos
prestadores de serviços aos turistas;
• Necessidade de envolvimento do setor privado, principalmente prestadores de ser-
viços e operadores turísticos, no que diz respeito ao desenvolvimento de ações pa-
ra o fortalecimento das políticas públicas de turismo;
• Falta de conscientização da população referente ao desenvolvimento do turismo
regional;
• Falta de investimentos do setor privado, em alguns municípios, de estabelecimen-
tos hoteleiros e de alimentos e bebidas;
• Sinalização turística precária em alguns municípios;
• Em alguns municípios da região, faltam opções de instituições financeiras.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 701


• Falta de políticas públicas na região voltadas para o turismo, tais como, Secretarias
de Turismo, Conselhos e Fundos Municipais de Turismo e Cultura.

8.3 Estrutura Produtiva


Oportunidades:
• Todo volume de investimentos derivados do pré-sal que podem levar à diversifica-
ção da indústria, adensamento da cadeia produtiva, desenvolvimento científico e
tecnológico;
• Volume de empreendimentos previstos em energia, transporte e logística;
• Desenvolvimento social a partir do projeto de desenvolvimento do pré-sal (novo
marco regulatório);
Ameaças:
• Aprofundamento da especialização produtiva na extração e produção de petróleo e
gás natural em função de:
• Ritmo inadequado de investimento e exploração do pré-sal;
• Inadequação do marco regulatório para o pré-sal retirando a capacidade de plane-
jamento e controle da União sobre os rumos do setor;
• Insuficiência dos investimentos em logística e transporte, em quantidade e tempo,
para atender ao crescimento da demanda de infraestrutura;
• Crescimento lento da base científica, tecnológica e da formação de mão de obra
altamente especializada levando ao não atendimento da demanda crescente e das
oportunidades abertas;
• Possibilidade de sofrer da maldição do petróleo, caso não encontre um caminho
coordenado para o desenvolvimento da sua estrutura produtiva, de forma planejada
e cadenciada;
Fortalezas:
• Estrutura produtiva (industrial) especializada em setores de crescimento mais rápi-
do;
• Especialização na cadeia de petróleo e gás, configurando vantagens para o novo
período de expansão do setor no Brasil;
• Predominância de unidades produtivas de grande porte, o que confere maiores
possibilidades de gerar encadeamentos por toda base produtiva;
Fraquezas:
• Base produtiva (industrial) com pouca diversificação;
• Infraestrutura científica e tecnológica bastante limitada;
• Concentração da especialização produtiva no centro da cadeia de petróleo e gás,
caracterizando lacunas importantes em elos anteriores e posteriores;

702 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


9. REFERÊNCIAS

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Salvati], Brasília, DF, 2004

706 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


ANEXO

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 707


ANEXO

ANEXO I – MÉTODO DIFERENCIAL ESTRUTURAL

O método diferencial – estrutural consiste na descrição do crescimento econômico de uma


região em termos de sua estrutura produtiva. Utilizando-se de um conjunto de identidades
contábeis, este método procura identificar os componentes deste crescimento, caracterizan-
do-se assim num método de análise de natureza puramente descritiva da evolução da estru-
tura produtiva.

A base teórica deste método é a constatação empírica de que o crescimento da variável-


base, no caso o emprego, é diferente entre setores e regiões em dois períodos de tempo.
Uma determinada região j pode apresentar um padrão de crescimento do emprego maior ou
menor que a média apresentada pelas regiões analisadas. Esta diferença pode ser uma
conseqüência do fato da região j ter uma preponderância de setores mais (menos) dinâmi-
cos, ou simplesmente, pelo fato dela apresentar uma maior (menor) participação na distribu-
ição regional do emprego, independente desta expansão estar ocorrendo em setores dinâ-
micos ou não.

O crescimento do emprego regional pode ser dividido em três componentes; a variação re-
gional (R), a variação proporcional (P) e a variação diferencial (D). Em termos formais, te-
mos que:
1 0
ΣE ij -
ΣE ij
=R+P+D

A variação regional em j se refere ao acréscimo de emprego que teria ocorrido entre o perí-
odo 0 e o período 1, caso esta região tivesse apresentado a mesma taxa de crescimento do
conjunto de regiões analisadas neste mesmo período:
0
R = Σi E ij
(rtt – 1),

1 0
onde rtt = ΣiΣj E ij
/ ΣiΣj E ij
= taxa nacional de crescimento do emprego.

A variação proporcional ou estrutural representa o diferencial de emprego que uma região


poderá apresentar como conseqüência de sua estrutura industrial. Refere-se à participação
relativa de setores dinâmicos e de setores de crescimento lento nesta região. Caso esta
região se especialize em setores que apresentem altas taxas de crescimento no âmbito do
total de regiões analisadas, este componente será positivo.
0
P = Σi E ij
(rit – rtt),

1 0
Onde rit = ΣjE ij / ΣjE ij = taxa de crescimento do setor i em todas regiões analisadas.

E por fim, a variação diferencial indica o diferencial de emprego apresentado pela região j
por ter obtido uma maior (ou menor) taxa de crescimento do emprego em determinados se-
tores, em comparação com a média alcançada pelo conjunto das regiões em análise.
0
D = Σi E ij
(rij – rit),

708 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


1 0
Onde rij = E ij
/E ij
= taxa de crescimento do emprego no setor i da região j.

Em resumo, a diferença entre o crescimento efetivo do emprego em cada região j e o seu


componente hipotético (estimado de acordo com a taxa referente ao conjunto de regiões
analisadas) é conseqüência de dois fatores: o fator estrutural e o fator diferencial, os quais
dão nome ao método:
1 0 0 0 0
(Σi E Σ E ij) – Σi E
ij - i
(r – 1) = Σi E
ij tt
(r – rtt) + Σi E
ij it ij
(rij – rit)

Contextualizando este método com os dados a serem estudados, temos que o componente
estrutural nos dirá que no processo de desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro, exis-
tem alguns setores que crescem mais rapidamente que os demais e isto se deve a fatores
como, variação na estrutura da demanda, variações de produtividade, inovações tecnológi-
cas, entre outras. Já o componente diferencial está mais ligado a questões de natureza lo-
cacional, tais como variações nos custos de transporte entre as microrregiões, estímulos
fiscais, diferença de preços relativos, entre outros. Assim, é necessário estudar as vanta-
gens locacionais de cada uma das mesorregiões para a atração de setores produtivos de
crescimento lento ao nível estadual, como também os fatores explicativos do desempenho
favorável destes setores em algumas regiões.

Cabe lembrarmos, uma vez mais, que este é um método de natureza puramente descritiva,
permitindo apenas uma “ilustração” empírica para a análise teórica da localização da ativi-
dade econômica. Este método, tal como apresentado, possui algumas limitações específi-
cas, que, no entanto, puderam ser suplantadas. A principal limitação deste tipo de análise é
o fato de não considerar as mudanças na estrutura da variável básica das regiões em análi-
se durante o período de observação. Com vistas a isolar este efeito, STILWELL (1969) pro-
pôs o cálculo da variação estrutural revertida (T). De acordo com HADDAD (1988), “esta
variação mostra o efeito de se reverter o procedimento de cálculo, utilizando-se como peso,
os valores do período final, e o que se pode esperar, em termos da estrutura de emprego
regional, quando se toma como referência a sua composição final.” Neste sentido, a varia-
ção estrutural revertida é calculada em função das taxas de crescimento setorial e da com-
posição industrial do emprego na região no fim do período de análise.

Formalmente temos:
1 0 1 0 1 1
T = Σi E ij {[(ΣiΣjE ij)/(ΣiΣjE ij)] – [(ΣjE ij)/( ΣjE ij)]} = Σi E ij [(1/rtt) – (1/rit)]

A variação líquida resultante de uma possível diferença entre as estruturas de emprego da


região nos dois períodos é dada pela diferença entre a variação estrutural revertida e a vari-
ação estrutural, a qual é chamada por Stilwell de variação estrutural modificada (M):

M=T–P

Caso esta variação seja positiva, a região terá modificado sua estrutura, tendo se especiali-
zado em setores mais dinâmicos. Caso contrário, a estrutura produtiva da região é caracte-
rizada pela predominância de setores mais lentos.

Por fim, STILWELL (1969), retira a variação proporcional modificada da variação diferencial,
obtendo a variação diferencial residual (RD) que se justifica pelo fato da variação proporcio-
nal modificada ser um componente interno da própria variação diferencial:

RD = D – M

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 709


De acordo com HADDAD (1988), “o método das três variações de Stilwell preserva as van-
tagens, em termos de cálculo, da concepção original da análise diferencial-estrutural no sen-
tido de que a soma de todas as variações positivas e negativas é igual a zero para cada
região. ... Além do mais, uma das vantagens de se trabalhar com a variação proporcional
modificada proposta por Stilwell é, pois, a de identificarmos o impacto sobre o crescimento
regional de mudanças na estrutura industrial durante o período de análise e, assim, obter-
mos classificações mais elaboradas de tipos de região para fins de diagnósticos e formula-
ção de políticas de desenvolvimento regional.”

710 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


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Sistema Social
Capítulo 6
Autoras:
Karen Menezes
Samantha Nery

Colaboradora:
Giovanna Borges

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


SUMÁRIO

1. DEMOGRAFIA..................................................................................................... 721

2. DESENVOLVIMENTO HUMANO......................................................................... 738

2.1 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, IDH-M ........................................ 738

2.2 Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal – (IFDM).......................................... 746

2.3 Índice de Qualidade dos Municípios (IQM)........................................................... 750

2.4 Comparação IDH, IFDM e IQM dos Municípios da Região Norte ......................... 755

3. EDUCAÇÃO......................................................................................................... 757

3.1 A Divisão Educacional do Estado do Rio de Janeiro ............................................ 758

3.2 O Sistema Educacional da Região Norte ............................................................. 760

3.3 Níveis de Escolaridade......................................................................................... 772

3.4 Qualidade da Educação ....................................................................................... 778

3.4.1 Prova Brasil.......................................................................................................... 778

3.4.2 IDEB .................................................................................................................... 780

3.4.3 ENEM .................................................................................................................. 783

3.5 Considerações ..................................................................................................... 785

4. SAÚDE E VIGILÂNCIA SANITÁRIA..................................................................... 786

4.1 Saneamento......................................................................................................... 791

4.2 Atenção Básica .................................................................................................... 794

4.3 Estabelecimentos de Saúde e Público Atendido .................................................. 798

4.4 Leitos por Habitantes ........................................................................................... 802

4.5 Intervenções e Procedimentos ............................................................................. 803

4.6 Natalidade, Mortalidade e Atenção Básica ........................................................... 807

4.7 Orçamentos em Saúde ........................................................................................ 813

4.8 Síntese dos Dados da Saúde no Norte Fluminense ............................................. 815

4.9 Resultados do Caderno de Informações em Saúde ............................................. 818

5. ESPORTES ......................................................................................................... 819


Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
6. ESTRUTURAS SOCIAIS, ASSOCIATIVAS E COMUNITÁRIAS .......................... 822

7. SEGURANÇA PÚBLICA ...................................................................................... 823

7.1 A Violência no Norte Fluminense ......................................................................... 824

7.1.1 AISP 8.................................................................................................................. 826

7.1.2 AISP 32................................................................................................................ 829

7.2 Mapa da Violência - Região Norte........................................................................ 832

7.3 Estudo Socioeconômico Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro........... 842

7.4 Sistema Prisional ................................................................................................. 843

8. POLARIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO REGIONAL..................................................... 844

9. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 855

10. REFERÊNCIAS.................................................................................................... 856

ANEXOS.............................................................................................................. 862

ANEXO I – MATRIZ DO ENEM............................................................................ 862

ANEXO II - INDICADORES DA GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA


AMPLIADA........................................................................................................... 863

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


LISTAS

FOTOS

Fotos 1 e 2 – Região Norte Fluminense, Área Central de Macaé e Campos ..................... 728

Foto 3 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes – Região Central................ 728

Foto 4 – Região Norte Fluminense, Quissamã – Praça Pública Central ............................ 729

Fotos 5 e 6 – Região Norte Fluminense, Macaé e Barra do Furado em Quissamã............ 756

Fotos 7 e 8 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Fila de Transporte


Alternativo e Macaé, Obras da Prefeitura .......................................................................... 757

Foto 9 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Formatura dos Alunos do Ensino Médio... 763

Fotos 10 e 11 – Região Norte Fluminense, São João da Barra, Centro Cultural e Biblioteca
Pública............................................................................................................................... 778

Fotos 12 e 13 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Hospital Municipal e Ambulância .. 799

Foto 14 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Barra do Furado ..................................... 821

Foto 15 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Guarda Municipal ................................... 844

GRÁFICOS

Gráfico 1 – Rio de Janeiro, Distribuição Percentual da População por Regiões do Estado,


2007 .................................................................................................................................. 723

Gráfico 2 - Região Norte Fluminense,Distribuição Percentual da População por Município,


2009 .................................................................................................................................. 724

Gráfico 3 – Região Norte Fluminense, Evolução da População, 1991 a 2009 .................. 724

Gráfico 4 – Região Norte Fluminense, Evolução da Taxa de Crescimento, 1991 - 2009 ... 727

Gráfico 5 – Região Norte Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 - 2009 732

Gráfico 6 – Região Norte Fluminense, Pirâmide Etária, 2009 ............................................ 735

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 7 – Evolução do IDH-M para os Municípios do Norte Fluminense, 1991, 2000..... 742

Gráfico 8 - Região Norte Fluminense, Ranking Estadual dos Municípios – IDH-M – 1991,
2000 .................................................................................................................................. 743

Gráfico 9 - Região Norte Fluminense, Ranking Estadual dos Municípios – IDH-M, 2000... 743

Gráfico 10 – Região Norte Fluminense, Ranking Estadual dos Municípios – IFDM, 2006.. 748

Gráfico 11 - Região Norte Fluminense, Evolução do IQM, 1998 - 2005 ............................. 752

Gráfico 12 - Região Norte Fluminense, Evolução na Posição dos Municípios Segundo IQM –
1998 - 2005 ....................................................................................................................... 753

Gráfico 13 – Região Norte Fluminense, Estabelecimentos de Ensino, 2008...................... 761

Gráfico 14 – Região Norte Fluminense, Estabelecimentos de Ensino por Município, 2008 762

Gráfico 15 – Região Norte Fluminense, Número de Matrículas, 1998 - 2006..................... 764

Gráfico 16 – Região Norte Fluminense, Número de Docentes, 1998 - 2006 ...................... 767

Gráfico 17 – Região Norte Fluminense, Número de Reprovações, 1998 - 2005 ................ 768

Gráfico 18 – Região Norte Fluminense, Taxas Brutas de Natalidade, 2006....................... 808

Gráfico 19 - Região Norte Fluminense, Percentual de Mães de 10 a 14 Anos e de 10 a 19


Anos -2006 ........................................................................................................................ 808

Gráfico 20 - Região Noroeste Fluminense, Ocorrências das AISPs 08 e 32, 2009 ............ 832

MAPAS

Mapa 1 - Região Norte Fluminense ................................................................................... 721

Mapa 2 - Região Norte Fluminense, Crescimento da População,1991 - 2009 ................... 730

Mapa 3 - Região Norte Fluminense, Distribuição da População por Distrito, 2000............. 737

Mapa 4 - Rio de Janeiro, IDH-M dos Municípios, 2000 ...................................................... 741

Mapa 5 - Região Norte Fluminense, IDH – 2000................................................................ 745

Mapa 6- Região Norte Fluminense, Percentual de Adolescentes Frequentando a Escola,


2000 .................................................................................................................................. 776

Mapa 7 - Região Norte Fluminense, Regiões da Saúde .................................................... 787

Mapa 8 - Região Norte Fluminense, Cobertura do Programa Saúde da Família, 2008 ...... 796

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 9 – Região Norte Fluminense, Cobertura da Saúde Bucal, 2008 ............................. 797

Mapa 10 - Região Norte e Noroeste Fluminense, Identificação das AISPs ........................ 825

Mapa 11 – Rio de Janeiro, Mapa da Violência, Porcentagem de Taxa de Homicídios, 2008


.......................................................................................................................................... 833

Mapa 12 - Região Norte Fluminense, Homicídio da População Total, 2006....................... 835

Mapa 13 - Região Norte Fluminense, Homicídio da População Jovem, 2006 .................... 837

Mapa 14 - Região Norte Fluminense, Óbito por Acidente de Transporte, 2006.................. 839

Mapa 15 - Região Norte Fluminense, Óbito por Armas de Fogo, 2006 .............................. 841

Mapa 16 - Região Norte Fluminense, Municípios que Compõe a OMPETRO.................... 848

TABELAS

Tabela 1 – Região Norte Fluminense, Caracterização dos Municípios, 2000..................... 723

Tabela 2 - Região Norte Fluminense, Evolução da População, 1991 - 2009...................... 725

Tabela 3 - Região Norte Fluminense, Taxa de Crescimento, 1991 - 2009 ......................... 726

Tabela 4 – Região Norte Fluminense, Pessoas não Residentes em Macaé, por Origem
Migratória, 1996................................................................................................................. 731

Tabela 5 - Região Norte Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 - 2000. 732

Tabela 6 - Região Norte Fluminense, Situação de Domicílios, 2000.................................. 733

Tabela 7 - Região Norte Fluminense, População por Domicílio, 2000 ............................... 734

Tabela 8 - Região Norte Fluminense, População Residente por Sexo, 2009 ..................... 734

Tabela 9 - Região Norte Fluminense, Distribuição da População por Faixa Etária, 2009... 735

Tabela 10 - Região Norte Fluminense, População Feminina em Idade Fértil, 2009 ........... 736

Tabela 11 – Região Norte Fluminense, IDHM, 1991, 2000 ................................................ 742

Tabela 12 – Região Norte Fluminense, Educação, Longevidade e Renda do IDH-M – 1991,


2000 .................................................................................................................................. 744

Tabela 13 – Região Norte Fluminense, IFDM Total – 2000, 2005 e 2006 .......................... 748

Tabela 14 - Região Norte Fluminense, Composição do IFDM - 2000, 2005 e 2006........... 749

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 15 - Região Norte Fluminense, Variação das Posições do IQM por Grupo de
Indicadores, 1998 - 2005 ................................................................................................... 754

Tabela 16 – Região Norte Fluminense, Estabelecimentos de Ensino, 2008 ...................... 761

Tabela 17 - Região Norte Fluminense, Número de Matrículas do Ensino Básico, 2000, 2005
e 2006 ............................................................................................................................... 765

Tabela 18 - Região Norte Fluminense, Número de Matrículas Educação Especial, EJA e


Educação Profissional, 2005.............................................................................................. 766

Tabela 19 - Região Norte Fluminense, Razão entre Matrículas e Docentes, 2005 - 2006 . 768

Tabela 20 - Região Norte Fluminense, Número de Reprovações no Ensino Fundamental,


1995 -2005 ........................................................................................................................ 769

Tabela 21 - Região Norte Fluminense, Taxa de Reprovação, 2005 ................................... 770

Tabela 22 - Região Norte Fluminense, Número de Reprovações no Ensino Médio, 1998 -


2006 .................................................................................................................................. 771

Tabela 23 - Região Norte Fluminense, Taxa de Reprovação, 2005 ................................... 771

Tabela 24 - Região Norte Fluminense, Taxa de Analfabetismo da População Jovem, 1991 -


2000 .................................................................................................................................. 772

Tabela 25 - Região Norte Fluminense, Taxa de Analfabetismo da População Adulta, 1991 -


2000 .................................................................................................................................. 773

Tabela 26 - Região Norte Fluminense, Nível Educacional da População Jovem, 1991 - 2000
.......................................................................................................................................... 775

Tabela 27 - Região Norte Fluminense, Nível Educacional da População Adulta, 1991 - 2000
.......................................................................................................................................... 777

Tabela 28 - Região Norte Fluminense, Resultado da Prova Brasil - Rede Municipal, 2005 –
2007 .................................................................................................................................. 779

Tabela 29 - Região Norte Fluminense, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica,


2005 - 2007 ....................................................................................................................... 781

Tabela 30 - Região Norte Fluminense, Resultados do ENEM, 2007 .................................. 784

Tabela 31 - Região Norte Fluminense, Moradores / Tipo de Abastecimento de Água, 1991 -


2000 .................................................................................................................................. 792

Tabela 32 - Região Norte Fluminense, Moradores / Tipo de Instalação Sanitária, 991 - 2000
.......................................................................................................................................... 793

Tabela 33 – Região Norte Fluminense, Indicadores da Atenção Básica, 2002 - 2007 ....... 794

Tabela 34 – Região Norte Fluminense, Número de Unidades por Tipo de Prestador Segundo
Tipo de Estabelecimento – Dezembro 2007 ...................................................................... 798

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 35 – Região Norte Fluminense, Número de Unidades por Tipo de Prestador Segundo
Tipo de Estabelecimento – Dezembro 2007 ...................................................................... 800

Tabela 36 – Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Segundo o Público


Atendido – Dezembro 2007 ............................................................................................... 801

Tabela 37 – Região Norte Fluminense, Leitos de Internação/1000 Habitantes – Janeiro 2000


.......................................................................................................................................... 802

Tabela 38 – Região Norte Fluminense, Assistência Hospitalar – Valores Médios Anuais,


2007 .................................................................................................................................. 804

Tabela 39 – Região Norte Fluminense, Razão de Equipamentos / Contingente Populacional,


2008 .................................................................................................................................. 805

Tabela 40 – Região Norte Fluminense, Assistência Ambulatorial - Valores Médios Anuais de


Procedimento, 2007........................................................................................................... 806

Tabela 41 - Região Norte Fluminense, Nascimentos - 1997, 2000, 2003 e 2006............... 807

Tabela 42 – Região Norte Fluminense, Indicadores da Atenção Básica, 2002 - 2007 ....... 809

Tabela 43 – Região Norte Fluminense, Outros Indicadores de Mortalidade – 2000 a 2006811

Tabela 44 – Região Norte Fluminense, Mortalidade Proporcional por Faixa Etária segundo
Grupo de Causas, 2006..................................................................................................... 813

Tabela 45 – Região Norte Fluminense, Orçamentos Públicos, 2004 - 2007 ...................... 814

Tabela 46 – Região Norte Fluminense, Estabelecimentos Esportivos e de Lazer, 2007 .... 820

Tabela 47 - Região Norte Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes Violentos da AISP


08 – 2006, 2007, 2008, 2009 ............................................................................................. 826

Tabela 48 - Região Norte Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes de Transito da


AISP 08 - 2006, 2007, 2008, 2009..................................................................................... 827

Tabela 49 - Região Norte Fluminense, Registros de Crimes contra o Patrimônio da AISP 08


– 2006 - 2009 .................................................................................................................... 827

Tabela 50 - Região Norte Fluminense, Atividade Policial da AISP 08, 2006 - 2009 ........... 828

Tabela 51 - Região Norte Fluminense, Totais de Registros da AISP 08, 2006 - 2009........ 829

Tabela 52 - Região Norte Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes Violentos da AISP


32, 2006 - 2009.................................................................................................................. 829

Tabela 53 - Região Norte Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes de Trânsito da


AISP 32, 2006 - 2009......................................................................................................... 830

Tabela 54 - Região Norte Fluminense, Registros de Crimes contra o Patrimônio da AISP 32,
2006 - 2009 ....................................................................................................................... 830

Tabela 55 - Região Norte Fluminense, Registros de Atividade Policial da AISP 32, 2006 -
2009 .................................................................................................................................. 831
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Tabela 56 - Região Norte Fluminense, Totais de Registros da AISP 32, 2006 - 2009........ 831

Tabela 57 – Região Norte Fluminense, Homicídios População Total, 2002 a 2006 ........... 834

Tabela 58 – Região Norte Fluminense, Homicídios na População Jovem, 2002 a 2006.... 836

Tabela 59 – Região Norte Fluminense, Óbitos por Acidentes de Transporte, 2002 a 2006 838

Tabela 60 – Região Norte Fluminense, Óbitos por Armas de Fogo, 2002 a 2006.............. 840

Tabela 61 – Região Norte Fluminense, Migração em Internações de Média Complexidade,


2008 .................................................................................................................................. 852

Tabela 62 - Região Norte Fluminense, Internação de Média Complexidade no Município de


Ocorrência - 2008 .............................................................................................................. 853

Tabela 63 - Região Norte Fluminense, Migração em Internações de Alta Complexidade,


2008 .................................................................................................................................. 854

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


1. DEMOGRAFIA

A Mesorregião Norte Fluminense é constituída por nove municípios, distribuídos em duas


microrregiões: Campos dos Goytacazes e Macaé. A primeira é formada por Campos do
Goytacazes, Cardoso Moreira, São Fidélis, São Francisco de Itabapoana e São João da
Barra. A segunda se forma pelos municípios de Macaé, Conceição do Macabú, Carapebus e
Quissamã.

Mapa 1 - Região Norte Fluminense

Fonte: Fundação CIDE – Centro de Informações do Estado do Rio de Janeiro, 2009

A ocupação da Região Norte Fluminense, na primeira metade do século XVII, deu-se com a
função de instalar currais de gado bovino para transporte e moagem de cana, suprindo as
necessidades dos senhores dos engenhos. Desde então, a atividade econômica da cana-
de-açúcar passou a desempenhar um papel fundamental na sua organização
socioeconômica. Durante o século XIX ocorreu a modernização da produção, com a
instalação de diversas usinas, tendo em vista o aumento da produção da cana e a
necessidade de diminuição de custos operacionais. (Silva, L., 2006, p.03).

O principal pólo econômico da Região, baseado na atividade açucareira, foi o município de


Campos dos Goytacazes, que apresentou também importante representatividade nacional
no campo intelectual e cultural e exerceu uma função polarizadora sobre o Noroeste
Fluminense. Os demais municípios ocupavam posições periféricas, tanto em termos de
produção econômica como em número de usinas. São João da Barra se diferenciava,
entretanto, pelo porto e pela forte presença da pesca e do turismo em seu território.

De maneira similar à trajetória da cana-de-açúcar, na década de 70, a descoberta de


petróleo na plataforma continental da Bacia de Campos apontou para novas perspectivas
socioeconômicas regionais. A partir daí, por questões de ordem natural e logística, a
Petrobrás instalou em Macaé uma base terrestre de operações. Durante o processo, outras
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 721
prestadoras de serviço nacionais e multinacionais também montaram suas sedes na cidade,
atraídas pelo seu desenvolvimento potencial.

Assim, a inserção da indústria petrolífera no cenário regional representou uma transição em


seus ciclos econômicos, promovendo o início de uma reestruturação sócio-espacial e uma
nova dinâmica de desenvolvimento econômico e demográfico. A cultura canavieira
tradicional perdeu espaço e força, tornando-se uma atividade econômica secundária.

Entretanto, ainda hoje, o cultivo da cana e a produção do açúcar/álcool se destaca em


Campos. Estes setores se modernizaram e novo perfil da agroindústria contribuiu para
aumentar sua capacidade produtiva.

Por outro lado, reduziu-se sua população mantida permanentemente pela agricultura e pelas
lavouras de subsistência, fazendo crescer o setor informal e a migração, pois mais da
metade da população economicamente ativa trabalha atualmente no setor terciário. No setor
secundário, o município concentra o maior número de estabelecimentos da Região,
destacando-se as indústrias de produtos alimentares, química, transformação de produtos
de minerais não metálicos e mecânica. (Fundação CIDE, 2009, p. 03).

Em Macaé, a atividade extrativa mineral tem sido uma alavanca desenvolvimentista. Novas
perspectivas se abrem para a população de toda a Região, que recebe migrantes intra e
inter-regionais, atraídos pelas oportunidades. Conseqüentemente, o pólo de atração regional
que estava localizado em Campos começa a ser substituído e/ou compartilhado com Macaé,
novo agente promotor de transformações regionais.

As atividades da Petrobrás, sozinhas, representam aproximadamente 20% de toda a


economia fluminense. (CIDE, 2005, apud Biazzo e Marafon, 2008, p.1949). Estas atividades,
que tem parte de sua base em Macaé, apesar de promoverem o incremento da indústria
mecânica, também provocam o crescimento acelerado e desordenado da malha urbana,
contribuindo com a proliferação de favelas e a degradação ambiental e novos
direcionamentos da incorporação imobiliária local. (Dias, 2005).

Em terra, a Petrobrás também possui instalações em Campos e em São João da Barra,


além do oleoduto que atravessa os municípios de Quissamã, Carapebus e Macaé, apesar
de que a sua contribuição mais importante para a economia regional seja através do
pagamento dos “royalties” e de participações especiais aos municípios e ao Governo do
Estado do Rio de Janeiro. Ressalva-se entretanto, que nenhum barril de petróleo é
processado ou refinado no Norte Fluminense. (Biazzo e Marafon, 2008, p.1949).

Outros setores chave da indústria ressurgem, como a construção naval e a indústria química
e uma série de atividades que englobam tanto a cadeia produtiva do petróleo e gás como a
própria oferta de serviços, a partir do grande aumento populacional local.

Além destas grandes transformações, na década de 90 a Região passou por um processo


de reordenamento territorial, com a criação de quatro novos Municípios: Quissamã
(emancipado de Macaé em 1990), Conceição de Macabu (emancipado de Campos em
1993), Carapebus (emancipado de Macaé em 1997) e São Francisco do Itabapoana
(emancipado de São João da Barra em 1997), o que mudou o panorama de inúmeras
maneiras, gerando mudanças administrativas, populacionais e as próprias demandas pelas
políticas públicas ofertadas.

Analisa-se inicialmente sua estrutura populacional e dinâmica demográfica do Norte


Fluminense, a partir da década de 90, considerando vários indicadores.

722 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 1 – Região Norte Fluminense, Caracterização dos Municípios, 2000
Caracterização dos Municípios – 2000
Densidade
Municípios da Região Distância da Autonomia
Área / km² Demográfica
Norte Fluminense Capital / km Municipal
hab. / km²
Campos dos Goytacazes 4.037,8 100,6 231,9 1.677
Carapebus 306,4 28,2 177,6 1.997
Cardoso Moreira 516,3 24,4 227,0 1.993
Conceição de Macabu 348,5 53,7 164,9 1.952
Macaé 1.218,1 108,0 157,3 1.813
Quissamã 717,7 19,0 199,0 1.990
São Fidélis 1.030,8 35,7 205,1 1.850
São Francisco de Itabapoana 1.117,6 36,7 291,8 1.997
São João da Barra 461,9 59,5 262,5 1.677
Total da Região Norte 9.755,1 51,75 NA NA
Total do Estado do Rio de Janeiro 43.797,4 328,6 NA 1.975

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, PNUD, 2003.

Macaé é o Município que se localiza mais próximo da capital do Estado, 157 km, enquanto
São Francisco de Itabapoana, 292 km, seguido de São João da Barra, 262 km e Campos
dos Goytacazes, 232 km são os mais distantes.

Dados referentes ao ano de 2000 indicam que a densidade demográfica da Região foi
significativamente inferior à do Estado do Rio de Janeiro, correspondendo respectivamente
a 51,75 e 328,6 hab./km². Campos do Goytacazes e Macaé são os municípios mais
populosos, ambos com mais de 100.000 habitantes, apresentando densidade demográfica
superior a 100 hab./km². Conceição de Macabu e São João da Barra aparecem em seguida,
com as taxas de 53,7 e 59,5 hab./km². O restante dos municípios apresenta densidades
demográficas relativamente baixas, contribuindo para as menores densidades demográficas
regionais do Estado, que ocorrem no Norte e Noroeste Fluminenses, conforme os gráficos a
seguir revelam.

Gráfico 1 – Rio de Janeiro, Distribuição Percentual da População por Regiões do Estado, 2007

Fonte: TCE - Estudos Socioeconômicos dos Municípios, 2008


Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 723
Gráfico 2 - Região Norte Fluminense,Distribuição Percentual da População por Município, 2009

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009


A Região Norte conta atualmente com uma população total de 811.089 habitantes, o que
equivale a 5% da população do Rio de Janeiro. Esta população se distribui em uma
extensão territorial de aproximadamente 9.797,4 Km, correspondendo a 22% da área total
do Estado. A população de Campos corresponde a 53,5% do total da Região, enquanto
Macaé abriga 23,9% da população regional.

Gráfico 3 – Região Norte Fluminense, Evolução da População, 1991 a 2009

Evolução da População Total da Região Norte Fluminense


hab.

900.000 811.089
766.320
800.000 698.783
653.844
700.000 611.576

600.000

500.000

400.000

300.000

200.000
1.991 1.996 2.000 2.007 2.009* ano
* Estimativa

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009

724 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Pesquisas e prospecções do IBGE, no período de 1991 a 2009, apontam para um aumento
populacional gradativo na Região, não se diferenciando muito das tendências estadual e
nacional.

No entanto, percebe-se que a taxa de crescimento demográfico da Região, nestas décadas,


foi mais expressiva do que a do Estado e a do Brasil. Neste período, a taxa de crescimento
total estadual foi de 25%, o que corresponde a uma média de 1,39% ao ano, enquanto o
Brasil apresentou a taxa de crescimento total de 30,4%, perfazendo a média de 1,69% ao
ano.

A Região Norte, por sua vez, apresentou taxa de crescimento total de 32,6% e a média
anual de crescimento foi de 1,81%. Ou seja, seu crescimento populacional foi 7,6% maior
que o crescimento estadual e 2,2% maior que o crescimento do país.

Tabela 2 - Região Norte Fluminense, Evolução da População, 1991 - 2009

Evolução da População Total - 1991 a 2009


Municípios da Região Ano
Norte Fluminense 1.991 1.996 2.000 2.007 2.009*
Campos dos Goytacazes 389.109 389.547 406.989 426.154 434.008
Carapebus - - 8.666 10.677 11.939
Cardoso Moreira - 11.940 12.595 12.206 12.481
Conceição de Macabu 16.963 18.206 18.782 19.479 20.687
Macaé 100.895 121.095 132.461 169.513 194.413
Quissamã 10.467 12.583 13.674 17.376 19.878
São Fidélis 34.581 36.534 36.789 37.477 39.256
São Francisco de
- - 41.145 44.549 47.832
Itabapoana
São João da Barra 59.561 63.939 27.682 28.889 30.595
Total da Região Norte 611.576 653.844 698.783 766.320 811.089
Total do Estado do Rio
de Janeiro 12.807.706 13.406.308 14.391.282 15.420.450 16.010.429
Total do Brasil 146.825.475 157.070.163 169.799.170 183.989.711 191.481.045
-- = sem informação
* Estimativas da População
Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009

No entanto, este crescimento não se deu de forma homogênea. No período 1991 - 2000, ao
se comparar os indicadores de cada município, surgem grandes discrepâncias nas
tendências de crescimento populacional, sugerindo um indicador da dinâmica interna
desigual da Região.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 725


Tabela 3 - Região Norte Fluminense, Taxa de Crescimento, 1991 - 2009

Taxas de Crescimento (%)


Intervalo Taxa de
Municípios da Região Crescimento
Norte Fluminense 1991 - 1996 1996 - 2000 2000 - 2007 2007 - 2009 1991 - 2009 Média Anual -
1.991 a 2.009
Campos dos Goytacazes 0,11 4,48 4,71 1,84 11,54. 0,64
Carapebus - - 23,21 11,82 - -
Cardoso Moreira - 5,49 -3,09 2,25 - -
Conceicao de Macabu 7,33 3,16 3,71 6,20 21,95 1,22
Macaé 20,02 9,39 27,97 14,69 92,69 5,15
Quissamã 20,22 8,67 27,07 14,40 89,91 5,00
São Fidélis 5,65 0,70 1,87 4,75 13,52 0,75
São Francisco de
- - 8,27 7,37 - -
Itabapoana
São João da Barra 7,35 -56,71 4,36 5,91 -48,63 -2,70
Total da Região Norte 6,91 6,87 9,66 5,84 32,62 1,81
Total do Estado do Rio
4,67 7,35 7,15 3,83 25,01 1,39
de Janeiro
Total do Brasil 6,98 8,10 8,36 4,07 30,41 1,69
Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009

De acordo com a Tabela acima, entre 1991 e 1996, Macaé e Quissamã apresentaram as
maiores taxas de crescimento populacional regional, em torno de 20%. Em contraponto,
Campos apresentou uma taxa de crescimento inexpressiva de 0,11%.

Ressalta-se que, anteriormente a este período, Macaé já havia apresentado um grande


aumento de contingente populacional, em virtude da consolidação da indústria petrolífera
em seu território. Em 1970, segundo o IBGE, a população total de Macaé correspondia a
47.221 habitantes. Em 2009, a população alcançou 194.413. De tal forma, calcula-se que
em quatro décadas sua população se tornou 4,11 vezes maior, ou seja, a cada dez anos
duplicou-se a população total no Município. Mesmo com este crescimento tão expressivo, os
dados ainda são subestimados, dada a forte presença de população flutuante, constituída
principalmente por pessoas que trabalham em Macaé, mas residem em outros municípios.

Entre 1996-2000, as taxas de crescimento diminuíram em praticamente todos os municípios,


exceto em Campos, que seguiu uma lógica inversa, aumentando apenas 4,48% de sua
população e São João da Barra sofreu uma imensa perda populacional de 56,71%, neste
mesmo intervalo de tempo.

Entre 2000-2007 as taxas de crescimento municipais, de maneira geral, voltaram a crescer


ou, em alguns casos, se mantiveram constantes. Macaé e Quissamã registraram o maior
aumento e apresentaram taxas de crescimento similares, em torno de 27%, cada. Cardoso
Moreira apresentou diminuição da população neste período (-3,09%), enquanto São João da
Barra retornou seu crescimento, aumentando o contingente populacional em 4,36%.

O Gráfico a seguir representa este movimento do fluxo populacional nos Municípios da


Região.

726 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 4 – Região Norte Fluminense, Evolução da Taxa de Crescimento, 1991 - 2009

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009.

Ao se analisar as taxas de crescimento total entre 1991-2009, observa-se que os municípios


costeiros e pertencentes à zona principal de produção petrolífera apresentaram altas taxas
de crescimento. Macaé e Quissamã registraram o maior aumento populacional da Região,
sendo respectivamente 92,69 % e 89,1%, o que corresponde a uma média de crescimento
de 5% /ano.

No caso de Macaé, conforme comentado, este valor expressivo pode ser vinculado
especialmente às movimentações geradas pela instalação de grandes empreendimentos, a
partir do seu pólo petrolífero, que atraem constantemente novos públicos em busca de
oportunidades de emprego, sejam eles diretos ou indiretos e conectados às supostas
vantagens creditadas pelo recebimento dos royalties. Outro atrativo local, que também
contribui para este crescimento, é o número crescente de instituições de ensino técnico e
superior e seu comércio mais diversificado.

No entanto, estes atrativos terminam sendo ilusórios, porque grande parcela dos migrantes
não possui qualificações adequadas para a ocupação dos postos de trabalho e não
conseguem ter acesso às oportunidades locais e ainda, não há correlação direta entre os
recebimentos dos royalties e benefícios para as populações.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 727


Fotos 1 e 2 – Região Norte Fluminense, Área Central de Macaé e Campos

Fonte: Fotos das autoras, 2009

Paralelamente, São João da Barra foi o município que apresentou o maior decréscimo
populacional neste mesmo período (- 48,63%), com uma perda anual média de 2,7% de
população. Outros municípios interioranos, como São Fidélis, Conceição de Macabu e
Cardoso Moreira, também revelaram baixo crescimento ou mesmo perda populacional.

Considerando-se ainda o intervalo 1991 - 2009, Campos apresentou taxa de crescimento


total de 11,54%, correspondendo a um aumento populacional médio de 0,64%/ano, inferior à
média regional de 1,81%, o que contradiz às expectativas para um município pólo.
Conforme Terra (2004, apud Ajara e Neto, 2005), este é um crescimento reduzido, se
comparado aos municípios da zona de produção principal da bacia de Campos, que cresce
em função da “expectativa de vultosos investimentos diante do volume de royalties e
participações especiais recebidos”.

Considerando que em Campos existem inúmeras instituições de ensino que atraem um


grande número de estudantes e que a cidade também recebe royalties e já foi o maior pólo
regional, é importante investigar este processo de baixo crescimento ou mesmo perda
populacional. A chegada contínua de estudantes pode estar camuflando um êxodo de
nativos ainda maior - supõe-se que em busca de melhores condições de trabalho, inclusive
migrando para Macaé.
Foto 3 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes – Região Central

Fonte: Foto das autoras, 2009

728 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Por outro lado, São João da Barra vem perdendo população, o que sugere uma oferta local
limitada de oportunidades de estudo e trabalho e/ou a insuficiência de serviços públicos,
aspectos que incentivam o êxodo populacional em busca de melhores condições de
formação e renda, principalmente para o público jovem. Além disto, o Município se
caracteriza como turístico e, portanto, possui um grande número de habitações temporárias
e população flutuante.
Foto 4 – Região Norte Fluminense, Quissamã – Praça Pública Central

Fonte: Fotos das autoras, 2009

Já Quissamã, ganhou população continuamente, supõe-se que pela proximidade com


Macaé e por apresentar uma qualidade de vida aparentemente mais elevada, conseqüência
de índices menores de criminalidade, pequeno porte populacional, índices de saúde
bastante positivos e por ser uma cidade litorânea, etc., que favorece também a atração de
migrantes pendulares, temporários ou definitivos.

O Mapa abaixo reflete os valores de crescimento municipais entre 1991-2009, sendo que
em alguns municípios, por ausência de dados, não foi possível constatar seu valor total,
inclusive porque a pesquisa foi realizada antes de suas instalações administrativas. Entre os
municípios, que possuem dados incompletos, entre 2000-2007, Carapebus teve aumento
populacional de 23%, São Francisco de Itabapoana também aumentou sua população em
8% e Cardoso Moreira enfrentou perda populacional de (-3,09%).

Considerando as perdas e aumentos populacionais, foram constatados fluxos migratórios


internos, mas não se tem mapeada as condições de origem-destino. Os dados disponíveis
do IBGE apontam apenas que, entre os anos de 1995 e 2000, Campos recebeu um total de
8.358 habitantes originários das diversas regiões do Estado do Rio de Janeiro, enquanto
Macaé recebeu 11.572 imigrantes.

Acredita-se que em 1996, Macaé foi o município da Região Norte Fluminense que mais
recebeu pessoas de outras localidades, pela magnitude de seu crescimento e geração de
riquezas, muito acima das médias municipais e nacionais e que tenha recebido tanto
população interna do Norte Fluminense como do Noroeste, de outras regiões do Estado e
inclusive habitantes de outros países. Campos apareceu como o segundo Município mais
procurado, seguido por São João da Barra e aquele que recebeu menos migrantes neste
ano foi Quissamã.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 729


Mapa 2 - Região Norte Fluminense, Crescimento da População,1991 - 2009

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009

730 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Em uma pesquisa anterior, realizada com ano base 1996, os dados apontam que do total de
25.322 novos habitantes recebidos no Norte, 12.291 foram para Macaé e 7.588 foram para
Campos, ou seja, a migração vem ocorrendo com a emergência da economia do petróleo.

No caso de São João da Barra, a variação muito expressiva de população decorreu do


último desmembramento na Região. Em 1996, São João da Barra tinha sido o terceiro
município regional que mais recebera população externa, com 1.949 habitantes, enquanto o
Censo de 2000 contabiliza a perda de população representada pelo contingente
desmembrado, (-56,71), voltando a crescer nos anos subseqüentes em escalas bem
menores, com taxa de 4,32 entre 2000 e 2007 e de 5,91 entre 2007-2009.
Tabela 4 – Região Norte Fluminense, Pessoas não Residentes em Macaé, por Origem
Migratória, 1996
Pessoas Não-residentes em Macaé, por Origem Migratória Segundo as Regiões de Governo e
Municípios, 1996
Estado do Outra
Região e Municípios Total Rio de Unidade da Outro País Ignorado
Janeiro Federação
Região Norte Fluminense 25.322 18.981 5.846 242 253
Campos dos Goytacazes 7.588 5.456 1.976 86 70
Carapebus 354 285 68 - 1
Cardoso Moreira 499 443 45 - 11
Conceição de Macabu 891 816 66 1 8
Macaé 12.291 8.816 3.270 149 56
Quissamã 295 214 15 - 66
São Fidélis 851 792 50 1 8
São Francisco de Itabapoana 904 624 263 3 14
São João da Barra 1.649 1.535 93 2 19
Fonte: CIDE, 2001, apud Silva, E. 2003, p.33.
Mais ainda, com os grandes empreendimentos que já se configuram na Região, como o
Complexo do Porto Logístico de Açu, o Complexo Logístico da Barra do Furado e a
exploração do pré-sal na Bacia de Campos, dentre outros, espera-se que nos próximos
anos o fluxo populacional, especialmente para os municípios de São João da Barra,
Quissamã e Macaé e mesmo Campos dos Goytacazes será bastante expressivo e muito
acima do que suportam as infra-estruturas locais, os seus serviços públicos, afetando
profundamente a dinâmica socioeconômica municipal e regional.

Este é então, um dos pontos críticos avaliados no trabalho, no sentido de preparar os


municípios para a provável expansão da população e buscar formas tanto de dotar as
municipalidades de recursos, não apenas financeiros mas estruturais, como também buscar
mecanismos que contenham os fluxos indesejados, evitando a formação e/ou proliferação
de bolsões de pobreza e favelização que já ocorrem, por exemplo, em grande parcela no
território de Macaé.

Simultaneamente ao fluxo migratório ocorrido nas últimas décadas, o processo de


urbanização também vem crescendo na Região, seguindo a própria dinâmica brasileira. No
período de 1991 a 2000, todos os seus municípios tiveram aumentos consideráveis na taxa
de urbanização, destacando-se São João da Barra, que em 1991 apresentou taxa de
urbanização de 50,02% e em 2000, de 70,92%.

Em 1991, aqueles que apresentaram taxas mais elevadas de urbanização foram Conceição
de Macabu, 82,43%, Campos, 83,44% e Macaé 88,54%. Em 2000, estas taxas aumentaram
ainda mais, sendo que em Macaé o índice alcançou 95,13% e os demais apresentaram
urbanização superior a 60%, à exceção de São Francisco de Itabapoana, com 46,73%.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 731


Tabela 5 - Região Norte Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 - 2000
População por Situação de Domicílio - 1991 e 2000
Taxa de
Municípios da Região População Urbana População Rural
Urbanização %
Norte Fluminense
1.991 2.000 1.991 2.000 1.991 2.000
Campos dos Goytacazes 324.667 364.177 64.442 42.812 83,44 89,48
Carapebus - 6.875 - 1.791 - 79,33
Cardoso Moreira - 8.041 - 4.554 - 63,84
Conceição de Macabu 13.982 16.542 2.981 2.240 82,43 88,07
Macaé 89.336 126.007 11.559 6.454 88,54 95,13
Quissamã 4.410 7.699 6.057 5.975 42,13 56,30
São Fidélis 22.160 26.513 12.421 10.276 64,08 72,07
São Francisco de
- 19.228 - 21.917 - 46,73
Itabapoana
São João da Barra 29.791 19.631 29.770 8.051 50,02 70,92
Total da Região Norte 484.346 594.713 127.230 104.070 79,20 85,11
Total do Estado do Rio de
12.199.641 13.821.466 608.065 569.816 95,25 96,04
Janeiro
* Estimativas da População
-- = sem informação
Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009.

Gráfico 5 – Região Norte Fluminense, População por Situação de Domicílio, 1991 - 2009

Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População, 2009.


Estas elevadas taxas de urbanização apontam para a perda de população rural da Região
Norte, principalmente devido à substituição crescente dos meios produtivos rurais, em
detrimento dos grandes processos industriais e do mercado de trabalho presumivelmente
potencializado nos centros urbanos. Embora a indústria açucareira e alcooleira ainda
tenham importância na atividade econômica regional, nos últimos anos se destaca a
produção do petróleo e do gás natural na Bacia de Campos. Soma-se a esse fator a maior
oferta de políticas públicas e serviços nas áreas urbanas, que não atendem (na mesma
proporção) às áreas rurais.

Neste cenário, constata-se que o processo de urbanização local vinha ocorrendo de forma
mais acelerada no Norte do que no Estado. No período de 9 anos, a taxa de urbanização do
Rio de Janeiro cresceu cerca de 0,79%, passando de 95,25% em 1991 para 96,04% em

732 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


2000. No mesmo período, a taxa de urbanização da Região Norte cresceu 5,9%, subindo de
79,20% para 85,11%, ou seja sete vezes maior do que o indicador estadual.
Tabela 6 - Região Norte Fluminense, Situação de Domicílios, 2000
Situação de Domicílios – 2000
Taxa de uso
Total de
Municípios da Região Total de Taxa de Ocasional dos
Domicílios Não
Norte Fluminense Domicílios Ocupação (%) Domicílios Não
Ocupados
Ocupados (%)
Campos dos Goytacazes 137.823 81 25.407 27
Carapebus 3.149 78 686 40
Cardoso Moreira 4.811 78 1033 17
Conceicao de Macabu 6.287 83 1.080 26
Macaé 47.666 80 9.578 25
Quissamã 5.108 73 1.395 45
São Fidélis 14.056 80 2.840 23
São Francisco de Itabapoana 20.503 57 8.758 64
São João da Barra 17.450 47 9.253 82
Total da Região Norte 256.853 76 60.030 0

Fonte: TCE – Estudos Socioeconômicos dos Municípios, 2008.


Com relação aos domicílios, segundo os Estudos Socioeconômicos realizados pelo Tribunal
de Contas do Estado do Rio de Janeiro, em 2000 existiam cerca de 256.853 domicílios no
Norte Fluminense sendo que, destes, 60.030 estavam desocupados, representando uma
taxa de ocupação total de 76%.

Em 2000, São João da Barra apresentou a menor taxa de ocupação domiciliar, 47%,
seguido por São Francisco de Itabapoana, 57%. Ambos tiveram também as maiores taxas
de uso ocasional dos domicílios não ocupados, 82% e 64% respectivamente, o que se
relaciona ao fato dos municípios possuírem atrativos turísticos importantes, com habitações
praianas, onde é grande o fluxo temporário de moradores, principalmente no verão.

Além disto, buscando uma melhor compreensão sobre a composição familiar regional, foi
calculada a média de moradores por domicílio, dividindo-se a população total de cada
município pelo número de domicílios ocupados, de acordo com os dados do Censo
realizado pelo IBGE, em 2000, dados da Tabela a seguir.

Como resultado, as famílias residentes na Região são compostas em média por 3,55
membros. Separadamente, os municípios também não se distanciam muito da média,
ficando São Fidélis com a menor média, 3,28 e Quissamã com a média mais elevada, 3,68.

Importante ponderar, no entanto, que embora estas médias sejam equiparadas, os dados
não estabelecem com fidelidade as discrepâncias e desigualdades existentes entre os
municípios, ou seja, não se pode conhecer em quais localidades se encontram as famílias
mais ou menos numerosas internamente.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 733


Tabela 7 - Região Norte Fluminense, População por Domicílio, 2000
População por Domicílio – 2000

Total de Média de
Municípios da Região População Total de
Domicílios pessoas por
Norte Fluminense Total Domicílios
Ocupados Domicílio

Campos dos Goytacazes 406.989 137.823 112.416 3,62


Carapebus 8.666 3.149 2.463 3,52
Cardoso Moreira 12.595 4.811 3.778 3,33
Conceição de Macabu 18.782 6.287 5.207 3,61
Macaé 132.461 47.666 38.088 3,48
Quissamã 13.674 5.108 3.713 3,68
São Fidélis 36.789 14.056 11.216 3,28
São Francisco de Itabapoana 41.145 20.503 11.745 3,50
São João da Barra 27.682 17.450 8.197 3,38
Total da Região Norte 698.783 256.853 196.823 3,55
Fontes: TCE – Estudos Socioeconômicos dos Municípios, 2000.
IBGE, Censos e Estimativas, 2009.
Além disto, de acordo com a realidade histórica, por exemplo, sabe-se que as famílias rurais
e de bairros pobres tendem a ser mais numerosas do que nos centros urbanos. Uma outra
questão é que alguns destes núcleos urbanos podem concentrar um grande número de
profissionais jovens/solteiros e estudantes, que fazem parte de uma classe média/alta e que
não possui filhos, ou possui poucos filhos, o que pode “encobrir” um número elevado de
habitantes por famílias de classe baixa. Mas para conhecer essas especificidades, torna-se
necessária uma pesquisa mais aprofundada de cada realidade.
Tabela 8 - Região Norte Fluminense, População Residente por Sexo, 2009
População Residente por Sexo - 2009
Municípios da Região Norte Sexo
Total
Fluminense Masculino Feminino
Campos dos Goytacazes 208.739 225.269 434.008
Carapebus 6.045 5.894 11.939
Cardoso Moreira 6.220 6.261 12.481
Conceição de Macabu 10.305 10.382 20.687
Macaé 96.489 97.924 194.413
Quissamã 10.183 9.695 19.878
São Fidélis 19.165 20.091 39.256
São Francisco de Itabapoana 24.709 23.123 47.832
São João da Barra 15.308 15.287 30.595
Total da Região Norte 397.163 413.926 811.089
Total do Estado do Rio de Janeiro 7.657.302 8.353.127 16.010.429
Total do Brasil 94.050.601 97.430.444 191.481.045
Fonte: Ministério da Saúde, Informações da Saúde, DATA SUS, 2009.

As razões de sexo da Região Norte apontam para uma pequena tendência de predomínio
feminino em sua composição populacional, salvo em Quissamã, São Francisco de
Itabapoana e Carapebus, onde predomina o sexo masculino. Em Cardoso Moreira e São
João da Barra as razões de sexo se apresentam bem equilibradas. Segundo o Caderno de
Informações em Saúde (2009), contribui para o aumento da população feminina no Norte a
variação da mortalidade entre os homens e as mulheres. As causas externas de morte
734 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
associadas à agressões, homicídios e acidentes de trânsito tiveram aumento significativo
entre os anos de 1999 e 2005, nas quais os homens estão mais envolvidos do que as
mulheres.
Tabela 9 - Região Norte Fluminense, Distribuição da População por Faixa Etária, 2009
Região Norte – Distribuição da População por Faixa Etária - 2009
Faixa Etária Total % em Relação a População Total
Menor 1 1.0461 1,29
1a4 48.411 5,97
5a9 67.526 8,33
10 a 14 64.903 8,00
15 a 19 65.656 8,09
20 a 29 139.595 17,21
30 a 39 119.392 14,72
40 a 49 114.558 14,12
50 a 59 85.450 10,54
60 a 69 50.843 6,27
70 a 79 29.999 3,70
80 e + 14.295 1,76
Total da Região Norte 811.089 100,00

Fonte: IBGE, Censos e Estimativas, 2009.


Como se vê na pirâmide abaixo, com relação à faixa etária, verifica-se que o maior
percentual de população está entre 20 a 59 anos, sendo especialmente elevado nos jovens
de 20 a 29 anos. O grupo considerado infantil de 1 a 9 anos correspondeu a 15, 57% da
população, enquanto os adolescentes de 10 a 19 anos somaram 16,09% do total e a
população de 20 a 59 anos representou 56,45%, sendo aquela considerada aptas para o
trabalho, constituindo a PEA, população economicamente ativa.
Gráfico 6 – Região Norte Fluminense, Pirâmide Etária, 2009

Fonte: IBGE, Censos e Estimativas, 2009.


Estes valores apontam para o percentual de pessoas que demandam políticas públicas
específicas para a infância, adolescência e adultos em idade produtiva, respectivamente,
sendo que os dois primeiros grupos somam aproximadamente 32% da população, o grupo

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 735


produtivo cerca de 57% e o grupo de idosos os outros 11% do total, demandando também
cuidados particulares.

Na Pirâmide Etária visualiza-se estes dados, com destaque para seu centro, que indica um
elevado número de residentes jovens e em sua fase produtiva, de 20 a 59 anos. A
proporção de menores de 10 anos também é grande, 15,59% e apresenta poucas variações
intra-municipais.

Os índices de envelhecimento, por outro lado, apontam para variações significativas entre
os municípios. Proporcionalmente à sua população total, São Fidélis concentra o maior
número de população idosa na Região, enquanto Macaé apresenta os menores índices, o
que provavelmente reflete o aumento de população economicamente ativa, causada pelos
movimentos migratórios das últimas décadas. Os idosos (acima de 60 anos) representam
11,73% da população total regional.
Tabela 10 - Região Norte Fluminense, População Feminina em Idade Fértil, 2009
Municípios da Região Norte Mulheres em Idade fértil Proporção da Pop. Feminina
Fluminense (10-49 anos), 2009 em Idade Fértil, 2009 (%)
Campos dos Goytacazes 136.731 60,7
Carapebus 3.719 63,1
Cardoso Moreira 3.708 59,2
Conceição de Macabu 6.361 61,3
Macaé 64.096 65,5
Quissamã 6.023 62,2
São Fidélis 11.566 57,6
São Francisco de Itabapoana 14.320 61,9
São João da Barra 9.357 61,2
Fonte: IBGE, Censos e Estimativas, 2009
Outra questão relevante é a de que, cerca de 61% do total da população feminina da Região
se encontra em idade fértil. Junto a este dado, o Norte apresentou altas taxas de
fecundidade, superiores a média estadual e acima do nível de reposição de 2,1 filhos por
mulher. (Caderno de Informações da Saúde, 2009),

Este cenário indica os reflexos da pouca oferta de serviços de planejamento familiar no


Norte, que sofreu uma queda de 9,1% entre os anos de 2000 e 2005. Destaca-se que a
prestação destes serviços na Região é a menor de todo o Estado e a cobertura do PSF
ocupa a segunda pior posição no ranking.

Complementando a análise demográfica, os dados da distribuição da população por distrito


do Censo 2000 das mesorregiões Norte e Noroeste demonstram uma maior concentração
populacional nas sedes municipais e menores concentrações à medida em que os distritos
se afastam das sedes, para cada município, conforme representado no Mapa a seguir.

Esta situação comum é explicada em grande parte pelas centralidades das sedes e sua
concentração de recursos físicos e financeiros, como centro produtivo e comercial, criando
hierarquias entre estas e os distritos e influenciando nas distribuições populacionais, o que é
uma tendência mundialmente constatada.

736 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 3 - Região Norte Fluminense, Distribuição da População por Distrito, 2000

Fonte: TCE – Estudos Socioeconômicos dos Municípios, 2008.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 737


2. DESENVOLVIMENTO HUMANO

Para analisar-se o bem estar das populações, serão apresentadas a seguir as analises de
alguns indicadores que buscam refletir sua qualidade de vida.

A compreensão do chamado “desenvolvimento humano” passa pela consideração de


inúmeros aspectos e deve incluir o acesso da população à Educação, Saúde, Moradia
Digna, condições de locomoção dentro do seu território, opções de Esportes, Lazer e
Cultura, Segurança Pública e outros temas que, juntos, refletirão sua qualidade de bem-
viver.

Nas últimas décadas o conceito de desenvolvimento humano tem sido ampliado com a
noção de sustentabilidade, que significa a manutenção da espécie humana e do próprio
Planeta no presente e no futuro, de maneira duradoura, de forma que os seus recursos
sejam preservados para as gerações futuras. A sustentabilidade, portanto, não é apenas
ambiental, ela se desdobra em vieses sociais, culturais, econômicos e políticos, significando
que estas questões estão interconectadas.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o


paradigma de desenvolvimento sustentável humano está baseado em três pontos centrais:

• O desenvolvimento das pessoas, para aumentar suas oportunidades, potencialidades


e direitos de escolha;

• O desenvolvimento para as pessoas, visando garantir a apropriação equitativa dos


resultados obtidos pela população,

• O desenvolvimento pelas pessoas, para aumentar seu poder e o das comunidades,


desde que participem ativamente do processo de desenvolvimento do qual são, ao
mesmo tempo, sujeitos e beneficiários.

Além disto, no Relatório do PNUD são descritos dois princípios indissociáveis ao


desenvolvimento humano: a equidade, expressa na construção e distribuição dos benefícios
entre os seres humanos e a sustentabilidade em todos os seus âmbitos.

Considerando de maneira ampla o tema do desenvolvimento humano sustentável, os


próximos tópicos irão avaliar as condições de vida dos habitantes do Noroeste Fluminense,
apresentando inicialmente os resultados obtidos na análise do IDH-M, IFDM e IQM, sendo
que cada indicador enfatiza diferentes aspectos que influem no bem estar das populações
municipais.

2.1 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, IDH-M

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, em parceria com o IPEA e com a
Fundação João Pinheiro são responsáveis por elaborarem o Mapa de Desenvolvimento
Humano no Brasil e o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, realizados a partir da
síntese de uma extensa base de dados e informações coletadas pelo IBGE. O primeiro
permite a análise dos municípios existentes no ano de referência de 1991/2000 e o último foi
elaborado a partir de dados do Censo 2000.

Segundo o PNUD (1998), o desenvolvimento humano pode ser entendido como um


processo abrangente, considerando-se as dimensões econômicas, sociais, políticas e
culturais que influenciam a qualidade da vida humana.

738 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Por sua vez, tem sido usualmente acrescido ao termo “desenvolvimento humano” a noção
do “sustentável”, refletindo que crescimento não necessariamente significa desenvolvimento,
pois há situações em que o aumento de riqueza não resulta em melhores condições de vida
para a população, ou seja, em municípios com uma renda per capita elevada pode haver
uma qualidade de vida inadequada para seus habitantes, com baixos indicadores de
desenvolvimento humano e vice-versa.

Na análise dos dados municipais, foi desenvolvido um indicador específico a partir do IDH: o
IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, que utiliza quatro indicadores
agrupados em três dimensões: Longevidade (esperança de vida ao nascer), Educação
(alfabetização e taxa de matrícula) e Renda (PIB per capita).

O IDH varia de zero a um e classifica os países/municípios com índices considerados como


baixo, médio ou alto desenvolvimento humano, respectivamente nas faixas de 0 a 0,5; de
0,5 a 0,8; e de 0,8 a 1. Quanto mais próximo de 1 for o IDH, maior o nível de
desenvolvimento humano constatado, o mesmo valendo para os municípios avaliados.

Segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano (PNUD, 2003), a média brasileira melhorou


sua posição no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) nos últimos 9 anos,
passando de 0,709, em 1991, para 0,764, em 2000.

No ano 2000, do total de 5.507 municípios, 23 foram classificados com baixo


desenvolvimento humano, 4.910, com médio e 574, com alto desenvolvimento, sendo que
99,87% (5.500) dos municípios aumentaram seu IDH-M quando comparados com os
resultados de 1991. Apesar da melhoria neste índice, na classificação internacional, o Brasil
continua sendo um país de médio desenvolvimento humano.

A dimensão Longevidade reflete a esperança de vida ao nascer, ou seja, o número médio


de anos que um habitante nascido no município no ano de referência viverá. Este indicador
sintetiza as condições de saúde e salubridade local.

A dimensão Educação é avaliada a partir de dois indicadores, com pesos diferentes: taxa de
alfabetização de pessoas acima de 15 anos de idade (com peso dois) e a taxa bruta de
freqüência à escola (com peso um). O primeiro indica o percentual de pessoas com mais de
15 anos capaz de ler e escrever um bilhete simples (ou seja, adultos alfabetizados) e o
segundo é resultado do somatório de pessoas (independentemente da idade) que
freqüentam os cursos fundamental, secundário e superior, dividido pela população na faixa
etária de 7 a 22 anos do município.

A Renda municipal per capita, ou seja, a renda média de cada residente é utilizada para a
avaliação da dimensão renda. Calcula-se este índice através da soma da renda de todos os
residentes, dividido pelo número de habitantes do município. O calculo é obtido a partir das
respostas dadas ao questionário expandido do Censo, aplicados pelo IBGE (um
questionário mais detalhado do que o universal, aplicado a uma amostra dos domicílios
visitados).

Após a obtenção destes dados, são calculados os índices para Educação (IDHM-E), para
Longevidade (IDHM-L) e para Renda (IDHM-R). Para cada município o IDHM é calculado a
partir da média aritmética simples desses três sub-índices (IDHM-E + IDHM-L + IDHM-R/3).

Foi na Educação que o Brasil atingiu o melhor desempenho, com uma marca superior à
média latino-americana e, proporcionalmente, mais próxima aos valores dos países
desenvolvidos. No conjunto dos 177 países avaliados, o Brasil ocupa a 62º posição.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 739


Ainda assim, o país continua levando uma década para que seus estudantes tenham 1 ano
a mais de escolaridade, avanço ainda insuficiente. O tempo médio de estudos do brasileiro é
de 6,2 anos, ou seja, não chegam a completar o ensino fundamental, o que somam 8 anos
de estudo. Além disto, o IDH mede a taxa de alfabetização e o número de alunos
matriculados, em todos os níveis, priorizando o aspecto quantitativo. Entretanto, parece
fundamental saber também se os alunos concluem estes cursos e se a qualidade do ensino
é satisfatória.

Na Saúde, ao contrário da avaliação educacional, os dados brasileiros não foram favoráveis.


A esperança de vida aumentou, mas continuou baixa com relação a outros países. Passou
de 66 anos, em 1995, para 68 anos em 2002. O Brasil ocupou o 111º lugar entre os países
em termos de expectativa de vida ao nascer, posição muito pior que a sua classificação
geral no IDH, 72º lugar, absolutamente incompatível com um país que atualmente possui a
15ª economia mundial.

Mas, sem dúvida, o principal problema brasileiro continua sendo a Renda per Capita, que
ainda é muito baixa: o Brasil foi o 63º colocado no ranking da renda entre todos os países
analisados: US$ 7.700 ao ano, inferior aos países vizinhos Argentina, Chile, Uruguai e
México. Mais ainda, o número de pobres permaneceu muito elevado: 22,4% dos brasileiros
estão vivendo abaixo da linha de pobreza, definida pelo Pnud como sendo de até US$ 2/dia,
em torno de R$ 180/mês ou 70% do atual valor do salário mínimo.

Com relação ao Estado do Rio de Janeiro, dos seus noventa e um municípios (considerando
que o Município de Mesquita foi instalado somente em 2001 e não consta no Último Atlas),
Niterói aparece em terceiro lugar e a capital Rio de Janeiro em sexagésimo. Estas duas
cidades mantiveram-se em primeiro e segundo lugar no ranking interno estadual desde
1970. São oito os municípios com alto desenvolvimento humano. Outros trinta e cinco
municípios estão na faixa de IDH-M superior à média brasileira.

Todos os 43 que se enquadram nesta “elite” estão marcados em verde no Mapa a seguir.
Os 48 municípios restantes tiveram seu IDH-M abaixo de 0,764, ficando Varre-Sai com a
menor marca, de 0,679. Esses foram assinalados em vermelho no mesmo Mapa. (Estudo
Sócio Econômico de São Fidélis 2004).

Os municípios que tiveram a maior taxa de crescimento de IDH-M, entre 1991 e 2000, foram
justamente aqueles que apresentaram este indicador abaixo de 0,600, em 1991,
destacando-se na Região Norte São João da Barra, que avançou mais de 30% nestes nove
anos e, mesmo assim, continua no grupo “vermelho”, segundo a análise do Estudo Sócio
Econômico de São Fidélis (2004).

Interessante observar também que, dos seis municípios emancipados na década de 80,
apenas Itatiaia e Arraial do Cabo estão na faixa verde, enquanto Quissamã, Italva, São José
do Vale do Rio Preto e Paty do Alferes encontram-se na faixa vermelha.

Já dos 21 municípios que surgiram na década de 90, sete estão na faixa verde (Iguaba
Grande, Pinheiral, Armação dos Búzios, Quatis, Rio das Ostras, Macuco e Areal) e catorze
na vermelha, Seropédica, Aperibé, Comendador Levy Gasparian, Porto Real, Belford Roxo,
Carapebus, Guapimirim, Queimados, Japeri, Tanguá, São José de Ubá, sendo os três
últimos colocados são Cardoso Moreira, São Francisco de Itabapoana e Varre-Sai. Assim, a
emancipação mais recente tem significado para a maioria dos municípios um IDH-M mais
baixo.

740 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 4 - Rio de Janeiro, IDH-M dos Municípios, 2000

Fonte: TCE, Estudos Socioeconômico do Município de São Fidélis, 2004

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 741


Abaixo, seguem-se as análises dos dados da Região Norte Fluminense, no que concerne
este indicador e seus componentes. A Tabela apresenta a evolução do IDH-M para os
municípios do Norte no período de 1991 a 2000, tendo como referência estadual o IDH-M de
Niterói, melhor do Estado, com 0,886 em 2000 e como referência nacional São Caetano do
Sul, 0,919 neste mesmo ano, ambos bem acima do IDH brasileiro, 0,766, que representa
uma média de todos os municípios do país.
Tabela 11 – Região Norte Fluminense, IDHM, 1991, 2000
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM - 1991 e 2000
Municípios da Região IDHM Ranking Estadual
Norte Fluminense 1.991 2.000 1.991 2.000
Campos dos Goytacazes 0,684 0,752 44º 55º
Carapebus 0,649 0,740 75º 62º
Cardoso Moreira 0,584 0,706 90º 89º
Conceição de Macabu 0,670 0,738 61º 65º
Macaé 0,730 0,790 10º 15º
Quissamã 0,641 0,732 80º 74º
São Fidélis 0,671 0,741 59º 61º
São Francisco de Itabapoana 0,584 0,688 91º 90º
São João da Barra 0,684 0,723 45º 79º
Estadual – Niterói 0,817 0,886 1º 1º
Nacional - Águas de São Pedro/SP 0,848 NA 1º NA
Nacional - São Caetano do Sul/SP NA 0,919 NA 1º
Brasil 0,696 0,766 NA NA
NA = Não se aplica
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.
O IDH-M dos municípios do Norte Fluminense apresentou valores próximos em 2000,
variando entre 0,688 a 0,790, valor este pertencente ao município de Macaé, que continua
apresentando o melhor índice e também não está muito distante do melhor valor estadual de
Niterói, 0,817. Em segundo lugar ficou Campos, com 0,752. Os piores valores ficaram com
Cardoso Moreira, 0,706 e São Francisco do Itabapoana, 0,688.

Todos estes apresentaram melhorias entre 1991-2000, sendo que Cardoso Moreira e São
Francisco do Itabapoana passaram da classificação de baixo para médio desenvolvimento
humano classificação igual aos outros municípios regionais.
Gráfico 7 – Evolução do IDH-M para os Municípios do Norte Fluminense, 1991, 2000
Região Norte Fluminense - IDHM, 1991 e 2000
IDHM

0,900 0,790
0,800 0,706 0,723 0,738 0,740 0,741 0,752
0,688 0,732 0,730
0,684 0,684
0,670 0,649 0,671
0,700 0,641
0,584 0,584
0,600
0,500 1991
0,400 2000
0,300
0,200
0,100
0,000
São Cardoso São João da Quissam ã Conceição Carapebus São Fidélis Cam pos dos Macaé
Francisco de Moreira Barra de Macabu Goytacazes
Itabapoana

Municípios

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.

742 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 8 - Região Norte Fluminense, Ranking Estadual dos Municípios – IDH-M – 1991, 2000
Ranking Ranking Estadual dos Municípios da Região Norte Fluminense - IDHM, 2000

100 91 90 90 89

79 80
80 74 75
65
61 62
59 61
60 55
1991
45 44
2000
40

20 15
10

0
São Cardoso São João da Quissamã Conceição Carapebus São Fidélis Campos dos Macaé
Francisco de Moreira Barra de Macabu Goytacazes
Itabapoana

Municípios

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.

Apesar das melhorias dos dados numéricos, Campos, Conceição do Macabú, Macaé
tiveram uma queda no Ranking estadual. Essa constatação pode ser explicada pelo fato de
que, comparativamente, outros municípios também melhoraram suas posições e elevaram
os valores de todo o Estado. Aquele que sofreu a maior perda foi São João da Barra,
passando da 46a para a 79a posição, no período de 1991-2000.

Quissamã, Carapebus, Cardoso Moreira e São Francisco do Itabapoana melhoraram suas


posições, sendo que os dois últimos incrementaram seu IDH de maneira pouco expressiva.
Gráfico 9 - Região Norte Fluminense, Ranking Estadual dos Municípios – IDH-M, 2000
Ranking Ranking Estadual dos Municípios da Região Norte Fluminense - IDHM, 2000

100
89º 90º
79º
80 74º
62º 65º
61º
60 55º

40

20 15º

0
Macaé Campos dos São Fidélis Carapebus Conceição de Quissamã São João da Cardoso São Francisco
Goytacazes Macabu Barra Moreira de Itabapoana

Municípios

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.

Considerando os municípios da Região Norte, conforme mostrado no Gráfico acima, Macaé


se destacou na 15o posição estadual, com o melhor IDH-M, seguido de longe pelo IDH-M de
Campos, 55o posição. São Fidélis, Carapebus e Conceição do Macabú tiveram posições
próximas, seguidos por Quissamã e São João da Barra. As colocações mais baixas foram
de Cardoso Moreira e São Francisco do Itabapoana, que estavam entre os piores do
Estado, 89o e 90o posições do total de 92 municípios.

Desmembrando o IDH-M nos seus três componentes, observa-se que a Educação


apresentou melhorias em todos estes municípios, destacando-se como de alto

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 743


desenvolvimento humano Macaé, Campos, Carapebus, Conceição de Macabú, Quissamã e
São Fidélis, acima de 0,800 e São João da Barra muito próximo a isto, sendo que abaixo
estava apenas São Francisco de Itabapoana, 0,715, que também é um valor positivo.

A Longevidade, reflexo direto da saúde e das condições de saneamento locais, apresentou


seu pior valor em Campos, 0,697, mas muito próximo aos valores de Carapebus, Cardoso
Moreira, Conceição do Macabú, Macaé e Quissamã, com índices de aproximadamente
0,710. As melhores avaliações de Longevidade foram de São Fidélis, São Francisco de
Itabapoana e São João da Barra, cerca de 0,730, pouco acima dos outros municípios.
Constata-se ainda que todos apresentaram uma pequena melhora na área, classificada
como de médio desenvolvimento humano.

A Renda foi o indicador mais baixo destes municípios, sendo os piores valores de São
Francisco de Itabapoana, 0,616, seguido por Cardoso Moreira, São João da Barra e
Quissamã. Os melhores IDH-M Renda foram o de Macaé, 0,770, em posição destacada,
seguido por Campos, 0,693.

Assim, dos três componentes a Educação foi o que elevou o IDH-M de todos os municípios
e a Renda abaixou seu valor total. Macaé se destacou com os valores mais equilibrados
entre os componentes, apesar de não haver nos outros municípios grandes discrepâncias
nos valores apresentados. Em 2000, todos os valores foram classificados como de médio
desenvolvimento humano, diferentemente de 1991, quando diversos índices, especialmente
os relacionados com Renda, representavam baixo desenvolvimento humano, o que sugere
uma melhora geral na qualidade de vida da população.

Tabela 12 – Região Norte Fluminense, Educação, Longevidade e Renda do IDH-M – 1991, 2000
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal por Subíndice - IDH - 1991 e 2000
Educação Longevidade Renda
Municípios da Região Norte Fluminense
1991 2000 1991 2000 1991 2000

Campos dos Goytacazes 0.778 0.867 0.625 0.697 0.649 0.693


Carapebus 0.705 0.851 0.663 0.71 0.58 0.66

Cardoso Moreira 0.596 0.791 0.648 0.701 0.508 0.626

Conceição de Macabu 0.765 0.841 0.642 0.705 0.602 0.668

Macaé 0.806 0.889 0.663 0.71 0.722 0.77

Quissamã 0.694 0.845 0.663 0.71 0.566 0.641

São Fidélis 0.725 0.822 0.677 0.734 0.611 0.668


São Francisco de Itabapoana 0.572 0.715 0.682 0.734 0.497 0.616

São João da Barra 0.728 0.794 0.726 0.737 0.599 0.637

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.

744 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 5 - Região Norte Fluminense, IDH – 2000

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 745


2.2 Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal – (IFDM)

A seguir, apresentam-se os dados do IFDM - Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal,


calculado para “acompanhar de forma permanente o desenvolvimento humano, econômico e
social no interior do Estado” (IFDM, 2009). Na composição do índice, foram utilizadas
estatísticas oficiais, a partir de dados fornecidos pelos Ministérios da Educação, da Saúde e
do Trabalho, para o ano sob análise, apresentados neste trabalho 2000, 2005 e 2006.

Diferentemente do IDH-M, já se tem disponíveis os resultados mais recentes destes dois


últimos anos. Assim, a metodologia pioneira do IFDM distingue-se por ter periodicidade
anual, recorte municipal e abrangência nacional, possibilitando o acompanhamento anual do
desenvolvimento de todos os municípios brasileiros.

O IFDM considera, com igual ponderação, Emprego & Renda, Educação e Saúde,
possuindo igual peso neste cálculo, para avaliação dos municípios. A leitura dos resultados
– por áreas de desenvolvimento ou do índice final - variam entre 0 e 1, sendo que quanto
mais próximo de 1, maior o nível de desenvolvimento da localidade.

Neste sentido, municípios com IFDM entre 0 e 0,4 são considerados de baixo estágio de
desenvolvimento; entre 0,4 e 0,6, de desenvolvimento regular; entre 0,6 e 0,8, de
desenvolvimento moderado; e entre 0,8 e 1,0, de alto desenvolvimento (IFDM, 2009).

Em 2006, a média brasileira do IFDM atingiu 0,7376 pontos. Esta pontuação é superior à de
2005, 0,7129, indicando melhoria nas condições de desenvolvimento do país, com alta de
3,47%. O valor mais elevado foi atingido por São Caetano do Sul-SP, com 0,9524 pontos e
o menor por Santa Luzia-BA, com 0,2928 pontos.

No Norte Fluminense, nos anos de 2000, 2005 e 2006 houve participações distintas de cada
um dos municípios. Alguns elevaram continuamente seu valor de IFDM, outros tiveram uma
subida para cair em 2006 e outros pioraram seu valor com o passar dos anos.

Ressalta-se que Macaé obteve, nestes 3 anos pesquisados, o primeiro lugar no ranking
Estadual; ainda elevou seu índice de 0,7807 em 2000 para 0,8604 em 2006, passando a ser
considerado município de alto desenvolvimento. Apesar de Macaé estar pior classificado
que o município de melhor desempenho do IFDM do Brasil, São Caetano do Sul, 0,9524,
seu valor ainda foi bastante superior ao desempenho médio nacional, de 0,7376.

Campos dos Goytacazes teve uma elevação continuada no IFDM, passando da 17a
posição, em 2000, para a 11a, em 2006. Já Quissamã conseguiu elevar sua posição de
maneira importante, passando do 37o lugar, em 2000, para 15o em 2006.

Os municípios a seguir, todavia, melhoraram suas posições em 2005 para decaírem em


2006. Carapebus teve um aumento significativo entre 2000 e 2005, passando da 79a
posição para a 33a, para depois decair para a 66a posição no ranking. Ainda assim, houve
melhora no período total. Cardoso Moreira, de igual maneira, subiu da 79a posição para a
46a e depois decaiu para a 61a.

São Fidélis, após um crescimento em 2005 para o 24o lugar caiu para o 54o, em 2006. São
Francisco do Itabapoana, depois de haver alcançado o 58o lugar também decaiu para a 70a
posição e São João da Barra, de 48o em 2000, melhorou em 2005 e depois passou para a
45o posição no Ranking. Conceição do Macabú teve uma perda considerável nos seus
índices e as posições decaíram neste período da 29a para a 88a posição.

746 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 7 - Região Norte Fluminense, IFDM – 2006

Fonte: Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN, 2006.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 747


Tabela 13 – Região Norte Fluminense, IFDM Total – 2000, 2005 e 2006
Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal – IFDM – 2000, 2005, 2006
IFDM Ranking Estadual
Municípios da Região Norte Fluminense
2.000 2.005 2.006 2.000 2.005 2.006
Campos dos Goytacazes 0,6835 0,7600 0,7762 17º 17º 11º
Carapebus 0,5740 0,7041 0,6587 79º 33º 66º
Cardoso Moreira 0,6112 0,6894 0,6654 64º 46º 61º
Conceição de Macabu 0,6533 0,6219 0,6071 29º 82º 88º
Macaé 0,7807 0,8729 0,8604 1º 1º 1º
Quissamã 0,6423 0,6895 0,7566 37º 45º 15º
São Fidélis 0,6160 0,7259 0,6712 61º 24º 54º
São Francisco de Itabapoana 0,5570 0,6707 0,6542 85º 58º 70º
São João da Barra 0,6296 0,7107 0,6816 48º 31º 45º
Estadual – Macaé 0,7807 0,8729 0,8604 1º 1º 1º
Nacional – Matão/SP 0,8697 NA NA 1º NA NA
Nacional – Indaiatuba/SP NA 0,9368 NA NA 1º NA
Nacional – São Caetano do Sul/SP NA NA 0,9524 NA NA 1º
Brasil 0,5954 0,7129 0,7376 NA NA NA
NA = Não se aplica
Fonte: Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN, 2006.
Desta forma, as variações municipais do Norte Fluminense foram bem distintas, pois
enquanto Macaé foi o melhor classificado de todo o Estado, apenas alguns destes
conseguiram manter-se bem posicionados, como Campos dos Goytacazes ou alcançar uma
melhoria significativa, no caso de Quissamã. Os outros seis municípios, que haviam
melhorado sua performance em 2005, apresentaram uma queda expressiva em seus
valores do IFDM no ano de 2006, sendo o pior colocado Conceição do Macabu, na 88a
posição.
Gráfico 10 – Região Norte Fluminense, Ranking Estadual dos Municípios – IFDM, 2006

Ranking Ranking Estadual dos Municípios da Região Norte Fluminense - IFDM, 2006

100
88º
80 70º
66º
61º
60 54º
45º
40

20 15º
11º

0
Macaé Cam pos dos Quissam ã São João da São Fidélis Cardoso Carapebus São Francisco Conceição de
Goytacazes Barra Moreira de Itabapoana Macabu

Municípios

Fonte: Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN, 2006.


Ao desmembrar-se o IFDM em seus 3 componentes, compreende-se melhor a dinâmica
regional. Em Campos, o componente Emprego e Renda elevou-se muito de 2000 para 2006
e a Saúde também apresentou melhoras. Todavia, a Educação piorou no período total.
Importante observar que, enquanto E&R e Saúde possuem dados acima de 0,800 a
Educação, está bastante inferior, 0,6855, o que parece paradoxal em uma cidade com
muitos recursos educacionais, como suas instituições de ensino que são referência regional.
Todavia, de acordo com o CIDAC (Centro de Informações e Dados de Campos), o indicador
de Emprego e Renda reflete, em Campos, seu baixo dinamismo econômico e a alta
748 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
informalidade, bem como a baixa geração de empregos formais. Apesar de possuir o maior
orçamento per capita da Região, Campos apresenta baixo rendimento em suas políticas
públicas, em sua logística e principalmente na esfera educacional.
O estudo ressalta, ainda, que parte deste resultado negativo da Educação se refere à pouca
integração entre seu parque universitário, governo e o setor privado, ou seja, Campos dos
Goytacazes possui a maior concentração de pós-graduação e pesquisa do interior do
Estado mas não tem, fora dos muros universitários, um setor voltado para a inovação,
somado ao baixo incentivo ao empreendedorismo e falta de confiança da população local
em promover o associativismo.

Carapebus apresentou seus valores de E&R extremamente reduzidos, de 0,3774 em 2006,


enquanto a Educação e a Saúde refletem bons resultados, crescentes neste período, 0,7161
em 2006 na Educação e 0,8828 na Saúde, este último melhor inclusive que Campos.
Cardoso Moreira também possuía baixos valores no quesito E&R, chegando a 0,4145 em
2006, enquanto também tem conseguido bons resultados na Educação, 0,7464 e na Saúde,
0,8353 em 2006. Conceição do Macabu pesquisa o pior índice regional em E&R, 0,3066 em
2006, sendo que na Educação seu valor neste ano foi 0,7013 e na Saúde 0,7991.

Em Macaé todos os valores são elevados. Em E&R seu índice é expressivamente maior do
que os valores regionais em todos os anos pesquisados, chegando a 0,9254 em 2006. Na
Educação o município foi avaliado em 0,7827 e na Saúde 0,8721, ambos valores de 2006.
Estes últimos não chegam a destacar-se na Região como o E&R, mas estão positivos.

Já em Quissamã o E&R teve resultado mediano, de 0,6094 em 2006, na Educação seu


índice foi de 0,7453 e na Saúde apresentou ótimo resultado, com valor de 0,9151 no mesmo
ano. São Fidélis apresentou um índice muito negativo de E&R em 2006, 0,3641, com queda
expressiva desde 2000. Na Educação seu valor foi de 0,7548 e na Saúde destacou-se com
0,9041.

São Francisco do Itabapoana, que possuía um valor de 0,2976 em E&R, em 2000 conseguiu
elevar seu índice para 0,5036, ainda de desenvolvimento regular, sendo que a Educação
pontuou em 0,6444, em 2006 e a Saúde 0,8146. Por sua vez, São João da Barra obteve
0,4356 em E&R, enquanto os outros dois componentes foram bastante positivos: a
Educação obteve 0,7465, e a Saúde, 0,8626, resultados de 2006.
Tabela 14 - Região Norte Fluminense, Composição do IFDM - 2000, 2005 e 2006
Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal - IFDM - 2000, 2005 e 2006
Municípios da Emprego & Renda Educação Saúde
Região Norte
Fluminense 2.000 2.005 2.006 2.000 2.005 2.006 2.000 2.005 2.006
Campos dos
0,6014 0,7571 0,8116 0,6658 0,7044 0,6855 0,7832 0,8185 0,8315
Goytacazes
Carapebus 0,3848 0,5566 0,3774 0,5958 0,7218 0,7161 0,7414 0,8340 0,8828
Cardoso Moreira 0,4597 0,4349 0,4145 0,6714 0,7621 0,7464 0,7027 0,8710 0,8353
Conceição de
0,4257 0,3857 0,3066 0,6882 0,7013 0,7155 0,8461 0,7788 0,7991
Macabu
Macaé 0,8264 0,9254 0,9263 0,7104 0,8083 0,7827 0,8053 0,8849 0,8721
Quissamã 0,5858 0,4356 0,6094 0,6103 0,7503 0,7453 0,7309 0,8826 0,9151
São Fidélis 0,5157 0,5155 0,3641 0,6677 0,7548 0,7453 0,6648 0,9073 0,9041
São Francisco de
0,2976 0,5600 0,5036 0,6384 0,6768 0,6444 0,7351 0,7753 0,8146
Itabapoana
São João da Barra 0,4228 0,5206 0,4356 0,6656 0,7598 0,7465 0,8005 0,8518 0,8626

Fonte: Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN, 2006.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 749


Observando-se conjuntamente os dados do IFDM em 2006, o melhor índice de E&R foi o de
Macaé, 0,923, que é também o melhor município na Educação, 0,7827. Na Saúde foi melhor
pontuado Quissamã, com 0,9151, próximo ao resultado de São Fidélis, 0,9041. Todos estes
valores apontam para um alto desenvolvimento nas áreas avaliadas.

Assim, de acordo com este indicador, Macaé se destaca na Região nas questões de
Emprego e Renda e também na Educação, sendo que os outros municípios mostraram
performances expressiva na Saúde, inclusive considerando-se a menor quantidade de
recursos recebidos.

Entre os piores valores estão o Emprego e a Renda, em Conceição do Macabu – de fato o


valor mais baixo de toda a Tabela, 0,3066, seguido por São Fidélis, 0,3641 e Carapebus,
0,3774, índices considerados de baixo desenvolvimento. Os outros componentes não
apresentam avaliações tão baixas, sendo que os piores índices de Educação apareceram
em São Francisco do Itabapoana, 0,644 e Campos, 0,6855, refletindo desenvolvimento
moderado. Na Saúde os resultados são bastante positivos, sendo que o menor índice foi o
de Conceição do Macabu, 0,7991, próximo à classificação de desenvolvimento alto.

2.3 Índice de Qualidade dos Municípios (IQM)

Outro índice analisado foi o IQM, pois ele abrange questões distintas àquelas do IDH-M e do
IFDM, complementando a análise. O Índice de Qualidade dos Municípios (IQM) foi
desenvolvido pela Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro (CIDE),
órgão do Governo do Estado vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Econômico e Turismo – SEDET, com sua primeira edição realizada em 1998. O Índice
avalia as condições dos municípios para atrair investimentos, bem como sua capacidade
para multiplicar os eventuais benefícios gerados por estes.

Segundo Ranulfo Vidigal, diretor executivo da CIDE, entre as principais propostas da


pesquisa está orientar os possíveis investimentos nos municípios: "Esses resultados
colaboram para orientação dos investidores dos setores público e privado, assim como a
atração de novos investimentos". (Muniz, 2006).

Assim, o IQM pode ser utilizado como um instrumento de gestão municipal, pois apresenta
um panorama diversificado em termos de análise de dados, podendo subsidiar também um
planejamento estratégico, já que abrange diversos temas que contemplam o
desenvolvimento econômico sustentável. (Plano Diretor São João da Barra, 2006).

Em 1998 foi lançada sua primeira versão (IQM I), que conta com indicadores relativos ao
meio ambiente (IQM Verde I e IQM Verde II), às carências municipais (IQM Carências), ao
déficit habitacional (IQM Necessidades Habitacionais) e às Finanças Públicas (IQM
Sustentabilidade Fiscal). Em 2006, a Fundação CIDE lançou uma segunda versão,
ampliada, intitulada Potencial para o Desenvolvimento II (IQM-2005).

Foram adotadas duas vertentes no IQM-2005, em termos de referencial teórico: a Teoria


das Localidades Centrais e a formação dos Pólos de Desenvolvimento. Em termos de
Localidades Centrais, destaca-se a perspectiva de um processo de crescimento que se dá,
necessariamente, de forma espontânea. Ou seja, um determinado município alcança, por
suas características socioeconômicas, um lugar de destaque no âmbito da região a qual
integra.

Sendo assim, naturalmente ele desencadeia um processo dinâmico de atração e irradiação


do desenvolvimento, envolvendo municípios e localidades vizinhas. Forma-se aí uma
localidade central ligada à uma rede de centros secundários. No Norte e Noroeste
750 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Fluminense, Campos dos Goytacazes e Itaperuna são bons exemplos de localidades
centrais.

Já a teoria dos Pólos de Desenvolvimento preconiza a participação do Estado como o único


agente capaz de formular e fomentar determinado processo de crescimento econômico. No
Estado do Rio de Janeiro, a implantação da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta
Redonda, é o melhor exemplo de emprego deste modelo. Cabe ao Estado, portanto, criar
pólos de desenvolvimento nas regiões menos favorecidas, com a função de irradiar o
desenvolvimento por toda a área de influência dos centros escolhidos para a instalação de
tais pólos.

Assim, os processos espontâneos de desenvolvimento que destacam um município podem


ser mesclados aos processos de desenvolvimento planejados, considerando-se a
participação tanto dos atores municipais como do Estado.

Para o cálculo do IQV foi realizada uma classificação geral dos municípios, obtida a partir de
sete grupos de indicadores, com pesos diferentes: centralidade e vantagem locacional,
qualificação da mão-de-obra, riqueza e potencial de consumo, facilidades para negócios,
infra-estrutura para grandes empreendimentos, dinamismo e cidadania.
Os Grupos de Indicadores consideraram:
• DIN: o dinamismo da economia local, representado pela existência de alguns serviços
especializados e pelo nível de suas atividades (dinamismo);
• CEN: a capacidade do município para estabelecer vínculos com os mercados vizinhos
(centralidade e vantagem locacional);
• RIQ: a demonstração da riqueza existente no município, representada pela sua
produção e pelo nível de rendimento de seus habitantes (riqueza e potencial de
consumo);
• QMA: a representação do padrão de formação educacional da população, do ponto de
vista da especialização e profissionalização (qualificação da mão-de-obra);
• FAC: o demonstrativo das facilidades existentes para a operação das empresas e de
seus funcionários (facilidades para negócios);
• IGE: a demonstração de condições favoráveis à implantação e operação de empresas
de grande porte (infra-estrutura para grandes empreendimentos);
• CID: a representação das condições de atendimento às necessidades básicas da
população do município no que diz respeito à saúde, educação, segurança, justiça e
lazer (cidadania).

Cada grupo de indicadores abordou um aspecto das condições básicas consideradas


necessárias ao desenvolvimento, num total de 37 variáveis. Cada um destes grupos foi, por
sua vez, composto de um número variado de indicadores, ou critérios, considerados
relevantes para a composição do indicador em questão.

Em sua segunda edição, foram analisados novamente os 92 municípios fluminenses em


termos de qualidade de vida e desenvolvimento econômico, estando entre as variáveis
poder de consumo, dinamismo, infra-estrutura e desenvolvimento social, entre outros. Foi

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 751


utilizada a mesma metodologia da primeira publicação, suprimindo-se apenas o indicador
INT, que indicava a facilidade de acesso à Internet no município. 1

Do total dos municípios, apenas sete (8%) mantiveram a classificação anterior (destes sete,
cinco permaneceram entre os vinte primeiros colocados), enquanto 48 municípios (52%)
decresceram na ordem de classificação.

Dez municípios subiram mais de vinte posições, enquanto sete caíram neste mesmo
patamar. A capital e Niterói continuam com as primeiras colocações, mantendo grandes
distâncias entre seus índices e os dos demais municípios. O índice do sétimo classificado
(Porto Real) já corresponde a menos de 50% do primeiro colocado (Rio de Janeiro). Entre o
Rio de Janeiro e Macaé (3º colocado), a distância é de 36%; entre o Rio de Janeiro e Volta
Redonda (4º colocado), de 44%.

Os dez primeiros municípios que se destacaram nesta Edição foram o Rio de Janeiro,
Niterói, Macaé, Volta Redonda, Resende, Rio das Ostras, Porto Real, Casimiro de Abreu,
Campos dos Goytacazes, Duque de Caxias. Entre os 20 melhores também apresentaram
bons índices de Piraí, Petrópolis, Cabo Frio, Barra Mansa, Vassouras, Nova Iguaçu, Três
Rios, Armação de Búzios, São Gonçalo e Itaguaí.

Há que se ressaltar o resultado obtido por Niterói, cuja distância para o Município do Rio de
Janeiro caiu de 29% (IQM-1998) para 19% (IQM-2005), ou seja, diminuiu 10 pontos
percentuais, uma aproximação notável para um período de tempo tão curto, segundo
avaliação da Fundação CIDE. O mesmo se pode dizer quanto a Rio das Ostras, que
diminuiu seu valor em 19 pontos percentuais e Macaé, com 16 pontos percentuais a menos,
ambos revelando melhoras expressivas em suas condições.

Avaliando-se o IQM nos anos de 1998 e 2005, de acordo com o critério de análise do
ranking municipal, Macaé apresenta uma posição de destaque tanto no Estado como na
Região, com aumento muito significativo de 0,4789 para 0,6386, seguido por um bom
desempenho de Campos que, ainda assim, alcançou um menor valor de 0,4585 em 2005.
Quissamã apresentou uma melhora expressiva neste período, chegando a 0,3528.
Gráfico 11 - Região Norte Fluminense, Evolução do IQM, 1998 - 2005
Região Norte Fluminense - Índice de Qualidade dos Municípios - IQM, 1998 e 2005
Índice
1,000
0,639

0,800
0,479

0,459
0,425

0,600
0,353

0,252
0,231

0,222

0,220
0,174

0,400
0,160
0,151

0,164

0,149

0,102

0,086

0,000

0,000

0,200

0,000
Macaé Cam pos dos Quissam ã Conceição São João da São Fidélis Carapebus Cardoso São Municípios
Goytacazes de Macabu Barra Moreira Francisco de
Itabapoana

1998 2005

Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janeiro, Fundação CIDE, 2006.

1
Para atender aos objetivos propostos para a nova versão do IQM e, além disto, manter a comparabilidade com
a versão anterior de 1998, optou-se pela análise dos dados a partir de duas abordagens: a primeira, que
estabelece um ranking (IQM- Ranking), é baseada na utilização de índices padronizados, que variam de 0 a 1 e
reproduz a metodologia já utilizada na primeira edição, com pequenos ajustes. A segunda utiliza-se a Análise
Multicritério (IQM- Multicritério) para permitir a comparação do município com ele próprio, em dois momentos
(IQM-1998 e IQM-2005).
752 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Os outros municípios do Norte, apesar de alguns terem aumentado seu IQM, seguem em
posições bastante desfavoráveis no conjunto, com valores pequenos e que revelam
dificuldades, seja na sua atratividade para novos negócios, qualificação da população,
dinamismo local e/ou em suas questões de porte social, cunhadas como “cidadania”. Assim,
apesar do aumento, Carapebus e São João da Barra obtiveram IQM de 0,1595 e 0,1742,
respectivamente, valores bem abaixo dos melhores valores regionais.

Já São Fidélis e Conceição do Macabu apresentaram queda e ficaram em 2005 com IQM de
0,1644 e 0,0864 cada, valores muito aquém do desejado. De acordo com a avaliação deste
índice, é extremamente grave a situação de São Francisco de Itabapoana, que apresentou
valores iguais a zero nos dois anos avaliados, sugerindo uma situação socioeconômica de
extrema vulnerabilidade, necessitando de grandes esforços para ser revertida.

Além disto, verifica-se que, regionalmente, há uma imensa desigualdade interna, pois
enquanto Macaé ocupou a 3a posição em 2005, São Francisco do Itabapoana ocupou a 92a
posição, a pior do Estado. Neste mesmo período, de 1998 a 2005, Campos manteve uma
boa posição estadual no 9o lugar, Quissamã foi o município que mais ganhou posições na
região, de 45o lugar para o 24o, seguido de Conceição do Macabu, no 51o lugar, São João
da Barra, 62o, São Fidélis, 67o lugar, Carapebus, 69o e Cardoso Moreira, 82o.
Gráfico 12 - Região Norte Fluminense, Evolução na Posição dos Municípios Segundo IQM –
1998 - 2005

Ranking Ranking Estadual dos Municípios da Região Norte Fluminense - IQM, 1998 e 2005

100 91 92
81 82
80 73 74
67 69
62
60 51 54
45 1998
36 2005
40
24
20
9 9
5 3
0
Macaé Campos dos Quissamã Conceição São João da São Fidélis Carapebus Cardoso São
Goytacazes de Macabu Barra Moreira Francisco de
Itabapoana
Municípios

Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão do Rio de Janeiro, Fundação CIDE. 2006


Desde uma perspectiva mais detalhada, apresenta-se a posição no ranking de cada um dos
sete indicadores constituintes do IQM, por municípios, nos anos de 1998 e 2005. Campos
manteve seu 9o lugar geral, mas referente aos indicadores sua melhor posição em 1998 se
referiu à Facilidade para Negócios, que chegou em 2005 ao 1o lugar do Estado. Seu
Dinamismo melhorou bem, chegando em 2005 ao 12o lugar e as piores dimensões foram a
Riqueza, 36a posição e a Cidadania, que caiu de 14a para 50a posição em 2005, sugerindo
que algo piorou bastante em termos de qualidade de vida da população.

Carapebus melhorou sua posição, de 74o para 69o lugar. Entretanto, no período avaliado
perdeu posições na Qualificação de Mão-de-Obra, 41o e Facilidade para Negócios 52o,
continuando em posições desfavoráveis com relação ao Dinamismo, 86o e à Cidadania 81o,
melhorando significativamente apenas sua Infraestrutura para Grandes Empreendimentos,
32o lugar.

Já Cardoso Moreira piorou uma posição no ranking geral, ficando com o 82o lugar e
apresentando avaliações desfavoráveis em uma série de grupos: No Dinamismo, 71o, em
Centralidade, 86o, que foi sua piora mais expressiva no período, Infra-estrutura para

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 753


Grandes Negócios, 79o e Cidadania, 83o. Seu indicador mais favorável foi a Qualificação da
Mão-de-Obra 38o, revelando em seu conjunto inúmeras dificuldades municipais.
Conceição de Macabu foi o município do Norte que mais perdeu posições no IQM,
diminuindo seu Dinamismo, 34o, sua Centralidade, 63o, a Qualificação da Mão-de-Obra, 46o
e outros, ou seja, não houve perdas de posição expressivas, mas quase todos os seus
grupos perderam um pouco e influenciaram negativamente na colocação geral.
Macaé seguiu mantendo uma posição excelente e passou de 5o para 3o lugar estadual no
IQM. Em 2005, ficou com o 2o lugar em Riqueza, o 4o lugar em Qualificação de Mão-de-
Obra, 6o lugar em Infra-estrutura para Grandes Negócios. Seus piores valores foram o
Dinamismo, ocupando o 33o lugar e a Cidadania, ficando na 39a posição.
Quissamã foi o município do Norte que melhorou mais sua posição estadual do IQM,
elevando-se de 45o para 24o lugar. Contribuíram muito para esta melhora o salto de 63o para
18o lugar em Riqueza, a melhoria do 67o para o 36o lugar em Dinamismo e do 69o para o 45o
em Qualificação de Mão-de-Obra, estes três destacando-se como grandes mudança. Sua
Infraestrutura para Grandes Negócios já ocupava uma boa posição e chegou a 13o lugar. A
Centralidade piorou um pouco, 79o, mas seu pior indicador foi a Cidadania, com queda
expressiva para o 77o lugar.
São Fidélis piorou sua classificação de 54o para 67o e contribuíram para esta perda pioras
em diversos grupos de indicadores, com destaque para a Cidadania, que abaixou para o 30o
lugar. O Dinamismo elevou-se para a 48o posição, a Riqueza chegou ao 53o lugar e
constata-se que, similar a Conceição do Macabu, não houve ganhos ou perdas muito
expressivos mas que, somados, resultaram em uma piora.
São Francisco do Itabapoana passou da penúltima para a última posição dentre os
municípios fluminenses e está muito mal classificada em todos os indicadores,
especialmente Centralidade, Infraestrutura para Grandes Negócios e Cidadania. Sua melhor
posição em 2005 foi a 68a, relativa à Facilidade para Negócios.
São João da Barra melhorou o seu desempenho no período, passando da 73ª para a 62ª
posição. Quando são analisadas as sete dimensões, o Município destacou-se com relação à
Cidadania, 23ª posição e Riqueza e Potencial de Consumo, 31ª posição. No que diz respeito
a Qualificação de Mão-de-Obra e Centralidade e Vantagem Locacional existem muitas
dificuldades pois encontra-se, em ambos, na 67ª posição.
Tabela 15 - Região Norte Fluminense, Variação das Posições do IQM por Grupo de Indicadores,
1998 - 2005
Variação das posições, por grupo de indicadores do IQM, de 1998 para 2005
Municípios da
IQM DIN CEN RIQ QMA FAC IGE CID
Região Norte
98/05 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05 98/05
Fluminense
Campos dos
9 / 9 27 / 12 20 / 17 73 / 36 17 / 14 6/1 35 / 27 14 / 50
Goytacazes
Carapebus 74 / 69 88 / 86 82 / 71 50 / 41 30 / 41 36 / 52 60 / 32 78 / 81
Cardoso Moreira 81 / 82 44 / 71 90 / 89 22 / 86 34 / 38 50 / 64 89 / 79 81 / 83
Conceição de
36 / 51 24 / 34 56 / 63 44 / 44 38 / 46 67 / 65 86 / 81 22 / 25
Macabu
Macaé 5 / 3 37 / 33 17 / 13 5/2 6/4 7/8 13 / 6 18 / 39
Quissamã 45 / 24 67 / 36 75 / 79 63 / 18 69 / 45 37 / 37 18 / 13 53 / 77
São Fidélis 54 / 67 62 / 48 63 / 70 61 / 53 57 / 60 61 / 67 87 / 69 13 / 30
São Francisco de
91 / 92 84 / 80 91 / 92 86 / 75 76 / 75 72 / 68 91 / 91 90 / 90
Itabapoana
São João da Barra 73 / 62 76 / 47 72 / 67 25 / 46 70 / 67 70 / 83 54 / 31 35 / 23
Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de Janeiro, Fundação CIDE. 2006.

754 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Observando-se os grupos de indicadores, em 2005, no Norte Fluminense, o município que
demonstrou maior Dinamismo foi Campos, 12o lugar, sendo o segundo melhor da Região
Macaé, bem abaixo, no 33o lugar. A Centralidade foi melhor avaliada em Macaé, 13o lugar,
seguida de Campos, 17o lugar.

Referente à Riqueza, Macaé ocupou o 2o lugar e ficou muito acima de todos os outros
municípios, sendo o segundo melhor da Região Quissamã, no 18o lugar. A Qualificação da
Mão-de-Obra também foi melhor em Macaé, 4o lugar e depois em Campos, 14o lugar. A
Facilidade para Negócios foi melhor colocada em Campos, 1o lugar, seguido por Macaé, 8o
lugar e, por sua vez, Macaé oferecia a melhor Infra-estrutura para Grandes Negócios, 6o
lugar, seguido de Quissamã, 13o lugar.

À exceção de São João da Barra, todos os municípios pioraram seu grupo de indicadores de
Cidadania, o que aponta para uma possível piora de vida dos habitantes.

É importante observar que, apesar de Macaé e Campos alternarem as melhores posições


com relação à diversas questões que envolvem o desenvolvimento econômico, a Cidadania
foi melhor avaliada em São João da Barra, 23o lugar, seguido por Conceição do Macabu,
25o lugar e não está bem qualificada em ambos os municípios de destaque econômico do
Norte, revelando que a riqueza e as potencialidades materiais não garantem condições de
vida adequada para suas populações, o que pode ser inferido pelos resultados da pesquisa
do IQM.

2.4 Comparação IDH, IFDM e IQM dos Municípios da Região Norte

Considerando-se os três indicadores avaliados, IDH-M, IFDM e IQM, foi realizada uma
comparação qualitativa dos resultados, uma vez que cada um possui sua própria lógica e os
dados numéricos não podem ser comparados. Todavia, após as diversas análises percebe-
se algumas questões comuns aos municípios, que podem ampliar as compreensões sobre
estas realidades.

Na comparação foram utilizados somente os últimos anos de publicação de cada um: IDH-M
2000, IFDM 2006 e IQM 2005, sendo que os dois últimos possuem apenas um ano de
diferença enquanto os resultados do IDH-M distam 5/6 anos dos outros dois, o que em
muitos aspectos deverá apresentar, per si, uma defasagem nos valores.

Na Região, o IDH-M em 2000 foi mais elevado em Macaé, 0,790, 15o estadual, e Campos,
0,752, 55o estadual e mais baixo em Cardoso Moreira, 0,706, 89o estadual e São João da
Barra, 0,723, 79o estadual.

Nestes municípios o melhor subíndice na Educação foi o de Macaé, 0,889 e o pior de São
Francisco de Itabapoana, 0,715. Para a Longevidade, o melhor valor foi o de São João da
Barra, 0,737 e o pior foi o de Campos, 0,697, enquanto na Renda destacou-se Macaé, 0,770
e o pior foi em São Francisco de Itabapoana, 0,616.

Assim, Macaé e Campos se destacaram com os melhores índices regionais do IDH-M e


Cardoso Moreira e São João da Barra com os piores valores, sendo que Macaé se destacou
na Educação e na Renda, São João da Barra na Longevidade e os piores valores foram
encontrados em São Francisco de Itabapoana na Educação e na Renda e na Longevidade,
em Campos.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 755


Fotos 5 e 6 – Região Norte Fluminense, Macaé e Barra do Furado em Quissamã

Fonte: Foto das autoras, 2009


No IFDM 2006, os melhores classificados foram Macaé, 0,8404, 1o lugar estadual e
Campos, 11o estadual. Os piores valores foram mensurados em Conceição de Macabu,
0,6071, 88o estadual e Carapebus, 66o estadual.
Comparando-se os subíndices constituintes do IFDM, o Emprego e Renda teve sua melhor
avaliação em Macaé, 0,9263 e a pior em São Fidélis, 0,3641, na Educação também se
destacou Macaé, 0,7827 e o resultado mais baixo foi o de São Francisco de Itabapoana,
0,6444 e na Saúde o melhor foi o valor de Quissamã, 0,9151 e o pior resultado coube a
Conceição de Macabu, 0,7991.

Resumindo, Macaé e Campos obtiveram os melhores valores regionais do IFDM e Macaé é


o 1o lugar estadual, sendo que os piores valores foram os de Conceição de Macabu e
Carapebus, destacando-se Macaé no Emprego e Renda e na Educação, com pior resultado
de Emprego e Renda em São Fidélis e na Educação em São Francisco de Itabapoana e
para a Saúde o resultado mais baixo ocorreu em Conceição de Macabu.

O IQM, Índice de Qualidade de Vida da Região Norte, em 2005, foi melhor em Macaé,
0,639, 3a posição estadual e Campos, 0,0459, 9a posição estadual e nas últimas posições
estavam São Francisco de Itabapoana, com 0 pontos, 90a posição estadual e Cardoso
Moreira, 83a posição estadual.

Considerando seus 7 grupos de variáveis, comparados entre os 92 municípios fluminenses,


o Dinamismo foi melhor em Campos, 12o lugar e pior em Carapebus, 86o lugar; a
Centralidade foi melhor em Macaé, 13o lugar e pior em São Francisco de Itabapoana, 92o, a
pior do Estado. Já a Riqueza teve destaque em Macaé, 2o lugar e foi mais baixa em
Cardoso Moreira, 86o lugar, enquanto a Qualificação da Mão-de-Obra apresentou-se melhor
em Macaé, 4a posição e pior em São Francisco de Itabapoana, 75a posição.

Na Facilidade para Negócios Campos ocupou a 1a posição estadual e o pior município foi
São João da Barra, a Infra-estrutura para Grandes Investimentos obteve a melhor avaliação
em Macaé, 6o lugar e foi considerada pior em São Francisco de Itabapoana, 91o lugar,
também pior colocada em 90o lugar em Cidadania, que se destacou em São João da Barra.

Em síntese, Campos e Macaé ficaram melhor avaliados tanto no IDH-M como no IFDM, mas
os piores resultados finais não foram iguais para os mesmos municípios, variando no
primeiro indicador com Cardoso Moreira e São João da Barra e no segundo com Conceição
de Macabu e Carapebus. Para o IQM os melhores municípios continuaram sendo Macaé e
Campos e os piores foram São Francisco de Itabapoana e Cardoso Moreira.

756 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Portanto, Campos e Macaé se revezam nas primeiras posições e houve, nestes indicadores,
piores colocações para 4 municípios: São João da Barra, Carapebus, São Francisco de
Itabapoana e Cardoso Moreira, estes dois últimos avaliados nesta posição através do IQM,
que enfoca especialmente as condições locais para a atratividade de negócios, significando
que ambos apresentaram condições de crescimento econômico inferiores, na Região, ainda
que possam ter boas condições em outros índices.
Fotos 7 e 8 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Fila de Transporte
Alternativo e Macaé, Obras da Prefeitura

Fonte: Fotos das autoras, 2009

3. EDUCAÇÃO

A concepção de democracia atribui à Educação uma função central na relação com a


cidadania, com o intuito de garantir a todos igualdade de oportunidades e a possibilidade de
aquisição contínua de conhecimentos.

No seu sentido mais abrangente, a Educação constitui a atividade primordial e permanente


para o desenvolvimento dos indivíduos no que se refere à constituição do sistema de
relações entre eles e deles com o meio ambiente em que vivem; à formação de regras de
convivência e de respeito às diferenças individuais; ao desenvolvimento de sua cidadania e
internalização dos seus direitos e deveres na sociedade; à sua qualificação para o trabalho
e ainda, à conquista de sua liberdade, na medida em que vão desenvolvendo sua
capacidade de discernir, avaliar, criticar e decidir sobre suas posições no mundo.

Entende-se que a Educação afeta as condições de vida dos indivíduos em inúmeros


aspectos, quiçá em todas as dimensões do comportamento, como um caminho para todas
as oportunidades essenciais ao desenvolvimento e ao reconhecimento social dos seres
humanos.

Na perspectiva da Saúde, a Educação contribui com a formação de hábitos mais saudáveis


de higiene, alimentação, métodos contraceptivos e prevenção de doenças diversas.
Demograficamente, níveis educacionais mais elevados estão diretamente relacionados com
a possibilidade de haver um planejamento familiar, resultando atualmente em menores
níveis de fecundidade e de mortalidade, em função do maior acesso aos métodos
preventivos e outros cuidados com a saúde, prática de esportes, etc. A dimensão
educacional também é um fator determinante para o desenvolvimento do trabalho, na
elevação das condições de renda e na estabilidade dos vínculos profissionais que se
estabelecem sendo, portanto, fator preponderante na redução da pobreza e das
desigualdades sociais.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 757


O déficit educacional é um dos maiores entraves para o desenvolvimento socioeconômico.
As demandas do mercado, principalmente o mercado de territórios como a Região Norte,
que privilegiam indústrias de alta tecnologia, exige competências e habilidades específicas,
cuja a base educacional é essencial e sem a qual se torna inviável sua expansão e
consolidação. Mesmo para funções de trabalho menos sofisticadas, cada vez mais se fazem
necessárias capacidades elaboradas de articulação, postura, manuseio de maquinários,
computadores, tecnologias de informação, dentre outras. A concorrência aumenta
continuamente e as oportunidades privilegiam aqueles mais capacitados e com condições
mais criativas, dinâmicas e multifuncionais.

Em síntese, pode-se dizer que a Educação influi diretamente na qualidade de vida e no bem
estar das pessoas. Uma população mais educada é mais saudável, mais crítica e
consciente, mais fortalecida no exercício da cidadania, ou seja, mais capaz de participar
ativamente da vida social, política e cultural do país, promovendo reflexos em âmbitos
locais, regionais e nacionais.

Todavia, o contrário se faz pertinente, ou seja, uma população com níveis educacionais
mais baixos se encontra mais vulnerável frente às questões sociais e econômicas de sua
realidade.

Enfim, a Educação representa uma das principais ferramentas para diminuir as inequidades,
contribuindo para a “reconstrução” da dimensão social e ética do desenvolvimento
econômico. Cada vez mais a oferta de ensino de boa qualidade é requisito para que se
pense em justiça social, proporcionando condições para que os indivíduos compitam em
graus semelhantes. (Estudos Socioeconômicos dos Municípios, 2007): “Ideal seria que
todas as crianças e adolescentes tivessem acesso à escola, não desperdiçassem tempo
com repetências, não abandonassem os estudos precocemente e, ao final de tudo,
aprendessem” (Fernandes, p.07, 2007).

Mais que isso, em um mundo globalizado, constituído por constantes mudanças


tecnológicas na produção, informação e comunicação, cujas necessidades de qualificação
se tornam continuamente específicas e dinâmicas, o sistema educacional deve fornecer
ferramentas e conhecimentos que capacitem os indivíduos para atuar neste contexto.

Cabe mencionar que a Educação também é um elemento diferenciador e estratégico de um


Município, um Estado e/ou de uma Nação, repercutindo diretamente no desempenho
individual e no desempenho coletivo das organizações as quais pertence e, em decorrência,
no desempenho do próprio Estado. De tal forma, os processos de reconhecimento e
produção do conhecimento, de empreendedorismo e inovação, devem atuar como decisivos
em processos de desenvolvimento, imprescindíveis para a noção de sustentabilidade.

3.1 A Divisão Educacional do Estado do Rio de Janeiro

Segundo a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, SEEDUC, a Educação


Básica é composta pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Seu
objetivo é assegurar a todos a formação indispensável ao exercício da cidadania e fornecer-
lhes os meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Os principais
documentos norteadores da Educação Básica são a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional e o Plano Nacional de Educação, regidos pela Constituição Brasileira de 1988.

Na Educação Infantil, o período da vida escolar destinado às crianças de 0 a 3 anos é


denominado de creche e o equipamento educacional que se destina a crianças de 4 a 6
anos é chamado de pré-escola.

758 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


O Ensino Fundamental tem a duração de nove anos, de acordo com o Projeto de Lei nº
144/2005, aprovado em 2006 e se destina à crianças e adolescentes com idade entre seis e
14 anos.2 A primeira fase corresponde da primeira a quinta série, incluindo a alfabetização e
a consolidação dos conteúdos básicos. A segunda fase vai da sexta até a nona série.
O Ensino Médio, anteriormente chamado de 2º Grau, é a etapa final da Educação Básica.
Está estruturado em 3 (três) anos e tem como objetivos a consolidação e o aprimoramento
dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, além da preparação para a vida e
para os primeiros passos no mercado de trabalho.
Após o Ensino Médio, a continuidade do processo de formação se dá através de cursos
superiores, técnicos, de qualificação e requalificação profissional, sendo estes os principais
determinantes na formação de mão de obra qualificada, para atender às demandas do
mercado e firmar a posição ocupada pelos indivíduos no universo laboral.
Já o Ensino Superior3 é o âmbito educacional que mais propicia e favorece a prática de
pesquisas e produção de conhecimentos que podem ser relevantes para a incorporação de
inovações nas relações empresariais, sociais, produtivas e também na construção de
políticas públicas.
Nas últimas décadas, o Brasil vem demonstrando avanços em direção à democratização do
acesso e permanência dos alunos no Ensino Fundamental, pautado em um dos Objetivos
do Milênio das Nações Unidas, que é atingir, até 2015, o Ensino Básico universal e
completo, para todas as crianças e adolescentes.
Entretanto, apesar da universalização do acesso à 1ª série, a conclusão dos Ensinos
Fundamental e Médio ainda se encontra bem distante de contemplar todas as crianças e
adolescentes do país. Como agravante, constata-se que mesmo aqueles que os concluem
não apresentam qualificação compatível com o nível de escolaridade atingido, o que pode
ser observado nos dados crescentes do chamado analfabetismo funcional. (Estudos
Socioeconômicos dos Municípios, 2007).
Segundo a UNESCO, o analfabeto funcional se refere àqueles que conseguem ler e
escrever, mas não são capazes de interpretar e colocar idéias no papel, ou seja, não são
capazes de utilizar a leitura, a escrita e as habilidades matemáticas para fazer frente às
demandas de seu contexto social e continuar seu percurso de aprendizagem ao longo da
vida.
Ainda de acordo com os Estudos Socioeconômicos (2006, 2007), tal constatação pode ser
referendada pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), desenvolvido
conjuntamente pelos países-membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico, OCDE, que avalia até que ponto os jovens de 15 anos, que se encontram
próximos ao término da Educação Básica, adquiriram conhecimentos e habilidades
essenciais para sua participação efetiva na sociedade.
Segundo o estudo, o Pisa de 2000 avaliou a operacionalização de esquemas cognitivos de
leitura, no qual o Brasil ficou em último lugar dentre os 32 países participantes. Já em 2003,
participaram 41 países incorporando novos quesitos de avaliação e novamente o Brasil ficou
em último lugar em matemática, penúltimo em ciências e 37º em leitura.
Verifica-se, portanto, que a política educacional brasileira enfrenta graves questões com
relação a qualidade do ensino ofertada. Embora a universalização do Ensino Básico resulte

2
Até 2010, os Municípios, Estados e Distrito Federal deverão atender a esta modificação, que estabelece a
idade de seis anos para a matrícula no primeiro ano do Ensino Fundamental.
3 O Ensino Superior e Profissionalizante serão tratados no Módulo Avaliação Situacional.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 759


em grandes avanços, percebe-se a ocorrência de um afunilamento no acesso aos níveis de
escolaridade mais altos.
As condições socioeconômicas da maioria da população favorecem os processos de
evasão, principalmente no Ensino Médio, onde os jovens escolhem freqüentemente o
trabalho em detrimento da conclusão dos estudos.
Em se tratando de Educação Superior, as universidades públicas também não são
suficientes para absorver toda a demanda, gerando fortes processos de concorrência, cujo
percurso formativo de cada aluno propicia condições desiguais de inserção nas instituições
de ensino.
Por conseguinte, surgem mais instituições particulares de ensino superior, muitas vezes
pouco qualificadas, ratificando a fragilidade do sistema educacional público que, a priori,
possui uma concepção democrática e de desenvolvimento para todos.

3.2 O Sistema Educacional da Região Norte


A Região Norte e Noroeste Fluminenses não fogem aos padrões educacionais nacionais. Os
níveis de escolaridade da população, embora crescentes, ainda estão muito aquém das
metas desejáveis, conforme revelado nas informações que se apresentam posteriormente.
Ambas as Regiões apresentam níveis de escolaridade baixos e falta de mão de obra
qualificada em diversas áreas. A Região Norte é um pouco mais favorecida em termos de
educação superior, principalmente pelo fato de sediar várias instituições de Ensino Superior
de grande qualidade na produção de conhecimento, em plano estadual e nacional .
Diante da complexidade do tema, pretende-se neste estudo aprofundar a compreensão do
sistema educacional do Ensino Básico da Região Norte Fluminense, considerando além da
composição e estruturação do sistema educacional, a oferta versus a demanda dos
serviços, a qualidade do ensino e os níveis educacionais apresentados pela população
regional.4
Os dados e indicadores contemplados neste Relatório foram obtidos por meio de pesquisa
de dados secundários oficiais. Alguns indicadores apresentaram lacunas e não possuem
atualizações recentes, impossibilitando uma compreensão mais fidedigna da situação
vigente. Contudo, continuam mantendo sua importante função ao nortear hipóteses e
prospecções futuras, tendo em vista o movimento de evolução e/ou involução do sistema
educacional e seus resultados, até o momento em que foram aferidos.
De antemão, cabe ressalvar que as políticas de ensino e qualificação devem se envolver
ativamente nos processos de transformação, respondendo às exigências de avanços e
adaptações frente as novas demandas do mercado. De tal forma, o cenário de
desqualificação educacional revelado na Região aponta para a necessidade continuada em
se estabelecer uma sólida rede de alianças e de formação da instituições de ensino de
todos os níveis educacionais com as comunidades, constituindo uma rede de
conhecimentos aberta à participação de quaisquer instituições educacionais, integrando-as,
interna e externamente em um espaço de convivência cooperativo, coeso, de qualidade
superior e efetividade nos resultados.
Os Gráficos seguintes representam a composição do sistema educacional da Região
Noroeste Fluminense, permitindo uma melhor visualização da distribuição destes
equipamentos públicos e privados, segundo os municípios de instalação e os níveis de
ensino oferecidos.

4
Não obstante, o Relatório Análise Situacional complementa o panorama com uma explanação sobre o Ensino
Superior e Técnico, considerando o momento atual e as perspectivas futuras de desenvolvimento econômico da
Região.
760 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Gráfico 13 – Região Norte Fluminense, Estabelecimentos de Ensino, 2008

Fontes: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP


Censo Educacional 2008; Censo da Educação Superior, 2007.
Regra geral, a Educação Infantil e Fundamental são responsabilidade da Municipalidade,
enquanto o Ensino Médio é atribuído ao Estado e o Ensino Superior à União, além das
instituições particulares presentes nestes diversos níveis.
Esta distribuição é observada no Norte Fluminense sem muitas discrepâncias entre a
realidade e o ideal de gestão proposto para o Sistema Educacional Básico.
No Norte, a Gestão Municipal é responsável por 73% do Ensino Infantil, 60% do Ensino
Fundamental e apenas 9,5% do Ensino Médio. Na Gestão Estadual encontram-se 0,9% de
oferta da Educação Infantil, 15% do Ensino Fundamental e 60% do Ensino Médio.
O restante fica a cargo da iniciativa privada, que presta uma relevante contribuição na
constituição do sistema educacional, sendo responsável por 26% do Ensino Infantil, 23% do
Ensino Fundamental e 27% da última etapa do Ensino Básico.
Segundo o Ministério da Educação, no Brasil, 89,9% dos alunos matriculados no Ensino
Fundamental, em 2005, frequentavam as redes estaduais e municipais. No Estado do Rio
de Janeiro, a proporção caiu para 80,4%.
Nos municípios que compõem as Regiões Norte e Noroeste observa-se uma distribuição
semelhante, com as matrículas das redes públicas alcançando mais de 80%, em cada
localidade.
Tabela 16 – Região Norte Fluminense, Estabelecimentos de Ensino, 2008
Estabelecimento de Ensino - 2008
Ensino
Municípios da Região Educação Infantil Ensino Médio
Fundamental
Norte Fluminense Privada Municipal Estadual Privada Municipal Estadual Privada Municipal Estadual Federal

Campos do Goytacazes 98 189 2 103 162 56 17 3 39 2


Carapebus 1 10 0 1 14 1 0 0 1 0
Cardoso Moreira 3 14 1 3 12 2 0 0 1 0
Conceição de Macabu 2 16 0 2 12 9 1 0 3 0
Macaé 27 58 0 27 63 11 10 8 8 1
Quissamã 1 9 0 1 12 3 1 0 1 0
São Fidélis 7 20 2 7 29 6 1 0 5 0
São Francisco de
3 71 0 3 61 8 1 0 7 0
Itabapoana
São João da Barra 5 26 0 5 29 6 1 0 5 0
Total da Região Norte 147 413 5 152 394 102 32 11 70 3
Fontes: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP -
Censo Educacional 2008; Censo da Educação Superior, 2007.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 761


Os dados apresentados pelo MEC, em 2008, confirmam que Campos dos Goytacazes,
proporcionalmente aos outros municípios, é o que apresenta a maior oferta de Educação
Básica, contando com um total de 671 estabelecimentos. Destes estabelecimentos, em
Campos, 218 são privados, 363 municipais e 97 estaduais, possuindo ainda 2
estabelecimentos de gestão federal.

Segundo estudo do “Perfil da Educação na Região Norte Fluminense”, publicado em 2001


pelo Observatório Socioeconômico, este valor também representa o maior número absoluto
quando comparado à outras importantes cidades que compõem mesorregiões distintas do
Rio como, por exemplo, Niterói, com um total de 384 estabelecimentos de ensino.
Macaé também se destaca no campo educacional, possuindo 213 instituições que oferecem
o Ensino Básico, sendo 64 privadas, 129 municipais, 19 estaduais e uma federal.
De fato, pode-se dizer que Campos é o principal pólo da Educação Infantil, Fundamental e
Médio em termos quantitativos, seguido por Macaé, o que ocorre também com relação à
Educação Superior e Técnica, confirmado no estudo complementar da “Análise Situacional”.
Todavia, esta oferta está diretamente relacionada principalmente à quantidade de população
em faixa etária escolar que reside no Município, maior do que nos demais. Segundo o IBGE,
a população com menos de 15 anos da Região Norte, em 2009, foi de 192.302 crianças e
adolescentes, sendo que deste grupo, Campos possuía 54% da população jovem, até 15
anos, de toda a Região; outros 25% estavam em Macaé.
Ao se distinguir a faixa etária de menores de 15 anos, não se consideram os adolescentes
que freqüentam o Ensino Médio. Parece plausível, então, constatar que a quantidade de
estabelecimentos que oferecia o Ensino Infantil e Fundamental fosse capaz de atender às
demandas existentes nestes municípios.
Gráfico 14 – Região Norte Fluminense, Estabelecimentos de Ensino por Município, 2008

Fontes: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP -


Censo Educacional 2008; Censo da Educação Superior, 2007.
Observa-se que há grandes diferenças quantitativas entre o número de crianças até 15 anos
e o número de estabelecimentos de ensino disponíveis para atendê-las em Quissamã,
Cardoso Moreira, Conceição de Macabu e Carapebus.

762 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Conceição de Macabu e Quissamã possuem população menor de 15 anos de cerca de
5.000, em cada município. No entanto, comparando seus números de estabelecimentos de
Ensino Infantil e Fundamental, verificou-se que a primeira possuía 41, enquanto Quissamã
possuía apenas 26, uma diferença considerável de 15 estabelecimentos a menos.

Em Cardoso Moreira e em Carapebus, cuja população menor de 15 anos foi quase a


metade que em Quissamã (e a segunda menor população com menos de 15 anos do Norte,
de 2.770 pessoas) havia mais estabelecimentos para esta faixa etária, sendo 9 a mais em
Cardoso Moreira e 1 a mais em Carapebus. Assim, Carapebus e Quissamã possuíam
menos estabelecimentos do Ensino Infantil e Fundamental.

Ressalta-se, no entanto, que esta possível “fragilidade” em termos estruturais, pode não ser
confirmada. Ainda é prematuro avaliar-se se neste Município ou ainda nos demais existe
uma insuficiência de mobiliários e equipamentos educacionais, visto que seus contingentes
populacionais e as demandas por estes serviços são também as menores da Região, as
capacidades de atendimento escolares são distintas e as capacidades de atendimento das
instituições podem variar.

Foto 9 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Formatura dos Alunos do Ensino Médio

Fonte: Foto das autoras, 2009


Além disto, na análise do próximo Gráfico, ressalta-se que tanto a Região como cada um de
seus municípios isoladamente revelaram um afunilamento na oferta do Ensino Médio,
totalizando apenas 116 instituições no total. Os municípios com menos estabelecimentos
deste nível foram Carapebus e Cardoso Moreira, com apenas um estabelecimento cada e
Quissamã com dois.

Verifica-se que esta etapa essencial do ciclo educacional se encontra defasada


regionalmente, o que ser um fator determinante e/ou dificultador para a continuidade dos
estudos para os jovens, contribuindo com o processo de evasão, antes da conclusão de sua
formação básica. Este dado pode ser comprovado em seguida, a partir de uma diminuição
considerável no número de matrículas do Ensino Médio, em comparação com o Ensino
Fundamental.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 763


Gráfico 15 – Região Norte Fluminense, Número de Matrículas, 1998 - 2006

Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ, 2009.


Contudo, o número de matrículas do Ensino Básico na Região não sofreu grandes
alterações entre 1998-2006. Houve um aumento em 1999, passando de 198.280 para
217.765 matrículas.

Entre 2000 e 2004, houve oscilações de crescimento e decréscimo de matrículas não muito
significativos. No ano de 2003, foi registrado o maior quantitativo de matrículas, 222.678,
que reduziu-se posteriormente, chegando em 2006, a 208.460, com uma diferença
importante de 14.218 matrículas a menos do que em 2003.

As matrículas do Ensino Infantil tiveram aumentos anuais entre o período de 1998 a 2003, (à
exceção de 2001, que apresentou um decréscimo pouco expressivo), chegando a um total
de 39.686 alunos matriculados. A partir de 2003, verifica-se um decréscimo gradativo de
2.825 matrículas, até o ano de 2006.

As matrículas do Ensino Médio também passaram por ascensão até 2004, chegando a
alcançar 40.804, mas diminuindo nos dois anos seguintes para 35.593. No Ensino
Fundamental, as variações foram menos expressivas, registrando o total de 135.775
matrículas em 1998 e 136.008, em 2006.

Assim, o número de matrículas do Ensino Fundamental é bastante superior às matrículas do


Ensino Médio e Educação Infantil. Em parte, este fenômeno decorre do fato de que o Ensino
Fundamental compreende 9 anos, enquanto os outros dois apenas três anos, cada. Além
disto, o Ensino Fundamental possui uma oferta elevada na Região, mas é muito provável
que outros fatores influenciem neste esvaziamento do Ensino Médio, que ocorre em grande
parte do Brasil.

A diminuição considerável no número de matrículas em quase todas as etapas do Ensino


Básico possui algumas hipóteses que, recursivamente, explicam o processo. A primeira é
que as taxas de natalidade de 1997 a 2006 apresentaram um decréscimo de
aproximadamente 4%, em média, na maioria dos municípios que compõem a Região Norte,
exceto em Carapebus e em Cardoso Moreira, que apresentaram um pequeno aumento de
menos de 2% ao ano. e podem ter diminuído um pouco a demanda educacional. Outra
hipótese mais agravante seria o aumento de crianças e adolescentes fora da escola, neste
caso, se fazendo necessária uma pesquisa mais aprofundada para diagnosticar as causas.

764 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Na Tabela abaixo, as variações nas matrículas se apresentam discriminadas por Município e
por etapas da Educação Básica, nos anos de 2000, 2005 e 2006, propiciando uma análise
mais detalhada.

Tabela 17 - Região Norte Fluminense, Número de Matrículas do Ensino Básico, 2000, 2005 e
2006
Número de Matrículas – 2000, 2005 e 2006
Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio
Municípios da Região
Norte Fluminense 2000 2005 2006 2000 2005 2006 2000 2005 2006
Campos dos Goytacazes 19.778 19.301 17.773 84.721 77.863 74.005 21.953 21.606 19.637
Carapebus 443 536 535 2.034 2.161 2.161 522 550 524
Cardoso Moreira 547 659 589 2.824 2.698 2.621 353 448 438
Conceição de Macabu 1.211 1.126 1.093 4.278 3.842 3.848 821 1.246 1.114
Macaé 7.993 10.280 10.213 26.124 29.540 29.794 7.817 9.007 8.749
Quissamã 710 1.069 1.082 3.621 3.503 3.506 490 790 805
São Fidélis 1.452 1.752 1.665 6.713 5.963 5.928 1.801 1.548 1.483
São Francisco de Itabapoana 3.266 2.503 2.223 8.998 8.631 8.087 1.140 1.744 1.629
São João da Barra 1.873 1.761 1.688 6.138 6.069 6.056 627 971 1.214
Total da Região Norte 37.273 38.987 36.861 145.451 140.270 136.006 35.524 37.910 35.593

Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ, 2009.

Comparando-se todos os municípios, Campos e Macaé possuem os números mais elevados


de matrículas. Enquanto em Campos observou-se o mesmo movimento regional de
diminuição do número de matrículas, em Macaé, verificou-se um aumento neste índice,
entre os anos de 2000 e 2005. Em 2006, os valores se mantiveram praticamente constantes
nos Ensinos Fundamental e Infantil e ocorreu uma pequena queda no Ensino Médio, para
8.749 matrículas.

No caso de ambos municípios, que são pólos educacionais, os estudos do Observatório


Socioeconômico (2001) apontaram que muitos alunos matriculados destas cidades eram
provenientes de outros municípios, onde as condições de ensino são mais precárias.

Os menores números de matrículas foram observados em Carapebus, Cardoso Moreira e


Quissamã, proporcional ao seu tamanho populacional, conforme comentado anteriormente.

No que se refere à Educação de Jovens e Adultos – EJA, o maior número de matrículas foi
no Ensino Fundamental presencial e semipresencial, em 2005, em todos os municípios do
Norte.

Para as demais séries do Ensino Médio o número de matrículas pôde ser verificado pela
diferença entre o total de matrículas apresentado e as matrículas do Ensino Fundamental.
As Redes Estadual e Municipal foram as maiores responsáveis pelas matrículas desta
modalidade de ensino. Campos e Macaé mais uma vez apresentaram o maior número de
matrículas no EJA, enquanto São João da Barra, Carapebus e Cardoso Moreira
apresentaram os menores quantitativos, oferecendo apenas os cursos presenciais.

Já na Educação Especial a rede de ensino privada foi responsável pela maioria das
matrículas em todos os municípios que possuem tal serviço, que só não é oferecido em
Carapebus e Cardoso Moreira.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 765


Tabela 18 - Região Norte Fluminense, Número de Matrículas Educação Especial, EJA e
Educação Profissional, 2005
Resultados do Censo Escolar 2005
Educação de
Educação de Jovens e
Educação Especial Jovens e Adultos Educação
Adultos (presencial)
Depen- (semipresencial) Profissional
Município
dência (Nível
Funda- Funda- Funda- Técnico)
Total Total Total
mental mental mental

Estadual 213 164 9.093 5.153 1.676 491 337


Federal 0 0 0 0 0 0 1.703
Campos dos
Goytacazes Municipal 0 0 4.539 4.539 0 0 0
Privada 476 202 407 101 0 0 172
Total 689 366 14.039 9.793 1.676 491 2.212
Estadual 0 0 89 89 0 0 0
Carapebus
Municipal 0 0 226 226 0 0 0
Privada 0 0 0 0 0 0 0
Total 0 0 315 315 0 0 0
Estadual 0 0 421 152 0 0 0
Cardoso Municipal 0 0 263 263 0 0 0
Moreira
Privada 0 0 0 0 0 0 0
Total 0 0 684 415 0 0 0
Estadual 20 20 414 414 885 376 246
Conceição de Municipal 0 0 239 239 0 0 0
Macabu
Privada 379 192 0 0 0 0 0
Total 399 212 653 653 885 376 246
Estadual 69 60 1.987 1.987 2.080 1.050 1.142
Federal 0 0 0 0 0 0 598
Macaé Municipal 127 69 2.377 1.771 0 0 100
Privada 286 177 380 59 0 0 487
Total 482 306 4.744 3.817 2.080 1.050 2.327
Estadual 0 0 139 139 470 200 0
Quissamã
Municipal 31 26 349 349 0 0 0
Privada 0 0 167 0 0 0 55
Total 31 26 655 488 470 200 55
Estadual 31 22 1.282 732 1.383 643 279
São Fidélis
Municipal 0 0 104 104 0 0 22
Privada 170 102 0 0 0 0 0
Total 201 124 1.386 836 1.383 643 301
Estadual 0 0 331 295 0 0 0
São
Francisco de
Municipal 0 0 722 722 0 0 0
Itabapoana Privada 99 66 0 0 0 0 0
Total 99 66 1.053 1.017 0 0 0
Estadual 6 6 364 364 0 0 0
São João da Municipal 83 33 34 34 0 0 0
Barra
Privada 105 60 0 0 0 0 0
Total 194 99 398 398 0 0 0
Fonte: Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP -
Censo Educacional, 2005.

766 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Em Campos, 14.039 jovens/adultos se encontravam matriculados no EJA em 2005, sendo
que 9.793 cursavam o Ensino Fundamental. Além destes, 1.676 estudavam em cursos
semipresenciais, dos quais 491 cursavam o Ensino Fundamental. Campos ainda apresentou
689 alunos matriculados na Educação Especial e 2.212 em cursos técnicos.

Macaé apresentou o segundo maior número de matrículas totais, 4.744, sendo 3.817 do
Ensino Fundamental. Apresentou, no entanto, o maior número de matrículas em cursos
semipresenciais, 2080 e em cursos técnicos, 2.327, o que pode ter relação com a grande
oferta de trabalho no município, a partir da instalação continuada de novas empresas
ligadas a cadeia produtiva de petróleo e gás e a conseqüente demanda local por
trabalhadores qualificados.

Carapebus e São João da Barra apresentaram, por sua vez, 315 e 380 matrículas no Ensino
Fundamental do EJA. Ambos não possuíam EJA no nível Médio. Cardoso Moreira, São
Francisco do Itabapoana, Carapebus e Cardoso Moreira não possuem EJA ou cursos
profissionais de nível técnico.

Em síntese, verificara-se na Região Norte um total de 2.095 matrículas na Educação


Especial, 30.412 matrículas no EJA (cursos presencial e semipresencial) e 5.141 matrículas
em cursos de nível técnico.

No caso dos dois últimos indicadores avalia-se que a quantidade de matrículas esteja ainda
muito aquém das demandas e insuficientes para reverter o déficit educacional regional e por
formação de mão de obra qualificada para o mercado.

Desde outra perspectiva, como verificado nos próximos Gráficos, observa-se uma grande
diferença entre o número absoluto de matrículas e o número de docentes, segundo as
etapas do Ensino Básico. Como já referido, Campos e Macaé são detentores dos maiores
números de matrículas e também de docentes em todas as etapas do Ensino Básico,
enquanto Carapebus e Cardoso Moreira apresentaram as menores quantidades de
docentes, com valores proporcionais às matrículas efetuadas em cada localidade.
Gráfico 16 – Região Norte Fluminense, Número de Docentes, 1998 - 2006

Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ, 2009.


Ao se comparar as razões entre o número de matrículas e de docentes, tanto na Região
como em cada município, nos anos de 2005 e 2006, percebe-se que as variações não foram
significativas, devido aos diferentes índices demográficos municipais.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 767


Tabela 19 - Região Norte Fluminense, Razão entre Matrículas e Docentes, 2005 - 2006
Razão entre Matrícula e Docentes – 2005 e 2006
Número de Número de
Municípios da Região Razão
Matrículas Docentes
Norte Fluminense
2005 2006 2005 2006 2005 2006
Educação Infantil 38.987 36.861 2.805 2.760 13,89 13,35
Ensino Fundamental 140.270 136.006 8.547 8.501 16,42 15,99
Ensino Médio 37.910 35.593 3.025 3.052 12,53 11,66
Total de Matrículas da Região 217.167 208.460 14.377 14.313 15,10 14,56
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ, 2009.
Contudo, ao se fazer a mesma comparação entre os diferentes níveis educacionais,
encontra-se as seguintes variações: para a Educação Infantil existiam aproximadamente 13
alunos matriculados para cada professor. Na Educação Fundamental esta média se elevou
para aproximadamente 16 alunos para cada professor, considerando também que esta é a
fase escolar de maior duração e com maior número de alunos matriculados.

Já no Ensino Médio é encontrada a menor razão de todas as etapas, com um professor para
cada 12 alunos matriculados, constatando-se uma vez mais que o número de alunos do
Ensino Médio seja reduzido.

Assim, a Região Norte apresenta em média 15 alunos para cada professor atuante em sala
de aula, considerando todos os níveis da Educação Básica.
Gráfico 17 – Região Norte Fluminense, Número de Reprovações, 1998 - 2005

Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ, 2009.


Na análise do rendimento escolar, de acordo com dados brasileiros disponibilizados pelo
MEC e pelo Observatório Socioeconômico da Região Norte Fluminense (2001), de forma
geral, as instituições de ensino particular possuíam as melhores taxas de rendimento
(aprovação, reprovação e abandono escolar), quando comparadas à rede pública de ensino.

Os municípios do Norte revelam este mesmo padrão de rendimento, uma vez que as
escolas particulares se sobressaem em relação às escolas públicas.

768 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Dentre os fatores que explicam esta diferença aponta-se o nível socioeconômico mais
elevado das famílias cujas crianças freqüentam as escolas particulares, que pagam mais
para seus filhos estudarem o que, em contrapartida, costuma ser investido em melhores
infra-estruturas e professores com mais qualificação.

Não só a renda é relevante nesse aspecto, mas também as oportunidades que os alunos
têm de acesso à cultura, esportes, saúde e outras questões que influem positivamente no
desenvolvimento cognitivo e social das crianças, favorecendo um desempenho mais
condizente com as exigências escolares.

Complementariamente, famílias mais bem informadas tem mais possibilidades de


acompanhar seus filhos durante o processo educacional, incentivando hábitos de estudo,
leitura e dando-lhes subsídios para uma melhor compreensão dos conhecimentos
adquiridos, funcionando também como modelo.

Outra constatação é que a maior parte da taxa de abandono, ou seja, a evasão escolar
também se sobressai na rede pública, chegando a ser dez vezes maior do que na rede
privada de ensino no Brasil e suas regiões mais industrializadas que, de forma geral,
apresentam melhores rendimentos escolares do que as regiões mais rurais. Assim, a
Região Sudeste do Brasil possui índices de aprovação cerca de 25% mais elevados do que
as Regiões Norte e Nordeste do país e 16% maiores do que a Região Centro–Sul.

De forma complementar, a taxa de reprovação da Região Sudeste é quase a metade e a


taxa de abandono é menos que a metade das demais regiões do país.

Analisando-se o Estado do Rio de Janeiro, segundo dados do Observatório Socioeconômico


(2001), suas taxas de aprovação e abandono foram compatíveis com aqueles da Região
Sudeste do país.

No entanto, as taxas de reprovação foram extremamente elevadas, se aproximando aos


índices encontrados nas Regiões Norte e Nordeste brasileiros que apresentam, por sua vez,
os piores índices nacionais de rendimento escolar.

As taxas de repetência do Norte Fluminense, no que se refere ao Ensino Fundamental foi de


14.198 em 1995, sofrendo quedas durante os anos de 2000 e 2001, mas aumentando nos
anos seguintes, totalizando 25.002 repetências em 2005, um aumento de 76% em 10 anos.
Neste mesmo período, a taxa de repetência do Ensino Médio praticamente dobrou, de 2322
em 1998 para 4186, em 2005.
Tabela 20 - Região Norte Fluminense, Número de Reprovações no Ensino Fundamental,
1995 -2005
Rendimento dos Alunos no Ensino Fundamental – Número de Reprovações
Municípios da Região
1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Norte Fluminense
Campos dos Goytacazes 7.536 8.572 8.527 8.821 9.082 13.808 15.653
Carapebus 0 162 176 240 295 352 265
Cardoso Moreira 516 334 120 468 421 477 424
Conceição de Macabu 512 342 346 317 492 553 375
Macaé 2.807 2.913 2.903 3.428 3.454 3.820 4.319
Quissamã 585 485 594 481 633 690 755
São Fidélis 925 926 876 930 864 817 599
São Francisco de Itabapoana 0 1.254 953 974 1.119 1.311 1.591
São João da Barra 1.317 793 805 839 948 1.010 1.021
Total da Região Norte 14.198 15.781 15.300 16.498 17.308 22.838 25.002
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ, 2009.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 769
Campos dos Goytacazes e Macaé foram dois municípios que acompanharam a dinâmica
dos índices totais de reprovação. De 2000 a 2005, o número de repetências praticamente
dobrou nestes municípios.

Em Campos subiu de 7.536 em 1995, para 15.653 em 2005 e em Macaé foi de 2.807, para
4.319 no mesmo período. Carapebus, Quissamã e São Francisco de Itabapoana também
apresentaram aumentos no seu número de reprovações. Entretanto, Cardoso Moreira,
Conceição do Macabu e São João da Barra apresentaram queda nas reprovações
escolares.

São Fidélis foi o município que apresentou a melhor evolução neste índice, demonstrando
uma diminuição quase contínua das reprovações, caindo de 925 em 1995 para 599 em
2005.

Tabela 21 - Região Norte Fluminense, Taxa de Reprovação, 2005


Ensino Fundamental - Taxa de Reprovação 2005

Municípios da Região Número de Número de Taxa de


Norte Fluminense Matrículas Reprovação Reprovação (%)

Campos dos Goytacazes 77.863 15.653 20,10


Carapebus 2.161 265 12,26
Cardoso Moreira 2.698 424 15,72
Conceição de Macabu 3.842 375 9,76
Macaé 29.540 4.319 14,62
Quissamã 3.503 755 21,55
São Fidélis 5.963 599 10,05
São Francisco de Itabapoana 8.631 1.591 18,43
São João da Barra 6.069 1.021 16,82
Total da Região Norte 140.270 25.002 17,82
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ, 2009

Tomando o ano de 2005 como última referência, ao se comparar o número de matrículas


realizadas no Ensino Fundamental e o número de repetências ocorridas neste mesmo ano,
pode-se perceber que os índices de rendimento escolar são preocupantes.

Das 140.270 crianças matriculadas em toda a Região Norte em 2005, 17,82% foram
reprovadas no Ensino Fundamental.

Quissamã foi o município onde mais ocorreram repetências, 21,55% seguido de Campos,
onde 20,10% dos alunos matriculados foram reprovados. São Francisco do Itabapoana
também apresentou índice bem elevado, 18,43%, todos estes valores superiores ao da
própria Região, 17,82%

Conceição de Macabu e São Fidélis apresentaram as menores taxas de repetência, 9,76% e


10,05%. As taxas de repetência dos demais variaram entre 12,26%, em Carapebus e
16,82%, em São João da Barra.

770 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 22 - Região Norte Fluminense, Número de Reprovações no Ensino Médio, 1998 - 2006
Rendimento dos Alunos no Ensino Médio - Número de Reprovações
Municípios da Região
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Norte Fluminense
Campos dos Goytacazes 1.460 1.893 2.577 2.112 2.536 2.853 2.566 2.673 2.831
Carapebus 6 19 36 14 29 73 30 72 80
Cardoso Moreira 33 11 24 16 21 30 41 42 23
Conceição de Macabu 31 37 121 63 57 25 113 193 118
Macaé 628 651 531 636 733 526 640 855 898
Quissamã 15 69 36 49 100 52 79 98 156
São Fidélis 96 115 151 102 52 76 91 95 39
São Francisco de Itabapoana 17 15 39 5 37 29 52 62 129
São João da Barra 36 22 27 27 33 64 60 96 58
Total da Região Norte 2.322 2.832 3.542 3.024 3.598 3.728 3.672 4.186 4.332
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ, 2009
Ao se fazer a mesma análise das taxas de reprovação no Ensino Médio, observa-se que os
municípios enfrentaram situações mais diferenciadas entre si. São um pouco melhores em
alguns casos, mas não menos preocupantes quando considerada a proporção
relevantemente menor do número de alunos matriculados nessa etapa do ensino.

Embora constatado que houve um decréscimo destas matrículas entre os anos de 2003 e
2006, as taxas de repetência revelam aumentos praticamente constantes, passando de
2.322, em 1998 para 4.332, em 2005.
Tabela 23 - Região Norte Fluminense, Taxa de Reprovação, 2005
Ensino Médio - Taxa de Reprovação , 2005
Municípios da Região Número de Número de Taxa de
Norte Fluminense Matrículas Reprovação Reprovação (%)
Campos dos Goytacazes 21.606 2.673 12,37
Carapebus 550 72 13,09
Cardoso Moreira 448 42 9,38
Conceição de Macabu 1.246 193 15,49
Macaé 9.007 855 9,49
Quissamã 790 98 12,41
São Fidélis 1.548 95 6,14
São Francisco de Itabapoana 1.744 62 3,56
São João da Barra 971 96 9,89
Total da Região Norte 37910 4186 11,04
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ, 2009.
Dos 37.910 adolescentes matriculados em toda a Região no Ensino Médio, em 2005,
11,04% foram reprovadas, porcentagem significativamente menor que a taxa de reprovação
do Ensino Fundamental, 17,82%.
Conceição de Macabu, que já havia apresentado a menor taxa de repetência no Ensino
Fundamental, também apresentou a maior repetência regional no Ensino Médio, 15,49%.
Carapebus vem em seguida, com a segunda taxa de reprovação mais elevada, 13,09%,
ambos os municípios revelando os piores índices de reprovação regional.
Campos dos Goytacazes e Quissamã também revelaram taxas elevadas, em torno de 12%
de reprovação dos alunos matriculados no Ensino Médio. São Francisco do Itabapoana se
destacou com apenas 3,56% dos seus alunos reprovados nesta etapa, o oposto do ocorrido
no Ensino Fundamental, quando apresentou um valor elevado de reprovação. São Fidélis,
com taxa de 6,14% também teve um dos melhores índices regionais.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 771


3.3 Níveis de Escolaridade
Outro aspecto fundamental da análise educacional refere-se aos níveis de escolaridade
atingidos em uma sociedade. De maneira geral, as taxas de analfabetismo se reduziram
consideravelmente em todas as faixas etárias de população jovem, no período de 1991 a
2000, tanto no Estado quanto em todos os municípios da Região Norte, apontando para
uma elevação nos níveis educacionais de sua população.
No estado do Rio de Janeiro o analfabetismo atingiu 12,7% da população de 7 a 14 anos em
1991, caindo para 6,7%, em 2000. À medida que a idade se elevou, ocorreu uma diminuição
da porcentagem de população analfabeta, sendo que no primeiro ano analisado havia 4,3%
da população de 15 a 17 anos analfabeta, caindo para 1,5% em 2000. Para a população
jovem de 18 a 24 anos, o analfabetismo reduziu-se em igual período de 4,5% para 2,2%.
Comparando-se os índices municipais com os alcançados pelo Estado, verificou-se que
inter-regionalmente ocorreram grandes desigualdades entre o nível educacional da
população, indicando diferentes níveis de vulnerabilidade.
Além disso, os indicadores revelaram que, na Região, as taxas de analfabetismo foram, em
sua maioria, mais elevadas que as estaduais.

Tabela 24 - Região Norte Fluminense, Taxa de Analfabetismo da População Jovem, 1991 - 2000
Taxa de Analfabetismo da População Jovem - 1991 e 2000
Municípios da Região Taxa de Analfabetismo
Faixa Etária (anos)
Norte Fluminense 1991 2000
7 a 14 20,7 9,1
Campos do Goytacazes 15 a 17 8,0 3,2
18 a 24 9,6 4,0
7 a 14 14,8 11,3
Carapebus 15 a 17 5,0 2,7
18 a 24 10,7 2,9
7 a 14 33,2 9,6
Cardoso Moreira 15 a 17 17,7 2,4
18 a 24 17,7 7,2
7 a 14 17,6 6,1
Conceição de Macabu 15 a 17 7,3 1,1
18 a 24 7,6 7,5
7 a 14 12,6 6,6
Macaé 15 a 17 7,4 1,6
18 a 24 6,3 2,9
7 a 14 16,8 8,7
Quissamã 15 a 17 12,4 3,7
18 a 24 9,0 4,4
7 a 14 17,7 5,6
São Fidélis 15 a 17 9,1 3,3
18 a 24 11,3 4,6
7 a 14 32,2 13,1
São Francisco de Itabapoana 15 a 17 21,0 5,3
18 a 24 24,8 10,4
7 a 14 18,5 6,5
São João da Barra 15 a 17 6,1 4,3
18 a 24 10,1 4,5
7 a 14 12,7 6,7
Total do Estado do Rio de Janeiro 15 a 17 4,3 1,5
18 a 24 4,5 2,2
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003.
772 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Em 1991, as maiores porcentagens de crianças entre 7 a 14 anos analfabetas estavam em
Cardoso Moreira, 33,2%, São Francisco de Itabapoana, 32,2% e em Campos, 20,7%. Em
2000, Cardoso Moreira apresentou melhora, diminuindo bastante seu percentual para 9,6%,
São Francisco de Itabapoana e Campos também melhoraram seus indicadores, com queda
para 13,01% e 9,1%, respectivamente.
As menores taxas de analfabetismo nesta faixa etária foram de 12,6%, em Macaé - bem
próximo a taxa de analfabetismo estadual - caindo para 6,6% em 2000, seguido de
Carapebus, 14,8%, diminuindo para 2,7% em 2000, valor este bastante positivo.
A população de 15 a 17 anos analfabeta em 1991 também se concentrava principalmente
em São Francisco do Itabapoana, 21% e em Cardoso Moreira, 17,7%, nota-se que em 2000
estes indicadores sofreram quedas expressivas, alcançando 5,3% e 2,4%, respectivamente.
As menores taxas de analfabetismo se revelaram em Carapebus, 5% e em São João da
Barra, 6,1%, que também tiveram diminuição no ano 2000 para 2,7% e 4,3%.
Em 2000, os maiores índices de analfabetismo para os jovens entre 18 a 24 anos - quando
o Ensino Fundamental já deveria estar concluído – foram encontradas em São Francisco de
Itabapoana, 24,8%, reduzindo-se em 2000 para 10,4%, Conceição de Macabu, 7,6% com
redução irrelevante de 0,1% em 2000 e Cardoso Moreira, que baixou seu valor de 17,7%
para 7,2%.
Assim, como ressaltado, houve uma considerável melhora nas taxas de analfabetismo da
população jovem em todos os Municípios, neste período. Praticamente todas as taxas
ficaram abaixo de 10%, à exceção do grupo de 7 a 14 anos de Carapebus e de São
Francisco de Itabapoana, que tiveram percentuais um pouco mais elevados.
Seguindo a mesma lógica, os indicadores de analfabetismo da população adulta, de 25 anos
para cima, vem diminuindo consideravelmente, mas ainda se encontra em proporções
alarmantes apontado na próxima Tabela.
Como agravante, destaca-se que a partir desta idade se torna mais difícil o retorno das
pessoas aos estudos, devido a uma série de questões: ocorre uma participação no mercado
de trabalho de forma mais consolidada e efetiva, as relações conjugais se estabelecem e
frequentemente “dificultam” a retomada dos estudos, principalmente para as mulheres, que
se tornam mães e assumem responsabilidades domésticas; há o próprio desinteresse e
conformismo referente à situação educacional; o receio e a “vergonha de voltar para a
escola em idade mais avançada e ainda a insuficiência de políticas públicas que sejam
capazes de atender a toda a demanda existente e reprimida, de forma acessível, motivadora
e eficaz.
Tabela 25 - Região Norte Fluminense, Taxa de Analfabetismo da População Adulta, 1991 - 2000
Taxa de Analfabetismo da População Adulta (25 anos ou mais) - 1991 e 2000
Taxa de Analfabetismo
Municípios da Região Norte Fluminense
1991 2000
Campos do Goytacazes 17,5 11,6
Carapebus - 15,9
Cardoso Moreira 41,7 23,5
Conceição de Macabu 23,2 14,4
Macaé 15,0 9,0
Quissamã 26,8 19,9
São Fidélis 27,5 17,1
São Francisco de Itabapoana - 29,6
São João da Barra 21,4 16,1
Total do Estado do Rio de Janeiro 10,9 7,6
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 773


No Estado do Rio, em 1991 10,9% da população adulta era analfabeta, enquanto em 2000
este valor abaixou para 7,6%. Os índices de analfabetismo do Norte, todavia, são piores.
Macaé apresentou os menores índices, 15% em 1991 e 9% em 2000, seguido de Campos,
17,5% em 1991 e 11,6% em 2000.

Novamente, os municípios que ficaram em posições mais desprivilegiadas foram: Cardoso


Moreira com 41,7% de analfabetos em 1991 e 23,5% em 2000 e São Francisco de
Itabapoana, com 29,6% em 2000. São Fidélis também apresentou a taxa elevada de 27,5 %
em 1991 e 17,1% em 2000, assim como São João da Barra, 21,4% em 1991 e 16,1% de
analfabetos em 2000.

Assim como diminuiu-se o analfabetismo, melhorou-se o nível de escolaridade da população


jovem nesta década. Entretanto, na leitura dos indicadores que revelam a porcentagem da
população com menos de 4 e 8 anos de estudo constata-se que o nível de escolaridade da
população, tanto do Estado quanto dos municípios do Norte estava bem abaixo do desejado
em 2000, apontando claramente para uma deficiência educacional.

Em 2000, considerando-se a população de 15-17 anos, os indicadores de anos de estudo


foram negativos conforme visto na Tabela seguinte, sendo que em São Francisco do
Itabapoana 80% possuía menos de 8 anos de estudo, seguido de 77%, em São João da
Barra.

Os municípios que, por sua vez apresentam os melhores níveis de escolaridade nesta faixa
etária foram Macaé, com 53,6% com menos de 8 anos de estudo e 7,9% com menos de 4
anos, seguido de Conceição de Macabu apresentando 58% da população com menos de 8
anos e 8,4% com menos de 4 anos escolares.

São Francisco de Itabapoana apareceu também com a maior porcentagem de população


entre 18-24 anos com menos de 8 anos de estudo, 70,7% e com menos de 4 anos de
estudo, 32,1%. No caso desta faixa etária, o segundo município que revelou maior
porcentagem foi Cardoso Moreira, estando 63,3% da população com menos de 8 anos de
estudo e 25% com menos de 4 anos.

Para a população de 18-24 anos o maior percentual foi novamente encontrado em São
Francisco de Itabapoana, 70,7% com menos de 8 anos de estudo e 32,1% com menos de 4
anos. São João da Barra e Cardoso Moreira aparecem em seguida revelando que, neste
mesmo ano, a população com menos de 8 anos de estudo foi de aproximadamente 63%,
enquanto a população com menos de 4 anos de estudo correspondeu a 19% em São João e
25% em Cardoso Moreira. Nos demais municípios, a porcentagem de população desta faixa
etária com menos de 8 anos de estudo variou entre 43,5%, em Macaé e 54,5%, em
Quissamã.

Já o percentual de crianças e jovens freqüentando a escola aumentou em toda a Região. No


Ensino Fundamental, todos os Municípios apresentaram mais de 90% das crianças
freqüentando a escola no ano de 2000, similar à taxa estadual de 96,1%, o que é uma
condição bastante favorável.

774 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 26 - Região Norte Fluminense, Nível Educacional da População Jovem, 1991 - 2000
Nível Educacional da População Jovem - 1991 e 2000

Faixa % com menos de % com menos de % frequentando a


Municípios da Região 4 anos de estudo 8 anos de estudo escola
Etária
Norte Fluminense
(anos) 1991 2000 1991 2000 1991 2000
7 a 14 NA NA NA NA 81,7 95,1
Campos do Goytacazes 15 a 17 30,2 12,4 77,5 64,3 55,9 75,4
18 a 24 25,2 13,7 56,7 45,8 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 84,7 95,8
Carapebus 15 a 17 26,7 13,4 86,3 73,1 52,1 78,3
18 a 24 32,4 14,6 75 49,9 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 69,1 95,9
Cardoso Moreira 15 a 17 49,7 19,4 91,5 75,7 27,8 74,7
18 a 24 38,9 25,0 72,6 63,3 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 86,6 96,0
Conceição de Macabu 15 a 17 25,9 8,4 78,3 58,0 62,6 86,8
18 a 24 24,5 14,3 59,6 47,7 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 87,5 97,4
Macaé 15 a 17 27,0 7,9 83,0 53,6 56,7 78,9
18 a 24 20,2 11,1 59,1 43,5 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 70,0 98,0
Quissamã 15 a 17 38,5 16,8 88,2 69,5 40,9 82,5
18 a 24 32,4 16,7 72,9 54,5 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 83,0 97,2
São Fidélis 15 a 17 29,4 13,0 83,1 64,4 52,0 78,3
18 a 24 29,4 15,1 63,1 45,8 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 67,0 93,4
São Francisco de
15 a 17 47,7 22,5 93,0 80,0 29,2 54,1
Itabapoana
18 a 24 49,9 32,1 83,6 70,7 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 75,8 92,3
São João da Barra 15 a 17 29,0 20,5 69,4 77,0 50,6 56,9
18 a 24 29,1 19,0 63,2 62,1 NA NA
7 a 14 NA NA NA NA 87,8 96,1
Total do Estado do Rio
15 a 17 19 9,4 70,8 55,6 64,2 81,5
de Janeiro
18 a 24 14,9 9,5 46,8 37,9 NA NA
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003

O Mapa a seguir permite a visualização sobre os dados de frequência escolar dos


adolescentes com 15 a 17 anos, no Ensino Médio, em 2000. Nesta etapa, embora a
situação também tenha melhorado, a proporção de frequência escolar ainda é bem inferior
aquela do Ensino Fundamental, ratificando mais uma vez a insuficiência de uma política
educacional específica para esta fase.

Para o Ensino Médio, o Rio de Janeiro apresentou 81,5% dos jovens frequentando a escola,
enquanto no Norte a média foi um pouco menor. Cardoso Moreira se destacou, com 86,8%
dos jovens frequentando a escola, Quissamã veio em seguida, com 82,5%, valores estes
maiores que os estaduais.

São João da Barra e São Francisco de Itabapoana apresentaram os índices mais


preocupantes, revelando que apenas 56,9% e 54,1%, respectivamente, de seus jovens
entre 15 e 17 anos estavam frequentando o Ensino Médio neste ano.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 775


Mapa 6- Região Norte Fluminense, Percentual de Adolescentes Frequentando a Escola, 2000

Fonte: TCE - Estudos Socioeconômicos de São Fidélis, 2004

776 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Com relação ao nível escolar da população adulta, Campos e Macaé apresentaram os
melhores valores mas, mesmo assim, longe do que poderia ser chamado de “ideal”. Em
2000, Campos possuía 60,9% de seus habitantes com menos de 8 anos de estudo e Macaé
possuía 54,3%. A média de anos de estudo da população nestes municípios foi de 6,2 e 6,9.
São as maiores médias comparadas aos demais municípios do Norte, ainda inferiores às
observadas no Estado que possuía, em 2000, 50,8% da população com menos de 8 anos
de estudo, 21,1% com menos de 4 anos e uma média de 7,2 anos de estudo.

São Francisco de Itabapoana e Cardoso Moreira tiveram os índices mais elevados de


população com menos de 8 anos de estudo em 2000, 87,2% e 82,2% e também de
população com menos de 4 anos de estudo, 59%, e 51,7%, cada.

Claramente, percebe-se que o nível de escolaridade da população estadual e da Região


Norte são bastante baixos, à exceção do Ensino Infantil, sendo que quase a metade da
população de 18 a 24 anos e mais da metade da população adulta não completaram o
Ensino Fundamental.

Este cenário indica que grande parte da população abandona os estudos muito antes de sua
conclusão e quanto mais “envelhecida” esta se torna, maiores são as taxas de
analfabetismo e a baixa escolaridade, sendo necessária a implementação de políticas mais
específicas e eficazes objetivando a reversão do problema.

Tabela 27 - Região Norte Fluminense, Nível Educacional da População Adulta, 1991 - 2000
Nível Educacional da População Adulta (25 anos ou mais)- 1991, 2000
% Com Menos
% Com Menos de 4 Média de Anos
Municípios da Região Norte de 8 Anos de
Anos de Estudo de Estudo
Fluminense Estudo
1991 2000 1991 2000 1991 2000
Campos do Goytacazes 38,2 29,5 68,8 60,9 5,3 6,2
Carapebus - 39,1 - 74,5 - 4,8
Cardoso Moreira 63,9 51,7 88,9 82,2 2,8 3,9
Conceição de Macabu 46,5 33,5 75,6 64,6 4,5 5,7
Macaé 33,0 23,3 61,8 54,3 6,0 6,9
Quissamã 56,5 41,4 87,5 77,7 3,2 4,6
São Fidélis 55,5 41,2 79,5 71,2 3,8 5,0
São Francisco de Itabapoana - 59,0 - 87,2 - 3,3
São João da Barra 48,8 43,7 78,7 76,2 4,2 4,6
Total da Região Norte NA NA NA NA 3,3 5,0
Total do Estado do Rio de Janeiro 26,3 21,1 57,5 50,8 6,5 7,2
= sem informação
NA = Não se aplica
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003
De acordo com o panorama traçado até o momento, a deficiência no nível de escolaridade
da população, agravada pelo analfabetismo funcional, se reflete em sérios problemas
enfrentados na Região, como a escassez de mão de obra qualificada que, por sua vez,
contribui com a proliferação das desigualdades econômicas. Mais ainda, baixos níveis de
qualificação precisam de políticas bem planejadas, de acordo com as demandas contextuais
e de qualidade, para contribuir-se efetivamente com uma transformação social.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 777


3.4 Qualidade da Educação

Complementando a avaliação das condições educacionais dos habitantes do Norte


Fluminense, são apresentadas a seguir análises da Prova Brasil e do ENEM, ambos
exames que auxiliam na compreensão da qualidade do ensino ofertado.

A avaliação da qualidade educacional é um instrumento importante na construção e gestão


de suas políticas, auxiliando no direcionamento de recursos técnicos e financeiros,
norteando a comunidade escolar no estabelecimento de metas e implantação de ações
pedagógicas e administrativas.

Para realizar esta avaliação, o Ministério da Educação, MEC, implantou um sistema no qual
se integra o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), adotado desde 1995 e o
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

Atualmente, o SAEB é composto por duas avaliações: Avaliação Nacional da Educação


Básica (ANEB) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC), que recebe o
nome de Prova Brasil. A primeira têm como foco a gestão dos sistemas educacionais e é
realizada por amostragem das redes de ensino de cada Estado, onde participam alunos de
4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e também estudantes do 3º ano do Ensino Médio
regular, tanto da rede pública quanto da rede privada, em áreas urbanas e rurais. Sua
aplicação oferece resultados no âmbito dos Estados e das Redes de Ensino.
Fotos 10 e 11 – Região Norte Fluminense, São João da Barra, Centro Cultural e Biblioteca
Pública

3.4.1 Prova Brasil

A segunda avaliação é a Prova Brasil, uma avaliação mais extensa e detalhada, com foco
em cada unidade escolar, correspondendo a um processo de expansão do sistema
avaliativo. A Prova é aplicada a todos os estudantes das séries avaliadas e apresenta
médias de proficiência por unidade escolar. Os resultados são apresentados em uma escala
de desempenho, nas disciplinas de português e matemática.

A escala é única para cada disciplina e permite apresentar, em uma mesma métrica, os
resultados de desempenhos dos estudantes das 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental (que
atualmente correspondem do 5º ao 9º anos).

Para o desempenho na Língua Portuguesa o resultado se apresenta dentro de uma variação


de nove níveis: 125, 150, 175 e assim sucessivamente, até o nível 350. Em Matemática, a
escala é composta por dez níveis, que vão do 125 aos 375.

778 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


A partir destas escalas verifica-se o percentual de alunos que já construiu as competências
e habilidades requeridas em cada uma das séries avaliadas, quantos ainda estão em
processo de construção do que seria adequado e quantos estão acima do nível.

O desempenho é apresentado em ordem crescente e cumulativa. Estudantes posicionados


em nível mais alto da escala já desenvolveram as competências e habilidades deste nível,
bem como as dos níveis anteriores. Nos parâmetros estabelecidos para a quarta série, em
ambas as disciplinas a nota máxima é 300 pontos. Para os estudantes da oitava série, 350 é
a nota máxima para português e 375, para matemática.

Na Prova Brasil realizada em 2005, participaram 5.387 municípios de todas as unidades da


Federação, avaliando 3.392.880 alunos de 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental, de 40.962
escolas públicas urbanas, com mais de 30 alunos matriculados na série avaliada.

Por fim, disponibiliza-se a pontuação para cada município, de cada rede e de cada escola,
dificultando o confronto dos resultados em nível regional ou nacional. Portanto, tal
comparação não pode ser feita com as médias brasileiras e estaduais e será realizada
posteriormente, a partir do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB.
Tabela 28 - Região Norte Fluminense, Resultado da Prova Brasil - Rede Municipal, 2005 – 2007
Resultado da Prova Brasil – Rede Municipal – 2005 e 2007
Municípios da Região Norte Fluminense Ano Matemática Língua Portuguesa
2005 177,49 168,55
4ª série / 5º ano
2007 242,93 199,50
Campos dos Goytacases
8ª série / 9º ano 2005 233,65 216,01
2007 240,29 234,13
2005 175,98 168,39
4ª série / 5º ano
2007 198,39 181,10
Carapebus
2005 215,47 204,12
8ª série / 9º ano
2007 237,91 247,28
2005 195,38 184,73
4ª série / 5º ano
2007 209,32 181,56
Cardoso Moreira
2005 268,67 241,72
8ª série / 9º ano
2007 227,62 231,01
2005 168,89 168,32
4ª série / 5º ano
2007 198,84 181,00
Conceição de Macabu
2005 228,34 218,85
8ª série / 9º ano
2007 204,03 186,00
2005 196,54 189,11
4ª série / 5º ano
2007 210,56 190,87
Macaé
2005 258,82 235,64
8ª série / 9º ano
2007 258,41 248,64
2005 174,42 168,15
4ª série / 5º ano
2007 206,94 187,81
Quissamã
2005 243,3 230,75
8ª série / 9º ano
2007 228,16 229,00
2005 195,74 178,02
4ª série / 5º ano
2007 213,99 184,98
São Fidélis
2005 263,16 244,77
8ª série / 9º ano
2007 250,56 229,40

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 779


(continuação)
Resultado da Prova Brasil – Rede Municipal – 2005 e 2007
Municípios da Região Norte Fluminense Ano Matemática Língua Portuguesa
2005 194,83 180,66
4ª série / 5º ano
São Francisco de 2007 188,82 164,97
Itabapoana 2005 - -
8ª série / 9º ano
2007 239,63 240,71
2005 170,83 161,15
4ª série / 5º ano
2007 198,25 180,73
São João da Barra
2005 243,87 232,97
8ª série / 9º ano
2007 266,47 255,61
-- = Sem informação
Fonte: Ministério da Educação - Indicadores Demográficos e Educacionais, 2009
Na análise da Tabela acima observa-se que, no geral, os resultados da Prova Brasil
melhoraram no ano de 2007, em diferentes proporções. Porém, as médias alcançadas são
extremamente baixas, pois as pontuações obtidas na 8ª série seriam mais adequadas para
a 4ª série, de acordo com os parâmetros de pontuações máximas (300 pontos na 4a série e
350 pontos em português e 375 pontos em matemática na 8a série).

Considerando-se o atual 5o ano, as maiores notas registradas em 2007, em Português


foram em Campos, 199,50 e em Macaé, 190,87 e os piores resultados ficaram registrados
em São Francisco de Itabapoana, 164, 97, seguido por São João da Barra, Carapebus,
Cardoso Moreira e Conceição de Macabu, 181.

Em Matemática há muitos resultados similares entre os municípios. As melhores notas


foram encontradas em Campos, 242,93 e em São Fidélis, 213,99 e as mais baixas em São
Francisco de Itabapoana, 188,82 e em Carapebus, Conceição de Macabu e São João da
Barra, todos com 198 pontos.

Em 2007, para o último ano do Ensino Fundamental as melhores notas em Português foram
alcançadas em Macaé, 248,64 e São João da Barra, 255,61. As piores notas foram
encontradas em Conceição do Macabu, 186 e em Quissamã e São Fidélis, ambos com 229.

Em Matemática, as melhores notas foram conferidas a São João da Barra, 266,47 e Macaé,
258,41, enquanto as piores notas estavam em Conceição de Macabu, 204,03 e Quissamã,
228,16.

3.4.2 IDEB

A qualidade do ensino ofertado nas Escolas Municipais e Estaduais do Norte também foi
mensurada através Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, IDEB, criado pelo
INEP/MEC.
O objeto do IDEB é reunir em um só indicador dois conceitos importantes para a qualidade
da educação: o fluxo escolar e a média de desempenho nas avaliações.
Para tanto, os resultados refletem a combinação das informações sobre a taxa de
rendimento escolar, ou seja, aprovação, evasão e repetência dos estudantes em cada etapa
do ensino, obtida a partir do Censo Escolar anual e as médias de desempenho, ou seja, a
média da pontuação dos estudantes obtida em exames padronizados (Prova Brasil)
aplicados pelo INEP, ao final da etapa correspondente.
Nos exames são aplicadas provas de Língua Portuguesa, com foco em Leitura e
Matemática, com questões curriculares de todas as unidades da Federação, considerando-
se ainda as recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
780 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
O IDEB também fornece projeções das expectativas de evolução dos valores da educação,
desde o ano presente até o ano 2021, ou seja, avalia os resultados do que acontecerá se as
condições atuais forem mantidas, estabelecendo comparações entre as projeções do Rio de
Janeiro e do Brasil e definindo metas para incrementar-se a qualidade da educação nas
escolas avaliadas.
Cabe mencionar que o IDEB representa o esforço de se estabelecer padrões e critérios
uniformes mínimos para se monitorar e avaliar o Sistema de Educação no Brasil.
Não obstante, o desafio persiste em conseguir um sistema de avaliação que influencie na
orientação dos gestores locais e das unidades escolares, ao mesmo tempo em que atenda
às necessidades locais específicas.
Os resultados do IDEB referentes são apresentados a seguir, distinguindo-se aqueles
obtidos nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, nas redes estadual e municipal.
Tabela 29 - Região Norte Fluminense, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica,
2005 - 2007
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB
Anos Iniciais do Ensino Anos Finais do Ensino
Municípios da Fundamental Fundamental
Rede de
Região Norte
Ensino IDEB Observado Metas IDEB Observado Metas
Fluminense
2005 2007 2007 2021 2005 2007 2007 2021
Campos dos Estadual 3,4 3,4 3,5 5,7 2,9 2,9 2,9 4,9
Goytacazes Municipal 2,9 4,3 2,9 5,2 2,7 3,2 2,7 4,7
Estadual - - - - 4 3,3 4,1 6
Carapebus
Municipal 3,4 4,1 3,4 5,6 3,1 3,9 3,2 5,2
Estadual 3,6 3,9 3,7 5,8 4,3 3,6 4,4 6,2
Cardoso Moreira
Municipal 3,5 3,2 3,5 5,7 4,1 3,3 4,1 6
Conceição de Estadual 4 4,6 4,1 6,2 4,2 3,7 4,3 6,1
Macabu Municipal 3,7 4,8 3,7 5,9 3,4 2,7 3,4 5,4
Estadual 3,8 3,8 3,9 6 2,9 2,8 2,9 4,9
Macaé
Municipal 4,4 4,7 4,4 6,5 3,6 3,9 3,6 5,6
Estadual - - - - 3,2 3 3,3 5,3
Quissamã
Municipal 3,2 4,5 3,3 5,5 3,5 2,9 3,6 5,5
Estadual 4,7 4,5 4,7 6,7 5 3,9 5 6,7
São Fidélis
Municipal 3,8 4,6 3,9 6 4,4 4 4,4 6,3
São Francisco de Estadual 3,6 4 3,7 5,9 2,6 3,1 2,7 4,7
Itabapoana Municipal 3,6 3,2 3,7 5,8 - 3,7 - 5,7
São João da Estadual 3,8 3,7 3,9 6 3,2 2,9 3,2 5,2
Barra Municipal 3,3 4,1 3,3 5,5 3,4 3,9 3,4 5,4
Rede Estadual do Rio de Janeiro 3,7 3,8 3,8 5,9 2,9 2,9 2,9 4,9
Total 3,8 4,2 3,9 6,0 3,5 3,8 3,5 5,5
Pública 3,6 4,0 3,6 5,8 3,2 3,5 3,3 5,2
Federal 6,4 6,2 6,4 7,8 6,3 6,1 6,3 7,6
Brasil
Estadual 3,9 4,3 4,0 6,1 3,3 3,6 3,3 5,3
Municipal 3,4 4,0 3,5 5,7 3,1 3,4 3,1 5,1
Privada 5,9 6,0 6,0 7,5 5,8 5,8 5,8 7,3
-- = Sem informação
Fonte: Ministério da Educação - Indicadores Demográficos e Educacionais, 2009
De forma geral, praticamente todos os municípios evoluíram e melhoraram seus resultados
nos anos iniciais do Ensino Fundamental, em proporções diferentes, muitos superando a
meta estabelecida para 2007.

Os resultados da Rede Estadual, em 2007, variaram entre 3,4, sendo este o menor valor
alcançado em Campos e o melhor resultado foi de 4,6, alcançado em Conceição de
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 781
Macabu. Apenas São João da Barra e São Fidélis diminuíram pouco seus resultados de
2005 para 2007. Campos e Macaé mantiveram seus resultados inalterados, 3,4 e 3,8,
respectivamente e quase alcançaram a meta estabelecida.

Os resultados da Rede Municipal nos anos iniciais variaram entre 3,2, de Cardoso Moreira e
São Francisco de Itabapoana e 4,8, o melhor resultado apresentado novamente em
Conceição de Macabu. Os dados de Carapebus e Quissamã não tiveram seus registros
completos.

Para os anos finais do Ensino Fundamental observa-se que, de 2005 para 2007, os
resultados foram um pouco piores em alguns municípios, tanto da Rede Estadual quanto da
Rede Municipal, afastando-se das metas.

Na Rede Estadual o pior indicador de 2007 foi verificado em Macaé, 2,8 e o melhor foi em
São Fidélis, 3,9. Ambos pioraram entre 2005-2007 e ficaram abaixo da meta estabelecida.
São Francisco de Itabapoana foi o único que melhorou seu resultado na rede estadual,
passando de 2,6 para 3,1 em 2007.

Na Rede Municipal os anos finais tiveram melhoras em São João da Barra, Carapebus,
Macaé e Campos, sendo que todos estes ultrapassaram a meta de 2007. Os demais
municípios revelaram piora nos seus resultados, se afastando das metas. Os resultados
variaram de 2,7 em Conceição de Macabu a 4, em São Fidélis.

Para uma melhor compreensão regional dos resultados do IDEB, faz-se pertinente uma
análise individual dos resultados de cada município. Em Campos, a Rede Estadual não
apresentou alterações entre 2005 e 2007, tanto para os anos iniciais, 3,4, quanto para os
anos finais do Ensino Fundamental, 2,9, indicando que não houve mudanças no que se
referiu à qualidade do ensino. Já na Rede Municipal pôde-se perceber uma melhora
significativa dos resultados, passando de 2,9 para 4,3 nos anos iniciais e de 2,7 para 3,2 nos
anos finais, superando inclusive as metas estipuladas.

Em Carapebus somente foi verificado resultado dos anos iniciais da Rede Municipal, que
aumentou de 3,4 para 4,1 em 2007, enquanto nos anos finais os valores aumentaram de 3,1
para 3,9. A Rede Estadual foi avaliada nos anos finais do Ensino Fundamental, tendo como
resultado 4,0 em 2005 e 3,3 em 2007, apresentando piora e afastando-se da meta
estabelecida para o ano, de 4,1.

Em Cardoso Moreira, os resultados da Rede Municipal e Estadual foram equiparados em


2005. No entanto, em 2007, a Rede Estadual apresentou melhora de 0,3 tanto nos anos
finais quantos nos anos iniciais. Ao contrário, a Rede Municipal piorou seus resultados,
caindo de 3,5 nos anos iniciais para 3,2 e de 4,1 para 3,3 nos anos finais e tampouco
cumpriu as metas.

Conceição do Macabu apresentou grande melhora nos anos iniciais, com destaque para os
resultados da Rede Municipal, que elevaram-se de 3,7 para 4,8. No entanto, este resultado
piorou nos anos finais. Na Rede Estadual, passou de 4,2 para 3,7 e na Rede Municipal de
3,4 para 2,7.

Macaé não apresentou mudanças significativas: em 2007 os anos iniciais tiveram como
resultado 3,8 na Rede Estadual e 4,7 na Rede Municipal. Já nos anos fina os valores caíram
para 2,8 e 3,9.

Quissamã não possuía registro dos anos iniciais da Rede Estadual, mas os anos finais
apresentaram piora de 0,2. Já a Rede Municipal obteve uma melhora nos anos iniciais,
passando de 3,2 para 4,5, piorando nos anos finais de 3,5 para 2,9.

782 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Em São Fidélis, a Rede Estadual piorou seus resultados em ambas as etapas do ensino,
caindo significativamente de 5 para 3,9 nos anos finais. A Rede Municipal melhorou o
resultado nos anos iniciais de 3,8 para 4,6 e piorou nos anos finais de 4,4 para 4. Já a Rede
Estadual de São Francisco de Itabapoana melhorou passando de 3,6 para 4 nos anos
iniciais e de 2,6 para 3,1 nos anos finais, superando a meta de 2,7 para o ano de 2007.

São João da Barra apresentou resultados priores na Rede Estadual em 2007, de 3,7 nos
anos iniciais e 2,9 nos anos finais, enquanto a Rede Municipal melhorou, alcançando 4,1
nos anos iniciais e 3,9 nos anos finais.

Neste anos, comparando-se os resultados das Redes Municipais com os resultados do país,
São Fidélis, Macaé, Campos e Conceição de Macabu superaram os resultados nacionais no
que se refere aos anos iniciais do Ensino Fundamental. Já nos anos finais superaram os
resultados nacionais os municípios de São João da Barra, Macaé, São Francisco do
Itabapoana, São Fidélis e Campos.

Na Rede Estadual, Conceição de Macabu foi o único município que alcançou resultados
melhores do que os nacionais nos anos iniciais. O Estado do Rio teve avaliação somente na
rede estadual, alcançando resultados baixos e inferiores à maioria dos municípios
estudados, de 3,8 para os anos iniciais e 2,9 para os anos finais, no ano de 2007. Nos anos
finais, os melhores resultados foram apresentados em São Fidélis e mais uma vez em
Conceição de Macabu.

3.4.3 ENEM

Finalizando-se as análises dos indicadores locais, apresenta-se os resultados do ENEM,


Exame Nacional do Ensino Médio, que é aplicado anualmente aos alunos concluintes do
Ensino Médio e aos egressos. Seu objetivo principal é estabelecer uma referência para que
cada estudante possa se auto-avaliar, visando às suas escolhas futuras, tanto em relação
ao mercado de trabalho quanto para a continuidade dos estudos.

O teste identifica em que área do conhecimento ou competência o estudante está mais ou


menos apto e onde ele precisa reforçar seus estudos. A parte objetiva da prova é constituída
por questões de múltipla escolha de igual valor, avaliada numa escala de 0 a 100 pontos.
Além disso, é atribuída uma nota na mesma escala a cada uma das cinco competências
avaliadas (ver anexo). Na redação, também há uma nota global de 0 a 100 – a media
aritmética simples das notas por competências - e outra para cada uma das cinco
competências aferidas.

De um total de 2,7 milhões alunos que fizeram o ENEM em 2006, cerca de 187 mil são
fluminenses. O desempenho médio da prova objetiva no país foi de 36,90 e de 52,08 na
redação.

O Estado do Rio de Janeiro ficou na primeira posição, com notas médias 38,61 e 53,34,
respectivamente. Todas essas notas foram inferiores aos resultados de 2005 (42,50 e
57,40). A nota global foi de 42,616 para o país e de 44,246 para o Estado.

Neste ano, o Estado alcançou resultado superior a do Brasil, mas piorou sua qualificação
com relação a 2005 e caindo de 7 para 3 o número de municípios fluminenses que
obtiveram mais de 50% de aproveitamento em 2006.

No Norte Fluminense, em 2007, apenas em Campos e em Macaé foram realizados exames


nas Redes Federal, Estadual e Municipal e Privada de ensino. Para os demais Municípios,
faltam dados que permitiriam uma análise mais aprofundada dos resultados. Na maioria
destes foi avaliada apenas a Rede Estadual, inviabilizando estabelecer comparações entre
os diferentes sistemas de ensino.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 783
De acordo com a Tabela abaixo, nota-se que Macaé apresentou resultados um pouco
melhores que Campos. Considerando a média total que inclui redação, prova objetiva e
correção de participação, a Rede Federal alcançou o melhor resultado nas duas cidades,
70,92 em Macaé e 68,41 em Campos. A Rede Privada ficou em segundo posto, com 64,62
em Macaé e 68,18 em Campos. Em seguida a Rede Municipal e a Estadual apresentaram
resultados equiparados, sendo que a primeira teve média de 48,69 em Macaé e 48,93 em
Campos e a Rede Estadual 47,34 em Macaé e 45,99 em Campos.
Nos resultados da Rede Estadual das demais cidades foram observadas variações entre
44,49, em São João da Barra (pior resultado) e 50,80, em Conceição de Macabu (melhor
resultado).
Tabela 30 - Região Norte Fluminense, Resultados do ENEM, 2007
Desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio dos Concluintes das Escolas Divulgadas -
ENEM - 2007
Média Total
Média Total Média da Prova
Média da (Redação e Prova
Municípios da Região (Redação e Objetiva com
Prova Objetiva) com
Norte Fluminense Prova Correção de
Objetiva Correção de
Objetiva) Participação
Participação
Rede Federal 74,54 69,02 73,54 68,41
Campos dos Rede Estadual 42,10 46,51 41,41 45,99
Goytacazes Rede Municipal 41,70 49,26 41,28 48,93
Rede Privada 62,37 61,53 61,83 61,18
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Estadual 42,98 50,55 42,19 49,93
Carapebus
Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Estadual 44,17 49,28 43,48 48,76
Cardoso Moreira
Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Conceição de Rede Estadual 48,38 51,42 47,50 50,80
Macabu Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Federal 75,60 71,18 75,17 70,92
Rede Estadual 45,53 47,85 44,80 47,34
Macaé
Rede Municipal 47,22 49,20 46,49 48,69
Rede Privada 68,81 64,97 68,25 64,62
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Estadual 43,17 47,23 42,63 46,84
Quissamã
Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 52,51 56,54 51,65 55,92
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Estadual 46,06 49,60 45,26 49,03
São Fidélis
Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
São Francisco de Rede Estadual 41,26 46,20 40,74 45,81
Itabapoana Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Federal 0,00 0,00 0,00 0,00
São João da Rede Estadual 43,70 44,86 43,15 44,49
Barra Rede Municipal 0,00 0,00 0,00 0,00
Rede Privada 0,00 0,00 0,00 0,00
Fonte: Ministério da Educação - Indicadores Demográficos e Educacionais
784 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
3.5 Considerações

Para uma melhor compreensão dessas fragilidades e potencialidades, para cada indicador
apresentado, foram distinguidos os dois municípios que apresentaram os melhores
resultados, demonstrando em quais aspectos os mesmos se revelam mais fortalecidos, com
maior qualidade e desempenho educacional. Também foram distinguidos os dois que
apresentaram os índices menores, revelando um pior desempenho na área.

São Francisco de Itabapoana, Cardoso Moreira e São João da Barra apresentaram, de


forma geral, as condições educacionais mais desprivilegiadas. Estes municípios tiveram os
menores índices de escolaridade, as maiores taxas de analfabetismo da população, as
menores médias de anos de estudo e também as menores porcentagens de crianças e
jovens de 7 a 17 anos freqüentando a escola, revelando que quase metade da população
que deveria freqüentar o Ensino Médio se encontrava fora da escola.

Foram ainda de São Francisco do Itabapoana e Cardoso Moreira as piores avaliações no


IDEB 2007, no que se refere aos anos iniciais do Ensino Fundamental da Rede Municipal.
Na Rede Estadual as piores avaliações foram de Campos e São João da Barra.

Segundo a avaliação do ENEM, as piores notas da Rede Estadual mais uma vez ficaram
com São João da Barra e São Francisco de Itabapoana. Referente ao Ensino Médio, as
maiores taxas de repetência foram encontradas em Cardoso Moreira e Carapebus e as
menores taxas em São Francisco de Itabapoana e São Fidélis.

Por outro lado, os maiores índices de escolaridade foram constatados em Macaé, Campos e
Conceição de Macabu. Este último, juntamente com Quissamã, apresentou a maior
porcentagem de jovens de 15 a 17 anos freqüentando o Ensino Médio.

No Ensino Fundamental, Quissamã e Macaé possuíram a maior porcentagem de jovens de


7 a 14 anos frequentando a escola, mesmo assim sem alcançar 100%. No entanto
Quissamã também apresentou a maior taxa de repetência no Ensino Fundamental,
juntamente com Campos e São Francisco de Itabapoana; com valores acima do índice
regional de 17,82% de reprovação. Já Conceição de Macabu e São Fidélis apresentaram as
menores taxas de repetência.

As melhores avaliações do IDEB 2007 para os anos iniciais do Ensino Fundamental foram
alcançadas em Conceição de Macabu (com as melhores notas também do ENEM, seguido
de Carapebus), Macaé e São Fidélis. As melhores avaliações do IDEB dos anos finais do
Ensino Fundamental se encontraram em São João da Barra e em Carapebus, sendo que na
Rede Estadual se sobressaíram Conceição de Macabu e São Fidélis.

Portanto, considerando-se os indicadores educacionais dos municípios do Norte


Fluminense, cada localidade revelou fragilidades em determinados aspectos e
potencialidades em outros, observando-se que as causas que apontam para uma baixa
qualificação educacional na Região possuem diferentes focos a serem melhorados.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 785


4. SAÚDE E VIGILÂNCIA SANITÁRIA

A Constituição de 1988 assegurou o acesso universal e equânime a serviços e ações de


promoção, proteção e recuperação da Saúde dos habitantes. Com este objetivo foi
estruturado o Sistema Único de Saúde – SUS opera nas esferas federal, estadual e
municipal.

Dentre as mudanças enfrentadas no Sistema de Saúde, a partir de 1999 houve, no Estado


Fluminense, um declínio significativo de hospitais próprios do INAMPS e hospitais federais,
reduzidos a apenas 6, em 2003. O mesmo ocorreu com hospitais contratados, que
passaram de 172, em 1997, para 109, em 2003. O número total de hospitais caiu de 401,
em 1997, para 317, em 2003, resultando na queda no número de leitos contratados de 60
mil para 43,7 mil nos últimos sete anos. As redes estadual e filantrópica também
apresentaram redução no número de leitos ofertados. A rede universitária manteve-se
praticamente constante e os hospitais municipais e particulares foram os únicos que
aumentaram sua oferta. (Estudo Socioeconômico de São Fidélis, 2004, Tribunal de Contas
do Estado).

Destacam-se na viabilização plena deste direito as Leis Orgânicas da Saúde, nº 8.080/90 e


nº 8.142/90 e as Normas Operacionais Básicas – NOB. Em fevereiro de 2002, foi publicada
a Norma Operacional da Assistência à Saúde – NOAS-SUS 01/2002, que amplia as
responsabilidades dos municípios na Atenção Básica; estabelece o processo de
regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de
maior eqüidade; cria mecanismos para o fortalecimento da capacidade de gestão do
Sistema Único de Saúde e procede à atualização dos critérios de habilitação de estados e
municípios.

Recentemente, o Ministério e as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde


desencadearam diversas atividades de planejamento e adequação de seus modelos
assistenciais e de gestão, ponderando avanços e desafios que as novas diretrizes
organizacionais trouxeram à sua realidade.

Visando reverter o panorama geral de desigualdades regionais existente no Estado do Rio


de Janeiro e facilitar o acesso dos habitantes aos serviços do SUS, inclusive os de maior
complexidade, algumas estratégias e instrumentos foram concebidos e executados:

• plena adoção da Programação Pactuada e Integrada – PPI da assistência ambulatorial e


hospitalar, via implantação de centrais de regulação para ordenar a oferta de serviços e
agilizar o atendimento aos pacientes;

• assessoria às pactuações intermunicipais de serviços referenciados, por intermédio de


apoio direto aos gestores municipais e apoio à consolidação de fóruns regionais
permanentes de negociação.

Este processo possibilitou maior transparência na alocação de recursos em cada município,


melhorando o acesso aos pacientes residentes em cidades que não possuem serviços mais
complexos (oncologia, hemoterapia, tomografias, diálise, etc.), de forma que os mesmos
estejam acessíveis em cada região.

786 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Para contemplar a perspectiva de redistribuição geográfica de recursos tecnológicos e
humanos, foi elaborado o Plano Diretor de Regionalização do Estado 21, representado
territorialmente pelo seguinte Mapa:

Mapa 7 - Região Norte Fluminense, Regiões da Saúde

Fonte: Caderno de Informações em Saúde, 2009


A partir deste Mapa, observa-se que o Território da Saúde é dividido em 10 regiões, que não
necessariamente coincidem com a divisão administrativa do Estado. A diferença encontrada
no Norte e Noroeste Fluminense é que o município de Cardoso Moreira, ao invés de ser
integrante da Norte faz parte da região Noroeste, para o Sistema de Saúde.

Conseqüentemente, os resultados avaliados pelo Caderno da Saúde contabilizam os dados


encontrados em Cardoso Moreira na Região Noroeste, por tanto, estarão um pouco distintos
daqueles avaliados no restante do relatório, que considerou a divisão administrativa do
Estado, entendendo que Cardoso Moreira é parte da Região Norte.

Recentemente, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) elaborou um


novo Plano Estadual de Saúde (PES). O processo de construção do PES compreende
vários aspectos:

• a construção dos diagnósticos institucional e da situação de saúde no Estado;

• a definição das metodologias e das matrizes de planejamento estratégico;

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 787


• a mobilização e participação dos atores implicados;

• a implementação de estratégias de informação e comunicação;

• a elaboração da metodologia de acompanhamento e avaliação da gestão do Plano.

Inicialmente, foi avaliado o PES anterior (exercício 2001-2004) e exposta a construção de


uma nova Agenda Estadual de Saúde, contendo os eixos orientadores para o novo PES.
Concomitantemente, foi elaborada uma matriz de indicadores para apoio ao processo de
diagnóstico, priorização e tomada de decisão, a partir da qual foi definida a metodologia
para as Oficinas Regionais de Planejamento.

Buscou-se, igualmente, integrar os planejamentos setoriais da SES-RJ, de forma a reduzir a


fragmentação institucional e aproximar o processo de planejamento das ações concretas de
gestão. Isto implicou uma repactuação no interior da própria Secretaria de Estado, com o
objetivo de integrar as ações que envolvem a gestão plena do Sistema Estadual de Saúde
na estrutura mais ampla deste novo Pacto de Gestão.

Conforme já ressaltado, o enfoque estratégico do planejamento privilegia a dimensão


regional no processo de reorientação do modelo assistencial. Neste sentido, as Oficinas de
Planejamento nas nove Regiões de Saúde do Estado desempenham um papel fundamental,
incluindo a participação de atores dos segmentos técnicos, de gestão e de controle social,
para a definição das prioridades e pactuação das metas de saúde, bem como das ações
necessárias para atingi-las.

Assim, os diversos produtos gerados ao longo do processo de planejamento são


incorporados progressivamente ao PES e divulgados para os setores envolvidos e para o
público em geral, através de seu site, criado especificamente para dar mais transparência ao
planejamento e torná-lo mais participativo.

Em janeiro de 2009 iniciaram-se as Oficinas de Regionalização para a construção dos


Planos Diretores para a Saúde, sendo concluídos em meados do mesmo ano, com alguns
resultados apresentados a seguir.

Com relação aos sistemas ambulatorial e hospitalar de atendimento ocorre uma


programação para otimizar a utilização dos recursos financeiros do SUS pelos Municípios e
pelo Estado. É estabelecida, junto aos gestores municipais, uma metodologia de alocação
de recursos financeiros que considera os dados de população, a capacidade instalada, os
indicadores de saúde, as características locais e regionais, a efetiva utilização dos recursos
e o impacto causado pelas ações de saúde desenvolvidas.

Por sua vez, a programação dos recursos financeiros é pactuada entre o conjunto de
municípios, partindo de proposta elaborada pela SES/RJ, em conjunto com técnicos
indicados pelo COSEMS – Conselho de Secretários Municipais de Saúde, sendo aprovada
pela CIB – Comissão Intergestores Bipartite. Estas pactuações podem ser modificadas
quando solicitado pelos gestores, sendo seus tetos financeiros publicados no Diário Oficial
do Estado e disponibilizados na página da SES-RJ na web.

Referente aos municípios, eles podem ser habilitados à condição de: Gestão Plena da
Atenção Básica ou Gestão Plena do Sistema Municipal.

Gestão Plena da Atenção Básica

788 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Neste caso, o município é responsável pela gestão e execução de ações da assistência
ambulatorial básica, das ações básicas de vigilância sanitária, de epidemiologia e controle
de doenças, gerência de todas as unidades ambulatoriais estatais (municipal-estadual-
federal) ou privadas, autorização de internações hospitalares e procedimentos ambulatoriais
especializados, operação do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS, controle e
avaliação da assistência básica.

Assim, o princípio da Atenção Básica é o conjunto de ações prestadas às pessoas e à


comunidade, com vistas à promoção da saúde e à prevenção de agravos, bem como seu
tratamento e reabilitação no primeiro nível de atenção dos sistemas locais de saúde.

Para garantir o custeio das ações básicas em saúde foi implantado, em janeiro de 1988, o
Piso da Atenção Básica, PAB, que é composto por um valor fixo, destinado à assistência e
um valor variável, relativo ao desenvolvimento de ações complementares.

Concomitantemente, o Ministério da Saúde vem desenvolvendo um sistema de


acompanhamento e avaliação da produção de serviços de Atenção Básica, cujo objetivo é
avaliar o impacto da implantação do PAB na melhoria destes serviços e a sua efetividade,
assim como a utilização dos recursos repassados fundo a fundo para os municípios. Este
sistema de acompanhamento consiste em um conjunto de metas que são pactuadas
anualmente entre as três esferas de governo, constituindo o Pacto da Atenção Básica.

A já citada NOAS-SUS 01/2002 criou a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada, como
uma das condições de gestão dos Sistemas Municipais de Saúde. Agrega às atividades
acima o controle da tuberculose, a eliminação da hanseníase, o controle da hipertensão
arterial, o controle da diabetes mellitus, a saúde da criança, a saúde da mulher e a saúde
bucal, com indicadores definidos anualmente pela União.

Além disto, na Atenção Básica existem os trabalhos desenvolvidos pelo Programa Saúde da
Família, PSF, e pelos Agentes Comunitários de Saúde, cidadãos da própria comunidade
que são treinados para realizar visitas domiciliares de orientação às famílias, PACS, levado
aos domicílios informações sobre o acesso aos tratamentos e à prevenção de doenças.

Ambas equipes visitam os habitantes, evitando deslocamentos desnecessários às Unidades


de Saúde e, junto à comunidade devem elaborar um plano para enfrentar os principais
problemas detectados e desenvolver a educação de saúde preventiva.

A equipe de Saúde da Família é multiprofissional e composta por, no mínimo, um médico de


família, um enfermeiro de saúde pública, um auxiliar de enfermagem e mais 4 a 6 agentes
comunitários de saúde. Cada equipe trabalha em áreas de abrangência definidas, por meio
do cadastramento e do acompanhamento de 600 a 1.000 famílias, com limite máximo de
4.500 pessoas por equipe.

Referente ao Agente Comunitário de Saúde, cada um acompanha no máximo 150 famílias


ou 450 pessoas. A implantação do Programa de Saúde da Família depende da decisão
política da Administração Municipal, que deve submeter a proposta ao Conselho Municipal
de Saúde e discutir com as comunidades a serem beneficiadas e com toda a sociedade
local.

Gestão Plena do Sistema Municipal

Na Gestão Plena do Sistema Municipal o município é responsável pela gestão e execução


de todas as ações e serviços de saúde existentes no município, pela gerência de todas as
unidades ambulatoriais, hospitalares e de serviços de saúde estatais ou privadas,

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 789


administração da oferta de procedimentos de alto custo e complexidade, execução das
ações básicas, de média e de Alta Complexidade de vigilância sanitária, de epidemiologia e
de controle de doenças, controle, avaliação e auditoria dos serviços no município, operação
do Sistema de Informações Hospitalares e do Sistema de Informações Ambulatoriais do
SUS.

Consequentemente, neste tipo de Gestão o Município precisa estar melhor qualificado tanto
em termos de planificação como de oferta de serviços demandando uma organização bem
mais complexa.

No Estado do Rio de Janeiro, 76% dos municípios se encontram na condição de Gestão


Plena da Atenção Básica e o restante está capacitado para a Gestão Plena do Sistema
Municipal. A Gestão Plena Estadual ocorre naqueles municípios que ainda não estão aptos
para assumir a gestão de seu sistema hospitalar.

Dados da Pesquisa

Para o presente trabalho, na área da Saúde foram consultados os dados estatísticos do


DATASUS/2009 e do Caderno de Informações em Saúde do Estado do Rio, realizado pela
Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil, SESDEC, em maio de 2009, além de
consultas aos sites municipais e alguns outros documentos citados durante o texto.

O Caderno de Informações em Saúde foi elaborado a partir de Oficinas Regionais, com uma
ampla equipe de técnicos, gestores e representantes dos Conselhos de Saúde de todos os
92 municípios do Rio, resultando em um panorama amplo e ao mesmo tempo detalhado da
situação. As análises foram realizadas por Região de Saúde e fundamentaram o processo
de revisão do Plano Diretor de Regionalização, PDR, após a implantação do Pacto pela
Saúde, auxiliando também na atualização da Programação Pactuada Integrada, PPI, de
assistência à Saúde.

Posteriormente, o “Caderno” foi distribuído nas Oficinas Regionais para orientar o processo
de monitoramento e qualificação da saúde pública e fomentar o planejamento regional. Para
tal, foram utilizados diversos indicadores diretamente vinculados à Atenção Básica de
Saúde, incluindo a contagem da demanda por “Internações por condições sensíveis à
Atenção Básica”, ISAB, juntamente com as análises da oferta de serviços em Média e Alta
Complexidade, fluxos migratórios na Saúde e outros.

Após a problematização da situação de saúde em cada Região foram identificadas


necessidades e ações comuns que devem ser implantadas para alcançar-se uma melhor
resolutividade do sistema.

Durante todo o processo, foi comum aos gestores que a Atenção Básica é uma
responsabilidade da Gestão Municipal e deve ser a principal porta de entrada do SUS,
enquanto o Estado deve formular políticas e regular o sistema, viabilizando ações que
garantam a integralidade da atenção e oferecendo apoio técnico para fortalecer as ações
básicas. (Caderno de Informações em Saúde, 2009, p.7).

O processo de regionalização em curso reforça a importância da integração entre


planejamento e gestão nas ações cotidianas e confere importância ao Plano Diretor

790 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Regional, PDR, ao Plano Diretor de Investimento, PDI e a Programação Pactuada e
Integrada da Atenção à Saúde, PPI.5

Dentro desta perspectiva, definiu-se a construção dos Colegiados de Gestão Regionais,


para efetivar-se a descentralização das ações de Atenção à Saúde. São nove colegiados,
que representam cada um sua Região de Saúde e definem as prioridades regionais, sendo
“espaços permanentes de pactuação e co-gestão solidária e cooperativa, tomadas de
decisões, sempre por consenso, como premissa do envolvimento e comprometimento do
conjunto dos gestores”, que deverão promover ações solidárias e cooperativas e fortalecer o
controle social. (Caderno de Informações em Saúde, 2009, p.9).

Assim, o Estado do Rio definiu para cada Região de Saúde: que cuide de suas ações de
Atenção básica e ações básicas de Vigilância Sanitária, que cada Região deve oferecer
suficiência em ações de Média Complexidade e algumas de Alta Complexidade (de acordo
com critérios de oferta e acessibilidade) e que arranjos inter-regionais devem garantir as
demais ações de Alta Complexidade que, se não forem resolvidas nos próprios municípios,
deverão fazer parte de propostas futuras.

4.1 Saneamento

Neste trabalho, inicialmente serão avaliados nos municípios do Noroeste Fluminense as


condições da água utilizada e de instalações sanitárias presentes, considerando que
condições inadequadas de saneamento se refletem direta ou indiretamente na saúde
pública, causando enfermidades.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, OMS, 65% dos leitos dos hospitais do país são
ocupados por pacientes com problemas de saúde relacionados à falta de saneamento. As
doenças transmitidas pela água podem acarretar diretamente cólera, diarréia, febre tifóide,
disenteria bacilar, amebíase ou disenteria amebiana, hepatite infecciosa e outras e
indiretamente podem causar esquistossomose, malária, febre amarela, dengue, leptospirose
entre outras.

Primeiramente se considera que a distribuição de água em regime de concessão deveria


ocorrer em todos os municípios da Região, de acordo com a disposição constitucional.
Ainda assim, entre 1991-2000 os moradores no Norte Fluminense apresentaram condições
diferenciadas no que se refere ao tipo de abastecimento de água.

O melhor município foi Macaé, que em 2000 ofertou a 89,3% da população rede geral e
8,4% dos habitantes possuíam poço ou nascente em sua propriedade. Os outros municípios
ficaram bem abaixo deste percentual de recebimento de rede geral de abastecimento, sendo
que São Fidélis apareceu em 2o lugar, com 72,5% da população recebendo água pela rede
geral. Seguem em ordem decrescente Campos, 67% de rede geral no município, Cardoso
Moreira e Quissamã com valores próximos de aproximadamente 64% de rede geral e São
João da Barra, 62,7%.

Os três últimos municípios apresentam números bem inferiores com relação a oferta de
água pela rede geral: Carapebus recebia em 2000, 35,2%, Conceição do Macabú, 32,1% e
por último ficou São Francisco do Itabapoana, com apenas 23,4% de rede geral de água. Há

5
O Pacto pela Saúde traz como eixo principal a necessidade de instituir uma regionalização de base cooperativa,
respeitando a autonomia dos entes federados. Entre 2004 para 2009 houve no Brasil um grande aumento de
adesão municipal ao Programa, passando-se de 681 municípios habilitados para 2.753. Ressalta-se que no
Estado do Rio, em maio de 2009, só 25 municípios haviam assinado o Termo de Compromisso de Gestão do
Pacto, sendo apenas Campos no Norte e Itaperuna no Noroeste.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 791


que se considerar que os três não tinham avaliações em 1991 porque ainda não eram
emancipados administrativamente, e isto “coincide” com os piores índices de abastecimento
de água no Norte Fluminense. A maioria dos outros habitantes que não recebe água pela
rede geral se utiliza de água advinda de poço ou nascente.

No geral, mesmo com as melhorias importantes entre 1991-2000 na instalação de rede geral
de abastecimento em alguns municípios, ainda há muito o que ser realizado para que todos
os seus habitantes recebam água tratada.

Com relação à qualidade do ar, o VIGIAR (Sistema de Informações do DATASUS) aponta


que o território da Região Norte requer acompanhamento, porque abriga 8 usinas da
agroindústria açucareira e de álcool, do total das 10 existentes no Estado, o que acarreta
poluição aérea, agravada na época da colheita devido à prática das queimadas. (Caderno
de Informações em Saúde, 2009, p.22).

Tabela 31 - Região Norte Fluminense, Moradores / Tipo de Abastecimento de Água, 1991 - 2000
Proporção de Moradores por Tipo de Abastecimento de Água - 1991 e 2000
Municípios da Região Poço ou Nascente
Ano Rede Geral Outra Forma
Norte Fluminense (na Propriedade)

1991 64,5 32,4 3,1


Campos dos Goytacazes
2000 67,0 31,5 1,5
1991 - - -
Carapebus
2000 35,2 64,2 0,6
1991 - - -
Cardoso Moreira
2000 64,5 32,6 2,9
1991 33,5 62,9 3,6
Conceição de Macabu
2000 32,1 66,4 1,5
1991 82,8 14,7 2,5
Macaé
2000 89,3 8,4 2,3
1991 53,7 44,3 2,0
Quissamã
2000 64,3 30,3 5,3
1991 61,5 32,0 6,6
São Fidélis
2000 72,5 22,8 4,7
1991 - - -
São Francisco de Itabapoana
2000 23,4 74,9 1,7
1991 30,4 66,4 3,3
São João da Barra
2000 62,7 36,2 1,1
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde – IBGE / Censos Demográficos, 2009.

Dados referentes ao tipo de instalação sanitária apontam que na maioria dos municípios
existe uma precariedade enorme na área de saneamento. Em 2000 a rede geral de esgoto
mais completa da região era a de Macaé, que atendia a 66,1% da população, similar aos
serviços de São Fidélis, que atendiam a 64,5% de seus habitantes. Impressiona que uma
cidade do porte de Campos tivesse apenas 33,4% de rede sanitária em 2000, menor índice
do que em municípios como Carapebus, 43,6% e Conceição do Macabú, 51%.

792 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 32 - Região Norte Fluminense, Moradores / Tipo de Instalação Sanitária, 991 - 2000
Proporção de Moradores por Tipo de Instalação Sanitária - 1991 e 2000

Outro Escoadouro
Rede Geral Fossa
Municípios da Região Fossa ou não tem
Ano de Esgoto Rudimentar
Norte Fluminense Séptica Instalação
ou Pluvial ou Vala
Sanitária

1991 25,9 17,4 42,4 14,2


Campos dos Goytacazes
2000 33,4 27,6 33,6 5,4
1991 - - - -
Carepebus
2000 43,6 10,7 32,5 13,2
1991 - - - -
Cardoso Moreira
2000 24,3 18,8 36,9 20,1
1991 41,8 1,1 30,5 26,7
Conceição de Macabu
2000 51,0 13,6 32,8 2,7
1991 64,1 9,5 15,4 10,9
Macaé
2000 66,1 15,7 12,2 6,0
1991 11,5 0,9 73,1 14,4
Quissamã
2000 15,9 5,8 75,4 3,0
1991 47,4 14,8 15,8 22,0
São Fidélis
2000 64,5 3,9 19,9 11,6
São Francisco de 1991 - - - -
Itabapoana 2000 0,4 1,4 83,3 14,9
1991 7,7 16,4 55,3 20,6
São João da Barra
2000 18,4 42,5 36,8 2,3
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009.
Os outros municípios da Região também revelaram porcentagens extremamente baixas: em
São João da Barra a rede geral estava disponível para 18,4% de seus habitantes, em
Quissamã para 15,9% e em São Francisco do Itabapoana o sistema era praticamente
inexistente em 2000, 0,4%.
Em Macaé, as 3 ETEs existentes atendiam a cerca de 50% de sua população mas, segundo
informações da Prefeitura Municipal (site da Prefeitura, 2009), uma nova ETE está sendo
construída para atender entre 80 a 100 mil pessoas e há previsão de construção de duas
ETEs mais. Com estas 3 novas Estações toda a população deverá ter tratamento do esgoto,
por um período de quatro anos, sem a necessidade de ampliação da rede.
A Prefeitura Municipal de Quissamã também apresentou novos dados com relação ao
saneamento básico do Município em 2009 (site da Prefeitura). Atualmente o saneamento
oferece cobertura de 100% da população, com estação de tratamento de esgoto terciária
preparada para atender a um aumento populacional de 30.000 pessoas.
A situação fica ainda mais preocupante quando constatado que o tipo de saneamento mais
utilizado em diversos municípios, neste mesmo ano, foi a fossa rudimentar ou vala, que
recebe o esgoto sem nenhum tipo de tratamento, como seria realizado no caso da fossa
séptica. A opção de saneamento “outro escoadouro ou não tem instalação sanitária”
engloba jogar o esgoto no rio, lago ou mar, outro local, não sabe o tipo de escoadouro ou
não tem instalação sanitária, também apresentaram em diversos municípios valores
demasiado elevados.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 793


Assim, o panorama geral de Saneamento na Região era caótico em 2000, especialmente
considerando-se que alguns deles tem receitas municipais suficientes para sanar o
problema, e que este é um tema fundamental tanto em termos de saúde pública como de
proteção às águas e ao meio ambiente de forma geral.

4.2 Atenção Básica


A cobertura da Atenção Básica de Saúde foi verificada pelos indicadores de população
atendida no PACS e no PSF. Na maioria dos municípios do Norte verificou-se aumento da
cobertura, com destaque para Carapebus, que teve toda sua população coberta pelos
Programas entre 2002 e 2007, Conceição do Macabu, que aumentou sua cobertura de
13,4% para 99,5% e Quissamã, que também dobrou seu valor para atender a 110% de seus
habitantes.
Neste mesmo período, Cardoso Moreira ampliou seu percentual para 75,6% da população e
Macaé alcançou 50,5%. Obtiveram menores aumentos São Francisco de Itabapoana, que
alcançou 38,6% de cobertura e São João da Barra, 58,1%. Diminuíram os percentuais de
cobertura na Atenção Básica Campos, que caiu de 47,6% para menos da metade, 21,3% e
São Fidélis, que passou de 32,4% para 28,3%.
A taxa de cobertura do CAPS – Centro de Atenção Psicosocial/100.000 habitantes é outro
indicador importante proposto no Pacto pela Vida, resultando em uma cobertura para a
Região Norte considerada como muito boa (acima de 0,70) de 0,90/100.000 hab.,
apontando para o aumento de acessibilidade às ações comunitárias de saúde mental do
SUS nesta Região, de acordo com o parâmetro estabelecido pelo Ministério da Saúde.
(Caderno de Informações em Saúde, 2009).
Tabela 33 – Região Norte Fluminense, Indicadores da Atenção Básica, 2002 - 2007
Indicadores da Atenção Básica
Municípios da Região 2002 2007
Norte Fluminense PACS PSF Total PACS PSF Total
Campos dos População coberta 1 75.291 121.676 196.967 29.153 63.080 92.233
Goytacazes % população coberta
pelo programa 18,2 29,4 47,6 6,7 14,6 21,3
População coberta 1 4.111 5.179 9.290 - 11.342 11.342
Carapebus % população coberta
pelo programa 45,3 57,1 102,5 - 107,0 107,0

Cardoso População coberta 1 8.788 - 8.788 7.497,00 1.895 9.392


Moreira % população coberta
pelo programa 70,0 - 70,0 60,4 15,3 75,6

Conceição de População coberta 1 - 2.571 2.571 10.921 9.058 19.979


Macabu % população coberta
pelo programa - 13,4 13,4 54,4 45,1 99,5
População coberta 1 2.592 44.356 46.948 3.880 79.378 83.258
Macaé % população coberta
pelo programa 1,8 31,6 33,4 2,4 48,1 50,5
População coberta 1 - 7.603 7.603 - 18.077 18.077
Quissamã % população coberta
pelo programa - 53,0 53,0 - 110,2 110,2
População coberta 1 12.078 - 12.078 10.961 - 10.961
São Fidélis % população coberta
pelo programa 32,4 - 32,4 28,3 - 28,3

São Francisco População coberta 1 6.274 - 6.274 12.046 6.386 18.432


de Itabapoana % população coberta
pelo programa 14,7 - 14,7 25,2 13,4 38,6

São João da População coberta 1 6.347 - 6.347 14.499 2.315 16.814


Barra % população coberta
pelo programa 22,7 - 22,7 50,1 8,0 58,1
Notas: (1): Situação no final do ano -- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde, 2009
794 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Observa-se ainda que em diversos casos não havia informações sobre os Programas, seja
pela própria desinformação ou por inexistência nos municípios e que a cobertura da Atenção
Básica para Campos e Macaé, considerando-se o porte de ambos municípios era
extremamente inferior ao desejado, especialmente em Campos, que cobria apenas 21,3%
da população, um dos piores índices regionais.

Entretanto, as informações do “site” da Prefeitura de Macaé foram diferentes desta análise,


pois diz-se que os Programas de Saúde do município dão cobertura à quase toda a
população e que, devido ao êxito do sistema a cidade foi apontada como modelo nacional
neste quesito, sendo que foram instaladas novas unidades básicas de saúde e módulos do
PSF.

O Caderno de Informações da Saúde também apresenta os dados mais atualizados de


2008, indicando que Campos melhorou expressivamente a oferta destes serviços, passando
a ocupar, juntamente com Quissamã, as posições de maior cobertura do PSF na Região,
variando entre 75 e 100% de população atendida, conforme representado no Mapa
seguinte.

Os dados do Programa da Família de 2008, do Norte Fluminense, apontam os mais baixos


valores, de até 25% de cobertura, para os Municípios de São Fidélis, São Francisco de
Itabapoana e Carapebus. São João da Barra ocupou uma posição intermediária, oferecendo
cobertura a até 50% de sua população. Ressalta-se que a Região Noroeste concentrou o
maior número de municípios com as maiores coberturas do PSF, indicando uma vantagem
no que se refere à saúde preventiva em detrimento da situação enfrentada na Região Norte.

Os dados de porcentagem da Saúde Bucal de 2008, conforme Mapa acima, apontam que os
valores mais baixos de cobertura para até 25% da população, ocorreram em Italva e
Itaocara, localizados no Noroeste Fluminense e em Cardoso Moreira, localizado no Norte, e
que os demais municípios apontam para uma cobertura de mais de 25% de sua população.
Quissamã e Campos apresentam as maiores coberturas da Saúde Bucal, variando de 75 a
100%.

Na Região Noroeste existem mais municípios com alta cobertura deste serviço, de 75 a
100%, assim como identificado anteriormente na cobertura do PSF, demonstrando uma
estrutura mais completa do que a Região Norte, nestes quesitos.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 795


Mapa 8 - Região Norte Fluminense, Cobertura do Programa Saúde da Família, 2008

Fonte: Caderno de Informações em Saúde, 2009

796 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 9 – Região Norte Fluminense, Cobertura da Saúde Bucal, 2008

Fonte: Caderno de Informações em Saúde, 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 797


4.3 Estabelecimentos de Saúde e Público Atendido
Os tipos de estabelecimento de saúde na Região foram divididos em duas Tabelas, em que
se identificam: Centro de Saúde ou Unidade Básica de Saúde, Posto de Saúde, Unidade de
Vigilância em Saúde, Hospital Especializado, Hospital Geral, Hospital Dia, Pronto Socorro
Geral ou Especializado, Policlínica, Clínica Especializada / Ambulatório Especializado,
Unidade de Serviço de Apoio de Diagnose de Terapia e Consultório Isolado.
Tabela 34 – Região Norte Fluminense, Número de Unidades por Tipo de Prestador Segundo
Tipo de Estabelecimento – Dezembro 2007
Número de Unidades por Tipo de Prestador Segundo Tipo de Estabelecimento – Dezembro 2007
Municípios da Região Norte Centro de Saúde / Unidade Posto de Unidade de Vigilância
Fluminense Básica de Saúde Saúde em Saúde
Público 81 38 1
Filantrópico - - -
Campos dos
Privado 1 - -
Goytacazes
Sindicato 2 - -
Total 84 38 1
Público 8 - 1
Filantrópico - - -
Carapebus Privado - - -
Sindicato - - -
Total 8 - 1
Público 6 3 1
Filantrópico - - -
Cardoso Moreira Privado - - -
Sindicato - - -
Total 6 3 1
Público 1 10 1
Filantrópico - - -
Conceição de Macbu Privado - - -
Sindicato - - -
Total 1 10 1
Público 41 3 1
Filantrópico - - -
Macaé Privado - - -
Sindicato - - -
Total 41 3 1
Público 12 - 1
Filantrópico - - -
Quissamã Privado - - -
Sindicato - - -
Total 12 - -
Público 11 3 -
Filantrópico - - -
São Fidélis Privado - - -
Sindicato - - -
Total 11 3 -
Público 19 - -
Filantrópico - - -
São Francisco de
Privado - - -
Itabapoana
Sindicato - - -
Total 19 - -
Público 10 - -
Filantrópico - - -
São João da Barra Privado - - -
Sindicato - - -
Total 10 - -
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009 -- = Não há informação

798 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Na Região, Campos se destacou pelo maior número de instituições de saúde. Possui 81
Centros de Saúde ou UBS e 38 Postos de Saúde, 9 Hospitais Gerais, 4 Hospitais
Especializados e 1 Hospital Dia. São 6 Pronto Socorros e 12 Policlínicas e mais uma série
de instituições que lidam com tratamentos especializados, formando uma rede ampla de
atenção à população local e regional.
Seus hospitais são: Hospital Beneficência Portuguesa, Hospital Geral de Guarus (HGG),
Hospital Ferreira Machado, Hospital Geral Dr. Beda, Hospital Unimed, Hospital Pró Clinica,
Prontocardio, Hospital São José, Hospital de Ururaí, Hospital de Travessão, Hospital Álvaro
Alvim, Santa Casa, Hospital Psquiatrico João Viana e Hospital dos Plantadores de Cana.
Macaé possui 41 Centros de Saúde/UBS, mas apenas 3 Postos de Saúde. Tem 5 Hospitais
Gerais, 1 Especializado, 3 Pronto Socorros e 7 Policlínicas, sendo também elevado o
número de instituições voltadas para a atenção às especialidades medicas. O Hospital
Público Municipal Dr. Fernando Pereira da Silva é uma referência regional. A Prefeitura
construiu ainda o Hospital Geral da Serra e está construindo o Hospital da Mulher, voltado
para o planejamento familiar.
Ambos municípios apontam para uma proporcionalidade entre tamanho de população e
instituições de saúde existentes, faltando todavia, uma avaliação quanto a qualidade dos
serviços prestados.
Carapebus, Cardoso Moreira tem cada um cerca de 8 unidades básicas de atenção
primária. Conceição do Macabú, Quissamã e São João da Barra tem aproximadamente 11
cada. São Fidélis possui 14 unidades de atenção básica e São Francisco de Itabapoana tem
o maior número, 19 unidades. Todos estes municípios não apresentam grandes variações
quanto estes índices.
Em Carapebus, Cardoso Moreira e Conceição do Macabú praticamente não existem
unidades de saúde de maior complexidade. Cardoso Moreira possui o Hospital José
Salgueiro e Conceição do Macabu tem o Hospital Ana Moreira. Dos três apenas Carapebus
possui 1 Pronto Socorro e Cardoso Moreira tem 1 Policlínica privada.
Em Quissamã existe 1 Hospital Geral e 2 Clínicas Especializadas, ambos do serviço público.
São Fidélis possui 2 Hospitais Gerais, 1 público e 1 privado, 1 Policlínica privada, 4 Clínicas
Especializadas. Já São Francisco do Itabapoana possui 1 Hospital Geral , 2 Pronto-Socorros
e 1 Policlínica, mas esta é privada e por fim São João da Barra tem 1 Hospital Geral, 2
Pronto Socorros e 2 Policlínicas.
Fotos 12 e 13 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Hospital Municipal e Ambulância

Fonte: Foto das autoras

Destes municípios, a maioria possui Vigilância Sanitária, à exceção de São Fidélis, São
Francisco do Itabapoana e São João da Barra, que provavelmente deixam lacunas
importantes nesta área municipal.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 799
Tabela 35 – Região Norte Fluminense, Número de Unidades por Tipo de Prestador Segundo Tipo de Estabelecimento – Dezembro 2007

Número de Unidades por Tipo de Prestador Segundo Tipo de Estabelecimento


Dezembro 2007
Unidade de
Pronto Clinica
Serviço
Hospital Hospital Hospital Socorro Especializada/ Consultório
Municípios da Região Norte Fluminense Policlínica de Apoio de
Especializado Geral Dia Geral ou Ambulatório Isolado
Diagnose e
Especializado Especializado
Terapia
Campos dos Público/Filantrópico - 5 - 3 5 6 - 12
Goytacazes Privado/Sindicato 4 5
4 1 3 7 6
28 19 149
Público/Filantrópico 4- - - 1 - - - 1
Carapebus
Privado/Sindicato - - - - - - - -
Público/Filantrópico - - - - - - -
Cardoso Moreira
Privado/Sindicato - - - - 1 1- - -
Conceição de Público/Filantrópico - - - - - -
Macbu Privado/Sindicato - 1- - - - 4- 2
Público/Filantrópico - 3 - 3 5 3 2- 5
Macaé 3 3
Privado/Sindicato 1 2 - - 2 18 20 84
Público/Filantrópico 1- 1 - - - 2 - 1
Quissamã
Privado/Sindicato - 1- - - - - 1 1
Público/Filantrópico - 1 - - - 3 1 4
São Fidélis
Privado/Sindicato - 1 - - 1 1 1 9
São Francisco de Público/Filantrópico - 1 - 2 - - 1- -
Itabapoana Privado/Sindicato - - - - 1 - 3 -
Público/Filantrópico - 1 - 2 1 - - 1
São João da Barra
Privado/Sindicato - - - - 1 - - 1
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde – IBGE / Censos Demográficos.

800 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Com relação ao público atendido, dados de dezembro de 2007 revelam que Campos
atendeu a maior quantidade de público da Região, em sua maioria na Atenção Ambulatorial,
sendo 163 pessoas pelo SUS, 158 no sistema particular e 174 pelo Plano de Saúde Privado.
As internações realizadas nestes âmbitos, tomando-se o mês de dezembro como referência,
foram similares, cerca de 11 pacientes, e na urgência também, de aproximadamente 14
pacientes. Nos serviços de diagnose e terapia foram aproximadamente 54 internações em
Instituições Particulares e através do Plano de Saúde Privado e 22 realizadas pelo SUS.
Tabela 36 – Região Norte Fluminense, Número de Estabelecimentos Segundo o Público
Atendido – Dezembro 2007
Número de Estabelecimentos Segundo o Público Atendido - Dezembro 2007
Municípios da Região Norte Diagnose e
Internação Ambulatorial Urgência
Fluminense Terapia
SUS 10 163 15 22
Campos dos Particular 12 158 14 58
Goytacazes Plano de Saúde Público 1 8 - 2
Plano de Saúde Privado 11 174 14 52
SUS - 10 2 2
Particular - - - -
Carapebus
Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado - - - -
SUS - 12 1 8
Cardoso Particular - - - -
Moreira Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado - - - -
SUS 1 16 1 3
Conceição de Particular - 4 - 2
Macabu Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado - 2 - 1
SUS 3 67 8 19
Particular 4 100 12 45
Macaé
Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado 3 96 11 44
SUS 1 16 1 9
Particular - - - -
Quissamã
Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado - - - -
SUS 2 31 2 8
Particular 2 11 2 5
São Fidélis
Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado 2 8 2 5
SUS 1 22 3 4
São Francisco Particular - 1 - 4
de Itabapoana Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado - 1 - 2
SUS 1 17 3 4
São João da Particular 1 3 - 3
Barra Plano de Saúde Público - - - -
Plano de Saúde Privado 1 2 - 2
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009. -- = Não há informação
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 801
O atendimento ambulatorial maior, depois de Campos, ocorreu em Macaé, com 100
atendimentos particulares, 96 realizados pelo Plano de Saúde Privado e 67 pelo SUS, o que
aponta para uma grande parcela da população utilizando-se dos serviços particulares e não
públicos do Sistema de Saúde. A urgência também variou entre 8 e 11 atendimentos nos
diferentes estabelecimentos e a diagnose e terapia efetivaram 45 atendimentos pela rede
particular e pelo Plano Privado cada e pelo SUS foram 19 atendimentos.

Nos outros municípios do Norte Fluminense, Carapebus e Cardoso Moreira não realizaram
nenhuma internação neste período e nos restantes as internações variaram entre 1 e 10
pacientes. Nestes, a maioria dos atendimentos ambulatoriais ocorreu apenas pelo SUS,
entre 31 em São Fidélis e 10 em Carapebus. A urgência apresentou números bem menores,
variando entre 1 a 3 atendimentos em dezembro e os serviços de diagnose e terapia
também receberam menos pacientes do que as outras modalidades de atenção, variando
entre 2 em Carapebus e 18 em São Fidélis.

4.4 Leitos por Habitantes

Segundo a Tabela abaixo, São Fidélis tem mais leitos por 1.000 habitantes, 5,5, sendo 4,6
destes do SUS, seguido por Campos, 4,3 leitos/1000 hab., com 3,3 destes sendo do SUS.
Conceição do Macabu e Macaé ofereciam 3,5 leitos/1000 hab. cada, sendo que no primeiro
3,5 eram do SUS e no segundo este valor do SUS caiu para 2,0, revelando que em Macaé
quase a metade dos leitos é privado.
Tabela 37 – Região Norte Fluminense, Leitos de Internação/1000 Habitantes – Janeiro 2000
Leitos de Internação por 1.000 Habitantes
Janeiro 2000
Municípios da Região Leitos Existentes Leitos SUS
Norte Fluminense por 1.000 habitantes por 1.000 habitantes
Campos dos Goytacazes 4,3 3,3
Carapebus - -
Cardoso Moreira - -
Conceição de Macabu 3,5 3,5
Macaé 3,5 2,0
Quissamã (0,2) 3,0
São Fidélis 5,5 4,6
São Francisco de Itabapoana 0,9 0,9
São João da Barra 2,2 1,7
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009.

Assim, no Norte, os municípios com menos oferta de leitos/1.000 hab. em 2000 foram São
João da Bar, com 2,2 (sendo 1,7 do SUS) e São Francisco do Itabapoana com 0,9
leitos/1.000 hab. (todos do SUS).
Mais recentemente, no Estado, em dezembro de 2008 havia um total de 24.341 leitos gerais
destinados ao SUS (excluídos leitos psiquiátricos, leitos de crônicos e hospital-dia), numa
razão 1,5 leitos/ 1000 hab. A distribuição de leitos, todavia, foi muito desproporcional entre
as regiões, sendo que a Noroeste apresentou o maior número de leitos, de 7,8/ 1.000
habitantes.

Comparando-se com esta referência em 2000, na Região Norte apenas São Francisco do
Itabapoana apresentou o número de leitos abaixo da média de estadual 1,5 leitos/1.000 hab.
e a maioria de seus municípios possuía este indicador bem acima da média.
802 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Entretanto, os parâmetros mais atuais da Portaria GM/MS n° 1.101/2002, consideram que
os valores satisfatórios devem ser de 2,5 a 3 leitos/1.000 hab. Com base nesta referência,
em 2002, a Região apresentou um quantitativo de leitos gerais SUS (excluídos leitos de
Psiquiatria, crônicos e hospital-dia) de 1.732, 2,2 leitos/1.000 hab., valor este inferior aos
parâmetros, que representaria entre 1.972 a 2.336 leitos para o Norte. (Caderno da Saúde,
2009). Nesta perspectiva, apenas 3 municípios atingiram o parâmetro, São Fidélis, 4,2
leitos, Conceição do Macabu, 3,5 leitos e Quissamã, 2,5 leitos/1.000 hab.

O estudo constatou ainda que, teoricamente, não existe carência de leitos de UTI na
Região, uma vez que o parâmetro esperado era de 79 leitos e havia 84 cadastrados, sendo
que a maioria de 91,7% de leitos de UTI estava em Campos. Além disto, das 19 unidades
hospitalares existentes na Região, 1 tem menos de 30 leitos, 4 possuem de 31 a 50 leitos, 8
de 101 a 200 leitos, 1 de 201 a 300 leitos e 1 de 301 a 500 leitos.

Referente à Unidade Intermediária, existiam 70 leitos na Região, sendo 55 em Campos, 12


em Macaé, 2 em Quissamã e 1 em São Fidélis. Por outro lado, Carapebus não dispõe de
leitos hospitalares em sua rede; as Unidades de Atenção Básica representaram uma média
de 60% de sua capacidade e os ambulatórios de Média Complexidade ficaram com os
outros 40%.

Carapebus possui atualmente convênio com Quissamã, para que seus habitantes tenham
acesso a exames, cirurgias e intervenções no Hospital Municipal Mariana Maria de Jesus,
que tem 160 leitos, incluindo obstetrícia, ortopedia, otorrino, oftalmo e exames de Média e
Alta Complexidade. Antes mantinham convênio com a Irmandade São João Batista, em
Macaé, o qual foi cancelado pelo problema da superlotação.

Em 2007, nas especialidades de Cirurgia Geral, Gastroenterologia, Neurocirurgia,


Oftalmologia, Oncologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia, Proctologia, Tisiologia e Urologia a
produção anual da Região Norte apresentada foi inferior às necessidades, considerando-se
o parâmetro mínimo indicado. A quantidade de procedimentos ortopédicos, no entanto,
estava muito superior, mas este valor não traduz obrigatoriamente suficiência regional,
devendo ser confrontado com a quantidade de cirurgias ortopédicas realizadas, conforme
apontado pelo Caderno de Saúde (2009).

4.5 Intervenções e Procedimentos

De acordo com os dados do Caderno de Saúde (2009), considerando-se as internações


realizadas, entre as principais causas de hospitalização no Estado predominaram gravidez,
parto e puerpério, tanto em 1998 como em 2007, apesar de queda expressiva neste último
ano. Em segundo e terceiro lugares ficaram as doenças do aparelho circulatório e
respiratório, seguido das doenças do aparelho digestivo e das neoplasias, que aumentarem
bastante sua frequência neste mesmo período.

Ressalta-se a redução da proporção de internações por transtornos mentais e


comportamentais e o aumento de causas externas, sem grandes diferenciais por sexo.
Neste grupo de doenças, 75% das internações de 2007 se concentraram nas faixas etárias
entre 25 a 54 anos. Não houve aumento quanto às doenças infecciosas e parasitárias na
proporção de internações por grupos de causas.

Referente às internações por neoplasias, destacaram-se as de mama, colo de útero e colón,


junção retossigmóide, reto e ânus, com a maior concentração de internações realizadas na
faixa etária dos 40-49 anos. Segundo a pesquisa, considerando que a população fluminense
enfrenta contínuo envelhecimento, as doenças do aparelho circulatório tendem a aumentar,
apesar de haverem se mantido quase estáveis desde 2003.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 803


A proporção de internações por doenças do aparelho digestivo apresentou ligeiro aumento
no Estado, sendo que o maior grupo, de 31%, foi devido a Hérnias (inguinal, umbilical e
ventral). Mais especificamente, para o Norte Fluminense, o percentual de internação por
diabetes mellitus revelam que em São Fidélis, Quissamã e São Francisco do Itabapoana
apresentaram índices quase duas vezes superiores ao estadual, 1,71%, variando de 3,13%
a 3,58%. Já o percentual de internações por Hipertensão Arterial foi maior em Conceição de
Macabu, com 6,11% e Quissamã, com 3,11%, sendo que o valor estadual foi de 1,40%.

Estes dados se confirmam no Caderno de Informações em Saúde (2009), pois a Região


possui taxas de internação por AVC de 28,21/10.000 hab. e por DM e suas complicações de
22,04/10.000 hab., ambas bem acima da média estadual, para 2007, sendo
respectivamente, 22,53 e 12,4. Isto avalia indiretamente as ações de prevenção e controle
dos fatores de risco para as complicações de HAS (hipertensão arterial) e DM (diabetes
mellitus), como o tabagismo.

Relativo aos locais de internação, observa-se que foram realizadas mais internações
hospitalares em Campos, 7,23, seguido de perto por São Fidélis, 6,81 e Quissamã, 6,68,
conforme a Tabela abaixo. Macaé e Conceição de Macabu apresentaram cerca da metade
destas internações, 3,5 cada e São João da Barra e São Francisco de Itabapoana tiveram o
menor número de internações/100 hab., 1,67 e 2,38, respectivamente.

Esta variação também é verificada no valor médio gasto em assistência hospitalar por
habitante, que variou de R$5,82 em São Francisco de Itabapoana, até R$ 66,50 em
Campos. Em 2008, o Estado apresentou uma cobertura de internação hospitalar de 3,68%
quando o parâmetro preconizado de internação/ano para a população em geral é de 7 a 9%
de internação. Neste mesmo ano, na Região Norte a cobertura de internação hospitalar foi
de 5,85%, superior a do Estado.
Tabela 38 – Região Norte Fluminense, Assistência Hospitalar – Valores Médios Anuais, 2007
Valores Médios Anuais – 2007
Internações/100 Internações/100
Municípios da Região Norte Valor Médio por
Habitantes Habitantes
Fluminense Habitante (R$)
(Local de Internação) (Local de Residência)
Campos do Goytacazes 7,23 6,71 66,50
Carapebus - 2,38 -
Cardoso Moreira - 3,90 -
Conceição de Macabu 3,43 5,07 9,90
Macaé 3,82 3,91 17,64
Quissamã 6,68 7,30 18,70
São Fidélis 6,81 8,39 43,35
São Francisco de Itabapoana 1,67 4,30 5,82
São João da Barra 2,38 6,09 7,81
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009

804 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 39 – Região Norte Fluminense, Razão de Equipamentos / Contingente Populacional, 2008

Razão de Equipamentos por Contingente Populacional nas Regiões – 2008

Tomógrafo Ressonância
Equipamento Mamógrafo Raio X Ultrassom
Computadorizado Magnética

Necessidade Necessidade Necessidade Necessidade Necessidade


Parâmetro
1/240.000hab 1/25.000hab 1/100.000hab 1/500.000hab 1/25.000hab

SUS Necessário Diferença SUS Necessário Diferença SUS Necessário Diferença SUS Necessário Diferença SUS Necessário Diferença

Região Noroeste
6 1 5 47 13 34 4 3 1 1 0 1 45 13 32
Fluminense

Região Norte
10 3 7 50 32 18 9 8 1 2 2 0 44 32 12
Fluminense

Fonte: Caderno de Informações em Saúde, 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 805


Relativo à quantidade de equipamentos existentes no Norte Fluminense, os dados são
apresentados na Tabela acima. A razão por contingente populacional de alguns
equipamentos selecionados foi baseada nos parâmetros estabelecidos pela Portaria GM/MS
n° 2002, considerando-se os equipamentos SUS em uso, tanto aqueles disponíveis para
pacientes internados como não internados.

No Estado, os mamógrafos existentes em todas as regiões apresentaram números


superiores ao necessário, com o total de 50% a mais. Em 2008, no Norte existiam 10
mamógrafos, quando o necessário seriam 3: 6 unidades estavam em Campos, em
Carapebus, Macaé, São Fidélis e São Francisco do Itabapoana, 1 unidade cada.

Os equipamentos de média tecnologia tais como raios X e ultrassom também existiam em


quantidade suficiente, bem como a quantidade de tomógrafos computadorizados e as
ressonâncias magnéticas. A Região possuía ainda 3 serviços de hemodiálise, estando 2
localizados em Campos e 1 em Macaé onde, pelos parâmetros de população, seriam
necessários 4 serviços.

Em 2007, no Norte Fluminense Quissamã e Carapebus apresentaram os números mais


altos de procedimentos básicos/hab., respectivamente 17,99 e 16,61, seguido por Macaé e
Campos, com cerca de 11,5 procedimentos básicos/hab. Cardoso Moreira, São João da
Barra, Conceição do Macabu tiveram uma média de 9 procedimentos básicos/hab. e os
municípios com menor número de procedimentos foram São Francisco do Itabapoana, 6,37
e São Fidélis, 5,47 procedimentos/hab.

Ressalta-se que em alguns municípios o valor de procedimentos especializados por


habitante foi bem mais elevado do que em outros, sendo os maiores valores de São João da
Barra, R$ 30,19, seguido por valores próximos de São Francisco do Itabapoana, Conceição
do Macabu e São Fidélis, de aproximadamente R$ 20,00/ hab. O menor valor de
procedimentos verificou-se em Carapebus, de R$ 10,19. A mesma variação ocorreu nos
valores dos procedimentos de Alta Complexidade, indo de R$ 2,29 em São Fidélis a
R$30,30 em Campos. Alguns municípios não ofereceram procedimentos de Alta
Complexidade, o que explica a ausência de dados.
Tabela 40 – Região Norte Fluminense, Assistência Ambulatorial - Valores Médios Anuais de
Procedimento, 2007
Valores Médios Anuais de Procedimentos – 2007
Nº de Valor
Valor Procedimentos
Municípios da Região Procedimentos Procedimentos
Alta Complexidade /
Norte Fluminense Básicos / Especializados /
Habitante
Habitante Habitante
Campos do Goytacazes 11,85 18,81 30,30
Carapebus 16,61 10,19 -
Cardoso Moreira 10,86 18,15 -
Conceição de Macabu 8,84 21,66 11,54
Macaé 11,26 16,75 18,76
Quissamã 17,99 18,84 11,11
São Fidélis 5,47 20,51 2,29
São Francisco de Itabapoana 6,37 22,92 -
São João da Barra 9,48 30,19 -
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009.

806 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


4.6 Natalidade, Mortalidade e Atenção Básica
Os dados referentes aos nascimentos nos anos de 1997, 2000, 2003 e 2006 apontaram que a
taxa bruta de natalidade decresceu em quase todos os municípios da Região, exceto em
Carapebus e Cardoso Moreira. Em 2006, a taxa variou bastante, entre 11,6% em São Fidélis e
19,6% em Macaé, quase o dobro. A maior queda neste percentual se verificou em São João da
Barra, de 22,7% em 1997 para 13,7% em 2006.
O Caderno da Saúde (2009) revelou que todos os municípios apresentaram taxa de cesárea
superior ao esperado, sem relação direta com o grau de cobertura do PSF. Por exemplo, em
Carapebus, em 2007, 74,2% dos partos foram cesáreos, similar ao índice de 72,7% em Cardoso
Moreira. Neste ano, o menor índice foi o de São Francisco do Itabapoana, de 48,4% de
cesáreas, ainda bastante elevado.
Tabela 41 - Região Norte Fluminense, Nascimentos - 1997, 2000, 2003 e 2006
Informações Sobre Nascimentos
% de Mães
Municípios da Região Número de Taxa Bruta de % de Partos % de Mães com
com 10-14
Norte Fluminense Nascidos Vivos Natalidade Cesáreos 10-19 Anos
Anos
1997 8.831 22,5 37,2 21,7 0,8
Campos dos 2000 8.075 19,8 39,5 22,8 0,9
Goytacazes 2003 7.651 18,4 43,0 22,4 1,0
2006 7.489 17,4 52,5 20,7 1,0
1997 108 12,8 55,6 20,6 3,7
2000 136 15,7 72,8 24,3 1,5
Carapebus
2003 134 14,0 75,4 20,9 2,2
2006 151 14,5 74,2 22,5 -
1997 163 13,7 63,8 18,5 0,6
Cardoso 2000 188 14,9 52,7 24,2 -
Moreira 2003 162 12,9 61,1 20,4 -
2006 184 14,8 72,7 27,2 1,1
1997 378 20,4 52,3 26,9 1,1
Conceição de 2000 369 19,6 59,2 27,2 1,9
Macabu 2003 299 15,7 58,2 20,3 1,0
2006 298 15,0 67,7 27,2 1,3
1997 2.573 21,8 60,4 25,8 1,0
2000 2.635 19,9 56,6 24,9 0,8
Macaé
2003 2.697 18,7 54,5 20,5 0,9
2006 3.151 19,6 69,9 21,3 0,6
1997 290 22,3 40,0 25,4 1,1
2000 259 18,9 51,0 27,4 1,2
Quissamã
2003 283 19,3 45,2 24,2 0,4
2006 297 18,5 60,9 24,9 0,3
1997 555 15,0 68,7 18,4 0,2
2000 557 15,1 55,1 22,8 0,9
São Fidélis
2003 471 12,6 64,3 17,4 0,8
2006 446 11,6 71,7 14,3 -
1997 647 17,8 24,7 27,0 0,8
São Francisco 2000 645 15,7 33,2 24,5 1,2
de Itabapoana 2003 657 15,1 33,0 23,0 1,8
2006 611 13,0 48,4 23,9 1,3
1997 649 22,7 38,7 21,6 0,3
São João da 2000 523 18,9 46,2 25,3 1,3
Barra 2003 445 15,8 46,7 21,2 0,7
2006 395 13,7 52,3 21,5 0,8
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 807
Considerando-se as taxas brutas de natalidade de 2006, mostradas no Gráfico abaixo,
revelaram um valor mais elevado em Macaé, 19,6%, seguido de perto por Quissamã, 18,5%
e Campos, 17,4%. Carapebus. Cardoso Moreira e Conceição do Macabu tiveram em média
14,5% de taxa de natalidade, seguido de perto por São João da Barra, 13,7% e São
Francisco do Itabapoana, 13%. O menor percentual de natalidade freqüência de natalidade
foi encontrado em São Fidélis, com 11,6%. Verificou-se também que entre este município e
Macaé, com a maior taxa de 19,6%, há uma variação expressiva 9% a menos.
Gráfico 18 – Região Norte Fluminense, Taxas Brutas de Natalidade, 2006
Taxas Brutas de Natalidade dos M unicípios da Região Norte Flumine nse - 2006
Taxa Bruta de Natalidade (%)
30

25

19,6
20 18,5
17,4
14,5 14,8 15,0
15 13,0 13,7
11,6

10

0
Campos dos Carapebus Cardoso Conceição de Macaé Quissamã São Fidélis São Francisco São João da
Goytacazes Moreira Macabu de Itabapoana Barra
Municípios

Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos

No Gráfico seguinte, fica claro que, na maioria dos municípios do Norte, foi pequeno o
percentual de mães de 10-14 anos, sendo maior em Conceição do Macabu e São Francisco
de Itabapoana, 1,3%, com valores inexistentes em Carapebus e São Fidélis e próximo de
zero em Quissamã, 0,3%.
Já o percentual de mães de 10 -19 anos foi bastante elevado em todos os municípios que
apresentaram taxa acima de 20%, à exceção de Campos e São Fidélis. Os maiores índices
foram os de Cardoso Moreira e Conceição de Macabu, 27,2%.
Segundo informações do Caderno de Informações em Saúde (2009), a oferta de serviços de
planejamento familiar na Região Norte, além de ser a menor de todo o Estado sofreu uma
queda de 9,1% entre 2000-2005 e ainda, a cobertura de Saúde da Família ocupava a pior
posição no ranking. Esta conjuntura de dados aponta para problemas como a gravidez
“precoce” ou “indesejada” como uma questão social preocupante na Região e que precisará
ser melhor trabalhada nas políticas públicas de saúde, especialmente de saúde da mulher,
junto à população jovem e suas famílias.
Gráfico 19 - Região Norte Fluminense, Percentual de Mães de 10 a 14 Anos e de 10 a 19 Anos -
2006
Percentual de Mães de 10 a 14 Anos e de 10 a 19 Anos dos Municípios da Região Norte Fluminense- 2006
% de mães
30
27,2 27,2
24,9
25 23,9
22,5
20,7 21,3 21,5

20

14,3
15

10

5
1,0 1,1 1,3 0,6 1,3 0,8
- 0,3 -
0
Campos dos Carapebus Cardoso Moreira Conceição de Macabu Macaé Quissamã São Fidélis São Francisco de São João da Barra
Goytacazes Itabapoana
Municípios

% de Mães com 10-14 anos % de Mães com 10-19 anos

Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009.

808 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


A Tabela seguinte também aponta para questões importantes per si e que possibilitam
interferências com relação à qualidade de atendimentos de diferentes áreas na Saúde,
como o trabalho elaborado pelo PSF, de planejamento familiar, etc., indicando o percentual
de cobertura vacinal e a prevalência de desnutrição infantil nos municípios.
Em todos os municípios do Norte, entre 2002-2007 houve grande percentual de cobertura
vacinal em dia para as crianças e poucas variações entre os municípios, geralmente acima
de 97%, sendo que Carapebus apresentou percentual próximo ou igual a 100% em todos os
anos e praticamente todos apresentaram melhoria em sua cobertura ao longo do período
total avaliado.
Além disto, conhecer o percentual de desnutrição infantil é muito útil no monitoramento do
estado de populações infantis, para subsidiar uma política de Segurança Alimentar e
Nutricional, bem como embasar a implementação de Programas de Suplementação
Alimentar.
Uma das Metas do Milênio, estabelecida pela Assembléia Geral das Nações Unidas em
2000, é reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população que passa fome,
incluindo as crianças com menos de 5 anos de idade desnutridas.
A desnutrição infantil vem se reduzindo no País, tendo diminuído de 18,4%, em 1975, para
4,6%, em 2003, correspondendo a uma queda de aproximadamente 75%, que pode ser
explicado pelas políticas de saúde e distribuição de alimentos implementadas no Brasil,
incluindo a atuação da Pastoral da Criança, a partir da melhoria das condições de saúde e
de alimentação das crianças, embora esta não tenha sido homogênea para todas as
Regiões. (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – Brasil, 2008, p. 256, 257).
Na Região, a prevalência de desnutrição em crianças menores de 2 anos/100 ainda foi
elevada em Carapebus, Cardoso Moreira, Conceição do Macabu, Quissamã e São
Francisco de Itabapona em 2002. Entretanto, sofreu queda em todos os municípios do Norte
Fluminense até 2007, quando apresentaram a maior taxa de desnutrição Quissamã, 4,4
seguido por Macaé, 2,5 e as menores taxas se encontraram em Campos, Cardoso Moreira e
Conceição de Macabu, inferior a 1.
Tabela 42 – Região Norte Fluminense, Indicadores da Atenção Básica, 2002 - 2007
Indicadores da Atenção Básica
Municípios da Região Norte Fluminense 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Campos dos % de crianças c/ esq.vacinal básico em dia 1 94.3 95.8 96.2 97.0 97.7 97.6
Goytacazes Prevalência de desnutrição 2 2.7 2.6 1.2 0.7 1.2 0.7
% de crianças c/ esq.vacinal básico em dia 1 99.26 99.31 99.93 99.78 99.57 100.0
Carapebus
Prevalência de desnutrição 2 6.85 2.05 1.17 3.75 1.52 2.5
Cardoso % de crianças c/ esq.vacinal básico em dia 1 82.7 97.2 98.0 99.8 98.2 98.7
Moreira Prevalência de desnutrição 2 12.2 6.1 3.4 1.0 1.2 0.9
Conceição de % de crianças c/ esq.vacinal básico em dia 1 73.5 92.0 97.9 99.2 99.6 100.0
Macabu Prevalência de desnutrição 2 12.8 5.5 5.3 2.2 0.5 0.8
% de crianças c/ esq.vacinal básico em dia 1 97.5 98.4 96.5 96.6 97.3 97.8
Macaé
Prevalência de desnutrição 2 5.0 3.5 3.5 3.1 2.9 2.6
% de crianças c/ esq.vacinal básico em dia 1 95.8 97.7 98.4 98.8 98.6 98.8
Quissamã
Prevalência de desnutrição 2 9.9 10.6 4.8 3.8 3.6 4.4
% de crianças c/ esq.vacinal básico em dia 1 97.3 98.7 97.7 99.5 99.7 99.4
São Fidélis
Prevalência de desnutrição 2 4.5 2.8 3.5 4.0 3.0 1.7
São Francisco % de crianças c/ esq.vacinal básico em dia 1 95.6 98.7 91.5 98.1 99.6 99.7
de Itabapoana Prevalência de desnutrição 2 7.8 2.0 3.6 0.9 2.4 1.0
São João da % de crianças c/ esq.vacinal básico em dia 1 99.4 99.4 99.8 99.6 99.7 100.0
Barra Prevalência de desnutrição 2 1.1 0.2 - 2.2 3.9 1.8
Notas: (1): Como numeradores e denominadores, foi utilizada a média mensal dos mesmos. (2): em menores de 2 anos, por
100. -- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - Secretaria Executiva - DATASUS - Caderno de Informações de Saúde -
IBGE/Censos Demográficos, 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 809


Outros indicadores significativos apresentados são a expectativa de vida da população e a
investigação da causa dos óbitos, Este último um indicador sensível para aferir a qualidade
dos serviços de saúde, da Atenção Básica, da assistência hospitalar prestada, o contexto
epidemiológico e outros fatores.

A taxa de mortalidade infantil é também importante para avaliar-se a saúde de uma


população. Pode contribuir para a compreensão da disponibilidade e acesso aos serviços e
recursos relacionados à Saúde, como a atenção ao pré-natal e ao parto, a vacinação contra
doenças infecciosas infantis, a disponibilidade de saneamento básico, entre outros.
(Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – Brasil, 2008, p. 256).

Por estar estreitamente relacionada ao rendimento familiar, ao nível da fecundidade, à


educação das mães, à nutrição e ao acesso aos serviços de saneamento, a redução da
mortalidade infantil é um dos objetivos do desenvolvimento sustentável.

As taxas de mortalidade infantil foram classificadas de: altas, aquelas de 50 óbitos/ mil
nascidos vivos ou mais; médias aquelas de 20-49/mil e baixas as que consideram os óbitos
menores que 20/mil nascidos vivos, pela Organização Mundial da Saúde – OMS6.

O Brasil vem experimentando um declínio acelerado nas taxas de mortalidade infantil,


passando de 47,0% para 25,8%, entre 1990 e 2005, correspondendo a uma queda de 45%,
que ocorreu sobretudo devido à melhoria das condições de vida da população, como melhor
nível educacional, ampliação da vacinação contra doenças infecciosas infantis e o incentivo
ao aleitamento materno, reduzindo os óbitos de menores de 1 de idade. (Indicadores de
Desenvolvimento Sustentável - Brasil 2008, p. 256, 257).

Conforme a Tabela seguinte, observando-se os anos de 2000 a 2006 – nos quais aconteceu
aumento de população na maioria dos municípios - houve um pequeno aumento no número
de óbitos/1.000 hab., em Campos, Cardoso Moreira, Conceição de Macabu e São João da
Barra.

Macaé, São Fidélis e São Francisco do Itabapoana mantiveram seus valores praticamente
estáveis, enquanto apresentaram decréscimo no número de óbitos Carapebus e Quissamã.
Assim, apesar das mudanças populacionais não se verificaram grandes variações deste
indicador no período, observando-se que o número de óbitos/1.000 hab. ficou entre 5 a
8/1.000 hab. na maioria nos municípios. Cardoso Moreira foi o que apresentou maior
aumento do indicador, sendo que em 2006 seu valor foi o mais elevado, 10,6 óbitos/1.000
hab., quase o dobro do menor valor de Macaé, 5,7 óbitos/1.000 hab.

Neste âmbito, em 2006 o percentual de óbitos infantis no total de óbitos decresceu


significativamente em Campos, chegando a 4,2% do total, seguido por São João da Barra,
3,5%, Carapebus, 3,1%, Macaé e São Francisco de Itabapoana, ambos com taxa de 2,8%,
e próximo à Conceição do Macabu, 2,7% e São Fidélis, 2,4%. Destaque para Quissamã,
que apresentou a menor taxa de mortalidade infantil do Estado, 1,8% do total de óbitos. Ao
contrário, Cardoso Moreira apresentou em 2006 a taxa de óbito infantil de 5,5%, a maior da
Região.
Ressalta-se ainda que neste período, quase todos os municípios apresentaram decréscimo
na taxa, a exceção de Cardoso Moreira, que praticamente quintuplicou seu valor, o que
demanda uma investigação sobre as causas de tamanha piora.

6
A Assembléia Geral das Nações Unidas estabeleceu as Metas do Milênio para implementar a Declaração do
Milênio, adotada por unanimidade pelos países-membros da ONU, em 2000. Para a mortalidade infantil, os
países se comprometeram a reduzir suas taxas em 2/3 até 2015, adotando 1990 como ano de referência.
(Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – Brasil, 2008, p. 256, 257).
810 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
A partir de um outro cálculo, que considera a taxa de mortalidade infantil por 1.000 nascidos
vivos, em 2008 os índices se apresentaram extremamente elevados em Cardoso Moreira,
38%, seguido de Campos, 19,6, a metade do seu percentual. Os menores valores foram os
de Macaé, 8,3% e Quissamã, 6,7%. O restante dos municípios apresentaram variações
entre 18%, em São Fidélis e São João da Barra e 11,5%, em São Francisco do Itabapoana.
Tabela 43 – Região Norte Fluminense, Outros Indicadores de Mortalidade – 2000 a 2006
Outros Indicadores de Mortalidade
Municípios da Região Norte Fluminense 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Nº de óbitos por 1.000 habitantes 7,6 7,5 7,7 7,9 8,0 7,7 8,1
Campos % de óbitos infantis no total de
dos 7,3 6,6 6,2 5,2 5,4 4,4 4,2
óbitos 1
Goytacazes Mortalidade infantil por 1.000
27,9 26,0 25,4 22,4 23,9 19,0 19,6
nascidos-vivos2
Nº de óbitos por 1.000 habitantes 8,5 8,8 6,4 6,1 5,3 3,7 6,2
% de óbitos infantis no total de
Carapebus 8,1 2,6 5,2 6,9 - 2,6 3,1
óbitos 1
Mortalidade infantil por 1.000
44,1 15,9 27,8 29,9 - 8,7 13,2
nascidos-vivos2
Nº de óbitos por 1.000 habitantes 8,4 7,1 7,7 8,9 7,3 8,8 10,2
Cardoso % de óbitos infantis no total de
0,9 2,2 6,3 0,9 5,5 2,7 5,5
Moreira óbitos 1
Mortalidade infantil por 1.000
5,3 11,2 33,7 6,2 30,7 18,1 38,0
nascidos-vivos2
Nº de óbitos por 1.000 habitantes 6,3 6,6 7,6 6,1 6,9 7,5 7,5
Conceição % de óbitos infantis no total de
6,7 11,3 7,6 2,6 1,5 2,7 2,7
de Macabu óbitos 1
Mortalidade infantil por 1.000
21,7 42,4 35,9 10,0 6,4 13,8 13,4
nascidos-vivos2
Nº de óbitos por 1.000 habitantes 5,2 6,1 5,9 5,8 6,4 5,8 5,7
% de óbitos infantis no total de
Macaé 5,5 5,9 3,6 3,9 3,6 5,4 2,8
óbitos 1
Mortalidade infantil por 1.000
14,4 18,7 12,1 11,9 11,4 15,4 8,3
nascidos-vivos2
Nº de óbitos por 1.000 habitantes 7,6 5,3 5,9 6,8 5,3 6,4 7,0
% de óbitos infantis no total de
Quissamã 7,7 5,3 1,2 4,0 6,3 3,0 1,8
óbitos 1
Mortalidade infantil por 1.000
30,9 13,1 3,6 14,1 17,2 9,0 6,7
nascidos-vivos2
Nº de óbitos por 1.000 habitantes 8,4 6,9 7,4 7,6 6,8 8,3 8,6
% de óbitos infantis no total de 2,6 1,9 3,3 5,6 2,3 1,9 2,4
São Fidélis óbitos 1
Mortalidade infantil por 1.000
14,4 10,5 17,5 34,0 11,8 13,9 17,9
nascidos-vivos 2
Nº de óbitos por 1.000 habitantes 5,6 5,8 6,4 5,3 4,8 5,9 5,4
São
Francisco % de óbitos infantis no total de
7,4 5,7 6,6 3,9 1,9 6,3 2,8
de óbitos 1
Itabapoana Mortalidade infantil por 1.000
26,4 20,3 27,4 13,7 6,4 26,4 11,5
nascidos-vivos 2
Nº de óbitos por 1.000 habitantes 6,2 6,1 7,9 6,8 6,9 6,3 6,9
São João % de óbitos infantis no total de
5,8 3,6 4,1 5,3 1,5 5,0 3,5
da Barra óbitos 1
Mortalidade infantil por 1.000
19,1 12,7 20,2 22,5 7,0 18,1 17,7
nascidos-vivos 2
(1) Coeficiente de mortalidade infantil proporcional
(2) Considerando apenas os óbitos e nascimentos coletados pelo SIM/SINASC
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos.

Variações significativas também estavam presentes na expectativa de vida, de acordo com


a SESDEC, 2006. Entre os quadriênios 1997-2000, 2001-2004 a expectativa de vida ao

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 811


nascer estadual, passou de 69,2 anos para 71 anos de idade. Entre os homens a variação
foi de 6 Este forte diferencial por sexo também se reflete na proporção de óbitos por grupos
de idade. Os homens apresentam sobremortalidade em relação às mulheres a partir dos 15
anos, com um pico entre os 20-29 anos, relacionado às causas externas de mortalidade. A
primeira causa externa de morte para os homens entre 15 a 39 anos, especialmente na
faixa etária dos 20-29 anos são as agressões, onde representam 43% dos óbitos por causas
externas. Os suicídios ocupam a primeira posição entre as causas externas de morte
masculina dos 40 aos 59 anos, enquanto entre os idosos predominam as quedas.

Entre as mulheres o padrão de mortalidade por causas externas é menos marcante, mas
nas idades avançadas as causas externas mais freqüentes são quedas e eventos de
intenção indeterminada. Os suicídios, da mesma forma que para os homens, se concentram
entre os 40-59 anos, as agressões são de maneira similar, a primeira causa de óbito por
causas externas, para mulheres entre 20-39 anos. (Cadernos de Informações em Saúde,
2009, p.12, 13).

Cita-se também que o Estado do Rio tem uma das maiores taxas de incidência de
tuberculose no país, 73,2/100.000 hab., em 2006, devido, principalmente, à precariedade
das condições básicas de saúde de alguns extratos da população. Consequentemente, a
tuberculose se tornou uma prioridade nacional por ser um grave problema de Saúde Pública
com alta incidência atual. (Caderno de Informações em Saúde, p. 39).

O Norte Fluminense apresentou, em 2007, 13,48% de cura de casos novos de tuberculose,


ficando muito abaixo da meta de 85%. Já a proporção de cura de novos casos de
Hanseníase foi de 92%, acima da meta preconizada de 85%.

Referente à AIDS foram notificados 1.849 casos na Região, entre 2002 - 2008,
representando uma das maiores taxas estaduais em 2005, de 22 casos/100.000 hab. Em
2007 a taxa de incidência de 19,5/100.000 hab., continuava bem acima da média estadual,
12,5/100.000 hab., apesar de ter decrescido.

No que tange à Sífilis Congênita, a incidência foi de 1,2/100.000 hab., abaixo da taxa de
incidência média estadual, entre 2000 - 2008, de 4,8 /100.000 hab., o que mensura
indiretamente a qualidade de atendimento à gestante, incluindo a assistência pré-natal, a
realização do VDRL na gestação e o tratamento adequado para gestantes e seus parceiros
com sífilis.

A Tabela abaixo revela que a proporção de óbitos por causas mal definidas foi maior em
São João da Barra, 16,3%, seguido de Campos, 14,8% e São Fidélis, 13,8% e foi menor em
Carapebus, 4,8%. Já os óbitos por doenças cardiovasculares/ 100.000 habitantes foram
mais frequentes em Cardoso Moreira, 370 e em São Fidélis, 336, bem acima dos outros
municípios, sendo que Macaé teve o menor número de óbitos devidos à esta causa, 139,
menos da metade dos maiores índices regionais.

O câncer de mama feminino/100.000 hab. variou entre 12 e 17 nos municípios, à exceção


de São Fidélis, que teve uma taxa bem menor de 5. Considerando a diabetes
mellitus/100.000 hab. houve mais variações inter-regionais, sendo maior em Campos, 44,5 e
em Quissamã, com um valor bem mais baixo de 31, sendo menor regionalmente em São
João da Barra, 21.

A taxa de mortalidade por homicídio/100.000 hab. foi extremamente maior em Macaé, 68,4,
seguido por Carapebus, 48, Campos e Conceição de Macabu, ambos com 40. Destacaram-
se São Fidélis e São João da Barra com as menores taxas, de 5,2 e 7, respectivamente.
Com relação aos óbitos por acidentes de transporte/100.000 habitantes os índices mais
812 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
elevados ocorreram em Cardoso Moreira, 64,3, seguido por Quissamã, 49,9. As menores
taxas foram de São João da Barra e Macaé, ambas próximas de 21.

A mortalidade materna/100.000 hab. não possuia dados na maioria dos municípios e foi
avaliada apenas em Campos, 26,7 e Macaé, 31,8, enquanto a taxa de mortalidade
neonatal/100.000 hab. foi maior em Cardoso Moreira, 16,3, próximo do valor de 12,5 em
Campos, Carapebus, Cardoso Moreira e São João da Barra, apresentando os melhores
valores em Macaé, 6 e Quissamã, 3,4.

Assim, as doenças cardiovasculares foram a principal causa de óbito na Região, com


valores bem maiores do que os outros grupos de causas, seguido pelo câncer. Ressalta-se
também que em alguns municípios os homicídios e/ou acidentes de trânsito são a terceira
maior causa de mortalidade da população e não as enfermidades.
Tabela 44 – Região Norte Fluminense, Mortalidade Proporcional por Faixa Etária segundo
Grupo de Causas, 2006
Indicadores de Mortalidade por Município, 2006
Proporção de Óbitos por Causas

Taxa de Mortalidade de Doenças

Taxa de Mortalidade de Diabetes


Taxa de Mortalidade por Doença

Taxa de Mortalidade por Câncer

|Mellitus por 100.000 Habitantes

Precoce por 100.000 Habitantes


Razão Mortalidade Materna por
de Mama Feminino por 100.000

Taxa de Mortalidade Neonatal


Cardiovasculares por 100.000

Acidente de Transporte por


Taxa de Mortalidade por

Taxa de Mortalidade por


Neoplástica por 100.000

Homicídio por 100.000

100.000 Habitantes

100.000 Habitantes
Mal Definidas

Habitantes

Habitantes

Habitantes

Habitantes
Municípios da Região
Norte Fluminense

Campos dos Goytacazes 14.8 189 100.8 16.7 44.5 40.7 38.6 26.7 12.3
Carapebus 4.8 173.3 57.8 - 28.9 48.1 28.9 - 13.2
Cardoso Moreira 7.1 369.7 144.7 16.1 32.2 32.2 64.3 - 16.3
Conceição de Macabu 10.8 166.0 125.8 - 25.2 40.3 45.3 - 13.4
Macaé 5.9 138.7 84.0 12.3 24.3 68.4 21.8 31.8 6.0
Quissamã 4.5 249.3 93.5 12.6 31.2 24.9 49.9 - 3.4
São Fidélis 13.8 335.7 80.7 5.1 23.4 5.2 36.4 - 9.0
São Francisco de Itabapoana 12.3 147.1 68.2 13.2 21.3 25.6 32.0 - 9.9
São João da Barra 16.3 201.6 52.1 13.9 20.9 7.0 20.9 - 12.6

-- = Não há informação
Fonte: Secretaria de Saúde e Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, Caderno de Informações de
Saúde do Estado do Rio de Janeiro, 2009.
4.7 Orçamentos em Saúde

Por fim, avaliam-se as despesas totais com Saúde/hab. nos municípios do Norte, revelando
diferenças muito expressivas entre os valores investidos em cada município. Em 2007, os
menores valores de despesa total foram de São Fidélis, R$ 144,07/hab. e de São Francisco
de Itabapoana, R$ 204,15/hab. Os valores mais elevados foram em Quissamã, R$ 1908,28
e em Carapebus, R$ 1321,42/hab., o que revela que em alguns, os valores investidos em
saúde são 10 vezes mais altos do que em outros.

Conceição do Macabu teve o valor de R$ 288,14/hab., seguido por Cardoso Moreira, com
investimento de R$ 367,19/hab., São João da Barra, R$ 648,77 e Macaé, R$ 702,06/hab.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 813


A maioria dos municípios apresentou aumento nas despesas realizadas na Saúde de 2004
para 2007, com o maior aumento realizado em Quissamã. Apresentaram um pequeno
decréscimo em seu valor Conceição do Macabu e Macaé, enquanto São Francisco de
Itabapoana manteve igual seu investimento em Saúde, neste anos.

Observa-se que enquanto o percentual de transferências de recursos do SUS variou nos


municípios de R$ 5,00 a R$ 31,00/hab. O percentual de recursos próprios aplicados em
Saúde teve variações bem maiores, sendo o menor 5,3% em Campos, 2007 e o maior
65,8% em Carapebus, 2004.

Entre 2004-2007 houve queda muito expressiva deste percentual em Campos, de 39% para
5% de recursos próprios e também em Carapebus, que diminuiu seu valor de 66% para 39%
Em outros municípios os valores também decaíram, com exceção de Quissamã, que
aumentou de 24% para 63,33% a aplicação de recursos próprios na saúde. São Fidélis
apresentou um aumento mínimo e chegou a 18% e São João da Barra aumentou de 41%
para quase 53% de recursos próprios.

Importante verificar que também houve investimentos significativos a partir de serviços de


terceiros/pessoa jurídica na despesa total de Saúde, sendo bastante expressiva esta
participação nos municípios de Campos, Carapebus, Cardoso Moreira, Quissamã e São
Fidélis.
Tabela 45 – Região Norte Fluminense, Orçamentos Públicos, 2004 - 2007
Orçamentos Públicos
Despesa Despesa % Despesa
% % de
Total com com Serv.
Transferên- Recursos
Municípios da com Recursos Transferên- Terceiros -
cias SUS / Próprios
Região Norte Saúde Próprios cias SUS por Pessoa
Despesa Aplicados
Fluminense por por Habitante (R$) Jurídica
Total com em Saúde
Habitante Habitante /Despesa
Saúde (EC 29)
(R$) (R$) Total
Campos 2004 220,96 185,66 41,98 19,00 39,19 32,87
dos
Goytacazes 2007 258,30 31,50 54,49 21,10 5,30 21,95
2004 1267,26 1172,05 95,21 7,51 65,80 21,32
Carapebus
2007 1321,42 758,87 64,76 4,90 39,14 23,34
Cardoso 2004 296,40 244,12 52,28 17,64 26,81 24,17
Moreria 2007 367,19 290,71 88,95 24,22 23,75 27,39
Conceição 2004 297,37 221,79 75,58 25,42 33,37 6,54
de Macabu 2007 288,14 195,82 91,06 31,60 22,40 3,19
2004 773,23 733,85 41,58 5,38 50,82 11,00
Macaé
2007 702,06 746,08 98,39 14,01 33,71 9,62
2004 1500,19 793,72 114,32 7,62 23,29 24,34
Quissamã
2007 1908,28 1868,02 94,71 4,96 63,33 42,95
2004 120,59 89,47 31,12 25,81 17,73 32,58
Sâo Fidélis
2007 144,07 120,19 39,01 27,07 18,10 27,07
São
2004 201,96 172,35 32,31 16,00 28,87 5,78
Francisco
de
2007 204,15 150,89 53,87 26,39 19,03 6,93
Itabapoana
São João 2004 403,27 360,86 42,41 10,52 41,26 6,83
da Barra 2007 648,77 621,25 42,10 6,49 52,89 4,31
-- = Não há informação
Fonte: Ministério da Saúde - IBGE/Censos Demográficos, 2009.

814 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


4.8 Síntese dos Dados da Saúde no Norte Fluminense

No geral, mesmo com as melhorias importantes no abastecimento de água por rede geral no
Norte Fluminense entre 1991-2000, ainda havia 3 municípios com menos de 40 % de rede
geral de abastecimento de água. A qualidade do ar também deve ser preservada,
especialmente porque a região possui 8 das 10 usinas da agroindústria açucareira e de
álcool do Estado, promovendo poluição aérea, agravada na época da colheita a partir da
prática das queimadas.

O panorama geral de Saneamento na Região era caótico em 2000, quando a melhor rede
de saneamento era a de Macaé e só atendia a 66% da população, Campus tinha apenas
33% de rede de esgoto e o percentual de utilização de fossa rudimentar ou vala era
extremamente alto, chegando a 83% em São Francisco de Itabapoana. A situação se torna
mais complexa considerando que alguns destes municípios possuem receitas suficientes
para sanar o problema e é sabido que este é um tema fundamental tanto em termos de
saúde pública como de proteção às águas e ao meio ambiente.

A cobertura da Atenção Básica pelo PACS ou PSF tem apresentado índices regionais
crescentes, mas ainda está muito aquém do esperado em alguns municípios. Já a taxa de
cobertura de CAPS – Centro de Atenção Psicosocial/100.000 habitantes de 0,90/100.000
hab. foi considerada como muito boa pelos parâmetros estaduais, acima de 0,70.

Na Região, Campos se destacou com o maior número de instituições de saúde e Macaé


obteve o segundo lugar nesta avaliação. Ambos municípios apontaram para uma
proporcionalidade entre o seu tamanho de população e as instituições de saúde ofertadas,
sem considerar entretanto, a qualidade dos serviços prestados. Dados de dezembro de
2007 revelam que Campos atendeu a maior quantidade de público da Região, em sua
maioria na Atenção Ambulatorial, seguido pelo maior número de atendimentos ambulatoriais
realizados em Macaé, onde uma grande parcela da população se utilizou dos serviços
particulares e não públicos do Sistema de Saúde.

Em 2000, São Fidélis possuía mais leitos/1.000 hab., 5,5, seguido por Campos, 4,3
leitos/1.000 hab. Os municípios com menos oferta de leitos foram São João da Barra e São
Francisco do Itabapoana, 2,2 e 0,9 leitos/1.000 hab., respectivamente. Comparando-se à
referência estadual, na Região apenas São Francisco do Itabapoana possuía o número de
leitos abaixo da média de 1,5 leitos/1000 hab.

Entretanto, em 2002 os leitos gerais do SUS na Região, estavam abaixo do parâmetro


desejado, de 1.732, 2,2 leitos/1.000 hab., valor inferior aos parâmetros de 2,5 a 3
leitos/1.000 hab., que representaria entre 1.972 a 2.336 leitos para o Norte. (Caderno da
Saúde, 2009).

Das 19 unidades hospitalares existentes na Região, 1 tinha menos de 30 leitos, 4 de 31 a 50


leitos, 8 de 101 a 200 leitos, 1 de 201 a 300 leitos e 1 de 301 a 500 leitos. Referente à
Unidade Intermediária existiam 70 leitos na Região, sendo 55 em Campos e 12 em Macaé.

O estudo constatou ainda que, teoricamente, não existia carência regional de leitos de UTI,
uma vez que o parâmetro esperado era de 79 leitos e havia 84 cadastrados, sendo que a
maioria de 91,7% destes estava em Campos.

Destes municípios, não possuíam Vigilância Sanitária São Fidélis, São Francisco do
Itabapoana e São João da Barra, o que provavelmente deixa lacunas importantes neste
âmbito de atuação.

Em 2007, nas especialidades de cirurgia geral, gastroenterologia, neurocirurgia,


oftalmologia, oncologia, ortopedia, otorrinolaringologia, proctologia, tisiologia e urologia a
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 815
produção anual da Região Norte apresentada foi inferior às necessidades considerando-se o
parâmetro mínimo indicado.

De acordo com os dados do Caderno de Saúde (2009), considerando-se as internações


realizadas, entre as principais causas de hospitalização estadual predominavam gravidez,
parto e puerpério, tanto em 1998 como em 2007, apesar de queda expressiva neste último
ano. Em segundo e terceiro lugares ficaram as doenças do aparelho circulatório e
respiratório, seguido das doenças do aparelho digestivo e das neoplasias, que aumentaram
bastante sua freqüência neste mesmo período.

Mais especificamente no Norte, o percentual de internação por diabetes mellitus no total de


internações revelou que os percentuais de São Fidélis, 3,58%, Quissamã, 3,18% e São
Francisco do Itabapoana, 3,13% foram quase duas vezes superiores ao estadual, 1,71%. Já
o percentual de internações por hipertensão arterial destacou-se em Conceição de Macabu,
com 6,11% e Quissamã, com 3,11%, sendo que o valor estadual foi de 1,40%.

Em 2008, o Estado apresentou uma cobertura de internação hospitalar de 3,68% quando o


parâmetro preconizado de internação/ano para a população em geral foi de 7 a 9%. Neste
ano, a cobertura de internação hospitalar da Região foi de 5,85%, superior a do Estado.
Foram realizadas mais internações hospitalares em Campos, 7,23, seguido de perto por São
Fidélis, 6,81 e Quissamã, 6,68. Macaé e Conceição de Macabu apresentaram cerca da
metade destas internações, 3,5.

Referente aos equipamentos de saúde na Região, em 2008 existiam no Norte 10


mamógrafos, com 6 unidades pertencente a Campos, quando o necessário seriam 3. Os
equipamentos de média tecnologia tais como raios x e ultrassom existiam em quantidade
suficiente, bem como as ressonâncias magnéticas e tomógrafo computadorizado. Existiam
ainda 3 serviços de hemodiálise, estando localizados 2 em Campos e 1 em Macaé onde,
pelos parâmetros de população, seriam necessários 4 serviços.

Os dados referentes aos nascimentos nos anos de 1997, 2000, 2003 e 2006 informam que a
taxa bruta de natalidade decresceu em quase todos os seus municípios, exceto em
Carapebus e Cardoso Moreira. Em 2006 a taxa variou bastante, de 11,6% em São Fidélis a
19,6% em Macaé, seguido de perto por Quissamã, 18,5% e Campos, 17,4%, quase o dobro
do menor valor. A maior queda se verificou em São João da Barra, de 22,7% em 1997 para
13,7% em 2006.

Além disto, todos os municípios do Norte apresentaram taxa de cesárea superior ao


esperado, frequentemente acima de 60%, independente da cobertura do PSF, sendo em
muitos casos uma cirurgia menos benéfica para a mãe e bebê, e que por sua vez,
pressupõe maiores gastos devido ao tempo de internação e procedimentos necessários.

Com relação a porcentagem de mães de 10-14 anos, São Fidélis e Carapebus não
registraram casos e os percentuais foram próximos à 1% nos outros municípios. Quanto à
proporção de mães de 10-19 anos, todos apresentaram taxa acima de 20%, à exceção de
Campos e São Fidélis, sendo maior este percentual em Cardoso Moreira e Conceição de
Macabu, 27,2%, apontando para um tema que precisa ser melhor trabalhado nas políticas
públicas junto à população jovem e suas famílias.

Em todos os municípios do Norte, no período entre 2002-2007 houve grande percentual de


cobertura vacinal em dia para as crianças e estes apresentaram melhoria em sua cobertura
ao longo do período total avaliado, geralmente acima de 97%. Já a prevalência de
desnutrição em crianças menores de 2 anos/100 ainda era elevada em Carapebus, Cardoso
Moreira, Conceição do Macabu, Quissamã e São Francisco de Itabapona, em 2002.
Entretanto, sofreu queda em todos os seus municípios até 2007, quando apresentou a maior

816 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


taxa de desnutrição regional em Quissamã, 4,4 e as menores taxas se encontraram em
Campos, Cardoso Moreira e Conceição de Macabu, inferior a 1.

Observando-se o período 2000 - 2006 – nos quais aumentou-se a população da maioria dos
municípios - houve um pequeno aumento do número de óbitos, que ficou entre 5 a 8/1.000
hab. Destaque para Quissamã, que apresentou a menor taxa de mortalidade infantil do
Estado, 1,8% do total de óbitos. Ao contrário, Cardoso Moreira apresentou em 2006 a maior
taxa de óbito infantil regional, de 5,5%. Neste intervalo, quase todos os municípios
conseguiram um decréscimo na taxa, a exceção de Cardoso Moreira, que praticamente
quintuplicou seu valor, o que demanda uma investigação sobre as causas desta piora.

Em 2007, o Norte Fluminense apresentou 13,48% de cura de tuberculose de casos novos,


ficando muito abaixo da meta de 85%, enquanto a proporção de cura de novos casos de
Hanseníase foi de 92%, acima da meta preconizada de 85%.

Referente à AIDS foram notificados na Região 1.849 casos entre 2002-julho 2008,
representando uma das maiores taxas estaduais em 2005, de 22 casos/100.000 hab. Em
2007 a taxa de incidência alcançou 19,5/100.000 hab., bem acima da media estadual,
12,5/100.000 hab.

Em 2006, a proporção de óbitos por causas mal definidas foi maior em São João da Barra,
16,3%, seguido de Campos, 14,8% e São Fidélis, 13,8% e foi menor em Carapebus, 4,8%.
Já os óbitos por doenças cardiovasculares/ 100.000 habitantes foram mais frequentes em
Cardoso Moreira, 370 e em São Fidélis, 336, bem acima dos outros municípios, sendo que
Macaé teve o menor número de óbitos devido à esta causa, 139, menos da metade dos
maiores índices regionais. O câncer de mama feminino/100.000 hab. variou entre 12 e 17 no
municípios, à exceção de São Fidélis, que teve uma taxa bem menor, de 5. Considerando a
diabetes mellitus/100.000 hab., houve mais variações inter-regionais, sendo maior em
Campos, onde se verificou 44,5 registros de óbitos devido à esta causa e em Quissamã,
com um valor bem mais baixo de 31 e sendo esta causa menos frequente em São João da
Barra, 21.

A taxa de mortalidade por homicídio/100.000 hab. é extremamente maior em Macaé, 68,4,


seguido por Carapebus, 48, Campos e Conceição de Macabu, ambos com 40. Destacam-se
São Fidélis e São João da Barra com as menores taxas de 5,2 e 7, respectivamente. Com
relação aos óbitos por acidentes de transporte/100.000 hab. os índices mais elevados
ocorreram em Cardoso Moreira, 64,3, seguido por Quissamã, 49,9.

Assim, as doenças cardiovasculares foram a principal causa de óbito na Região, com


valores bem maiores do que os outros grupos de causas, seguido pelo câncer. Ressalta-se
também que em alguns municípios os homicídios e/ou acidentes de transporte foram a
terceira maior causa de mortalidade da população e não as enfermidades, como no caso
dos homicídios em Macaé e dos acidentes de transporte em Cardoso Moreira.

Por fim, avaliou-se as despesas totais com saúde/hab. no Norte Fluminense, com
expressivas diferenças entre os valores investidos de até dez vezes maiores. Em 2007, os
menores valores de despesa total com saúde/habitante foram registrados em São Fidélis,
R$144,07 e em São Francisco de Itabapoana, R$204,15 e foram mais elevados em
Quissamã, R$1908,28 e em Carapebus, R$1321,42.

Observa-se que enquanto o percentual de transferências de recursos do SUS variaram


entre municípios de R$ 5/hab. a R$ 31/hab., o percentual de recursos próprios aplicados em
Saúde teve variações bem maiores, sendo o menor 5,3% em Campos, em 2007 e o maior
65,8% em Carapebus, 2004.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 817


Em 2007 houve queda muito expressiva deste percentual em Campos, de 39% para 5% de
recursos próprios, em Carapebus, que abaixou de 66% para 39%, decrescendo também em
outros municípios, exceto em Quissamã, que aumentou seus investimentos próprios de 24%
para 63,33%, São Fidélis que teve aumento mínimo e chegou a 18% e São João da Barra,
que aumentou de 41% para quase 53% de recursos próprios aplicados à Saúde.
Importante mencionar que também houve investimentos significativos a partir de serviços de
terceiros/pessoa jurídica na despesa total de Saúde, sendo bastante expressiva esta
contribuição nos municípios de Campos, Carapebus, Cardoso Moreira, Quissamã e São
Fidélis.

4.9 Resultados do Caderno de Informações em Saúde

Como comentado anteriormente, em 2009 foram realizadas oficinas de diagnóstico da


Saúde no Estado, nas Regiões de Saúde existentes e em cada município (Caderno de
Informações em Saúde, 2009). Foram discutidos os problemas do Sistema de Saúde para
cada Região, a partir de uma categorização clássica. As propostas resultantes deste
processo foram encaminhadas para a discussão do Planejamento Regional, PDR e para os
Colegiados de Gestão Regional, CGR.
A seguir, são apresentados os resultados específicos para a Região Noroeste, divididos
pelos tópicos discutidos, que complementam as análises estatísticas, à medida em que
tratam de questões constatadas no cotidiano dos profissionais que lidam com a Saúde e
que, em muitos casos não constam das estatísticas. Seus encaminhamentos também são
bem mais de natureza prática e apontam às demandas vividas no dia-a-dia sendo, portanto,
de especial significado.

Atenção Básica
• Acesso: baixa qualificação da Atenção Básica, fluxo das referências e
contrarreferências pouco conhecidos, ausência de laboratórios e viaturas;
• Gestão: baixa resolutividade em gestão;
• Recursos Físicos: instalações prediais em edificações adaptadas
inadequadamente e ausência de laboratórios e viaturas;
• Gestão do trabalho: baixa qualificação dos profissionais;
• Informação: distorções nos indicadores da Atenção Básica considerando-se
faturamentos de AIH E SIA.

Média Complexidade
• Acesso: dificuldade de acesso aos leitos, falta/desconhecimento da população
sobre a referência dos serviços de Média Complexidade existentes;
• Gestão: alta taxa de cesariana;
• Recursos Financeiros: recursos insuficientes para o tratamento oncológico na
Região, ocasionando a redução de pagamentos de Média Complexidade;
• Recursos Físicos: inexistência de laboratório regional de saúde pública;
• Informação: a quantidade de equipamentos apresentados como existentes não
correspondem à realidade.
Alta Complexidade
• Acesso: falta de acessibilidade da população devido a pouca oferta dos serviços,
como dificuldade de acesso a leitos de CTI, e a Central de Regulação tem
dificuldade em viabilizar as internações solicitadas pelos municípios;

818 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


• Gestão: indefinição dos hospitais de referência para Alta Complexidade,
demanda de tratamento de radioterapia em Itaperuna em função da baixa
qualidade do serviço oferecido em Campos, falta de equidade na pactuação
entre municípios “pequenos”, “grandes” e o Estado;
• Recursos Financeiros: recursos insuficientes para a Alta Complexidade.
Outros Problemas
• Inoperância do Consórcio Intermunicipal de Saúde
Encaminhamentos
• Realizar um Fórum para discussão sobre a Atenção Primária;
• Estabelecer as linhas de cuidado baseadas nas necessidades de saúde
regionais e não na série histórica, considerando-se as oito áreas prioritárias
definidas pela Gestão Estadual;
• Mapear os equipamentos/capacidade instalada nos municípios, para exames de
Média e Alta Complexidade disponíveis na rede SUS;
• Capacitar a equipe técnica, inclusive aquelas do nível médio, das Secretarias
Municipais de Saúde, para atualização da SCNES;
• Estruturar/implementar as redes cardiovascular, ortopedia, oncologia,
neurocirurgia e urgência e emergência;
• Determinar os fluxos/referências operacionais de atendimento na Atenção
Básica, Média e Alta Complexidade (regulação);
• Definir prioridades para a realização de redirecionamento financeiro;
• Contratar e programar os serviços baseado nas necessidades de saúde e não
por série histórica (oferta);
• Contratar, como referência regional, o(s) serviço (s) endovascular de Campos;
• Revisar e construir os Termos de Compromisso de Gestão Municipal (TCGM);
• Elaborar um Plano de Ação Regional de educação permanente;
• Pleitear, junto às instituições acadêmicas, a oferta de residências e internatos na
Região, priorizando as áreas com baixa oferta de profissionais;
• Reorganizar e reordenar a Central Regional de Regulação;
• Revisar os tetos financeiros;
• Garantir a ampliação da participação e do controle social como responsabilidade
sanitária no processo de Regionalização;
• Garantir a implantação do Serviço de Verificação de Óbitos Regional;
• Apoiar a instalação do acelerador linear em Campos, para atendimento regional
dentro do “Projeto Expande”;
• Referenciar para o município de Campos, para atendimento regional, um serviço
de cirurgia bariátrica e um centro de referência para doenças infecto-
contagiosas.

5. ESPORTES

O Esporte como uma política pública, sobretudo como uma política integrante das práticas
educacionais, é direito básico dos indivíduos em todas as suas faixas etárias. Sua prática,
incorporada aos hábitos de vida, contribui para uma maior qualidade de viver, saúde e bem
estar e também na criação de espaços e regras de convivência e no fortalecimento de redes
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 819
sociais entre os indivíduos e as comunidades. É portanto, uma faceta essencial do
desenvolvimento individual e coletivo de uma sociedade, que merece a formulação de
políticas públicas especificas e bem elaboradas.
Contudo, ressalta-se que na área desportiva existe uma carência de pesquisas e dados
secundários oficiais que possibilitem uma análise das condições esportivas locais e
regionais do Norte e Noroeste fluminense.
De acordo com dados da Secretaria Estadual de Turismo, Esporte e Lazer não existem, no
momento, programas desportivos específicos para o Noroeste Fluminense. Os Programas
que já acontecem na Região são:
• Programa de Iniciação Esportiva, realizado em núcleos com capacidade de
atendimento para 500 pessoas, que funcionam nos municípios de Itaperuna e
Campos. Havia previsão da implantação de novos núcleos em Macaé, Cardoso
Moreira, São João da Barra, Laje do Muriaé e Varre-Sai, em 2009. A
Subsecretaria de Esportes utiliza a infraestrutura já existente nos municípios e
implementa os Núcleos, que passam a ser gerenciados pelo Estado.
• Olimpíadas, que são de execução indireta do município. O Estado realiza as
Olimpíadas Escolares Estaduais e encaminha participantes para a Olimpíada
Nacional.
• Jogos Abertos do Interior do Estado: financiados com a execução indireta da
Subsecretaria.
Observando-se especificamente os municípios, existem diferenças com relação às
infraestruturas desportivas existentes e às especificidades de cada um, no que se refere a
organização de sua área desportiva.
De acordo com os dados da Tabela abaixo, o município que possuía mais estabelecimentos
desportivos do Norte, em 2007, era Campos dos Goytacazes, com 22 equipamentos, sendo
que São Fidélis possuía 3, seguido por Conceição de Macabu, com 2 e tanto São João da
Barra como Quissamã tinham 1 equipamento desportivo cada.
Com relação aos estabelecimentos de Recreação e Lazer Campos apresentava 6 locais e
São Fidélis 1 local. Entretanto, os dados não coincidem com a realidade encontrada nos
municípios, porque muitos apresentam informações bem distintas de acordo com suas
Prefeituras.
Tabela 46 – Região Norte Fluminense, Estabelecimentos Esportivos e de Lazer, 2007
Estabelecimentos Esportivos e de Lazer - 2007
Municípios da Região Norte Fluminense Esportivos Recreação e Lazer
Campos dos Goytacazes 22 6
Carapebus - -
Cardoso Moreira - -
Conceição de Macabu 2 -
Macaé - -
Quissamã 1 -
São Fidélis 3 1
São Francisco de Itabapoana - -
São João da Barra 1 -
Região 29 7
-- = sem informação
Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2009
A maioria dos municípios possui Secretaria Municipal de Esportes – Campos, Cardoso
Moreira, Conceição de Macabu, Macaé, Quissamã.

820 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Em Campos existem alguns times de futebol, o Americano Futebol Clube, campeão do
Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais representando o Estado em 1987, o
Goytacaz Futebol Clube e o Clube Esportivo Rio Branco. O clássico citadino de futebol,
entre o Americano e o Goytacaz, conhecido como Goyta-Cano, é um dos maiores do interior
do Estado, por reunir as equipes mais vitoriosas da Região, que se confrontam desde 1910.
Em Macaé se pratica, alem dos esportes tradicionais, se praticam escalada e downhill nas
montanhas (descida de bicicletas), Futebol, Futsal, Basquete, Vôlei, Vôlei de Areia,
Canoagem, Bodyboarding, Surf, Skate, Handebol, Handbeach, Frescobol, Tae Kwon Do,
Jiu-Jitsu, Judô, Karatê, Corrida Rústica, Natação, Musculação, com o acesso amplo e
continuo da população.
Destaque para o macaense Thiago Gaia, lutador de jiu-jítsu, que foi patrocinado pelo
Programa Bolsa Atleta e vem conquistando medalhas. Futuramente, um dos planos é que
Macaé sedie a Copa de Beach Soccer, futebol de areia.
O Município possui um campo de futebol, um Ginásio público e uma piscina semi olímpica.
Existe uma dotação orçamentária para o desenvolvimento das categorias de esporte
amador e alto rendimento.
No calendário esportivo do município destaca-se o Campeonato Macaense de Futebol, o
Fest Verão Macaé e o Campeonato de Futsal.
Segundo informações repassadas pela prefeitura local, a principal dificuldade para o
desenvolvimento das atividades desportivas é a falta de recursos.
Em Quissamã encontram-se um ginásio poliesportivo com capacidade para 1.500 pessoas,
onze quadras poliesportivas, seis quadras de areia, quatro campos de futebol, um centro de
treinamento e um estádio de futebol. O município conta ainda com um parque aquático que
possui uma piscina semi-olimpica, uma piscina aquecida para hidroterapia e mais duas para
lazer. Suas praias já foram cenário para Campeonato Nacional de Surf.
O valor destinado à Secretaria Municipal de Esportes em 2010 foi de R$ 2.426.800,00. A
população tem acesso gratuito à esportes como volebol, futsal, handbol, natação,
hidroginástica, basquete, jiu-jitsu, tae kon do e eqüestres.
Não existe um calendário anual de esporte, mas ocorrem campeonatos e festivais
relacionados às modalidades esportivas citadas. De acordo com a Prefeitura Municipal,
embora o poder público seja um grande incentivador do esporte, faz-se necessário a busca
por convênios e parcerias com esferas do governo Estadual e Federal para ampliação das
ações desportivas.
São Fidélis promove o “turismo esportivo”: Competição de Barco à Vela, Rali de Carroças,
que são 8 km de percurso em categorias cavalo e égua, mula, burro e jegue, Jogo de Malha,
Cavalgada, Motocross, alem dos tradicionais futebol e natação. Possui um Centro Esportivo
Dr. Roberto P. e uma quadra de esportes, localizados no centro da cidade.
Foto 14 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Barra do Furado

Fonte: Foto das autoras, 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 821


São Francisco do Itabapoana possui um Complexo Poliesportivo Municipal. Possui várias
lagoas, algumas com caiaques, pedalinho e também para a pesca e prática de esportes
náuticos. Oferece também pistas de autocross e MotoCross. São João da Barra oferece a
prática de MotoCross e esportes com jeep.

6. ESTRUTURAS SOCIAIS, ASSOCIATIVAS E COMUNITÁRIAS

Dentre as associações existentes em cada município cita-se que Campos possui o


CODEMCA, Companhia de Desenvolvimento do Municípios de Campos e a Fundação
Cultural Jornalista Osvaldo Lima, dentre muitas outras.

Em Carapebus existe a ACIC – Associação Comercial e Industrial de Carapebus e Cardoso


Moreira também possui ACICM – Associação Comercial e Industrial de Cardoso Moreira.
Recentemente, foi reaberta sua Academia de Letras.

No diagnóstico de Macaé, realizado pelo IBAM, foi elaborada uma listagem ampla dos
atores sociais do município, aproximadamente 35. Estão atuantes a FUMDEC - Fundo
Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social de Macaé, a Associação Comercial e
Industrial de Macaé, o Programa de Desenvolvimento Social de Macaé e Região, o
PRODESMAR, associado à Petrobrás, Associação Médica de Macaé, Colônia de
Pescadores, Liga Macaense de Desporto, Sindicato dos Marinheiros, Sindicato dos
Petroleiros, Firjan-Norte, CDL, OMPETRO, Maçonaria, Lions Clube e Rotary Clube,
Fundação Educacional de Macaé e Fundação Macaé de Cultura.

Esta Fundação, criada em 1997, vem desempenhando um importante papel no cotidiano


cultural da cidade. Além de manter diversos cursos na área de artes, sedia a Biblioteca
Municipal Dr. Télio Barreto, que está sendo ampliada e modernizada para atender aos
estudantes locais. A Galeria de Artes Hindemburgo Olive tem sido um espaço significativo
para a expressão artística. Projetos destinados a bairros periféricos e distritos serranos são
desenvolvidos pela Fundação, como cursos, bibliotecas volantes e a implantação de casas
de cultura.

A partir de parcerias, a Fundação oferece às empresas sediadas no Município a


oportunidade de participarem dos projetos culturais. O Núcleo de Formação Profissional, a
Escola Municipal de Artes Cênicas, o Coral e Orquestra municipais e o Elenco Municipal de
Teatro e Dança são os próximos projetos a serem implementados.

Além disto, tradicionais entidades fundadas no século XIX, como as sociedades musicais
Nova Aurora e a Lira dos Conspiradores sobreviveram aos altos e baixos culturais e ainda
hoje trabalham pela formação musical no Município.

Em Quissamã encontram-se registradas 18 Associações de Moradores, alem de associação


comercial e sindicatos, como o dos trabalhadores, dos comércios, dos produtores rurais e
dos servidores municipais. Outros tipos de organização constituem o cenário associativo
municipal: ONGs voltadas para o meio ambiente e turismo; ONG JCI Quissamã, voltada
para o desenvolvimento de jovens e empreendedores; a Fundação Cultural e Lazer; o
Espaço Cultural José Carlos de Barcelos; a Cooperativa Mista de Produtores Rurais;
AMMAP – Associação de Amigos Mato de Pipa que atua na conservação do patrimônio
histórico de 1777 e coordena a visitação turística.
São Fidélis possui a Academia Fidelense de Letras, com cerca de 25 membros, entre
poetas e escritores. Possui também uma organização de artistas locais, responsáveis por
uma Feira de Artesanato, o Grupo de Artes e Teatro e o Grupo Dançante.
822 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
7. SEGURANÇA PÚBLICA

Atualmente, a violência e a criminalidade urbana são problemas considerados entre os mais


graves e crescentes do país, refletindo de forma intensa e sistêmica a existência de outros
problemas sociais: O país passa por um período em que a segurança pública é um fator de
preocupação e análise de diversos setores sociais, uma vez que a violência é um fenômeno
crescente em quase todo o território nacional. (Silva, 2003).
A criminalidade geralmente ocorre associada ao processo de urbanização descontrolado,
aliado à condições econômicas e educacionais antagônicas, que não permitem a inserção
social de algumas camadas da população no mercado de trabalho, relegando-as ao mundo
da marginalidade, tanto econômica como social.
Neste processo, espaço urbano e população crescem sem planejamento e, paralelamente,
cresce a ocorrência de crimes, o tráfico de drogas, a destruição de patrimônio, dentre outras
mazelas, que apontam para um processo de degradação física e moral da população
marginalizada, vivendo sem espaço e sem condições de vida dignas.
A criminalidade brasileira não é fruto apenas da miséria, mas do desenvolvimento
descontrolado que dilatou a periferia dos centros urbanos mais ricos. Consequentemente,
existe uma massa da população urbana que convive com a abundância e a riqueza,
beneficiando-se dela, se comparada a Estados menos desenvolvidos, mas que não se
integrou nem possui condições suficientes de se integrar e ter acesso a inúmeros bens e
riqueza. (Silva, 2003, p.09).
Percebe-se, portanto, que o crescimento rápido e desordenado pode favorecer o
crescimento econômico, mas acarreta consigo um custo social elevado que possui efeitos
devastadores, dos quais se destaca aqui a expansão da criminalidade e da violência nas
suas diversas interfaces.
A repetição de determinadas formas de violência gera uma “sociedade que vive com medo”,
com uma sensação profunda de insegurança, diminuindo significativamente a qualidade de
vida de grupos de habitantes, seja pelas restrições de mobilidade e de liberdade da
população, seja pela modificação que isto acarreta nas formas de convívio social, pois
muda-se a relação das pessoas com os outros e com seu meio, a partir das percepções de
ameaça continuada.
A circularidade da questão revela que é importante considerar não apenas os criminosos
que transgridem as leis, mas a justiça que não funciona, as lacunas da ação policial e que,
em muitos casos, também se torna transgressora, a população empobrecida, a ineqüidade
social. (Silva, 2003). Ou seja, trabalhar com o espaço urbano, a violência e o medo equivale
a trabalhar também com a política criminal e social ligada à estas questões.
No Estado do Rio de Janeiro a criminalidade e os índices de violência tem se constituído há
muitas décadas como um de seus problemas mais graves e de difícil “controle”, envolvendo
o crime organizado e o império do tráfico de drogas. Ressalta-se que este fenômeno, antes
desprivilégio da Capital, alcança crescentemente o interior do Estado, pois os índices de
violência revelam que a criminalidade tem crescido mais nas cidades antes consideradas
“pacatas”, no interior do Estado, do que na capital e na Baixada Fluminense.
Macaé é um exemplo clássico deste fenômeno, representando a expansão acelerada e
descontrolada de sua população e ocupação territorial, em decorrência da migração e das
grandes transformações em torno da produção de petróleo. Em paralelo, observou-se um
aumento exponencial de problemas sociais, entre eles a violência, sendo que em 2008
Macaé ocupou o posto do 15o município mais violento do país (Mapa da Violência dos
Municípios Brasileiros, 2008).

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 823


7.1 A Violência no Norte Fluminense

A análise da criminalidade urbana no Estado do Rio de Janeiro dar-se-á a partir de dados


oficiais secundários do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), do Instituto de Segurança
Pública do Estado e do Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, de 2008.
O sistema de Segurança Pública no Estado do Rio de Janeiro é organizado em Regiões de
Segurança Pública (RISP) e em Áreas de Segurança Pública (AISP). Esta organização por
áreas de atuação tem o objetivo de estreitar as relações entre a Polícia Militar e a Policia
Civil e, assim, ampliar a eficácia de suas ações, melhorando o atendimento à população.
As AISPs foram implementadas em 1999, antes mesmo da divisão do Estado por regiões.
Posteriormente, em junho de 2009, o governador Sérgio Cabral assinou um decreto criando
as RISPs, que são uma divisão Estadual mais ampla e englobam as AISPs.
O Estado do Rio de Janeiro foi dividido em 6 RISPs – que implementaram o Sistema de
Gerenciamento de Metas para Indicadores Estratégicos de Criminalidade - constituídas por
um total de 40 AISPs, cada qual dirigida pelo comandante local do Batalhão da Polícia
Militar e pelo Delegado Titular da Delegacia Distrital. Esta unidade, que coordena cada uma
das RISPs é chamada de Centro Integrado de Segurança Pública (CISP).
Cada AISP possui um Conselho Comunitário de Segurança, composto pelos agentes de
segurança pública locais e membros da comunidade. Este sistema parte do princípio de que
a segurança pública é de responsabilidade coletiva, portanto todo cidadão deve participar da
construção de sua própria segurança e dos demais.
De tal maneira a comunidade, juntamente com a força policial, se responsabiliza pela
avaliação da dinâmica criminal por área, a incidência criminal, a elucidação de delitos e a
avaliação da qualidade dos serviços policiais. Ou seja, na busca de uma gestão participativa
e de soluções para a redução da violência, a sociedade é convidada a identificar os crimes
mais comuns, discutindo soluções e acompanhando os resultados das medidas adotadas.
As reuniões das AISPs tem freqüência mensal e os relatórios são entregues ao Instituto de
Segurança Pública do Estado, ISP, para análise e adoção de medidas. São realizadas
atividades de pesquisa e análise criminal para levantar e tratar dados que subsidiem os
agentes públicos de segurança na tomada de decisões e no direcionamento de
estratégias para o controle da violência e criminalidade, racionalizando recursos, através do
foco nos problemas.
O acompanhamento das metas das AISPs é realizado pela Secretaria de Estado de
Segurança (SESEG) e são realizadas reuniões periódicas, caso haja dificuldades em atingi-
las. Além disto, são elaborados relatórios estatísticos periódicos sobre a situação da
criminalidade constatada no Estado que, ao serem publicados, podem ser acessados pela
sociedade civil.
De acordo com o Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, as
Mesorregiões Norte e Noroeste Fluminense abrangem quatro Áreas Integradas de
Segurança Pública, a saber: AISP 08, AISP 29, AISP 32 e AISP 36.
A Região Norte está localizada na 6° RISP e divide- se em duas AISPs. A SESEG utiliza
numerações para identificá-las sendo, portanto, a AISP 08 constituída por Campos do
Goyacazes, São João da Barra, São Fidélis e São Francisco do Itabapoana. A segunda
AISP da Região Norte, identificada como AISP 32, é formada por Conceição de Macabu,
Carapebus, Macaé, Quissamã, Rio das Ostras e Cassimiro de Abreu, sendo que os dois
últimos municípios não pertencem à Região Norte administrativa.

824 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 10 - Região Norte e Noroeste Fluminense, Identificação das AISPs

Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 825


Para analisar a criminalidade e o índice de violência das Regiões estudadas, são
apresentadas a seguir informações dos relatórios das AISPs. Foram consideradas as
ocorrências registradas entre os meses de janeiro a outubro dos anos de 2006 a 2009,
conforme as diferentes categorias de crime definidas, possibilitando assim a comparação
dos dados quantitativos contabilizados. Tal análise possibilitou uma leitura pontual,
identificando quais as modalidades de crimes ocorrem com mais freqüência e se estas
ocorrências apresentaram aumento ou diminuição ao longo dos anos.

Neste período, as categorias identificadas pelo ISP, que apontam para alguns indicadores
de criminalidade da Região Noroeste foram:

• Vítimas de crimes violentos: Homicídio doloso, Lesão Corporal Seguida de


Morte, Latrocínio (roubo seguido de morte), Tentativa de homicídio, Lesão
corporal dolosa, Estupro e Atentado violento ao pudor;

• Vítimas de Crimes de Trânsito: Homicídio Culposo e Lesão Corporal Culposa;

• Registros de crimes contra o patrimônio: Roubo a estabelecimento comercial,


Roubo a residência, Roubo de veículo, Roubo de carga, Roubo a transeunte,
Roubo em coletivo, Roubo a banco, Roubo de caixa eletrônico, Roubo de
aparelho celular, Roubo com condução da vítima para saque, Extorsão mediante
seqüestro (Seqüestro Clássico), Extorsão, Extorsão com momentânea privação
da liberdade e Estelionato;

• Atividade Policial: Apreensão de drogas, Armas apreendidas, Prisões,


Apreensão de crianças e adolescentes (ECA), Recuperação de veículo,
Cumprimento de mandado de prisão.

7.1.1 AISP 8

Observa-se que na AISP 08, ou seja, nos municípios de Campos, São João da Barra, São
Fidélis e São Francisco do Itabapoana, as maiores ocorrências verificadas nos anos
analisados corresponderam à: lesão corporal dolosa, lesão corporal culposa por acidentes
de trânsito e roubo à pessoas que caminham pelas ruas. Os furtos e roubos apareceram
como ameaças constantes para a população, na maioria dos casos aumentando-se as
quantidades de ocorrências registradas ao longo dos anos.

O fato das análises serem realizadas por cada AISP não permite, todavia, uma identificação
de quais cidades apresentam as maiores contribuições nas incidências de criminalidade.
Tabela 47 - Região Norte Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes Violentos da AISP 08 –
2006, 2007, 2008, 2009
AISP 8: Comparativo Ano - Acumulado – Jan a Out / Vítimas de Crimes Violentos
Diferença Diferença Diferença
Vítimas de Crimes Violentos 2006 2007 2007 2008 2008 2009
Abstrata Abstrata Abstrata
Homicídio Doloso 164 147 -17 149 190 41 190 217 27
Lesão Corporal Seguida de Morte - - - - - - 0 1 1
Latrocínio (Roubo Seguido de Morte) 5 3 -2 3 5 2 5 4 -1
Tentativa de homicídio - - - - - - 160 249 89
Lesão corporal dolosa 2.451 2.118 -333 2.118 1.971 -147 1.971 1.969 -2
Estupro 39 41 2 41 38 -3 38 74 36
Atentado violento ao pudor 60 70 10 70 79 9 79 78 -1
- = não há informação
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009

826 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Entre 2006-2009, na categoria Vítimas de Crimes Violentos, as ocorrências mais registradas
na AISP 08 se referiram aos casos de Lesão Corporal Dolosa. No entanto, verificou-se uma
redução de 2.451 para 1.969 destes registros no período.

Para as ocorrências de Homicídio Doloso, o ano de 2006 contabilizou 164 crimes dessa
natureza, caindo em 2007 mas voltando a crescer até 2009, com 217 casos registrados.

Quanto à Tentativa de Homicídio, o ISP disponibilizou dados somente de 2008 e 2009, em


que se observa um aumento de 89 registros, contabilizando-se 249 ocorrências em 2009. O
Atentado violento ao pudor apareceu como a terceira maior incidência de crimes violentos,
que se manteve praticamente estável, ao redor de 75 ocorrências neste período.

Os indicadores para Estupro, que entre 2006-2008 tiveram seus indicadores similares, com
média de 40/ano, mostraram um aumento considerável em 2009, chegando a dobrar o
número de ocorrências para 74 casos.

Foi também registrada 1 Lesão Corporal Seguida de Morte em 2009 e o Latrocínio (Roubo
Seguido de Morte) apresentou índices reduzidos, com media de 4 ocorrências/ano.
Tabela 48 - Região Norte Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes de Transito da AISP
08 - 2006, 2007, 2008, 2009
AISP 8: Comparativo Ano - Acumulado - Jan a Out / Vítimas de Crimes de Trânsito
Dif. Dif. Dif.
Vítimas de Crimes de Trânsito 2006 2007 2007 2008 2008 2009
Abs Abs Abs.
Homicídio Culposo 138 161 23 161 159 -2 159 137 -22
Lesão Corporal Culposa 1.568 1.620 52 1.620 1.610 -10 1.610 1.318 -292
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.

Nos casos de Lesão Corporal Culposa em acidentes de trânsito constata-se uma variação
no período total, com uma queda importante de 302 registros entre 2007-2009,
contabilizando-se 1.318 ocorrências. O mesmo movimento foi observado nos casos de
Homicídio Culposo, com variações no período e uma média de 150 ocorrências/ano.
Tabela 49 - Região Norte Fluminense, Registros de Crimes contra o Patrimônio da AISP 08 –
2006 - 2009
AISP 8: Comparativo Ano - Acumulado - Jan a Out / Registros de Crimes Contra o Patrimônio
Registros de Crimes Contra
2006 2007 Dif. Abs 2007 2008 Dif. Abs 2008 2009 Dif. Abs.
o Patrimônio
Roubo a estabelecimento
145 105 - 40 105 119 14 119 113 -6
comercial
Roubo a residência 40 50 10 50 67 17 68 82 14
Roubo de veículo 93 126 33 162 200 38 184 216 32
Roubo de carga - - - - - - 47 49 2
Roubo a transeunte 481 635 154 635 807 172 807 997 190
Roubo em coletivo 32 79 47 79 55 -24 66 55 -11
Roubo a banco 0 1 1 1 0 -1 0 1 1
Roubo de caixa eletrônico - - - - - - 0 1 1
Roubo de aparelho celular - - - - - - 35 35 0
Roubo com condução da
- - - - - - 1 1 0
vítima para saque em I.F.
Furto de veículos 391 481 90 481 474 -7 474 451 -23
Extorsão mediante sequestro
0 0 0 0 0 0 0 0 0
(Sequestro Clássico)
Extorsão 32 17 -15 17 27 10 27 25 -2
Extorsão com momentânea
- - - - - - 0 0 0
privação da liberdade
Estelionato - - - - - - 315 290 -25
- = não há informação
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 827


Considerando-se os crimes contra o Patrimônio, o roubo a transeunte foi um dos indicadores
que apresentou maior aumento na Região, passando de 481 registros em 2006 para 997 em
2009, representando acréscimo de 107,2% no número de ocorrências dessa natureza.

Seguem-se como mais freqüentes o Furto de veículos, com aumento de 90 casos,


totalizando 481 ocorrências em 2009, apesar de uma pequena diminuição nos 2 últimos
anos. O terceiro indicador mais comum desta categoria foi o Roubo de veículos, que
apresentou no período um aumento de 103 registros, finalizando com 216 ocorrências.

Assim, apresentaram os maiores aumentos do período os Roubos a estabelecimento


comercial, à residência, de veículo e de transeunte. Os Roubos a estabelecimento comercial
apresentaram uma média de 120 ocorrências/ano, enquanto o Roubo à residência dobrou o
número de casos, terminando 2009 com 82. O mesmo aconteceu com o Roubo de veículo
que no período de 2006 a 2009 apresentou um aumento de 103 registros, num total de 216
ocorrências.

Observa-se ainda na AISP 08, 02 ocorrências relacionadas ao Roubo de bancos. Ressalta-


se que, embora apresente poucos registros, isto sugere a possível existência de crime
organizado, com estratégias mais elaboradas. Foram pequenos os casos de Roubo de
celular e de caixa eletrônico e inexistentes casos de Extorsão mediante seqüestro
(Seqüestro Clássico) e Extorsão com momentânea privação da liberdade. Já o indicador
Extorsão teve uma média de 25 registros e o Estelionato apresentou um valor bem mais
elevado, num total de 290 ocorrências, em 2009.

Tabela 50 - Região Norte Fluminense, Atividade Policial da AISP 08, 2006 - 2009
AISP 8: Comparativo Ano - Acumulado - Jan a Out / Atividade Policial

Atividade Policial 2006 2007 Dif. Abs. 2007 2008 Dif. Abs. 2008 2009 Dif. Abs.

Apreensão de drogas 427 412 -15 412 548 136 548 745 197
Armas apreendidas 650 368 -282 418 395 -23 395 483 88
Prisões 754 642 -112 642 859 217 859 1.077 218
Apreensão de criança /
122 132 10 132 155 23 155 181 26
adolescente (ECA)
Recuperação de veículo 228 207 -21 207 289 82 289 293 4
Cumprimento de mandado
146 182 36 182 194 12 194 271 77
de prisão
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009

Entre 2007-2009, o indicador Prisões foi o mais elevado em termos de Atividade Policial,
crescendo durante este intervalo até alcançar 1077 neste último ano. A Apreensão de
drogas também apresentou aumento, representando 745 ocorrências em 2009, enquanto o
número de Armas Apreendidas diminuiu em 2008 para depois subir, chegando a 483.

Quanto a Apreensão de criança/adolescente (ECA), o número de ocorrências foi crescente a


cada ano, alcançando 181 em 2009. Esse indicador aponta para um possível aumento da
vulnerabilidade destas faixas etárias, indicando a necessidade de políticas públicas
específicas que atuem preventivamente contra a criminalidade.

A Recuperação de veículos cresceu um pouco, finalizando o período com 293 ocorrências e


o Cumprimento de Mandato de Prisão dobrou suas ocorrências para 271.

828 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 51 - Região Norte Fluminense, Totais de Registros da AISP 08, 2006 - 2009
AISP 8: Comparativo Ano - Acumulado - Jan a Out / Totais de Registros
Totais de Registros 2006 2007 Dif. Abs 2007 2008 Dif. Abs 2008 2009 Dif. Abs.
Total de roubos 959 1.217 258 1.217 1.512 295 1.496 1.706 210
Total de furtos 3.161 3.824 663 3.824 3.539 -285 3.539 3.560 21
Registros de ocorrências 14.141 13.763 -378 13.763 14.275 512 14.275 14.930 655
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.
Na soma de todos os valores finaliza-se a contagem final quanto ao total de roubos, de 2006
a 2009, observando-se um aumento considerável de mais de 40%, de 959 para 1.706
registros. O total de furtos fechou o período com um valor elevado de 3.560 ocorrências em
2009. Somando-se todos, em 2006 foram registradas 14.414 ocorrências na AISP 8 e em
2009, 14.930, um aumento de 3,5% durante o período de 3 anos.

7.1.2 AISP 32

A AISP 32, formada pelos municípios de Conceição de Macabu, Carapebus, Macaé,


Quissamã, Rio das Ostras e Cassimiro de Abreu, possui dois Municípios a mais que a AISP
08 em sua composição.

As maiores ocorrências verificadas nos anos analisados, principalmente em 2009, foram as


mesmas daquelas identificadas na AISP 08, indicando que o perfil da criminalidade não
possui grandes diferenças entre as AISPs: lesão corporal dolosa, lesão corporal culposa por
acidentes de trânsito e roubo a transeuntes. No entanto, para estas categorias, a AISP 32
apresentou um quantitativo pouco inferior. Os furtos e roubos também foram ameaças
constantes para a população, na maioria dos casos aumentando as ocorrências registradas
no período.

Tabela 52 - Região Norte Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes Violentos da AISP 32,
2006 - 2009
AISP 32: Comparativo Ano - Acumulado - Jan a Out / Vítimas de Crimes Violentos
Dif. Dif. Dif.
Vítimas de Crimes Violentos 2006 2007 2007 2008 2008 2009
Abs Abs Abs.

Homicídio Doloso 139 152 13 152 122 -30 122 117 -5


Lesão Corporal Seguida de Morte - - - - - - 1 0 -1
Latrocínio (Roubo Seguido de Morte) 2 6 4 6 2 -4 2 4 2
Tentativa de homicídio - - - - - - 103 97 -6
Lesão corporal dolosa 1.477 1.626 149 1.626 1.671 45 1.671 1.806 135
Estupro 35 49 14 49 49 0 49 77 28
Atentado violento ao pudor 28 41 13 41 59 18 59 41 -18
- = não há informação
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.

Entre 2006-2009, na categoria Vítimas de Crimes Violentos, as ocorrências mais comuns se


referiram aos casos de Lesão Corporal Dolosa, verificado-se ainda um aumento de 1.477
para 1.806 destes registros no período. Para as ocorrências de Homicídio Doloso, o ano de
2006 contabilizou 139 crimes dessa natureza, ficando estável nos dois anos seguintes co
122 e diminuindo um pouco em 2009, totalizando 117 casos registrados.

Quanto a Tentativa de homicídio, o ISP disponibilizou dados somente de 2008 e 2009, nos
quais se observa um queda de 120 para 92 registros. O Atentado violento ao pudor
apareceu como a quarta maior incidência de crimes violentos, com um aumento de cerca de
40% de ocorrências, finalizando 2009 com 41 ocorrências.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 829


Já os indicadores para Estupro dobraram suas ocorrências entre 2006-2009, de 35 para 77.
Foi registrada 1 Lesão Corporal Seguida de Morte, em 2009 e o Latrocínio (Roubo Seguido
de Morte) apresentou em uma média de 4 ocorrências/ano.

Tabela 53 - Região Norte Fluminense, Ocorrências de Vítimas de Crimes de Trânsito da AISP


32, 2006 - 2009
AISP 32: Comparativo Ano - Acumulado - Jan a Out / Vítimas de Crimes de Trânsito
Vítimas de Crimes de Trânsito 2006 2007 Dif. Abs 2007 2008 Dif. Abs 2008 2009 Dif. Abs.
Homicídio Culposo 99 129 30 129 120 -9 120 92 -28
Lesão Corporal Culposa 930 1.217 287 1.217 1.416 199 1.419 1.198 -221
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.

Nos casos de Lesão Corporal Culposa em acidentes de trânsito, observa-se uma variação
no período total avaliado, com um aumento importante de 270 registros entre 2007-2009,
contabilizando-se 1.198 ocorrências. O mesmo movimento foi observado nos casos de
Homicídio Culposo, com variações no período e uma queda em 2009, para 92
ocorrências/ano.

Tabela 54 - Região Norte Fluminense, Registros de Crimes contra o Patrimônio da AISP 32,
2006 - 2009
AISP 32: Comparativo Ano - Acumulado - Jan a Out / Registros de Crimes Contra o Patrimônio
Registros de Crimes contra o
2006 2007 Dif. Abs 2007 2008 Dif. Abs 2008 2009 Dif. Abs.
Patrimônio
Roubo a estabelecimento comercial 82 99 17 99 77 -22 77 133 56
Roubo a residência 49 52 3 52 54 2 54 67 13
Roubo de veículo 157 180 23 180 317 137 284 256 -28
Roubo de carga - - - - 73 66 -7
Roubo a transeunte 376 625 249 625 773 148 773 862 89
Roubo em coletivo 118 161 43 161 223 62 227 109 -118
Roubo a banco 0 0 0 0 3 3 3 0 -3
Roubo de caixa eletrônico - - - - - - 0 0 0
Roubo de aparelho celular - - - - - - 80 51 -29
Roubo com condução da vítima
para saque em I.F. - - - - - - 7 2 -5
Furto de veículos 547 565 18 565 746 181 745 693 -52
Extorsão mediante sequestro
(Sequestro Clássico) 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Extorsão 13 21 8 21 27 6 27 20 -7
Extorsão com momentânea
privação da liberdade - - - - - - 0 0 0
Estelionato - - - - - - 430 295 -135
- = não há informação
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.
Considerando-se os crimes contra o Patrimônio, o roubo a transeunte foi um dos indicadores
que apresentou maior aumento nesta AISP, similar ao ocorrido na AISP 8, passando de 376
ocorrências em 2006 para 862 em 2009, ou seja, teve acréscimo de 129,2%.

Seguiram-se como mais freqüentes o Furto de veículos, com aumento de 547 para 693
casos em 2009, apesar de haver alcançado 746 casos em 2007. O terceiro indicador mais
comum desta categoria foi o Roubo de veículos, que apresentou no período um aumento,
para 256 ocorrências.

Os Roubos a estabelecimento comercial também cresceram, registrando em 2009 133


ocorrências, enquanto o Roubo a residência fio de 49 para 67 casos. O mesmo aconteceu

830 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


com o Roubo de veículo que, entre 2006 - 2009, teve um aumento de 140 registros no
período total, com 256 casos no ano final.

Ainda na AISP 32, houve 03 ocorrências relacionadas ao Roubo de bancos, em 2008.


Ressalta-se que embora esta categoria apresente poucos registros, isto sugere a possível
existência de crime organizado. Foram inexistentes os Roubos de caixa eletrônico, assim
como os casos de Extorsão mediante seqüestro (Seqüestro Clássico) e de Extorsão com
momentânea privação da liberdade. Já o indicador Extorsão teve uma média de 24 registros
e o Estelionato apresentou um valor bem mais elevado em 2008, 430, com queda em 2009,
finalizando com 295 ocorrências.

Tabela 55 - Região Norte Fluminense, Registros de Atividade Policial da AISP 32, 2006 - 2009
AISP 32: Comparativo Ano - Acumulado - Jan a Out
Atividade Policial 2006 2007 Dif. Abs 2007 2008 Dif. Abs 2008 2009 Dif. Abs.
Apreensão de drogas 202 170 -32 170 232 62 232 307 75
Armas apreendidas 270 252 -18 284 220 -64 220 194 -26
Prisões 241 204 -37 204 306 102 306 387 81
Apreensão de criança /
20 19 -1 19 42 23 42 61 19
adolescente (ECA)
Recuperação de veículo 261 248 -13 248 335 87 335 214 -121
Cumprimento de mandado de
152 158 6 158 194 36 194 248 54
prisão
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.
Entre 2006-2009, o indicador Prisões foi o mais elevado em termos de Atividade Policial,
crescendo até alcançar 387 no último ano. A Apreensão de drogas também subiu para 307
casos em 2009, enquanto o número de Armas Apreendidas diminuiu neste período, de 270
para 194.

Quanto a Apreensão de criança/adolescente (ECA), o número de ocorrências foi crescente,


alcançando 61 em 2009. Esse indicador aponta para um possível aumento da
vulnerabilidade destas faixas etárias, necessitando de políticas públicas preventivas
específicas contra este fato.

A Recuperação de veículos aumentou entre 2006-2008, mas em 2009 diminuiu para 214
ocorrências/ano e o Cumprimento de Mandato de Prisão aumentou suas ocorrências de 152
para 248.

Tabela 56 - Região Norte Fluminense, Totais de Registros da AISP 32, 2006 - 2009
AISP 32: Comparativo Ano - Acumulado - Jan a Out
Totais de Registros 2006 2007 Dif. Abs 2007 2008 Dif. Abs 2008 2009 Dif. Abs.
Total de roubos 1.131 1.490 359 1.490 1.777 287 1.744 1.676 -68
Total de furtos 3.292 3.752 460 3.752 4.091 339 4.090 4.288 198
Registros de ocorrências 10.352 12.614 2.262 12.614 13.309 695 13.309 13.209 -100
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.

Assim, finalizou-se a contagem final quanto ao total de Roubos, de 2006 a 2009,


observando-se um aumento considerável de mais de 40%, de 1.131 para 1.676 registros e o
total de Furtos fechou o período com um valor elevado de 4.288 ocorrências. Somando-se
todos os valores, em 2006 foram registradas 10.352 ocorrências na AISP 32 e em 2009,
13.209, um aumento de 27,5 %.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 831


Gráfico 20 - Região Noroeste Fluminense, Ocorrências das AISPs 08 e 32, 2009

Fonte: Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2009.


A AISP 08, no geral, apresentou um quantitativo mais expressivo de ocorrências, em
comparando-se com a AISP 32. Em ambas as maiores ocorrências registradas nos anos
analisados corresponderam à: lesão corporal dolosa, lesão corporal culposa por acidentes
de trânsito e roubo a transeunte.

A apreensão de drogas também apareceu com bastante frequencia em 2009 sendo que,
neste caso, a AISP 08 superou a AISP 32, com 178% a mais de ocorrências desta natureza,
indicando que o trafico e o uso de drogas tem se tornado um problema muito expressivo na
Região em análise. Com relação aos furtos e roubos de veículos, a AISP 32 apresentou o
maior número de ocorrências.

Outra observação relevante e preocupante é que, enquanto na AISP 08 o numero de


ocorrências – que era bem maior – aumentou 3,5% entre 2006 – 2009, na AISP 32 o
numero de ocorrências aumentou 27,5%, chegando a aproximar-se muito dos índices da
AISP 08.

O fato das análises serem realizadas por cada AISP não permite, todavia, uma identificação
de quais municípios apresentam as maiores contribuições de incidências de criminalidade.
Todavia, as variações de registros criminosos demonstram que o grupo de Municípios que
constituem a AISP 32 ainda se caracteriza como o menos violento da Região Norte.

7.2 Mapa da Violência - Região Norte

Além da análise dos Relatórios das AISPs do Norte, outro documento foi analisado para a
compreensão da criminalidade local, o Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008,
que complementa os dados estatísticos apresentados anteriormente. Esta publicação é uma
iniciativa da RITLA (Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana), junto com o
832 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Instituto Sangari, o Ministério da Justiça e o Ministério da Saúde, que estão dando
continuidade a uma série de estudos iniciados há dez anos.
O primeiro Mapa da Violência foi divulgado em 1998, com o objetivo de preencher uma
lacuna existente no país no campo de indicadores de abrangência nacional sobre o tema da
violência letal e da criminalidade, diferenciando-se dos estudos já apresentados porque se
limitam a avaliar os crimes violentos no país. Os estudos existentes nessa área eram
esporádicos e pouco sistemáticos.
Os Mapas da Violência vêm produzindo uma série de estudos que, devido à sua
abrangência e sistematicidade, os tornaram insumos importantes para a elaboração e
avaliação dos planos e estratégias de enfrentamento da violência no Brasil. Também têm
sido subsídios significativos para a formulação dos planos e programas dirigidos à juventude
nas diversas esferas e para a elaboração de relatórios nacionais e internacionais na área.
Em 2007 foi publicado o segundo Mapa da Violência, contendo informações e indicadores
coletados até o ano de 2004. O Ministério da Saúde agilizou seus processos de coleta e
sistematização de informações de mortalidade e tornou disponíveis, em curto espaço de
tempo, os dados até 2006, elaborando um novo Mapa em 2008.
A importância de se elaborarem indicadores de violência específicos a nível municipal foi a
possibilidade de observar-se o fenômeno de deslocamento da violência das grandes capitais
e metrópoles para o interior dos estados. Este fato ficou evidente com a divulgação do Mapa
da Violência de São Paulo, em 2005 e em 2006, confirmando esta tendência para alguns
estados de grande peso demográfico do país.
Os pesquisadores do Mapa da Violência (2008) desenvolveram um mapeamento dos 556
municípios que possuíam o maior percentual de taxa de homicídio/população total7. Apesar
destes representarem apenas 10% dos municípios brasileiros, são responsáveis por 73,3%
dos homicídios acontecidos no país, durante o ano de 2006.
Mapa 11 – Rio de Janeiro, Mapa da Violência, Porcentagem de Taxa de Homicídios, 2008

Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008

7
As contagens populacionais utilizadas no Mapa tem como referência os dados do IBGE
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 833
O Estado do Rio de Janeiro possui em torno de 40% de seus municípios compondo este
grupo crítico, constituído pelas cidades mais violentas do país. Da Região Norte são 4 os
municípios: Macaé, Carapebus, Conceição de Macabu e Campos dos Goytacazes.
Destes, Macaé foi o 15° município com a maior taxa de homicídio do país/população total,
durante o ano de 2006. Sua taxa foi de 85,9 homicídios/100.000 habitantes. No ranking
estadual ocupou o 1o lugar como cidade com mais homicídios proporcionais à sua
população.
Seguiu-se Carapebus que ocupou a 196° posição, com uma taxa de 45,4 homicídios/pop.
total, Conceição de Macabu com a 259° posição, com taxa de 41,1 homicídios e Campos,
que apesar de ser o município mais populoso da Região, ocupou a 308° posição,
apresentando a taxa de 37,8 homicídios/pop.
Na Tabela abaixo, ao observar-se os números absolutos de homicídios, verifica-se que
estes ocorrem em maior número em Campos, com o maior número de ocorrências em 2002
e ligeira queda até 2004. Porém, no ano seguinte as ocorrências voltam praticamente aos
valores de 2002, com 176 ocorrências e registram ligeira queda em 2006, com 168 registros
com a média de homicídios mediana, 37,8 homicídios/100.000 hab.
Tabela 57 – Região Norte Fluminense, Homicídios População Total, 2002 a 2006
Taxas
Municípios do Norte Homicídios População Total
Fluminense 2002 2003 2004 2005 2006 Média
Campos dos Goytacazes 177 160 131 176 168 37,8
Carapebus 4 3 6 2 6 45,4
Cardoso Moreira 4 4 2 1 4 19,3
Conceição de Macabu 6 3 5 12 7 41,1
Macaé 133 113 163 119 123 85,9
Quissamã 1 3 3 3 2 16,3
São Fidélis 8 4 4 5 2 9,7
São Francisco de Itabapoana 8 4 11 7 7 20,5
São João da Barra 5 3 7 4 1 13,7
Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008.
No período de 2002-2006, comparando-se a média de Campos com a de Macaé, que possui
aproximadamente a metade da população de Campos, percebe-se seu alto índice de
violência: enquanto Campos possuía uma média de 37,8 homicídios/100.000 hab., Macaé
apresentou uma média de 85,9 homicídios/100.000 hab., mais do que o dobro do valor.
Já Carapebus, o município menos populoso do Norte, apresentounestes anos a segunda
maior média de homicídios, 45,4 homicídios/100.000 hab., com ocorrências que variaram de
2 a 6 homicídios/ano.
Ressalta-se que, em 2004, ocorreu uma queda no número de homicídios em vários
municípios brasileiros – o que não foi a tendência deste grupo de municípios - atribuído
pelos pesquisadores do Mapa da Violência ao Programa de Desarmamento do Governo
Federal.
Assim, pela ordem decrescente, a maior média de homicídios/população total foi de Macaé,
seguido de Carapebus, Conceição do Macabu, Campos, São Francisco de Itabapoana e
Cardoso Moreira. Os menores valores foram os de Quissamã, 16,3, São João da Barra, 13,7
e São Fidélis, 9,7.
Por sua vez, não houve uma tendência geral no número de homicídios/população total,
havendo tanto aumento como diminuições de seu valor em cada um dos municípios do
Norte, sendo que o maior aumento foi em Carapebus, de 4 para 6 homicídios e a maior
diminuição em Macaé, de 133 para 123 homicídios/pop. total, em 2006.

834 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 12 - Região Norte Fluminense, Homicídio da População Total, 2006

Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 835


Referente aos homicídios da população jovem, os pesquisadores do Mapa constataram um
aumento de 1996 a 2006 de 31,3%, no Brasil. Este aumento foi maior do que de o aumento
de homicídios da população total, de 20%, e maior do que o crescimento da população
nacional, que foi de 16,3%.

Tabela 58 – Região Norte Fluminense, Homicídios na População Jovem, 2002 a 2006


Taxas
Municípios do Norte
Fluminense Homicídios População Jovem
2002 2003 2004 2005 2006 Média
Campos dos Goytacazes 69 57 47 71 73 79,3
Carapebus 0 2 4 1 4 158,7
Cardoso Moreira 0 0 1 0 0 14,8
Conceição de Macabu 2 3 2 4 4 91,6
Macaé 54 52 51 45 44 152,7
Quissamã 1 1 1 0 1 22,3
São Fidélis 2 1 0 0 0 0,0
São Francisco de Itabapoana 3 2 1 2 2 21,0
São João da Barra 1 0 1 1 0 12,7
Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros 2008
Entre 2002-2006, na Região Norte Fluminense o município com o maior número absoluto de
homicídios juvenis8 foi Campos, variando seus valores e encerrando 2006 com 73
ocorrências. Porém, considerando que seu número de jovens é o maior da Região, a média
de 79,3 homicídios ocupou o 4o lugar do Norte.

O município com a maior média regional de homicídios juvenis na Região foi Carapebus
que, por sua vez, é o município com menor população jovem regional. Em números
absolutos, em 2002, não houve registros de homicídios juvenis, chegando a 4, em 2006. A
média municipal foi de 158,7 homicídios/jovens/100.000 hab.

O segundo município com maior média deste crime foi Macaé, que também era o segundo
município do Norte em número de jovens. De 2002 a 2006, foi possível observar uma ligeira
queda no seu valor absoluto de homicídios/jovens, de 54 para 44 registros, perfazendo a
média de 152,7 homicídios/100.000 hab.

Ao contrário, São João da Barra, Cardoso Moreira e São Fidélis não apresentam homicídio
de jovens, enquanto os outros municípios do Norte revelaram médias intermediárias, entre
0,01 e 32,46.

8
O conceito de juventude utilizado no Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros (2008) possui um viés
sociológico e indica o processo de preparação enfrentado pelos indivíduos, para assumirem o papel de adultos
estendendo-se dos 15 aos 24 anos

836 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 13 - Região Norte Fluminense, Homicídio da População Jovem, 2006

Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 837


Segue-se a análise do percentual de óbitos por acidentes de transporte. Campos foi o que
apresentou a maior média de registros regional, com 50,8 óbitos/100.000 hab. Houve
variações internas no dados do período, que teve em 2006 202 óbitos/acidentes de
transporte.

Tabela 59 – Região Norte Fluminense, Óbitos por Acidentes de Transporte, 2002 a 2006
Taxas
Municípios do Norte
Óbitos Acidentes de Transporte
Fluminense
2002 2003 2004 2005 2006 Média
Campos dos Goytacazes 195 232 213 224 202 50,8
Carapebus 3 1 4 7 3 45,4
Cardoso Moreira 3 3 1 1 1 8,3
Conceição de Macabu 7 4 5 11 7 39,4
Macaé 56 63 72 56 62 40,2
Quissamã 5 4 5 10 3 36,6
São Fidélis 6 1 2 7 5 12,4
São Francisco de Itabapoana 15 8 6 8 8 17,9
São João da Barra 5 8 14 4 11 33,1
Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008.

O segundo município com maior média desta ocorrência foi Carapebus, com 45,4
óbitos/100.000 hab., com valores elevados em 2004-2005 e registrando uma queda para 3
óbitos em 2006, o que, comparado à sua menor população regional, resulta em uma média
elevada. Já Macaé foi o terceiro município com ocorrência deste óbitos, 40,2/100.000 hab.,
variando os registros neste período avaliado e terminando 2006 com 62 óbitos.

Conceição de Macabu e Quissamã se aproximaram dessa média, com 39,4/100.000 hab. e


36,6/100.000 hab. Cardoso Moreira apresentou a menor media, 8,3/10.000 hab. Nos demais
municípios as médias variaram entre 12,4 em São Fidelis e 33,1 óbitos/100.000 hab., em
São João da Barra.

838 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 14 - Região Norte Fluminense, Óbito por Acidente de Transporte, 2006

Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 200

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 839


Abaixo, a Tabela revelou ainda as estatísticas para os óbitos por armas de fogo. Este tipo de
óbito abrange diversas situações como: suicídios, homicídios, acidentes mortais e mortes
por armas de fogo de intencionalidade indeterminada, conforme explicado no Mapa da
Violência. Além disto, as armas de fogo garantem 92,5% das mortes nos homicídios
praticados com este instrumento e a maioria dos homicídios é praticada com armas de fogo.

As maiores taxas deste tipo de óbito ocorreram em Campos chegando em 2002 e 2005 a
153 óbitos e fechando 2006 com 149 óbitos. Conceição de Macabu, Cardoso Moreira e
Carapebus também tiveram valores elevados. Os municípios de São Fidélis, Quissamã e
São Francisco de Itabapoana e São João da Barra, por sua vez, demonstram baixas taxas
de óbito por armas de fogo.

Tabela 60 – Região Norte Fluminense, Óbitos por Armas de Fogo, 2002 a 2006
Taxas
Municípios do Norte
Óbitos por Armas De Fogo
Fluminense
2002 2003 2004 2005 2006 Média
Campos dos Goytacazes 153 139 114 153 149 33,1
Carapebus 4 3 6 2 5 42,2
Cardoso Moreira 2 2 2 1 5 22,1
Conceição de Macabu 8 2 5 9 7 36,0
Macaé 117 104 133 98 110 72,2
Quissamã 1 2 3 0 3 12,2
São Fidélis 8 4 3 2 4 8,0
São Francisco de Itabapoana 8 3 5 5 5 12,2
São João da Barra 6 3 4 3 0 8,0
Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008

Todavia, proporcionalmente ao número de habitantes, Macaé teve a maior a média de


óbitos por arma de fogo, de 72,2 óbitos/100.000 hab. Ainda que apresentando grande
variação de ocorrências no período, estas cresceram entre 2005-2006, finalizando com a
marca de 110 óbitos. É importante relembrar que, em 2006, Macaé havia sido o 15º
município do país com maior taxa de homicídio da população total, o 2º município da Região
na média de homicídio da população jovem e ainda, o Município com maior média de óbitos
por arma de fogo/100.000 hab. no Norte Fluminense.

840 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 15 - Região Norte Fluminense, Óbito por Armas de Fogo, 2006

Fonte: Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, 2008.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 841


Portanto, a questão de segurança pública em Macaé, Carapebus e mesmo Campos,
merecem atenção preferencial e urgente, com índices alarmantes que precisam de uma
planificação eficaz e integrada de todos os setores da sociedade, com direcionamentos
advindos de todas as esferas de poder para que a situação tão grave seja contida e
revertida ao longo das próximas décadas.

7.3 Estudo Socioeconômico Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro

Por fim, apresenta-se um outro viés na análise da Segurança Pública dos municípios do
Norte Fluminense, que trata da influência das questões financeiras e de planejamento na
efetividade as ações da Segurança Pública (Estudos Socioeconômicos do Tribunal de
Contas do Estado do Rio de Janeiro, 2007).

No estudo, o TCE-RJ aborda um trabalho realizado em parceria com a Fundação Getúlio


Vargas, lançado em 2006, denominado “O Investimento Público e a Efetividade das Ações
Estatais na Segurança”. Para tal, foram realizadas entrevistas com diferentes gestores de
Segurança Pública do Estado, profissionais da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Sistema
Prisional, buscando-se dados que contribuíssem para maior eficácia na elaboração das
políticas públicas estaduais.

Considerando-se a execução orçamentária do Governo do Estado, entre janeiro de 2003 a


junho de 2006, o aparelhamento das policias e demais instituições públicas absorveu, em
média, 12,6% dos gastos totais do Estado, fatia inferior apenas àquelas inscritas nas
rubricas Encargos Especiais e Educação. Entretanto, quando se analisa a distribuição de
gastos, confirma-se que os recursos se mostram insuficientes para fazer frente às
necessidades de investimento e custeio.

Dos recursos públicos estaduais destinados à área, em média, mais de 30% se destinam ao
Fundo Único da Previdência Social e mais de 40% aos gastos com pessoal da ativa e seus
respectivos encargos. Por outro lado, só 3,25% costumam ser direcionados para o
policiamento propriamente dito, sugerindo-se um desequilíbrio entre o que é gasto nas
atividades-meio e o que é gasto nas atividades-fim na área de Segurança Pública.

As principais observações do estudo foram:

• A preocupação central demonstrada pelos entrevistados se relacionou à


ausência de planejamento e de critérios de gestão sobre as questões
orçamentárias. A elaboração do orçamento viria sendo executada com base no
que foi feito em anos anteriores, sem a preocupação com os aumentos de custos
registrados no período, nem com o estabelecimento de um elo entre receitas,
despesas e objetivos de longo prazo para a área. Além disto, faltava considerar
diversos fatores exteriores às organizações de segurança – como crises,
demandas da opinião pública, julgamentos morais, adequação ao sistema legal
– que influem no seu cotidiano, apontando para a necessidade de antecipação
às contingências, o que, de maneira ampla, demanda instrumentos gerenciais
eficazes para que a política de segurança cumpra sua função. Outras
deficiências relatadas foram a improvisação constante, o excesso de burocracia
e a falta de comunicação no interior da organização (fosse esta Polícia Militar ou
Civil) e entre as organizações de uma maneira em geral (Polícias, Sistema
Penitenciário, Executivo, etc.);

• Aponta-se também para um conflito entre os critérios técnicos e políticos na


construção dos orçamento das instituições da área, com forte influência política
na definição de prioridades em detrimento de questões técnicas, levando
842 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
questões fundamentais a receberem um tratamento superficial, comprometendo
a própria subsistência de algumas instituições.

• Além disto, a partir dos discursos dos gestores foi identificada a existência de um
orçamento insuficiente – por exemplo, faltando verbas para a manutenção e
compra de viaturas - e a execução precária que o acompanha. As verbas são
liberadas de formas reativa, de acordo com as necessidades - sem planejamento
- de forma emergencial, geralmente quando um problema ganha repercussão
pública. Os atrasos de verbas são constantes, prejudicando o andamento de
projetos. Falta ainda investir-se no sistema prisional que necessita de grandes
recursos, freqüentemente gastos de forma inadequada.

• A quarta categoria de problemas discutidos foi a utilização de sobras das


despesas com alimentação (“rancho”) para custear outras atividades dos
batalhões e unidades da PM, como combustível e manutenção. Tal fato reflete
tanto a precariedade de verbas quanto a ausência de planejamento. Ressalta a
necessidade de melhor treinamento dos recursos humanos para lidar com as
questões orçamentárias, sendo solicitada ao menos formação básica na área.

O fundamental, acima de tudo, é que o conceito de estratégia seja incorporado não só ao


dia-a-dia das instituições de Segurança, mas à própria forma como o Estado trata a
Segurança Pública no contexto das políticas sociais.

Nesta perspectiva, a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), que coordena o


Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) identificou e definiu sete ações estruturantes
para alcançar-se um Sistema de Segurança Pública adequado:
1 - modernização organizacional;
2 – melhoria do sistema de informações gerenciais;
3 - implementação e modernização da infra-estrutura;
4 - valorização profissional;
5 - prevenção;
6 - reaparelhamento;
7 - repressão classificada, que tem como premissa básica buscar os criminosos mais
“perigosos” para a sociedade e no mais breve espaço de tempo investigá-los, processá-los e
condená-los.
7.4 Sistema Prisional

Complementando o tema da Segurança Pública, o Sistema Prisional das Regiões Norte e


Noroeste contam com 2 penitenciarias, sendo uma localizada em Campos dos Goytacazes
(Penitenciária Carlos Tinoco da Fonseca ), com a capacidade para 795 presos, e outra
localizada em Itaperuna (Presídio Diomedes Vinhosa Muniz), com capacidade para 410
presos.

Não foi possível, até o presente momento, obter informações oficiais sobre a situação das
penitenciárias no que se refere à lotação, não sendo possível confirmar se as Regiões
sofrem de um problema comum vivido na maioria das cidades brasileiras, de superlotação
dos presídios.

No entanto, os dados de ocorrências das AISPs favorecem uma suposição contundente de


que este seja o caso, ao se observar que somente no ano de 2009 foram realizadas 1.077
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 843
prisões na AISP 08 e ainda mais 387 na AISP 32, números estes muito superiores às
capacidades oferecidas na penitenciária regional. Diante disso, pode-se supor ainda que
muitas detenções realizadas nas Regiões sejam encaminhadas para outros locais, para a
efetivação das prisões.
Considerando-se todos os dados estatísticos avaliados nas AISPs e no Mapa da Violência e
a avaliação das questões financeiras no funcionamento do Sistema de Segurança Pública,
faltaria ainda uma avaliação qualitativa do Sistema de Segurança, no que diz respeito aos
serviços de prevenção e repressão ofertados nos municípios e em suas respectivas regiões
pois, desde outra perspectiva, não se tem conhecimento da efetividade do Sistema visando
diminuição e prevenção das ocorrências de criminalidade e violência apresentadas.

Foto 15 – Região Norte Fluminense, Quissamã, Guarda Municipal

Fonte: Foto das autoras, 2009

8. POLARIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO REGIONAL

Atualmente, diante da premência em atender-se as exigentes demandas do mercado e da


população, as práticas sociais e econômicas resultam em uma sociedade cada vez mais
dinâmica, inserida em um contexto globalizado, que depende crescentemente da velocidade
de circulação dos fluxos entre pessoas, mercadorias, serviços, capital e informação. Esta
realidade exige contínua interlocução e articulação entre os setores produtivos, sejam eles
públicos, privados, terceiro setor.
Conseqüentemente, constata-se que as conexões inter-municipais, regionais e em todas as
esferas administrativas são fundamentais no processo de desenvolvimento local, pois os
processos de cada município influem nos municípios vizinhos e em sua região. Situações
locais como comércio, sistema de saúde e educação, cultura e diversos outros temas são
utilizados não apenas por habitantes de um único município, mas se praticam diariamente,
migrações dos habitantes buscando as melhores oportunidades.
Além disto, o crescimento econômico e social de um município pode atrair ou não o
crescimento de seus vizinhos e, ao longo do tempo, só existirá um desenvolvimento
verdadeiro se tanto os municípios centrais quanto os secundários estiverem em um
processo continuado e interconectado de promoção da geração de renda e de condições de
vida adequadas para seus habitantes.
Entretanto, estas premissas básicas raramente são aplicadas às práticas intermunicipais
brasileiras, onde ainda prevalecem a competição e o exclusivismo, acreditando-se que estar
melhor do que o município vizinho é sinal de superioridade, o que refletem dos paradigmas
844 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
mais arraigados na política do país e do qual é preciso desvincular-se para haver um
desenvolvimento real nas regiões brasileiras.
Considerando-se esta perspectiva, foram observadas as polarizações e integrações
regionais do Norte e Noroeste Fluminense. Como esperado, o processo possui suas
peculiaridades, tanto no que se refere às alianças e estratégias políticas, quanto relativas ao
fluxo migratório interregional dos seus habitantes, em busca de melhores serviços de
educação, saúde, integração cultural e especialmente em busca de trabalho.

De forma geral, as negociações entre os poderes locais e os planejamentos regionais se


dão de forma incipiente, na maioria dos casos inexistentes. Observa-se, nestes 22
municípios, uma pulverização das iniciativas, que ilustra a dificuldade em elaborar-se
políticas públicas e alternativas de desenvolvimento capazes de ultrapassarem o paradigma
de crescimento local - restrito aqui ao âmbito municipal - e inserir um conjunto de
empreendimentos sociais, econômicos, culturais em projetos que visem o desenvolvimento
regional integrado.

A título de exemplo, está a situação de Macaé. Nas últimas décadas o município se tornou
um centro produtivo de petróleo e gás no Brasil, além de um centro de apoio logístico das
atividades offshore a partir da chegada da Petrobrás em meados dos anos 70, atraindo para
a região empresas de grande porte em números muitos expressivos e criando uma cadeia
de crescimento econômico municipal positivo.

Entretanto, os benefícios advindos de tamanho crescimento não foram aproveitados de


forma máxima, visto que a cidade cresceu muito e desordenadamente, em termos de
ocupação territorial, e promoveu bolsões de pobreza, violência exacerbada e outras mazelas
sociais.

Com tantas implicações e seqüelas, os impactos das atividades econômicas de tal porte não
podem ser analisados de forma isolada. Como apontou Dias (2005), polarizações
demográficas inéditas se formaram e uma nova regionalização se estabeleceu. As
atividades desenvolvidas pela indústria petrolífera não se limitaram às suas unidades de
produção e possuem efeitos multiplicadores capazes de interferir diretamente nas dinâmicas
sócio-espaciais regionais, estaduais e mesmo nacionais, com grande impacto em suas
áreas de influência.

Sobremaneira, o Estado do Rio de Janeiro e os municípios fluminenses que conformam a


nova “região” da Bacia de Campos recebem os royalties como uma compensação financeira
pela exploração e produção de petróleo e gás natural dentro dos limites de seu mar
territorial.

Isto significou uma enorme multiplicação de receitas nos municípios de Macaé, Campos,
Quissamã, São João da Barra e Carapebus, fazendo com que orçamentos municipais
inexpressivos recebessem vultuosas quantias, se configurando como a alavanca para o
desenvolvimento. Entretanto, de maneira geral não houve um planejamento que
endereçasse e aplicasse estes valores eficientemente para solucionar as demandas mais
urgentes. Não houve ainda um planejamento capaz de controlar ou mitigar os problemas
que começaram a surgir em grande parte dos municípios, a partir da proliferação da
população empobrecida, em decorrência dos fluxos migratórios elevados e a distribuição
desigual dos benefícios socioeconômicos.

Apesar de não haver uma análise ampla da utilização direta dos royalties neste municípios e
na Região Norte como um todo, o resultado se torna visível em visita aos municípios e não
parece positivo. Vêem-se em grande parte destes a falta de ordenamento territorial junto à

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 845


proliferação de favelas ou bairros com pouca ou sem nenhuma infra-estrutura;
precariedades e deficiências nos serviços públicos básicos, que não alcançam com
equidade a totalidade da população; crescimento da violência urbana propiciada, entre
outros fatores, pela má distribuição de renda e das oportunidades de trabalho; baixos níveis
de escolaridade e dificuldades de formação de mão de obra qualificada que acompanhe as
demandas mercadológicas.

Os indicadores secundários analisados confirmam esta visão, pois há inúmeros problemas e


ineficiências refletidas nos dados quantitativos, revelando que as Regiões estão
empobrecidas e enfraquecidas em diversas áreas. Mais impressionante ainda é que, de
maneira geral, os indicadores sociais da Região Norte, mesmo sendo esta a Região mais
privilegiada economicamente em termos de receitas orçamentárias, apresentam uma
inferioridade de resultados quando comparados aos da Região Noroeste, demonstrando
assim um descompasso entre a economia e o desenvolvimento social em seus territórios.

Pode-se inferir a falta de um processo de planificação interna municipal e, principalmente,


de uma planificação regional que estabeleça acordos, metas e prospecções integradas de
progresso regional, apesar de haver iniciativas atuais que parecem buscar uma reversão
deste quadro.

Na pesquisa realizada por Gomes (2007), ela analisa a influência dos royalties de petróleo
sobre os gastos sociais dos municípios fluminenses e seus resultados na saúde e na
educação, concluindo que os municípios que tem as receitas mais altas de royalties de fato
possuem um gasto social per capita maior do que os demais municípios do Estado.

Assim como na maioria dos municípios brasileiros, as funções sociais que mais receberam
recursos foram saúde e educação, seguidos pelo urbanismo. Destarte, naqueles municípios
onde as receitas de royalties representam mais do que 30% de todas as receitas correntes
(considerando na pesquisa 7 municípios da Zona de Produção do Petróleo, que incluem
alguns da Região Norte), o maior item de gastos foi em urbanismo, à frente de saúde e
educação.

Além disto, verificou-se que nestes municípios com altas receitas de royalties houve gastos
sociais maiores, sendo que os indicadores da saúde selecionados revelaram uma melhora
superior a dos municípios com pouca ou nenhuma receita de royalties, enquanto no caso da
Educação não houve, apesar dos royalties, nenhuma melhoria dos indicadores selecionados
– a média dos indicadores municipais foi pior do que a dos municípios com menor receita - o
que sugere desperdício, uso inadequado ou ineficiente de recursos nesta área.

Outros autores sugerem que municípios com grande receita advinda dos “royalties” não
conseguem traduzir esta riqueza em melhoria das condições de vida de seus habitantes. A
pesquisa de Gomes aponta que é preciso fortalecer e dar visibilidade aos mecanismos de
controle da aplicação dos recursos dos royalties, com participação especial dos tribunais de
contas, dos estados e as casas legislativas estaduais e municipais, além da importante
participação popular.

Desde outra perspectiva, em se tratando de regiões que abrigam mega-empreendimentos,


segundo Pedlowski (2008), deve-se atentar para o aumento das tensões e conflitos sociais,
gerados pelas inevitáveis disputas territoriais, por agentes que operam a partir de diferentes
escalas espaciais e municiados de diferentes níveis de poder político e econômico.

Como já comentado, com os pagamentos de royalties alguns municípios do Norte


Fluminense passaram a ocupar uma posição orçamentária privilegiada. Dentre os dez
municípios que mais se beneficiam do recebimento de royalties no Brasil, oito estão
846 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
localizados na área de influência da Bacia de Campos. (Ajara e Neto, 2005, p.3). Destes,
apenas Carapebus não aparecia no ranking dos dez maiores beneficiários, em 2000.
Segundo Gomes, existe uma distinção entre os municípios fluminenses provocada pelos
“royalties” de petróleo que aumentam muito as receitas de um grupo pequeno desses
municípios em relação aos demais, aumentando a desigualdade entre eles. (Gomes, 2007,
p.45).

Assim, os royalties, associados ao crescimento acelerado da produção de petróleo na Bacia


de Campos, além de aspectos determinantes na distribuição física dos territórios presentes
na definição dos municípios produtores, fizeram germinar “sementes de competição
intrarregional” (Piquet, 2003, apud Ajara e Neto, 2005, p.2).

Isto alavancou um movimento emancipacionista regional, com a criação de novos


municípios na década de 90, desmembrados de municípios antigos que integram a zona de
produção principal do petróleo e gás. No Norte Fluminense foram: Cardoso Moreira
(desmembrado do município de Campos dos Goytacazes), Quissamã (desmembrado do
município de Macaé), Carapebus (desmembrado do município de Macaé), São Francisco de
Itabapoana (desmembrado do município de São João da Barra); na Região da Baixada
Litorânea foram: Armação dos Búzios (desmembrado do município de Cabo Frio) e Rio das
Ostras (desmembrado do município de Casimiro de Abreu).

Mais ainda, a Região Norte passou a vivenciar o fenômeno da “guerra de lugares”, descrito
por NETO e outros autores (2008) como um processo no qual as grandes empresas
escolhem os lugares mais adequados à sua instalação, considerando as diferentes
capacidades locais e/ou regionais de oferecer rentabilidade a seus investimentos, seja pelos
aspectos de natureza econômica, natural, social ou política.

Em decorrência, os gestores locais buscam cada vez mais adaptar seus territórios às
demandas empresariais, tornando o ambiente propício aos negócios e lhes oferecendo as
melhores condições técnicas e políticas, objetivando aumentar a lucratividade das
empresas. Observa-se, portanto, o crescimento continuado de um contexto de disputa entre
territórios nacionais e estrangeiros, para atrair investimentos externos, baseado na premissa
de que este é o caminho para dinamizar a economia local e gerar novos empregos.

Segundo os autores, na medida em que os territórios são “escolhidos” para a alocação dos
investimentos, estes entram em um processo de subordinação e alienação em relação às
próprias articulações políticas locais, regionais ou nacionais, que se tornam definidas em
função das estratégias e objetivos privados, e não a partir de uma perspectiva de bem estar
regional.

Por conseguinte, observa-se no Brasil um intenso processo de fragmentação espacial, no


qual as políticas de integração regional são substituídas pela visão localista de
desenvolvimento, pautada na atração de grandes investimentos.

Como exemplo deste fenômeno ocorreu uma redefinição política findada em alianças locais,
resultando na criação da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo e Gás e
limítrofes da Zona de Produção Principal da Bacia de Campos – OMPETRO, para a defesa
dos interesses desta “nova região”. A organização congrega onze municípios do Norte
Fluminense e da Baixada Litorânea: Angra dos Reis, Armação dos Búzios, Cabo Frio,
Campos dos Goytacazes, Carapebus, Casimiro de Abreu, Macaé, Niterói, Quissamã, Rio
das Ostras e São João da Barra.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 847


Mapa 16 - Região Norte Fluminense, Municípios que Compõe a OMPETRO

Fonte: Ajara e Neto 2006, p.4.


A OMPETRO se apresenta como um organização política de cooperação horizontal,
defendendo os interesses relacionados especificamente à produção de petróleo e gás na
plataforma continental. Neste sentido, foi constituído um Fórum permanente entre as
governanças da região da Bacia de Campos, em torno de assuntos de interesse comum aos
municípios produtores.

No entanto, se observou na prática o surgimento de Fundos Municipais de


Desenvolvimento, que caracterizaram mais mecanismos de competição intermunicipal do
que de cooperação. Os Municípios da Bacia de Campos aderiram à lógica da “guerra de
lugares”, ou seja, da disputa pela atração de investimentos, com a criação de um fundo
(FUNDECAM) que reúne parte dos royalties de Campos para subsidiar a instalação de
empresas.
Macaé criou seu Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social (FUNDEC), sucedido por
Quissamã, com a implementação do Programa Quissamã Empreendedor. Como a lógica de
aplicação destes Fundos é diferente em cada Administração, não foi possível criar um
Fundo Regional, conforme estava previsto no Estatuto da OMPETRO, predominando assim
ações municipalistas.
Paralelamente, os municípios de Carapebus, Rio das Ostras e Casemiro de Abreu entraram
na disputa, reservando porções de seus territórios e adaptando infraestruturas locais para o
recebimento de novas empresas, que se beneficiariam imediatamente ao se instalarem
nestes lugares, através do custo irrisório dos terrenos e do valor simbólico do imposto
municipal - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).

Assim, esta “guerra de lugares” ultrapassa a guerra fiscal dos incentivos tributários e inclui
também outros programas estaduais, através da criação de fundos de financiamento,
doação de terrenos e obras de infra-estrutura.

848 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Por outro lado, foi criado um regionalismo, a partir da OMPETRO, que fortaleceu laços entre
alguns municípios antes pouco ligados. (Dias, 2005).

A título de ilustração, Rio das Ostras criou uma ZEN – Zona Especial de Negócios, a fim de
atrair investimentos produtivos e diversificar sua economia, ordenar as atividades
empresariais da produção de bens e serviços, estimular o turismo de negócios e gerar
empregos. No entanto, sua ZEN foi construída em uma área paralela a outro espaço
industrial de Macaé, que já enfrentava um grande dinamismo de atividades, em uma
incipiente conurbação urbana entre os dois municípios.

Assim, além de uma disputa fiscal a proximidade entre as áreas parece estar enfatizando
uma relação complexa entre os dois territórios vizinhos, que tem cada vez mais necessitado
de encontrar uma solução para o escoamento produtivo de suas indústrias, visto que existe
apenas uma conexão rodoviária intermunicipal nestes espaços e que já não comporta mais
o tráfego intenso.
A entrada dos municípios limítrofes à Bacia de Campos na guerra de lugares tem
significado, por um lado, uma maior inserção do território fluminense no cenário econômico
brasileiro e até mesmo mundial, revertendo o histórico de marginalização econômica com a
decadência da industria sucroalcooleira.
Por outro lado, observa-se uma fragmentação regional: Como cada município cria suas
próprias estratégias individuais de desenvolvimento para atrair novos investimentos, as
perspectivas de um desenvolvimento integrado focado nas potencialidades e
complementaridades regionais são esvaziadas (Passos, et all, 2008, p. 191).
Neste viés, não têm sido promovida uma sintonia produtiva entre as atividades locais e não
se estimulam as potencialidades de maneira sinérgica.
Os royalties do petróleo acabam sendo destinados, em grande parte, para “preparar” o
território para as empresas, lhes transferindo o controle de porções significativas do espaço
em detrimento dos investimentos sociais.
Nesta “outra região”, representada no Mapa da OMPETRO, identifica-se localidades com
diferentes potencialidades, o turismo, a agroindústria, o setor educacional, industrial, sendo
que Macaé é o que está realmente vinculado às atividades petrolíferas e de produção de
gás - que representam o principal vetor econômico regional - incluindo os inúmeros negócios
que envolvem a produção offshore.
Todavia, ressalta-se que Quissamã e São João da Barra entram em um novo contexto, a
partir da instalação do Complexo Portuário do Açu e da Barra do Furtado, como
empreendimentos de grande porte vinculados às atividades offshore, para os próximos
anos.
Outra questão é que estas alianças políticas estabelecidas em torno do setor petrolífero se
fazem de forma excludente, não considerando os municípios mais interioranos como
Cardoso Moreira, Conceição de Macabu, São Fidélis e São Francisco de Itabapoana. Este
fato acaba contribuindo em mais um aspecto com o baixo grau de confiança, de cooperação
e de associativismo interregional, fragmentando ações que, se realizadas em conjunto,
alcançariam resultados sinérgicos.
Observa-se também as migrações pendulares que ocorrem entre Macaé, Conceição de
Macabu e Rio das Ostras, pois grande parcela de pessoas que trabalha e ou estuda em
Macaé possui residência, nestes dois municípios, promovendo interconexões
intermunicipais não planejadas.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 849


Outro tema que se tornou parte da dinâmica regional se refere à qualificação da mão de
obra. As atividades de exploração e produção de petróleo demandam, no geral, mão-de-
obra qualificada nos meios técnicos e superiores e provocaram um redirecionamento das
ações de formação e qualificação profissional regional.

Assim, o fluxo migratório para o Norte foi intenso, especialmente em Macaé, onde a
população quadruplicou em 40 anos e em Quissamã, que praticamente duplicou em 20
anos. Contudo, este grande grupo de novos habitantes veio, em sua maioria, sem nenhuma
qualificação, empobrecido e acentuou a falta de mão de obra qualificada local, aumentando
o nível de desemprego, ou seja, exportando pessoas que não atendiam às necessidades de
formação local.

Na área educacional foram considerados para a avaliação da integração regional os níveis


técnicos e de ensino superior, pois acredita-se que nos níveis de Ensino Fundamental e
Médio os municípios sejam auto-suficientes em sua capacidade de atenção às populações
locais9.

A Região Norte conta com 15 ofertas de curso técnico e 24 de curso superior, incluindo as
universidades e faculdades. Em termos quantitativos é um pouco mais privilegiada que a
Região Noroeste Fluminense, que conta com 9 cursos de nível técnico e 23 de nível
Superior. No entanto, estas ofertas não estão distribuídas de forma homogenia em todos os
Municípios. A especificação dos cursos oferecidos em cada Instituição encontra-se no
Relatório “Análise Situacional das Regiões”.

Campos possui a maior concentração de estabelecimentos de ensino e cursos oferecidos,


fazendo com que seja a principal referência na área de educação superior e técnica,
representando o segundo maior pólo de educação superior do Estado, com 11 instituições
superior de ensino e cerca de 25 mil estudantes.

Como algumas Municipalidades regionais são mais privilegiadas em termos de recursos


financeiros e há grande aceitação pública com gastos efetivados em educação, as bolsas
concedidas são em número elevado, o que viabiliza a existência e o crescimento das
instituições de Ensino Superior. A cidade polariza a demanda por esse tipo de ensino não
apenas das localidades próximas, como também do sul do Espírito Santo e dos municípios
fronteiriços de Minas Gerais. A atividade exerce um efeito multiplicador em outros setores da
economia local, tais como alojamento, alimentação, serviços médicos e odontológicos.

O município de Campos abriga instituições de relevância na produção de conhecimento em


inúmeras áreas, como a UENF - Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro;
a UFF - Universidade Federal Fluminense; a UCAM - Universidade Cândido Mendes –
Campos; IFF- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (antigo
CEFET-Campos), a Faculdade de Medicina de Campos; Faculdade de Direito de Campos;
Faculdade Batista Fluminense; ESANNF – escola Superior de Administração e Negócios

9
Para conhecimento das instituições de ensino que compõe o sistema de Educação Superior e
Técnico da Região Norte buscou-se informações do MEC – Ministério da Educação, 2009. No
entanto, ressalta-se que muitos estabelecimentos de ensino existentes na Região e que prestam
serviços ativamente na área da formação acadêmica, técnica e profissional não estão registradas ou
não passaram pelo processo de reconhecimento do MEC. Assim, outras fontes de pesquisa como os
sites das prefeituras municipais, o SiedSup – Sistema Integrado de Informação da Educação Superior
e os próprios “sites” de divulgação e apresentação institucional foram utilizados para
complementação da pesquisa, sendo possível que ainda não tenham se esgotado todos os dados
existentes
850 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Norte Fluminense; UNIVERSO – Universidade Salgado de Oliveira; ISECENSA – Institutos
Superiores de Ensino do CENSA; a Estácio de Sá, dentre outras.
Macaé se apresenta como o segundo pólo regional na área da educação superior e
profissionalizante, abrigando 7 instituições de nível superior e mais 6 de nível técnico.
Em Macaé, se encontra a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e a UFF, porém
com número de cursos mais reduzido do que em Campos. A UFF possui também unidade
em Quissamã e em Rio das Ostras.

São Fidelis possui 3 escolas que oferecem Curso Técnico e Conceição de Macabu e São
João da Barra possuem uma escola/cada. Em Quissamã também há uma escola de nível
técnico, com cursos de Eletrotécnica e Segurança do Trabalho

Ressalta-se que o MEC não possui registro de instituições de ensino em outros Municípios
que compõem a Região Norte. De tal forma, a possibilidade para que os habitantes
avancem seus estudos e se qualifiquem profissionalmente exige, para muitos, um
deslocamento distante e oneroso, o que frequentemente inviabiliza o processo ou se faz
possível apenas através de migração pendular – casa/escola/casa – exigindo a mudança de
cidade.

Esta concentração educacional em determinados municípios é um dos fatores que acarreta


os movimentos migratórios intra e inter-regionais, contribuindo com o aumento populacional
em algumas localidades e o esvaziamento daquelas com possibilidades restritas de
formação, constituindo outra forma de integração regional não planejada.

Além da formação superior, as instituições de ensino tem como papel fundamental a


produção de conhecimento e a inovação tecnológica. Nesse sentido, a UENF, Campos e
outras instituições locais se destacam como núcleos regionais capazes de gerir e fomentar
ações inovadoras, contando com a realização de pesquisas em diversas áreas do
conhecimento, que podem ser essenciais para o direcionamento de políticas públicas
intermunicipais integradas.

Por exemplo, dentre as empresas incubadas na UENF que estão se graduando uma atua na
área de procriação animal e outra na área de alta tecnologia, na produção de diamantes
sintéticos, ambas podendo ser utilizadas como parceiras em processos produtivos regionais,
auxiliando na pecuária e no setor de pedras em desenvolvimento no Noroeste Fluminense,
que necessita da inserção de novas tecnologias para incrementar sua produção, minimizar
os resíduos e reaproveitá-los, quando possível.
Porém, observa-se em entrevistas com gestores universitários e outros habitantes locais
que ainda ocorre pouca integração entre as instituições universitárias, a gestão pública e o
setor privado. A comunidade acadêmica tem realizado inúmeras pesquisas de qualidade
elevada e relevância para o desenvolvimento local, entretanto existe uma lacuna no
processo de transmissão de conhecimentos, que também não é alavancado pelas
Administrações Municipais, limitando a expansão de ações inovadoras e a multiplicação dos
recursos existentes e das ações regionais.
Na área da Saúde, embora não existam consórcios intermunicipais formalizados e
estruturados na Região Norte, pode-se identificar o fluxo de população intrarregional que
migra em busca de atendimentos de Média e Alta Complexidade, ressaltando-se que
existem algumas pactuações internas entre municípios.

Mais ainda, o próprio Estado definiu uma meta geral que integra os municípios
regionalmente. Conforme já apresentado, cada Região de Saúde deve cuidar de suas ações
de Atenção Básica e ações básicas de Vigilância Sanitária, oferecer suficiência em ações de
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 851
Média Complexidade e algumas de Alta Complexidade (de acordo com critérios de oferta e
acessibilidade) e deve estabelecer arranjos inter-regionais que garantam as demais ações
de Alta Complexidade que, se não forem possíveis, farão parte de propostas futuras.
(Caderno de Informações em Saúde, 2009).
Este processo de regionalização proposto reforça a importância da integração do
planejamento e da gestão nas ações cotidianas e confere importância ao Plano Diretor
Regional, PDR, ao Plano Diretor de Investimento, PDI e a Programação Pactuada e
Integrada da Atenção à Saúde, PPI, criando-se o Pacto pela Saúde, que traz como eixo
principal a necessidade de instituir uma regionalização de base cooperativa, respeitando a
autonomia dos entes federados.

Entre 2004 para 2009 houve no Brasil um grande aumento de adesão municipal ao
Programa. No Estado do Rio, em maio de 2009, só 25 municípios haviam assinado o
Termos de Compromisso de Gestão do Pacto, sendo apenas Campos no Norte e Itaperuna
no Noroeste.

Atualmente, Carapebus possui convênio com Quissamã, para que seus habitantes tenham
acesso a exames, cirurgias e intervenções no Hospital Municipal Mariana Maria de Jesus,
em diversas especialidades de Média e Alta Complexidade. O convênio anterior com a
Irmandade São João Batista em Macaé foi cancelado, devido à superlotação.

De acordo com o estudo realizado pela Secretaria de Saúde e Defesa Civil, foi mapeado o
destino dos munícipes com relação aos serviços de saúde de Média Complexidade,
considerando-se sua primeira, segunda e terceira referência. (Caderno de Informações em
Saúde, 2009), conforme apontado na Tabela abaixo.
Tabela 61 – Região Norte Fluminense, Migração em Internações de Média Complexidade, 2008

% de Internação de Média Complexidade excluindo Psiquiatria - 2008


Municípios da Região
Primeira referência % Segunda referência % Terceira referência %
Norte Fluminense
Campos dos Goytacazes Campos 94,70 Italva 2,74 Cambuci 0,92
Carapebus Macaé 80,60 Campos 10,26 Quissamã 7,3
Cardoso Moreira Campos 44,00 Italva 34,60 Itaperuna 18,00
Conceição de Macabú C. de Macabú 61,70 Campos 26,3 Macaé 6,65
Macaé Macaé 97,80 Rio de Janeiro 1,08 Campos 0,54
Quissamã Quissamã 88,00 Campos 5,8 Macaé 5,5
São Fidélis São Fidelis 85,20 Campos 13,5 Rio de Janeiro 0,46
São Francisco de Itabapoana Campos 55,00 S. F. Itabapoana 37 B.J. Itabapoana 5,3
São João da Barra Campos 57,40 S. João da Barra 40,8 Rio de Janeiro 0,85

Fonte: Caderno de Informações em Saúde do Estado do Rio de Janeiro - Maio 2009 / SHI/SUS 2008
Observa-se que os municípios de Macaé e Campos realizam a maioria de suas internações
de Média Complexidade no seu próprio território, 97,80% e 94,70% respectivamente.
Quissamã e São Fidélis também absorvem mais de 80% das suas próprias internações e
utilizam Campos do Goytacazes como segunda referência, realizando 5,8% e 13,5% de
internações respectivamente em Campos.

São João da Barra e São Francisco de Itabapoana apresentaram os menores índices de


internação no seu próprio território, 40,78% e 37%. Mais de 50% das internações de suas
populações ocorrem também em Campos, uma vez mais a referência.

852 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Carapebus e Cardoso Moreira não possuem unidade hospitalar e quase a totalidade de
suas internações se dão em municípios vizinhos, principalmente em Macaé e em Campos.
As internações de Carapebus são principalmente realizadas em Macaé, 80,6%, sendo
10,26% em Campos e 7,3% em Quissamã. Ressalta-se que as internações de Cardoso
Moreira se estendem para Italva, 34,61% e Itaperuna,18% utilizando, portanto, os serviços
de saúde da Região Noroeste, bem como São Francisco do Itabapoana, que tem como sua
terceira referência Bom Jesus do Itabapoana.

O estado do Rio aparece como segunda referência apenas para o município de Macaé e
como terceira referência para São Fidélis e São João da Barra. Observa-se que, de uma
forma geral, a Região Norte absorve praticamente a totalidade de suas demandas de
atendimento de Média Complexidade, destacando-se como pólo Campos, diferentemente do
que acontece com os atendimentos de Alta Complexidade.

Complementando os fluxos de saúde neste âmbito, a Tabela seguinte apresenta os


percentuais de internação de Média Complexidade por municípios de ocorrência.
Tabela 62 - Região Norte Fluminense, Internação de Média Complexidade no Município de
Ocorrência - 2008
% de Internação de Média Complexidade no Município de Ocorrência - residentes e não
residentes - 2008

São Francisco
de Itabapoana
Conceição de
Campos dos

São João da
Goytacazes

São Fidélis
Quissamã
Macabú

Macaé

Barra
Municípios da Região Norte
Fluminense

Campos dos Goytacazes 89,2 0,21 0,23 3,3 1,8


Carapebus 0,1 2,78 1,65
Cardoso Moreira
Conceição de Macabu 0,7 97,22 0,62 1,4
Macaé 0,2 91,72 0,17
Quissamã 0,3 0,88 93,23
São Fidélis 1,4 99,46
São Francisco de Itabapoana 3,4 0,01 95,35
São João da Barra 3,2 0,15 100
Outras regiões 1,61 2,6 3,53 0,25 0,54 0,3
Outros Estados 0,03 0,23 2,4
TOTAL 100 100 100 100 100 100 100

Residentes Não residentes


Fonte: Caderno de Informações em Saúde do Estado do Rio de Janeiro - Maio 2009 / SHI/SUS 2008
Embora se constate que as internações realizadas no município de Campos, 89,15%, sejam
de sua própria população, aí são efetuadas também internações para todos os demais
municípios do Norte, podendo ser considerado a referência regional no que se refere aos
serviços de saúde.

Macaé e Quissamã também realizam internações de munícipes vizinhos, mas em


proporções menores que Campos. São João da Barra e São Fidélis praticamente não
recebem moradores de outros municípios para internações de Média Complexidade.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 853


A internação de outros estados não é significativa na Região. No entanto, destaca-se que
das internações de Média Complexidade realizadas no Rio de Janeiro em 2008, em um total
de 47 municípios, 5,06% ocorreram em Campos dos Goytacazes.

Referente às internações de Alta Complexidade, Campos continua se apresentando como a


principal referência, além de ser o terceiro maior responsável por estas internações no
Estado, com 5,8% do total, em 2008.
Tabela 63 - Região Norte Fluminense, Migração em Internações de Alta Complexidade, 2008
% de Internação de Alta Complexidade - 2008

Municípios da Região Norte Primeira


Segunda Referência % Terceira referência %
Fluminense referência %

Campos dos Goytacazes Campos 89,39 Rio de Janeiro 5,49 Itaperuna 5,11
Carapebus Campos 100,00 Campos Quissamã
Cardoso Moreira Campos 47,62 Itaperuna 42,85 Rio de Janeiro 9,52
Conceição de Macabu Campos 64,00 Rio de Janeiro 28 Itaperuna 4
Macaé Campos 35,43 Rio de Janeiro 33,86 Macaé 18,11
Quissamã Campos 80,65 Rio de Janeiro 16,13 Niterói 3,23
São Fidélis Campos 54,24 Itaperuna 29,42 Rio de Janeiro 16,95
São Francisco de Itabapoana Campos 81,82 Rio de Janeiro 9,09 Itaperuna 7,27
São João da Barra Campos 75,93 Rio de Janeiro 9,26 Itaperuna 3,7
Fonte: Caderno de Informações em Saúde do Estado do Rio de Janeiro - Maio 2009 / SHI/SUS 2008

No Estado existem nove municípios que prestam atendimento em Cardiologia, sendo que
Campos ocupa o 4o lugar na prestação deste serviço no ranking – 11% do total de
atendimentos estaduais, atrás do Rio de Janeiro, 43%, Cabo Frio, 13% e Itaperuna 12%.
Destes atendimentos, 69,05% são utilizados pelos habitantes locais, 22,25% estendidos
para atendimentos à população da região próxima e o restante para outras localidades.

Destaca-se que Itaperuna, localizada na região vizinha, também possui infra estrutura de
referência para o atendimento em Cardiologia. Configura-se assim a existência de 2 pólos
regionais em Cardiologia, um na Região Norte e outro na Noroeste.

Para atendimento em Terapia Renal Substitutiva, a Região conta com dois prestadores:
Campos e Macaé. Campos atende, além do público local, munícipes de São Francisco do
Itabapoana, São João da Barra e parte da demanda de Quissamã. Atende ainda 100% da
demanda de Cardoso Moreira. Macaé, por sua vez, atende a maior parte das demandas de
Quissamã, 69% e de Conceição de Macabu.

Campos é ainda o único Município a oferecer quimioterapia e radioterapia para o tratamento


oncológico, sendo referência nesta especialidade. Casos não atendidos em Campos se
direcionam para o Rio de Janeiro, como é o caso de Conceição de Macabu, Macaé e São
Fidelis, que apresentam os maiores percentuais destes atendimentos na Região
Metropolitana do Estado.

Outro aspecto importante no qual que se observa a integração regional é o Sistema de


Segurança Pública do Estado, já apresentado anteriormente, que se organiza em Regiões
de Segurança Pública (RISP) e Áreas de Segurança Pública (AISP). A própria organização
regionalizada por áreas de atuação funciona como um importante mecanismo de gestão
integrada entre a Polícia Militar e a Polícia Civil, buscando uma maior eficácia de suas
ações.

854 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Além disso, funciona como um instrumento de conexão com a comunidade através dos
Conselhos Comunitários de Segurança, objetivando uma gestão participativa. Cada AISP
promove mensalmente reuniões e elabora os relatórios estatísticos para análise da situação
criminal constatada e a adoção de medidas. São realizadas também atividades de pesquisa
e análise criminal, para levantar e tratar dados que subsidiem os agentes públicos de
segurança na tomada de decisões e no direcionamento de estratégias para o controle da
violência e criminalidade.

Apesar do reconhecimento desta integração advinda da estruturação do Sistema de


Segurança Pública, não se tem informações sobre como a integração vem ocorrendo na
prática, tanto nos âmbitos municipais como interregionais.

9. CONSIDERAÇÕES

Considerando-se as peculiaridades de cada município, bem como suas potencialidades e


fragilidades que configuram a Região Norte, ressalta-se que apesar da melhoria dos dados
estatísticos, de uma maneira geral, o resultado não é positivo, especialmente para seus
habitantes.

Melhorou-se o IDH, o IFDM e alguns valores dos grupos de indicadores do IQM. Entretanto,
destes componentes os níveis de Cidadania foram muito baixos e pioraram ao longo da
pesquisa, refletindo pioras na representação das condições de atendimento às
necessidades básicas da população, englobando saúde, educação, segurança, justiça e
lazer.

Melhorou-se a Educação sob vários aspectos, como a porcentagem de crianças e jovens


freqüentando as escolas, o índice de analfabetismo, a média de escolaridade em diversas
faixas etárias. No entanto revelou-se que a Região possui ainda uma grande fragilidade
educacional da população que se traduz diretamente nas condições socioeconômicas, nas
condições de trabalho e renda, de saúde e na qualidade de vida da população, se
configurando portanto uma lacuna em direção ao seu desenvolvimento.

Na Saúde houve uma elevação dos anos de vida, uma diminuição da mortalidade infantil e a
melhoria nas redes de esgoto e tratamento de água, que ainda assim se apresentam em
índices absurdos para municípios que recebem quantias expressivas de recursos
financeiros.

Na Segurança podem haver ocorrido melhorias estruturais, não avaliadas, mas o nível de
ocorrências aumentou para quase todos os tipos de criminalidade locais, com índices de
violência alarmantes, destacando-se Macaé e Campos. Poucos foram os dados
disponibilizados na área desportiva, mas o que havia apontou para uma grande carência de
recursos financeiros, infra-estruturais e de projetos na área.

A Região Norte apresentou ainda altos índices de pobreza e indigência, rendas baixas,
grande informalidade no mercado de trabalho e espaços caracterizados por bolsões de
pobreza, especialmente visíveis nas conformações territoriais de Campos e Macaé,
municípios que enfrentam uma pujança econômica proveniente especialmente dos royalties.

Seus espaços são marcados por desigualdades constantes: em Campos há uma


desorganização espacial com grande verticalização, junto a áreas residenciais constituídas
por casas antigas, favelas, um trânsito caótico. Macaé, por sua vez, possui condomínios de
luxo incrustados em pequenos espaços urbanos que não foram ocupados pelas favelas,

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 855


enquanto guaritas de segurança buscam manter a ordem, que já foi perdida devido ao
índice de violência local. Visualmente vê-se bairros e favelas se alternando, com alguns
condomínios industriais entremeando os espaços, constituídos por industrias nacionais e
internacionais que geram enorme riqueza, mas poucos empregos locais.

São paradoxos continuados que saltam aos olhos. Os municípios vizinhos, como já
comentado, tentam aproveitar-se da riqueza gerada regionalmente, que dá a impressão de
desenvolvimento mas não o é, porque as disparidades sócio espaciais se acumulam.
Internamente esta desigualdade se acentua, porque os municípios que recebem volumes
menores de royalties ficam à margem do desenvolvimento, inclusive fora de novos arranjos
associativos que se sobrepõem aos limites administrativos.

Outro município que também recebe grande volume dos royalties é Quissamã e que, no
conjunto dos municípios, foi o que apresentou maior evolução de seus dados, de maneira
geral, pressupondo-se que esteja ocorrendo um planejamento local dos gestores municipais
e processos internos diferentes, que tem direcionado melhor os recursos para solucionar
problemas prioritários de seus habitantes.

Dentro desta perspectiva, embora a Região viva um momento de crescimento econômico


singular, o panorama geral deste crescimento não tem se refletido em benefícios amplos
para a população e, para que haja de fato o desenvolvimento sustentável, faz-se necessário
o planejamento urbano e regional integrado.

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• Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em:


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• ASSESPRORJ - Associação das Empresas Brasileiras de Software e Serviços de


Informática do Rio de Janeiro. Disponível em: www.assespro-rj.org.br

• CDI - Comitê para Democratização da Informática. Disponível em: www.cdi.org.br

• CODIN - Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro.


Disponível em: http://www.codin.rj.gov.br/

• COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia.


Disponível em www.coppe.ufrj.br

• FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de


Janeiro. Disponível em www.faperj.br

• FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em:


www.firjan.org.br

• Fluminense on line. Disponível em:

http://www.ofluminense.com.br/script/oFluPagOutrasRegioes.asp?CodigoRegiao=53&po
pup=yes

• Fundação CIDE - Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro. Disponível em:


http://www.cide.rj.gov.br/cide/index.php

• Governo do Rio de Janeiro. Disponível em:http://www.governo.rj.gov.br/municipios.asp

• IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1

• IETS - Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade. Disponível em:


http://www.iets.org.br/

• IVIDES - Instituto Virtual para o Desenvolvimento Sustentável. Atlas de Indicadores de


Sustentabilidade para os Municípios Costeiros do Estado do Rio de Janeiro.
Disponível em: http://www.ivides.org/atlas/index.php

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 859


• Mapas do Rio de Janeiro. Disponível
em :http://www.mapabrasil.com/Mapa_Regiao_Norte_Fluminense_Estado_Rio_Janeiro_
Brasil.htm.

• Ministério da Saúde - Secretaria Executiva - DATASUS - Caderno de Informações de


Saúde - IBGE/Censos Demográficos. Disponível em:
http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/rj.htm.

• Observatório Socioeconômico da Região Norte Fluminense. Disponível em:


http://portal.iff.edu.br/projetos/observatorio-socioeconomico-da-regiao-norte-fluminense.

• Portal da Receita, Finanças e Planejamento do Estado do Rio de Janeiro


www.sef.rj.gov.br

• PRODERJ - Centro de Tecnologia de Informação e Comunicação do Estado do Rio de


Janeiro. Disponível em: www.proderj.rj.gov.br

• Prominp - Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural.


Disponível em: www.prominp.com.br

• REDETEC - Rede de Tecnologia do RJ –. Site disponível em: www.redetec.org.br

• SEPRORJ - Sindicato das Empresas de Informática. Disponível em: www.seprorj.org.br

• SEDEIS - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e


Serviços. Disponível em: http://www.desenvolvimento.rj.gov.br

• SECT - Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro,


disponível em: www.cienciaetecnologia.rj.gov.br

• SECTI - Secretaria de Estado, Ciência e Inovação do Estado do Rio de Janeiro.


Disponível em: www.cederj.edu.br/atlas/rnorte.htm

• SEPLAG - Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão do Estado do Rio de


Janeiro. Disponível em: http://www.planejamento.rj.gov.br/.

• SETRAB - Secretaria de Estado de Trabalho. Disponível em: www.setrab.rj.gov.br

• SINDPDRJ - Sindicato dos Trabalhadores em Empresas e Órgãos Públicos de


Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares do Estado do Rio de
Janeiro. Disponível em: www.sindpdrj.org.br

• Sistema de Informações Territoriais – Disponível em: http://sit.mda.gov.br

• UERJ - Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Disponível em: www.uerj.br

860 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Anexos

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 861


ANEXOS

ANEXO I – MATRIZ DO ENEM

O ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, é um teste aplicado anualmente aos alunos
concluintes do Ensino Médio em diversos municípios do território nacional. Visa que o
estudante conheça qual área do conhecimento ou competência ele está mais ou menos apto
e onde precisa reforçar seus estudos.

Isto auxilia os alunos em suas escolhas futuras relacionadas ao mercado de trabalho e à


continuidade dos estudos.

A parte objetiva da prova é constituída por questões de múltipla escolha de igual valor,
atribuindo-se uma nota na mesma escala a cada uma das cinco competências avaliadas,
que são:

• Dominar a norma culta da língua portuguesa e fazer uso da linguagem


matemática, artística e científica;

• Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a


compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da
produção tecnológica e das manifestações artísticas;

• Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados


de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema;

• Relacionar informações representadas em diferentes formas e conhecimentos


disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente;

• Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para a elaboração de


propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos
e considerando a diversidade sociocultural.

Fonte: Ministério da Educação, 2007

862 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


ANEXO II - INDICADORES DA GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA AMPLIADA
Na Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada são definidos, anualmente, alguns
indicadores. Em 2005 foram estabelecidos os seguintes:

• Saúde da Criança

Indicadores Principais: Número absoluto de óbitos em menores de um ano de idade; Taxa


de Mortalidade Infantil; Proporção de nascidos vivos com baixo peso ao nascer; Proporção
de óbitos em menores de um ano de idade por causas mal definidas; Taxa de internações
por Infecção Respiratória Aguda em menores de 5 anos de idade; Homogeneidade da
cobertura vacinal por tetra valente em menores de um ano de idade.

• Saúde da Mulher

Indicadores Principais: Taxa de mortalidade materna; Proporção de nascidos vivos de mães


com 4 ou mais consultas de pré-natal; Proporção de óbitos de mulheres em idade fértil
investigados; Razão entre exames citopatológicos cérvicovaginais em mulheres de 25 a 59
anos e a população feminina nesta faixa etária.

• Controle da Hipertensão

Indicadores Principais: Taxa de internações por acidente vascular cerebral (AVC); Taxa de
mortalidade por doenças cérebrovasculares.

• Controle da Diabetes Mellitus

Indicador Principal: Proporção de internações por cetoacidose e coma diabético mellitus.

• Controle da Tuberculose

Indicador Principal: Proporção de abandono do tratamento da tuberculose.

• Eliminação de Hanseníase

Indicadores Principais: Proporção de abandono de tratamento da hanseníase; Taxa de


detecção de casos novos de hanseníase.

• Saúde Bucal

Indicadores Principais: Cobertura de primeira consulta odontológica; Razão entre os


procedimentos odontológicos coletivos e a população de 0 a 14 anos.

• Gerais

Indicadores Principais: Proporção da população coberta pelo Programa de Saúde da Família


(PSF); Média anual de consultas médicas por habitante nas especialidades básicas.

Fonte: Cadernos de Informações em Saúde, maio de 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 863


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Rede Social
Capítulo 7
Autor:
Enio Eduardo Pereira da Silva

Colaboradora:
Avanice Maria Claret

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


SUMÁRIO

1. CONCEITUAÇÃO DE REDE................................................................................ 869

2. REDES SOCIAIS ................................................................................................. 869

2.1 Redes da Sociedade Civil .................................................................................... 871

3. REDE SOCIAL DO PROJETO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO


NORTE/ NOROESTE DO RIO DE JANEIRO....................................................... 872

3.1 Capital Social da Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Sustentável das


Regiões Norte/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro ......................................... 873

3.2 Horizontalidade na organização da Rede Social do Projeto de Desenvolvimento


Sustentável das Regiões Norte/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro ............... 873

3.2.1 Participação Voluntária ........................................................................................ 875

4. PROCESSO DE CRIAÇÃO DA REDE SOCIAL DO PROJETO DE


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS REGIÕES NORTE / NOROESTE DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO .......................................................................... 875

4.1 Passos para Construção da Rede Social ............................................................. 875

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 882

6. REFERÊNCIAS.................................................................................................... 883

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


LISTAS

FIGURAS

Figura 1 – Estrutura para Funcionamento da Rede Social RIONOR.................................. 874

Figura 2 – Interação dos Membros da Rede Social RIONOR, mediada via web ................ 874

Figura 3 – Estrutura da Página Residente do Portal da Rede Social RIONOR .................. 876

Figura 4 – Página Principal do Portal da Rede Social RIONOR (www.rionor.ning.com)..... 877

Figura 5 – Link para Convidar novos Integrantes para a Rede Social RIONOR................. 878

Figura 6 – Espaço – Blog – Reservado para Assinantes da Rede Social RIONOR ........... 879

Figura 7 – Link Fórum de Debates da Rede Social RIONOR............................................. 880

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


1. CONCEITUAÇÃO DE REDE

Rede se constitui em um termo polissêmico, sendo diversos os sentidos dados a ele. No


Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2009) encontram-se pelo menos 19 sentidos para
o vocábulo rede. Segundo Santana (2004), a concepção de rede é originada do latim retio-
lus, que “designa um conjunto de linhas entrelaçadas”, uma analogia que remete ao sentido
de ligação, de junção de pontos separados. É um conceito que advém de uma derivação por
metáfora, significando que elementos como pessoas, coletivos, entidades, estabelecimen-
tos, empresas ou instituições se mantém interligados entre si, estando geralmente organiza-
das em torno de interesses, valores, afinidades, projetos e objetivos comuns que os une.

Embora não seja um termo novo, nos dias atuais, tem se constituído em um importante te-
ma de investigação científica. O estudo de rede nas diversas ciências é tratado de acordo
com a especificidade de seus interesses. Nas Ciências Humanas, particularmente na Antro-
pologia, destaca-se uma perspectiva de interação direta estabelecida, em decorrência de
conexões pré-existentes, entre indivíduos pertencentes a determinados agrupamentos. Na
Sociologia, os enfoques buscam apreender a idéia de rede a partir de articulações políticas,
ideológicas ou simbólicas embutidas nas ações coletivas e nos movimentos sociais. Na Ge-
ografia, destacam-se os estudos de redes urbanas, onde se analisa, a partir de determina-
dos fluxos, os níveis de interdependência entre os centros urbanos.

Ao se tratar de assuntos urbanos, uma idéia de rede num sentido de entrelaçamento de fios
e nós articulados, formando uma malha pode ser trazida. Nos estudos de redes urbanas,
normalmente, os nós são vinculados aos centros urbanos que, funcionalmente, se articulam
via fios, que são estradas de ferro, de rodagem, rios e outros meios por onde ocorrem os
fluxos.

A rede urbana pode ser observada sob o aspecto material referindo-se a elementos espaci-
ais concretos que compõem a infra-estrutura. Poderia ser chamada de “rede técnica” por ser
constituída de tal forma que permite o transporte de matéria, energia ou informação, en-
quanto que a rede analisada a partir de uma perspectiva social referindo-se às pessoas,
mensagens e valores que se utilizam dessa infra-estrutura, pode ser chamada de “rede so-
cial.

Há uma interdependência entre estas duas concepções de rede, em sua forma e função:
dependem tanto da estrutura material, quanto dos aspectos sociais que lhe dão dinamicida-
de.

2. REDES SOCIAIS

Na sociedade, o fato de todo indivíduo estar inserido simultaneamente em várias relações,


sejam elas de parentesco, amizade, vizinhança, trabalho e outras, por si só, já pressupõe o
seu envolvimento em redes sociais, porém trata-se de uma inclusão de forma passiva.

Ao ocorrer a inserção do indivíduo em organizações instituídas capazes de mobilizar outras


redes, tem-se, então, uma inclusão em forma ativa de participação em redes sociais.

Nas redes sociais, diferentemente de outros sistemas de conexão, existe uma estrutura,
cujo pressuposto é a interação social, onde o todo é mais que o somatório das partes e não
somente uma coleção de perfis. Os laços sociais ou relações nas redes sociais se estabele-
cem no sentido de desenvolver ou promover assuntos muito específicos, de interesse co-
mum, o que faz com que as participações, interações, intercâmbios, buscas, e outras mani-
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 869
festações se processem espontânea e voluntariamente, através de fluxos regulares que
transitam pela rede ou entre os que nela comparecem. As relações, portanto, entre os agen-
tes que a constituem não são feitas de maneira aleatória, mas observam a princípios da au-
torregulação. Os teores ou conteúdos, os modos ou funções que especificam o seu movi-
mentar e interagir, as densidades e intensidades, as entradas e saídas e realimentações,
entre outras condições que regem o seu existir, definem os estados de sua energia interna,
as sinergias, o que influencia e determina o modus operandi e os resultados que explicam e
mantem a sua existência enquanto rede.

As redes sociais, segundo Parrochia (1993), designam organizações não estruturadas, sem
coordenações, sem estatutos legais ou paralegais, o que se denomina uma rede em hiper-
texto. Prescindem da contigüidade espacial e de longos períodos de tempo. Para Parrochia,
as redes sociais podem ser feitas e desfeitas rapidamente, sendo, portanto, pontuais e efê-
meras. Pressupõem flexibilizações, rapidez e multiciplidade de atores, relativizando a idéia
de centralidade e hierarquia oriundas de forças centrípetas, a favor de uma morfologia mais
aberta , sem perder coesão e funcionalidade.

Ao se tratar de redes sociais é fundamental considerar o papel da comunicação como ele-


mento essencial à sua operacionalidade. Nas redes materiais ou técnicas prevalece um mo-
delo simples comunicação, composto de ligações físicas, locais, que envolvem poucos ele-
mentos no processo de transmissão e receptação dos conhecimentos. Nesse modelo sim-
ples é possível identificar todos os canais de comunicação através da contigüidade espacial
das mensagens transmitidas. Nas redes sociais, historicamente, o fenômeno da comunica-
ção ocorreu da forma mais simples para a mais complexa. Num determinado estágio da
evolução da sociedade, em que prevaleceu a linguagem gestual e oral, estabelecida por um
pequeno número de pessoas, a comunicação era simples, havia uma limitação espaço-
temporal, com o entorno imediato, prevalecendo nas relações sócio-espaciais.

Hoje, com a sociedade globalizada e a alta tecnologia, os modelos de comunicação se tor-


naram bastante complexos. A comunicação mediada pelo computador pode ser muito efici-
ente no estabelecimento de laços sociais porque facilita sua manutenção. A internet é um
instrumento que possibilita a constituição de um sistema de conexão à distância, instantâ-
nea, permitindo a comunicação, compartilhamento e intercâmbio de dados entre os elemen-
tos das redes sociais. A discussão sobre redes sociais baseadas em Manuel Castells, cien-
tista social espanhol, envolve o fenômeno da comunicação nessa perspectiva mais ampla
que é a da “Revolução da Tecnologia e da Informação”. Revolução esta que vem provocan-
do transformações aceleradas na sociedade e, segundo Castells, levam as pessoas a terem
uma tendência a reagruparem-se em torno de entidades e grupamentos associativos primá-
rios tais como religiosos, éticos, territoriais, empresariais e nacionais. Desaparecem as bar-
reiras da distância e dos elementos físicos. Segundo esta perspectiva, a existência das re-
des sociais se deve, então, à necessidade de se produzir conversações na linguagem, para
atender à condição de se produzir trabalho co-operativo, independente do espaço e do tem-
po e de organizações formais, e de se viabilizar a propensão das pessoas de atuarem atra-
vés de conexões no conhecimento que contribuam para a formação de suas identidades.

Castells não é, propriamente, um defensor da lógica das redes como forma de organização,
que, segundo seu pensamento, possui uma lógica invisível, produzindo valores, criando có-
digos culturais, decidindo o poder, o que faz com que seu sentido estrutural deixe de existir.
Como um analista que busca compreender essas novas dinâmicas sociais, políticas e eco-
nômicas da chamada sociedade da informação, ele analisa e descreve a nova configuração
que decorre da difusão do uso das novas tecnologias, viabilizando os processos da globali-
zação em rede e explica que:

870 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


“Uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto alta-
mente dinâmico suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilí-
brio. Redes são instrumentos apropriados para a economia capitalis-
ta baseada na inovação, globalização e concentração descentraliza-
da; para o trabalho, trabalhadores e empresas voltadas a flexibilidade
e a adaptabilidade; para uma cultura de desconstrução e reconstru-
ção contínuas; para uma política destinada ao processamento instan-
tâneo de novos valores e humores públicos; e para uma organização
social que vise a suplantação do espaço e a invalidação do tempo.”
(A Sociedade em Rede:497)

2.1 Redes da Sociedade Civil

A sociedade civil pode ser considerada como uma representação em vários níveis de como
os interesses e os valores da cidadania se organizam, em cada sociedade, para encami-
nhamento de suas ações em prol de políticas sociais e públicas, protestos sociais, manifes-
tações simbólicas e pressões políticas. O momento histórico da revolução tecnológica e in-
formacional acelera a fundação de uma sociedade civil global, da qual são expressões mar-
cantes das grandes mobilizações organizadas por meio de redes que tem como exemplos,
entre outras, as manifestações que ocorreram em Seattle, Praga e Gênova relacionadas ao
comércio internacional, o Fórum Social Mundial, de Porto Alegre, e a recente Conferência
sobre o Clima do Planeta de Copenhagen.

O estágio de desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação tem a proprie-


dade de proporcionar a agilização ou aceleração e articulação da variedade de movimentos
sociais e organizações da sociedade civil, a partir das iniciativas pioneiras das redes ambi-
entalistas. Tais redes que, anteriormente, tiveram existência episódica, emergindo do rela-
cionamento entre os atores sociais e das situações políticas que exigiam uma resposta cole-
tiva.

Desde então, as redes vem se tornando o principal instrumento das operações e em um dos
principais meios de organização e de manifestações coletivas persistentes dos agentes liga-
dos a assuntos especializados e que envolvem modos de pensar e agir diferenciados, no
plano da cidadania, associados à articulação de ações políticas de grande envergadura da
população, dos segmentos estruturados da sociedade, das organizações não governamen-
tais e dos movimentos sociais, quer sejam de âmbito nacional ou internacional.

A sociedade civil está numa fase de transição, promovida pelas inovações tecnológicas e
informacionais atuais, que proporcionam uma infra-estrutura global de redes de ongs e que,
segundo Boaventura de Sousa Santos (2004), pode produzir um desenvolvimento futuro de
um bloco histórico contra-hegemônico. Para ele, a globalização contra-hegemônica de que
os movimentos e organizações congregadas em redes transnacionais, cujo Fórum Social
Mundial é o exemplo mais expressivo, é feita de uma enorme diversidade de ações de resis-
tência contra a injustiça social em suas múltiplas dimensões.

A sociedade civil organizada, no século XXI, tende a ser uma sociedade de redes organiza-
cionais, de redes inter-organizacionais e de redes de movimentos, com formação de parce-
rias entre as esferas públicas, privadas e estatais, criando novos espaços de gestão a partir
do crescimento da participação cidadã.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 871


3. REDE SOCIAL DO PROJETO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO
NORTE/ NOROESTE DO RIO DE JANEIRO

As redes sociais, embora se diferenciem quanto aos objetivos e à sua composição, traba-
lham com articulações e desenho organizacional semelhantes, e ainda se mostram mais
parecidas quando consideradas a partir do conjunto de problemas e desafios gerenciais e
operacionais que tem que enfrentar.

A construção da Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noro-


este do Estado do Rio de Janeiro é um pressuposto básico para a completa implementação
e consolidação das propostas, programas e carteira de projetos de desenvolvimento regio-
nal.

Neste sentido a via proposta de desenvolvimento deve, por um lado, realçar os resultados
conquistados das políticas de desenvolvimento global e, por outro, instruir o planejamento e
seus objetivos atribuindo-se-lhes condição a mais equilibrada e dinâmica em relação consti-
tuição de seu território. Com isto, o desenvolvimento regional dará cobertura às necessida-
des individualizadas das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, para gerir mais eficazmente
seus fatores e condições, tanto na otimização dos recursos disponíveis escassos, como na
garantia de que as soluções terão uma participação dos diferentes atores na sua elabora-
ção, realização e acompanhamento de desempenho.

Trata-se de uma rede dedicada, de foco singular, de escopo multitemático, onde a questão
do desenvolvimento sustentável é o elemento que justifica a sua razão de ser, quem dela
participa, como opera e o que gravita em seu entorno, envolvendo inclusive os seus atores
participantes. É também, ao mesmo tempo, uma rede territorial, pois a questão do desen-
volvimento sustentável a ser considerada tem um território específico, que são as Regiões
Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, em torno das quais se reúnem os agentes
numa espécie de parceria solidária.

Quanto a sua orientação, a Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentá-


vel do Norte/Noroeste do Rio de Janeiro é uma rede que tem como função primordial consti-
tuir uma plataforma de informações e conhecimentos, um espaço de veiculação de notícias
e intercâmbio da trajetória do projeto. Mas, sua proposta de ação vai para além do inter-
câmbio e disseminação de informações, ela deverá, também, ser capaz de contribuir para
elevar o nível do protagonismo dos atores sociais atuantes nas vinte e duas cidades que
compõem as Regiões Norte e Noroeste Fluminense, promovendo a participação e a articu-
lação destes agentes em uma escala territorial, contemplando as especificidades locais.

A Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável do Norte/Noroeste do


Rio de Janeiro tem, entre os seus objetivos, contribuir para as soluções dos problemas per-
tencentes à dinâmica econômica da Região. A perspectiva é de que as propostas que com-
porão a carteira dos projetos, atuem efetivamente para o equacionamento, eliminação ou
atenuação dos desequilíbrios regionais. Nesse contexto, fica assegurado que a conquista
dos objetivos de seu desenvolvimento e de sua expansão desejada, correspondentes ao
aproveitamento dos recursos e potencialidades de sua socioeconomia, far-se-á com a parti-
cipação ativa dos seus cidadãos e entidades representativas, exercitando a sua responsabi-
lidade social.

872 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


3.1 Capital Social da Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Sustentável das
Regiões Norte/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro

O Capital Social é o amálgama que interconecta as várias formas de Capital Humano. É o


elemento central, fundamental importância, uma vez que a Rede Social é constituída pelo
Capital Humano. No âmbito do Projeto de Desenvolvimento Sustentável das Regiões Nor-
te/Noroeste Fluminense, a mobilização e a ação do Capital Social Regional representam o
alvo intangível e valioso para a execução do Projeto, garantindo-lhe uma rede humana de
trabalho.

Desenvolver o Capital Social de qualidade, a partir da Rede Social, cria as conexões entre
pessoas e grupos que intervem em áreas estratégicas da socioeconomia regional. Do Capi-
tal Social da Rede emergem líderes informais nas Regiões Norte/Noroeste do Riocapazes
de conduzir, com a desenvoltura, os trabalhos de suporte e intermediação da sociedade
regional para implantar o seu desenvolvimento sustentável.

Somente com a presença dos líderes emergentes do Capital Social pode-se prevenir falhas
ou perda de efetividade da comunicação que se programa, movimente a Rede Social Regi-
onal. Na sua ocorrência, surgem ou aumentam o clima de incerteza e certa desmotivação,
enfraquecendo a Rede Social.

Para que o enfoque do Capital Social não corra o risco de ser tomado meramente como
uma metáfora dos novos tempos, a Coordenação Geral visitou e continuará visitando as
Regiões Norte e Noroeste Fluminense, com o objetivo de ampliar a participação e elevar a
intensidade da interações da Rede Social. Para que se mantenha a Rede ativa, será utiliza-
do sistematicamente o mecanismo de oficinas temáticas, com a aplicação de dinâmicas en-
tre as pessoas da Rede Social, que lhes permitam ampliar a compreensão de seus integran-
tes sobre as questões que determinam o escopo e abrangência do projeto. As oficinas, i-
gualmente, produzem os insumos estratégicos para a implantação e gerenciamento os pro-
jetos selecionados melhores, integrados e organicamente interconectados no sentido de
atender ao objetivo fim deste trabalho, agregando ao longo da execução do mesmo, o Capi-
tal Humano que se fizer necessário.

3.2 Horizontalidade na organização da Rede Social do Projeto de Desenvolvimen-


to Sustentável das Regiões Norte/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro

A Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável do Norte/Noroeste do


Rio de Janeiro possui uma arquitetura plástica, não-linear, aberta, descentralizada, plural,
dinâmica e na sua capacidade de auto-regular-se. Ela se baseia, fundamentalmente, em sua
horizontalidade, ou seja, no modo de inter-relacionar das pessoas, sem uma hierarquia pré-
definida, onde as pessoas se afirmam pela sua independência na interdependência, pela
iniciativa em atos individualizados que se ajustam na observância dos limites e na integra-
ção das partes, inovação desenvolvida na cooperação entre as pessoas, um processo es-
sencialmente que se rege pelo aprendizado que amplia o conhecimento e o conhecer da
Rede. Habitualmente devem predominar os laços horizontais, entre pares, e os diagonais,
entre colaboradores de áreas.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 873


Figura 1 – Estrutura para Funcionamento da Rede Social RIONOR

Membros da Iniciativa Privada


Membros de ONG’S

Membros do Poder Municipal

Comitê Gestor da Rede Social Rionor


Membros do Poder Estadual

Não há centros de poder nessa Rede e o que a autorregula é que todos que dela participam
entendem que o resultado é coletivo, destinado ao coletivo, o que pressupõe uma rigorosa
coordenação de coordenação de ações. Somente assim, e com os que participam de sua
gestão co-construindo e vivendo experiências conjuntas, a rede se realimenta positivamen-
te. Assim, cresce a sua energia interna, continuadamente, até a mudança do nível lógico do
Sistema (Regiões Norte e Noroeste) e dela mesma, enquanto Rede.

Figura 2 – Interação dos Membros da Rede Social RIONOR, mediada via web

874 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Em outras palavras, os elementos da Rede se ajustam uns aos outros, em função de seus
erros e acertos, até o estabelecimento de um modo coordenado de funcionamento. É um
processo intenso de arranjo e rearranjo, não havendo um controle central nessa dinâmica e,
sim, uma organização que emerge das relações entre os elementos. Processo de auto-
organização, onde o termo coordenação pode ser utilizado no cerne de seu significado, on-
de a co-produção leva à mudança da ordem lógica do sistema.

Portanto, a Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável do Nor-


te/Noroeste Fluminense é uma forma não-institucional de organização. Requer um modo de
operação distinto próprio, usando a web, em que não há burocracia.

3.2.1 Participação Voluntária

O primeiro princípio para a participação na Rede Social do Desenvolvimento Regional Sus-


tentável do Norte/Noroeste do Rio de Janeiro é que a pessoa seja uma participação voluntá-
ria. Essa é uma das razões da capacidade da rede trabalhar com autonomia. As pessoas
participam da rede quando querem e porque assim o desejam. Elas são convidadas e não
obrigadas a participar. Participam quando decidem compartilhar do projeto coletivo de de-
senvolvimento sustentável para a Região, acreditam e investem nele.

Os partícipes poderão entrar e sair da Rede Social, a qualquer tempo. A ação voluntária
implica a adesão livre a uma forma de solidariedade coletiva que resulta no pertencimento à
Rede por livre escolha.

O surgimento da Rede ocorre pela existência de um propósito comum, que é o Projeto de


Desenvolvimento Regional Sustentável do Norte/Noroeste Fluminense e está conseguindo
aglutinar atores do poder público, da iniciativa privada, de sindicatos de classe e da socie-
dade civil organizada. O elemento de coesão entre esses atores é o objetivo comum, que os
integra e move a ação, o que constitui justamente o sucesso do desenvolvimento regional.
A rede pode até parecer frágil como princípio organizacional, mas constitui um poderoso
agente de transformação, uma vez que tenha representatividade regional que a legitime .

4. PROCESSO DE CRIAÇÃO DA REDE SOCIAL DO PROJETO DE DESENVOLVI-


MENTO SUSTENTÁVEL DAS REGIÕES NORTE / NOROESTE DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO

A idéia da rede social como estratégia de trabalho surgiu como uma conseqüência natural
do processo de debate, mobilização, e planejamento para se constituir viabilidade e viabili-
zação ao Desenvolvimento Regional Sustentável do Norte/Noroeste do Rio de Janeiro, em
razão da necessidade de integração entre múltiplos domínios e esferas de conhecimento,
promovendo a troca de experiências, a difusão de informações chaves e ainda pela neces-
sidade de se gerar sinergia entre equipes e projetos.

4.1 Passos para Construção da Rede Social

O primeiro passo dado para a construção da rede foi a identificação de parceiros. Uma vez
identificados diversos atores afins, através do trabalho de imersão nas Regiões Nor-
te/Noroeste Fluminense, foram emitidos os convite para participação da Rede Social a pes-
soas envolvidas com o seu processo de desenvolvimento. Esse grupo constitui o núcleo
genético que deu origem à Rede Social, em escala reduzida (no momento há 28 membros
participantes), mas que já possibilitou fazer funcionar a Rede inclusive com as suas Oficinas
Temáticas, entre outras iniciativas.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 875


O projeto da Rede Social do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Nor-
te/Noroeste do Fluminense é resultado de uma pactuação coletiva. Portanto, novos mem-
bros estarão nela ingressando da Rede Social, ao longo da execução do projeto e em suas
etapas de implementação, imediatamente a seguir.

O segundo passo que está sendo dado é o que trata de definir a condição de funcionamento
da Rede, com os objetos que permitam orientar o seu cotidiano, as tomadas de decisões e a
gestão do Projeto de Desenvolvimento das Regiões Norte e Noroeste.

Figura 3 – Estrutura da Página Residente do Portal da Rede Social RIONOR

Principal

Bate- Convidar
Papo

Blogs Minha
Página

Rede
Social
RIONOR
Grupos Membros

Eventos Fotos

Fórum Vídeos

Em princípio, a Rede Social será administrada, em conjunto, pelo Consórcio RIONOR em


parceria com o Comitê da Rede Social, que terá, em cada uma das Regiões, uma composi-
ção de, no máximo, 9 (nove) membros. O mandato de Gestor da Rede Social Norte Noroes-
te Fluminense será de 10 meses, para o representante do Consórcio RIONOR, e de 24 me-
ses para o do Comitê Gestor, que escolherá o administrador da rede entre seus pares, po-
dendo neste caso, o seu mandato ser prorrogado por igual período.

A Rede Social Rionor está hospedada na plataforma Ning, Figura seguinte, sob o endereço
www.rionor.ning.com.

876 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Figura 4 – Página Principal do Portal da Rede Social RIONOR (www.rionor.ning.com)

Os usuários da Rede Social Rionor são todas pessoas que aceitam o convite formulado pelo
Gestor. Depois do recebimento do convite, automaticamente os membros terão a cessão de
uso, tendo para isto seu espaço (Blog), podendo interagir com os demais membros.

Consumada a inscrição para o acesso ao Portal da Rede, as seguintes instruções devem


ser utilizadas pelos seus integrantes:

a) Fazer o cadastro clicando no link “Registre-se” no canto superior direito da página inicial
da rede social;

A) digite seu e-mail, B) escolha uma senha, C) informe sua data de nascimento e D) copie o
código de segurança na caixa à esquerda do mesmo. Na seqüência, E) digite seu nome, F)
clique no ícone da máquina fotográfica e escolha no arquivo do computador uma foto sua
para que os outros membros da rede conheçam sua imagem, G) informe seu sexo; H) in-
forme seu país; I) informe sua cidade/estado, entre outras informações sobre você para
compor seu perfil. Se você já está cadastrado em alguma outra rede social que lhe forneceu
uma ID NING clique em “acesse”, digite seu email e senha anteriormente cadastrados.

b) Convidar novos membros para fazer parte da rede;

O convite a representantes e pessoas qualificados para participarem do Plano de Desenvol-


vimento Sustentável do Norte/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, será feito por indica-
ções ou por escolha dos grupos de trabalho técnicos responsáveis por sua elaboração

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 877


Figura 5 – Link para Convidar novos Integrantes para a Rede Social RIONOR

Clique em convidar no menu horizontal superior, onde serão encontradas 4 (quatro) opções:

a) “Importar do catálogo de endereços na web”: escolha seu provedor de e-mail (Google,


Hotmail, Yahoo e MSN) e informe sua senha para que o sistema busque sua lista de conta-
tos com toda segurança. Você poderá optar entre enviar para todos ou selecionar para
quem enviar;

b) “Digitar endereços de e-mail”: digite endereço por endereço e não se esqueça de separar
com vírgula ou “enter”. Caso tenha uma lista de emails no Word ou Excel copie e cole desde
que os emails estejam separados por vírgula ou “enter”;

c) “Convidar amigos”: escolher um ou mais pessoas já cadastrados na Rede Social e enviar


mensagem convite para ver informações postadas na Rede Social. Isso também pode ser
feito na própria página onde se encontra a postagem a ser divulgada. Clicar em compartilhar
e serão encontradas todas as opções de convite.

d) “Importar do aplicativo Catálogo de Endereços”: Você pode importar seu catálogo de en-
dereço exportado do Microsoft Outlook, Apple Mail, Google, Hotmail, Yahoo, UOL e todos os
outros.

Depois que exportar sua lista de contatos no formato “.csv” ou “.vcf” faça a importação deste
arquivo e o sistema convida seus amigos para entrar na sua rede social. Depois de importar
seu catálogo de endereços você terá a oportunidade de escolher para quais amigos enviar o
convite.
878 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
c) Postagens: em todas as postagens tem-se a opção de adicionar o autor como amigo. É
só clicar no link “Adicionar como amigo”.

e) Publicar notícias e idéias no seu blog: Clicar na palavra “blogs”, que fica na parte superior
da página Residência, da Rede Social (Figura anterior).

Nele se vêem as postagens nos blogs de todos os participantes da rede. Para publicar a
primeira mensagem no “blog”, clicar na frase “Adicionar um Post ao Blog” que fica no canto
superior direito da página.

Escolher um título, escrever a mensagem e clicar em “Publicar Mensagem”.

Pode-se programar a exibição da postagem em horário e data futura.

Definir quem pode visualizar a postagem, bem como moderar e definir quem pode postar
comentários no blog.

Figura 6 – Espaço – Blog – Reservado para Assinantes da Rede Social RIONOR

f) Criar fórum de discussão sobre qualquer assunto relacionado ao Plano de Desenvolvi-


mento Sustentável do Norte/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro e convidar a Rede para
debater: Clicar na palavra “Fórum” que fica na parte superior da página inicial da Rede Soci-
al.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 879


Desta forma será visualizado todos os fóruns criados pelos participantes da rede. Para criar
um fórum clicar na frase “Adicionar uma discussão” que fica no canto superior direito da pá-
gina.

Escolher um título, descrever o tema a ser debatido, anexar arquivos com informações com-
plementares sobre o tema do fórum e clicar em “Adicionar Discussão”.

Figura 7 – Link Fórum de Debates da Rede Social RIONOR

f) Criar um grupo para reunir pessoas que tenham interesse em comum em algum assunto
específico sobre o Desenvolvimento Sustentável.

Clicar na palavra “Grupos” que fica na parte superior da página inicial da rede social. Será
visualizada todos os grupos criados pelos participantes da rede. Para criar um grupo clicar
na frase “Adicionar um Grupo” que fica no canto superior direito da página. Escolher um
nome para o grupo, escolher uma imagem em seu computador para ser ícone do grupo,
descrever o objetivo do grupo e clicar em “Adicionar Grupo”.

g) Publicar os eventos na agenda da Rede Social;

Clicar na palavra “Eventos” que fica na parte superior da página inicial da rede social. Serão
visualizados todos os eventos criados pelos participantes da rede. Para criar um evento cli-
car na frase “Adicionar um evento” que fica no canto superior direito da página. Escolher um
nome para o evento, escolher uma imagem para ser ícone do evento, descrever o evento,
informar horário e data de início e fim do evento, local de realização, organizador, telefone,
site e clique em “Adicionar Evento”.

880 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


h) Publicar as fotos e imagens que contribuem com o Plano de Desenvolvimento Sustentá-
vel do Norte/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro;

Podem-se postar fotos na Rede Social. Clicar em “Adicionar foto” e o sistema abrirá o ge-
renciador de arquivos.

Escolher a pasta (“Minhas imagens” por exemplo) e arraste os arquivos de foto que desejar
divulgar na rede. Clicar em “próximo”. Definir um nome, descrição e palavras-chave que ca-
racterizam a foto.

Definir quem na Rede pode visualizar e clicar em “carregar” para o sistema disponibilizar
uma foto.

Cada foto deve ter tamanho máximo de 10MB. O sistema suporta fotos nos formatos “.jpg”,
“.gif” e “.png”.

Podem-se adicionar fotos que já estão no flickr, além de enviar por telefone ou e-mail (ver
na alínea n).

i) Publique vídeos que abordam a questão do Desenvolvimento Sustentável do Nor-


te/Noroeste do Estado do Rio de Janeiro;

Podem-se postar vídeos na rede social. Clicar em “Adicionar vídeo” e o sistema abrirá o ge-
renciador de arquivos. Escolher a pasta (“Minhas imagens” por exemplo) e arrastar os arqui-
vos de vídeo que desejar divulgar na rede. Clicar em “próximo”. Definir um nome, descrição
e palavras-chave que caracterizam o vídeo. Definir quem na rede pode visualizar e clicar em
“carregar” para o sistema disponibilizar o vídeo. Cada vídeo deve ter o tamanho máximo de
100MB. O sistema suporta vídeos nos formatos “.mov”, “.mp4”, “.mpg”, “.avi”, “.wmv” e
“.3gp”. Podem-se adicionar vídeos do YouTube ou Google apenas copiando o código HTML
“embutido” de qualquer site de vídeos popular para adicioná-lo à rede social, além de enviar
por telefone ou e-mail (ver item n)

j) O sistema também está preparado para publicar músicas;

Pode-se postar músicas na rede social. Clicar em “Adicionar música” e o sistema abrirá o
gerenciador de arquivos. Escolher a pasta (“Minhas músicas”, por exemplo) e arrastar os
arquivos de música que desejar divulgar na rede. Clicar em “próximo”. Definir um nome,
descrição e palavras-chave que caracterizam a música.

k) Definir para quais atividades da Rede Social Rionor você gostaria de ser avisado por
e.mail.

Pode-se receber e-mails sobre tudo o que acontece na Rede ou apenas receber os avisos
gerais do moderador da Rede. Fazer a escolha clicando na palavra “Configurações” que
sempre será encontrada no canto superior direito, abaixo do nome do membro da Rede, em
qualquer página da Rede Social. Na próxima página, clicar na palavra “e-mail” no canto su-
perior esquerdo.

Podem-se definir quais informações sobre a participação na Rede Social que o membro
gostaria de deixar pública, exclusiva para amigos ou totalmente privativas. Fazer a escolha
clicando na palavra “Configurações” que sempre será encontrada no canto superior direito,
abaixo do nome do membro da Rede, em qualquer página da Rede Social. Na próxima pá-
gina, clicar na palavra “Privacidade” no canto superior esquerdo.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 881


l) Definir o nível de privacidade que gostaria de ter na Rede Social

Podem-se definir quais informações sobre a participação na Rede Social que cada membro
gostaria de deixar pública, exclusiva para amigos ou totalmente privativas. Fazer a escolha
clicando na palavra “Configurações” que sempre será encontrada no canto superior direito,
abaixo do nome do membro, em qualquer página da Rede Social. Na próxima página, clicar
na palavra “Privacidade” no canto superior esquerdo.

m) Redefinir perfil – informações pessoais

Podem-se redefinir as informações pessoais, como nome, foto, e-mail, senha, sexo, endere-
ço, data de nascimento, apresentação pessoal, entre outras. Fazer a escolha clicando na
palavra “Configurações” que sempre será encontrada no canto superior direito, abaixo do
nome do membro da Rede, em qualquer página da Rede Social. Na próxima página, clicar
na palavra “Perfil” no canto superior esquerdo.

n) Postar fotos e vídeos na rede social usando seu celular

No Perfil, cada membro encontra o endereço de e-mail para o qual podem ser enviadas su-
as fotos e vídeos para que as mesmas sejam postadas automaticamente. Descobrir o e.mail
de postagem clicando na palavra “Configurações” que sempre será encontrada no canto
superior direito, abaixo do nome do membro da rede, em qualquer página da rede social. Na
próxima página, clicar na palavra “Perfil” no canto superior esquerdo.

Por fim, à medida que os assuntos e temas abordados na Rede Social forem se ampliando,
caberá ao Gestor organizá-los em arquivos, que ficarão à disposição dos integrantes para
consulta, quando necessário.

Todos os assuntos tratados pelo Consórcio RIONOR que forem de interesse direto dos
membros da Rede Social, serão disponibilizados em arquivos tipo PDF, para consulta.

A Rede Social RIONOR promoverá um Fórum de Oficinas Temáticas, cujos temas serão
propostos pelo seu Gestor ou por algum membro. A proposta inicial é que a cada 15 dias um
novo tema para debate, seja proposto para que os membros interajam.

No link “Eventos” serão postadas as agendas de Reuniões e de Oficinas a serem realizadas


no âmbito do Plano de Desenvolvimento Sustentável do Rio de Janeiro.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O âmago da agenda da Rede Social do Projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável


do Norte/Noroeste do Rio de Janeiro é a sustentabilidade. Ela é constituída de uma natureza
eminentemente democrática, aberta e emancipatória, o que poderá possibilitar um grande
poder de mobilização e articulação. Mantendo suas características mais preciosas que são o
seu poder criador de novas ordens e seu caráter libertador, ela deverá estabelecer seus
processos em caráter permanente, de forma abrangente e que transcenda os limites da ela-
boração da carteira de projetos e seja capaz também, de acompanhar a execução dos
mesmos.

882 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


6. REFERÊNCIAS

CASTELS, Manuel. A Sociedade em Rede – A Era da Informação: Economia, Sociedade


e Cultura. Vol. I – 3ª Edição. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

FONSECA, A. A. M.; O’NEILL, M.M. A Revolução Tecnológica e Informacional e o Re-


nascimento das Redes. Revista de Geociências, Niterói, RJ, v.2, páginas 26-35, 2001.

FRANCO, Augusto. Escola de redes: novas visões sobre a sociedade, o desenvolvi-


mento, a internet, a política e o mundo globalizado. Curitiba: Arca Sociedade do Conhe-
cimento, 2008.

FUKUYAMA, Francis. Confiança: as virtudes sociais e a criação da prosperidade. Rio


de Janeiro: Rocco, 1996.

HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

INTERNATIONAL MONETARY FUND. World Economic Outlook Database, Washington,


2009. Disponível em: http://www.imf.org/external/. Acesso em 03 de fevereiro de 2010.

LOPES, Carlos Alberto. Fortalecimento dos Atores Locais como Estratégia de Amplia-
ção do Capital Social: Formação da Rede Social Itaquera, São Paulo, Brasil. São Paulo,
2004. LOPES, Carlos Alberto. Desenvolvimento Local: Um processo sustentado no investi-
mento em capital social, São Paulo, 2008.

PARROCHIA, D. Philosophie des Reseaux, Paris PUF, 1993, páginas 1-78.

PUTNAM, Robert D. Comunidade e Democracia: a experiência da Itália moderna. Rio de


Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996.

SANTANA, M.R.C. Redes Técnicas: os avatares geográficos da cidade mediada eletro-


nicamente. In: Reflexões e Construções Geográficas Contemporâneas. Salvador, Copyri-
ght, 2004.

SANTOS, B.S. (2004): Entrevista in


<www.ces.fe.uc.pt/BSS/documentos/JornalOGLOBNov2004.pdf>.

SANTOS, M. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo:


Hucitec, 1997;

SENGE, Peter; SCHARMER, C Otto; JAWORSKI, Joseph; FLOWERS, Betty Sue. Presen-
ça: propósito humano e o campo do futuro. São Paulo: Cultrix, 2007.

UGARTE, David. O poder das redes. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 883


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Sistema Físico
e Infraestrutura
Capítulo 8
Autores:
Ailton Mota de Carvalho
Antônio Otávio Gontijo
Gustavo Menezes Gonçalves
Laudirléa Silva dos Reis
Mário Teixeira Rodrigues Bragança
Milton Casério Filho
Túlio Ricardo Amaral Pereira

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


SUMÁRIO

1. SISTEMA VIÁRIO E DE TRANSPORTES – HIDROVIÁRIO E MARÍTIMO,


RODOVIÁRIO, AEROVIÁRIO, OUTROS, ENTREPOSTOS E UNIDADES DE
ARMAZENAMENTO E ESTOCAGEM, CICLOVIAS, POSIÇÃO GEOGRÁFICA
ESTRATÉGICA.................................................................................................... 895

1.1 Sistema de Transporte do Estado do Rio de Janeiro ........................................... 895

1.1.2 Transporte Rodoviário.......................................................................................... 895

1.1.3 Transporte Ferroviário.......................................................................................... 896

1.1.3.1 Histórico do Sistema de Trens de Passageiros .................................................... 896

1.1.3.2 Rede Atual do Sistema de Trens.......................................................................... 899

1.1.4 Transporte Aeroviário........................................................................................... 900

1.1.4.1 Rede Aeroviária do Estado do Rio de Janeiro...................................................... 900

1.1.4.2 A Importância de uma Rede Aeroportuária no Interior.......................................... 901

1.1.4.3 PROFAA - Parceria União e Estado..................................................................... 901

1.1.4.4 Plano Aeroviário do Estado do Rio de Janeiro - PAERJ....................................... 902

1.1.4.5 Projeto da Região Noroeste Fluminense.............................................................. 902

1.1.5 Ciclovias .............................................................................................................. 903

1.2 Sistema de Transporte Terrestre das Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio
de Janeiro ............................................................................................................ 905

1.2.1 Transporte Rodoviário.......................................................................................... 905

1.2.2 Transporte Aéreo ................................................................................................. 907

1.2.3 Transporte Ferroviário.......................................................................................... 909

1.2.4 Transporte Marítimo / Portos................................................................................ 909

1.2.5 Plataformas, Armazenamento e Transporte por Dutos......................................... 911

2. ENERGIA – ENERGIA ELÉTRICA, REFINARIAS, USINAS DE ÁLCOOL, GÁS


ENVASADO E CANALIZADO, COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS, PRODUÇÃO DE
CALOR, RENOVÁVEIS........................................................................................ 913

2.1 Sistema Energético do Estado do Rio de Janeiro................................................. 914

2.1.1 Petróleo ............................................................................................................... 914

2.1.1.2 Reservas.............................................................................................................. 914


Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
2.1.1.3 Produção.............................................................................................................. 915

2.1.1.4 Refino .................................................................................................................. 916

2.1.1.5 Transporte de Petróleo e Derivados..................................................................... 917

2.1.2 Gás Natural.......................................................................................................... 918

2.1.2.1 Reservas.............................................................................................................. 918

2.1.2.2 Produção.............................................................................................................. 918

2.1.2.3 Processamento .................................................................................................... 919

2.1.2.4 Distribuição .......................................................................................................... 920

2.1.3 Energia Elétrica.................................................................................................... 921

2.1.3.1 Capacidade Instalada .......................................................................................... 921

2.1.3.2 Distribuição, Geração e Suprimento Externo........................................................ 923

2.1.4 Carvão Mineral..................................................................................................... 926

2.1.5 Carvão Energético ............................................................................................... 926

2.1.5.1 Carvão Metalúrgico .............................................................................................. 926

2.1.6 Produtos da Cana-de-açúcar ............................................................................... 927

2.1.7 Lenha e Carvão Vegetal....................................................................................... 927

2.1.7.1 Lenha................................................................................................................... 928

2.1.7.2 Carvão Vegetal .................................................................................................... 928

2.2 Análise Energética das Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro . 928

2.2.1 Produção de Energia ........................................................................................... 928

2.2.2 Consumo de Energia ........................................................................................... 929

2.2.3 Energia Eólica...................................................................................................... 930

3. COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO........................................ 931

3.1 Retrospectiva Histórica ........................................................................................ 931

3.2 Histórico da Tecnologia da Comunicação Fluminense ......................................... 932

3.3 Infraestrutura Tecnológica.................................................................................... 932

3.3.1 Rede Governo...................................................................................................... 936

3.3.2 Infovia-RJ............................................................................................................. 936

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


3.3.3 Infovia-RJ - Software Livre ................................................................................... 937

3.4 Redes de Comunicação Fixa e Móvel .................................................................. 937

4. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO, ZONEAMENTO, ÁREAS URBANAS E RURAIS938

4.1 Conceituação ....................................................................................................... 938

4.2 Uso e Cobertura do Solo no Estado do Rio de Janeiro ........................................ 938

4.3 Uso e Cobertura do Solo nas Regiões Norte e Noroeste Fluminense .................. 941

4.3.1 Levantamentos Realizados em 1994/1995........................................................... 941

4.3.2 Levantamentos Realizados em 2006 ................................................................... 945

4.4 Considerações Finais........................................................................................... 950

5. URBANIZAÇÃO ................................................................................................... 950

5.1 Grau de Urbanização ........................................................................................... 952

5.2 As Cidades por Faixas de População................................................................... 953

5.3 Destaques............................................................................................................ 956

5.4 Resultados Parciais ............................................................................................. 957

5.5 Hierarquia Urbana da Região Norte e Noroeste Fluminense................................ 958

5.5.1 Antecedentes ....................................................................................................... 958

5.5.2 Classificação Hierárquica dos Centros e Áreas de Influência............................... 960

5.5.3 Os Centros e Suas Áreas de Influência................................................................ 965

5.6 As Relações Externas.......................................................................................... 965

5.7 Considerações Finais........................................................................................... 967

6. O SISTEMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL E HABITAÇÃO ............................ 967

6.1 Introdução ............................................................................................................ 967

6.2 A População......................................................................................................... 967

6.3 Saneamento Ambiental na Região Norte Fluminense .......................................... 968

6.3.1 Sistema Público de Abastecimento de Água ........................................................ 968

6.3.2 Sistema Público de Coleta e Tratamento de Esgoto Sanitário.............................. 970

6.3.3 Sistema Público de Coleta e Destino Final dos Resíduos Sólidos Urbanos ......... 970

6.3.4 Sistema Público de Drenagem Pluvial.................................................................. 971

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


6.4 Sistema Habitacional na Região Norte Fluminense.............................................. 972

6.5 Considerações Finais........................................................................................... 975

7. ESTRUTURA FUNDIÁRIA ................................................................................... 976

7.1 Fonte de Dados.................................................................................................... 977

7.2 Levantamento de Informações de Dados do IBGE............................................... 978

7.3 Levantamento de Informações de Dados do INCRA ............................................ 982

7.4 Considerações Finais........................................................................................... 985

8. REFERÊNCIAS.................................................................................................... 986

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


LISTAS

FIGURA
Figura 1 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Esquema Piers do Porto do Açu
.......................................................................................................................................... 910

Figura 2 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Esquema de Funcionamento em


Planta do Porto do Açu ...................................................................................................... 911

GRÁFICOS
Gráfico 1 – Distribuição da Capacidade Instalada em Centrais Elétricas de Serviço Público
por Empresa do Estado do Rio de Janeiro, 2002............................................................... 922

Gráfico 2 – Estado do Rio de Janeiro, Participação da Capacidade Instalada em Centrais


Elétricas de Serviço Público Segundo o Tipo de Usina, 2002 ............................................ 923

Gráfico 3 - Região Norte Fluminense, Consumo Final de Energia por Setores, 2002 ........ 929

Gráfico 4 - Região Noroeste Fluminense, Consumo Final de Energia por Setores, 2002 .. 930

Gráfico 5 – Brasil, Evolução de Linhas de Telefonia Móvel (número de telefones instalados),


1995 – 2005....................................................................................................................... 934

Gráfico 6 – Brasil, Evolução dos Telefones de Uso Público (número de telefones instalados),
1995 – 2005....................................................................................................................... 935

Gráfico 7 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Cidade Polarizadas ......... 961

Gráfico 8 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, População Polarizada........................ 962

Gráfico 9 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Fluxos de Telefonia Interurbana


(Principais Fluxos) ............................................................................................................. 962

MAPAS

Mapa 1 – Estado do Rio de Janeiro, Ferrovias .................................................................. 899

Mapa 2 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Localização do Porto do Açu ..... 910

Mapa 3 - Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Bacia de Campos, Petrobrás,
Campos de Petróleo .......................................................................................................... 912

Mapa 4 - Região Norte Fluminense, Mineroduto de Conceição do Mato Dentro/MG - São


João da Barra/RJ............................................................................................................... 912

Mapa 5 – Regiões Norte e Noroeste, Fluxo e Polarização (incluindo Campos dos


Goytacazes) ...................................................................................................................... 963

Mapa 6 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Fluxo Telefônico (excluindo Campos dos
Goytacazes) ...................................................................................................................... 964

Mapa 7 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Fluxos Telefônicos Extra ...................... 966

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


TABELAS

Tabela 1 – Rio de Janeiro, Unidades Aeroportuárias ......................................................... 902

Tabela 2 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Rodovias de Acessos aos Municípios 906

Tabela 3 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Relação Descritiva das Rodovias do


Sistema Rodoviário Nacional ............................................................................................. 906

Tabela 4 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Malha Rodoviária Estadual (km), 2000 a
2002 .................................................................................................................................. 906

Tabela 5 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Complexo Aeroportuário907

Tabela 6 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Movimento Operacional,


2002 a 2008....................................................................................................................... 907

Tabela 7 – Região Norte Fluminense, Macaé, Complexo Aeroportuário............................ 908

Tabela 8 - Região Norte Fluminense, Macaé, Movimento Operacional, 2002 a 2008 ........ 908

Tabela 9 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Dimensionamento da Carga do


Porto do Açu...................................................................................................................... 911

Tabela 10 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro (106 m3), Evolução das Reservas Provadas de
Petróleo, 1980 a 2002........................................................................................................ 914

Tabela 11 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro (106 m³), Evolução da Produção de Petróleo,
1980 a 2002....................................................................................................................... 915

Tabela 12 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro (106 m³), Evolução das Reservas Provadas de
Gás Natural, 1980 - 2002................................................................................................... 918

Tabela 13 – Brasil e Estado do rio de Janeiro (106 m³), Evolução da Produção de Gás
Natural, 1980 a 2002 ......................................................................................................... 919

Tabela 14 – Estado do Rio de Janeiro1, Centrais Elétricas de Serviço Público, 2002 ........ 921

Tabela 15 – Estado do rio de Janeiro, Geração Bruta de Energia Elétrica por Empresa e
Tipo de Usina – Centrais Elétricas de Serviço Público, 2002 ............................................. 924

Tabela 16 – Estado do Rio de Janeiro, Comparação entre a Geração Bruta e a Demanda de


Energia Elétrica (1), 2002 ................................................................................................... 925

Tabela 17 – Estado do Rio de Janeiro, Consumo Setorial de Energia Elétrica por


Concessionária de Distribuição e Consumo Total Incluindo Autoprodução, 2002 .............. 925

Tabela 18 – Estado do Rio de Janeiro, Autoprodução de Energia Elétrica por Setores - 2002
.......................................................................................................................................... 926

Tabela 19 - Perfil da Indústria Sucroalcooleira Fluminense - 2002, (Produção de Bagaço de


Cana e de Álcool Etílico).................................................................................................... 927

Tabela 20 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Produção de Energia Primária, 2002 928

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 21 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Consumo Final de Energia, População e
PIB, 2002........................................................................................................................... 929

Tabela 22 – Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Participação


das Fontes no Consumo Final (%), 2002 ........................................................................... 930

Tabela 23 – Brasil, Fornecedores de Redes 3G para as Operadoras, 2010 ...................... 933

Tabela 24 – Brasil e Estados, Acessos Totais por UF (TV a Cabo, DTH e MMDS) ........... 933

Tabela 25 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Densidade do Serviço de TV por Assinatura


.......................................................................................................................................... 935

Tabela 26 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Evolução da Densidade Telefônica.......... 935

Tabela 27 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Evolução da Densidade Telefônica SMC . 935

Tabela 28 - Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Evolução da Densidade Telefônica TUCs. 935

Tabela 29 – Área Ocupada pelas Classes de Uso e Cobertura do Solo de Acordo com o
Trabalho Coordenado pela CPRM, 1999 ........................................................................... 939

Tabela 30 - Percentual das Áreas, por Tipo de Uso do Solo, Segundo os Municípios das
Regiões Norte e Noroeste Fluminense, 1994 .................................................................... 942

Tabela 31 – Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Utilização


das Terras nos Estabelecimentos, 1995 ............................................................................ 943

Tabela 32 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Utilização


das Terras nos Estabelecimentos, 2006 ............................................................................ 945

Tabela 33 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Comparação


do Percentual de Lavouras, Pastagens e Matas Naturais e Plantadas, 1995 e 2006......... 946

Tabela 34 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Percentual


das Áreas, por Tipo de Uso do Solo .................................................................................. 946

Tabela 35 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Descrição da


Utilização de Terras com a Subdivisão da Classe Lavouras em Permanentes, Temporárias,
Forrageira para Corte, e Área para Cultivo de Flores, Viveiros de Mudas, Estufas de Plantas
e Casas de Vegetação, 2006............................................................................................. 948

Tabela 36 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Descrição da


Utilização de Terras com a Subdivisão da Classe Pastagens Naturais, Plantadas
Degradadas, Plantadas em Boas Condições, 2006 ........................................................... 949

Tabela 37 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Grau de Urbanização dos Municípios,


1970, 1980, 1991, 2000 ..................................................................................................... 952

Tabela 38 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, População dos Municípios, 1970, 1980,
1991 .................................................................................................................................. 953

Tabela 39 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Nas Datas dos Censos, Segundo Faixas
de Tamanho de População, 1970, 1980, 1991 .................................................................. 954

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 40 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Situação Por Faixa de Tamanho, 1970 -
1980 e 1980 - 1991............................................................................................................ 954

Tabela 41 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Participação Relativa das Cidades por
Faixa de População, 1970, 1980, 1991.............................................................................. 955

Tabela 42 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Evolução da População por Grupos de


Habitantes, 1970 - 1980 e 1980 - 1991.............................................................................. 955

Tabela 43 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, População e Evolução das Cidades no


Período de 1970 – 1991 .................................................................................................... 956

Tabela 44 – Regiões Norte e Noroeste, Cidades Polarizadas............................................ 961

Tabela 45 - Totais de Ligações Telefônicas do Conjunto de Municípios da Região Norte e


Noroeste Fluminense para a Capital do Estado do Rio de Janeiro e para as Capitais
Vizinhas ............................................................................................................................. 965

Tabela 46 – Estado do Rio de Janeiro e Região Norte Fluminense, Taxa de Mortalidade


Infantil, 1993 - 2007 ........................................................................................................... 968

Tabela 47 – Estado do Rio de Janeiro, Sistema de Abastecimento de Água ..................... 969

Tabela 48 – Estado do Rio de Janeiro e Região Norte Fluminense, Produção Diária


Estimada de Resíduos Sólidos, 2009 ................................................................................ 970

Tabela 49 – Região Norte Fluminense, Quadro Geral da Destinação de Resíduos Sólidos,


2007 .................................................................................................................................. 971

Tabela 50 – Estado do Rio de Janeiro e Região Norte Fluminense, Déficit Habitacional ... 972

Tabela 51 – Estado do Rio de Janeiro e Região Norte Fluminense, Domicílios com Carência
e Deficiência de Infraestrutura, 2000 ................................................................................. 974

Tabela 52 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Total de Estabelecimentos


Agropecuários, 1995.......................................................................................................... 978

Tabela 53 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Total de Estabelecimentos


Agropecuários, 2006.......................................................................................................... 979

Tabela 54 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Áreas dos Estabelecimentos


Agropecuários, 1995.......................................................................................................... 980

Tabela 55 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Compartimentação de Áreas, 1995... 981

Tabela 56 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Tamanho do Módulo Fiscal, 1992, 1998,
2005 .................................................................................................................................. 982

Tabela 57 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Índice de GINI, 1992 - 1998 .............. 983

Tabela 58 - Concentração da Terra Versus Índice de GINI................................................ 984

Tabela 59 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Áreas, 1992 - 1998 ........................... 984

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


1. SISTEMA VIÁRIO E DE TRANSPORTES – HIDROVIÁRIO E MARÍTIMO, RODO-
VIÁRIO, AEROVIÁRIO, OUTROS, ENTREPOSTOS E UNIDADES DE ARMAZE-
NAMENTO E ESTOCAGEM, CICLOVIAS, POSIÇÃO GEOGRÁFICA ESTRATÉ-
GICA

Neste item pretende-se delinear a evolução e a situação atual do sistema de viário e de


transportes no conjunto dos vinte e dois (22) municípios integrantes do espaço regional de-
nominado Norte e Noroeste Fluminense.

No Estado do Rio de Janeiro a Secretaria de Transportes é responsável pelo planejamento


e implantação, operação e melhoria da qualidade dos transportes públicos de passageiros e
de cargas, promovendo os fluxos necessários com segurança e conforto para a população.

Suas principais atribuições são:


• Definir a política de transportes do Estado, compatibilizando as suas iniciativas
aos programas de desenvolvimento do Governo;
• Promover a implantação, ampliação, melhoria e integração da infra-estrutura de
transportes;
• Realizar estudos, pesquisas e planejamento do sistema de transportes do Esta-
do do Rio de Janeiro, com vistas a propiciar ao usuário a adoção de meio de lo-
comoção social e economicamente mais adequado;
• Incentivar o aprimoramento de mecanismos institucionais, objetivando a implan-
tação de um plano diretor integrado de transportes da Região Metropolitana, que
discipline os investimentos públicos no setor de transportes e indique soluções
para integração harmônica de suas modalidades, tendo em vista a indispensável
articulação entre os sistemas de transportes nos ambientes Estadual e Municipal
existentes;
• Explorar e administrar aeroportos, aeródromos e heliportos no Estado, mediante
delegação, concessão ou autorização do Ministério da Aeronáutica;
• Apreciar e deliberar sobre assuntos relativos à política, planejamento, coordena-
ção e integração dos sistemas de transportes do Estado do Rio de Janeiro, atra-
vés do órgão auxiliar colegiado – Conselho Estadual de Transportes;
• Controlar, supervisionar e avaliar o desempenho das entidades da administração
indireta que lhe sejam vinculadas;
• Negociar e firmar convênios, acordos, contratos e ajustes, bem como outros ins-
trumentos que interessem ao setor de transportes do Estado, com quaisquer
pessoas de direito público ou privado;
• Operar adequadamente os serviços de transportes e de terminais, neles incluí-
dos o rodoviário de passageiros, o metroviário, o ferroviário e o hidroviário e, a-
inda, zelar pela qualidade, segurança e eficiência desses serviços quando con-
cedidos, segundo qualquer modalidade de direito permitida, à iniciativa privada.
1.1 Sistema de Transporte do Estado do Rio de Janeiro

1.1.2 Transporte Rodoviário

O Sistema de Ônibus no Estado do Rio de Janeiro é totalmente realizado por empresas par-
ticulares que possuem as concessões das linhas conforme regulamentação do poder públi-
co.

No caso de linhas intermunicipais, as linhas que tem origem e destino em dois municípios
distintos, mas ambos dentro do Estado do Rio de Janeiro, o órgão regulamentador e fiscali-
zador é o DETRO, autarquia vinculada à Secretaria Estadual de Transportes. Neste sentido
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 895
o DETRO planeja, concede, permite, autoriza, fiscaliza e regulamenta a prestação deste
serviço público, de acordo com os interesses do Estado e da população.

Para a supervisão e controle de tais atividades, são realizadas permanentemente vistorias


nas frotas das operadoras, e utilizada a estrutura operacional para a fiscalização do sistema
em todo o Estado.

Para tanto o DETRO/RJ possui uma rede operacional descentralizada, constituída por 3
Unidades de Controle Operacional na Região Metropolitana e por 6 Postos de Apoio e Co-
ordenação Regionais no Interior.

No caso de linhas municipais, isto é, linhas que circulam somente dentro de um município o
órgão regulamentador e fiscalizador pertence à própria Prefeitura da cada Município.

Há ainda ônibus interestaduais e internacionais que são de responsabilidade de órgãos da


Administração Federal.

Intermunicipais

O transporte coletivo (linhas regulares) no Estado do Rio de Janeiro é constituído por 109
empresas que operam 1.090 linhas, utilizando uma frota de 6.167 veículos, sendo 4.920 do
tipo urbano, 143 do tipo urbano com ar condicionado, 982 do tipo rodoviário e 122 do tipo
rodoviário com ar condicionado, com uma movimentação mensal superior a 52 milhões de
passageiros.

Por sua vez, o transporte intermunicipal de passageiros, na modalidade de fretamento, é


promovido por 50 empresas e 2 cooperativas, compreendendo 986 veículos registrados.

O sistema intermunicipal de transporte por ônibus é responsável por mais de 80% da movi-
mentação de passageiros na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

A regulamentação e fiscalização dos ônibus interestaduais é de responsabilidade do Minis-


tério dos Transportes.

Na rodoviária Novo Rio, no Rio de Janeiro, operam 37 empresas com linhas interestaduais e
no Terminal Rodoviário de Niterói operam 22 empresas.

As linhas internacionais que partem do Rio (Rodoviária Novo Rio) têm como destino: Argen-
tina, Paraguai e Chile, através das empresas Pluma e Rysa - Rápido Iguaçu.

1.1.3 Transporte Ferroviário

1.1.3.1 Histórico do Sistema de Trens de Passageiros

A renovação urbana pela qual passou a cidade do Rio de Janeiro no período entre a metade
do século XIX e meados do século XX foi devida, em grande parte, aos meios de transporte
sobre trilhos.

Os trens foram responsáveis pela rápida transformação de freguesias que, até então, se
mantinham exclusivamente rurais.

Em 1854, foi inaugurado o trecho inicial de 14,5 km da Imperial Companhia de Navegação a


Vapor e Estrada de Ferro Petrópolis (depois E. F. Mauá) a primeira ferrovia construída no
Brasil, ligando a Estação de Guia de Pacobaíba a Fragoso, em direção a Petrópolis. Esse
896 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
trecho estava integrado a uma ligação por barcas que conectava a Estação de Guia de Pa-
cobaíba ao Porto da Praça Mauá (Cais Pharoux).

Em 1855, o Decreto Imperial 1598 autoriza a constituição da Companhia da Estrada de Fer-


ro D. Pedro II. São iniciados os trabalhos de implantação da ferrovia.

O serviço ferroviário de passageiros foi inaugurado em 1858, com a implantação do trecho


da Estrada de Ferro D. Pedro II, ligando a Estação da Corte, hoje denominada D. Pedro II, à
Estação de Queimados. Em 1861, foi inaugurado o serviço regular de trens até Cascadura.
Em 1864, a ferrovia já havia ultrapassado a serra e alcançado Barra do Piraí. Em 1870, a
linha de Cascadura passou a ser servida por mais dois trens diários, inaugurando de fato o
sistema suburbano de transporte.

Em 1871, lei da Província de Minas Gerais autoriza a criação de empresa ferroviária para
estabelecer a ligação entre a cidade de Leopoldina e a futura estação de Porto Novo da E.
F. D. Pedro II. Em 1872, o Decreto Imperial 4.914 autoriza a constituição da Cia. E. F. Leo-
poldina, de capital inglês e brasileiro. O trecho inicial é inaugurado em 1873, ligando São
José a Volta Grande.

Em 1875 é autorizada a implantação da Estrada de Ferro Rio D'Ouro, como auxiliar da cons-
trução da adutora entre o Caju e as represas do Rio D'Ouro, na Baixada Fluminense. Nesse
mesmo ano, as linhas da Cia. da E. F. D. Pedro II alcançam Cachoeira Paulista, em São
Paulo, ponto final da navegação do Rio Paraíba do Sul.

Em 1877, é adotado o sistema telegráfico entre as estações da Corte e Todos os Santos


para controle dos trens. Nesse mesmo ano é feita a junção dos trilhos da Cia. E. F. D. Pedro
II (bitola 1,60 m) com a Estrada de Ferro São Paulo (bitola de 1,00 m), estabelecendo a liga-
ção definitiva entre esses dois estados, com baldeação em Cachoeira, considerando a dife-
rença de bitolas.

Em 1883, foi aberta ao tráfego a Estrada de Ferro Rio D'Ouro, com 58 km de extensão e
traçado paralelo à E. F. D. Pedro II.

Ainda em 1883 é inaugurada a ligação da Raiz da Serra à Petrópolis e também realizada a


aquisição da Imperial Companhia de Navegação e Estrada de Ferro de Petrópolis pela Cia.
Estrada de Ferro Príncipe do Grão Pará.

Em 1884, é inaugurado o serviço telefônico na E. F. D. Pedro II, sendo que em 1900 todas
as estações suburbanas já dispunham desse serviço.

No âmbito da atual Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a E. F. Leopoldina teve papel


indutor muito mais importante que a Rio D'Ouro. Sua primeira linha, inaugurada em 1886,
entre São Francisco Xavier e Mirity (atual Duque de Caxias), interligou uma série de núcleos
urbanos já existentes, que passaram a se desenvolver em ritmo acelerado.

Em 1889, a E.F.D.Pedro II passa a ser denominada E. F. Central do Brasil em virtude da


queda da monarquia.

Em 1891, a E.F.São Paulo e Rio de Janeiro (ligando Cachoeira Paulista a São Paulo) é in-
corporada à E.F.Central do Brasil.

Em 1893, foi inaugurado o primeiro trecho da Estrada de Ferro Melhoramentos do Brasil,


construída pela Companhia de mesmo nome, que, em 1903, seria incorporada à Central do

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 897


Brasil com o nome de Linha Auxiliar. Com 61 estações, partia de Alfredo Maia (Praça da
Bandeira), passando por Triagem, Herédia de Sá, Vieira Fazenda até São Mateus.

A E.F.Leopoldina é liquidada, por falência, em 1897. No mesmo ano, é criada a "The Leo-
poldina Railway Co" , que incorpora o acervo da Cia. E.F.Leopoldina. No ano seguinte é
concedida autorização para início de operação à empresa britânica 'The Leopoldina Railway
Company Ltd".

A partir dos primeiros anos do século XX, há um aumento substancial no tráfego suburbano
de passageiros.

Em 1930, o transporte ferroviário encontra-se em contínua expansão. Em 1937, a ferrovia foi


eletrificada. A participação percentual dos passageiros nos trens suburbanos quase duplica
entre as décadas de 40 e 50 (passando de 8% para 16%), mantendo-se posteriormente, até
1960, na mesma proporção.

Em 1949, o Governo Federal assume os encargos financeiros da "The Leopoldina Railway


Co", administrando-a de maneira compartilhada. No ano seguinte, a União encampa definiti-
vamente a Companhia, que passa a denominar-se E. F. Leopoldina.

A Central do Brasil permanece sob o domínio do Estado. Em 1941, sofre uma reformulação
administrativa, tornando-se autarquia, com autonomia financeira e administrativa, embora o
Governo Federal assuma, em 1950, a responsabilidade de financiar as aquisições e obras
necessárias à sua expansão. Em 1957, passa a ser a espinha dorsal da Rede Ferroviária
Federal S. A. - RFFSA, juntamente com a Estrada de Ferro Leopoldina.

As Divisões Operacionais da RFFSA são criadas em 1969. Os sistemas de trem de subúrbio


passam a integrar a 8a Divisão de Subúrbios do Grande Rio.

Entre 1977 e 1981, são adquiridos 180 trens das séries 500, 700, 800 e 900.

Em 1984, é criada a Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU, subordinada ao Minis-


tério dos Transportes, com a responsabilidade pelo transporte ferroviário metropolitano de
passageiros em todo o Brasil. A RFFSA fica com a responsabilidade pelo transporte de car-
gas. No mesmo ano, o sistema de trens metropolitanos do Rio de Janeiro ultrapassa a bar-
reira de 1 milhão de passageiros pagantes transportados por dia.

Após 1985, teve início a queda do volume de passageiros transportados pelo sistema de
trens metropolitanos do Rio de Janeiro, considerando a falta de investimentos aliada a ou-
tros fatores.

Em cumprimento ao disposto na Constituição Federal, que transfere à autoridade pública


local as responsabilidades inerentes ao transporte urbano de passageiros nas áreas metro-
politanas, foi criada pelo decreto no 20.288, de 28 de julho de 1994, a Companhia Flumi-
nense de Trens Urbanos - FLUMITRENS. A transferência efetiva do Sistema Ferroviário do
Rio de Janeiro, da Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU, subordinada à União,
para a FLUMITRENS, diretamente ligada à Secretaria de Estado de Transportes do Rio de
Janeiro, deu-se em 22 de dezembro de 1994.

Em novembro de 1998, a operação do sistema de trens foi transferida para a iniciativa pri-
vada, através de concessão à empresa Supervia.

Durante este período de transição do sistema de trens para o Estado, concessão para a
iniciativa privada e até os dias de hoje, o sistema vem sendo recuperado, com recursos do

898 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Banco Mundial e contrapartida do Governo Estadual, (Programas BIRD I e PET) além de
programas de investimento da própria concessionária. No entanto, a recuperação da de-
manda permanece aquém das expectativas.

Através do decreto nº 27.898, de 9 de março de 2001 ( complementado pelo decreto nº


28.313 de 11 de maio de 2001 ), o Governador determinou a cisão da Flumitrens em duas
empresas: uma a ser liquidada (onde permanecem os ativos e a relação empregatícia dos
funcionários) e outra que é a responsável pelas atividades relativas à malha ferroviária de
passageiros, acrescida da responsabilidade do Sistema de Bondes de Santa Teresa, trans-
ferido da CTC - Cia de Transportes Concedidos, através do Decreto nº 21.846 de 18/07/01.

No dia 30 de maio de 2001, a Flumitrens realizou a Assembléia que efetivou a cisão, criando
a Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística - CENTRAL.

1.1.3.2 Rede Atual do Sistema de Trens

O Sistema Ferroviário do Rio de Janeiro abrange uma extensão de 264 km de faixa, sendo
174,5 km em bitola larga (1,60m) eletrificada, 9 km em bitola larga não eletrificada e 80,5 km
em bitola métrica não eletrificada, com 95 estações e 32 paradas. Devido à multiplicidade de
vias, o sistema totaliza 684 km de extensão.

A malha ferroviária subdivide-se em 5 corredores principais em bitola larga eletrificada: De-


odoro, Japeri, Santa Cruz, Leopoldina (Saracuruna) e Belford Roxo (operados pela SUPER-
VIA); e 3 corredores em bitola métrica não eletrificada: Vila Inhomirim (operado pela SU-
PERVIA), Guapimirim e corredor de Niterói a Visconde de Itaboraí (operados pela CEN-
TRAL).

Mapa 1 – Estado do Rio de Janeiro, Ferrovias

Fonte: Site Google

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 899


1.1.4 Transporte Aeroviário

A Secretaria de Estado de Transportes comporta em sua estrutura a Coordenadoria de


Transporte Aeroviário, com as seguintes atribuições:

• Planejar a rede aeroportuária do Estado;


• Projetar, construir, administrar, manter e explorar aeroportos, aeródromos e heli-
portos do Estado, mediante delegação, concessão ou autorização do Comando
da Aeronáutica;
• Desenvolver e implementar estudos e métodos com vistas a viabilizar a obten-
ção de recursos necessários aos Programas de Setor;
• Coordenar a aplicação de recursos e meios da iniciativa privada, no desenvolvi-
mento do setor aeroviário estadual, em especial apoiando a implantação de um
Pólo da Indústria Aeronáutica no Estado;
• Arrecadar tarifas e taxas aeroportuárias por delegação do Ministério da Aeronáu-
tica;
• Aplicar as normas legais, técnicas e administrativas, baixadas pelas autoridades
Federais;
• Coordenar a execução das Políticas Federal e Estadual de Transporte Aeroviário
de passageiros e cargas e, desempenhar direta ou indiretamente, todas as de-
mais atividades legadas à Aeronáutica de competência do Estado ou que lhe fo-
rem delegadas.
• Colaborar com os órgãos competentes da União no que se refere a aplicação, no
Estado do Rio de Janeiro, da política Aeronáutica Nacional.
Na atualidade o Estado do Rio de Janeiro conta com 28 aeroportos homologados e/ou regis-
trados e 85 helipontos. Os aeroportos civis públicos somam 13 e os privados 10, além de 5
aeródromos das bases militares.

1.1.4.1 Rede Aeroviária do Estado do Rio de Janeiro

A constituição de uma compacta, porém bem equipada rede de aeroportos no interior do


Estado visa, entre outros objetivos, agilizar e tornar rotineiro o acesso de empresários, turis-
tas, comerciantes etc. a estas áreas, seja através da utilização de pequenas aeronaves par-
ticulares, táxi aéreo, linhas regulares de aviação ou vôos de fretamento (“charter”) sistemáti-
cos, procurando sempre aproximar tais regiões dos centros de decisão do país.

No caso específico do Rio de Janeiro, destaca-se a necessidade de melhor atender as im-


portantes áreas industriais existentes no interior, que carecem de ligação principalmente
com São Paulo e Rio de Janeiro, além do segmento turístico, que no mundo inteiro vem
crescendo com altas taxas, freqüentemente em função da existência de pacotes turísticos,
que englobam hospedagem, transporte aéreo, “transfer” de passageiros aeroporto-hotel e,
eventualmente atrações turísticas, oferecendo desta forma conforto, segurança, rapidez e
preços relativamente reduzidos.

Com relação à ocupação de hotéis classificados localizados no interior do Estado, foi exaus-
tivamente estudado e comprovado pelos órgãos do setor, que tais unidades tem nos turistas
residentes em cidades de outros estados (notadamente na Região Metropolitana de São
Paulo, região de Ribeirão Preto e Belo Horizonte) ou mesmo provenientes do exterior, a
grande maioria de seus usuários, o que implica “mandatoriamente” no uso sistemático da
aviação.
900 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Finalmente, há de se destacar a promulgação e operacionalização da Lei Federal n° 8.399
de 07/01/92, que instituiu o Programa Federal de Auxílio a Aeroportos - PROFAA, e possibi-
litou a disponibilização de recursos visando investimentos em aeroportos de pequeno e mé-
dio portes, com base em receitas geradas no próprio sistema de aviação civil. Ao logo dos
últimos 10 anos, porém apoiado principalmente pelo PROFAA, além de recursos oriundos
do próprio Tesouro Estadual e da iniciativa privada, foram implementadas várias obras e
melhorias nos aeródromos de Resende, Paraty, Angra dos Reis, Cabo Frio, Nova Iguaçu,
Maricá, Itaperuna, Saquarema e Santo Antônio de Pádua, sendo, entretanto de fundamental
importância a complementação e qualificação da infra-estrutura aeroportuária, para que tal
infra-estrutura efetivamente apóie o desenvolvimento das regiões em que estão localizados.

Paralelamente, é importante destacar o grande crescimento que vem sendo observado na


utilização de helicópteros tanto em vôos turísticos, como em apoio a atividades de negócios,
particularmente os ligados à exploração de petróleo na plataforma continental, e mesmo em
situações emergenciais ou em ações de segurança pública e defesa civil.

1.1.4.2 A Importância de uma Rede Aeroportuária no Interior

Atualmente, os principais Estados da Federação já dispõem de boas redes aeroportuárias


que atendem as regiões interioranas, visto que este equipamento permite aproximar zonas
de produção dos centros de decisão. É sabido que a carga, os insumos e mesmo a produ-
ção tem como sustentáculo na distribuição de seus produtos as rodovias e ferrovias, porém
o empreendedor, o industrial, o grande comerciante, técnicos qualificados, ou seja, a deci-
são do investimento e o acompanhamento de seu dia a dia têm no transporte aéreo ferra-
menta fundamental.

Cabe sempre destacar o exemplo da implantação da Volkswagen em Resende, que foi a


primeira indústria de expressão internacional a se implantar naquela região, já que era a
única fábrica de caminhões e ônibus daquela marca no mundo. Entre os oito itens que a
empresa considerava decisivos para a escolha da região de implantação, entre os quais
disponibilidade de energia farta, sistemas de telecomunicações adequados, boas vias de
transporte rodoviário e ferroviário e, a existência de um aeroporto em boas condições ope-
racionais, o que motivou o Estado a empreender uma reforma completa na pista de pouso,
táxi e pátio de aeronaves.

É sempre importante destacar que nenhuma região se desenvolve sem adequados meios
de transportes. Tal processo normalmente se inicia pela pavimentação da principal estrada,
e posteriormente consolida-se com outros modos que não o rodoviário. Dado ao crescimen-
to da aviação no Brasil, o transporte aéreo tem adquirido um papel de destaque na econo-
mia de regiões de maior dinamismo. Praticamente, não mais existem regiões industriais no
interior do País que não disponham de aeródromos adequados e compatíveis com a sua
atividade econômica, associados a serviços de linhas regulares de aviação regional. Hoje,
são mais de 180 cidades servidas pela aviação regional regular no país. Locais de turismo
intenso também estão aparelhando rapidamente seus aeroportos.

1.1.4.3 PROFAA - Parceria União e Estado

As obras de melhorias nos aeródromos / aeroportos do interior do Estado do Rio de Janeiro,


são executadas com recursos do Programa Federal de Auxílios a Aeroportos (PROFAA),
criado pelo Governo Federal através da Lei n° 8.399 , de 7 de janeiro de 1992, e instituído
pela Portaria Ministerial n.° 1.047/GM4, de 31 de d ezembro de 1992, que destina 20% da
receita do Adicional de Tarifa Aeroportuária (ATAERO) para aplicação na implantação, me-
lhoramento, re-aparelhamento, reforma ou ampliação de aeródromos e aeroportos de inte-

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 901


resse estadual, por meio de parceria entre o DAC e os Governos Estaduais, sendo 70% dos
recursos provenientes do Programa com uma contra-partida de 30% dos Estados.

1.1.4.4 Plano Aeroviário do Estado do Rio de Janeiro - PAERJ

O Plano Aeroviário Estadual é um instrumento macrodiretor do desenvolvimento do Sistema


Estadual de Aeroportos. Determina as diretrizes e metas fundamentais que devem ser se-
guidas e alcançadas até cada horizonte de planejamento estabelecido, bem como os recur-
sos essenciais para o pleno desenvolvimento da infra-estrutura aeronáutica. Seu principal
objetivo é promover o desenvolvimento eficiente e harmônico da infra-estrutura aeronáutica,
localizada no interior do Estado, visando suprir as necessidades de transporte aéreo nos
próximos vinte anos.

Tendo em vista que o Plano Aeroviário do Estado do Rio de Janeiro existente, foi elaborado
em 1990, estando, portanto desatualizado, foi celebrado em 20 de dezembro de 2000, Ter-
mo de Convênio entre o Estado do Rio de Janeiro e a União através do Comando da Aero-
náutica, por intermédio do Departamento de Aviação Civil - DAC, com a interveniência da
Secretaria de Estado de Transportes do Rio de Janeiro - SECTRAN e execução pelo Institu-
to de Aviação Civil - IAC, objetivando a Revisão do Plano Aeroviário do Estado do Rio de
Janeiro - PAERJ.

Este Convênio, para a revisão do PAERJ, teve por objeto a redefinição do sistema estadual
de aeroportos, compostos dos aeroportos e aeródromos públicos de interesse estadual ou
regional, bem como estabelecer diretrizes de desenvolvimento e possibilitar a utilização dos
recursos do Programa Federal de Auxílio a Aeroportos - PROFAA, necessários à sua im-
plementação.

Na reformulação da Rede Estadual de Aeroportos, foram inseridos os aeroportos / aeródro-


mos do Vale do Aço (que atenderá aos municípios de Volta Redonda, Barra Mansa, Barra
do Piraí, Piraí e Pinheiral), Baixada Norte Fluminense (Niterói, Alcântara e São Gonçalo),
Cantagalo e Itaguaí além de 8 (oito) heliportos a serem implantados no interior do Estado.

Neste contexto, foi adotada a seguinte hierarquia aeroportuária:

Tabela 1 – Rio de Janeiro, Unidades Aeroportuárias


Aeródromo
Heliporto
Regional Local Turístico Complementar
Agulhas Negras
Baixada Fluminense Parati Saquarema Ilha Grande
(Resende)
Angra dos Reis Cantagalo Itaipava
Cabo Frio Itaguaí Visconde de Mauá
Itaperuna Marica Nova Friburgo
Volta Redonda Nova Iguaçu Petrópolis
Santo Antônio de Pádua
Teresópolis
Três Rios
Fonte: Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – INFRAERO.

1.1.4.5 Projeto da Região Noroeste Fluminense


Nessa revisão do Plano Aeroviário Estadual, a única instalação nova, da Região Noroeste,
que figura é o heliporto de Santo Antônio de Pádua, como uma resposta ao atendimento das
necessidades de transporte aéreo em áreas que apresentam dificuldade para implantação
902 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
de aeródromos. Os recursos foram solicitados, em 2003, ao Programa Federal de Auxílio a
Aeroportos – PROFAA. Considerando a existência dos heliportos de Macaé e São Tomé, há
uma integração regional que se complementa com os aeródromos de Campos dos Goytaca-
zes e Itaperuna.

1.1.5 Ciclovias

As grandes cidades vivem uma crise de mobilidade que tende a se agravar. Segundo os
dados do DETRAN-RJ, de 1997 a 2007, ocorreu um crescimento exponencial de carros no
município do Rio, na ordem de 40%, correspondente a 1,7 milhões de carros a mais. Em
decorrência, o consumo dos combustíveis, o tempo dos deslocamentos e os custos aumen-
taram. Um exemplo disto foi a redução da velocidade média em vias arteriais da Região Me-
tropolitana para 27,44 km/h. Outra conseqüência da crise da mobilidade é o dano ambiental,
uma vez que 14% do total poluente de 7,9 milhões de t de CO2, anuais, são emitidas por
transportes rodoviários.

Diante dos resultados das pesquisas e dos estudos, a Secretaria de Transportes enxergou a
necessidade de criar no estado um Plano de Mobilidade Não-Motorizada, com a formulação
de diretrizes estaduais a serem sugeridas para os municípios. O plano estuda a acessibili-
dade de cidadãos com deficiências físicas e os deslocamentos de baixo custo no estado. A
bicicleta foi a alternativa mais barata, viável, rápida e facilmente integrável ao sistema de
transporte.

Por isso, a secretaria criou o programa Rio – Estado da Bicicleta, que visa estimular o uso
da bicicleta como meio de transporte urbano em todo o estado, integrando-a aos outros mo-
dais, através da criação de sistemas cicloviários nos municípios. O projeto tem custo esti-
mado em R$ 60 milhões e se estrutura em três pilares: o do Rio como Estado com vocação
para os esportes, o do crescimento econômico e o da sustentabilidade.

Além disso, prevê a construção de ecovias às margens de rios; programas de educação


para o trânsito, em parceria com as demais secretarias estaduais, órgãos de trânsito do es-
tado e dos municípios; campanhas de divulgação intensivas e segmentadas; e a realização
de tours e provas ciclísticas por todo o estado, com o objetivo de disseminar o uso da bici-
cleta. Um dos objetivos do programa é implantar 1.000 km de ciclovias, com 10 km em cada
um dos municípios e 80 km ao longo do Arco Rodoviário Metropolitano.

Segundo os estudos, uma vaga de carro equivale a seis bicicletas, ou 20 compactadas. A-


lém disso, a bicicleta pode transportar sete vezes mais pessoas que o carro, ocupando o
mesmo espaço. O programa Rio – Estado da Bicicleta não pretende substituir nenhum
transporte de massa, mas integrá-los. O objetivo do programa é criar uma nova cultura ci-
cloviária e promover uma revolução do transporte para deslocamentos curtos, com trajetos
de até cinco quilômetros.

Outro fator determinante para o nascimento do programa é o fato do Rio de Janeiro ter a
segunda malha cicloviária da América Latina, ficando atrás apenas da Colômbia. Contudo,
ela é subaproveitada porque é restrita, sem continuidade. Os estudos para a implementação
do Rio – Estado da Bicicleta mostram que ciclovias já existentes podem ser prolongadas e
que outras podem ser construídas. No município do Rio, por exemplo, as ciclovias são restri-
tas à orla e, por isso, são mais utilizadas para o lazer. Apesar disto, é preciso ressaltar que,
na Região Metropolitana do Estado, 90% da população utiliza a bicicleta para o deslocamen-
to diário, como principal meio de transporte.

A parte operacional do programa prevê a implementação de um sistema de bicicleta pública,


com locação de bicicletas a baixo custo. Para isto, bicicletários automatizados serão instala-

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 903


dos em áreas específicas, como terminais de ônibus, trens, metrôs e barcas, onde o usuário
poderá retirar e devolver as bicicletas sem se preocupar com a manutenção ou estaciona-
mento. A bicicleta passa a fazer parte do mobiliário urbano. Um facilitador para que o siste-
ma de bicicleta pública tenha êxito é o fato do Rio de Janeiro ter o maior sistema de bilheta-
gem eletrônica do Brasil.

A título de exemplo de experiências bem sucedidas, em Barcelona, o sistema de bicicletas


públicas espanhol, Bicing, é utilizado para pequenos trajetos e complementar ao transporte
tradicional, com 1.500 bicicletas e 120 postos. Em Paris, o sistema Velib iniciou, em 2001, e
conta com 20.600 bicicletas, 437 quilômetros de ciclovias, 1.451 postos e cartão integrado
ao sistema de transporte público. Em Amsterdam, 28% das viagens diárias são feitas de
bicicleta. Já em Berlim, 15% são realizadas por bicicletas, em 753 quilômetros de ciclovias,
no sistema de serviço chamado Call a Bike.

Com base nesta premissa o Estado do Rio de Janeiro lançou o “Programa Rio – Estado da
Bicicleta” que estabelece o incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte, e com-
preende um conjunto de 15 iniciativas de curto, médio e longo prazo, através do financia-
mento Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Governo Federal.

Objetivos:

• Estimular o uso da bicicleta como meio de transporte alternativo para a parcela


da população que hoje faz suas viagens a pé;

• Implantar, em parceria com os demais órgãos de transporte e trânsito do Estado


e dos municípios, políticas de educação para o trânsito;

• Integrar a bicicleta aos outros modais de transportes, funcionando como trans-


porte complementar, para percursos de curta distância;

• Apoiar os municípios do Estado do Rio de Janeiro a construir ciclovias, ciclofai-


xas e sistemas cicloviários;

• Instalar bicicletários públicos;

• Promover e apoiar eventos esportivos, culturais e institucionais que incentivem o


uso da bicicleta como meio de transporte.

Programa Educacional - Ações Educativas Instituições de Ensino

• Escola da Bicicleta: Instalação da Escola da Bicicleta na Estação Barão de Mau-


á, na Leopoldina, Zona Norte do Rio;

• Criação de multiplicadores na Rede Educacional;

• Elaboração de material pedagógico;

• Concursos em estabelecimentos de ensino para incentivar o uso da bicicleta;

• Ação educativa junto aos sindicatos de transportes coletivos e de carga;

• Capacitação de agentes de trânsito.

Programa Operacional

• Implantação de 1.000 km de ciclovias em todo o Estado do Rio de Janeiro;


904 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
• 10 km em cada um dos 92 municípios;

• 80 km ao longo do Arco Rodoviário Metropolitano;

• Bicicletário Integrador – Bicicletários estratégicos em pontos de parada e termi-


nais de transporte coletivos (ônibus, trens, metrôs e barcas). Valor integrado à
passagem para utilização dos bicicletários;

• Ecovias – Implantação de ciclovias nas margens de rios que estão sendo draga-
dos e recuperados pela Serla (Superintendência Estadual de Rios e Lagoas),
como, por exemplo, os rios Sarapuí e Meriti-Pavuna, para estimular a circulação
intermunicipal e evitar a ocupação desordenada;

• Bicicleta Pública – Sistema de locação de bicicletas a baixo custo, com instala-


ção de bicicletários automatizados em áreas estratégicas, onde o usuário poderá
retirar e devolver as bicicletas – sem se preocupar com manutenção ou estacio-
namento. A bicicleta passa a fazer parte do mobiliário urbano.

1.2 Sistema de Transporte Terrestre das Regiões Norte e Noroeste do Estado do


Rio de Janeiro

1.2.1 Transporte Rodoviário

As Regiões Norte e Noroeste Fluminense são cortadas pela BR101, considerada a rodovia
de acesso troncal longitudinal e de conexão com a capital, cidade do Rio de Janeiro. No
sentido transversal comparece a rodovia BR356, que conecta o Estado de Minas Gerais até
São João da Barra cruzando com a BR 101. Além das rodovias federais, as Regiões possu-
em malha viária estadual, como a RJ-234 que é de considerável importância para o Estado,
por ser uma das rotas utilizadas para fazer o escoamento da produção agrícola do eixo que
passa por São Fidélis.

Esta rede viária não observa um planejamento integrado e revela uma limitação básica com
a BR101 que requer uma solução na modalidade autoestrada, com múltiplas pistas, sistema
de atendimento, derivações de conexões colaterais e integração multimodal, etc., o que im-
plica numa concessão privada (que já está em implementação, ainda sem os investimentos
equacionados). O sistema existente apresenta vários gargalos – entre Macaé e Campos dos
Goytacazes, entre Macaé e Rio das Ostras -, congestionamentos freqüentes e os tempos de
deslocamento são muito longos, regra geral.

A construção da Via dos Lagos e do Anel Viário de Campos são medidas que retiram o mo-
vimento intermunicipal de dentro das áreas urbanas, contribuindo significativamente para a
melhoria do transporte na Região Norte.

Todo o transporte municipal e intermunicipal de passageiros é feito por rodovias, através de


linhas de ônibus intermunicipais, com boa freqüência e qualidade. Essas linhas fazem a li-
gação dos municípios do Norte e do Noroeste com a Capital do Estado e com Niterói, na
Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Além disso, a maioria dos municípios é atendida por linhas interestaduais, que os ligam aos
Estados vizinhos, Minas Gerais e Espírito Santo, além de outros.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 905


Tabela 2 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Rodovias de Acessos aos Municípios
Município BR RJ
São Francisco do Itabapoana 224 / 196
São João da Barra 356
Campos dos Goytacazes 356 / 101 158 / 224 / 216
Quissamã 196
Carapebus 178
Macaé 168
São Fidélis 204 / 158 / 192 / 194
Itaocara 116 158 / 116
Aperibé 202 / 194 / 116
Santo Antônio de Pádua 116 / 186 / 218
Miracema 116 / 200
Laje do Muriaé 116
Natividade 214 / 220
Porciúncula 220 / 230
Varre Sai 214 / 198
Bom Jesus de Itabapoana 186 / 230
Itaperuna 368 / 356 210 / 198
São José de Ubá 186 / 198
Cambuci 198 / 194
Italva 356
Cardoso Moreira 356
Conceição do Macabú 182 / 196
Fonte: Ministério dos Transportes - Elaboração dos autores.
Tabela 3 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Relação Descritiva das Rodovias do Sistema
Rodoviário Nacional

RODOVIAS DIAGONAIS km

Cachoeiro do Itapemirim - Itaperuna - Além Paraíba - Três Rios - Volta Redonda Entron-
BR-393 444,8
camento com a BR-116
BR-356 Belo Horizonte – Muriaé - Campos - São João da Barra 472,9
RODOVIAS LONGITUDINAIS
Touros - Natal - João Pessoa - Recife - Maceió - Aracaju - Feira de Santana - Itabuna –
São Mateus - Vitória - Campos - Niterói - Rio de Janeiro - Mangaratiba - Angra dos Reis -
BR-101 4.556,8
Caraguatatuba - Santos - Iguape - Antonina - Joinville – Itajaí - Florianópolis - Tubarão -
Osório - São José do Norte - Rio Grande
RODOVIAS DE LIGAÇÃO
Morro do Coco (BR-101) - Cardoso Moreira (BR-356) – São Fidélis - Cordeiro – Nova
BR-492 Friburgo - Bom Sucesso - Sobradinho (BR-116) - Posse (BR-040) – Pedro do Rio (BR- 390,5
040) -Avelar – Maçambará (BR-393)
BR-484 Colatina - Itaguaçu - Afonso Cláudio - Guaçuí - São José do Calçado - Bom Jesus do
343,0
Itabapoana – Itaperuna
Fonte: Ministério dos Transportes - 2001 e 2002

Tabela 4 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Malha Rodoviária Estadual (km), 2000 a 2002
Situação Física 2000 2001 2002
Planejada 87,1 78,8 78,8
Pavimentada 351,3 432,6 432,6
Não pavimentada – leito natural 486,6 419,9 419,9
Implantada 34,3 22,5 22,5
Total 959,3 953,8 953,8
Nota: Observa-se que entre 2001 e 2002 não houve alterações nos dados. Fonte: CIDE
906 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
1.2.2 Transporte Aéreo

Existem três aeroportos nas Regiões Noroeste e Norte Fluminense, um localizado em Cam-
pos dos Goytacazes, o outro em Macaé e um o mais novo, em Itaperuna. Estes aeroportos
oferecem serviços comerciais atendidos a partir de aeroportos da cidade do Rio de Janeiro.

Aeroporto de Campos dos Goytacazes

Este aeroporto está localizado numa área de 957.347,97 m², nas margens da BR-101, no
trecho que liga Campos a Vitória.

Tabela 5 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Complexo Aeroportuário


Área: 949.114,04 m²
Pista
Dimensões(m): 1.544 x 45
Terminal de Passageiros
Área(m²): 459
Estacionamento
Capacidade: 41 vagas
Estacionamento de Aeronaves
Nº de Posições: 6 posições
Fonte: INFRAERO

Tabela 6 – Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Movimento Operacional, 2002
a 2008
Aeronaves Carga Aérea Passageiros
Ano Quantidade Ano Quantidade Ano Quantidade
2002 5.949 2002 346.743 2002 18.535
2003 5.518 2003 337.448 2003 16.263
2004 4.331 2004 303.491 2004 13.258
2005 4.253 2005 283.234 2005 10.720
2006 3.477 2006 151.257 2006 8.231
2007 3.517 2007 157.661 2007 7.075
2008 4.316 2008 156.286 2008 5.908
Fonte: INFRAERO

Aeroporto de Macaé

Nos anos 50, existia na cidade de Macaé um campo de aviação localizado junto à praia,
com pista que permitia apenas o pouso de aeronaves militares em treinamento. A década de
60 mostrou a necessidade de evolução, e nascia assim o Aeroclube e o atual sítio aeropor-
tuário, ainda com pista de terra.

Com o advento da exploração do petróleo offshore, nos anos 80, a pista de terra foi cober-
ta por asfalto. Foi construído um pátio de estacionamento de aeronaves e um terminal de
passageiros com 900,00 m², para permitir o movimento de 135.000 passageiros ao ano para
o vôo de helicópteros. O aeroporto, que nasceu a 6 km da cidade, foi sendo envolvido pela
população.

O aeroporto de Macaé dispõe atualmente pista pavimentada com 1.500 metros de asfalto e
sistema de rádio-navegação. Mantém grande tráfego aéreo de helicópteros podendo rece-
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 907
ber aeronaves de médio porte. A pista é utilizada pela Petrobrás e, em 2006, já havia 79
vôos diários.

O Aeroporto de Macaé é hoje a maior base de apoio a exploração de petróleo nacional, mo-
vimentando acima de 60.000 pousos e decolagens e recebendo acima de 400.000 passa-
geiros anualmente em suas dependências. Destes números, 98% referem-se à atividade
"offshore".

A principal vocação deste aeroporto é receber os pousos e decolagens de helicópteros que


circulam entre as diversas unidades marítimas localizadas na bacia de Campos. O aeropor-
to, assim como a cidade, se expandiu nos anos 80, com o advento da exploração do petró-
leo offshore.

Tabela 7 – Região Norte Fluminense, Macaé, Complexo Aeroportuário


Sítio Aeroportuário
Área: 480.000 m²
Pátio das Aeronaves
Área: 41.000 m²
Pista
Dimensões(m): 1.200 x 30
Terminal de Passageiros
Área(m²): 941
Estacionamento
Capacidade: 74 vagas
Estacionamento de Aeronaves
38 posições para asa rotativa e 6 posições
Nº de Posições:
para asa fixa de pequeno porte
Fonte: INFRAERO

Tabela 8 - Região Norte Fluminense, Macaé, Movimento Operacional, 2002 a 2008

Aeronaves Carga Aérea Passageiros


Ano Quantidade Ano Quantidade Ano Quantidade
2002 45.804 2002 457.713 2002 290.939
2003 42.102 2003 427.620 2003 298.707
2004 44.959 2004 419.118 2004 281.020
2005 52.135 2005 375.394 2005 341.559
2006 55.131 2006 323.502 2006 366.778
2007 60.938 2007 403.921 2007 408.095
2008 61.558 2008 303.221 2008 385.651
Fonte: INFRAERO
No Farol de São Tomé, no município de Campos, há uma base para pouso de helicópteros
que atendem às plataformas instaladas na Bacia de Campos.

Atualmente, Macaé se constitui na área com o segundo maior tráfego aéreo de helicópteros
do país, sendo superada apenas por São Paulo.

908 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


1.2.3 Transporte Ferroviário
O Estado do Rio de Janeiro possui, atualmente, cerca de 3.000 km de ferrovias em opera-
ção por empresas de transporte de carga, principalmente FCA e MRS Logística.
O Norte e Noroeste Fluminense são servidos pela linha tronco Campos Elíseos (Duque de
Caxias) – Campos dos Goytacazes. É uma linha de bitola estreita, utilizada exclusivamente
para o transporte de cargas, predominantemente, derivados de petróleo.

1.2.4 Transporte Marítimo / Portos

Imbetiba

Há um intenso tráfego marítimo no litoral Norte Fluminense e na Bacia de Campos, relacio-


nado às atividades petrolíferas e pesqueiras, além de embarcações turísticas e de lazer.

O Pier de Serviços de Macaé (situado em Imbetiba) é intensamente utilizado para o trans-


porte de passageiros e cargas destinados às plataformas petrolíferas.

O Terminal de Imbetiba é atualmente responsável por cerca de 440 atracações por mês,
sendo que o mesmo conta com 3 píers e 6 berços (vagas) e movimenta em média 49,020
toneladas de carga de convés por mês, sendo o seu funcionamento é continuo, 24 horas por
dia e 07 dias por semana.

Considerado o principal terminal portuário da Bacia de Campos, apóia cerca de 140 embar-
cações de diversas atividades de transporte como: transporte de cargas gerais, graneis lí-
quidos e sólidos, manuseio de ancoras, recolhimento de óleo no mar e combate a incêndio.

O terminal de Imbetiba conta também com um Centro de Distribuição de cargas situado cer-
ca de 13 Km do Píer, sendo que o mesmo dispõe de uma área de armazenamento aberta
de 180.000m² e de uma área coberta de 21.600m².

Superporto do Açu

Segundo dados da LLX, empresa responsável pela construção do porto localizado no muni-
cípio de São João da Barra, o Complexo Portuário do Açu é um dos maiores investimentos
do Brasil no setor portuário.

Próximo aos campos de petróleo offshore das bacias de Campos, Santos e do Espírito San-
to e com fácil acesso para as regiões mais desenvolvidas do Brasil, o Superporto do Açu se
propõe servir de centro logístico de exportação e importação para as Regiões Centro-Oeste
e Sudeste do Brasil.

O Superporto do Açu terá seis píeres para movimentação de granéis e quatro para movi-
mentação de carga geral e embarcações de apoio à atividades offshore.

Com profundidade de 18,5 m., Açu permitirá a atracação de navios Capesize, com capaci-
dade de até 220.000 t., assim como a nova geração dos navios superconteiners com capa-
cidade de até 11.000 TEUs (conteiner padrão de 20 pés - 6,0 m - de comprimento).

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 909


Mapa 2 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Localização do Porto do Açu

Fonte: Site Google

Figura 1 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Esquema Piers do Porto do Açu

Fonte: LLX, 2009

O Superporto do Açu também possui retroárea com 7.800 ha, projetada para abrigar um
inovador pólo industrial de grande capacidade, que incluirá um terminal para minério de fer-
ro, plantas de pelotização, usinas termoelétricas, um complexo siderúrgico e um pólo metal-
mecânico.

O empreendimento também engloba centros de distribuição e consolidação de cargas, insta-


lações para embarcações de apoio às atividades offshore e clusters para processamento de
rochas ornamentais.

910 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 9 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Dimensionamento da Carga do Porto
do Açu

Terminal Capacidade (MMt/a)

Minério de Ferro 63,2


Carvão 15,0
Produtos Siderúrgicos 10,0
Carga Geral 7,5
Granel Líquido 4,3
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002
A previsão é de que o Superporto do Açu, esquema geral seguinte, inicie sua operação no
primeiro semestre de 2012.

Figura 2 - Região Norte Fluminense, São João da Barra, Esquema de Funcionamento em Planta
do Porto do Açu

Fonte: LLX, 2009

1.2.5 Plataformas, Armazenamento e Transporte por Dutos

A Petrobrás conta com 39 campos de petróleo na Bacia de Campos, que garantem mais de
80% da produção nacional. Esses campos, batizados com nomes de peixes da costa flumi-
nense, contem reservas de óleo equivalente da ordem de 9,7 bilhões de barris. Eles se es-
palham por uma área de 115.000 km2, em profundidade d'água de até 3.400 m. Além das
plataformas e navios, a região da Bacia de Campos conta também com uma complexa rede
de produção e escoamento que compreende cerca de 4.200 km. de dutos submarinos. Parte
da produção é escoada por dutovias, desde as plataformas até o terminal de Cabiúnas, pró-
ximo de Macaé, e daí até as refinarias de Duque de Caxias (REDUC) no Rio de Janeiro e
Gabriel Passos (REGAP) em Minas Gerais. O restante da produção é transferida por navios
para os teminais de Madre de Deus (BA), de Ilha Grande (RJ), de São Sebastião (SP), de
São Francisco do Sul (SC) e Tramandaí (RS).

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 911


Mapa 3 - Região Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Bacia de Campos, Petrobrás,
Campos de Petróleo

A região também é atravessada pelo gasoduto Macaé – Campos (GASCAM). Esse gasodu-
to foi construído pela Petrobrás com o objetivo de transportar gás natural de Macaé até
Campos, atravessando os municípios de Quissamã e Carapebus.
Outros gasodutos existentes na área são o GASCABO e o GASDUC que ligam Macaé a
Arraial do Cabo e Duque de Caxias (REDUC), respectivamente. Além destes, encontra-se
presente o GASCAB I, que liga as instalações da Petrobrás em Ponto A – Barra do Furado a
Estação de Cabiúnas.
Encontra-se em fase de instalação o mineroduto da MMX, que corresponde ao Sistema Mi-
nas-Rio da Anglo Ferrous Brazil-MMX, composto de jazidas e lavra de minério de ferro situ-
adas em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, em Minas Gerais, e o seu escoa-
mento até o Complexo Portuário do Açu, no município de São João da Barra (PIRES, 2009,
p. 55).

Mapa 4 - Região Norte Fluminense, Mineroduto de Conceição do Mato Dentro/MG - São João
da Barra/RJ

Fonte: LLX, 2009


912 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Dados da Bacia de Campos
Área:

A área sedimentar, conhecida pelo nome de Bacia de Campos, tem cerca de 100 mil quilô-
metros quadrados, abrangendo uma área terrestre e marítima que se estende do estado do
Espírito Santo (próximo a Vitória) até Arraial do Cabo, no litoral norte do Estado do Rio de
Janeiro.

Força trabalho direta: 50 mil pessoas

• Pessoas Embarcadas - 48.829.

Produção da Unidade Bacia de Campos


• Total de plataformas de produção – 39, sendo 37 de produção e 2 de armaze-
namento;
• Poços perfurados – 2.203;
• Dutos – 3682 e quantitativo em metros 3.919.743m;
• Produção de Petróleo + LGN – 811.516 (bdp/d) (dados de 2006);
• Produção de Gás Associado e não Associado – 11.943 mil m3/d (dados de
2006);
• Geração Média de Energia nas plataformas – 645 MW.
Transportes
• Pessoas transportadas por mês – 49.763 (dezembro /2006);
• Embarcações de apoio – 124;
• Vôos de helicópteros – 2.343 voos (janeiro/2007);
• Número de helicópteros da Petrobrás – 48;
• Toneladas transportadas por mês – 213.056.

2. ENERGIA – ENERGIA ELÉTRICA, REFINARIAS, USINAS DE ÁLCOOL, GÁS


ENVASADO E CANALIZADO, COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS, PRODUÇÃO DE CA-
LOR, RENOVÁVEIS

O setor energético fluminense foi impulsionado por uma série de ações, projetos e incenti-
vos do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que tiveram papel fundamental na diversifica-
ção da matriz energética brasileira. Afinal, ao longo do período1999-2006, foram viabilizados
e implantados diversos projetos voltados para o aumento da geração de energia elétrica,
como PCHs, termelétricas, cogeração, energia solar, além de novas linhas de transmissão,
com impacto positivo na sua infraestrutura e na economia fluminense.

O setor elétrico fluminense foi reabilitado nos últimos doze anos, já que o Rio de Janeiro
saiu de uma situação de depender e importar 60% de sua energia de outros estados, possu-
indo em 1998, somente 2.400 MW de capacidade de geração elétrica instalada, para uma
geração instalada superior a 6.000 MW, registrando um excedente de geração local de 20%
que pode ser despachado (exportado) para o restante do país. Do ponto de vista da univer-
salização no atendimento de energia elétrica, o Estado é líder nacional, por ter sido o primei-
ro a conquistar a universalização, no final de 2007, contabilizando-se nos últimos oito anos
quase 200 mil cidadãos fluminenses que passaram a ter acesso à energia elétrica e foram
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 913
potencializados, em simultaneidade, economicamente por programas de geração de renda
no interior.

Quanto ao gás natural, este já representa elevada participação da matriz energética do Es-
tado, enquanto, no restante do país, a sua participação ainda é pouco significativa. Com o
uso do gás em segmentos como geração, cogeração, GNV, industrial, petroquímica e resi-
dencial, a liderança do Rio é absoluta no País. Com o programa de incentivo à interioriza-
ção, o gás natural já chegava a 42 municípios, em 2008. Vale lembrar que, em 1998, o gás
natural só se atinha a um município, que era a capital.

2.1 Sistema Energético do Estado do Rio de Janeiro

2.1.1 Petróleo

2.1.1.2 Reservas

As reservas e a produção de petróleo no Estado do Rio de Janeiro estão concentradas na


Bacia de Campos. Localizada na plataforma continental, é a maior província petrolífera do
País, ocupando uma área de cerca de 100.000 km² que se encontra a uma distância de 60 a
130 km da costa, com uma lâmina d’água que varia de 80 até mais de 3.500 m de profundi-
dade. Em função dos grandes investimentos realizados pela Petrobrás na Bacia de Campos,
o Brasil é atualmente líder mundial em exploração e produção em águas profundas, produ-
zindo petróleo a 1.853 metros de profundidade no campo gigante de Roncador. Nas duas
últimas décadas, 66 campos foram descobertos e a produção de petróleo é realizada por 30
plataformas, sendo 14 fixas e 16 flutuantes.

Recentemente a Petrobrás anunciou a descoberta de um novo campo gigante na Bacia de


Santos, localizado no litoral do Estado do Rio de Janeiro. As primeiras avaliações indicaram
um volume potencial recuperável de cerca de 700 milhões de barris/dia de óleo. Esta des-
coberta no litoral fluminense se reveste de grande importância, pela qualidade do óleo en-
contrado, o mais leve óleo já descoberto na Região Sudeste da plataforma continental brasi-
leira, o que diminuirá a importação de petróleos leves usados no “blending” com petróleo da
bacia de Campos para o processamento nas refinarias nacionais. Além disso, abre perspec-
tivas de novas descobertas em blocos atualmente em fase exploração na região da Bacia de
Santos e de crescimento na arrecadação de “royalties” para o Estado do Rio de Janeiro.

A descoberta de campos de petróleo na Bacia de Campos, ao longo das últimas duas déca-
das proporcionou um crescimento acelerado das reservas de petróleo no Estado do Rio de
Janeiro e, por conseguinte, no Brasil, conforme mostra a Tabela a seguir. No período de
1980 a 2002, as reservas provadas de petróleo cresceram, em média anual, 12,5% no Esta-
do e 9,4% no País. No ano de 2002, as reservas provadas de petróleo em território flumi-
nense atingiram a marca de 1.300 milhões de m³, ou 83,3% das reservas totais do País.
6 3 1
Tabela 10 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro (10 m ), Evolução das Reservas Provadas de
Petróleo, 1980 a 2002
Ano Brasil Rio de Janeiro BR/RJ (%)
1980 217 97 44,9
1981 254 127 49,8
1982 295 156 52,9
1983 338 182 53,7
1984 378 211 55,7

1
Utiliza-se aqui o conceito de reserva provada para probabilidade de 90% de a reserva ser maior ou igual ao
valor apresentado no Tabela (ou reserva P90). Esta definição está conforme a Portaria ANP N-o 009 de 21 de
janeiro de 2000.
914 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
(continuação)
Ano Brasil Rio de Janeiro BR/RJ (%)
1985 422 252 59,7
1986 462 294 63,6
1987 479 313 65,4
1988 771 599 77,7
1989 769 601 78,1
1990 718 558 77,8
1991 766 609 79,4
1992 789 615 77,9
1993 792 615 77,6
1994 854 703 82,2
1995 989 832 84,1
1996 1.062 906 85,3
1997 1.130 978 86,6
1998 1.170 1.012 86,5
1999 1.296 1.129 87,1
2000 1.346 1.173 86,8
2001 1.351 1.173 86,8
2002 1.560 1.300 83,3
Fonte: ANP para os anos de 1999 a 2002 e Petrobrás para os anteriores.

2.1.1.3 Produção

A produção anual de petróleo no Estado do Rio de Janeiro era de apenas 1,7 milhões de m³
(29 mil barris/dia) em 1980, tendo evoluído para 23,1 milhões de m³ (399,3 mil barris/dia) em
1990, e atingido 68,8 milhões de m³ (1.187 mil barris/dia), em 2002. Atualmente, o Estado
do Rio de Janeiro é auto-suficiente em produção de petróleo e seus derivados. Sua produ-
ção de petróleo representa 81,6% do total do País. De acordo com a Tabela seguinte, a taxa
de crescimento anual da produção do Estado, no período de 1980 a 2002, foi de 18,4%,
enquanto que para o Brasil esta taxa foi de 9,9%.

A vida útil das reservas - determinada pela relação entre as reservas provadas e a produção
de petróleo, em 2002, era de 18,9 anos no Estado do Rio de Janeiro e de 18,5 anos para o
Brasil.
6
Tabela 11 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro (10 m³), Evolução da Produção de Petróleo,
1980 a 2002
Ano Brasil Rio de Janeiro BR/RJ (%)
1980 10.562 1.663 15,7
1981 12.384 3.130 25,3
1982 15.080 5.371 35,6
1983 19.141 8.432 44,1
1984 26.839 14.489 54,0
1985 31.710 19.227 60,6
1986 33.200 20.239 61,0
1987 32.829 19.938 60,7
1988 32.237 18.853 58,5
1989 34.543 20.386 59,0
1990 36.588 23.171 63,3
1991 36.146 23.486 65,0
1992 36.411 23.197 63,7

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 915


(continuação)
Ano Brasil Rio de Janeiro BR/RJ (%)
1993 37.152 24.338 65,5
1994 38.588 25.626 66,4
1995 40.018 27.126 67,8
1996 45.405 31.294 68,9
1997 48.647 34.662 71,3
1998 56.386 41.647 73,9
1999 63.718 49.110 77,1
2000 71.844 56.341 78,4
2001 75.014 59.900 79,9
2002 84.434 68.872 81,6
Fonte: ANP para os anos de 1999 a 2002 e Petrobrás para os anteriores.

Pré – Sal

O termo pré-sal refere-se a um conjunto de rochas localizadas nas porções marinhas de


grande parte do litoral brasileiro, com potencial para a geração e acúmulo de petróleo. Con-
vencionou-se chamar de pré-sal porque forma um intervalo de rochas que se estende por
baixo de uma extensa camada de sal, que em certas áreas da costa atinge espessuras de
até 2.000m. O termo pré é utilizado porque, ao longo do tempo, essas rochas foram sendo
depositadas, antes da camada de sal. A profundidade total dessas rochas, que é a distância
entre a superfície do mar e os reservatórios de petróleo abaixo da camada de sal, pode
chegar a mais de 7.000 metros.

As maiores descobertas de petróleo, no Brasil, foram feitas recentemente pela Petrobrás na


camada pré-sal localizada entre os estados de Santa Catarina e Espírito Santo, onde foram
encontrados grandes volumes de óleo considerado leve. Na Bacia de Santos, por exemplo,
o óleo já identificado no pré-sal tem uma densidade de 28,5º API, baixa acidez e baixo teor
de enxofre. São características de um petróleo de alta qualidade e maior valor de mercado.

Os primeiros resultados apontam para volumes muito expressivos. Para se ter uma idéia, só
a acumulação de Tupi, na Bacia de Santos, tem volumes recuperáveis estimados entre 5 e 8
bilhões de barris de óleo equivalente (óleo mais gás). Já o poço de Guará, também na Bacia
de Santos, tem volumes de 1,1 a 2 bilhões de barris de petróleo leve e gás natural, com
densidade em torno de 30º API.

Com base no resultado dos poços até agora perfurados e testados, não há dúvida sobre a
viabilidade técnica e econômica do desenvolvimento comercial das acumulações descober-
tas. Os estudos técnicos já feitos para o desenvolvimento do pré-sal, associados à mobiliza-
ção de recursos de serviços e equipamentos especializados e de logística, permitem garan-
tir o sucesso de sua exploração. Algumas etapas importantes dessa tarefa já foram venci-
das: em maio deste ano a Petrobrás iniciou o teste de longa duração da área de Tupi, com
capacidade para processar até 30 mil barris diários de petróleo. Em fevereiro de 2010, a
Petrobrás comunicou a descoberta de petróleo no pré-sal da Bacia de Campos, no campo
da Albacora.

2.1.1.4 Refino

Existem duas refinarias em operação no Estado do Rio de Janeiro: Refinaria de Manguinhos


e a Refinaria Duque de Caxias (REDUC), da PETROBRÁS. A refinaria de Manguinhos, per-
tencente ao grupo privado YPF-Peixoto de Castro, começou a operar em 1954, apresentan-
do, hoje, uma capacidade de processamento de 5.071 m³/dia. Em 1961, foi iniciada a opera-
ção da REDUC que, hoje, tem uma capacidade de processamento de 38.500 m³/dia, ou

916 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


242.000 bpd (barris de petróleo por dia), cerca de 88,4% da capacidade do Estado do Rio, a
qual representa 13,1% da capacidade total do País.

O Estado do Rio é atualmente auto-suficiente em petróleo e, inclusive, exporta a maior parte


de sua produção para outros estados e também para o exterior (respectivamente, 75,3% e
16,3% em 2002). Entretanto, parte da carga processada nas refinarias do Estado é proveni-
ente do exterior, tendo em vista a estrutura de refino da REDUC e de Manguinhos. Em
2002, a participação do petróleo importado na carga processada nas refinarias foi de 51,3%,
bastante inferior aos 99% correspondentes, em 1980. A REDUC foi responsável pelo pro-
cessamento de 12% do volume total de petróleo processado no país, e transformou a maior
parte do petróleo importado: uma parcela de 25,7% do total.

Destacam-se no parque de refino da REDUC, além da Unidade de Destilação, os dois Con-


juntos de Lubrificantes e Parafinas que, com capacidade de produção de 665 mil m³/ano de
lubrificantes e 33.000 t/ano de parafinas, atendem à demanda de lubrificantes básicos das
regiões Sudeste e Sul do País. A REDUC dispõe também de uma Unidade de Craqueamen-
to Catalítico2, uma Unidade de Reforma Catalítica3 e, ainda, de unidades especiais para a
produção de propeno, de tratamento de querosene de aviação e de reforma para obtenção
de gasolina com alta octanagem.

2.1.1.5 Transporte de Petróleo e Derivados

A integração das várias refinarias nacionais faz com que o Estado do Rio de Janeiro seja um
eixo central de dutos e tancagem do País, e um centro exportador de derivados, não só para
as demais regiões como para o exterior.

O suprimento e o escoamento de petróleo e derivados são realizados através de dois termi-


nais marítimos:

• O Terminal da Ilha d’Água, localizado no município do Rio de Janeiro, constitui-


se em um complexo operacional de piers, com capacidade para receber navios
de até 130.000 tpb, parque de armazenamento com capacidade para 700.000 m³
de petróleo e derivados e 4.000 m³ de GLP. Recebe petróleo da Bacia de Cam-
pos por intermédio do oleoduto Cabiúnas/Ilha d’Água, transferindo este produto
para a REDUC e para a REGAP pelo duto Ilha d’Água/Betim (MG), existindo a-
inda uma rede de dutos para movimentação de derivados claros, escuros e álco-
ol.

• O Terminal da Baía de Ilha Grande, localizado em Angra dos Reis, Rio de Janei-
ro, é constituído de pier de atracação com dois berços para navios com capaci-
dade de até 500.000 tpb, parque de armazenamento com 1.000.000 m³ e um o-
leoduto interligando-o à Ilha d’Água, abastecendo a REDUC e a REGAP. Ele
também atua como entreposto, abastecendo de petróleo outras refinarias com
emprego de navios de menor porte.

• Cumpre ainda mencionar o duto para transferência de derivados excedentes da


região de Betim para o Rio de Janeiro, e o poliduto São Paulo/Rio de Janeiro
que permite movimentar para o Rio de Janeiro álcool e derivados excedentes da
região de São Paulo.

2
Converte óleos destilados pesados em frações leves de maior valor comercial, tais como gás liqüefeito de pe-
tróleo e nafta de alto índice de octanagem.
3
Produz a partir de naftas pesadas de baixa qualidade, gasolina de alto poder antidetonante de elevado teor de
aromáticos.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 917
2.1.2 Gás Natural

2.1.2.1 Reservas

As reservas de gás natural do Estado do Rio de Janeiro são do tipo associado ao petróleo, e
estão situadas na Bacia de Campos. De acordo com o Tabela a seguir, no período de 1980
a 2002, as reservas provadas de gás natural do Estado cresceram na média de 10,2% ao
ano, contra 6,8% ao ano do País, tendo alcançado o patamar de 114.852 milhões de m³, em
2002, que constituem 48,5% das reservas do País.
6 4
Tabela 12 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro (10 m³), Evolução das Reservas Provadas de
Gás Natural, 1980 - 2002
Ano Brasil Rio de Janeiro BR/RJ (%)
1980 56.210 13.675 24,3
1981 66.770 19.290 28,9
1982 80.349 25.952 32,3
1983 95.993 32.600 34,0
1984 99.048 35.407 35,7
1985 110.375 40.694 36,9
1986 115.029 45.125 39,2
1987 123.153 47.530 38,6
1988 176.769 69.918 39,6
1989 182.643 68.012 37,2
1990 172.019 65.073 37,8
1991 181.523 70.726 39,0
1992 192.534 70.690 36,7
1993 191.071 64.597 33,8
1994 198.761 73.654 37,1
1995 207.964 82.924 39,9
1996 223.562 88.687 39,7
1997 227.650 94.203 41,4
1998 225.944 94.419 41,8
1999 231.233 104.904 45,4
2000 220.999 103.515 46,8
2001 222.731 106.246 47,7
2002 236.592 114.852 48,5
Fonte: ANP para os anos de 1999 a 2002 e Petrobrás para os anteriores
2.1.2.2 Produção

A produção de gás natural no Estado do Rio de Janeiro iniciou-se em 1978, porém só a par-
tir de 1980 ele passou a ser aproveitado, inicialmente, como combustível nas plataformas. A
partir de 1983, o gás natural passou a ser utilizado pela CEG para produção de gás manufa-
turado, em substituição à nafta e, a partir de 1984, passou a ser consumido no setor indus-
trial fluminense, distribuído pela CEG e PETROBRÁS. Atualmente o gás também já é con-
sumido nos setores de transportes, serviços, residencial, para a autoprodução de eletricida-
de e geração termoelétrica em centrais elétricas de serviço público. Em 2002, a produção
fluminense de gás natural foi de 6.886 milhões de m³, representando 44,2% da produção
nacional (15.568 milhões de m³). Considerando o período de 1980 a 2002, a produção do
Estado cresceu, na média, 18,1% ao ano, superior à produção nacional que cresceu, na
média, 9,3% ao ano, conforme a Tabela seguinte.

4
Utiliza-se aqui o conceito de reserva provada para probabilidade de 90% de a reserva ser maior ou igual ao
valor apresentado no Tabela (ou reserva P90). Esta definição está conforme a Portaria ANP N-o 009 de 21 de
janeiro de 2000.
918 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
A relação entre reservas provadas e produção de gás natural sofreu pequenas variações no
período analisado, à exceção do ano de 1980, quando a produção de gás natural era míni-
ma na Bacia de Campos. Em 2002, a relação indicou uma vida útil para as reservas prova-
das do Estado em torno de 16,7 anos.

Em 2002, o índice de aproveitamento da produção de gás natural da Bacia de Campos situ-


ou-se em torno de 75,8% mostrando uma redução do nível de perdas, ou seja, do gás quei-
mado no “flare” das plataformas.

Da produção de gás natural, parte foi reinjetada (2,5%), parte foi utilizada para o consumo
próprio da Petrobrás (22,1%) e para a autoprodução de energia elétrica (7,0%), e a parcela
de 44,2% foi destinada à comercialização, sendo enviada ao continente através de gasodu-
tos, para ser processada nas unidades de Cabiúnas (Macaé) e REDUC (Duque de Caxias).
6
Tabela 13 – Brasil e Estado do rio de Janeiro (10 m³), Evolução da Produção de Gás Natural,
1980 a 2002
Ano Brasil Rio de Janeiro BR/RJ (%)
1980 2.205 177 8,0
1981 2.490 320 12,9
1982 3.066 555 18,1
1983 4.014 918 22,9
1984 4.881 473 30,2
1985 5.474 1.932 35,3
1986 5.713 2.119 37,1
1987 5.937 2.332 39,3
1988 5.857 2.330 39,8
1989 6.091 2.389 39,2
1990 6.279 2.584 41,2
1991 6.599 2.757 41,8
1992 6.973 2.773 39,8
1993 7.355 2.842 38,6
1994 7.712 2.893 37,5
1995 8.046 3.165 39,3
1996 9.167 3.577 39,0
1997 9.825 3.876 39,5
1998 10.784 4.544 42,1
1999 11.855 5.528 46,6
2000 13.283 5.721 43,1
2001 13.998 5.968 42,6
2002 15.568 6.886 44,2
Fonte: ANP para os anos de 1999 a 2002 e Petrobrás para os anteriores.

2.1.2.3 Processamento

O processamento do gás natural é realizado nas unidades de Cabiúnas (Macaé) e REDUC


(Duque de Caxias). A unidade de tratamento de Cabiúnas5 é composta de uma Unidade de
Processamento de Condensado de Gás Natural (UPCGN), com capacidade de processar
1.500 m³/dia, uma Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), com capacidade de
processar 610.000 m³/dia e uma Unidade de Recuperação de Condensado de Gás Natural
(URGN), com capacidade de processar 3.000.000 m³/dia. Estas unidades abastecem de
GLP a região Norte Fluminense, e de gás natural às indústrias do município de Arraial do

5
A finalidade das unidades de processamento é retirar as frações mais pesadas do gás natural (propano, buta-
no, pentano e hexano) que se condensam em forma de gás liquefeito de petróleo (GLP) e C5 + gasolina “natu-
ral”. O restante do gás natural que não se liquefaz é rico em metano e etano.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 919
Cabo e Cabo Frio. O C5+ é enviado para a REDUC misturado à carga processada de petró-
leo.

Na REDUC estão instaladas duas UPGN‘s, com capacidade de processar 4.900 mil m³/dia
de gás natural cada uma, que abastecem o mercado fluminense e são exportados para os
estados de São Paulo e Minas Gerais.

A capacidade de processamento de gás natural no Brasil é de 30.310,0 mil m³/dia, sendo


que 28,1% desta capacidade (8.511,5 mil m³/dia) localizam-se no Estado do Rio de Janeiro.

2.1.2.4 Distribuição

A distribuição de gás canalizado (gás natural e gás manufaturado) no Estado do Rio de Ja-
neiro atravessou um processo de reestruturação no ano de 1997, com a privatização do se-
tor e a solução do conflito nas relações entre os agentes envolvidos na atividade. Tal confli-
to, existente desde o início da distribuição de gás natural no Estado, foi acirrado após a
promulgação da Constituição Federal de 1998, que ao estabelecer o monopólio estadual
sobre a distribuição de gás canalizado, deu legitimidade tão somente à atuação da Compa-
nhia Estadual de Gás – CEG (atualmente Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janei-
ro), à época concessionária estadual, não obstante a forte presença da Petrobrás na distri-
buição de gás natural no Estado.

Cabe lembrar que a Petrobrás detinha em 1996, 80% das vendas de gás natural ao merca-
do industrial fluminense, através do atendimento direto de 20 indústrias situadas nos muni-
cípios do Rio de Janeiro, Belford Roxo, Duque de Caxias, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Volta
Redonda, Barra Mansa e Piraí.

A primeira etapa desta reformulação ocorreu em janeiro de 1997, com a criação da RIOGAS
(atualmente CEG-Rio), provisoriamente como empresa estadual, nos moldes de uma socie-
dade entre o Governo Estadual e a Petrobrás, que reteve 25% do capital total por intermédio
de sua subsidiária BR Distribuidora.

Em contrapartida, a Petrobrás transferiu para a nova empresa distribuidora, em maio de


1997, início da operação da CEG-Rio), 8 clientes diretos do interior do Estado (Álcalis, Bar-
bará, CSN, Dupont, Lit. Matarazzo, Perynas, Pirahy e Refinaria Nacional de Sal), além de
redes de distribuição utilizadas no atendimento dos mesmos. Os 12 clientes restantes da
Petrobrás foram transferidos para a CEG.

Posteriormente, em julho de 1997, as duas empresas – CEG e CEG-Rio – foram privatiza-


das, tendo sido estabelecido nos seus contratos de concessão, a exclusividade no atendi-
mento em suas áreas de atuação, tanto para a CEG na distribuição de gás canalizado na
região Metropolitana do Rio de Janeiro, quanto para a CEG-Rio no restante do Estado. Por
sua vez, o governo estadual retirou-se da esfera de atuação produtiva para assumir as tare-
fas de regulação e fiscalização da atividade de distribuição do gás, visando garantir o equilí-
brio nas relações entre os agentes privados que compõem a nova Tabela institucional do
setor.

A CEG possui uma rede de distribuição de 2.246 km. A companhia recebe o gás natural da
Petrobrás em um “city gate” na estação de armazenamento de gás, na Rodovia Washington
Luiz, em frente à REDUC. A empresa distribui três tipos de gases, quais sejam: o gás natu-
ral, o gás manufaturado e o GLP. O gás natural (9.400 kcal/Nm³) está sendo distribuído no
sistema de gasodutos mais novos. No sistema antigo, que está sendo convertido para gás
natural, distribui-se o gás manufaturado, de médio poder calorífico (3.900 kcal/Nm³), fabrica-
do pela CEG a partir do gás natural e, em situações de emergência, da nafta. Em algumas

920 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


regiões afastadas do sistema de gasodutos, a CEG distribui GLP, canalizado a partir de re-
servatórios instalados junto aos pontos de consumo.

Em 2002, a comercialização de gás manufaturado da CEG alcançou um volume de 580 mil


m³/dia, dos quais 71% destinaram-se ao setor residencial. A venda direta de gás natural da
CEG foi de 3.393 mil m³/dia, voltada para o atendimento do mercado final formado por um
universo de 598 mil clientes, que inclui além dos segmentos tradicionais de consumo, tam-
bém centrais de geração de energia elétrica, tanto de autoprodução como de serviço públi-
co, caso da Usina Termelétrica de Santa Cruz, pertencente a FURNAS, e também o uso
como matéria-prima para a indústria petroquímica. O mercado industrial da CEG consumiu
1.718 mil m³/dia de gás natural em 2002, ou 48% do mercado industrial total do Estado.

A CEG-Rio possui aproximadamente 383 km de redes de distribuição adquiridas da CEG e


da Petrobrás na sua área de atuação que abrange as regiões Norte, Noroeste, das Baixadas
Litorâneas, Serrana, do Médio Paraíba, Centro-Sul e da Baía da Ilha Grande. O mercado
consumidor da CEG-Rio, exclusivamente de gás natural, totalizou em 2002, 1.875 mil
m³/dia, incluindo-se o atendimento as centrais de autoprodução de eletricidade. Os setores
industriais e de centrais elétricas de serviço público detêm uma participação de 97,8% do
mercado desta empresa, representando respectivamente 49,2% 48,6% do total.

No curto prazo está prevista a expansão da rede de gás natural existente nos municípios de
Resende, Barra Mansa e Campos dos Goytacazes, em médio prazo deverão ser implanta-
das redes de distribuição nos municípios de Itaboraí, Piraí, Barra do Piraí, São Gonçalo e
Niterói e, a longo prazo projeta-se a construção de gasodutos visando atender os municípios
de Itatiaia, Cantagalo, Três Rios, Nova Friburgo, Valença, Petrópolis, Teresópolis e Santo
Antônio de Pádua.

2.1.3 Energia Elétrica

2.1.3.1 Capacidade Instalada

As centrais geradoras de energia elétrica do Estado do Rio de Janeiro têm capacidade no-
minal instalada total de 5.099,4 MW, conforme ilustra a Tabela a seguir. Em 1999, a capaci-
dade nominal instalada no Estado era de 2.511,4 MW, o que representa uma expansão de
aproximadamente 100% na capacidade instalada no período de apenas 3 anos.

Do total atual, 38,6% pertencem a ELETRONUCLEAR (1.966 MW), 18,4% a LIGHT (940
MW), 17,6% a EL PASO (900 MW), 16,6% a FURNAS (846 MW), 7,4% a SFE – ELETRO-
BOLT, 1,2% a AMPLA (antiga CERJ) (60 MW) e 0,2% a CENF (8,4 MW). Quanto ao tipo de
usina, vemos no Tabela a seguir, que 38,6% da capacidade instalada é de origem termonu-
clear (1.966,0 MW), 37,41% térmica convencional (1.909 MW) e 24,0% hidrelétrica (1.224,4
MW).
1
Tabela 14 – Estado do Rio de Janeiro , Centrais Elétricas de Serviço Público, 2002
Usinas Empresa Potência (MW) Município
Hidrelétricas 1.224,4
Funil FURNAS 216,0 Itatiaia
Nilo Peçanha LIGHT 380,0 Piraí
Pereira Passos LIGHT 100,0 Piraí
Nilo Peçanha LIGHT 132,0 Piraí
Ilha dos Pombos LIGHT 164,0 Carmo
Santa Branca LIGHT 164,0 Santa Branca - SP
Areal AMPLA 20,0 Três Rios
Macabu AMPLA 17,5 Macaé

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 921


(continuação)
Usinas Empresa Potência (MW) Município
Piabanha AMPLA 8,6 Três Rios
Fagundes AMPLA 4,8 Três Rios
Franca Amaral AMPLA 4,8 B. J. do Itabapoana
Tombos AMPLA 1,7 Porciúncula
Euclidelândia AMPLA 1,2 Cantagalo
Chave do Vaz AMPLA 0,7 Cantagalo
Comendador Venâncio AMPLA 0,7 Itaperuna
Xavier CENF 6,0 Nova Friburgo
Catete CENF 2,1 Nova Friburgo
Hans CENF 0,3 Nova Friburgo
Térmicas Fósseis 1.909,0
Santa Cruz FURNAS 600,0 Rio de Janeiro
Roberto Silveira FURNAS 30,0 C. dos Goytacazes
Macaé Merchant EL PASO 900,0 Macaé
SFE - Sociedade
Eletrobolt 379,0 Seropédica
Fluminense de Energia
Térmicas Físseis 1.966,0
Angra I ELETRONUCLEAR 657,0 Angra dos Reis
Angra II ELETRONUCLEAR 1.309,00 Angra dos Reis
Total 5.039,40
(1) Não inclui as usinas elevatórias de Santa Cecília (32 MW) e de Vigário (88 MW), pertencentes à
LIGHT.
(2) A usina hidrelétrica de Santa Branca fica localizada no município de Santa Branca – São Paulo.
(3) A usina hidrelétrica de Tombos fica localizada no município de Tombos – Minas Gerais.
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002
Gráfico 1 – Distribuição da Capacidade Instalada em Centrais Elétricas de Serviço Público por
Empresa do Estado do Rio de Janeiro, 2002

45,000%

40,000%

35,000%

30,000%

25,000%

Série1

20,000%

15,000%

10,000%

5,000%

0,000%
LIGHT SFE EL PASO CENF ELETRONUCLEAR FURNAS

Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002

922 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 2 – Estado do Rio de Janeiro, Participação da Capacidade Instalada em Centrais Elétri-
cas de Serviço Público Segundo o Tipo de Usina, 2002

24%

37%

HIDRELÉTRICAS
TÉRMICAS NUCLEARES
TÉRMICAS CONVENCIONAIS

39%

Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002


2.1.3.2 Distribuição, Geração e Suprimento Externo

O fornecimento de energia elétrica ao consumidor final é realizado pelas companhias de


distribuição LIGHT, AMPLA e CENF, que além de suas capacidades próprias de geração,
compram energia elétrica do sistema interligado operado por FURNAS para atendimento de
seus mercados.

A ELETRONUCLEAR, empresa estatal federal, subsidiária da ELETROBRÁS, foi constituída


em 1997 com a finalidade específica de explorar, em nome da União, atividades nucleares
(combustíveis físseis) para fins de geração de energia elétrica. Em 2002, a geração da Cen-
tral Nuclear de Angra, que inclui Angra I e Angra II, foi de 13.837 GWh, ou seja, 56,8% da
geração do Estado, conforme o Tabela a seguir. A usina nuclear de Angra II iniciou sua ope-
ração comercial no início do segundo semestre de 2000.

FURNAS, empresa federal de âmbito regional, não possui consumidores finais, e comple-
menta os mercados das concessionárias que atuam no Estado com a energia gerada em
suas próprias usinas, ou com repasses da energia da Usina Hidrelétrica de Itaipu, através
de seu sistema de transmissão. Em 2002, as usinas de FURNAS situadas no Estado gera-
ram 2.787 GWh de eletricidade, o que equivale a 11,4% da geração total do Estado.

A EL PASO, empresa privada produtora independente de energia, gerou no ano de 2002,


2.573 GWh, o equivalente a 10,6% da geração estadual. A usina Macaé Merchant entrou
em operação no final do ano de 2001.

A SFE, Sociedade Fluminense de Energia, empresa privada produtora independente de e-


nergia, gerou no ano de 2002, 290 GWh, o equivalente a 1,2% da geração estadual. A usina
ELETROBOLT entrou em operação ao longo do ano 2001.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 923


A LIGHT, empresa privada concessionária de distribuição de energia elétrica estadual aten-
de à cidade do Rio de Janeiro e mais 30 municípios fluminenses, distribuídos pelas Regiões
Metropolitana, Serrana, do Médio Paraíba e Centro-Sul, abrangendo 25% do Estado -
10.970 km². Cerca de 68% da população do Estado concentra-se na área de concessão da
LIGHT. Em 2002, as usinas pertencentes à LIGHT geraram 4.601 GWh, respondendo por
18,9% da geração estadual e 18,3% do consumo total de sua área de concessão, incluídas
as perdas de transmissão e distribuição, conforme o Tabela seguinte, sendo o complemento
proveniente do sistema interligado de alta tensão de FURNAS.
A AMPLA, empresa privada concessionária de distribuição de energia elétrica estadual a-
tende a 60 municípios, exclusivamente localizados nas Regiões Centro-Norte e Extremo Sul
do Estado, e divide o atendimento de outros 04 municípios com a LIGHT, localizados nas
Regiões Metropolitana, Serrana e Centro-Sul.
Sua área de atuação engloba 31.741 km², ou 73% do território fluminense e cerca de 31%
da população do Estado. Em 2002, esta concessionária gerou 224 GWh, que representam
0,9% da geração estadual e responderam por 2,7% do consumo total de sua área de con-
cessão, incluídas as perdas de transmissão e distribuição, importando o restante do sistema
FURNAS.
A CENF (Companhia de Eletricidade de Nova Friburgo), empresa privada concessionária de
distribuição de energia elétrica municipal restringe-se ao atendimento do mercado de Nova
Friburgo, abrangendo uma área de 935 km², equivalente a 2,0% da área total do Estado, e
uma população de 177,4 mil habitantes, 1,2% da população estadual. A geração de eletrici-
dade das usinas da CENF, em 2002, correspondeu a 45 GWh, o que representa 0,2% da
geração estadual e 15,4% do consumo total de sua área de concessão, incluídas as perdas
de transmissão e distribuição.
A geração total de energia elétrica das centrais elétricas de serviço público localizadas no
Estado, em 2002, correspondeu a 24.357 GWh. Desse total, 23,3% foram de origem hidrelé-
trica, 56,8% termonuclear e 19,9% térmica convencional.

Embora o total gerado pelas concessionárias no Estado tenha crescido 87,1% no período
entre 1999 e 2002 e apesar de uma redução de aproximadamente 7% no consumo entre os
anos de 1999 e 2002, a geração de eletricidade estadual não foi suficiente para atender as
necessidades fluminenses, tendo sido importados 31,6% da eletricidade consumida na área
de atuação das mesmas, considerando-se as perdas na transmissão e distribuição, valor
bastante inferior aos 66,5% importados em 1999.

Tabela 15 – Estado do rio de Janeiro, Geração Bruta de Energia Elétrica por Empresa e Tipo de
Usina – Centrais Elétricas de Serviço Público, 2002
Concessionária / Tipo de Usina GWh
Empresa
ELETRONUCLEAR 13.837
LIGHT 4.601
FURNAS 2.787
EL PASO 2.573
SFE-ELETROBOLT 290
AMPLA 224
CENF 45
Tipo de Usina
Hidrelétrica 5.681
Térmica Convencional 4.839
Termonuclear 13.837
Total 24.357
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.
924 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Tabela 16 – Estado do Rio de Janeiro, Comparação entre a Geração Bruta e a Demanda de E-
(1
nergia Elétrica ), 2002
Concessionária Consumo Total (GWh) Auto-atendimento
Geração (GWh) (a)
de Distribuição Consumo Perdas Total (b) (a)/(b) (%)
LIGHT ² 4.601 19.717 5.454 25.171 18,3
AMPLA 224 6.784 1.444 8.228 2,7
CENF 45 268 24 292 15,3
Total do Estado¹ 24.357 28.667 6.922 35.589 68,4
Nota: (1) O Tabela não considera a revenda e a autoprodução de energia;
(2) A geração e o consumo da LIGHT incorporam a energia destinada ao bombeamento nas usinas elevatórias
de Vigário e Santa Cecília;
(3) Inclui a geração, o consumo próprio e as perdas das geradoras de LIGHT, AMPLA, CENF, FURNAS, ELE-
TRONUCLEAR, EL PASO e SFE - ELETROBOLT.
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.

As concessionárias de distribuição atenderam a 82,1% do consumo final de energia elétrica


do Estado em 2002 (60,5% através da LIGHT, 20,8% da AMPLA e 0,8% da CENF), confor-
me a Tabela a seguir, enquanto a autoprodução de energia foi responsável por 12,0% do
consumo final. O consumo próprio das geradoras de LIGHT, AMPLA, CENF, FURNAS, E-
LETRONUCLEAR, EL PASO e SFE - ELETROBOLT somou 5,8% do total.

Tabela 17 – Estado do Rio de Janeiro, Consumo Setorial de Energia Elétrica por Concessioná-
ria de Distribuição e Consumo Total Incluindo Autoprodução, 2002
LIGHT CERJ CENF TOTAL
Setores
GWh % GWh % GWh % GWh %
Consumo Final 19.717 100 6.784 100 268 100 32.589 100
Energético 71 0,4 14 0,2 0 0,1 4.223 13,0
Residencial 6.354 32,2 2.667 39,3 118 43,9 9.139 28,0
Comercial 5.117 26,0 1.336 19,7 53 20,0 6.516 20,0
Público 2.784 14,1 846 12,5 31 11,7 3.662 11,2
Agropecuário 39 0,2 192 2,8 7 2,5 238 0,7
Industrial 5.351 27,1 1.729 25,5 58 21,8 8.812 27,0
Nota: (*) O consumo total inclui a autoprodução de energia elétrica no Estado e o consumo próprio
das geradoras de LIGHT, AMPLA, CENF, FURNAS, ELETRONUCLEAR, EL PASO e SFE - ELE-
TROBOLT.
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.
Cabe destacar também o perfil da autoprodução de energia elétrica no Estado do Rio de
Janeiro, que se caracteriza por sua origem exclusivamente térmica, e por se concentrar em
grande parte no setor energético, responsável por 57,1% do total autoproduzido em 2002,
conforme a Tabela a seguir. Destacam-se, como pólos autoprodutores do setor energético,
o complexo petrolífero localizado na Bacia de Campos, e as refinarias de petróleo, respon-
sáveis respectivamente por 46,4% e 9,3% da energia elétrica autoproduzida no Estado em
2002.

Há que se destacar que em 1999 estes valores eram, respectivamente, 77,8% e 11,5%, e a
redução de sua participação deve-se à entrada em operação de uma autogeração na Com-
panhia Siderúrgica Nacional – CSN que hoje responde por 37 % da energia elétrica auto-
produzida no Estado.

O parque agro-industrial sucroalcooleiro, concentrado na região de Campos, no Norte Flu-


minense do Estado, foi responsável por 2,6% do total autoproduzido no Estado em 2002.
Este subsetor não é auto-suficiente em energia elétrica, e complementa suas necessidades,
sobretudo na entressafra, com eletricidade da rede da AMPLA.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 925


Tabela 18 – Estado do Rio de Janeiro, Autoprodução de Energia Elétrica por Setores - 2002
Setor Capacidade Instalada (MW) Geração (MWh)
Setor Energético 491 2.239.236
Produção Petróleo 399 1.818.675
Refinarias 67 363.379
Sucro-alcooleiro 25 57.182
Setor Comercial 7 9.160
Setor Industrial 319 1.673.828
Ferro-gusa/Aço 275 1.450.718
Química 21 88.142
Bebidas 13 96.206
Alimentícios 5 16.000
Gráfica 5 22.762
Total 817 3.922.224
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.
2.1.4 Carvão Mineral

O Estado do Rio de Janeiro produz carvão mineral, e nem possui potenciais capazes de
suprir a sua demanda atual. Todas as suas necessidades de consumo são atendidas a partir
de importações que chegam ao Estado pelo Porto de Sepetiba e futuramente pelo Porto do
Açu.

2.1.5 Carvão Energético

O consumo de carvão energético ocorre do Estado do Rio de Janeiro nas indústrias cimen-
teiras – localizadas nos municípios de Cantagalo e Volta Redonda, normalmente consumido
sob a forma de combustível nos fornos. No período recente, esta indústria, que apresenta
flexibilidade para adoção de combustíveis em seus fornos, vem consumindo coque de petró-
leo importado e no ano de 2002 não se verificou o consumo de carvão energético no Esta-
do.

2.1.5.1 Carvão Metalúrgico

O carvão metalúrgico é responsável por cerca de 99% da demanda de carvão mineral no


Estado. Em 2002, foram processadas 2,14 milhões de toneladas de carvão metalúrgico pela
única indústria siderúrgica integrada a coque do Estado, a Companhia Siderúrgica Nacional
(CSN) localizada em Volta Redonda, na Região do Médio Paraíba. Poderá também vir a ser
utilizado na planta siderúrgica prevista para o Complexo Portuário de Açu.

Para ser consumido, este tipo de carvão deve ser submetido a um processo denominado
coqueificação6, que visa produzir o coque. Este insumo atua, no processo siderúrgico, como
redutor do minério de ferro nos altos fornos para produzir ferro-gusa, e fornece parte da e-
nergia necessária ao processo de redução e liquefação do ferro, e a sinterização.

No processo de coqueificação, além do coque, são produzidos o gás de coqueria e o alca-


trão, utilizados como combustível e matéria-prima no próprio processo siderúrgico, que a-
presenta ainda a produção de gás de alto forno e de gás de aciaria, que são atualmente
utilizados também como insumo energético no processo siderúrgico e na geração de ener-
gia elétrica e força motriz através de sistemas de co-geração.

6
Destilação seca do carvão, mediante o aquecimento do mesmo a uma temperatura de cerca de 1.000oC,
quando se separam as matérias voláteis da fração sólida.
926 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
2.1.6 Produtos da Cana-de-açúcar

A produção de álcool etílico (anidro e hidratado) no Estado é obtida pelo processamento da


cana-de-açúcar nas destilarias anexas e autônomas. Inicialmente é feita a moagem da ca-
na-de-açúcar para obtenção do caldo, que nas destilarias autônomas é convertido em álco-
ol. Nas usinas com destilaria anexa, o caldo é transformado em açúcar e melaço ou mel
residual, que por sua vez pode ser convertido em álcool. No entanto, é comum nas destilari-
as autônomas a utilização de melaço, e nas destilarias anexas, a utilização direta do caldo
para produção do álcool.

Tabela 19 - Perfil da Indústria Sucroalcooleira Fluminense - 2002, (Produção de Bagaço de


Cana e de Álcool Etílico)
Produção de Produção de Álcool Etílico (m³)
Unidade Industrial Município
Bagaço (t) Anidro Hidratado Total
Barcelos¹ São João da Barra 133.246 - 10.697 10.697
Cupim¹ Campos 117.597 - - -
Paraíso¹ Campos 194.509 - 11.612 11.612
Pureza¹ São Fidelis 55.318 - 2.929 2.929
Santa Cruz¹ Campos 316.573 - 9.982 21.400
São João¹ Campos 46.988 11.418 6.361 10.755
Sapucaia¹ Campos 357.392 4.394 3.821 32.181
Outras² - 280.917 28.360 4.412 17.017
Total - 1.502.541 56.777 49.814 106.591
Nota: Tipo de instalação: (1) Usina com destilaria anexa; (2) Conforme explicitado nos itens 1.3 e 1.4
da Nota Metodológica.
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.
A indústria sucroalcooleira fluminense, concentrada, sobretudo, na região de Campos, no
Norte Fluminense do Estado, atravessou um período de crise financeira e de produtividade
nos anos noventa, com a redução da área plantada de cana e a subutilização do parque
agro-industrial sucroalcooleiro. Ao longo deste processo, várias usinas e destilarias foram
desativadas, tais como Cambayba, Usina do Queimado, Outeiro, Santa Maria, Novo Hori-
zonte e Santo Amaro. Atualmente, o setor sucroalcooleiro fluminense é constituído por 9
usinas com destilarias anexas, uma destilaria autônoma e uma usina de açúcar, conforme a
Tabela anterior. Das unidades em atividade no ano de 2002, as mais representativas foram
as usinas Sapucaia e Santa Cruz, responsáveis por 44,9% da produção estimada de bagaço
e 50,3% da produção de álcool etílico no Estado do Rio de Janeiro.

No ano de 2002, a produção Fluminense de álcool etílico (anidro e hidratado) foi de 106,6
mil m³, 70% superior a produção do ano anterior, ao passo que o consumo estadual em
2002 situou-se em 719,7 mil m³. A participação da produção estadual no consumo de álcool
etílico, em 2002, foi 14,8%. Cabe lembrar que, durante os anos 80, a produção estadual de
álcool etílico chegou a apresentar cerca de um terço do consumo estadual.

A participação Fluminense na produção nacional de álcool etílico tem sido modesta, atingin-
do, em 2002, apenas 0,85% do total de 12.588 mil m³ produzidos no país.

No ano de 2002, a produção Fluminense de bagaço foi estimada em 1.502,5 mil toneladas.
Este considerável volume de biomassa foi praticamente consumido pelo setor sucroalcoolei-
ro, sendo uma parcela inferior a 6,4% não aproveitada, e o restante utilizado pelas próprias
usinas e destilarias como fonte de calor para a produção de açúcar (68,5%), álcool (21,3%)
e energia elétrica (3,8%).

2.1.7 Lenha e Carvão Vegetal

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 927


2.1.7.1 Lenha

A produção de lenha no Estado do Rio de Janeiro resulta da exploração predatória das flo-
restas nativas remanescentes e de florestas plantadas. Entretanto, a exploração de florestas
nativas sofre atualmente, enormes restrições, tanto pelo esgotamento dos recursos flores-
tais, como pelas pressões da sociedade civil e repressão dos órgãos estaduais de defesa do
meio ambiente, em função dos danos ecológicos.

O consumo de lenha no Estado, em 2002, correspondeu a apenas 2,2% do consumo final


de energia e está em declínio. Este consumo é suprido por produção própria e importação
estadual, não sendo clara a quantificação destes fluxos. O consumo concentra-se nos seto-
res residencial - principalmente sob a forma de cocção nas áreas rurais e na periferia dos
centros urbanos - e industrial, onde predomina o consumo na indústria de cerâmica verme-
lha, sendo consumido em menor escala, nos setores de papel e celulose, química e têxtil,
além do agropecuário e comercial.

2.1.7.2 Carvão Vegetal

Ao contrário da lenha, o carvão vegetal consumido no Estado do Rio de Janeiro necessita


ser importado em boa parcela de outros estados. O mercado consumidor estadual é com-
posto pela indústria siderúrgica, notadamente pela Companhia Metalúrgica Barbará, onde é
usado com fins de redução do minério de ferro e geração de calor para fabricação de ferro-
gusa. As distâncias dos centros de produção de carvão do país aumentam e, por conseguin-
te, os custos. O consumo de carvão vegetal nas indústrias cimenteiras, localizadas nos mu-
nicípios de Cantagalo e Volta Redonda, recentemente foi substituído pelo coque importado.

2.2 Análise Energética das Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro

2.2.1 Produção de Energia

A produção de energia primária concentrou-se na Região Norte Fluminense em função da


produção de petróleo e gás natural da Bacia de Campos que foi responsável em 2002, por
99,3% da produção estadual, sendo esta caracterizada como a base energética da Região.

Tabela 20 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Produção de Energia Primária, 2002

Energia Primária Energia Secundária


Regiões 10³ tep % 10³ tep %
Norte Fluminense 68.521 99,30 486 2,90
Noroeste Fluminense 3 0,00 3 0,00
Total 68.524 99,30 489 2,90

Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.

Pode-se salientar ainda na Região a implantação da Usina Termelétrica (UTE) Porto do Açu
Energia S.A., a primeira dentre duas previstas para ali se instalarem.

A UTE irá utilizar o carvão como combustível para a geração de 2.100 MW de energia, por
meio de 3 conjuntos geradores de 700 MW cada. A UTE atenderá ao Sistema Interligado
Brasileiro, entre os quais os consumidores internos do Porto do Açu.

Sua instalação está prevista para um terreno de 239 ha dentro da Fazenda Caruara, no mu-
nicípio de São João da Barra, Região Norte Fluminense, RJ, sendo a previsão de operação
52 meses após a concessão das licenças de implantação pelo INEA (previsão ano de 2013).
928 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
2.2.2 Consumo de Energia

A Região Norte Fluminense, com população correspondente a 2,1% e 21,3% do PIB do Es-
tado do Rio de Janeiro, respondeu por 17,3% do consumo final do, Estado em 2002. No que
se refere ao consumo por setores, destacou-se o energético (indústria do petróleo), respon-
sável por 73,3% do consumo final da Região. A eletricidade (17,8%), os derivados de petró-
leo (21,4%), gás natural (46,5%) e bagaço de cana (11,1%) são as fontes energéticas mais
utilizadas na Região.

Já a Região Noroeste Fluminense, com população correspondente a 4,9% e 0,7% do PIB do


Estado do Rio de Janeiro, respondeu por somente 1,0% do consumo final do Estado, em
2002. No que se refere ao consumo por setores, destacou-se o transporte e residencial,
responsável por 44% e 30% respectivamente do consumo final da região. A eletricidade
(18,7%), os derivados de petróleo (62,2%), lenha (12,6%) e álcool etílico (3,7%) são as fon-
tes energéticas mais consumidas na região.

Tabela 21 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Consumo Final de Energia, População e PIB,
2002
Consumo População PIB
Regiões
10¹ tep % 10¹ hab % 10¨6 R$ %
Norte Fluminense 2.516 17,3 305 2,1 35.739 21,3
Noroeste Fluminense 142 1,0 715 4,9 1.155 0,7
Total 2.658 18,3 1.020 7,0 36.894 22,0
Fonte: A partir do Banco de Dados Municipais - Centro de Informação e Dados do Rio de Janeiro -
FUNDAÇÃO CIDE 2004 para PIB e População por região e IBGE 2003 para crescimento da popula-
ção em 2002.
Gráfico 3 - Região Norte Fluminense, Consumo Final de Energia por Setores, 2002

4% 4%
8% 10%

Outros
Industrial
Energético
Transportes
Residencial

74%

Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 929


Gráfico 4 - Região Noroeste Fluminense, Consumo Final de Energia por Setores, 2002

8%

9%
30%

Residencial
9%
Transportes
Outros
Agropecuário
Industrial

44%

Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002


Tabela 22 – Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Participação das
Fontes no Consumo Final (%), 2002
Fontes Norte Noroeste Estado RJ
Gás Natural 46,5 - 18,3
Carvão Energético - - -
Lenha 1,9 12,6 2,2
Bagaço de Cana 11,1 - 2,0
Outras Fontes Primárias - - 0,8
Óleo Diesel 17,5 36,5 15,6
Óleo Combustível 0,1 4,6 3,7
Gasolina 1,9 11,3 7,5
GLP 1,3 9,9 4,0
Querosene 0,6 - 3,3
Gás Manufaturado - - 0,5
Coque de Carvão Mineral - - 10,5
Eletricidade 17,8 18,7 20,4
Carvão Vegetal - - 0,3
Álcool Etílico 0,6 3,7 2,6
Outras Secundárias Petróleo - - 2,4
Outras Secundárias Carvão Mineral - - 4,2
Produtos Não energéticos 0,6 2,6 1,6
Total 100 100 100
Fonte: Balanço Energético do Estado do Rio 2000-2002.
2.2.3 Energia Eólica

Com previsão de operação em 2012, a Gargaú Energética, localizada no município São


Francisco de Itabapoana, no Norte fluminense, deverá gerar empregos diretos e indiretos e
contribuirá para o desenvolvimento do Norte do Estado Fluminense. A empresa será o pri-

930 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


meiro parque de geração de energia eólica da região Sudeste e a construção está prevista
para começar em 2010, com investimento de R$ 130 milhões. Serão instalados 17 aeroge-
radores, com capacidade individual de 1,65 MW. Ao todo, o empreendimento terá capacida-
de instalada de 28 MW. Este primeiro parque de energia eólica será erguido numa área de
500 ha, no distrito de Gargaú, distante cerca de 50 km. do município vizinho de Campos dos
Goytacazes. Cada um dos 17 aerogeradores terá 120 m.: 80 m. de altura da torre e mais 40
m. da pá da hélice.

3. COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

3.1 Retrospectiva Histórica

Os anos de 1980 e 1990, especialmente a última década, testemunharam mudança extraor-


dinária na ordem internacional econômica. O Brasil também foi envolvido pela avassaladora
onda liberal, com a desregulamentação de quase todos os setores da atividade. Esgotada a
lei da informática, foram criadas regras para propriedade intelectual de software e foi elabo-
rada uma nova lei das telecomunicações. A Lei Geral das Telecomunicações acabou com o
monopólio estatal e privado. Na prática, levou à privatização dos sistemas estatais de tele-
comunicações e às chamadas empresas espelho, privadas, para evitar o monopólio. Che-
gou ao fim o sistema estatal Embratel/Telebrás e de todas as concessionárias estaduais,
igualmente estatais, de serviço público de telefonia. O processo foi conduzido com sucesso
por meio de leilões de privatização.

Sempre que se vendia a concessão de uma área, ou que se vendia uma concessionária,
fazia-se um leilão logo em seguida para se criar uma empresa espelho. As telecomunica-
ções nessa primeira década do século XXI são caracterizadas também pela explosão da
demanda e a explosão da oferta, com a grande participação de ambos os lados, das linhas
de transmissão de dados. Essa explosão do mercado é reforçada pela utilização da tecnolo-
gia de fibras óticas, cujos preços desabaram com os dos computadores. A fibra ótica tem o
preço vertiginosamente reduzido desde sua recente introdução, e substitui com uma enorme
vantagem as redes de fios de cobre. Substitui também as redes de microondas e os satéli-
tes. O sistema global de comunicações de voz e dados entre continentes, entre todos os
países, todas as grandes cidades, as capitais e centros de consumo, brasileiros ou interna-
cionais, hoje se faz essencialmente por cabos de fibra óptica. Os cabos submarinos usam
fibra óptica e continuam sendo lançados com velocidade crescente. As estradas e as linhas
de transmissão de energia elétrica reúnem condições favoráveis para que se distribuam ao
longo delas cabos de fibra óptica. As concessionárias de serviços rodoviários no Brasil e as
empresas de energia elétrica cedem por bom preço o direito de empresas de telecomunica-
ções utilizarem os cabos de fibras óticas distribuídas ao longo da estrada ou da linha de
transmissão.

Enquanto isso surge a Internet, que dispensa comentários ou explicações. A partir do fim
dos anos de 1960 e começo dos anos de 1970, a Agência Americana de Defesa lançou um
projeto chamado Arpa que resultou na Arpanet, rede precursora da Internet, graças à parti-
cipação destacada de dois professores americanos, Kleinrock e Vincent Cerf. Desde seu
lançamento, a internet só cresceu, sem restrições, e está disponível em todo o mundo. A
novidade da primeira década do século XXI é o oferecimento de conexões grátis, sem taxa
mensal para acesso à rede. Graças à Internet, é possível, a partir de um PC ou de uma es-
tação de trabalho, ter acesso a um potencial imenso de computação situado em qualquer
lugar do mundo, com muita condição de economia de escala, porque esses recursos de
computação, conectados e acessíveis pela internet, podem ser compartilhados entre muitos
usuários sem que seja necessária a proximidade física de uma super-máquina centralizada.
É como se um grande computador fosse agora distribuído em um grande número de pontos

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 931


ou nós e, dessa forma, todos pudessem se servir dele. A Internet é uma rede de telecomu-
nicações, com a central de comutação distribuída.

Sua estrutura é quase invulnerável, independente de defeitos que possam se estabelecer


localmente em pontos ou em áreas isoladas dessa teia de distribuição de dados que cobre o
mundo. A redução dos preços de computadores e a melhoria de sua performance levou a
um número não imaginável de usuários da rede. O custo decrescente da transmissão por
fibras óticas e por satélites implica uma tarifação independente da banda passante utilizada.
Em matéria de 1977, a revista “The Economist” chamou esse fenômeno de “A Morte da Dis-
tância” nas telecomunicações. O quadro é altamente favorável e aberto para inovações, pa-
ra a venda de novos serviços e aperfeiçoamentos nos serviços existentes, no interesse de
operadores e usuários de sistemas de computação e de telecomunicações.

O Brasil e os brasileiros passam a desenvolver negócios criativos e originais, as empresas


aqui criadas e instaladas, podem realizar lucros no mundo inteiro. Com a atual explosão do
comércio eletrônico, os negócios nesta modalidade têm crescido em ritmo alucinante,

3.2 Histórico da Tecnologia da Comunicação Fluminense

O PRODERJ – Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio de


Janeiro – autarquia vinculada à Secretaria de Estado da Casa Civil – é o órgão gestor de
Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) do Governo do Estado, desempenhando o
importante papel de propor diretrizes e orientações técnicas voltadas para o estabelecimen-
to da política de TIC no âmbito da administração pública estadual.

Criado como Fundação CPDERJ – Centro de Processamento de Dados do Estado do Rio


de Janeiro – pelo Decreto-Lei nº 6.097, de 9 de julho de 1968, o PRODERJ foi transformado
em autarquia em 16 de junho de 1981, pelo Decreto 4.188. Em 28 de dezembro de 2004,
teve suas atribuições atualizadas e seu nome alterado pela Lei n.o 4.480.

Ao incorporar as novas funções de integrador e homologador de soluções, gerador de nor-


mas e padrões e disseminador de novas tecnologias para a informática pública, o PRO-
DERJ evoluiu, deixando de ser apenas um grande bureau de processamento de dados e se
tornando, de forma cada vez mais efetiva, o responsável pelos sistemas corporativos e pela
gestão da Rede Governo, provendo serviços de Internet e atividades afins para o Governo
do Estado. Ao longo de sua existência, o foco principal em todas as ações empreendidas
pelo PRODERJ tem sido o de colocar a "Tecnologia a Serviço do Cidadão".

A sede principal da autarquia está localizada no CAERJ – Centro Administrativo do Estado


do Rio de Janeiro. O Parque Computacional do PRODERJ, que dá suporte à comunicação
de dados e à guarda de informações no âmbito do Governo do Estado, compreende o Cen-
tro de Operações da Rede Governo, e o Centro de Operações vinculado ao Mainframe, lo-
calizado na Unidade Maracanã, da UERJ.

3.3 Infraestrutura Tecnológica

A estrutura física da Rede Rio tem o formato de um pentágono, cujos vértices são a UFRJ
(Universidade Federal do Rio de Janeiro), o CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas),
a PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica/RJ), a FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz) e a
TELEMAR/RJ.

Nestes pontos, os roteadores são responsáveis pela interligação de todas as instituições da


Rede Rio e a Internet, propiciando portas de acesso às instalações interessadas. Estes e-
quipamentos estão interligados por fibras óticas cedidas pela TELEMAR à FAPERJ e são

932 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


capazes de trafegar informações a 1 Gbit/s (a velocidade anterior da Rede Rio era de 155
Mbit/s).

As demais instituições estão hoje ligadas por circuitos digitais em diferentes velocidades, a
grande maioria sendo de circuitos fornecidos pela TELEMAR.

Há diversas ligações sendo feitas via rádio e por via fibra ótica também.

A Rede Rio tem pontos de presença na região serrana, utilizando as instalações do LNCC
(Laboratório Nacional de Computação Científica), em Petrópolis - interligado hoje a 2 Mbit/s;
em Niterói, utilizando as instalações da UFF (Universidade Federal Fluminense) - interligada
hoje a 34 Mbit/s; em Campos, nas instalações da UENF (Universidade Estadual do Norte
Fluminense), interligada a 6 Mbit/s; e em Vila Seropédica, nas instalações da UFRRJ (Uni-
versidade Federal Rural do Rio de Janeiro), interligada a 2 Mbit/s.

O canal internacional da Rede Rio, hoje instalado no CBPF, é de 155 Mbit/s embora uma
licitação para 310 Mbit/s esteja em andamento para atender futuras demandas da Rede Rio
e de cerca de 100 instituições e 600 mil usuários.

Todas as companhias de telefonia móvel, operando no Estado do Rio de Janeiro, oferecem


serviços ligados a redes 3G para transferência de dados.

A Tabela seguinte contém a relação de operadores e os equipamentos vinculados para a-


cesso à tecnologia 3G.

Tabela 23 – Brasil, Fornecedores de Redes 3G para as Operadoras, 2010


Operadora Core Equipamentos de acesso
Vivo Ericsson Ericsson e Huawei
Tim Ericsson Ericsson, Nokia-Siemens e Huawei
Claro Ericsson e Nokia-Siemens Ericsson, Nokia-Siemens e Huawei
Oi Nokia-Siemens Nokia-Siemens e Huawei
BrT Ericsson* Ericsson e ZTE*
CTBC Huawei Huawei
Sercomtel Huawei Huawei
Com a aquisição da BrT pela Oi, Ericsson e ZTE foram substituídos por Nokia-Siemens e Huawei.
Fonte: www.teleco.com.br
Quanto ao acesso a canais de televisão por assinatura, Tabela seguinte, mostra que no pe-
ríodo 2006 a 2009, o estado do Rio de Janeiro figura com o quarto maior número de aces-
sos, ficando atrás, apenas dos estados de Amapá, Roraima e Maranhão.

Tabela 24 – Brasil e Estados, Acessos Totais por UF (TV a Cabo, DTH e MMDS)
Acessos (Milhares), Total de 2006, Variações Trimestrais 2008 e 2009
UF 2006 1T08 2T08 3T08 4T08 1T09 2T09 3T09 4T09 ∆Trim
São Paulo 1.843 2.353 2.466 2.637 2.747 2.852 2.963 3.092 3.158 2,1%
Rio de Janeiro 704 795 826 851 874 908 941 981 1.118 14,0%
Minas Gerais 372 441 467 490 506 529 549 570 635 11,4%
Rio Grande do Sul 352 405 428 457 474 493 507 521 539 3,6%
Paraná 244 291 309 326 337 352 358 370 378 2,2%
Santa Catarina 185 199 221 227 234 241 251 262 273 4,0%
Distrito Federal 125 155 168 175 180 186 193 199 202 1,4%

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 933


(continuação)
UF 2006 1T08 2T08 3T08 4T08 1T09 2T09 3T09 4T09 ∆Trim
Bahia 108 116 121 124 127 131 137 148 159 7,5%
Goiás 72 102 111 118 119 121 128 134 136 1,3%
Ceará 74 84 87 90 92 96 100 105 110 4,8%
Pernambuco 75 81 83 85 86 86 90 95 98 3,4%
Amazonas 60 67 72 78 79 78 80 88 98 11,3%
Espírito Santo 60 70 74 77 79 81 82 87 91 4,3%
Rio Grande do
51 60 63 64 64 65 67 70 74 5,9%
Norte
Pará 42 45 47 48 48 49 51 53 56 6,0%
Mato Grosso do Sul 36 42 46 48 50 51 53 55 55 0,1%
Paraíba 30 37 39 40 41 45 46 49 51 4,3%
Alagoas 29 35 37 38 39 39 41 44 50 13,0%
Mato Grosso 32 34 36 38 38 39 41 44 46 4,5%
Maranhão 22 28 30 32 33 34 37 38 44 14,1%
Sergipe 25 25 26 25 26 27 28 29 31 5,5%
Rondônia 13 14 14 15 15 16 17 19 21 9,8%
Piauí 9 10 10 11 11 12 13 14 15 10,4%
Amapá 6 6 7 7 7 7 9 10 12 18,2%
Roraima 5 5 5 5 5 6 6 7 8 19,4%
Tocantins 5 6 6 6 6 7 7 8 8 10,1%
Acre 5 6 6 6 6 6 7 7 8 9,6%
Brasil 4.584 5.513 5.804 6.119 6.321 6.555 6.802 7.098 7.473 5,3%
Fonte: Anatel, 2009. Disponível em www.teleco.com.br
No contexto nacional, observa-se no gráfico seguinte a evolução do serviço móvel de celular
no Brasil, num período de 10 anos. Os números são expressivos, tendo sido registrado um
salto de 1,4 milhão de linhas telefônicas em 1995, para mais de 58 milhões de assinaturas,
em 2005.

Gráfico 5 – Brasil, Evolução de Linhas de Telefonia Móvel (número de telefones instalados),


1995 – 2005

Fonte: Anatel

934 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


O mesmo acontece com o número de aparelhos telefônicos de uso público. Esses equipa-
mentos passaram de pouco mais de 367.000, em 1995, para mais de 1.642.000, em 2005.

Gráfico 6 – Brasil, Evolução dos Telefones de Uso Público (número de telefones instalados),
1995 – 2005

Fonte: Anatel
Ao se comparar a situação do estado do Rio de Janeiro com o restante do Brasil, em termos
da variação quantitativa de algum serviço de comunicação específico, nota-se que o Estado
se sobressai em relação país.

Os dados das Tabelas seguintes demonstram a posição privilegiada do Estado no que ser
refere aos serviços de comunicação por telefonia fixa e móvel e acessos aos serviços de
televisão por assinatura.

Tabela 25 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Densidade do Serviço de TV por Assinatura


Local 2002 (%) Domicílios 2005 (%) Domicílios
Brasil 7,7 43.867 32,7 50.458
Rio de Janeiro 13,8 4.155 41,0 4.60
Fonte: Anatel
Tabela 26 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Evolução da Densidade Telefônica
Local 2002 (%) População 2005 (%) População
Brasil 28,7 166.112.500 32,6 177.043.000
Rio de Janeiro 44,9 13.868.912 43,2 14.507.389
Fonte: Anatel
Tabela 27 – Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Evolução da Densidade Telefônica SMC
Local 2002 (%) População 2005 (%) População
Brasil 20,3 166.112.500 32,6 177.043.000
Rio de Janeiro 38,6 13.868.912 40,7 14.507.389
Fonte: Anatel
Tabela 28 - Brasil e Estado do Rio de Janeiro, Evolução da Densidade Telefônica TUCs
Local 2002 (%) População 2005 (%) População
Brasil 8,0 166.112.500 9,2 177.043.000
Rio de Janeiro 8,7 13.868.912 10,6 14.507.389
Fonte: Anatel

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 935


3.3.1 Rede Governo

A rede de comunicação de dados que interliga o PRODERJ e as diversas Secretarias de


Estado e órgãos da administração pública indireta estadual, permite a troca de informações
entre os mesmos. Administrada pelo PRODERJ, a Rede Governo dá suporte ao e.gov, pos-
sibilitando o oferecimento pelo Governo do Estado de vários serviços em plataforma web,
entre eles o correio eletrônico, capaz de suportar 20 mil contas de e-mail. Para atender às
demandas crescentes de informações em tempo real e de novas aplicações, como educa-
ção a distância, vídeo conferência, tele-medicina, entre outras, é vital a atualização tecnoló-
gica permanente da Rede Governo, e de forma a prover uma infra-estrutura de alto desem-
penho sob os aspectos de performance e segurança, foi criada a Infovia RJ.

3.3.2 Infovia-RJ

A Infovia-RJ é uma rede de transmissão de dados em alta velocidade que já levou o acesso
à Internet em banda larga para escolas, hospitais e órgãos públicos de todas as cidades
fluminenses, melhorando a qualidade dos serviços eletrônicos oferecidos à população, pro-
movendo a inclusão digital na capital e no interior, agilizando a troca de informações entre a
sede do governo e as secretarias e órgãos do Estado, estimulando o desenvolvimento eco-
nômico dos municípios.

Elaborado em parceria com a Coordenadoria da Rede Rio – que interliga as instituições a-


cadêmicas fluminenses – e sob a supervisão da Secretaria de Ciência e Tecnologia, este
projeto de infra-estrutura de telecomunicações, desenhado e gerenciado pelo PRODERJ, é
considerado um dos prioritários para o Governo do Estado.

Atualmente, a Infovia-RJ conecta os 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro, através de


uma rede MPLS (Multi-Protocol Label Switching). Dentre os órgãos públicos que já aderiram
ao contrato Infovia-RJ, podemos destacar a Secretaria de Estado de Fazenda (SEFAZ), a
Secretaria de Estado de Segurança (SESEG), o Departamento de Trânsito do Estado do Rio
de Janeiro (DETRAN/RJ), a Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE/RJ), o
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ), a Im-
prensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro (IO/RJ), a Fundação de Apoio à Escola Técnica
do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC) e a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro
(PCERJ).

Vários outros órgãos estão em fase de análise e negociação, a saber: Secretaria de Estado
de Educação (SEE); Secretaria de Estado de Governo (Segov); Secretaria de Estado de
Saúde e Defesa Civil (SESDEC); Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Hu-
manos (SEASDH); Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ); Ministério
Público / Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (MP/PGJ); Agência
Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Me-
troviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp); Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater-Rio); Fundação Departa-
mento de Estradas de Rodagem do Estado do Rio de Janeiro (DER/RJ); Fundação Superin-
tendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla); Instituto de Pesos e Medidas (IPEM); Fundo
Único de Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro (RioPrevidência); e Companhia de
Transportes Sobre Trilhos do Estado do Rio de Janeiro (Rio Trilhos).

As entidades que optarem por se conectar à nova Rede Fluminense de comunicação de


dados poderão usufruir de recursos modernos como Telefonia IP, Webcasting (transmissões
de vídeo pela Internet) e videoconferência, facilidades trazidas pela tecnologia MPLS.

936 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


3.3.3 Infovia-RJ - Software Livre

Cumprindo sua missão de propor diretrizes e orientações técnicas para o desenvolvimento


de uma política de Tecnologia da Informação e Comunicação para o governo fluminense, o
Proderj tem atuado no sentido de difundir o Software Livre e ampliar sua adoção na adminis-
tração pública estadual, mapeando as aplicações já em andamento, detectando o sucesso
alcançado e as dificuldades encontradas, e promovendo a troca de experiências e a disse-
minação de conhecimentos sobre o assunto no estado do Rio de Janeiro, através da organi-
zação de eventos específicos e da condução de discussões no âmbito do Conselho Temáti-
co de Software Livre do CONSETI (Conselho Estadual de Tecnologia da Informação).

Em outubro de 2004, o Proderj lançou, com grande sucesso, uma distribuição Linux temáti-
ca para padronizar as estações de trabalho do governo fluminense, batizada de Livre.RJ,
contendo pacote de automação de escritório e navegador desenvolvidos em Software Livre,
entre outros produtos. Em 2005, foram lançados um CD de instalação do Livre.RJ 1.0 e um
Portal de Software Livre ( www.softwarelivre.rj.gov.br ). Em outubro de 2006, durante o IV
Fórum de Software Livre do Rio de Janeiro, o PRODERJ lançou o CD Livre.RJ versão 2.0,
com novo layout e contendo o Agente Cacic, o OpenOffice 2.0, o repositório da distribuição
no PRODERJ e um software antivírus.

Para que os órgãos clientes do Governo tenham o controle total dos usuários e dados de
suas redes locais e disponham de acesso rápido e seguro à Internet, a autarquia disponibili-
za ainda o CD Box Linux, pacote básico de soluções de segurança de rede desenvolvidas
em código livre e aberto. Doze clientes na administração pública estadual fluminense já es-
tão utilizando a solução, disponível para download no endereço www.softwarelivre.rj.gov.br .

Também é baseado em plataforma livre o aplicativo de correio eletrônico que o PRODERJ


customiza e disponibiliza aos usuários da Rede Governo, desde setembro de 2005. A solu-
ção Correio.-RJ possui capacidade para suportar 20 mil contas de e-mail e há a previsão de
aumentar esse número, até 2010, para 400 mil contas, de forma a permitir que cada servidor
público do estado do Rio tenha o seu próprio e-mail.

É importante frisar, ainda, que o PRODERJ participa ativamente da organização do Fórum


de Software Livre do Rio de Janeiro, que ocorre todos os anos, uma vez que a autarquia
abraça a causa em torno de uma importante discussão sobre políticas públicas para solu-
ções de código aberto.

3.4 Redes de Comunicação Fixa e Móvel

As Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro são atendidas pelas principais
operadoras de telefonia comutável fixa e móvel do país as quais possuem autorização da
Anatel, entre as quais se destacam:

• Claro;
• Oi/Telemar;
• Nextel;
• Tim;
• Vivo;
• Embratel;
• CTBC.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 937


4. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO, ZONEAMENTO, ÁREAS URBANAS E RURAIS

4.1 Conceituação
O levantamento sobre o uso e a cobertura da terra comporta análises e mapeamentos e é
de grande utilidade para o conhecimento da espacialidade, constituindo importante ferra-
menta de planejamento e de orientação à tomada de decisão (IBGE, 2006). Ao descrever as
formas e a dinâmica de ocupação da terra, os estudos também representam instrumento
valioso para a construção de indicadores ambientais e para a avaliação da capacidade de
suporte ambiental, diante dos diferentes manejos empregados na produção, contribuindo
assim para a identificação de alternativas promotoras da sustentabilidade do desenvolvi-
mento. No contexto das mudanças globais, tais levantamentos fornecem subsídios para as
análises e avaliações dos impactos ambientais, os provenientes de desmatamentos ou ain-
da dos inúmeros impactos gerados pelos altos índices de urbanização, dentre outros.

No Brasil, os primeiros trabalhos sobre uso da terra foram efetuados entre as décadas de 30
e 40 do século passado, quando predominaram estudos sobre a colonização e viagens de
reconhecimento como os que se dedicaram à análise da ocupação da Amazônia e também
à análise da colonização do Sul do Brasil. A partir da década de 1950, até a década de
1960, passaram a predominar estudos sobre padrões espaciais, com avaliações a partir de
processos produtivos. Daí se chegou às análises da caracterização de variáveis específicas
da ocupação, como a distribuição de propriedades rurais, análise dos rebanhos, da expan-
são do povoamento, entre outras (IBGE, 2006).

Na década de 1970, foram registrados avanços em análises classificatórias das formas e


das dinâmicas de uso da terra, especialmente a partir de focos temáticos, como o uso nos
meios técnico e acadêmico de procedimentos estatísticos na geografia, refletindo uma forte
ênfase às análises quantitativas na produção dos trabalhos da época, Centros importantes,
como o IBGE e Universidades, disseminaram no Brasil vários estudos sob este foco (IBGE,
2006).

O desenvolvimento de novos recursos tecnológicos, como o sensoriamento remoto, permitiu


enfatizar a riqueza de informações do uso da terra e a subjetividade da sua apreensão por
diferentes abordagens, sendo que o estudo do uso da terra não pode prescindir de uma ori-
entação teórica, conceitual e metodológica. Seguindo uma tendência internacional, o conhe-
cimento do uso do território no Brasil evoluiu orientado para os recursos das regiões estuda-
das (IBGE, 2006).
4.2 Uso e Cobertura do Solo no Estado do Rio de Janeiro

O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) coordenou o “Projeto Rio de Janeiro” que consistiu
em estudos multitemáticos do meio físico realizados na escala 1:250.000, entre 1998 e
1999, em todo o Estado do Rio de Janeiro, abrangendo uma área de 44.000km2, Com parte
integrante desse estudo obtiveram-se resultados de Uso e Cobertura do Solo deste Estado.
A metodologia adotada consistiu na análise digital de imagens de satélite, utilizando-se téc-
nicas de sensoriamento remoto e ajustes através de medições com base nas observações
feitas durante as campanhas de campo.

Como resultado dessa classificação, foram confeccionados os mapas de Uso e Cobertura


do Solo com as seguintes classes individualizadas: Pastagem, Mata, Áreas Urbanas, Solo
Exposto, Áreas Agrícolas, Corpos d’Água, Afloramentos de Rocha, Vegetação de Restinga,
Campo Inundável, Manguezal, Coberturas Arenosas, Salinas e Extração de Areia. Estes
dados estão apresentados na Tabela seguinte.

938 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 29 – Área Ocupada pelas Classes de Uso e Cobertura do Solo de Acordo com o Traba-
lho Coordenado pela CPRM, 1999

2 Participação Relativa na Área


Classes Área absoluta (km )
Total do Estado (%)
Pastagem 24.750 56,10
Mata 12.532 28,38
Áreas urbanas 1.676 3,81
Solo exposto 1.216 2,76
Áreas agrícolas 1.037 2,35
Vegetação de restinga 757 1,72
Corpos d’água 752 1,70
Afloramento de rocha 326 0,74
Campo inundável 255 0,58
Manguezal 131 0,30
Praias e dunas 97 0,22
Salinas 27 0,06
Extração de areia 2 0,005
Áreas encobertas por nuvens 527 1,27
Total 44.085 100,00
Fonte: Serviço Geológico do Brasil (CPRM - 1999) - "Projeto Rio de Janeiro".
Pastagens

Essa classe refere-se à cobertura vegetal, abrangendo o denominado “pasto sujo”, além de
pastagem plantada. O termo “pasto sujo” refere-se às áreas cobertas por gramíneas (capim-
colonião, capim-gordura, brachiária, entre outras), com infestação de espécies invasoras
herbáceas e sem investimento na formação da pastagem. Esse sistema abrange aquelas
áreas onde houve intervenção humana para uso da terra, descaracterizando a vegetação
primária, ficando essas áreas, quando abandonadas, ficam sujeitas a um processo de rege-
neração natural.

Essa classe representa a maior parte das terras no Estado do Rio de Janeiro, com 56,10%
da área do Estado. Esse percentual elevado de pastagens verificada no Estado decorre da
ocupação do solo fluminense, que resultou de um processo histórico onde as queimadas e o
desmatamento sucederam a uma exploração sem maior planejamento no que diz respeito à
aptidão das terras e ao seu uso. Nas áreas cultivadas com cana-de-açúcar e café, no perío-
do Brasil Colônia, foram desenvolvidas pastagens compostas de algumas espécies herbá-
ceas nativas e gramíneas. Também uma percentagem menor dessa classe é composta de
pastagem plantada, sendo a criação de bovinos e outros, uma atividade importante em mui-
tos municípios do Estado.

Mata

Essa categoria agrega os remanescentes florestais primários, as matas secundárias e os


reflorestamentos. Matas secundárias são aquelas formadas através de um processo de re-
generação natural.

Os remanescentes florestais primários compreendem o domínio da Mata Atlântica. No início


da colonização, ocupavam cerca de 97% do Estado. Já em 1990, devido à devastação, a
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 939
área ocupada era de apenas 20% (CIDE, 1997). Neste estudo concluído em 1999, esta por-
centagem sofreu um aumento, chegando a 28,38%, o que pode ser devido a criação de no-
vas áreas de preservação e a diminuição da destruição destas áreas.

Áreas Urbanas

Essa classe compreende áreas ocupadas por edificações e sistema viário. Engloba todo o
sistema urbano das cidades, municípios, distritos, vilas e vias pavimentadas. Estes ocupam
aproximadamente 1.676km2, o que representa 3,81% da área total do Estado, com a maior
concentração urbana localizada na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Esta classe
ocupa a terceira posição em área no Estado do Rio de Janeiro.

Solo Exposto

Essa classe corresponde às áreas desprovidas de vegetação ou de cultura, excetuando-se


os afloramentos de rocha. Estão inseridos nessa classe: áreas erodidas por processo de
voçorocamento, áreas com deslizamentos de terra associados às chuvas intensas, áreas
degradadas por manejo agrícola inadequado, áreas de extração mineral e aterros. Esta
classe está em 2,76% do Estado.

Áreas Agrícolas

Atualmente a agricultura é uma atividade de pouca expressão no Estado, tanto em termos


de área, representando apenas 2,35%, quanto em valor da produção, representando cerca
de 1% do PIB fluminense. O fenômeno da modernização agrícola, que determinou as trans-
formações desse setor no Brasil, a partir da década de 70, não atingiu o interior do Estado
do Rio de Janeiro, da mesma forma como ocorreu em outras áreas da Região Sudeste.

O principal produto agrícola cultivado é a cana-de-açúcar, representando aproximadamente


80% da produção agrícola relativa do Estado, seguido das olerícolas, com 15%, e, por últi-
mo, as culturas do café, milho, feijão e fruteiras que, juntas, correspondem aos 5% restan-
tes.

Vegetação de Restinga

Restingas são faixas alongadas de areia, paralelas à linha de costa, formadas principalmen-
te por sedimentos arenosos transportados e empilhados pelo mar. Essas áreas compreen-
dem ambientes diferenciados, tais como: mangues, brejos, dunas, além de lagoas temporá-
rias e permanentes.

No Estado do Rio de Janeiro, as principais áreas de ocorrência dessa vegetação são os


extensos cordões arenosos a nordeste do Estado, no trecho entre Barra de Itabapoana e
Macaé, a Região dos Lagos (lagoas de Araruama e Maricá) e a Restinga da Marambaia.

Esta área que representa 1,72% do Estado tem como principais atividades econômicas a
especulação imobiliária e a agricultura.

Corpos d’Água

Os Corpos d’Água, neste trabalho, referem-se ao Oceano Atlântico, a lagoas, lagunas, re-
servatórios, rios e baías e representam 1,70% da área.

Afloramento de Rocha

940 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Os afloramentos de rocha do Estado que são mais expressivos concentram-se na Serra dos
Órgãos e também no Maciço de Itatiaia.

Campo Inundável

Compreende as áreas planas, baixas e sazonalmente alagadas que aparecem nas cabecei-
ras, em zonas de transbordamento de rio ou próximas a lagos e lagunas. Essa classe pode
ser encontrada, por exemplo, próximo às lagoas de Maricá e Feia. Em geral, apresenta-se
coberta por vegetação higrófila de várzea, e representam cerca de 0,58% do Estado.

Manguezal

Compreende a vegetação litorânea que ocorre na faixa entremarés (situada entre o ponto
mais baixo da maré baixa e o ponto mais alto da maré alta). Apresenta alta densidade de
indivíduos com pouca diversidade de espécies vegetais, em comparação a outros sistemas,
como as florestas tropicais. Os manguezais ocupam 0,30% da área do Estado do Rio de
Janeiro.

Coberturas Arenosas

Essa classe compreende as praias e dunas, compreendendo 0,22% do Estado.

Salinas

São áreas próximas ao mar, utilizadas para a exploração do sal de cozinha. Apresentam
padrões retangulares resultantes do método de exploração.

No Estado do Rio de Janeiro, as salinas concentram-se principalmente no trecho entre Ara-


ruama e Cabo Frio. A produção de sal marinho nessa área confere ao Estado a posição de
segundo maior produtor do país, contribuindo com 4% da produção nacional.

Extração de Areia

São áreas de extração de areia e representam apenas 0,005% das áreas do Estado.

4.3 Uso e Cobertura do Solo nas Regiões Norte e Noroeste Fluminense


A Região Norte Fluminense é atualmente composta por 9 municípios: Campos dos Goyta-
cazes, Carapebus, Cardoso Moreira, Conceição de Macabu, Macaé, Quissamã, São Fidélis,
São Francisco do Itabapoana e São João da Barra.

Já a Região Noroeste Fluminense é representada por 13 municípios, são eles: Aperibé, Bom
Jesus do Itabapoana, Cambuci, Italva, Itaocara, Itaperuna, Laje do Muriaé, Miracema, Nati-
vidade, Porciúncula, Santo Antônio de Pádua, São José de Ubá e Varre-Sai.

4.3.1 Levantamentos Realizados em 1994/1995


Na Tabela seguinte é apresentado o percentual das áreas por tipo de uso do solo para os
municípios das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, obtidos do mapeamento digital do
Estado do Rio de Janeiro, realizado pelo CIDE, em 1994.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 941


Tabela 30 - Percentual das Áreas, por Tipo de Uso do Solo, Segundo os Municípios das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, 1994

Floresta Área Afloramento Não Não


Formações Vegetação Área Área Corpos
Municípios Ombrófila Pastagem Degra- Rochoso e Cam- Sensoria- Classifi-
Pioneiras Secundária Urbana Agrícola D'água
densa dada pos de Altitude do cado

Estado 16,6 4,3 15,5 4,2 9,4 44,5 1,2 2,3 0,5 1,3 0,1
Carapebus 0,0 24,5 1,8 0,1 11,2 59,2 0,0 3,2 0,0 0,0 0,0
Campos dos Goytacazes 5,7 8,2 3,5 1,1 48,3 27,9 0,1 4,8 0,4 0,0 0,0
Cardoso Moreira 0,0 0,2 12,1 0,1 15,9 68,8 0,9 1,4 0,5 0,0 0,0
Conceição de Macabu 27,9 0,0 1,6 0,4 3,2 66,4 0,0 0,1 0,4 0,0 0,0
Macaé 31,2 0,8 6,6 1,7 0,6 57,7 0,0 0,8 0,6 0,0 0,1
Quissamã 0,0 36,0 0,2 0,3 37,8 12,9 0,0 12,8 0,0 0,0 0,0
São Francisco de Itabapoana 0,0 20,8 0,9 0,1 64,2 12,2 0,0 1,6 0,0 0,2 0,0
São Fidélis 6,2 0,0 16,9 0,3 1,6 70,5 0,6 2,4 1,7 0,0 0,0
São João da Barra 0,0 76,3 0,0 1,2 15,7 3,1 0,0 3,6 0,0 0,0 0,0
Norte 7,9 18,5 4,8 0,6 22,1 42,1 0,2 3,4 0,4 0,0 0,0
Aperibé 0,0 0,0 4,8 0,9 0,0 89,3 0,0 5,0 0,0 0,1 0,0
Bom Jesus do Itabapoana 0,0 0,0 18,0 0,4 4,2 76,6 0,1 0,6 0,0 0,0 0,0
Cambuci 0,0 0,0 16,5 0,4 0,0 81,4 0,1 1,0 0,6 0,0 0,0
Italva 0,0 0,0 8,7 0,5 0,0 88,6 0,1 1,3 0,8 0,0 0,0
Itaocara 0,5 0,0 11,6 0,6 2,4 83,4 0,0 1,5 0,0 0,0 0,0
Itaperuna 0,0 0,0 9,9 1,1 0,0 87,0 0,6 1,2 0,2 0,0 0,0
Laje do Muriaé 0,0 0,0 12,5 0,1 0,4 85,1 0,1 0,7 1,0 0,0 0,0
Miracema 0,0 0,0 14,4 1,3 0,0 84,2 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0
Natividade 0,0 0,0 16,1 0,2 0,4 81,6 0,0 0,6 1,0 0,0 0,0
Porciúncula 0,0 0,0 17,9 0,5 0,0 80,9 0,0 0,5 0,2 0,0 0,0
Santo Antonio de Pádua 1,3 0,0 10,0 0,5 0,7 86,3 0,0 1,1 0,1 0,1 0,0
São José de Ubá 0,0 0,0 10,3 0,0 0,0 85,5 0,0 0,0 4,2 0,0 0,0
Varre-Sai 0,0 0,0 29,6 0,2 0,0 69,9 0,0 0,2 0,0 0,0 0,0
Noroeste 0,1 0,0 13,9 0,5 0,6 83,1 0,1 1,1 0,6 0,0 0,0

Fonte: Obtidos no Mapeamento Digital do Estado do Rio de Janeiro, GEROE/CIDE, 1994

942 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Pode ser verificado que a maior área do Estado do Rio de Janeiro, assim como da Região
Norte e da Noroeste Fluminense é formada por pastagens. A Região Norte tem o percentual
de pastagens (42,10%) semelhante ao Estado (44,50%). Já a Região Noroeste possui um
percentual de pastagens muito superior, sendo de 83,10%.

Esta diferença pode ser explicada por um maior desmatamento das florestas na Região No-
roeste Fluminense, a qual apresentou nesse estudo apenas 0,1% de floresta ombrófila den-
sa. Ocorre que nesta Região o desmatamento foi intenso e após algum período, muitas á-
reas foram abandonadas, sendo caracterizadas por pastagens, muitas das quais estão de-
gradadas.

Pode ser verificado que em alguns municípios a porcentagem de floresta ainda é elevada,
principalmente na Região Norte Fluminense, como é o caso de Macaé e Conceição de Ma-
cabu, com 31,2 e 27,9% de floresta ombrófila densa, respectivamente.

Como esperado, as Regiões Norte e Noroeste Fluminense possuem pequena porcentagem


de área urbana, sendo 0,6% e 0,5% para as duas Regiões, respectivamente, contra os 4,2%
quando se considera todo o Estado do Rio de Janeiro.

Quanto à porcentagem de área agrícola existente, a Região Norte Fluminense possui 22,1%
de sua área, contra apenas 0,6% para a Região Noroeste Fluminense. Este fato pode estar
ligado a grande área cultivada com a cultura da cana-de-açúcar na Região Norte Fluminen-
se. Porém, vários municípios aparecem sem nenhuma porcentagem de área agrícola, como
é o caso de Aperibé, Cambuci, Italva, Itaperuna, Miracema, Porciúncula, São José de Ubá e
Varre-Sai, o que se explica pela escala das imagens digitais desse estudo realizado pelo
CIDE, que não as identificou já que alguns destes municípios possuem cultivo agrícola in-
tensivo em pequenas propriedades.

Dados da utilização da terra nos estabelecimentos agropecuários dos municípios do Estado


do Rio de Janeiro, obtidos do Censo Agropecuário do IBGE de 1995, são apresentados na
Tabela seguinte.

Tabela 31 – Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Utilização das
Terras nos Estabelecimentos, 1995
Matas Terras
Área Total Lavouras Pastagens Naturais e Produtivas
Município
(ha) (ha) (ha) Plantadas Não Utilizadas
(ha) (ha)
Estado do Rio de Janeiro 2.416.305 337.241 1.545.123 348.987 77.492
Noroeste Fluminense 428.773 42.725 331.232 27.650 10.792
Bom Jesus do Itabapoana 52.860 3.975 46.772 1.495 130
Italva 23.011 2.607 15.507 1.747 1.834
Itaperuna 100.565 5.627 82.227 5.089 3.055
Laje do Muriaé 23.515 2.164 17.221 2.551 857
Natividade 26.150 2.363 20.450 1.726 228
Porciúncula 24.609 5.449 15.631 2.165 454
Varre-Sai 17.320 5.592 8.900 2.222 318
Aperibé 6.129 682 4.880 261 48
Cambuci 62.379 4.447 50.673 4.047 1.062
Itaocara 36.403 5.561 25.798 2.377 324
Miracema 24.345 2.279 18.812 2.030 947
Santo Antônio de Pádua 31.487 1.979 24.360 1.939 1.534

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 943


(continuação)
Matas Terras
Área Total Lavouras Pastagens Naturais e Produtivas
Município
(ha) (ha) (ha) Plantadas Não Utilizadas
(ha) (ha)
Norte Fluminense 663.198 161.350 409.041 50.146 14.979
Campos dos Goytacazes 289.042 91.948 164.582 13.522 5.632
Cardoso Moreira 27.056 2.938 21.065 1.663 491
São Fidélis 74.579 8.759 52.860 4.391 3.886
São João da Barra 99.006 32.154 60.152 3.799 1.665
Conceição de Macabu 22.073 1.419 17.778 2.308 167
Macaé 110.760 12.246 73.929 17.974 2.050
Quissamã 40.682 11.886 18.675 6.490 1.088
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 1995

Os municípios de Carapebus, São Francisco de Itabapoana e São José de Ubá foram e-


mancipados de Macaé, São João da Barra e Cambuci, respectivamente, no ano de 1995.
Assim, não aparecem nesta Tabela, e seus dados estão somados aos respectivos municí-
pios dos quais foram emancipados.

Os dados do Censo Agropecuário realizado pelo IBGE, em 1995, assemelham-se aos obti-
dos do mapeamento digital do Estado do Rio de Janeiro realizado pelo CIDE, em 1994,
quanto a pastagem ser detentora da maior área nas Regiões Norte e Noroeste Fluminense,
porém, com valores um pouco distintos entre os trabalhos. Pelos dados do IBGE (1995), a
Região Norte possuía 409.041 ha (61,7%) de sua área coberta com pastagens, já a Região
Noroeste Fluminense detinha 331.232 ha (77,25%). É observado nos dados do IBGE
(1995), um valor menos discrepante entre as Regiões quanto à porcentagem de pastagem.

Quanto às lavouras, os dados levantados pelo IBGE (1995) mostram-se mais realistas, com
a Região Noroeste Fluminense tendo 9,96% de sua área nesta classificação, contra os 0,6%
encontrados nos dados do CIDE (1994), em razão da diferença de metodologias usada por
ambas as instituições. Como relatado anteriormente, a agricultura dos municípios desta Re-
gião é caracterizada, em sua maior parte, por pequenos agricultores que não apareceram
nos dados do CIDE (1994), sendo a Região produtora de café e hortifrutigranjeiros.

A Região Norte Fluminense, caracterizada por produtores de maior porte, principalmente


devido ao cultivo da cana-de-açúcar que abriga vastas extensões, apresentou 161.350 ha
(24,3%) registrado como áreas de lavouras, dado semelhante ao encontrado pelo CIDE
(1995) de 22,1%.

O Norte Fluminense foi caracterizado com uma área de matas naturais e plantadas um pou-
co superior ao Noroeste Fluminense, 7,6% contra 6,5%, demonstrando um maior desmata-
mento ocorrido nesta segunda Região.

Apenas 2,5% e 2,3% das terras foram classificadas como terras produtivas e não utilizadas
para as Regiões Noroeste e Norte Fluminense. Porém, muitas das áreas dessas Regiões
classificadas principalmente como pastagens, são áreas produtivas e subutilizadas, forma-
das por pastagens degradadas, mal aproveitadas, ou ainda por pastos sujos e largados.
Estas áreas podem ser melhor aproveitadas para cultivos, caso haja interesse de seus pro-
prietários e políticas públicas de incentivo.

944 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


4.3.2 Levantamentos Realizados em 2006

Dados obtidos do Censo Agropecuário do IBGE de 2006, da utilização da terra nos estabe-
lecimentos agropecuários dos municípios do Estado do Rio de Janeiro, são apresentados na
Tabela seguinte. Na Tabela posterior é apresentada uma comparação entre os dados do
Censo Agropecuário do IBGE de 1995 e o de 2006.

Tabela 32 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Utilização das
Terras nos Estabelecimentos, 2006

Estabelecimentos

Ocupada com La-


Matas Naturais e

Agroflorestais

Pastagens ou
Pastagens

Matas (ha)
Área Total

Plantadas
Lavouras

Área Não
Sistemas
Total de

vouras,
(ha)

(ha)

(ha)

(ha)

(ha)
Municípios

Rio de Janeiro 58.482 2.048.973 349.434 1.282.310 294.262 15.812 107.403


Noroeste Fluminense 10.268 359.708 41.786 281.943 23.631 1.698 10.669
Bom Jesus do
1.046 40.012 4.382 31.769 2.281 29 1.550
Itabapoana
Italva 424 10.824 1.115 8.718 538 214 234
Itaperuna 1.185 66.242 3.432 56.311 4.394 29 2.078
Laje do Muriaé 413 21.541 1.359 17.209 2.256 105 580
Natividade 447 37.317 2.681 32.918 1.119 0 448
Porciúncula 1.320 20.635 5.301 12.286 2.117 0 928
Varre-Sai 643 13.723 4.065 7.405 1.738 0 502
Aperibé 226 5.072 438 4.475 116 10 24
Cambuci 1.146 44.818 2.843 37.324 3.596 157 901
Itaocara 1.612 35.803 5.535 26.884 1.493 790 1.106
Miracema 374 23.297 6.107 14.171 2.036 9 974
Santo Antônio de Pádua 1.003 31.501 3.931 24.755 1.604 179 1.033
São José de Ubá 429 8 924 595 7 719 331 22 260
Norte Fluminense 17.571 530.035 144.129 318.607 36.217 2.326 28.845
Campos dos Goytacazes 8.098 255.738 85.061 138.633 14.311 766 17. 012
Cardoso Moreira 640 28.146 1.106 24.239 1.141 210 1.438
São Fidélis 3.391 66.695 14.869 43.722 3.384 698 4.035
São Francisco de
3.493 79.962 33.239 42.616 1.758 114 2.218
Itabapoana
São João da Barra 689 12.874 2.599 9.618 185 0 473
Carapebus 162 5.798 781 3.994 96 262 666
Conceição de Macabu 207 11.506 587 7.650 2.695 0 569
Macaé 626 56.591 2.989 40.935 11.446 97 1.127
Quissamã 265 12.724 2.845 7.200 1.201 174 1.303
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 2006

Pela Tabela anterior encontra-se uma área média das propriedades do Estado do Rio de
Janeiro em aproximadamente 35ha, para a Região Noroeste Fluminense 35ha e para a Re-
gião Norte Fluminense de 30ha, o que demonstra boa distribuição de terra entre os proprie-
tários do Estado.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 945


Pela Tabela seguinte, nota-se que as áreas de lavoura aumentaram entre o período de 1995
e 2006, sendo este aumento de 1,7% e 2,9% para as Regiões Noroeste e Norte Fluminense,
respectivamente. Isso pode estar correlacionado ao aumento do cultivo de hortifrutigranjei-
ros na Região Noroeste Fluminense e o aumento das áreas de plantio com a cultura da ca-
na-de-açúcar na Região Norte, já que esta cultura vem demonstrando grande crescimento
na área cultivada no país.

Quanto a área de pastagem, houve um acréscimo na Região Noroeste e um declínio na Re-


gião Norte, apesar de ambas serem pequenas.

Ocorreu também um pequeno desmatamento na Região Norte, com queda de 0,8% na área
com matas naturais e plantadas. Isso é preocupante, pois estas regiões já sofreram grandes
alterações pelo desmatamento ao longo do histórico de ocupação desordenada e o mau uso
da terra, ocasionando o aumento dos processos erosivos nas encostas e planícies aluviais,
entre outras consequências.

Tabela 33 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Comparação do


Percentual de Lavouras, Pastagens e Matas Naturais e Plantadas, 1995 e 2006
Matas Naturais e
Lavouras Pastagens
Região Plantadas
1995 2006 Diferença 1995 2006 Diferença 1995 2006 Diferença
RJ 13,9 17,1 +3,2 63,9 62,3 -1,6 14,4 14,4 0,0
Noroeste 9,9 11,6 +1,7 77,3 78,4 +1,1 6,5 6,6 +0,1
Norte 24,3 27,2 +2,9 61,7 60,1 -1,6 7,6 6,8 -0,8
Fonte: Censos Agropecuários do IBGE, 1995 e 2006
A falta de políticas públicas de proteção à fauna e flora da região, a falta de fiscalização dos
órgãos competentes, juntamente com a degradação ambiental de tais usos da terra e ocu-
pação desordenada, principalmente nas décadas anteriores, vem degradando os seus e-
cossistemas, trazendo inúmeras conseqüências para o meio ambiente. Porém, atualmente
este ritmo de degradação vem diminuindo devido a criação de unidades de conservação em
alguns municípios.

Na Tabela seguinte estão expressos, em porcentagem, os dados de utilização da terra nos


estabelecimentos agropecuários dos municípios do Estado do Rio de Janeiro, obtidos pelo
Censo Agropecuário do IBGE de 2006.

Tabela 34 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Percentual das
Áreas, por Tipo de Uso do Solo
Área Não
Matas Sistemas Ocupada com
Municípios Lavouras Pastagens Naturais e Agroflores- Lavouras,
Plantadas tais Pastagens ou
Matas
Rio de Janeiro 17,05 62,58 14,36 0,77 5,24
Noroeste Fluminense 11,62 78,38 6,57 0,47 2,97
Bom Jesus do Itabapoana 10,95 79,40 5,70 0,07 3,87
Italva 10,30 80,54 4,97 1,98 2,16
Itaperuna 5,18 85,01 6,63 0,04 3,14
Laje do Muriaé 6,31 79,89 10,47 0,49 2,69
Natividade 7,18 88,21 3,00 0,00 1,20
Porciúncula 25,69 59,54 10,26 0,00 4,50
Varre-Sai 29,62 53,96 12,66 0,00 3,66

946 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Área Não
Matas Sistemas Ocupada com
Municípios Lavouras Pastagens Naturais e Agroflores- Lavouras,
Plantadas tais Pastagens ou
Matas
Aperibé 8,64 88,23 2,29 0,20 0,47
Cambuci 6,34 83,28 8,02 0,35 2,01
Itaocara 15,46 75,09 4,17 2,21 3,09
Miracema 26,21 60,83 8,74 0,04 4,18
Santo Antônio de Pádua 12,48 78,58 5,09 0,57 3,28
São José de Ubá 6,67 86,50 3,71 0,25 2,91
Norte Fluminense 27,19 60,11 6,83 0,44 5,44
Campos dos Goytacazes 33,26 54,21 5,60 0,30 6,65
Cardoso Moreira 3,93 86,12 4,05 0,75 5,11
São Fidélis 22,29 65,56 5,07 1,05 6,05
São Francisco de Itabapoana 41,57 53,30 2,20 0,14 2,77
São João da Barra 20,19 74,71 1,44 0,00 3,67
Carapebus 13,47 68,89 1,66 4,52 11,49
Conceição de Macabu 5,10 66,49 23,42 0,00 4,95
Macaé 5,28 72,33 20,23 0,17 1,99
Quissamã 22,36 56,59 9,44 1,37 10,24
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 2006
Com relação as áreas cultivadas com lavouras, na Região Noroeste Fluminense destacam-
se os municípios de Varre-Sai, Miracema e Porciúncula, apresentando 29,62%, 26,21% e
25,69% de suas áreas abrangidas por lavouras, respectivamente. Na Região Norte Flumi-
nense os municípios de São Francisco do Itabapoana e Campos dos Goytacazes possuem
as maiores porcentagens de suas áreas totais representadas por lavouras, com 41,57% e
33,26% respectivamente.
Os municípios com a menor porcentagem de área de pastagem são Varre-Sai (53,96%) e
São Francisco de Itabapoana (53,30%) para as Regiões Noroeste e Norte Fluminense, res-
pectivamente. Os com a maior porcentagem são Aperibé (88,23%) e Cardoso Moreira
(86,12%) respectivamente para as Regiões Noroeste e Norte Fluminense.
A maior porcentagem de áreas com matas naturais e plantadas é encontrada em Varre-Sai
(12,66%), Laje do Muriaé (10,47%) e Porciúncula (10,26%) e a menor é em Aperibé (2,29%)
e Natividade (3,0%) para a Região Noroeste Fluminense. Quanto à Região Norte Fluminen-
se os municípios de Conceição de Macabu (23,42%) e Macaé (20,23%) se destacam com
as maiores porcentagens do seu território ocupado por matas, e os municípios de São João
da Barra (1,44%) e Carapebus (1,66%) com as menores.
Os sistemas agroflorestais são uma forma de uso da terra na qual se combinam espécies
arbóreas lenhosas (frutíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou animais, de for-
ma simultânea ou em seqüência temporal, que interagem econômica e ecologicamente. Es-
tão presentes em 0,47% das áreas na Região Noroeste Fluminense e em 0,44% na Região
Norte Fluminense.
A área não ocupada com lavouras, pastagens ou matas refere-se as áreas com as seguin-
tes ocupações: tanques, lagos, açudes e/ou área de águas públicas para exploração da a-
qüicultura; construções, benfeitorias ou caminhos; terras degradadas (erodidas, desertifica-
das, salinizadas, etc.); e terras inaproveitáveis para agricultura ou pecuária (pântanos, are-
ais, pedreiras, etc.). Estas áreas representam 2,97% da Região Noroeste Fluminense e
5,44% da Região Norte Fluminense.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 947
Na Tabela seguinte são apresentados os dados referentes à subdivisão da classe lavouras
pelo Censo Agropecuário do IBGE de 2006.

Na Região Noroeste Fluminense é verificado 31,25% (13.059 ha) da área abrangendo cultu-
ras permanentes, 28,22% (11.794 ha) temporárias, 40,52% (16.930 ha) culturas forrageiras
para corte, e uma área não expressiva para cultivo de flores, viveiros de mudas, estufas de
plantas e casas de vegetação. Essa alta porcentagem de culturas permanentes é devida a
áreas como as de cafeicultura, sendo o município de Varre-Sai, maior produtor de café do
Estado, possuidor de 90,1% da sua área com lavouras representadas por culturas perma-
nentes.

Tabela 35 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Descrição da


Utilização de Terras com a Subdivisão da Classe Lavouras em Permanentes, Temporárias,
Forrageira para Corte, e Área para Cultivo de Flores, Viveiros de Mudas, Estufas de Plantas e
Casas de Vegetação, 2006
Lavouras
Área para
Cultivo de
Flores,
Área Plantada Viveiros de
Permanentes Temporárias com Forrageiras Mudas,
Municípios
para Corte Estufas de
Plantas e
Casas de
Vegetação
Área Área Área Área
Estab. Estab. Estab. Estab.
(ha) (ha) (ha) (ha)
Estado do Rio de Janeiro 16.109 77.223 24.793 193.451 30.292 76.796 648 1.963
Região Noroeste Fluminense 3 .032 13.059 2.541 11.794 4.141 16.930 5 3
Bom J. do Itabapoana 364 1.376 195 1.791 455 1.215 1 0
Italva 89 267 147 422 261 426 1 0
Itaperuna 218 872 241 1 216 506 1.345 0 0
Laje do Muriaé 59 254 122 516 186 588 0 0
Natividade 44 1.077 81 371 235 1.233 0 0
Porciúncula 1.032 3.497 130 706 186 1.097 0 0
Varre-Sai 576 3.663 104 351 121 51 1 0
Aperibé 17 44 91 266 109 127 0 0
Cambuci 100 391 431 1.750 549 703 1 0
Itaocara 281 442 565 2.837 674 2.255 0 0
Miracema 106 604 88 400 226 5.103 0 0
Santo A. de Pádua 119 527 145 758 396 2.646 0 0
São José de Ubá 27 44 201 410 237 140 1 0
Região Norte Fluminense 3.754 11.480 8488 121.637 9.281 10.956 6 56
Campos dos Goytacazes 1.688 4.245 4.263 79.107 4.516 1.708 3 2
Cardoso Moreira 64 117 134 882 155 107 1 0
São Fidélis 1.252 2.453 1.117 4.715 1.478 7.702 0 0
São F.de Itabapoana 332 1.791 2.371 31.108 2.428 340 1 0
São João da Barra 70 329 288 2.250 294 19 0 0
Carapebus 35 299 32 416 41 66 0 0
Conceição de Macabu 54 228 29 83 73 276 0 0
Macaé 160 1.238 188 1.221 223 529 0 0
Quissamã 99 781 66 1.856 73 208 1 0
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 2006

948 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Muitos municípios dessa Região, também são produtores de culturas temporárias, como o
tomate (em que São José de Ubá é um grande produtor, possuindo 69% de lavouras tempo-
rárias), feijão, abóbora, entre outras.

A maior área cultivada nessa Região foi com forrageiras para corte, 16.930 ha, sendo expli-
cado por a Região possuir uma grande quantidade de animais, principalmente vacas de lei-
te, e ainda com uma estação de secas bem prolongada, necessitando, portanto, de com-
plementação alimentar que é obtida com forrageiras para corte.

Em se tratando da Região Norte, ocorre valores bem diferenciados quanto a distribuição das
áreas com lavoura, possuindo 84,39% (121.637ha) desta área com lavouras temporárias,
7,97% (11.480ha) com lavouras permanentes e 7,6% (10.956ha) com forragens para corte.
Esta posição diferente entre as duas regiões pode ser explicada pelas principais atividades
agrícolas nestas, onde na Região Noroeste destacam-se o café, feijão, hortigranjeiros, etc.
na Região Norte há predominância da cultura da cana-de-açúcar, a qual é classificada pelo
IBGE como temporária. Com isso ocorre essa discrepância de 84,39% e 28,22% de área
com culturas temporárias nas Regiões Norte e Noroeste Fluminense, respectivamente.

Na Tabela seguinte são apresentados os dados referentes a subdivisão da classe pastagem


pelo Censo Agropecuário do IBGE de 2006.

Quanto às subdivisões de pastagem, as Regiões Noroeste e Norte Fluminense são bastante


semelhantes, as pastagens naturais representam 49,3% e 39,1% da área total de pastagem
existente nas Regiões Noroeste e Norte, respectivamente. As pastagens plantadas em boas
condições somam 48,1% e 57,5% para as mesmas Regiões, respectivamente, e as pasta-
gens plantadas e degradadas representam 2,6% e 3,4% dessas áreas nas Regiões Norte e
Noroeste Fluminense, respectivamente.

Os municípios com maior área de pastagem degradada são Itaperuna (1.302ha), Porciúncu-
la (1.397ha), Campos dos Goytacazes (5.083ha), São Fidelis (1.916ha) e São Francisco do
Itabapoana (1.915ha). Porém, o município com maior porcentagem de área de pastagem
degradada é o de Porciúncula, com 11,37% de sua pastagem considerada como degradada.

Tabela 36 - Estado do Rio de Janeiro e Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Descrição da


Utilização de Terras com a Subdivisão da Classe Pastagens Naturais, Plantadas Degradadas,
Plantadas em Boas Condições, 2006
Pastagens
Pastagens Pastagens
Naturais Plantadas Plantadas em Boas
Municípios Degradadas Condições
Área Área Área
Estab. Estab. Estab.
(ha) (ha) (ha)
Estado do Rio de Janeiro 24.132 653.134 1.697 41.028 13.776 588.148
Região Noroeste Fluminense 5.220 139.062 298 7.275 3.573 135.607
Bom Jesus do Itabapoana 305 6.444 20 177 689 25.148
Italva 247 5.382 18 430 126 2.906
Itaperuna 737 30.583 57 1.302 503 24.425
Laje do Muriaé 286 8.771 10 254 145 8.184
Natividade 263 20.778 29 869 206 11.272
Porciúncula 363 6.908 21 1.397 147 3.981
Varre-Sai 192 3.355 4 71 132 3.979
Aperibé 174 3.017 5 93 56 1.365

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 949


(continuação)
Pastagens
Pastagens Pastagens
Naturais Plantadas Plantadas em Boas
Municípios Degradadas Condições
Área Área Área
Estab. Estab. Estab.
(ha) (ha) (ha)
Cambuci 643 15.056 44 944 422 21.325
Itaocara 855 11.951 44 886 574 14.046
Miracema 212 5.995 11 276 172 7.900
Santo Antônio de Pádua 629 15.452 15 403 292 8.900
São José de Ubá 314 5.369 20 174 109 2.176
Região Norte Fluminense 6.717 124.702 517 10.789 4.433 183.117
Campos dos Goytacazes 2.769 40.590 172 5.083 2.523 92.960
Cardoso Moreira 534 18.771 39 691 86 4.776
São Fidélis 1.555 22.210 177 1.916 681 19.596
São Francisco do Itabapoana 796 16.441 79 1.915 597 24.260
São João da Barra 406 6.450 12 109 91 3.060
Carapebus 84 2.753 9 54 31 1.187
Conceição de Macabu 121 2.351 10 71 77 5.228
Macaé 278 10.548 14 528 258 29.859
Quissamã 174 4.588 5 421 89 2.191
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 2006

4.4 Considerações Finais

Os resultados dos trabalhos consultados permitiram constatar diferenças significativas nos


aspectos de uso e ocupação do solo entre as duas regiões fluminenses: Norte e Noroeste,
aspectos principalmente referentes a como cada Região utilizou e vem utilizando suas ter-
ras. Estas Regiões diferenciam-se quanto às áreas de matas e reservas florestais, bem co-
mo para as áreas com ação do homem já instalada.

Deve ser salientado que políticas públicas para o desenvolvimento de cada Região devem
levar em conta as suas particularidades atualizadas, visando aproveitar da melhor forma as
potencialidades e superar as fraquezas de cada uma delas.

5. URBANIZAÇÃO

A urbanização, representada por uma parcela cada vez maior de pessoas vivendo nas cida-
des, é um fato incontestável e que caracteriza todos os países. Nos periféricos, especial-
mente, o aumento de população urbana se fez num ritmo muito acelerado, provocando um
aumento significativo do número e do tamanho das cidades.

O Brasil, naturalmente, apresentou o mesmo comportamento, caracterizando-se por expres-


sivos índices de crescimento de população urbana.

Entre 1940 e 1970, a população urbana cresceu 4,1 vezes, passando de 12,9 para 52,9 mi-
lhões de pessoas e no intervalo de 1970 e 1991, este total praticamente dobrou, ao atingir
cerca de 111 milhões de pessoas vivendo nas cidades7.

7
O conceito de população urbana adotado neste trabalho é o mesmo do IBGE ( a população urbana é formada
pelos moradores das sedes distritais do município, incluindo o distrito sede), reconhecendo que o mesmo pode
ser interpretado de outra forma
950 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
No Estado do Rio de Janeiro, o processo de urbanização também se deu de uma maneira
rápida, especialmente nas três últimas décadas, onde a população rural foi praticamente
reduzida pela metade.

Em 1970, a população rural era de 1.088.656 habitantes passando em 1996 para 599.891
habitantes, ou seja, uma redução de quase 50%.

O índice de urbanização do Estado do Rio de Janeiro é alarmante chegando a 95,53% de


acordo com a contagem de população de 1996/2007, ou seja, a população rural é ínfima no
Estado.

No entanto, devemos considerar que no interior do Estado - Regiões Norte e Noroeste- o


processo de urbanização possui peculiaridades que divergem, em alguns aspectos, das ca-
racterísticas gerais do Estado do Rio.

O estudo específico das características da urbanização das Regiões Norte e Noroeste Flu-
minense é o objeto desta análise no período de 1970 até 2000.

As Regiões Norte e Noroeste Fluminense são constituídas por 22 municípios com uma área
total de 15.143,6 km2 (34,4 % da área total do Estado), e uma população total de 828.377
habitantes (5,7% do total da população do Estado) o que corresponde a uma densidade
demográfica de 54,7 hab/km², bem inferior à densidade demográfica do Estado que é de
327,1 hab/km².

Estudar a relação entre a dinâmica, ou seja, como vem ocorrendo o crescimento populacio-
nal da região e a estrutura da rede de cidades adquire relevância, pois como afirma COR-
REA (1989): “estabelece-se uma relação entre tamanho das cidades de uma rede urbana e
certos aspectos da vida econômica e social, tais como o desenvolvimento e sua difusão es-
pacial, a integração nacional e a existência de desequilíbrios internos.

O pressuposto desta relação reside no fato de que é através das cidades que as ligações
econômicas, internas e externas, se realizam, delas derivando o desenvolvimento: o tama-
nho das cidades aparece então como uma expressão do desenvolvimento”.

Tem sido uma preocupação histórica dos analistas urbanos, de várias ciências, a busca de
relação causal entre cidades e desenvolvimento, entre os quais podemos lembrar o pioneiro
estudo de Christaller, sobre a Teoria dos Lugares Centrais (Apud, Bradford & Kent: 1987).

Esta análise faz opção por valorizar os aspectos positivos da relação entre cidade e desen-
volvimento, de acordo com os estudos de Rondinelli (1983), segundo o qual, um sistema
eficiente de cidades intermediárias ligadas aos grandes e pequenos centros e a uma rede
de serviços rurais e de mercados urbanos, pode trazer uma contribuição importante para
gerar e difundir o crescimento econômico regional.

Para que isto se cumpra, uma região qualquer deve ter uma rede urbana bem estruturada,
com uma hierarquia equilibrada, com uma adequada distribuição espacial, e com níveis de
interação que complementem as atividades.

As cidades entendidas na sua concepção e finalidade precípua de servirem de pólos difuso-


res de inovações e de fonte geradora de empregos, de oferta, bens e serviços que possam
melhorar a qualidade de vida da população, conforme a concepção original da Teoria dos
Pólos de Desenvolvimento, (Perroux, 1960) no qual as criações de pólos regionais serviriam
como bases centrais do desenvolvimento.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 951


Entender a dinâmica e a estrutura da rede de cidades de qualquer região é, portanto, uma
tarefa fundamental para qualquer pesquisa que vise o conhecimento deste espaço e a ela-
boração de uma proposta de desenvolvimento urbano e regional.

Isto se torna mais verdadeiro no contexto atual da globalização, que faz reviver a importân-
cia do local frente ao global.

Os indicadores sócio-econômicos do Norte e Noroeste Fluminense demonstram uma situa-


ção de inferioridade relativamente às outras regiões do Estado faltando uma análise mais
detalhada da rede de cidades, com dados de crescimento, distribuição por faixas de tama-
nho populacional, e distribuição por ordem-tamanho e a distribuição espacial, que é o que
este texto apresenta, sob a forma de dados organizados em representações, acompanha-
dos de explicações.

5.1 Grau de Urbanização

Este indicador mostra a porcentagem de população classificada como urbana, de acordo


com o critério do IBGE, sem outras considerações conceituais.

Tabela 37 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Grau de Urbanização dos Municípios, 1970,
1980, 1991, 2000
1970 1980 ∆ 1991 ∆ 2000 ∆ 1970 a 2000
Municípios (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) ∆ (%)
Campos dos
58,8 60,8 2 84,5 23,7 89,4 4,9 30,6
Goytacazes
Cardoso Moreira 24,8 27,8 3 52,1 24,3 63,8 11,7 39,0
São Fidélis 33,5 43,5 10 64,0 20,5 72,1 8,1 38,6
São Francisco do
6,8 26,3 19,5 39,1 12,8 46,6 7,5 39,8
Itabapoana
São João da Barra 44,5 61,9 17,4 70,1 8,2 70,7 0,6 26,2
Macaé 73,8 82,4 8,6 91,7 9,3 95,1 3,4 21,3
Quissamã 28,2 33,6 5,4 42,1 8,5 56,3 14,2 21,1
Carapebus 28,9 43,4 14,5 47,1 3,7 79,3 32,2 50,4
Conceição de
63,1 70,9 7,8 82,4 11,5 88,1 5,7 25,0
Macabu
Itaperuna 50,3 61,6 11,3 79,1 17,5 89,2 10,1 38,9
Bom Jesus do
44,7 59,9 15,2 70,9 11 81,5 10,6 36,8
Itabapoana
Italva 26,1 30,3 4,2 49,7 19,4 69,9 20,2 43,8
Laje do Muriaé 22,5 37,3 14,8 50,9 13,6 71,0 20,1 48,5
Natividade 39,3 49,0 9,7 67,0 18 77,6 10,6 38,3
Varre-Sai 25,0 28,8 3,8 32,5 3,7 52,6 20,1 27,6
Porciúncula 45,8 54,5 8,7 65,4 10,9 75,3 9,9 29,5
Santo Antônio de
45,1 58,3 13,2 71,0 12,7 76,0 5,0 30,9
Pádua
Aperibé 32,2 53,3 21,1 65,2 11,9 85,3 20,1 53,1
Cambuci 32,3 40,6 8,3 50,6 10 67,8 17,2 35,5
São José de Ubá 17,2 22,6 5,4 29,4 6,8 36,0 6,6 18,8
Itaocara 25,7 43,4 17,7 58,8 15,4 69,2 10,4 43,5
Miracema 25,7 75,5 49,8 83,5 8 88,8 5,3 63,1
Regiões Norte e
47,9 56,9 9,0 75,8 18,9 83,3 7,5 35,4
Noroeste Fluminense
Fonte: IBGE. Censos Demográficos, 1970, 1980, 1991. Elaboração do Autor.

952 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Fica claro que somente a partir de 1980 as Regiões Norte e Noroeste Fluminense passaram
a ter a maior parte de sua população urbana (56,9%)8.
A partir de então este índice subiu para 75,8% em 1991 e depois a 83,3% em 2000, índice
semelhante ao do Brasil e que em princípio, é exagerado, considerando as características
econômicas regionais, com base em atividades agropecuárias.
Os dados nos permitem distinguir os municípios muito urbanizados (acima da média regio-
nal), como Campos dos Goytacazes com 89,4% de população urbana; Conceição de Maca-
bu com 88,1%; Aperibé com 85%; Macaé com 95,1%; Itaperuna com 89,2% e Miracema
com 88,8%; assim como os municípios com grau de urbanização pequeno, como São Fran-
cisco do Itabapoana com 46,6% e São José de Ubá com apenas 36% da população urbana
em 2000.
5.2 As Cidades por Faixas de População
Tendo em vista este comportamento da população total, urbana e rural nas regiões e muni-
cípios, a população das cidades do Norte e Noroeste Fluminense (distritos sedes) passa a
ser examinado sob a forma de estratos por tamanho das cidades, no sentido de se avaliar o
processo de seu crescimento no período.
A Tabela seguinte nos fornece os dados de população das cidades em 1970, 1980, 1991 de
acordo com os Censos Demográficos do IBGE. Campos dos Goytacazes lidera o “ranking”
regional em todos os anos com uma população de 277.705 habitantes em 1991. Na outra
ponta da listagem em contrapartida situam-se as pequenas cidades com população inferior
a 5.000 habitantes, demonstrando um índice de primazia muito acentuado de Campos dos
Goytacazes, ou seja, uma relação de ordem-tamanho muito irregular, o que representa um
problema de organização regional.
Tabela 38 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, População dos Municípios, 1970, 1980, 1991
População População População Ordem
Municípios
1970 1980 1991 Tamanho
Campos dos Goytacazes 153.215 178.457 277.705 1º
Cardoso Moreira 3.995 3.686 5.957 15
São Fidélis 8.266 11.730 15.925 7
São Francisco do Itabapoana 770 4.261 6.564 13
São João da Barra 5.066 8.789 11.707 9
Macaé 29.293 39.625 57.658 2
Quissamã 2.796 3.240 4.410 16
Carapebus 2.362 2.967 3.416 20
Conceição de Macabu 7.130 9.448 13.785 8
Itaperuna 36.581 34.592 55.476 3
Bom Jesus do Itabapoana 11.027 14.784 18.908 5
Italva 3.970 3.907 6.352 14
Laje do Muriaé 1.933 2.806 3.804 18
Natividade 5.079 6.146 8.618 11
Varre-Sai 1.329 1.751 2.315 21
Porciúncula 5.060 6.379 8.493 12
Santo Antônio de Pádua 9.829 13.378 18.407 6
Aperibé 1.416 2.637 4.372 17
Cambuci 2.299 2.695 3.573 19
São José de Ubá 1.171 1.387 1.781 22
Itaocara 3.495 6.546 10.085 10
Miracema 12.751 15.519 19.395 4
Total 308.833 374.730 558.706 22
Fonte: IBGE. Censos Demográficos, 1970, 1980, 1991. Elaboração dos Autores.
8
Um atraso de cerca de 20 anos em relação à mudança estrutural ocorrida no Brasil que a partir dos anos 60
passa a ter maioria de população vivendo em cidades.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 953
Considerando-se apenas a segunda cidade em tamanho populacional, Macaé com 57.658
em 1991 verificamos que Campos dos Goytacazes tinha quase cinco vezes mais população
que Macaé. Esse desequilíbrio de tamanho demográfico indica uma rede urbana muito pola-
rizada por estas cidades maiores, cuja influência sobre as pequenas cidades vai se fazer de
forma inibidora. Óbvio que uma distribuição mais equilibrada de população por cidades, a-
presenta aspectos bem mais favoráveis ao desenvolvimento regional.

Em 1970 as Regiões tinham 11 cidades com mais de 5.000 habitantes, o que representava
50% do total das cidades, e que concentravam apenas 8,2% da população urbana. Campos
dos Goytacazes com 153.215 habitantes em 1970 representava 49,6% de toda a população
urbana. A rede urbana intermediária, compreendendo as cidades de 10 a 40 mil habitantes
totalizava apenas 4 cidades, ou 18% do total, representando 29,1 de população.

Em 1980 o grupo de cidades pequenas diminuiu de número, passando para 10 cidades e a


participação no total diminuiu para 7,8%, o mesmo ocorrendo com Campos dos Goytacazes
cuja participação no total da população passa para 47,6%. Em compensação a rede de ci-
dades intermediárias, soma 6 cidades o que equivale a 27,2% do total e 34,5% de popula-
ção.

Em 1991, a situação geral era a seguinte: 7(sete) cidades pequenas com menos de 5.000
habitantes representando 31,8% do número e apenas 4,2 de população; 14 (quatorze) cida-
des tinham entre 5 e 60 mil habitantes representando 63,7% do número e 46,1% do total da
população. Campos dos Goytacazes recupera terreno e aumenta a sua participação no total
para 49,7%. Seguida por Macaé que participou com 10,3% da população urbana total.

Em síntese tem-se um grande número de pequenas cidades com pouca população e uma
concentração de população em poucas cidades médias, e a primazia de duas grandes cida-
des.

Tabela 39 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Nas Datas dos Censos, Segundo Faixas de
Tamanho de População, 1970, 1980, 1991
Número População
Grupo de Habitantes
1970 1980 1991
1970 1980 1991
De 0 a 5.000 11 10 7 25.536 29.337 23.671
De 5.000 a 10.000 6 5 5 40.430 37.308 35.984
De 10.000 a 15.000 2 3 3 23.778 39.892 35.577
De 15.000 a 20.000 - 1 4 - 15.519 72.635
De 20.000 a 25.000 - - - - - -
De 25.000 a 30.000 1 - - 29.293 - -
De 30.000 a 35.000 1 - - 34.592 -
De 35.000 a 40.000 1 1 - 36.581 39.625 -
De 40.000 a 60.000 2 - - 113.134
De 150.000 a 300.000 1 1 1 153.215 178.457 277.705
Total 22 22 22 308.833 374.730 558.706
Fonte: IBGE. Censos Demográficos. 1970, 1980, 1991. Elaboração dos Autores.

Tabela 40 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Situação Por Faixa de Tamanho, 1970 - 1980
e 1980 - 1991
1970/1980 1980/1991
Grupo de Habitantes
Número População Número População
De 0 a 5.000 Diminuiu Aumentou Diminuiu Diminuiu
De 5.000 a 10.000 Diminuiu Diminuiu Constante Diminuiu
954 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
(continuação)
1970/1980 1980/1991
Grupo de Habitantes
Número População Número População
De 10.000 a 15.000 Aumentou Aumentou Constante Diminuiu
De 15.000 a 20.000 Aumentou Aumentou Aumentou Aumentou
De 20.000 a 25.000 Constante Constante Constante Constante
De 25.000 a 30.000 Diminuiu Diminuiu Constante Constante
De 30.000 a 35.000 Aumentou Aumentou Diminuiu Diminuiu
De 35.000 a 40.000 Constante Aumentou Diminuiu Diminuiu
De 40.000 a 60.000 Constante Constante Aumentou Aumentou
De 150.000 a 300.000 Constante Aumentou Constante Aumentou
Fonte: Elaboração dos Autores.

As cidades classificadas em 10 estratos de tamanho possibilitam uma visão mais agregada


do conjunto dos 22 municípios. No entanto, o que se percebe é um desequilíbrio, o que se
caracteriza em um problema para o desenvolvimento regional, pois desequilíbrio de qual-
quer natureza é um fator de desorganização espacial. As cidades pequenas (até 5.000 habi-
tantes) estão diminuindo em número e população, sendo que a faixa de 15 a 20 mil habitan-
tes foi a que mais cresceu em número e população.

Tabela 41 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Participação Relativa das Cidades por Faixa
de População, 1970, 1980, 1991
1970 1980 1991
Grupo de
Número População Número População Número População
Habitantes
sim-
simples acum. acum. simples acum. simples acum. simples acum. simples acum.
ples
De 0 a 5.000 50.0 - 8.2 - 45.5 - 7.8 - 31.8 - 4.2 -
De 5.000 a
27.3 77.3 13.1 21.3 22.8 68.3 9.9 17.7 22.8 54.6 6.5 10.7
10.000
De 10.000 a
9.2 86.5 7.7 29.0 13.7 82.0 10.7 28.4 13.7 68.3 6.4 17.1
15.000
De 15.000 a
- - - - 4.5 86.5 4.2 32.6 18.1 86.4 13.0 30.1
20.000
De 20.000 a
- - - - - - - - - - - -
25.000
De 25.000 a
4.5 91.0 9.5 38.5 - - - - - - - -
30.000
De 30.000 a
- - - 4.5 91.0 9.2 41.8 - - - -
35.000
De 35.000 a
4.5 95.5 11.9 50.4 4.5 95.5 10.6 52.4 - - - -
40.000
De 40.000 a
- - - - - - - - 9.1 95.5 20.2 50.3
60.000
De 150.000 a
4.5 100.0 49.6 100.0 4.5 100.0 47.6 100.0 4.5 100.0 49.7 100.0
300.000
Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0
Fonte: Elaboração dos Autores.

Tabela 42 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Evolução da População por Grupos de Habi-
tantes, 1970 - 1980 e 1980 - 1991
Período 1970/1980 Período 1980/1991
Grupo de Habitantes
Incremento % Incremento %
De 0 a 5.000 3.801 5.8 -5.666 -3.1
De 5.000 a 10.000 -3.122 -4.7 -1.324 -0.2
De 10.000 a 15.000 16.114 24.4 -4315 -2.4
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 955
(continuação)
Período 1970/1980 Período 1980/1991
Grupo de Habitantes
Incremento % Incremento %
De 15.000 a 20.000 15.519 23.5 57.116 31
De 20.000 a 25.000 - - - -
De 25.000 a 30.000 -29.293 -44.4 - -
De 30.000 a 35.000 34.592 52.4 -34.592 -18.9
De 35.000 a 40.000 3.044 4.6 -39.625 -21.7
De 40.000 a 60.000 - - 113.134 61.4
De 150.000 a 300.000 25.242 38.3 99.248 53.9
Total 65.897 100.0 558706 100.0
Fonte: Elaboração dos Autores.

Analisando das Tabelas, observam-se os estratos reportando as faixas da população, real-


çando a positiva evolução de faixas de cidades de 15 a 20 mil habitantes, cuja participação
na população foi de 23,5% entre 1970/1980, passando para 31% entre 1980/1991, e as de
mais de 40 mil habitantes.

5.3 Destaques

Em termos individuais algumas cidades se destacaram nas décadas estudadas, pelo seu
expressivo e constante crescimento.

• na década de 70/80 – destaca-se a cidade de São Francisco de Itabapoana com


um crescimento de 453.3%, podemos também destacar as cidades de Aperibé
(86.2%) e Itaocara com (87.2%).
• na década de 80/91 – podemos notar que não há um destaque especifico, as ci-
dades mantém um crescimento médio de 42.5%.

• no período total, que vai de 1970 a 1991, podemos destacar as cidades de São
Francisco de Itabapoana com um crescimento de 752.4%, em segundo Aperibé
com 208.7%, em terceiro Itaocara com 188.5% e em quarto São João da Barra
(131.0%). O que significa um crescimento acima da média total dos municípios
que é 80,9%.

• em situação oposta podemos identificar as cidades que tiveram um crescimento


abaixo da média regional, Cardoso Moreira, Quissamã, Carapebus, Varre-Sai,
Itaperuna, Bom Jesus de Itabapoana, Italva, Natividade, Porciúncula, Cambuci,
São José de Ubá e Miracema.

Tabela 43 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, População e Evolução das Cidades no Perí-
odo de 1970 – 1991
Taxa de Crescimento
Municípios Região 1970 1980 1991
1970/80 1980/91 1970/91
Campos dos Goytacazes III 153.215 178.457 277.705 16.4 55.6 81.2
Cardoso Moreira III 3.995 3.686 5.957 -7.7 61.6 49.1
São Fidélis III 8.266 11.730 15.925 41.9 35.7 92.6
São Francisco do
III 770 4.261 6.564 453.3 54.0 752.49
Itabapoana

9
São Francisco de Itabapoana: os distritos de Barra Seca, Itabapoana e Maniva até o censo de 1991 eram distri-
tos do Município de São João da Barra
956 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
(continuação)
Taxa de Crescimento
Municípios Região 1970 1980 1991
1970/80 1980/91 1970/91
São João da Barra III 5.066 8.789 11.707 73.4 33.2 131.0
Macaé III 29.293 39.625 57.658 35.2 45.5 96.8
Quissamã III 2.796 3.240 4.410 15.8 36.1 57.7
Carapebus III 2.362 2.967 3.416 25.6 35.5 44.6
Conceição de Macabu III 7.130 9.448 13.785 35.5 45.9 93.3
Itaperuna II 36.581 34.592 55.476 -5.4 60.3 51.6
Bom Jesus do Itabapoana II 11.027 14.784 18.908 34.0 27.8 71.4
Italva II 3.970 3.907 6.352 -1.5 62.5 60.0
Laje do Muriaé II 1.933 2.806 3.804 45.1 35.5 96.7
Natividade II 5.079 6.146 8.618 21.0 40.2 69.6
Varre-Sai II 1.329 1.751 2.315 31.7 32.2 74.1
Porciúncula II 5.060 6.379 8.493 26.0 33.1 67.8
Santo Antônio de Pádua II 9.829 13.378 18.407 36.1 37.5 87.2
Aperibé II 1.416 2.637 4.372 86.2 65.7 208.7
Cambuci II 2.299 2.695 3.573 17.2 32.5 55.4
São José de Ubá II 1.171 1.387 1.781 18.4 28.4 52.0
Itaocara II 3.495 6.546 10.085 87.2 54.0 188.5
Miracema II 12.751 15.519 19.395 21.7 24.9 52.1
Total 308.833 374.730 558706 21.3 49.0 80.9
Fonte: Elaboração dos Autores.

5.4 Resultados Parciais

As características da rede urbana das Regiões Norte e Noroeste Fluminense guardam se-
melhanças com outras regiões do estado, ou seja, apresentam certa normalidade.

Entre 1970 e 2000, de acordo com os dados dos Censos do IBGE, a população urbana au-
mentou muito acima da média e do índice de população total. Em contrapartida ocorreu uma
diminuição constante de população rural o que se caracteriza como uma tendência geral,
mas que nestas regiões tem um significado especial, considerando as suas características
rurais.

Ficou patente também o desequilíbrio da rede urbana na qual se destaca a cidade de Cam-
pos dos Goytacazes com um tamanho demográfico muito superior ao das outras cidades, e
mesmo da segunda cidade na hierarquia (Macaé).

Assim, das 22 cidades analisadas, podemos considerar que a maioria absoluta é formada
de pequenas comunidades, em processo constante de esvaziamento populacional, com
raras exceções.

Sendo assim, podemos afirmar, com base nos antecedentes teóricos, que a rede urbana
das Regiões Norte e Noroeste Fluminense, é muito mais um entrave ao desenvolvimento
regional, uma vez constituída de cidades parasitas, e não por cidades promotoras, ou seja, o
grau de relação é sempre numa escala negativa para a maior parte dos municípios. O que
ocorre na verdade é que a população de muitos dos municípios depende diretamente dos
municípios maiores, uma dependência dos serviços diretos de saúde, educação, comércio,
serviços bancários e outros.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 957


A diferença de tamanho entre as pequenas e as grandes cidades da Região (índice de pri-
mazia de Campos dos Goytacazes e Macaé) tende a aumentar com o tempo, reforçando o
poder de polarização destes dois centros regionais.

5.5 Hierarquia Urbana da Região Norte e Noroeste Fluminense

Em complementação, avalia-se a dinâmica espacial da rede urbana da Região Norte e No-


roeste Fluminense, com os seguintes objetivos:

• conhecer como se acha estruturado o sistema urbano da Região Norte e Noroeste Flu-
minense e os subsistemas que a integram;
• identificar a distribuição regional dos centros, delimitar os espaços de relações e hierar-
quizar os centros;
• identificar os fatores que explicam a estrutura atual;
• identificar as deficiências dessa estrutura;
• verificar as mudanças mais recentes ocorridas na rede urbana.
Este tipo de informação constitui uma contribuição valiosa para a elaboração e implementa-
ção das políticas de desenvolvimento urbano e regional, fornecendo também um subsídio
importante às Municipalidades, no momento de planejar o futuro.

Considerando-se a Região Norte e Noroeste Fluminense como um espaço em organização,


caracterizado por um conjunto de localizações que estão inter-relacionadas, torna-se mais
fácil entender a relevância de um estudo que objetiva distinguir os subsistemas urbanos,
identificar seus centros nodais e caracterizar a intensidade de suas interações.

Para tanto, os estudos de fluxos são mais representativos, pois, de acordo com Carlos Mau-
rício FERREIRA10:
“as decisões tomadas pelos indivíduos e que se materializam em su-
as ações e atividades são produto de um fluxo de informações que
recebem continuamente e que trocam uns com os outros. Os indiví-
duos necessitam, então, de estar sempre em comunicação, para o
exercício das diversas atividades humanas, o que, inevitavelmente,
gera diversas relações de interdependência diretas e indiretas entre
estas atividades”.

5.5.1 Antecedentes

Cada vez mais se consolida, na Ciência Geográfica e na Economia Regional, a necessidade


de se analisarem os fenômenos sócio-econômicos em seu contexto espacial, através de
uma visão global e integrada.

Esta tendência viu-se facilitada e influenciada pelo desenvolvimento da análise de sistemas,


o qual permitiu que grande parte dos fenômenos sócio-econômicos possam ser expressos,
em seu contexto espacial, como conjuntos de elementos e relações, integrados em siste-
mas.

10
FERREIRA, Carlos Maurício de Carvalho. Um Estudo de Regionalização do Estado de Minas Gerais por um
Modelo de Potencial. CEDEPLAR, Monografia nº3. Belo Horizonte, 1971.

958 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Sabe-se, por outro lado, que as atividades econômicas e a população não se distribuem de
maneira homogênea no espaço. Algumas localidades destacam-se por sua maior concen-
tração econômica e demográfica, desempenhando o papel de pólos de desenvolvimento, ou
lugares centrais, para usar duas denominações mais conhecidas, pelos estudiosos do tema.

A estrutura espacial de uma área geográfica é caracterizada, portanto, por uma organização
hierárquica de centros que se acham estreitamente inter-relacionados, e com uma racionali-
dade baseada em princípios de complementaridade, como tratado por Christaller em sua
“Teoria dos Lugares Centrais”.

A aceitação da falta de uniformidade na economia espacial e da existência de interação en-


tre os centros do espaço considerado, conduz ao conceito de regiões nodais ou polarizadas,
o que se subentende como uma estrutura hierarquizada.

O reconhecimento de que tanto a estrutura hierárquica dos nódulos (cidades), como suas
relações de interdependência diretas e indiretas têm significado econômico e são relevantes
para o estabelecimento de uma estratégia de desenvolvimento regional, fez com que se de-
senvolvessem alguns modelos e técnicas específicas para a análise de polarização.

Uma técnica útil para a identificação da estrutura hierárquica dos nódulos é a análise de
grafos116. Esta técnica permite quantificar o grau de associação entre ares de centros popu-
lacionais, a fim de identificar as redes de mais forte associação.

Esta intensidade é medida pela direção e magnitude de fluxos de diversas naturezas: fluxos
de comunicação, fluxos de população, fluxos financeiros e fluxos de recursos produtivos.

Neste trabalho utilizar-se-á a técnica de grafos e fluxos de comunicação, especificamente as


ligações telefônicas interurbanas, como indicador para a análise da estrutura espacial da
Região Norte e Noroeste Fluminense. Esta metodologia já foi testada em Minas Gerais, re-
sultando no estudo “Hierarquia Urbana de Minas Gerais- variável fluxos telefônicos”, publi-
cado pelo Instituto de Geociências Aplicadas (IGA) em 1985. Estudo análogo foi realizado
para o Estado de São Paulo, com resultados satisfatórios em termos de regionalização, o
que de certa forma se constitui em mais um subsídio12. O método de análise empregado é
indireto e utiliza como indicador as ligações telefônicas interurbanas, realizadas no mês de
outubro, considerado como típico pela EMBRATEL (Empresa Brasileira de Telecomunica-
ções), que teve a gentileza de fornecer a base de dados necessária. O uso das ligações
telefônicas como indicador para a análise regional é comumente adotado pelos analistas,
devido à relativa facilidade de obtenção de dados junto às companhias telefônicas e ao seu
elevado grau de confiabilidade e de representatividade quanto ao nível de interação dos
centros urbanos.

Apesar destes fatores favoráveis, cabem aqui algumas observações a respeito das dificul-
dades iniciais encontradas na manipulação dos dados.

A cidade de São João da Barra não foi contemplada pela análise devido a questões técnicas
e operacionais da EMBRATEL.

11
NYSTEN, J.D. e DACEY M. F. A. Graph Theory Interpretation of nodal Regions, Papers an Proceedings of the
Regional Science Association, vol.7, 1991, 9.29-42; e BOUDEVILLE, J. R.. Problems of Regional Economic
Planning. Edinburgh University Press, 1966.
12
ROCHA, Roberto Vasconcelos Moreira. Subsídios à Regionalização e Classificação Funcional das cidades:
Um Estudo de Cãs – Estado de São Paulo.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 959
Outra observação que deve ser registrada é que a análise não extrapolou, de forma consis-
tente, o âmbito territorial do Estado do Rio de Janeiro, dada à impossibilidade de se obterem
dados relativos aos estados vizinhos. De qualquer maneira, com base nos dados fornecidos
pela EMBRATEL, foi feita uma tentativa de identificar vínculos externos da região, com ou-
tras cidades do Rio de Janeiro localizadas em outras regiões. Também foi feita uma investi-
gação da relação com as capitais vizinhas, através também dos fluxos telefônicos. Desta
forma, o estudo apresenta certa limitação, na medida em que não se identificam as relações
das cidades fluminenses da Região Norte e Noroeste, com cidades de outros estados, o que
poderia elucidar algumas articulações da rede urbana, fora do território fluminense.

A partir do estabelecimento destas premissas, foram elaboradas as matrizes primária e se-


cundária, seguindo a técnica de análise de grafos (“first linkage analysis”)13, que permite
representar os fluxos sob a forma de uma matriz. No caso específico deste estudo, foram
registrados os totais de ligações telefônicas originadas em uma cidade, durante o período
analisado, de tal modo que, ao final, cada elemento da matriz definia um fluxo Fij, originado
na cidade “i”, com destino à cidade “j”.

Em continuação, construiu-se uma nova matriz (a partir da matriz principal), na qual se iden-
tificou o maior fluxo registrado, considerando-se, em princípio, todos os outros fluxos como
nulos.

Esta matriz foi representada graficamente, mediante uma rede de pontos e linhas, sendo
que os pontos representam as cidades e as linhas e as intensidades e a direção da cone-
xão: ou seja, haverá uma linha ligando a cidade “i” à cidade “j” somente se o fluxo “Fij” esti-
ver registrado na matriz secundária. A representação gráfica da matriz secundária obedeceu
aos seguintes princípios149:

Independência: um nódulo é independente quando seu maior fluxo, selecionado, é para ci-
dade menor, e subordinado quando seu maior fluxo é para a cidade maior15.

Transitividade: se “C” estiver subordinado a “B”, e “B” subordinado a “A”, então “C” está
também subordinado a “A”;

Subordinação: uma cidade não pode ser subordinada a nenhuma outra que já lhe esteja
subordinada; ou seja, o dígrafo é acíclico;

Este tipo de situação exige uma análise mais cuidadosa e, em certo sentido, maior maleabi-
lidade científica, para se chegar a uma nodalização mais racional, lançando mão de outros
recursos metodológicos como, por exemplo, o de proximidade.

5.5.2 Classificação Hierárquica dos Centros e Áreas de Influência

Depois de seguir os passos metodológicos mencionados, chegou-se a uma estrutura de


regiões nodais, conforme mostra o cartograma a seguir.

Esta organização espacial mostrou-se bastante representativa, na medida em que confirmou


as impressões recolhidas nos trabalhos de campo realizados na Região, e coincidiu com os
resultados de outras análises da rede urbana fluminense.

13
BOISER, Sérgio. Técnicas de Análisis Regional com Información Limitada. ILPES, Santiago do Chi1le, 1980,
p. 122-123 e RICHARDSON, Harry W., op. Cit., p. 62-63.
14
FERREIRA, Carlos M. C., op. Cit., p. 62-63.
15
“Estabeleceu-se que uma cidade (A) seria maior que outra cidade (B), sempre que a população de “A” fosse
pelo menos 20% maior que a população de “B”“.
960 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Depois de desenhados os centros nodais e delimitadas as suas respectivas áreas de influ-
ência, o passo seguinte foi o de estabelecer uma ordem hierárquica para os centros, consi-
derando o número total de chamadas telefônicas recebidas pelos centros, proveniente das
cidades polarizadas por ele; número de cidades polarizadas; e população urbana.

Tabela 44 – Regiões Norte e Noroeste, Cidades Polarizadas

Nº. de População População


Nº. de Nº. de
Municípios Cidades da Sede Polarizada
Ordem Chamadas
Polarizadas 2000 (1) 2000 (2)
1 Campos dos Goytacazes 172.786 7 364.177 323.538
3 Itaperuna 76.143 7 77.738 118.092
2 Macaé 106.727 3 126.007 41.122
4 Santo Antônio de Pádua 35.807 2 29.415 50.067
5 Itaocara 16.540 1 15.928 8.018
Elaboração do autor, a partir de IBGE, 2000.
Como se visualiza há cinco centros polarizadores na Região Norte e Noroeste Fluminense,
ou seja, cidades que servem de centro para, pelo menos, uma cidade menor que ela. Pela
relação ordenada podemos identificar um primeiro nível de centro, no qual se destacam as
cidades de Campos dos Goytacazes e Itaperuna com sete (7) centros polarizados. Ocupan-
do a primeira uma posição de destaque, polarizando uma população de 322.302 habitantes.

A cidade de Macaé ocupa um segundo nível, sendo centro para três (03) cidades menores,
seguida de outros centros que polarizam um (1) município cada.

Os três gráficos a seguir indicam: o primeiro auxilia na visualização do número de cidades


polarizadas por cada município; o segundo gráfico nos mostra o número da população pola-
rizada. O último é uma visualização geral das duas coordenadas conjugadas.

Gráfico 7 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Número de Cidade Polarizadas

Nº de cidades polarizadas
nº de cidades polarizadas

8
7
6
5
4
3
2
1
0

cidades

Fonte: EMBRATEL, 2000. Elaboração dos autores.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 961


Gráfico 8 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, População Polarizada

350.000
população polarizada

300.000 População
250.000 polarizada:

200.000
150.000
100.000
50.000
0

cidades

Fonte: EMBRATEL, 2000. Elaboração dos autores.

Este Gráficos mostram uma dispersão ordenada dos centros, com base na correlação de
duas variáveis: número de cidades polarizadas e número de chamadas. Num primeiro nível
de polarização estão as cidades de Campos dos Goytacazes e Itaperuna. Cada uma servin-
do de centro para outras sete (7) cidades. Num segundo nível, encontra-se a cidade de Ma-
caé polarizando três (3) cidades da Região avaliada. Num terceiro nível, temos as cidades
de Santo Antônio de Pádua e Itaocara servindo de centro, para pelo menos, uma cidade
menor.

Gráfico 9 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Fluxos de Telefonia Interurbana (Principais


Fluxos)
200.000

180.000

160.000

140.000

120.000

100.000

80.000

60.000

40.000

20.000

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8

Nº de Cidades Diretamente P o larizadas

Fonte: EMBRATEL, 2000. Elaboração dos autores.


Verifica-se agora, através de Mapas, os pólos regionais. No Mapa seguinte figura a forma-
ção desses pólos. No Mapa posterior, a demonstração das relações intermunicipais excluin-
do Campos dos Goytacazes.

962 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Mapa 5 – Regiões Norte e Noroeste, Fluxo e Polarização (incluindo Campos dos Goytacazes)

Fonte: EMBRATEL
Mapeamento Temático UENF/LEEA/SEUR, DUARTE, 2002.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 963


Mapa 6 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Fluxo Telefônico (excluindo Campos dos Goy-
tacazes)

Fonte: EMBRATEL
Mapeamento Temático UENF/LEEA/SEUR, DUARTE, 2002
964 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
5.5.3 Os Centros e Suas Áreas de Influência
Analisando-se os mapas anteriores, podemos identificar as seguintes regiões polarizadas:
1- A região de Campos dos Goytacazes – esta região é formada por sete (7) centros meno-
res diretamente vinculados a Campos, totalizando uma população de 322.022 em 2000.
2- A região de Itaperuna – assim como a região de Campos dos Goytacazes, é formada por
sete (7) centros menores que possuem vinculação direta. Esta região polariza uma popula-
ção de 125.557 habitantes em 2000. Podemos observar que a população polarizada é me-
nor que a metade da população polarizada por Campos dos Goytacazes. A região de Itape-
runa polariza o mesmo número de cidades, porém são cidades que possuem um número
menor de habitantes. Campos dos Goytacazes polariza também sete (7) cidades, tendo es-
sas um número maior de habitantes.
3- A região de Macaé – localizada ao sul da região de estudo, funciona como centro polari-
zador para três (3) municípios de forma direta: Quissamã, Carapebus e Conceição de Ma-
cabu; totalizando 41.025 habitantes em 2000.
4- A região de Santo Antônio de Pádua – esta cidade serve como centro para uma outra
cidade apenas: Itaocara. Assim sendo, a população polarizada é o igual ao número de habi-
tantes do município: 22.999 em 2000.
5- A região de Itaocara – semelhante à região citada acima, esta cidade é centro para ape-
nas uma outra cidade: Aperibé, localizada ao noroeste da região estudada.
6- O caso extra, ou sem polarização definida, é o da cidade de São Francisco do Itabapoa-
na. Os dados deste município não estavam disponíveis pela EMBRATEL. No entanto, com
base nos critérios de proximidade e pelo poder de Campos, chegamos a conclusão de que
São Francisco é polarizada por Campos dos Goytacazes. Outros fatores que nos auxiliaram
na chegada dessa conclusão foram: posição geográfica e ligação asfáltica.
5.6 As Relações Externas
Para completar essa análise, de acordo com as disponibilidades e limitações dos dados da
EMBRATEL, procurou-se identificar alguns elos de interação da região Norte e Noroeste
Fluminense com outros espaços externos, conforme a tabela que vem a seguir.

Tabela 45 - Totais de Ligações Telefônicas do Conjunto de Municípios da Região Norte e No-


roeste Fluminense para a Capital do Estado do Rio de Janeiro e para as Capitais Vizinhas
Origem Destino
Principais UFs Número de Ligações
Rio de Janeiro 771.357
Região Norte e São Paulo 166.832
Noroeste Fluminense Vitória 39.829
Belo Horizonte 23.273
Total 1.000.291
Fonte: Embratel. Elaboração dos autores.
Podemos observar que ainda existe um elevado grau de interação entre a capital do Estado
e as demais regiões do Estado, ou seja, o poder de polarização da capital sobre todo o Es-
tado do Rio de Janeiro é evidente. Em segundo lugar aparecem as ligações destinadas para
a cidade de São Paulo, num total de 166.832.
A proximidade de Vitória faz com que esta seja o segundo maior fluxo de chamadas exter-
nas dos municípios da região, com um total de 39.829 chamadas no período analisado. Por
último, temos o fluxo de ligações para a capital mineira, Belo Horizonte, totalizando 23.273
chamadas telefônicas.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 965


Mapa 7 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Fluxos Telefônicos Extra

Fonte: EMBRATEL
Mapeamento Temático UENF/LEEA/SEUR, DUARTE, 2002
966 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
5.7 Considerações Finais

Ao final deste estudo ficam registradas algumas impressões mais fortes sobre a dinâmica e
estrutura urbana da Região Norte e Noroeste Fluminense que, em linhas gerais, revelam
comportamentos normais, ou seja, as cidades são causa e conseqüência das estruturas
sociais e econômicas prevalecentes nessa peculiar Região do Rio de Janeiro, o grau de
dependência em relação à Região Metropolitana é evidente medido pelo número de ligações
telefônicas mensais que partem da Região em direção ao centro político e econômico do
Estado. Percebe-se que é uma estrutura simples, formada por poucos pólos centralizadores,
que funcionam como centro de serviços para um pouco mais de uma dezena de pequenos
municípios. De um ponto de vista mais técnico pode-se caracterizar a estrutura como mal
estruturada e excessivamente polarizada.

6. O SISTEMA DE SANEAMENTO AMBIENTAL E HABITAÇÃO

6.1 Introdução

O território do Norte Fluminense apresenta uma densidade demográfica baixa quando com-
parada ao Estado do Rio de Janeiro e outros espaços da Região Sudeste, e há uma desi-
gualdade entre as densidades dos vários municípios que o compõem.

Devido à topografia predominantemente plana da Região, e a existência de cursos d’ água


nas áreas urbanas da maior parte das aglomerações, bem como de lençóis freáticos mais
altos, a maior parte dos territórios se defronta com questões específicas de declividade, su-
perfícies de drenagem, controle de cheias, ocupações das faixas ou áreas de preservação
lindeiras aos cursos d’água, assim como os problemas tradicionais associados à impermea-
bilização dos solos, retirada da mata ciliar, carreamento de sedimentos e particulados aé-
reos, contaminações antrópicas várias, dentre outras.

Na orla, as aglomerações ainda se ressentem das mudanças nos comportamentos do meio


ambiente na interação entre oceano e a foz dos rios, praias, desmatamentos na faixa litorâ-
nea (Mata Atlântica), assoreamentos de lagoas e rios, salinização e desertificação, esgota-
mento dos aquíferos, entre muitas outras ocorrências limitantes.

6.2 A População

A população vem crescendo regularmente na maioria dos municípios e há um forte fluxo


migratório de habitantes da Região Noroeste e de outras partes do país em função dos
grandes empreendimentos em funcionamento, em implantação ou programados para serem
implementados em alguns de seus municípios. Quando se considera o IDH, constata-se que
apesar de toda a afluência, à exceção de Macaé, os demais ocupam posições desfavoráveis
no conjunto dos municípios fluminenses, com alguns nas piores posições ou últimos lugares,
casos, por exemplo de Cardoso Moreira e São Francisco do Itabapoana.

Um indicador muito importante para uma primeira mensuração da contribuição oferecida ou


não pelo saneamento e pela habitação para a condição de vida está ligada ao aspecto da
saúde da população representado pela mortalidade infantil.

No Brasil, as taxas de mortalidade infantil diminuíram muito nas duas últimas décadas, no
entanto, o índice continua muito elevado, 23,6 m/mil nasc. (mortes por mil nascidos), se
comparado a outros países como Suécia onde este índice é de 3 m/mil nasc., Noruega 10,4
m/mil nasc, Canadá 4,63 m/mil nasc., ou até mesmo outras localidades brasileiras que se
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 967
destacam, como é o caso, entre outros, de Janaúba, Minas Gerais, 2,3 m/mil nasc., premia-
da pela UNESCO, por sua conquista.

O Brasil está perseguindo a meta, por ele estabelecida, de reduzir a média nacional para
15,6 m/mil nasc. até o ano de 2015, no sentido de se alinhar a outros países em relação às
Metas do Milênio, visando a melhoria da qualidade de vida no planeta, aprovadas pela As-
sembléia Geral da Nações Unidas, no ano de 2000 , em Nova York.

A Região Norte do Rio de Janeiro, apresenta uma trajetoria de melhoria cujos resultados
indicam um bom desempenho, um pouco inferior à do Estado, mas bastante superior à
média nacional, o que pode ser visto na Tabela seguinte.

Nessa perspectiva de bons resultados, com ganhos expressivos particularmente nos últimos
anos da série histórica, ainda preocupam as situações de Cardoso Moreira e São João da
Barra, com indicadores muito altos, onde podem estar ocorrendo interferências do sanea-
mento e da condição habitacional.

Tabela 46 – Estado do Rio de Janeiro e Região Norte Fluminense, Taxa de Mortalidade Infantil,
1993 - 2007

Taxa de Mortalidade Infantil (por 1.000 nascidos vivos)


Local
1993 1994 1996 1998 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Estado 30.0 29.0 25.6 22.6 19.8 18.7 18.0 17.6 17.0 16.2 15.4 15.0
Região Norte
36.5 36.4 31.1 29.8 25.7 23.1 21.6 20.1 18.6 17.5 16.8 16.3
Fluminense
Campos dos
42.9 43.9 37.1 36.3 30.6 26.5 24.6 23.9 21.8 20.9 19.1 19.2
Goytacazes
Carapebus - - - 29.3 27.8 29.7 24.5 18.4 12.9 7.4 9.7 10.0
Cardoso Moreira - 39.4 45.5 19.8 11.2 16.5 17.3 23.9 18.3 29.2 26.5 30.8
Conceição de
18.2 20.0 24.8 23.3 26.4 32.8 29.9 17.4 10.0 11.1 16.9 18.5
Macabu
Macaé 20.3 17.5 17.5 15.7 15.5 15.1 14.3 11.8 13.0 11.7 11.4 9.4
Quissamã 34.6 30.5 15.9 16.0 20.8 15.4 10.3 11.7 13.2 10.9 15.0 18.3
São Fidélis 28.6 22.9 18.5 17.9 13.9 14.2 20.5 20.7 19.8 14.4 13.3 13.0
São Francisco de
- - - 26.1 22.5 24.6 20.4 16.0 15.6 14.9 17.0 12.1
Itabapoana
São João da Barra 34.3 33.5 31.6 25.9 25.5 17.3 18.3 16.6 16.0 14.4 20.1 21.2
Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE

6.3 Saneamento Ambiental na Região Norte Fluminense

Saneamento ambiental incorpora e trata de forma conjunta os sistemas de abastecimento e


tratamento de água potável e esgotamento sanitário, a coleta e o tratamento de resíduos
sólidos urbanos e o sistema de drenagem urbana, todos eles em associação com progra-
mas de educação ambiental da população, particularmente nos seus estratos mais jovens.

6.3.1 Sistema Público de Abastecimento de Água

968 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 47 – Estado do Rio de Janeiro, Sistema de Abastecimento de Água
Vazão Vazão Capacidade de Regime
Locais Manancial Mínima Distribuída Atendimento de
(l/s) (l/s) (hab.) (1) Abastecimento
Estado 56.499,27 14.785.691
Região Norte
1.732,60 686.851
Fluminense
Campos dos
Rio Paraíba do Sul 300 600.00 300.000 permanente
Goytacazes
Ururaí Rio Paraíba do Sul ... 20.00 10.000 permanente
Dores de Macabu Subterrâneo (Poço Tubular) 1 2.00 1.500 permanente
Ponta Grossa dos
Lagoa Feia 1 2.00 2.000 permanente
Fidalgos
Donana Subterrâneo (Poço Tubular) 6 13.00 11.000 permanente
Goytacazes Subterrâneo (Poço Tubular) 5 10.00 5.500 permanente
Saturnino Braga Subterrâneo (Poço Tubular) 4 6.00 5.500 permanente
Farol de São Tomé Subterrâneo (Poço Tubular) 13 27.00 20.000 permanente
Baixa Grande Subterrâneo (Poço Tubular) 1 2.50 1.800 permanente
Conselheiro Josino Valão da Penha 1 2.30 2.000 permanente
Santo Eduardo Rio Itabapoana 3 5.50 4.000 permanente
Santa Maria Rio Itabapoana 3 6.50 4.000 permanente
Espírito Santinho Rio Itabapoana 1.00 1.000 permanente
Vila Nova Subterrâneo (Poço Tubular) 2 2.50 2.000 permanente
Morro do Coco Subterrâneo (Poço Tubular) 1 1.50 1.000 permanente
Jockey Club e
Subterrâneo (Poço Tubular) 6 13.00 25.000 permanente
Beco Santo Antônio
Poço Gordo e
São Sebastião Subterrâneo (Poço Tubular) 2 3.50 5.000 permanente
de Campos
Tocos Subterrâneo (Poço Tubular) 6 10.00 9.000 permanente
Murundu Subterrâneo (Poço Tubular) .60 500 permanente
São Fidélis Rio Paraíba do Sul 150 100.00 36.000 permanente
Pureza ... 17.00 3.600 intermitente
São João da Barra Rio Paraíba do Sul ... 70.00 15.840 permanente
Grussaí Poço Tubular 150 40.00 11.880 permanente
Santo Amaro Subterrâneo (Poço Tubular) 10 19.00 6.840 permanente
Canto do Engenho 2.000 1.00 360 intermitente
Atafona Rio Paraíba e Poço Tubular 40 20.00 10.800 permanente
Barcelos Subterrâneo (Poço Tubular) 25 17.00 3.060 intermitente
Barra do Acu Subterrâneo (Poço Tubular) 15 7.00 4.680 intermitente
Quissamã Lagoa Feia 2.000 50.00 7.200 permanente
Cardoso Moreira Rio Muriaé 20.000 40.00 7.920 intermitente
São Joaquim Subterrâneo (Poço Tubular) 1 1.00 399 intermitente
São Francisco do
Subterrâneo (Poços) 52 14.90 5.364 intermitente
Itabapoana
Gargaú Subterrâneo (Poços) ... 65.00 4.140 intermitente
Santa Clara Subterrâneo (Poços) ... 29.00 10.440 intermitente
Guaxindiba Subterrâneo (Poços) ... 7.80 2.808 intermitente
Praça João Pessoa Subterrâneo (Poços) 7 8.00 1.800 intermitente
Barra de Itabapoana Subterrâneo (Poço Tubular) 25 15.00 2.160 intermitente
Travessão da Barra Subterrâneo (Poço Tubular) 2 1.00 360 permanente
Carapebus Campo Grande 20 11.00 3.600 permanente
Macaé Rio Macaé 50.000 470.00 136.800 permanente

Fontes: Companhia Estadual de Águas e Esgotos - CEDAE, Concessionária Águas do Paraíba

Constata-se que a situação do abastecimento de água potável da Região Norte do Estado


do Rio de Janeiro, em uma primeira aproximação, está equilibrada, na atualidade, com os
sistemas de abastecimento de água sendo operados pela CEDAE (companhia estadual),

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 969


com exceção de Campos dos Goytacazes, cujo concessionário é uma empresa privada (Á-
guas do Paraíba). Entretanto, chamamos a atenção para o fato de que a capacidade
operacional dos mananciais de captação, que embora em geral não apresentem problemas
de quantidade, apesar das elevadas perdas verificadas na distribuição, os problemas de
poluição em alguns municípios são críticos e afetam diretamente a qualidade da água bruta,
com reflexos negativos nos custos de tratamento. Outro ponto a ser considerado consiste
em sistemas que possuem pequenas margens, não sendo capazes de atender a crescimen-
tos em degraus ou em descontinuidades, como sói acontecer quando da inserção territorial
de empreendimentos de grande porte.

6.3.2 Sistema Público de Coleta e Tratamento de Esgoto Sanitário

Os sistemas públicos de coleta e tratamento de esgoto sanitário dos municipios localizados


na Região Norte do Estado do Rio de Janeiro revelam que somente 45 % do esgoto
produzido é coletado pelo sistema, e o índice de tratamento está próximo de 20 %. Enquan-
to no abastecimento de água, as Municipalidades, eventuais concessionárias e/ou seus pre-
postos procuram atender ao aumento da demanda decorrente em função da expansão de-
mográfica e empresarial, promovendo a ampliação do atendimento de forma quase continu-
ada, o mesmo não acontece com o esgotamento sanitário. A participação da CEDAE, neste
segmento é muito baixa, praticamente nula, visto que os convênios de prestação dos servi-
ços de saneamento quase sempre se limitam ao abastecimento de água.
A principal cidade da região, Campos dos Goytacazes, transferiu, desde o ano de 2004, a
concessão de todos os serviços de saneamento ambiental municipal para exploração da
empresa Águas do Paraíba. Atualmente, segundo informações, 60% da população de Cam-
pos dos Goytacazes tem esgoto coletado, o que corresponde a 27.163 pontos de ligação de
esgoto, e 50% tem seu esgoto tratado. Dos 104 bairros existentes no Município, 40 possu-
em rede coletora de esgoto. Por outro lado, 40% do esgoto produzido no centro urbano da
cidade não é coletado e pelo menos 10% do esgoto coletado não é tratado. Desse modo,
50% de esgoto produzido pelo centro urbano de Campos dos Goytacazes é lançado direta
ou indiretamente no llençol freático ou no Rio Paraíba do Sul, sem nenhum tipo de trata-
mento. Esta situação do saneamento ambiental apresentada não é exclusividade de Cam-
pos, visto que 90% dos municípios da Região não possuem estações de tratamento de es-
gotos.

6.3.3 Sistema Público de Coleta e Destino Final dos Resíduos Sólidos Urbanos

Tabela 48 – Estado do Rio de Janeiro e Região Norte Fluminense, Produção Diária Estimada de
Resíduos Sólidos, 2009
Produção Estimada
Produção
População Per Capita de
Locais Estimada de Resí-
Estimada Resíduos Sólidos
duos Sólidos (t/dia)
(kg/hab/dia) (1)
Estado 15.727.437 1,01 15.840,77
Região Norte Fluminense 786.240 0,82 646,08
Campos dos Goytacazes 431.824 0,86 371,37
Carapebus 11.278 0,65 7,33
Cardoso Moreira 12.090 0,65 7,86
Conceição de Macabu 19.687 0,65 12,80
Macaé 180.577 0,86 155,30
Quissamã 18.481 0,65 12,01
São Fidélis 37.682 0,70 26,38
São Francisco de Itabapoana 45.371 0,75 34,03
São João da Barra 29.249 0,65 19,01
Fontes: Secretaria de Estado do Ambiente -SEA e Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, FEEMA
970 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Tabela 49 – Região Norte Fluminense, Quadro Geral da Destinação de Resíduos Sólidos, 2007
Destinação de resíduos sólidos
Locais Outro
Tipo Endereço
Município
Campos dos CODIN - Distrito Industrial e do
Vazadouros a céu aberto
Goytacazes Distrito de Tocos
Aterro Sanitário (particular)
Carapebus 1º Distrito (4 km do Centro) x
em Santa Maria Madalena
Aterro Sanitário (particular)
Cardoso Moreira 1º Distrito (4 km do Centro) x
em Santa Maria Madalena
Conceição de Aterro Sanitário (particular)
1º Distrito (4 km do Centro) x
Macabu em Santa Maria Madalena
Macaé (Rod. Amaral Peixoto s/nº -
Macaé Aterro sanitário
Cabiúnas)
Aterro sanitário (particular)
Quissamã 1º Distrito (4 km do Centro) x
em Santa Maria Madalena
São Fidélis Vazadouro a céu aberto Estrada São Fidélis - Acamblasca
São Francisco de Rod. RJ 224 (próximo ao Ponto de
Vazadouro a céu aberto
Itabapoana Cacimbas)
São João da Barra Vazadouro a céu aberto Areal da Praia do Rio
Fontes: Secretaria de Estado do Ambiente - SEA e Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente - FEE-
MA

Com os dados coletados, verifica-se que há coleta regular dos residuos sólidos, sendo que
também o destino final dos resíduos coletados nas cidades de Carapebus, Cardoso Moreira,
Conçeição de Macabu, Quissamã e Macaé estão adequados pelo uso de aterros sanitários.
O preocupante é que as demais cidades, inclusive Campos dos Goytacases, cujo resíduo
corresponde a 57 % do total da Região, estão com destinos finais inadequados,
representando sério risco a saúde pública e ao meio ambiente.

6.3.4 Sistema Público de Drenagem Pluvial

O sistema de microdrenagem/drenagem pluvial na Região Norte do Estado do Rio de


Janeiro, conforme levantamentos iniciais, indicaram que exigem equacionamento, com
várias soluções postergadas, devido principalmente à restrição de períodos de ocorrências
relativas à inundação. As grandes dificuldades para a implantação deste sistema são a
topografia e o elevado nível do lençol freático na Região, de custo expressivo de
implantação.

Com relação a macrodrenagem, os reservatórios de cabeceira (Paraitinga, Paraibuna e Ja-


guari) no Estado de São Paulo, juntamente com o reservatório de Funil no Estado do Rio de
Janeiro, e futuramente Simplício e Itaocara, proporcionam controle bastante satisfatório no
que se refere a enchentes de caráter regional nos dois terços superiores do Rio Paraíba do
Sul – cursos alto e médio. Neles, as inundações urbanas hoje, na maioria das vezes, de
âmbito municipal são provocadas pelo transbordamento dos cursos d'água afluentes do Pa-
raíba do Sul, que promovem a drenagem dos núcleos urbanos. Os motivos das inundações
são basicamente os mesmos: invasão da calha principal dos cursos d'água pelas constru-
ções ribeirinhas, que restringem a seção de escoamento e superfície de drenagem, lixo do-
miciliar e entulhos despejados que aceleram o processo de assoreamento e insuficiência de
seção de escoamento sob pontes, entre outros. Em situações de vazões excepcionais (bai-
xas probabilidades), as cidades atravessadas pelo rio Paraíba do Sul podem vir a ser inun-
dadas por suas águas, tal como ocorrido nas cheias mais recentes nos meses de janeiro de
1997 e de 2000.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 971


Já no terço inferior, afluentes importantes como o rio Muriaé, Pomba, Carangola, que ao
longo de seu curso atravessam várias áreas urbanas de diversos municípios, contribuem
para recorrentes inundações de caráter regional na bacia, afetando, no trecho fluminense,
principalmente os municípios de Campos, Cardoso Moreira, Italva, Itaperuna, Natividade e
Laje do Muriaé.

Na parte Fluminense da bacia as cheias atingem, anualmente, uma população direta de


mais de 20 mil habitantes, podendo chegar a 47 mil, em chuvas com recorrência de 20 a-
nos. Nesses casos, a população indiretamente afetada ultrapassa 130 mil pessoas. A cheia
de janeiro de 1997, chegou a cobrir mais de 95% da área urbana do município de Cardoso
Moreira, deixando desabrigadas quase 9 mil pessoas em toda a Região. Os prejuízos mate-
riais também foram vultosos. Extensas áreas urbanas foram também atingidas nos municí-
pios de Patrocínio de Muriaé e Itaperuna com alturas de inundação superiores a 1,50m na
região central.
As últimas cheias, ocorridas em 1997 e 2000, apontaram graves problemas existentes em
bacias urbanas de diversos municípios. Além disso, revelaram a importância de algumas
dessas bacias na geração das cheias do próprio Paraíba do Sul.
A recuperação dos corpos hídricos exige, forçosamente, a implantação e funcionamento de
obras de macro e mesodrenagem, quase sempre de execução difícil e de elevado custo
devido ao grau de urbanização das bacias, conforme se observa nos estudos levados a efei-
to no contexto do PQA. Para a solução desse sério problema será de fundamental importân-
cia o desenvolvimento de planos integrados de recursos hídricos, com a participação ativa
dos Comitês de Bacia os quais, no tocante aos aspectos relacionados a enchentes, devem
contemplar as necessidades de barramentos de contenção e regularização a montante, sis-
temas de monitoramento e alerta, reabilitação das áreas de preservação, recomposição da
cobertura ciliar, reabilitação do sistema do canal Campos -Macaé e outras medidas, associ-
adas ou não a outros usos, bem como, de disciplinar a ocupação ao longo das vias de dre-
nagem, visando a defesa das cidades.

6.4 Sistema Habitacional na Região Norte Fluminense


Na Região Norte do Estado do Rio de Janeiro, a questão social é um importante ponto a ser
discutido na sustentabilidade dos núcleos urbanos e rurais. Estes espaços tem sido constan-
temente afetados por fenômenos econômicos e pelos movimentos dos ciclos da produção
industrial.
Analisando as condições de moradia através da quantidade de domicílios com condições
mínimas de habitação, deve-se levar em conta que a habitação tem forte relação com al-
guns indicadores de dimensão ambiental que então, deverão ser tratados em conjunto com
os casos de abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta e tratamento de resíduos
sólidos e drenagem pluvial, dentre outros serviços públicos.
O levantamento da situação do déficit habitacional na Região Norte Fluminense está mos-
trado na Tabela seguinte.

Tabela 50 – Estado do Rio de Janeiro e Região Norte Fluminense, Déficit Habitacional


Déficit Habitacional Simplificado
Cômodos
Domicílios Famílias
Total Cedidos
Improvisados Conviventes
Locais ou Alugados
Total Urbano Total Urbano Total Urbano Total Urbano
Rio de Janeiro 293 848 283 921 12 583 11 754 243 923 235 637 37 342 36 531
Região Norte Fluminense 14 105 12 635 619 490 12 188 10 936 1 297 1 209

972 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Déficit Habitacional Simplificado
Cômodos
Domicílios Famílias
Total Cedidos
Locais Improvisados Conviventes
ou Alugados
Total Urbano Total Urbano Total Urbano Total Urbano
Campos dos Goytacazes 8 980 8 445 250 225 7 914 7 434 816 785
Carapebus 172 138 11 8 152 121 8 8
Cardoso Moreira 173 112 9 9 159 98 5 5
Conceição de Macabu 365 328 37 37 314 278 13 13
Macaé 2 402 2 241 167 136 1 894 1 796 341 310
Quissamã 286 160 6 6 261 145 20 10
São Fidélis 510 441 15 8 466 405 28 28
São Francisco de
619 292 43 12 547 269 29 11
Itabapoana
São João da Barra 599 477 80 49 480 391 38 38
Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; Censo 2000 - Microdados da
Amostra. (Tabulação Fundação CIDE. 2005)
O Censo Demográfico considera como adequado o domicílio particular permanente com
abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede coletora ou fossa
séptica, coleta de lixo direta ou indireta e com até dois moradores por dormitório (IBGE,
2004).
O Ministério das Cidades decidiu adotar como diretriz para a área de habitação as Metas de
Desenvolvimento do Milênio: reduzir pela metade a proporção da população sem acesso à
água potável até 2015, e atingir, até 2020, uma melhoria significativa da qualidade de vida
das pessoas que residem em habitações precárias – PNUD Brasil, em março de 2004.
Outro importante documento a ser referenciado é o Estatuto das Cidades, que visa regula-
mentar o capítulo da política urbana da Constituição Federal (artigos 182 e 183), estabele-
cendo suas diretrizes e regulamentando a aplicação de importantes instrumentos de gestão
e intervenção urbana. O Estatuto visa prover os meios para se promover a reforma urbana e
o combate à especulação imobiliária, ordenar o uso e a ocupação do solo urbano e promo-
ver a gestão democrática da cidade (BRAGA, 2001).
No entanto, há ainda que se considerar outro aspecto igualmente significativo desta ques-
tão: os modelos de soluções habitacionais, os projetos e materiais das moradias de interes-
se social, associadas às condições ambientais e climáticas específicas. Em particular, este é
um aspecto bastante revelador nas cidades da Região Norte do Rio de Janeiro, alvo deste
estudo, devido principalmente à crescente demanda por hospedagem para os migrantes,
trabalhadores da indústria de petróleo ou de sua cadeia, particularmente no setor serviços.
Estudos atuais recomendam a análise de tipos de habitações, diferenças e semelhanças,
bem como códigos de construção adotados por cada município ou região para avaliar a sua
situação existente e a da oferta. A qualidade do domicílio foi incorporada ao DNA Brasil,
índice criado em 2004 por cientistas brasileiros. Em 2006, o DNA Brasil revelou, entre outros
fatores, a inexistência de políticas públicas para redução da desigualdade regional. Outros
índices, criados por pesquisas no Brasil, como o IVS (Índice de Vulnerabilidade Social) foca
a questão dos domicílios com o saneamento acoplado.
O relatório com a versão preliminar do levantamento dos dados secundários e dos principais
sistemas produtivos, referentes à realidade sócio-econômica do território Norte Fluminense
da Secretaria de Desenvolvimento Territorial – SDT do Ministério do Desenvolvimento Agrá-
rio (MDA, 2005), mostra que os seus municípios apresentam um percentual alto de domicí-
lios em situação de pobreza, conforme Tabela seguinte, contendo os domicílios com carên-
cia inclusive de infra-estrutura.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 973


Tabela 51 – Estado do Rio de Janeiro e Região Norte Fluminense, Domicílios com Carência e Deficiência de Infraestrutura, 2000

Carência de Infraestrutura Deficiência de Infraestrutura


Total de
Locais Abastecimento Iluminação Instalação Destino Abastecimento Instalação Destino
Total Total Domicílios
de Água Elétrica Sanitária do Lixo de Água Sanitária do Lixo

Rio de Janeiro 693.228 123.035 19.025 443.623 300.948 413.630 37.574 132.615 268.895 4.265.471
Região Norte
45.292 3.529 3.870 19.755 32.031 40.143 5.191 35.392 3.557 196.784
Fluminense
Campos dos
20 987 1 762 1 685 8 811 14 315 26 382 4 238 23 781 1 106 112 353
Goytacazes
Carapebus 799 8 51 442 519 465 50 414 33 2 462
Cardoso Moreira 2 096 97 220 1 544 1 301 192 5 50 142 3 779
Conceição de Macabu 1 952 77 80 1 544 570 575 65 61 470 5 198
Macaé 5 002 780 254 2 840 2 443 2 986 251 2 663 313 38 140
Quissamã 946 194 55 152 773 2 037 120 1 963 91 3 707
São Fidélis 3 861 428 454 2 421 3 076 972 - 176 839 11 207
São Francisco de Ita-
7 652 157 840 1 794 7 183 3 864 211 3 827 357 11 706
bapoana
São João da Barra 1 998 26 231 207 1 851 2 669 251 2 458 205 8 231
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - Fundação CIDE (tabulações do Censo Demográfico - 2000, IBGE

Obs. Nos núcleos urbanos da Região, há grande desigualdade, convivendo lado a lado assim como centenas de habitações em péssimas condições de
construção e localizadas em terrenos inadequados sem infraestrutura, principalmente em relação ao atendimento dos serviços públicos básicos.

974 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


6.5 Considerações Finais

No quesito saneamento ambiental, os sistemas de abastecimento de água, que são opera-


dos pela CEDAE, e no caso de Campos do Goytacazes, privatizada, estão em situação es-
tável, possuindo mananciais com disponibilidade limitada, principalmente pela quantidade de
água disponível e poluição destas fontes. Há perdas expressivas nas redes de distribuição
destes sistemas, que devem ser monitoradas com macro e micro medição.

Os sistemas de esgotamento sanitário dos municípios estão em situação deficitária, devido


ao baixo índice de coleta e tratamento de esgoto, inclusive em Campos do Goytacazes,
maior cidade da região que tem implantado estações de tratamento que ainda são insufici-
entes para o atendimento dos volumes atuais. Este é hoje o maior fator de risco à saúde da
população e ao meio ambiente, e se deve principalmente ao baixo investimento e neste
setor.

Os sistemas de coleta e destino de resíduos sólidos estão equacionados no quesito coleta,


havendo restrições severas, a serem resolvidas, no quesito armazenamento ou depósito. A
implantação imediata de sistema adequado de tratamento dos resíduos sólidos coletados
associadas a usinas de triagem/reciclagem e compostagem, o que diminuirá consideravel-
mente os volumes de resíduos acumulados, com menores custos de recuperação do meio
ambiente.

Quanto aos sistemas de drenagem pluvial da Região Norte Fluminense, há uma situação de
carência mais generalizada, na maior parte dos municípios, que requer desde o planejamen-
to até a construção e operacionalização, ou seja, intervenções integradas que envolvem as
bacias dos rios urbanos presentes. A drenagem se relaciona com o controle de cheias e a
regularização e coordenação do controle de vazões dos rios principais e seus tributários
inclusive no que diz respeito à proteção ambiental e realocação de áreas de invasão.

Na questão habitacional, há um quadro de déficit tanto quantitativo quanto qualitativo, com


grande número de habitações edificadas em áreas de risco, áreas impróprias para urbaniza-
ção – delimitando aqui alguns casos, como margens de rios e lagoas – dentre outras áreas
protegidas com legislação local, estadual e/ou federal, residências com carências na infra-
estrutura urbana, conforme dados apresentados, e residências com habitações sem um mí-
nimo conforto, onde a população menos favorecida enfrenta situações inadequadas. O re-
flexo da condição social e econômica dos moradores associado à falta de políticas públicas,
repercutem na qualidade da habitação e contribuem para a deterioração da qualidade de
vida da população.

A nova política para o espaço urbano nas cidades deve utilizar exaustivamente o Estatuto
das Cidades, estabelecendo planos diretores e códigos para a construção civil viabilizando a
inovação tecnológica e o atendimento ao bem estar social e ambiental para as novas habi-
tações, incluindo as de interesse social.

A Região Norte do Estado do Rio de Janeiro exige uma política de ordenação e controle do
uso do solo, tanto nas áreas urbanas quanto rurais, particularmente nas restingas que cir-
cundam as suas aglomerações populacionais litorâneas e fluviais.

Não há, na Região Norte do Estado do Rio de Janeiro, um perfilamento a laser da área, que
constitui o método mais utilizado no mundo para todos os tipos de projetos, seja na área de
estradas e vias, meio ambiente, habitação, ou sistemas de água e esgoto. No âmbito das
Municipalidades, o perfilamento a laser suporta o cadastro técnico, a administração da arre-
cadação e os setores de transportes urbanos e projetos, entre outros.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 975


7. ESTRUTURA FUNDIÁRIA

A distribuição da terra no Brasil é historicamente concentrada, com a ocupação colonial ca-


racterizada pelo regime de sesmarias, da monocultura e do trabalho escravo, fatores estes
que, conjugados, deram origem ao latifúndio, propriedade rural sobre a qual se centrou a
ocupação do espaço agrário brasileiro. De acordo com Souza e Lima (2003), essa estrutura
concentrada, de origem histórica, têm se mantido ao longo dos anos.

Ao longo do processo de ocupação do território brasileiro, ciclos bem definidos podem ser
destacados, os quais sempre estiveram associados a uma forma particular de latifúndio.
Inicialmente, ocorreu a extração do pau-brasil, sendo que esta fase estendeu-se por aproxi-
madamente trinta anos, entretanto a exploração da madeira esteve presente durante todo o
período colonial. Quando se inicia a ocupação efetiva do território brasileiro por Portugal, é
instituído o regime das sesmarias e adotado o sistema de capitanias hereditárias, sendo a
produção do açúcar a atividade econômica de maior expressão.

Com o surgimento da pecuária, atividade adequada à promoção da ocupação das áreas


interioranas na época, a tendência à formação de imensos latifúndios foi acentuada e gerou
o denominado latifúndio pastoril. Mais adiante a cultura do café, com toda sua representati-
vidade econômica, desencadeou uma onda de concessão de sesmarias, disseminando a
presença do latifúndio nas regiões sudeste e sul. A pequena propriedade tem seu início so-
mente com a chegada dos imigrantes europeus, no sul do país.

Mais atualmente a questão da reforma agrária ganhou considerável impulso, decorrência


tanto das pressões sociais, como de iniciativas governamentais que pretendem modificar o
perfil da estrutura fundiária brasileira, por meio da desapropriação e da redistribuição de
terras.

A Região Sudeste é caracterizada como a mais antiga a ser ocupada, juntamente com o
Nordeste, como a possuidora do maior índice de população urbana e com o maior grau de
industrialização do país. Tais fatores, entretanto, não garantem um ordenamento fundiário
equilibrado à região, ainda que seja melhor do que aquele verificado quando da análise do
Brasil, como um todo.

No Estado do Rio de Janeiro, a agricultura iniciou-se no século XVI, com a produção da ca-
na-de-açúcar nas baixadas da Guanabara, Paraty e Campos dos Goytacazes. O Rio de Ja-
neiro, capital do Império, foi até a metade do século XIX, a Região mais forte economica-
mente do país e, mesmo nessa época, quando São Paulo começou a desenvolver-se com a
expansão da cafeicultura, o Rio de Janeiro acompanhou esse desenvolvimento, onde foram
feitas melhorias com a implementação de uma infra-estrutura que até então não existia.
Quando a cafeicultura se deslocou para São Paulo por limitações de espaço geográfico e da
acidentada topografia da região para onde poderia expandir-se, o Rio de Janeiro deixou de
concentrar a comercialização e a exportação da produção cafeeira (Fausto, 1995).

Depois do declínio do café, o Estado do Rio de Janeiro começa a se recuperar tanto pelo
desenvolvimento de novas atividades agrícolas, quanto pela instalação de indústrias. A ca-
na-de-açúcar em Campos dos Goytacazes, a criação de gado no vale do Rio Paraíba do
Sul, plantações de arroz em Miracema e Santo Antônio de Pádua e Laje do Muriaé, a extra-
ção do sal em Cabo Frio, Araruama e São Pedro da Aldeia, são alguns itens dessa pauta da
nova atividade agrícola e industrial.

No século XX, a agricultura fluminense não se integrou ao movimento da “modernização


agrícola” e entrou novamente em declínio, passando a ter pouca expressão na economia e a

976 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


apresentar, entre os estados do Sudeste, as taxas mais baixas de produtividade no setor
agropecuário. Alguns fatores podem ser atribuídos a essa não integração: características do
relevo e do clima, colinas profundamente entalhadas e vales, entre outros acidentes topo-
gráficos, que dificultam a implantação de culturas em que são necessárias extensas áreas
planas para se tornarem economicamente viáveis. Outro fator que pesou foi o fato do Esta-
do quase não ter investido na implantação de outro modelo para o desenvolvimento do se-
tor.

As Regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro compreendem 23 municípios


que, além da extensão territorial, possuem grande importância para a economia do Estado
devido, principalmente, à atividade agrícola e aos “royalties” do petróleo.

Formada pelos municípios de Campos dos Goytacazes, São João da Barra, Macaé, São
Fidelis, Conceição de Macabu, Cardoso Moreira, Quissamã, Carapebus e São Francisco do
Itabapoana, a Região Norte Fluminense tem como principal atividade agrícola a cana-de-
açúcar. A Região Noroeste Fluminense é formada pelos municípios de Itaperuna, Miracema,
Italva, Itaocara, Santo Antônio de Pádua, Porciúncula, Laje do Muriaé, Natividade, Varre-
Sai, Bom Jesus do Itabapoana, Cambuci, Aperibé e São José de Ubá possuem atividade
agrícola mais diversificada, sendo a pecuária leiteira e a cafeicultura os principais produtos
agrícolas da região.

A primeira atividade econômica desenvolvida nas Regiões Norte e Noroeste Fluminense foi
a criação de gado e cavalos para abastecer de carne e animais de tração a cidade do Rio de
Janeiro, que na época produzia cana-de-açúcar no entorno da Baia de Guanabara e tinha
seus engenhos movidos a tração animal. Logo depois começaram a surgir engenhos de
cana-de-açúcar, concomitante à expansão da lavoura da cana em toda Região Norte do
Estado.

Produtoras de cana-de-açúcar e café, as Regiões Norte e Noroeste Fluminense, respecti-


vamente, são consideradas um dos espaços canavieiros e cafeeiros mais tradicionais do
Brasil, datando do século XVIII. Essa diferenciação das atividades econômicas, sobretudo
nas atividades agrícolas dos municípios, foram determinadas pelas diferenças de clima e
relevo encontradas entre as duas regiões. De relevo plano, típico de baixada, e clima quente
e úmido, a Região Norte Fluminense se estruturou sua economia sobre a lavoura de cana-
de-açúcar. Já o Noroeste Fluminense, com relevo fortemente acidentado, se diferenciou em
região produtora de gado de leite e café.

A concentração da terra é uma das características do capitalismo no campo que agrava a


questão agrária. Assim, deve-se procurar atenuar a concentração da terra para que o uso
desta seja mais democrático e menos explorador. Além de vincular os interesses econômi-
cos e individuais aos interesses coletivos, a concentração da terra, impede que um grande
contingente populacional tenha acesso à terra para viver e produzir, assim, a distribuição
mais igualitária da terra seria mais coerente com os interesses coletivos.

7.1 Fonte de Dados

Tradicionalmente, no Brasil, duas fontes alimentam os estudos referentes à estrutura fundiá-


ria: a primeira são os dados cadastrais, levantados pelo Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária - INCRA, que permitem determinar a distribuição do espaço fundiário entre
os detentores (proprietários e posseiros); a segunda mostra a forma pela qual os produtores
rurais (proprietários, ocupantes, arrendatários e parceiros) ocupam tal espaço, sendo o dado
extraído dos Censos Agropecuários do IBGE.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 977


O cadastro do INCRA é abastecido com dados de natureza declaratória, não havendo con-
ferências com informações dos cartórios de registro de imóveis, o que indica a fragilidade do
sistema. A declaração de uma área superior ou inferior à área real do imóvel pode ter como
objetivo a redução de impostos, omissão de terras improdutivas, ampliação de crédito rural e
grilagem de terras. Por isso, devemos considerar possíveis desvios principalmente no tama-
nho da área dos imóveis rurais. Esses possíveis desvios nos dados do INCRA não os inutili-
zam, pois essas práticas ilegais, por mais numerosas que possam ser, não se aplicam à
maioria dos detentores. Os dados do IBGE não estão totalmente isentos desses possíveis
desvios, porém, em virtude de sua finalidade censitária, acredita-se que haja menos interes-
se dos produtores em fornecer informações falsas.

Este trabalho baseou-se nos dados do Censo Agropecuário do IBGE dos anos de 1995 e de
2006, e nas Estatísticas Cadastrais do INCRA dos anos de 1992, 1998 e 2005.

Apesar de serem analisados dados do IBGE e do INCRA, deve-se reconhecer a possibilida-


de da concentração da terra ser ainda maior, pois alguns proprietários podem possuir mais
de um imóvel rural.

Para os cálculos do índice de GINI, foram utilizados dados das Estatísticas Cadastrais do
INCRA, pois estes podem fornecem informações sobre a real concentração de terra e indi-
cam quem detém a terra. Os dados do Censo Agropecuário do IBGE podem considerar pro-
dutores que não são proprietários.

O imóvel rural ou estabelecimento rural citado neste trabalho se refere ao prédio rústico, de
área contínua, formado de uma ou mais parcelas de terra, pertencentes a um mesmo pro-
prietário, que seja ou possa ser utilizado em exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal
ou agroindustrial, independentemente de sua localização.

7.2 Levantamento de Informações de Dados do IBGE

Nas Tabelas a seguir, são apresentados os dados obtidos dos Censos Agropecuários do
IBGE de 1995 e de 2006, respectivamente. A área média do Estado saiu de 45,01 ha em
1995, para 35,04 ha em 2006, representando um decréscimo de 22,2%, o que demonstra
melhoria na distribuição das terras. Estes valores são mais positivos do que o índice obser-
vado para o Brasil, o qual estava em 72,76 ha em 1995 e 68,19ha em 2006.

Tabela 52 – Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Total de Estabelecimentos Agropecuários,


1995

Total de Área total Área Média


Municípios
Estabelecimentos (ha) (ha)
Estado do Rio de Janeiro 53.680 2.416.305 45,01
Região Noroeste Fluminense 10.818 428.773 39,64
Aperibé 297 6.129 20,64
Bom Jesus do Itabapoana 1.075 52.860 49,17
Cambuci 1.649 62.379 37,83
Italva 631 23.011 36,47
Itaocara 1.492 36.403 24,40
Itaperuna 1.492 100.565 67,40
Laje do Muriaé 431 23.515 54,56
Miracema 486 24.345 50,09
Natividade 575 26.150 45,48
Porciúncula 1.122 24.609 21,93

978 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Total de Área total Área Média
Municípios
Estabelecimentos (ha) (ha)
Santo Antônio de Pádua 879 31.487 35,82
Varre-Sai 689 17.320 25,14
Região Norte Fluminense 15.028 663.198 44,13
Campos dos Goytacazes 7.114 289.042 40,63
Cardoso Moreira 564 27.056 47,97
Conceição de Macabu 223 22.073 98,98
Macaé 973 110.760 113,83
Quissamã 317 40.682 128,33
São Fidélis 2.323 74.579 32,10
São João da Barra 3.514 99.006 28,17
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 1995
De acordo com o Censo Agropecuário do IBGE de 2006 (Tabela a seguir), as Regiões Norte
e Noroeste Fluminense representam 43% do território do Estado.
Em 1995, a Região Noroeste Fluminense apresentava área média dos estabelecimentos
agrícolas, menor do que a Região Norte, 39,64ha contra 44,13ha. Este fato foi alterado no
Censo Agropecuário de 2006, onde a Região Norte apresentou área média de 30,17ha e a
Noroeste de 35,03, ocorrendo um declínio nesse valor de 31,6% e 11,6% para as duas Re-
giões, respectivamente.
O maior aumento percentual na área média ocorreu para o município de Natividade (83,6%)
e o maior decréscimo para Quissamã (-62,6%). Deve ser salientado que em apenas quatro
(Natividade, Miracema, Aperibé e Cambuci) dos 23 municípios dessas duas Regiões ocor-
reu o aumento da área média, mostrando que nestas Regiões ocorreu a melhoria na estrutu-
ra fundiária com uma maior distribuição de terras.

Tabela 53 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Total de Estabelecimentos Agropecuários,


2006

Total de Área Total Área Média Variação


Municípios
Estabelecimentos (ha) (ha) 2006/1995
Estado do Rio de Janeiro 58.482,00 2.048.973,27 35,04 -22,2
Noroeste Fluminense 10.268,00 359.707,71 35,03 -11,6
Aperibé 226,00 5.072,47 22,44 8,7
Bom Jesus do Itabapoana 1.046,00 40.011,66 38,25 -22,2
Cambuci 1.146,00 44.818,36 39,11 3,4
Italva 424,00 10.823,68 25,53 -30,0
Itaperuna 1.185,00 66.241,91 55,90 -17,1
Itaocara 1.612,00 35.802,60 22,21 -9,0
Laje do Muriaé 413,00 21.540,65 52,16 -4,4
Miracema 374,00 23.297,24 62,29 24,4
Natividade 447,00 37.316,59 83,48 83,6
Porciúncula 1.320,00 20.634,80 15,63 -28,7
Santo Antônio de Pádua 1.003,00 31.500,59 31,41 -12,3
São José de Ubá 429,00 8.924,45 20,80 -
Varre-Sai 643,00 13.722,71 21,34 -15,1
Norte Fluminense 17.571,00 530.035,24 30,17 -31,6
Campos dos Goytacazes 8.098,00 255.738,32 31,58 -22,3
Carapebus 162,00 5.798,34 35,79 -

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 979


(continuação)
Total de Área Total Área Média Variação
Municípios
Estabelecimentos (ha) (ha) 2006/1995
Cardoso Moreira 640,00 28.146,28 43,98 -8,3
Conceição de Macabu 207,00 11.506,28 55,59 -43,8
Macaé 626,00 56.590,82 90,40 -20,6
Quissamã 265,00 12.724,48 48,02 -62,6
São Fidélis 3.391,00 66.695,10 19,67 -38,7
São Francisco de Itabapoana 3.493,00 79.961,62 22,89 -
São João da Barra 689,00 12.874,00 18,69 -33,7
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 2006
Os municípios de Natividade e Macaé apresentaram, em 2006, as maiores áreas médias, os
dois acima de 80 ha. Já os municípios de Porciúncula, São João da Barra e São Fidélis, as
menores, abaixo de 20 ha. Os outros estão em situação intermediária, variando entre 20,8
ha (São José de Ubá) e 62,29 ha (Miracema).
Na Tabela a seguir está apresentado o percentual de estabelecimentos de acordo com clas-
ses de tamanho para as duas regiões estudadas, de acordo com o Censo Agropecuário de
1995 do IBGE.
A Região Noroeste Fluminense apresentou a maior parte dos seus estabelecimentos
(45,62%) com tamanho entre 10 e 100 ha, já na Região Norte a maior parte estava situada
em áreas de até 10 ha (55,34%). Quando se consideram os municípios, a maioria deles é
caracterizada pela maior porcentagem de estabelecimentos na faixa de 10 a 100 ha, sendo
o município de Itaperuna possuidor da maior porcentagem nessa faixa (58,78%) e o municí-
pio de Porciúncula detentor da maior porcentagem na faixa de até 10 ha (70,77%).

Tabela 54 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Áreas dos Estabelecimentos Agropecuários,


1995
Menos 10ha a 100ha a 200ha a 500ha a Mais de Sem
Municípios de 10ha 100ha 200ha 500ha 2000ha 2000ha Declaração
Estado do Rio de Janeiro 52,98 37,27 5,10 3,36 1,16 0,09 0,05
Noroeste Fluminense 45,39 45,62 5,20 3,03 0,67 0,03 0,07
Bom Jesus do Itabapoana 37,58 49,12 7,35 5,30 0,47 0,00 0,19
Italva 43,11 49,45 4,91 1,74 0,79 0,00 0,00
Itaperuna 26,41 58,78 8,04 4,89 1,68 0,13 0,07
Laje do Muriaé 29,47 54,06 9,74 6,26 0,46 0,00 0,00
Natividade 36,00 53,57 5,74 4,17 0,52 0,00 0,00
Porciúncula 70,77 25,04 2,50 1,25 0,45 0,00 0,00
Varre-Sai 68,07 25,40 4,64 1,45 0,44 0,00 0,00
Aperibé 47,81 48,15 3,03 0,67 0,00 0,00 0,34
Cambuci 45,85 45,72 4,55 3,15 0,73 0,00 0,00
Itaocara 52,21 43,83 2,28 1,01 0,34 0,07 0,27
Miracema 43,21 43,62 8,44 3,91 0,82 0,00 0,00
Santo Antônio de Pádua 40,50 52,10 4,32 2,73 0,34 0,00 0,00
Norte Fluminense 55,34 35,89 4,31 3,03 1,32 0,10 0,02
Campos dos Goytacazes 60,30 31,99 3,58 2,66 1,32 0,10 0,04
Cardoso Moreira 37,77 51,42 5,85 4,26 0,71 0,00 0,00
São Fidélis 47,70 46,36 3,31 2,02 0,56 0,04 0,00
São João da Barra 66,90 27,49 3,04 2,02 0,48 0,06 0,00
Conceição de Macabu 19,28 53,81 13,00 11,66 1,79 0,45 0,00
Macaé 20,97 55,60 10,79 7,50 4,83 0,31 0,00
Quissamã 33,75 38,80 12,93 8,20 5,99 0,32 0,00
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 1995
980 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Os municípios de Itaocara, Aperibé, Porciúncula, São João da Barra, São Fidelis, Varre-Sai,
Santo Antônio de Pádua, Italva, Campos dos Goytacazes e Cambuci apresentaram mais de
90% dos estabelecimentos com até 100 ha, demonstrando grande predominância de pe-
quenas propriedades.

Na Tabela a seguir é apresentado o percentual da área total do município para as classes


de tamanho dos estabelecimentos, de acordo com o Censo Agropecuário de 1995, do IBGE.

Tabela 55 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Compartimentação de Áreas, 1995


Menos de 10ha a 100ha a 200ha a 500ha a Mais de
Municípios 10ha 100ha 200ha 500ha 2000ha 2000ha
Estado do Rio de Janeiro 4,06 28,22 16,03 22,67 21,94 7,07
Noroeste Fluminense 4,73 39,11 18,30 22,31 13,61 1,93
Bom Jesus do Itabapoana 2,75 38,29 20,49 30,55 7,92 0,00
Italva 6,39 38,82 18,63 15,04 21,12 0,00
Itaperuna 2,12 32,48 16,80 21,11 21,48 6,02
Laje do Muriaé 2,90 32,59 25,91 33,74 4,86 0,00
Natividade 3,34 43,54 16,95 26,07 10,10 0,00
Porciúncula 12,05 38,43 16,80 17,03 15,70 0,00
Varre-Sai 11,28 36,28 24,87 16,47 11,09 0,00
Aperibé 7,98 65,90 17,59 8,53 0,00 0,00
Cambuci 4,27 39,63 16,62 25,51 13,96 0,00
Itaocara 8,45 50,77 13,07 10,70 10,89 6,13
Miracema 3,70 36,79 23,66 23,87 11,97 0,00
Santo Antônio de Pádua 5,21 47,22 17,61 21,85 8,12 0,00
Norte Fluminense 4,52 27,72 14,01 21,58 25,56 6,62
Campos dos Goytacazes 4,92 27,10 12,52 20,74 27,60 7,11
Cardoso Moreira 3,77 33,40 18,04 31,43 13,36 0,00
São Fidélis 6,45 44,37 15,47 18,63 12,40 2,68
São João da Barra 7,62 33,04 15,47 22,49 15,00 6,37
Conceição de Macabu 1,23 23,40 17,69 33,63 13,08 10,96
Macaé 1,42 18,36 13,49 20,91 36,25 9,57
Quissamã 1,26 12,66 15,04 19,49 46,64 4,92
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 1995
As Regiões Norte e Noroeste Fluminense apresentaram 32,24% e 43,84% de sua área
composta por estabelecimentos de até 100 ha, e 53,76% e 37,85% de sua área com estabe-
lecimentos maiores que 200 ha, respectivamente.

Os municípios de Aperibé, Itaocara, Santo Antônio de Pádua, São Fidelis e Porciúncula a-


presentaram mais da metade do seu território ocupado por propriedades rurais de tamanho
de até 100 ha. Os municípios com a menor área ocupada por estabelecimentos de até 100
ha são Quissamã (13,92%) e Macaé (19,78%), estes dois municípios apresentaram mais de
45% de seu território ocupado por propriedades maiores do que 500 ha.

Apesar dos municípios de Porciúncula, Varre-Sai, São João da Barra, Campos dos Goyta-
cazes e Itaocara possuírem mais da metade de seus estabelecimentos na faixa de até 10 ha
em 1995, estes representavam apenas 12,05%, 11,28%, 7,62%, 4,92% e 8,45% da área
total de cada município, respectivamente.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 981


7.3 Levantamento de Informações de Dados do INCRA

Na Tabela seguinte, estão apresentados o tamanho do módulo fiscal e as áreas médias dos
municípios das Regiões Norte e Noroeste Fluminense obtidas das Estatísticas Cadastrais do
INCRA para os anos de 1992, 1998 e 2005.

Tabela 56 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Tamanho do Módulo Fiscal, 1992, 1998, 2005
Área média (ha)
Municípios Módulo fiscal (ha)
1992 1998 2005
Noroeste Fluminense - - - -
Bom Jesus de Itabapoana 30 49,97 50,73 44,01
Italva 12 32,64 31,86 26,57
Itaperuna 30 64,23 65,81 54,9
Laje do Muriaé 28 51,19 50,44 41,45
Natividade 30 47,48 46,89 40,66
Porciúncula 30 61,64 59,14 52,04
Varre-Sai 30 52,85 45,85 36,27
Aperibé 35 - 7,50 22,39
Cambuci 35 47,12 44,11 38,14
Itaocara 22 24,24 32,05 23,82
Miracema 35 57,85 57,02 49,72
Santo Antônio de Pádua 35 31,65 29,9 26,32
São José de Ubá 35 - - 73,48
Norte Fluminense - - - -
Campos dos Goytacazes 12 46,12 46,31 40,07
Cardoso Moreira 12 29,17 50,31 43,42
São Francisco de Itabapoana 12 - - 31,73
São Fidélis 12 33,59 33,71 33,80
São João da Barra 12 26,89 27,61 20,46
Carapebus 12 - - 59,11
Conceição de Macabu 12 96,23 114,77 75,77
Macaé 12 76,61 75,89 69,46
Quissamã 12 72,85 66,11 69,72
Fonte: Estatísticas Cadastrais do INCRA, 1992, 1998 e 2005
Pode ser verificada uma variação significativa no valor da área média dos estabelecimentos
entre os anos e ainda entre esses valores e os valores das médias apresentadas nas Tabe-
las referentes as áreas médias calculadas pelos dados do Censo Agropecuário do IBGE de
1995 e 2006.

Isso pode ser explicado pela forma de aquisição dos dados da estrutura fundiária no Brasil,
pois estes possuem uma dimensão política importante, com a qual devemos ser cuidadosos.
Um aspecto a observar refere-se à natureza dos dados cadastrais do INCRA e do IBGE
que, em função de serem declaratórios, podem retratar um panorama distorcido da realida-
de fundiária brasileira, conforme discutido anteriormente.

Para o ano de 2005, os municípios com maior área média foram Conceição de Macabu
(75,77 ha) e São José de Ubá (73,48ha) e os com menores foram Aperibé (22,39 ha) e São
João da Barra (20,46 ha). Os municípios de Aperibé, São José de Ubá, São Francisco de
Itabapoana e Carapebus não possuem todos os dados, pois foram emancipados mais re-
centemente.

982 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


O módulo fiscal é uma unidade de medida expressa em hectares, fixada para cada municí-
pio, que considera os seguintes fatores: tipo de exploração predominante no município; ren-
da obtida com a exploração predominante; outras explorações existentes no município que,
embora não predominantes, sejam significativas em função da renda e da área utilizada; e o
conceito de propriedade familiar.

A Tabela exibe os valores do índice de GINI da distribuição da posse de terras para os mu-
nicípios do Norte e Noroeste Fluminense nos anos de 1992 e 1998 apresentados por Souza
et al. (2007) e obtidos através das Estatísticas Cadastrais do INCRA. O índice de GINI é
utilizado para medir o grau de concentração de um atributo (renda, terra, etc.) numa distribu-
ição de freqüência, sendo que quanto mais baixo melhor a distribuição daquele item estuda-
do.

Os municípios de Campos dos Goytacazes e Quissamã exibem os maiores valores do índi-


ce de GINI, com valores acima de 0,75, e os menores valores são apresentados pelos mu-
nicípios de Varre-Sai e Aperibé. Em 1998, o Brasil apresentava índice de GINI de 0,843,
bem superior aos valores apresentados pelos municípios do Norte e Noroeste Fluminense.

Pode ser observado que os valores mais baixos do índice de GINI encontram-se no Noroes-
te Fluminense e os mais altos no Norte Fluminense, esse fator tem origem histórica nos lati-
fúndios canavieiros que se instalarem na Região Norte.

Apesar de a Região Noroeste possuir menor valor do índice de GINI, por convenção estabe-
lecida por Câmara (1949) e apresentada na Tabela a seguir, a distribuição de terras dessa
região não deve ser entendida como fraca. Na verdade a maioria dos municípios apresenta
concentração fundiária considerada de média a forte. Alguns municípios apresentaram ainda
concentração forte a muito forte, como o caso de Macaé, Campos dos Goytacazes, Cardoso
Moreira, São João da Barra e Quissamã, todos na Região Norte Fluminense.

Tabela 57 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Índice de GINI, 1992 - 1998


Municípios 1992 1998 Variação 1998/1992
Norte Fluminense - - -
Macaé 0,720 0,731 0,011
Campos dos Goytacazes 0,796 0,789 -0,007
Cardoso Moreira 0,646 0,760 0,114
Conceição de Macabu 0,617 0,664 0,047
São Fidelis 0,636 0,647 0,011
São João da Barra 0,704 0,721 0,017
Quissamã 0,780 0,766 -0,014
Noroeste Fluminense - - -
Italva 0,616 0,637 0,021
Itaocara 0,585 0,690 0,105
Itaperuna 0,655 0,661 0,006
Laje do Muriaé 0,645 0,647 0,002
Miracema 0,638 0,638 0,000
Natividade 0,593 0,607 0,014
Porciúncula 0,574 0,578 0,004
Santo Antônio de Pádua 0,584 0,583 -0,001
Varre-Sai 0,330 0,542 0,212
Fonte: Adaptado de Souza et al. (2007)

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 983


Tabela 58 - Concentração da Terra Versus Índice de GINI
Faixa do Índice de GINI Classificação
0,000 a 0,100 Concentração nula
0,101 a 0,250 Concentração nula a fraca
0,251 a 0,500 Concentração fraca a média
0,501 a 0,700 Concentração média a forte
0,701 a 0,900 Concentração forte a muito forte
0,901 a 1,000 Concentração forte a absoluta
Fonte: Câmara (1949)
Somente os municípios de Quissamã, Campos dos Goytacazes e Santo Antônio de Pádua
apresentaram tendência de diminuição no índice de GINI. Em outros municípios esse índice
aumentou ou permaneceu inalterado. Contudo essas modificações não foram suficientes
para alterar a classificação dos municípios.

Na Tabela, estão apresentados o percentual da área total correspondente aos 5% maiores


imóveis e aos 50% menores imóveis para os anos de 1992 e 1998 de acordo com as Esta-
tísticas Cadastrais do INCRA.

Tabela 59 - Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Áreas, 1992 - 1998

% de área dos 5% maiores % de área dos 50% menores


Municípios
1992 1998 1992 1998
Aperibé - 9,97 - 18,44
Bom Jesus do Itabapoana 29,93 30,75 12,78 12,49
Cambuci 39,07 38,76 10,47 10,75
Campos dos Goytacazes 58,82 57,24 4,12 4,22
Cardoso Moreira 44,57 59,42 11,82 7,53
Conceição de Macabu 29,84 36,63 8,75 7,26
Italva 40,50 43,58 13,30 12,49
Itaocara 30,80 48,30 12,44 9,22
Itaperuna 41,60 41,63 9,74 9,47
Laje do Muriaé 37,01 36,86 9,73 9,68
Macaé 48,99 48,89 7,81 7,29
Miracema 30,23 30,36 8,64 8,57
Natividade 30,68 31,90 11,57 10,96
Porciúncula 30,46 30,38 12,68 12,35
Quissamã 49,88 47,48 3,46 3,65
Santo Antônio de Pádua 32,03 32,30 13,91 13,78
São Fidélis 41,56 42,72 12,41 11,77
São João da Barra 47,78 50,94 7,73 7,32
Varre-Sai 8,30 25,21 17,03 13,60
Fonte: Estatísticas Cadastrais do INCRA
Pode ser constatado que o percentual de área correspondente aos 5% dos maiores imóveis
é elevado, sendo maior do que 50% para os municípios de Campos dos Goytacazes, Car-
doso Moreira e São João da Barra, no ano de 1998. Os municípios com a menor concentra-
ção encontrada foram Varre-Sai, Porciúncula, Miracema e Aperibé, contudo, os dados refe-
rentes ao município de Aperibé devem ser analisados com certa cautela, pois no ano de
1998 foram registrados apenas 6 estabelecimentos neste município, possivelmente devido a
algum erro cometido nas estatísticas cadastrais.

984 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


As diferenças entre os anos de 1992 e 1998, com relação a porcentagem de área dos 5%
maiores e dos 50% menores estabelecimentos é pequena para a maioria dos municípios.

O percentual de área dos 50% menores imóveis, também encontrado na Tabela, é em geral
muito baixo, sendo o maior percentual registrado para o município de Aperibé e em segundo
lugar Santo Antônio de Pádua. Os municípios de Quissamã e Campos dos Goytacazes a-
presentam os menores valores para esse índice, 3,65% e 4,22%, respectivamente, demons-
trando uma maior concentração de terras.

7.4 Considerações Finais

Nesta pesquisa procurou-se caracterizar o perfil fundiário das Regiões Norte e Noroeste
Fluminense, bem como analisar as alterações ocorridas ao longo dos anos. Pôde ser cons-
tatado que a Região Norte possui um perfil mais concentrado do que a Região Noroeste, o
que pode ser explicado por fatos históricos ocorridos em ambas e ainda pela geografia dis-
tinta das regiões.

As mudanças apresentadas no período estudado foram pouco expressivas, onde os municí-


pios dessas duas regiões não passaram por alterações significativas na distribuição da pos-
se da terra no período estudado. Assim, conclui-se que as políticas atuantes nesse período
não exerceram efeito significativo sobre a estrutura fundiária dessas regiões.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 985


8. REFERÊNCIAS

ABLAS, Luiz Augusto de Queiroz. A teoria do lugar central: Bases teóricas e evidências
empíricas. Estudo do caso de São Paulo. Instituto de Pesquisas Econômicas, 1982. P.21-
62.

ACURIO, Guido , ROSSIN, Antonio , TEIXEIRA, Paulo Fernando e ZEPEDA, Francisco -


Diagnóstico de la situación del manejo de residuos sólidos municipales en América Latina y
el Caribe - Banco Interamericano de Desarrollo y la Organización Panamericana de la Salud
- 1997

ALEGRE, Marcos. Aspectos do fato urbano no Brasil: Análise quantitativa pelo método
cartográfico. Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Presidente, 1970. 290p.

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Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 989


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Sistema
Político-Administrativo
Municipal e Regional
Capítulo 9
Autor:
Eduardo Nery

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


SUMÁRIO

1. CONSTITUIÇÃO DO NORTE FLUMINENSE......................................................... 997

2. DEMOGRAFIA ....................................................................................................... 997

3. GERAÇÃO DE RIQUEZA PELA REGIÃO............................................................ 1002

4. GERAÇÃO DA RENDA E POSTOS DE TRABALHO OU EMPREGO.................. 1012

5. SITUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS MUNICIPALIDADES.................... 1018

5.1 Formação da Receita ........................................................................................... 1018


5.2 Outras Receitas (CFEM e “royalties”)................................................................... 1029
5.3 Formação da Despesa ......................................................................................... 1031

6. DA ORDEM POLÍTICA......................................................................................... 1043

7. REFERÊNCIAS.................................................................................................... 1054

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


LISTAS

FIGURAS
Figura 1 – Região Norte Fluminense, Centralidades Urbanas, 2007................................ 1046

GRÁFICOS
Gráfico 1 - Região Norte Fluminense, Evolução da População Total da Região, 1991- 2009
.......................................................................................................................................... 998
Gráfico 2 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Total, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ...................................................................................................................... 1002
Gráfico 3 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Agropecuária, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ...................................................................................................................... 1003
Gráfico 4 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Indústria, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ...................................................................................................................... 1003
Gráfico 5 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Serviços, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ...................................................................................................................... 1004
Gráfico 6 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Impostos, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ...................................................................................................................... 1004
Gráfico 7 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB per Capita, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ...................................................................................................................... 1012
Gráfico 8 – Região Norte Fluminense, Distribuição x Geração de Renda ........................ 1017
Gráfico 9 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita Realizada pelas Municipalidades,
1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)........................................................................ 1019
Gráfico 10 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita Tributária Própria Realizada
pelas Municipalidades, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes) ................................... 1020
Gráfico 11 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita Total Realizada, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes).............................................................................................. 1027
Gráfico 12 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita Total Realizada per Capita,
1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)........................................................................ 1027
Gráfico 13 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita Tributária Própria, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes).............................................................................................. 1028
Gráfico 14 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita Tributária Própria per Capita,
1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)........................................................................ 1028
Gráfico 15 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita da CFEM, 2005 - 2009 (a
preços constantes) .......................................................................................................... 1029
Gráfico 16 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita dos “Royalties”, 2005 - 2009
(a preços constantes) ...................................................................................................... 1030
Gráfico 17 - Região Norte Fluminense, Evolução da Despesa Total Realizada, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes).............................................................................................. 1031

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 18 - Região Norte Fluminense, Evolução da Despesa Total per Capita, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes).............................................................................................. 1032
Gráfico 19 - Região Norte Fluminense, Evolução da Despesa com Pessoal, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes)............................................................................................ 1035
Gráfico 20 - Região Norte Fluminense, Evolução da Despesa com Pessoal per Capita,
1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)........................................................................ 1035
Gráfico 21 - Região Norte Fluminense, Evolução do Investimento, 1997 - 2000 - 2008 (a
preços constantes) .......................................................................................................... 1037
Gráfico 22 - Região Norte Fluminense, Evolução do Investimento per Capita, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes).............................................................................................. 1037
Gráfico 23 - Região Norte Fluminense, Evolução do Investimento x Pessoal, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes).............................................................................................. 1038
Gráfico 24 – Região Norte Fluminense, Evolução do Quadro de Pessoal Próprio, 2002 -
2008 ................................................................................................................................ 1050
Gráfico 25 – Região Norte Fluminense – Eficácia do Emprego Público, 2004 - 2008 ...... 1053

TABELAS
Tabela 1 - Região Norte Fluminense, Evolução da População Total dos Municípios, 1991 -
2009 .................................................................................................................................. 998
Tabela 2 - Região Norte Fluminense, Distribuição das Faixas Etárias, 1991 - 2000 - 2009
........................................................................................................................................ 1000
Tabela 3 - Região Norte Fluminense, Razão de Dependência, 1991 - 2000 - 2009......... 1001
Tabela 4 - Região Norte Fluminense, População por Sexo, 2009.................................... 1001
Tabela 5 – Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Total, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ...................................................................................................................... 1005
Tabela 6 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Agropecuária, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ...................................................................................................................... 1006
Tabela 7 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Indústria, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ...................................................................................................................... 1007
Tabela 8 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Serviços, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ...................................................................................................................... 1008
Tabela 9 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Impostos, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ...................................................................................................................... 1009
Tabela 10 – Região Norte Fluminense, Evolução do VAF, 2003 - 2008........................... 1010
Tabela 11 - Região Norte Fluminense, Evolução do Coeficiente de Participação do ICMS,
1994 - 2010 ..................................................................................................................... 1011
Tabela 12 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB/Capita, 1996 - 2007 (a preços
constantes) ...................................................................................................................... 1014
Tabela 13 - Região Norte Fluminense, Emprego Formal, 2009 (Flutuação) e 2008
(Remuneração Média) ..................................................................................................... 1015

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 14 - Região Norte Fluminense, Emprego Formal por Setor – Remuneração Média,
2008 ................................................................................................................................ 1016
Tabela 15 - Região Norte Fluminense, Receita Fiscal das Municipalidades e Região, 1997 -
2000 - 2008 (a preços constantes)................................................................................... 1021
Tabela 16 - Região Norte Fluminense, Receita Tributária Própria das Municipalidades e
Região, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes) .......................................................... 1022
Tabela 18 - Região Norte Fluminense, Receita Tributária Própria per Capita das
Municipalidades e Região, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes) ............................. 1025
Tabela 19 - Região Norte Fluminense, Receita Realizada Total per Capita das
Municipalidades e Região, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes) ............................. 1026
Tabela 20 - Região Norte Fluminense, Evolução da CFEM das Municipalidades, 2005 - 2009
(a preços constantes) ...................................................................................................... 1029
Tabela 20 - Região Norte Fluminense, Evolução dos Royalties das Municipalidades, 2005 -
2009 (a preços constantes).............................................................................................. 1030
Tabela 21 - Região Norte Fluminense, Formação da Despesa Total Realizada, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes).............................................................................................. 1033
Tabela 22 – Região Norte Fluminense, Evolução da Despesa Total per Capita, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes).............................................................................................. 1034
Tabela 23 - Região Norte Fluminense, Evolução da Despesa com Pessoal, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes).............................................................................................. 1036
Tabela 24 – Região Norte Fluminense, Evolução do Investimento, 1997 - 2000 - 2008 (a
preços constantes) .......................................................................................................... 1040
Tabela 25 – Região Norte Fluminense, Comparação Investimento e Despesa com Pessoal,
1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)........................................................................ 1041
Tabela 26 – Região Norte Fluminense, Dívida Ativa, 2000 – 2008 (a preços constantes) 1042
Tabela 27 – Região Norte Fluminense, Exigível a Longo Prazo, 2000 - 2008 (a preços
constantes) ...................................................................................................................... 1042
Tabela 28 – Região Norte Fluminense, Caracterização Básica, 2009.............................. 1043
Tabela 29 – Região Norte Fluminense, Organização dos Municípios, 2010 .................... 1044
Tabela 30 – Região Norte Fluminense, Portais, 2010 ...................................................... 1044
Tabela 31 – Região Norte Fluminense, Quadro de Pessoal das Municipalidades, 2002 -
2008 ................................................................................................................................ 1048
Tabela 32 - Região Norte Fluminense, Índices de Pessoal das Municipalidades, 2004 - 2008
........................................................................................................................................ 1052

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


1. CONSTITUIÇÃO DO NORTE FLUMINENSE
A Região Norte do Estado do Rio de Janeiro compreende treze municípios sendo eles Cam-
pos dos Goytacazes, Carapebus, Cardoso Moreira, Conceição do Macabu, Macaé, Quissa-
mã, São Fidelis, São Francisco de Itabapoana, e São João da Barra, dos quais Cardoso
Moreira, Conceição do Macabu e São Fidelis são interiores e os demais litorâneos.
O Norte constitui uma região ou “um território organizado que contém, em termos reais ou
em termos potenciais, os fatores de seu próprio desenvolvimento, com total independência
da escala” (a partir dos intangíveis, governanças e sinergias).
Como uma Região de tamanho médio em relação ao Estado do Rio de Janeiro, ele possui
um atributo próprio, qual seja, a intrínseca complexidade própria de um sistema aberto. As-
sim, o seu desenvolvimento e/ou transformação estrutural se faz a partir de três dimensões:
 uma sociocultural em que os valores e as instituições regionais servem de base para
sustentar o seu processo de desenvolvimento, segundo um paradigma cultural sistêmi-
co, “holístico”e recursivo,
 outra econômica, na qual os seus agentes produtivos regionais fazem uso de sua capa-
cidade de organizar os fatores produtivos em níveis de produtividade e qualidade e dife-
renciação (inovação) suficientes para se tornarem competitivos nos mercados em que a
Região está inserida ou pode e deve alcançar, e finalmente,
 uma dimensão político-administrativa em que as políticas econômicas públicas se orien-
tam e permitem criar um entorno propício e favorável/fértil, protegê-lo das interferências
ou influências externas e impulsionar o desenvolvimento regional desejado.”
Este desenvolvimento, endógeno, se concentra e se mantém pela satisfação das necessi-
dades humanas, pela geração de níveis crescentes de sua auto-dependência, em função da
articulação orgânica das pessoas com o meio ambiente e com o conhecimento ou tecnolo-
gia, dos processos globais com os comportamentos regionais, das pessoas com o sistema
social, do planejamento com a co-construção da sua autonomia e, da sociedade civil com as
municipalidades que ali subsistem e o estado e federação.
A condição endógena do desenvolvimento regional do Norte se apresenta, portanto, como
uma especificidade da generalidade do desenvolvimento, como a interseção de quatro pla-
nos: o da cultura no seu papel de geradora da identidade, da atitude e da disposição da go-
vernança regional, o político como a sua capacidade crescente de tomada de decisões regi-
onais e negociação em relação à implementação de suas vias de desenvolvimento escolhi-
das e viabilizáveis, o que inclui a sua capacidade de formular políticas e planos/programas
correspondentes, o da economia em termos da sua capacidade de gerar, apropriar e desti-
nar/aplicar excedentes de recursos (poupança) na formação e diversificação da economia
regional (investimentos), atribuindo-se-lhe a estrutura sustentável de longo prazo, e o do
conhecimento e da tecnologia em que o território se habilita e se qualifica para produzir e
manter as condições necessárias para que os seus sistemas e processos realizem as trans-
formações planejadas, nos tempos e intensidades devidos.

2. DEMOGRAFIA
Nesta perspectiva, a população da Região Norte Fluminense apresenta, no horizonte 1991 a
2009, um crescimento de 32,62%, s ao do Estado do Rio e Janeiro, 25,01%, e ao brasileiro,
30,41%. Entre os municípios, São João da Barra perdeu população em função do desmem-
bramento com a emancipação de São Francisco do Itabapoana, em 1997 – mesmo assim
cresceu 10,52% desde então, e apenas Cardoso Moreira mostra tendência de perda de po-
pulação que pode ter persistido, desde que os dados de 2008 e 2009 são estimados. Macaé

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 997


com 92,69% e Quissamã com 89,91% revelam crescimentos extraordinários neste período,
Tabela a seguir.
Tabela 1 - Região Norte Fluminense, Evolução da População Total dos Municípios, 1991 - 2009

Ano
Municípios da Região Norte
Fluminense
1.991 1.996 2.000 2.007 2.009*

Campos dos Goytacazes 389.109 389.547 406.989 426.154 434.008


Carapebus (1) - - 8.666 10.677 11.939
Cardoso Moreira (2) - 11.940 12.595 12.206 12.481
Conceicao de Macabu 16.963 18.206 18.782 19.479 20.687
Macaé 100.895 121.095 132.461 169.513 194.413
Quissamã 10.467 12.583 13.674 17.376 19.878
São Fidélis 34.581 36.534 36.789 37.477 39.256
São Francisco de Itabapoana (3) - - 41.145 44.549 47.832
São João da Barra 59.561 63.939 27.682 28.889 30.595
Total da Região Norte 611.576 653.844 698.783 766.320 811.089
Total do Estado do Rio de Janeiro 12.807.706 13.406.308 14.391.282 15.420.450 16.010.429
Total do Brasil 146.825.475 157.070.163 169.799.170 183.989.711 191.481.045

(1)
Autonomia Municipal em 1997
(2)
Autonomia Municipal em 1993
(3)
Autonomia Municipal em 1997
* Estimativas da População
-- = sem informação
Fonte: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População

A população da Norte corresponde, na atualidade, a 5,07% da população do Estado, em


função da enorme concentração demográfica no colar da Região Metropolitana do Rio de
Janeiro. O grande crescimento da população da Região, decorrente de migrações atraídas
pela economia do petróleo, está representado no Gráfico a seguir.
Gráfico 1 - Região Norte Fluminense, Evolução da População Total da Região, 1991- 2009

Evolução da População Total da Região Norte Fluminense


hab.

900.000 811.089
766.320
800.000 698.783
653.844
700.000 611.576

600.000

500.000

400.000

300.000

200.000
1.991 1.996 2.000 2.007 2.009* Ano
* Estimativa

Fonte: IBGE
Não obstante não se dispor de dados mais recentes sobre a condição de urbanização, a
situação é, certamente, de taxas crescentes de concentração da população nas áreas urba-
nas com a migração continuada da população das áreas rurais e vizinhanças para as aglo-
merações, sedes ou distritos, particularmente os municípios litorâneos ligados à exploração
998 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
do petróleo. Como conseqüência, observa-se, na maioria dos municípios, uma redução dos
níveis das atividades do agronegócio e um crescimento muito significativo do setor serviços.
Como um movimento que perpassa toda a população brasileira, constata-se o deslocamento
da constituição etária na Região, reconfigurando, por conseguinte, a tradicional pirâmide.
Pelo movimento em curso no país, o número de jovens, na faixa etária até 15 anos, vem
diminuindo, de modo substantivo e preocupante na maior parte dos municípios. Concomitan-
temente na Região Norte Fluminense, há um crescimento concentrado e mais acentuado da
faixa etária da população economicamente ativa (PEA), faixa etária entre 15 e 65 anos, em
função da assimilação da população de migrantes e convocados. A persistir esta condição,
o contingente de pessoas mais idosas que, neste período, cresceu proporcionalmente me-
nos do que o decréscimo dos jovens, a sua propensão é de que apresente taxas crescentes
com o passar do tempo. A situação apresenta peculiaridades de menor importância, que
constituem exceções, caso do crescimento de jovens em Quissamã, decréscimo de idosos
em São João da Barra e do crescimento dos idosos de Macaé, onde deve ter ocorrido tam-
bém o ingresso de pessoas na faixa etária superior a 65 anos. Esta situação caracteriza,
com propriedade, a existência de fluxos de pessoas em busca de oportunidades, associadas
a empreendimentos de grande porte, que despertam nos habitantes das áreas rurais inter-
nas, das vizinhanças até regiões remotas, a idéia da oportunidade, de um mercado ofertante
de postos de trabalho. Em termos político-administrativos observa-se, por exemplo, a redu-
ção gradativa das demandas por serviços públicos para crianças e jovens (em geral com
distribuições espaciais diferenciadas), simultaneamente ao aumento do conjunto de pessoas
ativas que constituem a força de trabalho, o que requer uma correspondente criação e oferta
maior de postos de trabalho pela sociedade. Pela dimensão do movimento em alguns muni-
cípios da Região Norte, as Municipalidades e a Região devem considerá-la como parte da
emergência que se verifica, uma vez que ela é portadora de demandas que deslocam as
ofertas públicas convencionais as quais, em geral, se baseiam em progressões quando a
situação presente é de descontinuidades e degraus, particularmente em relação aos siste-
mas públicos unitários de sem ou de reduzida flexibilidade.
Outra circunstância importante em processos de crescimento heterogêneos como este que
acontece é que, em simultaneidade, ocorre o aumento da polarização das aglomerações
que mais oferecem trabalho, atraindo mão-de-obra externa, e o esvaziamento da população
economicamente ativa de outros municípios que exportam sua mão-de-obra, perdendo a
sua capacidade de produzir trabalho, um contexto de formação e evolução de desequilíbrios
e desigualdades com propensão a se acentuar, desde que realimentados com sinais que
reforçam o sistema que se instalou. Este é o caso, por exemplo, de Cardoso Moreira de um
lado e São João da Barra, Macaé ou Quissamã do outro.
Vale mencionar que nestas ondas de aumento da população economicamente ativa em
condições de afluências rápidas, são acompanhadas de grupamentos demográficos que não
atendem às demandas ou que se dedicam a atividades periféricas ou marginais, o que pro-
duz desequilíbrios estruturais no intra-território que passa por processo de explosão de
crescimento. Portadores de problemas sociais diversos que vão desde a pobreza e exclusão
social ao aumento da criminalidade, o que requer a intervenção social, entre outras, com
altos custos associados para a sociedade local e regional.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 999


Tabela 2 - Região Norte Fluminense, Distribuição das Faixas Etárias, 1991 - 2000 - 2009

Municípios da Região Norte Menos de 15 anos 15 a 64 anos 65 anos e mais


Fluminense
1.991 2.000 2.009 1.991 2.000 2.009 1.991 2.000 2.009
Campos do Goytacazes 123.764 111.149 102.372 244.071 267.913 294.378 21.274 27.927 37.258
Carapebus - 2.314 2.770 - 5.748 8.216 - 604 953
Cardoso Moreira - 3.211 2.570 - 8.158 8.389 - 1.226 1.522
Conceição de Macabu 5.520 5.389 5.080 10.539 12.127 13.759 904 1.266 1.848
Macaé 32.589 36.873 47.053 63.865 89.307 136.661 4.441 6.281 10.699
Quissamã 3.437 4.023 5.058 6.472 8.767 13.191 558 884 1.629
São Fidelis 10.387 9.074 8.096 21.596 24.151 26.283 2.598 3.564 4.877
São Francisco de Itabapoana - 12.561 11.426 - 25.723 32.190 - 2.861 4.216
São João da Barra 20.842 7.486 6.877 35.318 18.221 20.866 3.401 1.975 2.852
Total da Região Norte 196.539 192.080 191.302 381.861 460.115 553.933 33.176 46.588 65.854
Total do Estado do Rio de Janeiro 3.634.093 3.619.639 3.644.309 8.411.963 9.702.034 10.972.183 761.650 1.069.609 1.393.937
Total do Brasil 50.988.432 50.266.122 49.138.121 88.751.196 109.597.948 129.010.739 7.085.847 9.935.100 13.332.185

(1)
Notas: Razão de dependência das crianças = (Pop0-15 / Pop15-64) *100.
(2)
Razão de dependência dos idosos = (Pop70+ / Pop15-64) *100.
Fontes: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População
Ministério da Saúde, Caderno de Informações de Saúde, DATASUS
Site: Acesso em novembro de 2009: http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/rj.htm

1000 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Neste primeiro momento do movimento, a redução da razão de dependência em 33% para
as crianças corresponde a um incremento de 36,82% na razão de dependência para os ido-
sos, ressaltando que tais proporções incidem sobre populações de dimensões distintas, ou
seja, 191.302 e 65.854, respectivamente na Região Norte Fluminense.

Tabela 3 - Região Norte Fluminense, Razão de Dependência, 1991 - 2000 - 2009


Estrutura Etária - 1.991, 2.000 e 2.009
Razão de dependência %
Municípios da Região Norte
Das Crianças (1) Dos Idosos (2)
Fluminense
1.991 2.000 2.009 1.991 2.000 2.009
Campos do Goytacazes 50,71 41,49 34,78 8,72 10,42 12,66
Carapebus - 40,26 33,71 - 10,51 11,60
Cardoso Moreira - 39,36 30,64 - 15,03 18,14
Conceição de Macabu 52,38 44,44 36,92 8,58 10,44 13,43
Macaé 51,03 41,29 34,43 6,95 7,03 7,83
Quissamã 53,11 45,89 38,34 8,62 10,08 12,35
São Fidelis 48,10 37,57 30,80 12,03 14,76 18,56
São Francisco de Itabapoana - 48,83 35,50 - 11,12 13,10
São João da Barra 59,01 41,08 32,96 9,63 10,84 13,67
Total da Região Norte 51,47 41,75 34,54 8,69 10,13 11,89
Total do Estado do Rio de Janeiro 43,20 37,31 33,21 1.104,44 907,06 787,14
Total do Brasil 57,45 45,86 38,09 1.252,51 1.103,14 967,66

(1)
Notas: Razão de dependência das crianças = (Pop0-15 / Pop15-64) *100.
(2)
Razão de dependência dos idosos = (Pop70+ / Pop15-64) *100.
Fontes: IBGE - Censos Demográficos, Contagem da População, Estimativas da População
Ministério da Saúde, Caderno de Informações de Saúde, DATASUS
Site: Acesso em novembro de 2009: http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/rj.htm

Tabela 4 - Região Norte Fluminense, População por Sexo, 2009


População Residente por Sexo - 2.009
Municípios da Região Norte Sexo
Total
Fluminense Masculino Feminino
Campos do Goytacazes 208.739 225.269 434.008
Carapebus 6.045 5.894 11.939
Cardoso Moreira 6.220 6.261 12.481
Conceição de Macabu 10.305 10.382 20.687
Macaé 96.489 97.924 194.413
Quissamã 10.183 9.695 19.878
São Fidelis 19.165 20.091 39.256
São Francisco de Itabapoana 24.709 23.123 47.832
São João da Barra 15.308 15.287 30.595
Total da Região Norte 397.163 413.926 811.089
Total do Estado do Rio de Janeiro 7.657.302 8.353.127 16.010.429
Total do Brasil 94.050.601 97.430.444 191.481.045

Fonte: Ministério da Saúde, Informações da Saúde, DATASUS


Site: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?ibge/cnv/popRJ.def
Acesso em dezembro de 2009
Como se pode constatar da Tabela anterior, a distribuição da população entre homens e
mulheres segue a situação do Estado e do país, com predominância quantitativa de mulhe-
res, o que sinaliza que elas também participam da migração, inclusive intra-Região (e.g.
Quissamã e São Francisco de Itabapoana).
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1001
Em 2000, não havendo informações processadas do censo 2007, o nível médio de educa-
ção da população economicamente ativa era de 5,0 anos (variando de 3,3 a 6,9 anos), ainda
persistindo uma taxa de analfabetismo na Região em torno de 17% (variando de 9,0 a
29,6%). Assumindo-se que houve uma melhora significativa neste período, principalmente
como resultado do esforço que levou ao aumento quantitativo da quase totalidade dos jo-
vens na educação fundamental, ainda resta uma parcela expressiva da população com es-
colaridade inferior ou igual à fundamental. A oferta de educação universitária persiste con-
centrada nas cidades maiores, com oferta ainda limitada em termos quantitativos e em rela-
ção à sua aderência às demandas da economia regional. Há somente uma Incubadora de
Empresas em funcionamento em Campos dos Goytacazes (UENF). A situação da educação
e formação profissionalizante é análoga.

3. GERAÇÃO DE RIQUEZA PELA REGIÃO


A geração da riqueza pela Região medida através do seu agregado econômico, habitual-
mente designado Produto Interno Bruto, PIB, revela, entre 1996 e 2006, uma multiplicação
muito expressiva do seu valor em 5,83 vezes. Na verdade, o crescimento entre 1996 e 2002
aconteceu em taxas muito menores, ocorrendo uma elevação abrupta em 2003 em diante.
Em 2007, o PIB cai muito em função da conjuntura do petróleo.
Três municípios - Campos dos Goytacazes, Macaé e Quissamã concentram mais de 93%
do PIB da Região Norte Fluminense, sendo que Campos dos Goytacazes, individualmente,
representa mais de 65%.
Gráfico 2 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Total, 1996 - 2007 (a preços constantes)

Norte Fluminense - PIB Total (a preços constantes)

MMR$
40.093

34.921
30.752
22.825
21.902
8.243

8.371
8.055
7.027
7.538
6.875

7.188

Ano
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

Os dados do PIB, tanto nos Gráficos quanto nas Tabelas estão, todos eles, em valores
constantes, tendo-se usado como indicador, o IGP da Fundação Getúlio Vargas. Desmem-
brando-se o PIB nos seus constituintes Agropecuária, Indústria, Serviços e Impostos, classi-
ficação utilizada pelo CIDERJ e IBGE, pode-se verificar a quase inexpressiva participação
da Agropecuária, na atualidade, considerando a sua participação hegemônica no passado,
com a cana de açúcar, que perde substância até mesmo neste período recente. Entre os
municípios, mostram os maiores resultados e contribuições para a Região Campos dos Goy-
tacazes, São Francisco do Itabapoana e Macaé (cerca de 2/3 do total).

1002 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 3 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Agropecuária, 1996 - 2007 (a preços
constantes)

Norte Fluminense - PIB Total Agropecuária (a preços constantes)

MMR$

307

255
288

224

312
228

188

197

203

275
194

292
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano

Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

O PIB Indústria (petróleo) determina a trajetória do PIB Região, sendo o seu impulsionador
mestre, setor responsável pelo surto de crescimento da economia de alguns dos municípios
litorâneos da Região. Campos dos Goytacazes, disparado na frente, Macaé e Quissamã
concentram os valores da produção industrial.
Gráfico 4 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Indústria, 1996 - 2007 (a preços constan-
tes)

Norte Fluminense - PIB Total Indústria (a preços constantes)


30.694

MMR$
25.076
22.230
14.825
14.141
1.045
595

531

985
590

566

562

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano

Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

O setor serviços é o que mostra uma trajetória de crescimento contínua, sem descontinuida-
de, como a verificada com a indústria que modelou a curva de evolução do PIB da Região.
Serviços revela uma participação bem menor do que Indústria, com taxas pequenas, mas
que mostram uma posição consistente. Campos dos Goytacazes e Macaé detém a maior
parcela de Serviços, ou seja, mais de 87% do seu total, em 2007.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1003


Gráfico 5 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Serviços, 1996 - 2007 (a preços constan-
tes)

Norte Fluminense - PIB Total Serviços (a preços constantes)

MMR$

8.421
7.937
7.330
6.494

6.435

6.542
5.946

6.223
5.133

5.546

5.823
5.381

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano

Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

No que diz respeito aos impostos, os seus valores tem se mantido regularmente com pe-
quenas variações em torno de ua média, sendo que de maneira análoga, eles estão concen-
trados em Campos dos Goytacazes e Macaé.
Gráfico 6 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Impostos, 1996 - 2007 (a preços cons-
tantes)

Norte Fluminense - PIB Total Impostos (a preços constantes)

MMR$
1.020

1.146

1.169
1.170
837
860

966

917
989

959
848

896

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano

Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

Para uma avaliação mais detalhada da situação evolutiva, as Tabelas seguintes reproduzem
a evolução dos PIBs dos municípios e da Região Norte Fluminense. Fica claro que os valo-
res atualmente produzidos dependem diretamente do petróleo que afeta diretamente e em
grande proporção quando de suas variações e, no momento, não há uma economia concor-
rente com resultados significativos ou em ascensão que possa vir a substituir o petróleo
quando de seu processo de declínio e exaustão. Observa-se igualmente, que os resultados
muito elevados dessa riqueza que se produzem há mais de quarenta anos e mais intensa-
mente há sete anos, não permeia e nem se distribui seja entre os municípios da própria Re-
gião, seja entre os estratos da sociedade, além de mobilizar e, de certa forma monopolizar
todas as atenções, inibindo e/ou atenuando outras iniciativas ou atividades concomitantes,
não concorrentes.
1004 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Tabela 5 – Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Total, 1996 - 2007 (a preços constantes)
Produto Interno Bruto - PIB Total (a preços constantes) (MMR$)
Municípios da Região Norte
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Fluminense
Campos dos Goytacazes 3.964 4.062 4.643 3.886 3.325 3.585 3.181 13.274 13.653 20.345 27.208 22.710
Carapebus - 85 74 64 57 63 62 317 350 411 486 416
Cardoso Moreira 101 82 87 81 88 77 57 85 83 87 88 96
Conceição de Macabu 113 157 131 111 105 126 107 136 136 139 145 145
Macaé 1.908 2.149 2.419 2.208 2.162 3.460 4.278 5.480 5.835 6.478 7.621 6.966
Quissamã 111 151 115 125 130 145 147 1.380 1.399 1.815 2.782 2.993
São Fidélis 255 293 267 230 196 211 176 286 337 313 317 332
São Francisco de Itabapoana - 195 281 267 198 209 176 311 319 350 368 361
São João da Barra 424 364 226 216 181 179 187 632 715 813 1.077 903
Região 6.875 7.538 8.243 7.188 6.441 8.055 8.371 21.902 22.825 30.752 40.093 34.921
Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1005


Tabela 6 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Agropecuária, 1996 - 2007 (a preços constantes)
Evolução do PIB Agropecuária (a preços constantes) (MMR$)
Municípios da Região Norte
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Fluminense
Campos dos Goytacazes 152,28 113,47 111,68 136,53 125,78 122,93 127,83 122,47 124,95 104,98 101,49 99,43
Carapebus - 13,91 9,55 4,59 1,88 1,88 6,29 11,49 10,51 10,15 10,59 6,55
Cardoso Moreira 8,89 5,18 5,35 5,71 7,95 6,43 4,85 9,59 9,54 8,61 8,05 9,70
Conceição de Macabu 7,48 9,35 9,51 4,70 10,42 16,56 6,44 7,04 6,70 5,75 5,16 4,72
Macaé 26,81 6,42 3,44 6,41 4,03 5,66 3,28 28,91 29,19 29,05 31,95 31,38
Quissamã 10,57 10,33 11,35 8,22 12,53 11,51 17,01 16,77 18,97 16,04 25,83 17,49
São Fidélis 21,17 9,44 7,20 9,00 6,12 11,15 6,91 23,07 22,11 19,74 18,61 18,93
São Francisco de Itabapoana - 11,87 19,76 43,02 15,36 18,27 27,71 71,88 73,77 66,00 72,97 50,01
São João da Barra 60,94 44,31 15,69 9,82 3,69 3,00 3,07 15,64 15,82 15,17 16,88 16,67
Região 288,14 224,28 193,53 227,98 187,75 197,39 203,40 306,85 311,57 275,49 291,53 254,89
Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

1006 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 7 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Indústria, 1996 - 2007 (a preços constantes)
Evolução do PIB Indústria (a preços constantes) (MMR$)
Municípios da Região
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Norte Fluminense
Campos dos Goytacazes 417,31 351,07 396,83 330,09 314,57 242,90 178,10 9.520,88 9.954,56 16.102,49 22.650,59 18.008,84
Carapebus - 11,37 11,90 8,81 8,36 3,97 0,07 226,91 254,28 316,73 388,68 317,95
Cardoso Moreira 1,48 1,06 1,70 1,72 1,96 1,40 0,83 7,64 8,10 7,81 7,33 7,50
Conceição de Macabu 8,27 7,17 7,63 8,03 9,63 8,77 5,71 14,72 15,28 15,00 15,09 14,16
Macaé 77,21 54,73 77,07 137,55 146,09 724,93 735,30 2.690,41 2.787,16 3.493,59 4.153,98 3.239,49
Quissamã 13,61 16,08 11,40 11,33 11,71 6,74 3,18 1.204,93 1.216,33 1.643,55 2.591,43 2.782,69
São Fidélis 13,80 14,25 15,63 13,31 13,22 13,11 8,41 39,95 80,80 43,08 43,40 42,60
São Francisco de Itabapoana - 24,38 29,08 23,39 24,17 18,92 22,65 26,10 27,57 28,24 28,47 28,42
São João da Barra 62,87 50,54 38,43 31,50 32,45 24,74 30,91 409,03 481,30 579,12 815,03 634,54
Região 594,56 530,65 589,67 565,72 562,16 1.045,46 985,16 14.140,57 14.825,37 22.229,62 30.694,00 25.076,18
Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1007


Tabela 8 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Serviços, 1996 - 2007 (a preços constantes)
Evolução do PIB Serviços (a preços constantes) (MMR$)
Municípios da Região Norte
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Fluminense
Campos dos Goytacazes 2.812,68 3.101,25 3.510,33 2.901,93 2.667,74 2.679,57 2.385,94 3.335,96 3.264,25 3.808,32 4.108,98 4.248,59
Carapebus - 54,43 49,56 48,95 48,63 53,94 53,40 76,20 78,67 81,04 83,77 84,48
Cardoso Moreira 88,46 70,01 77,01 70,29 83,12 66,19 48,72 65,47 62,49 68,00 69,59 73,25
Conceição de Macabu 87,65 124,32 102,53 90,48 85,94 91,97 86,87 108,46 108,18 112,67 118,58 118,27
Macaé 1.583,28 1.857,20 2.071,68 1.791,44 1.893,09 2.336,72 3.115,09 2.093,32 2.249,45 2.421,60 2.673,50 2.980,00
Quissamã 81,24 115,11 88,80 101,78 113,46 122,58 122,42 151,21 155,87 149,41 158,35 178,93
São Fidélis 197,92 239,77 218,11 191,06 176,08 170,55 147,89 210,92 218,48 240,24 243,92 254,08
São Francisco de Itabapoana - 139,46 212,19 184,06 158,40 156,17 115,40 202,85 206,77 245,38 255,51 254,50
São João da Barra 281,35 244,11 163,34 166,06 154,90 145,28 147,44 190,46 197,36 203,52 224,42 229,11
Região 5.132,58 5.945,65 6.493,55 5.546,05 5.381,35 5.822,97 6.223,15 6.434,85 6.541,54 7.330,17 7.936,61 8.421,20
Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

1008 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 9 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB Impostos, 1996 - 2007 (a preços constantes)
Evolução do PIB Impostos (a preços constantes) (MMR$)
Municípios da Região
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Norte Fluminense
Campos dos Goytacazes 581,67 495,77 623,90 517,80 519,09 539,74 489,40 294,94 309,50 329,52 346,84 353,31
Carapebus - 5,33 2,74 2,06 2,91 2,86 2,22 2,51 6,11 2,92 2,90 6,53
Cardoso Moreira 1,78 6,13 2,86 2,84 2,92 3,01 2,57 2,51 2,39 2,69 2,95 5,76
Conceição de Macabu 9,66 15,88 11,52 7,66 8,50 8,49 8,21 5,58 5,41 5,42 6,62 7,48
Macaé 221,12 230,41 266,56 272,66 315,46 392,58 424,23 667,84 769,29 533,61 761,11 715,30
Quissamã 5,11 9,91 3,83 3,75 4,15 4,51 4,00 6,94 7,60 6,22 6,39 13,49
São Fidélis 21,80 29,93 25,89 16,82 18,66 15,93 12,46 12,24 15,20 10,26 11,56 16,32
São Francisco de Itabapoana - 19,09 20,16 16,16 17,63 15,81 10,64 10,24 10,81 10,35 11,42 27,59
São João da Barra 19,07 24,80 8,85 8,32 6,68 6,03 5,44 16,90 20,19 15,63 20,63 22,79
Região 860,21 837,25 966,32 848,07 896,00 988,97 959,17 1.019,69 1.146,50 916,63 1.170,41 1.168,56
Fonte: Valores Referentes a 1996 até 2002: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ
Valores Referentes a 2003 até 2007: IBGE
http://www.cide.rj.gov.br/tabnet/deftohtm.exe?cide/PIB/PIBCOR.def
Acesso em 22 de dezembro de 2009

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1009


A evolução do PIB da Região Norte mostra que ele teve um impacto mínimo com a desvalo-
rização cambial, em 1999, uma pequena redução, logo em seguida, com a crise energética
em 2001-2002, e com a mudança de patamar em 2003, adquiriu uma nova trajetória ascen-
dente. No entanto, cabe ressaltar que os seus valores acentuados se referem quase que
essencialmente ao que está ligado direta ou indiretamente à economia de petróleo, com o
restante do agregado se mantendo estagnado, em declínio ou com baixas taxas de incre-
mento. A título de exemplo, o crescimento do setor Serviços, se faz mais expressivo a partir
de 2002, em sincronicidade com o de petróleo e com o ritmo que ele impõe. Em síntese, a
Região Norte Fluminense vive o momento ou ciclo da economia do petróleo, um bem natural
que viabiliza uma indústria extrativa exaurível, de maneira bastante similar aos grandes ci-
clos anteriores de suas “commodities”, respeitadas as características de cada uma e da sua
contextualização histórica. Desde o início desta exploração, há algumas iniciativas de con-
verter a riqueza gerada em benefício regional e menos ainda no sentido de criar sustentabi-
lidade. Registre-se que não há verticalizações e nem encadeamentos significativos no Norte
Fluminense, nem a constituição, adrede planejada, de bases de conhecimento que se pres-
tem como depositárias, nem desdobramentos ou alavancagens colaterais, entre outras pos-
sibilidades, de atividades produtivas duráveis em escala de substituição ou sucessão. Os
números dos desempenhos dos municípios deixam claro que as diferenças se acentuam
com a produção das condições associadas à riqueza que, uma vez mais é controlada exo-
genamente. O Fundo de Desenvolvimento do município de Campos dos Goytacazes é um
precioso elemento inovador, pois expressa um meio/modo de capitalização regional, consti-
tuindo um sistema financeiro de poupança para investimento, a partir da riqueza produzida
regionalmente, com capacidade para orientar escolhas segundo uma governança do Norte.
Simultaneamente ao PIB, deve-se considerar os Valores Adicionados Fiscais, VAFs, que
reiteram ou ajustam os valores e interpretações anteriores, desde que ele é determinado
pela apuração do que aconteceu ou se programa vir a acontecer com os Municípios, especi-
ficando a condição de formação da receita das Municipalidades. No caso da Norte, os valo-
res da Tabela seguinte reiteram o quadro do dinamismo da economia regional (alta concen-
tração) mantendo a sua propensão para o crescimento.
Tabela 10 – Região Norte Fluminense, Evolução do VAF, 2003 - 2008
Valor Adicionado Fiscal - VAF - Índice Médio
Municípios da Região Norte
2003 2004 2005 2006 2007 2008
Fluminense
Campos dos Goytacazes 3,0935 3,1792 3,5853 3,9729 3,7132 4,7827
Carapebus 0,2119 0,2132 0,2504 0,2854 0,2751 0,3744
Cardoso Moreira 0,0162 0,0133 0,0128 0,0133 0,0114 0,0088
Conceição de Macabu 0,0185 0,0168 0,0135 0,0156 0,0132 0,0142
Macaé 3,5489 3,9542 4,7724 5,4630 5,8779 6,7299
Quissamã 0,9335 0,9323 1,1052 1,2483 1,2087 1,6510
São Fidélis 0,0381 0,0261 0,0285 0,0284 0,0223 0,0258
São Francisco de Itabapoana 0,2436 0,2464 0,2749 0,2937 0,2862 0,3711
São João da Barra 0,2553 0,2509 0,2990 0,3126 0,3081 0,4075
Região 0,9288 0,9814 1,1491 1,2926 1,3018 1,5962
Secretaria de Estado da Fazenda do Rio de Janeiro
Fonte: Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE RJ

A condição de participação no ICMS, 1994 a 2010, Tabela a seguir, ratifica e mantém a


condição de desempenho traduzida pelo PIB e pelo VAF, mostrando a ascensão de Macaé
que, desde de 2007, passou a deter o mais alto coeficiente regional, ultrapassando a longa
hegemonia de Campos dos Goytacazes. Comprova-se o exclusivismo da indústria do petró-
leo, com municípios tendo reduzido seus coeficientes, outros, absolutamente estagnados,
com coeficientes constantes, o que representa uma mensuração inconteste do imobilismo
de suas economias.
1010 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
Tabela 11 - Região Norte Fluminense, Evolução do Coeficiente de Participação do ICMS, 1994 - 2010

Evolução Coeficiente de Participação do ICMS (Após Plano Real)


Municípios da Região Norte
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 (*1) 2003 (*2) 2004 (*3) 2005 (*4) 2006 (*5) 2007 (*6) 2008 (*7) 2009 2010
Fluminense
Campos dos Goytacazes 3,886 3,961 3,289 2,775 2,736 2,775 2,994 3,736 5,025 4,910 4,910 3,342 3,310 3,494 3,820 3,822 4,091
Carapebus - - 0,059 0,221 0,254 0,29 0,311 0,366 0,493 0,486 0,486 0,355 0,343 0,366 0,392 0,404 0,416
Cardoso Moreira 0,192 0,194 0,196 0,237 0,242 0,248 0,25 0,254 0,256 0,253 0,253 0,248 0,249 0,247 0,247 0,250 0,252
Conceição de Macabu 0,177 0,174 0,174 0,226 0,233 0,236 0,238 0,247 0,245 0,240 0,240 0,234 0,235 0,234 0,236 0,258 0,270
Macaé 2,274 2,25 1,651 1,346 1,352 1,424 1,614 2,234 3,259 3,292 3,292 3,005 3,184 3,643 4,213 4,618 5,097
Quissamã 1,015 1,017 0,752 0,61 0,615 0,669 0,763 1,071 1,642 1,612 1,612 0,958 0,941 0,999 1,125 1,169 1,320
São Fidélis 0,324 0,32 0,319 0,343 0,347 0,343 0,345 0,347 0,340 0,340 0,340 0,337 0,334 0,331 0,332 0,328 0,310
São Francisco de Itabapoana - 0,333 0,333 0,341 0,388 0,443 0,467 0,529 0,641 0,631 0,631 0,497 0,499 0,509 0,527 0,519 0,537
São João da Barra 0,632 0,469 0,387 0,363 0,361 0,366 0,385 0,445 0,561 0,546 0,546 0,405 0,398 0,412 0,437 0,434 0,469
Região 8,500 8,718 7,160 6,462 6,528 6,794 7,367 9,229 12,462 12,310 12,310 9,381 9,493 10,235 11,329 11,802 12,762

-- = sem informação
(*1) - Restabelecimento do IPM 2002 fixados pelo Decreto 30.401/2001 em face da revogação do Decreto 30.852/2002 pelo Decreto 31.509/2002 .
(*2) - IPM 2003 publicado pelo Decreto N.º 34.451 de 08 de dezembro de 2003.
(*3) - Restabelecimento do IPM 2003, para vigorar temporariamente em 2004, em face da suspensão dos efeitos do Decreto nº 34.858/2004 pelo Decreto nº 34.982/2004.
(*4) - Índices fixados pelo Decreto nº 36.687/2004.
(*5) índices de 2006 fixados pelo Decreto nº 38.888, de 20/02/2006.
(*6) índices de 2007 fixados pelo Decreto nº 40.597, de 09/02/2007.
(*7) o Decreto 41.108/2008 alterou os índices para 2008 anteriormente fixados pelo Decreto 40.953/2007

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1011


4. GERAÇÃO DA RENDA E POSTOS DE TRABALHO OU EMPREGO
(CAPACIDADE DE PAGAMENTO E/OU PODER DE COMPRA)
Foram escolhidos para uma análise da situação da geração e distribuição da renda da Regi-
ão Norte Fluminense os indicadores Produto Interno Bruto, PIB, per Capita, numa dimensão
do agregado econômico local, a Renda Média per Capita, uma medida censitária apurada
para o ano de 2000, o GINI, cujas descrições e avaliações correspondentes constam a se-
guir.
O primeiro indicador considerado, o PIB per Capita, Gráfico a seguir, mostra claramente a
predominância da influência de um incremento maior do crescimento do PIB do que do
crescimento da população. O PIB per Capita da Região (R$45.580/capita.ano) é um dos
mais altos do país, particularmente em se referindo a regiões. Há valores que o constituem
extremamente elevados, que retratam condições díspares, em especial o de Quissamã,
172.226 reais per capita ano.
Vale lembrar também, o efeito da participação dos programas assistenciais, a partir de 2003,
que contribuíram para a elevação da renda, com reflexos diretos na redução da pobreza e
maior remuneração ou renda média.
Gráfico 7 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB per Capita, 1996 - 2007 (a preços cons-
tantes)

Norte Fluminense - PIB Per Capita (a preços constantes)

52.530

45.570
R$
40.816
30.698
30.183
12.243

11.673
11.385
12.451

10.536

10.056
10.515

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano

Fonte: IBGE

Não obstante a não disponibilidade de dados atuais sobre a situação da pobreza na Região,
cabe mencionar que os indicadores do Censo 2000, colocavam a maioria dos seus municí-
pios com duas vezes a proporção de pobres do Estado do Rio de Janeiro (38 contra 19%).
De maneira similar, a Renda per Capita Média na Norte representava a metade da praticada
no Estado, representando entre 20 a 30% do salário mínimo da época.
Esta situação deve ter se alterado, com a disseminação dos programas sociais assistenciais
do Governo Federal, assim como por um aumento maior do PIB em relação à demografia,
sem que, no entanto, tenha havido quaisquer mudanças estruturais.
Os dados da Tabela, a seguir, que tratam exclusivamente do emprego formal correspon-
dendo a uma parcela da população economicamente ativa, mostram uma explosão para
mais das condições salariais que superam em alguns casos, as condições do PIB/Capita (as
mais acentuadas estão assinaladas em fundo amarelo). Este fato ilustra e reforça a questão
essencial do crescimento da riqueza com um grande crescimento das desigualdades pela
concentração da riqueza e da renda.

1012 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Chama a atenção a diferença entre os salários médios máximo e mínimo, 4,82 vezes, o que
seria uma situação mais igualitária, mas ao se ver a remuneração média dos empregos do
mercado formal de trabalho na Região Norte Fluminense, as diferenças entre extremos
crescem muito, 27,9 vezes, e que agrava a situação são as diferenças entre municípios vizi-
nhos em que a única classe homogênea, sistematicamente com os menores salários for-
mais é o agronegócio (em completo e extensivo esvaziamento).

Quando o emprego público aumenta a remuneração de seus funcionários e a agropecuária


recebe em pagamento os menores salários do sistema, o sistema econômico está em regi-
me de desaceleração ou de dominação e multiplica pouco. Isto explica a propensão à es-
tagnação, as taxas de urbanização, a migração, entre outras, na parcela da socioeconomia
que não está associada à indústria de petróleo.

Em termos da oferta de trabalho, o balanço da Região, em 2009, como em outros anos des-
ta década, aponta para um saldo positivo na geração de novos postos de trabalho formais
no ano, correspondentes a + 2.865, ou seja, apenas 0,9% da PEA regional, sendo assim
menor do que a expansão média da demografia e da PEA, reafirmando, uma vez mais, a
condição prevalente de resposta incompleta às demandas da população regional.

Em outra avaliação, a comparação entre o PIB per Capita e o índice GINI entre os vários
municípios que compõem a Região Norte Fluminense, o Gráfico deixa claro que a distribui-
ção da renda não está necessariamente associada a uma economia mais pujante, caso de
Macaé e Campos dos Goytacazes, por exemplo, em contraposição a Carapebus, Conceição
do Macabu e Quissamã, por exemplo, em posições as mais favoráveis, ou São Fidelis, São
Francisco do Itabapoana e Cardoso Moreira, numa posição a menos favorável.

Ressalte-se, por oportuno, que, no Gráfico, os raios dos círculos são proporcionais à popu-
lação o que lhes confere a informação dos montantes de população que convivem com cada
uma das condições de renda e desigualdade (ou assimetria).

Fica claro que os comportamentos dos municípios desta Região, na representação gráfica,
os situa em um espaço bem delimitado, com variações moderadas, ocorrendo um distanci-
amento maior apenas de Quissamã, que constitui uma excepcionalidade.

Observa-se também que os municípios cujas economias mais cresceram, em um curto in-
tervalo de tempo na história recente, revelam tendência a não conseguirem alcançar, em
simultaneidade, melhores distribuições de renda para sua população.

Esta análise evidencia igualmente as limitações existentes na capacidade de pagamento e


poder de compras dos habitantes da maior parte dos municípios da Região Norte. Ao consi-
derá-los como contribuintes, o perfil de sua renda ou remuneração delimita para as Munici-
palidades a sua capacidade atual de contribuir para a formação da receita própria. O que
reverte a situação anterior para a outra parcela de municípios são as receitas tributárias e os
“royalties” recebidos da indústria do petróleo, mesmo porque a estratificação de renda de
suas populações provavelmente apontará a incidência de grupos de baixa renda, além dos
grupos de excluídos, migrantes que foram e ficaram sem ter condições de aproveitamento
como força de trabalho, entre outros. Cumpre lembrar o recrutamento externo da mão-de-
obra mais qualificada, a quem se atribuem as maiores remunerações, em grau de educação
e profissionalização da Região, das restrições de seu sistema de educação, dos tempos e
da descapitalização acumulada da capacitação humana.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1013


Tabela 12 - Região Norte Fluminense, Evolução do PIB/Capita, 1996 - 2007 (a preços constantes)
PIB Per Capita (a preços constantes) (MMR$)
Municípios da Região Norte
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Fluminense
Campos dos Goytacazes 10.176 10.339 11.735 9.754 8.169 8.740 7.695 31.875 32.298 47.735 63.323 53.291
Carapebus - 10.049 8.432 7.131 6.534 7.054 6.618 33.192 35.128 40.398 46.774 38.917
Cardoso Moreira 8.426 6.943 7.366 6.864 6.983 6.137 4.538 6.800 6.608 6.988 7.066 7.882
Conceição de Macabu 6.210 8.466 6.991 5.827 5.587 6.649 5.666 7.109 6.964 7.057 7.318 7.425
Macaé 15.760 18.247 19.886 17.580 16.321 25.413 30.455 38.004 38.373 41.416 47.413 41.095
Quissamã 8.784 11.633 8.620 9.096 9.508 10.336 10.218 94.110 91.309 115.745 173.398 172.226
São Fidélis 6.971 7.934 7.143 6.101 5.334 5.689 4.715 7.638 8.876 8.208 8.264 8.857
São Francisco de Itabapoana - 5.347 7.608 7.113 4.802 4.981 4.123 7.144 7.065 7.604 7.854 8.093
São João da Barra 6.635 12.710 7.795 7.325 6.547 6.473 6.675 22.462 25.128 28.433 37.427 31.261
Região 10.515 11.344 12.243 10.536 9.218 11.385 11.673 30.183 30.698 40.816 52.530 45.570
Fonte: IBGE

1014 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 13 - Região Norte Fluminense, Emprego Formal, 2009 (Flutuação) e 2008 (Remuneração Média)
Emprego Formal
Remuneração
Flutuação do Emprego Formal (janeiro
Municípios da Região População PEA Total Média do
a dezembro 2.009)
Norte Fluminense Emprego Formal
2.000 2.009 2.000 *2009 Admissão Desligamento Saldo (R$) 2.008
Campos dos Goytacazes 406.989 434.008 179.522 191.440 22.534 19.269 3.265 1.236,17
Carapebus 8.666 11.939 3.990 5.497 90 69 21 1.039,31
Cardoso Moreira 12.595 12.481 5.007 4.962 81 48 33 971,33
Conceição de Macabu 18.782 20.687 7.999 8.810 254 218 36 764,71
Macaé 132.461 194.413 63.152 92.688 36.616 36.519 97 3.679,34
Quissamã 13.674 19.878 5.791 8.418 261 326 -65 1.343,25
São Fidélis 36.789 39.256 15.516 16.556 677 1.641 -964 958,08
São Francisco de Itabapoana 41.145 47.832 17.201 19.997 467 344 123 763,35
São João da Barra 27.682 30.595 11.862 13.110 1.913 1.594 319 1.178,42
Região (1) 698.783 811.089 310.040 361.479 62.893 60.028 2.865 1.326,00

* Calculada com base na população do IBGE


Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego / CAGED
http://perfildomunicipio.caged.com.br/seleciona_uf_consulta.asp?entrada=SPER&uf=rj
Acesso em 16 de dezembro de 2009
(1) Em remuneração média do emprego formal -> Média dos municípios

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1015


Tabela 14 - Região Norte Fluminense, Emprego Formal por Setor – Remuneração Média, 2008
Remuneração Média de Empregos Formais em 31 de Dezembro de 2008 - (R$)
Serviços
Municípios da Região Total das Extrativa Indústria de Construção Administração
Industriais de Comércio Serviços Agropecuária
Norte Fluminense Atividades Mineral Transformação Civil Pública
Utilidade Pública
Campos dos Goytacazes 1.236,17 837,12 872,59 1.344,96 983,50 740,43 1.271,67 2.358,06 652,70
Carapebus 1.039,31 557,50 1.082,94 0,00 3.200,00 703,51 992,59 1.103,27 575,35
Cardoso Moreira 971,33 498,96 544,18 0,00 796,25 606,22 1.155,39 1.127,12 564,90
Conceição de Macabu 764,71 877,50 740,15 0,00 768,74 685,33 779,18 899,80 516,00
Macaé 3.679,34 9.248,96 2.514,31 8.576,08 2.226,12 1.124,54 2.260,84 1.796,44 687,13
Quissamã 1.343,25 686,17 633,89 920,88 715,03 621,68 927,32 1.714,65 549,76
São Fidélis 958,08 894,60 607,55 0,00 1.303,02 578,67 1.584,98 658,84 502,94
São Francisco de Itabapoana 763,35 3.083,26 643,62 696,13 820,18 611,17 1.104,32 734,66 536,11
São João da Barra 1.178,42 803,80 963,06 14.045,93 1.739,14 596,15 859,50 1.133,49 495,09
Região 1.326,00 1.943,10 955,81 2.842,66 1.394,66 696,41 1.215,09 1.280,70 564,44

cor: Mantido o valor conquanto dispar


Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego / CAGED
http://perfildomunicipio.caged.com.br/seleciona_uf_consulta.asp?entrada=SPER&uf=rj
Acesso em 16 de dezembro de 2009

1016 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 8 – Região Norte Fluminense, Distribuição x Geração de Renda

Norte Fluminense - Distribuição de Renda x Geração de Renda


< Desigualdade
3,0

2,8
Carapebus

1 2,6
Conceição de Macabu
GINI
Quissam ã
2,4 São João da Barra
Cardoso Moreira
Macaé
São Francisco de
2,2 Itabapoana
São Fidélis Cam pos dos Goytacazes

2,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170
> Desigualdade PIB/Capita x 103

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1017


5. SITUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS MUNICIPALIDADES
5.1 Formação da Receita
A Receita auferida pelas Municipalidades da Região Norte Fluminense, estruturada nas su-
as rubricas convencionais, a saber, Tributária Própria, Fundo de Participação dos Municí-
pios, Quota de Participação no ICMS e Outras (captação de recursos de fundos, dotações
orçamentárias, programas dedicados e especiais, entre outras), conta da Tabela a seguir.
Deve-se mencionar que pode haver certo prejuízo nesta Tabela desde que não há informa-
ções do município de Campos dos Goytacazes para 2008, o que fez com que fossem usa-
dos os seus dados de 2007.
Da sua leitura é possível inferir que:
• ao longo do período, há uma redução acentuada das participações na Receita
Total das Municipalidades, das receitas Tributária, FPM e ICMS, as quais cumpre
destacar todas elas crescem;
• o que acontece, em contrapartida, é a valoração acentuada e conseqüente in-
cremento nas participações da receita intitulada Outras, que multiplica por 22,59
vezes, no intervalo de tempo considerado, mostrando o aumento crescente da re-
lação de dependência das Municipalidades, associada à indústria do petróleo a-
dicionada ao sucesso ou não da captação ou inscrição e participação em proje-
tos, programas e demais iniciativas do Governo Federal, principalmente, e do Es-
tadual subsidiariamente. Trata-se de uma condição estrutural de duração limitada
que, ao produzir receitas com valores sistematicamente muito altos, pode ser en-
tendida como algo permanente, uma emulação que signifique uma situação de
regime. Entretanto, tais receitas, a grande parte delas possui uma conotação de
eventualidade ou temporalidade, assim como uma destinação específica e vincu-
lada, que nem sempre corresponde às prioridades ou necessidades maiores mu-
nicipais. Mesmo as que constituem os “royalties” e os fundos continuados carac-
terizam-se como receitas de transferência. De fato, tal condição reflete uma con-
centração da capacidade de financiamento das operações e investimentos das
Municipalidades, da Região, na indústria do petróleo e na União, condicionando a
gestão pública municipal e regional, seja na efetividade de sua gestão, seja na
capacidade e graus de liberdade de sua governança - observe-se a redução a-
centuada verificada em 2007.
• fica evidente o impacto de Outras na avaliação do desempenho das Municipali-
dades, ainda que nos anos mais recentes tenha-se generalizado o reconheci-
mento de que ela representa a via de expansão de receitas municipais;
• a expansão da participação da receita Tributária Própria, 3% na média entre
2008 e 2000, na Região constitui um avanço, mostrando crescimento espetacular
em Macaé, 7,4 vezes no período 1997-2008, e muito expressivos em Campos
dos Goytacazes, São João da Barra e Quissamã, uma sinalização inquestionável
do aumento do poder aquisitivo (coincidente com o Índice de Potencial de Com-
pra da Florenzano Marketing/Gazeta Mercantil) da maior parte da população des-
tes municípios do bloco petróleo, não obstante o reconhecimento da existência
crescente de estratos menos favorecidos em suas populações;
• ainda persistem maiores as receitas totais das Municipalidades de municípios
que possuem os maiores Produtos Internos Brutos – Macaé, Campos dos Goyta-
cazes, Quissamã e São João da Barra;

1018 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


• os últimos municípios emancipados – Carapebus, Quissamã e São Francisco de
Itabapoana - mostram um desempenho típico, em relação à sua Receita Total,
crescendo regularmente;
• o crescimento da receita do ICMS acompanha o crescimento das quatro maiores
economias municipais - Campos dos Goytacazes, Macaé, Quissamã e São João
da Barra;
• nos valores do FPM, particularmente maiores em 2008, no seu valor estão inclu-
ídos para mais a mudança de cálculo em 2005/2006 e o reajuste, em 2008, de-
corrente de correção do montante nacional (mantidas as alíquotas municipais)
proveniente de decisões políticas negociadas e aprovadas, o que se sobrepôs ao
fator determinante do seu As Receitas Totais Realizadas pelas Municipalidades
que constituem a Região Norte Fluminense cresceram 3,32 vezes entre 2008 e
2000, com Macaé e Campos dos Goytacazes valor;
• disputando a sua liderança, Gráfico a seguir.

Gráfico 9 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita Realizada pelas Municipalidades,


1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)

Norte Fluminense - Receita Total Realizada (a preços constantes)

MR$ 3.075.789

926.774
502.719

1997 2000 2008 Ano

Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis
dos Municípios
Na Tabela e Gráfico seguintes, pode-se ver o resultado da gestão tributária no seu esforço
de geração interna de receita para as Municipalidades. As participações, para o último ano
2008, conquanto tenham recuperado valor ainda não alcançam a mesma condição que obti-
veram em 1997. Na verdade, a média de participação na Receita Total da Região Norte,
11,38%, se deve exclusivamente a Macaé na qual a Receita Tributária Própria chega a
21,5% da sua Receita Total, o que constitui uma exceção na situação geral. Nos demais
municípios, incluindo Campos dos Goytacazes, a média cai drasticamente para 5,2%, mos-
trando desempenho muito baixo. Há, em geral, duas políticas que explicam tal situação: os
municípios auferem receitas altas e decidem transferir uma parcela deste seu benefício aos
contribuintes sob a forma de tributos subsidiados ou muito pouco apreciados, ou as Munici-
palidades reconhecem o limite ou a incapacidade de pagamento de seus contribuintes e não
tem como atribuir-lhes uma tributação que seria a indicada. Uma combinação das duas é
possível, particularmente onde subsiste predominante a indústria extrativa que concentra a
renda nos investidores e nos agentes de Governo – Municipalidades localmente. Natural-
mente que subsistem outras condições, menos frequentes ou mais específicas, que então
se aplicariam a um município e não homogeneamente a um grupo de municípios de uma
dada Região, como é o caso. Fica claro, portanto, a existência de contingenciamento do
montante das receitas próprias municipais o que restringe substantivamente a capacidade
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1019
das Municipalidades de menor alavancagem de gerir o dinamismo de sua economia e, por
via de conseqüência, de contribuírem efetivamente para a economia da Região, em que
comparecem como atores principais.
Gráfico 10 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita Tributária Própria Realizada pelas
Municipalidades, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)

Norte Fluminense - Receita Tributária (a preços constantes)

MR$ 349.968

77.936 77.319

1997 2000 2008 Ano

Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis
dos Municípios

1020 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 15 - Região Norte Fluminense, Receita Fiscal das Municipalidades e Região, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)
Receita Fiscal (a preços constantes) (MR$)
Municípios da Região Norte Tributária Própria FPM QPM-ICMS Outras Total Realizada
Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
Campos dos Goytacazes (1) 38.467 35.449 73.147 24.121 20.268 s/i 103.498 107.019 s/i 22.080 85.683 1.138.859 188.167 248.419 1.212.006
Carapebus 298 462 1.520 2.351 2.518 5.232 9.154 13.953 17.516 2.290 27.850 44.999 14.093 44.784 69.266
Cardoso Moreira 339 385 644 3.140 3.440 5.232 9.909 10.844 11.046 2.918 7.592 14.133 16.306 22.262 31.054
Conceição de Macabu 509 372 1.317 4.740 4.350 7.847 9.619 9.108 10.355 3.140 9.387 18.462 18.007 23.217 37.982
Macaé 33.810 34.572 250.308 13.285 13.099 34.259 56.361 61.673 186.958 47.980 251.452 692.464 151.435 360.797 1.163.989
Quissamã 714 1.544 8.221 3.134 3.590 7.847 25.470 28.343 50.247 11.919 78.011 171.915 41.238 111.489 238.231
São Fidélis 1.481 1.819 2.136 7.590 6.785 11.771 14.274 12.968 14.814 6.120 15.876 24.403 29.464 37.447 53.124
São Francisco de Itabapoana 1.050 967 2.679 5.994 2.411 13.079 13.459 17.445 23.555 326 445 28.437 20.830 21.268 67.750
São João da Barra 1.269 1.747 9.996 3.056 7.222 9.155 13.946 15.338 19.532 4.908 32.785 163.704 23.178 57.092 202.387
Região 77.936 77.319 349.968 67.411 63.683 94.423 255.691 276.692 334.022 101.681 509.080 2.297.375 502.719 926.774 3.075.789
% 15,50 8,34 11,38 13,41 6,87 3,07 50,86 29,86 10,86 20,23 54,93 74,69 100,00 100,00 100,00
(1)
No ano de 2008 foram utilizados os dados de 2007.
Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1021


Tabela 16 - Região Norte Fluminense, Receita Tributária Própria das Municipalidades e Região, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)

Investimento (a preços constantes)


Municípios da Região Receita Tributária Própria (MR$) Receita Total (MR$) Receita Tributária x Receita Total (%)
Norte Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
Campos dos Goytacazes 38.467 35.449 73.147 188.167 248.419 1.212.006 20,44 14,27 0,00
Carapebus 298 462 1.520 14.093 44.784 69.266 2,12 1,03 2,19
Cardoso Moreira 339 385 644 16.306 22.262 31.054 2,08 1,73 2,07
Conceição de Macabu 509 372 1.317 18.007 23.217 37.982 2,82 1,60 3,47
Macaé 33.810 34.572 250.308 151.435 360.797 1.163.989 22,33 9,58 21,50
Quissamã 714 1.544 8.221 41.238 111.489 238.231 1,73 1,39 3,45
São Fidélis 1.481 1.819 2.136 29.464 37.447 53.124 5,02 4,86 4,02
São Francisco de Itabapoana 1.050 967 2.679 20.830 21.268 67.750 5,04 4,55 3,95
São João da Barra 1.269 1.747 9.996 23.178 57.092 202.387 5,47 3,06 4,94
Região 77.936 77.319 349.968 502.719 926.774 3.075.789 15,50 8,34 11,38

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

1022 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Deve-se mencionar que a Região Norte Fluminense é composta por 4 municípios com popu-
lação até 21.000 habitantes, 3 municípios com população acima de 30.000 e inferior a
50.000 habitantes e 1 na faixa maior do que 100.000 até 200.000 habitantes e um com mais
de 400.000 habitantes. Em geral cada uma destas faixas constrói, ao longo de sua história,
um paradigma de referência quanto ao comportamento econômico-financeiro de suas Muni-
cipalidades, na medida em que operam em blocos de condições relativamente próximas que
especificam resultados que se associam a médias capazes de retratar cada conjunto com
propriedade. Fazem exceção os municípios que ultrapassam os 300.000 habitantes, os
quais em geral assumem trajetórias de crescimento diferenciadas, ainda que persistam as
grandes questões de modo comum. Em vários estados brasileiros, são conhecidas as mé-
dias de comportamentos desses agrupamentos de municípios, identificados por sua popula-
ção, o que constitui um elemento importante para a gestão do comportamento econômico-
financeiro de suas Municipalidades, particularmente para as faixas de municípios até cem
mil habitantes, para as quais o grau de complexidade lógica se atém dentro de espaços
mais delimitados sobre variantes de estruturas equivalentes. No caso do Estado do Rio de
Janeiro, esta informação ainda não foi objeto de uma sistematização que tornasse conheci-
dos os valores de referência dos estratos de municípios associando o seu desempenho e-
conômico financeiro à sua população (como foi feito, por exemplo, no Índice FIRJAN de De-
senvolvimento Municipal). Desta maneira, torna-se possível uma comparação intra-
municípios de uma região, caso da Norte Fluminense, ou entre as Regiões Norte e Noroes-
te, disseminando-se tal procedimento para outras regiões e o Estado, gradativamente. É
possível igualmente comparações com indicadores de municípios de outras unidades da
federação, no sentido de constituir-se um reconhecimento de padrões que permita a aplica-
ção de diversas metodologias conhecidas de suporte à tomada de decisão e planejamento.
Considerando-se, então, a título de demonstração, os indicadores Receita Tributária per
Capita e Receita Total Realizada per Capita das Municipalidades do Norte Fluminense, Ta-
belas a seguir, é possível constatar que o valor da Receita Tributária per Capita de
R$437,00/hab., em 2008, para a Região Norte foi bastante influenciado pelos valores mais
altos de três municípios, Macaé principalmente, seguido de Quissamã e São João da Barra.
Coincidentemente, cada um desses municípios se localiza em um dos estratos mencionados
anteriormente e, certamente, eles praticaram políticas tributárias de geração de receita pró-
pria consideradas como em consonância com a condição de sua economia. Em uma primei-
ra avaliação, os valores da Receita Tributária per Capita Regional é muito expressivo e, na-
turalmente o de Macaé, assim como os de Quissamã e São João da Barra, em relação a
outras regiões e municípios fluminenses e brasileiros. Como exemplo, a Receita Tributária
Própria da Região Noroeste, vizinha, no mesmo ano, foi de R$83,00/hab., ou seja, 5 vezes
menor.
(escólio: como os dados apropriados de Campos dos Goytacazes são os de 2007, é muito
provável que as suas contribuições com dados de 2008 sejam ainda maiores, apreciando a
média regional)
No que diz respeito à Receita Realizada Total per Capita, em 2008, a situação é muito inte-
ressante, pois a maior Receita Realizada per Capita é de Quissamã, R$12.334,00/hab., se-
guida por São João da Barra com R$6.669,00/hab. e por Carapebus com R$5.9535,00/hab..
Estes valores reproduzem o quanto cada uma dessas Municipalidades teve como Receita
para atender a cada um de seus habitantes. No sentido contrário, recebendo os mais baixos
valores, encontra-se São Fidelis, São Francisco do Itabapoana e Conceição do Macabu que
apresentaram, respectivamente, R$1.360,00/hab., R$1.434,00/hab., R$1.852,00/hab., uma
situação que ressalta a ineficácia da indústria do petróleo para elas, o que resulta em com-
portamentos equivalentes aos de seus pares da Região Noroeste. Numa posição intermedi-
ária ficaram os dois municípios pólo nos quais as grandes receitas se diluem em grandes
populações resultantes do seu efeito de polarização regional, principalmente. Esta condição

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1023


permite igualmente supor que parcela dos fluxos migratórios para as sedes dos municípios
pólo não contribui efetivamente para a geração de receitas o que absorve parte da receita
municipal sem contrapartida, e/ou cria ou acentua os desequilíbrios e amplia déficits vários
para exercícios fiscais futuros. Em termos macroeconômicos, constitui uma das componen-
tes dos embriões do afastamento entre o PIB Potencial e o PIB Real, que refreia o processo
de desenvolvimento e, sobretudo, a sua sustentabilidade.
Cabe ainda mencionar que a maior parte das Receitas Realizadas segue uma curva de
comportamento relativamente contínua: as exceções com saltos de valores representam,
em geral, descontinuidades resultantes de intervenções bem ou mal sucedidas, conforme os
resultados foram positivos ou negativos, respectivamente.

1024 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 17 - Região Norte Fluminense, Receita Tributária Própria per Capita das Municipalidades e Região, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)
Receita Tributária Própria (a preços constantes)
Municípios da Região Norte População Receita Tributária Própria (MR$) Receita Tributária Per Capita (R$)
Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
(1)
Campos dos Goytacazes 392.849 406.989 431.839 38.467 35.449 73.147 98 87 169
Carapebus 8.463 8.666 11.671 298 462 1.520 35 53 130
Cardoso Moreira 11.865 12.595 12.502 339 385 644 29 31 51
Conceição de Macabu 18.511 18.782 20.505 509 372 1.317 27 20 64
Macaé 117.758 132.461 188.787 33.810 34.572 250.308 287 261 1.326
Quissamã 13.017 13.674 19.315 714 1.544 8.221 55 113 426
São Fidélis 36.979 36.789 39.057 1.481 1.819 2.136 40 49 55
São Francisco de Itabapoana 36.434 41.145 47.247 1.050 967 2.679 29 24 57
São João da Barra 28.619 27.682 30.348 1.269 1.747 9.996 44 63 329
Região 664.495 698.783 801.271 77.936 77.319 349.968 117 111 437

(1) No ano de 2008 foram utilizados os dados de 2007.

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1025


Tabela 18 - Região Norte Fluminense, Receita Realizada Total per Capita das Municipalidades e Região, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)
Receita (a preços constantes)
Municípios da Região População Receita Total Realizada (MR$) Receita Per Capita (R$)
Norte Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
Campos dos Goytacazes (1) 392.849 406.989 431.839 188.167 248.419 1.212.006 479 610 2.807
Carapebus 8.463 8.666 11.671 14.093 44.784 69.266 1.665 5.168 5.935
Cardoso Moreira 11.865 12.595 12.502 16.306 22.262 31.054 1.374 1.767 2.484
Conceição de Macabu 18.511 18.782 20.505 18.007 23.217 37.982 973 1.236 1.852
Macaé 117.758 132.461 188.787 151.435 360.797 1.163.989 1.286 2.724 6.166
Quissamã 13.017 13.674 19.315 41.238 111.489 238.231 3.168 8.153 12.334
São Fidélis 36.979 36.789 39.057 29.464 37.447 53.124 797 1.018 1.360
São Francisco de Itabapoana 36.434 41.145 47.247 20.830 21.268 67.750 572 517 1.434
São João da Barra 28.619 27.682 30.348 23.178 57.092 202.387 810 2.062 6.669
Região 664.495 698.783 801.271 502.719 926.774 3.075.789 757 1.326 3.839
(1)
No ano de 2008 foram utilizados os dados de 2007.

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

1026 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Ao se considerar a evolução da situação da Receita Realizada Total e per Capita e da Re-
ceita Tributária Própria e per Capita do ponto de vista da Região Norte Fluminense, surgem
algumas constatações:
• entre 2000 e 2009, a taxa de crescimento da Receita Total Realizada, 231,9%,
revela-se muito superior à do período anterior (2000-1997, 84,4%), como conse-
quência da mudança do nível da produção do petróleo, a partir de 2003;
• a taxa de crescimento da Receita Total Realizada per Capita observa o mesmo
movimento, com variações crescentes menores, 189,5% e 175,1% respectiva-
mente entre 2008-2000 e 2000-1997, o que indica que a população cresceu, mas
com menor intensidade do que a Receita;
• com isto,as Municipalidades da Região, na média, dispuseram de recursos con-
secutivamente maiores para cada habitante, nos dois intervalos do período con-
siderado.
Gráfico 11 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita Total Realizada, 1997 - 2000 - 2008
(a preços constantes)

Norte Fluminense - Receita Total Realizada (a preços constantes)

MR$ 3.075.789

926.774
502.719

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Gráfico 12 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita Total Realizada per Capita,
1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)

Norte Fluminense - Receita Total Per Capita (a preços constantes)

R$ 3.839

1.326
757

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1027


No caso das receitas tributárias da Região Norte Fluminense:
• entre 2000-2008, o crescimento da Receita Tributária Própria foi de 352,62% e de
um decréscimo de 0,79% no intervalo anterior 1997-2000;
• o crescimento da Receita Tributária per Capita foi de 293,69% e de -0,79% entre
1997-2000, o que mostra movimentos semelhantes, mas com percentuais maiores
para a Receita Tributária, ou seja, repete-se o comportamento verificado nas Re-
ceitas Totais Realizadas, agora, entre a Tributária Total Própria e a sua correspon-
dente per Capita, com a mesma explicação;
• ressalve-se a enorme desigualdade das receitas entre Municipalidades da Região,
o que resulta em valores muito maiores para algumas em relação a outros muito
menores para os seus pares.
Gráfico 13 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita Tributária Própria, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes)

Norte Fluminense - Receita Tributária (a preços constantes)

MR$ 349.968

77.936 77.319

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Gráfico 14 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita Tributária Própria per Capita, 1997 -
2000 - 2008 (a preços constantes)

Norte Fluminense - Receita Tributária Per Capita (a preços constantes)


R$
437

117 111

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

1028 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


5.2 Outras Receitas (CFEM e “royalties”)
Em aditamento às suas receitas fiscais, algumas Municipalidades da Região Norte Flumi-
nense recebem a Contribuição Financeira sobre a Exploração Mineral, como uma compen-
sação associada à extração de materiais estratégicos do solo e subsolo. Os valores não são
muito elevados e, em geral, há dificuldade em se ter um acompanhamento mais próximo de
sua quantificação pelas Municipalidades desde que constitui uma prerrogativa com exclusi-
vidade do Departamento Nacional de Política Mineral, DNPM, do Ministério das Minas e E-
nergia, MME. Em 2009, 8 dos 9 municípios tiveram atividade de extração mineral, com re-
cebimento da CFEM. Como ela só é cobrada de empresas produtivas regularizadas, entre
outras condições, a evasão ocorre com freqüência e, às vezes, por longos períodos. A Ta-
bela a seguir mostra os valores dos anos mais recentes (disponibilizados pelo DNPM).
Tabela 19 - Região Norte Fluminense, Evolução da CFEM das Municipalidades, 2005 - 2009
(a preços constantes)
Evolução da CFEM ( a preços constantes) (R$)
Municípios da Região Norte
2005 2006 2007 2008 2009
Fluminense
Campos dos Goytacazes 144.553 162.666 163.299 169.410 119.030
Carapebus - - - 63 -
Cardoso Moreira - - - 785 539
Conceição de Macabu 1.220 3.592 831 782 9.305
Macaé 76.396 167.774 206.201 268.240 245.459
Quissamã - - 2.845 6.970 9.538
São Fidélis 22.128 12.461 22.023 28.735 78.671
São Francisco de Itabapoana 296.691 302.037 261.505 210.486 193.507
São João da Barra 297 286 1.892 2.052 3.950
Região 541.284 648.816 658.597 687.523 659.998
Fonte: DNPM

Em termos da Região, a evolução do seu recolhimento consta do Gráfico seguinte.

Gráfico 15 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita da CFEM, 2005 - 2009 (a preços
constantes)

Norte Fluminense - Evolução da CFEM (a preços constantes)

R$ 687.523
648.816 658.597 659.998
541.284

2005 2006 2007 2008 2009 Ano

Fonte: DNPM

Trata-se de uma situação estabilizada em que não há projetos de expansão ou de instala-


ção de novas unidades, produzindo receitas periféricas.
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1029
Para o caso dos “royalties” associados à extração dos materiais fósseis, os recebimentos
que acontecem em função da Bacia de Campos, tiveram uma redução importante nos anos
de 2007 e 2009, pela retração da produção, mas se mantem em níveis muito significativos e
expressivos.
Tabela 20 - Região Norte Fluminense, Evolução dos Royalties das Municipalidades, 2005 - 2009
(a preços constantes)
Evolução do Valor dos Royalties dos Beneficiários ( a preços constantes) (MR$)
Municípios da Região Norte
2005 2006 2007 2008 2009
Fluminense
Campos dos Goytacazes 392.531 475.287 422.013 559.006 419.629
Carapebus 31.421 36.767 28.949 33.749 21.899
Cardoso Moreira 4.036 4.312 3.205 4.174 3.309
Conceição de Macabu 4.587 4.900 3.642 4.743 3.761
Macaé 323.530 376.950 315.891 406.961 294.558
Quissamã 64.877 79.609 84.756 101.086 65.922
São Fidélis 5.504 5.881 4.370 5.691 4.513
São Francisco de Itabapoana 5.687 6.077 4.516 5.881 4.663
São João da Barra 46.504 54.591 42.546 79.193 73.128
Região 878.676 1.044.375 909.887 1.200.485 891.381
Fonte: Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis - ANP
http://www.anp.gov.br/?pg=13303&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebust=1264105332213
Acesso: 21 janeiro 2010

Os seus valores se distribuem de acordo com a regulação específica aplicável com grandes
distinções entre os municípios diretamente envolvidos ou não, sendo que, na atualidade, há
em funcionamento uma associação reunindo as Municipalidades do primeiro grupo.
Gráfico 16 - Região Norte Fluminense, Evolução da Receita dos “Royalties”, 2005 - 2009
(a preços constantes)

Norte Fluminense - Evolução do Valor dos Royalties dos Beneficiários


(a preços constantes)
MR$
1.200.485
1.044.375
878.676 909.887 891.381

2005 2006 2007 2008 2009 Ano

Fonte: Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis - ANP

O montante de “royalties” atribuído à Região Norte representou 39% daReceita Total Reali-
zada das Municipalidades em 2008, um valor que equivale a mais de 3x (três vezes) a mé-
dia de investimentos anuais realizados pelos municípios classificados como os mais dinâmi-
cos brasileiros, nos anos mais recentes, de acordo com os resultados dos trabalhos de pes-
quisa da Florenzano Marketing, publicadas pela Gazeta Mercantil, até 2008.
1030 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
5.3 Formação da Despesa
A constituição das Despesas representada pelas parcelas de despesas Operacional, Pes-
soal, Capital e Investimento, figura na Tabela seguinte.
Nas Despesas como na Receita, persiste o problema da ausência de dados de Campos dos
Goytacazes. Para supri-la, parcialmente, e permitir a participação indispensável deste Muni-
cípio na formação dos montantes regionais, foram assumidos os dados de 2007 para 2008,
ainda havendo que associá-los em rubricas típicas (e.g. Custo Operacional integrante do
Custeio). Dessa maneira ficaram prejudicadas algumas avaliações.
As informações da Tabela deixam claro que a maior parte dos recursos públicos, mais de
77%, está voltada ao Custeio, que reúne o Custo ou Despesa Operacional e a Despesa de
Pessoal. Os valores de Despesa de Pessoal revelam uma ascensão vertiginosa, com muni-
cípios multiplicando os seus dispêndios em mais de 7x (sete vezes) entre 2000 e 2008. Sem
Campos dos Goytacazes, as Despesas de Pessoal na Região, nesse período, cresceram
3,7x (três e sete décimos vezes), sem o valor de Campos dos Goytacazes.
Na sua maioria dos municípios, os montantes de Investimento cresceram muito nos dois
intervalos do período: exceções para Carapebus, Cardoso Moreira e São Francisco de Ita-
bapoana. Mesmo assim, o montante total dos investimentos representou, em 2008, o equi-
valente a 52% dos “royalties” recebidos. Com receitas extra-orçamen-tárias, as Despesas de
Capital praticamente restringem a sua utilização para a maioria dos Municípios. Assim nos
três em que comparece, em 2008, Campos dos Goytacazes, Quissamã e São Fidelis, o grau
de endividamento correspondente não expressa qualquer alavancagem efetiva. Esta situa-
ção, da Região Norte Fluminense, traduz uma orientação política que mescla a orientação
voltada para o curto prazo, e o longo prazo, na maior parte, por meio da realização sistemá-
tica de investimentos.
.A evolução da Despesa Total Realizada da Região Norte Fluminense, Gráfico a seguir, re-
vela que as Despesas que haviam reduzido entre 1997 e 2000, cresceram mais de 6x (seis
vezes) entre 2000 e 2008.

Gráfico 17 - Região Norte Fluminense, Evolução da Despesa Total Realizada, 1997 - 2000 - 2008
(a preços constantes)

Norte Fluminense - Despesa Total Realizada (a preços constantes)


MR$
2.557.731

514.007 415.140

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

O aumento da Despesa Total Realizada é proporcionalmente maior do que o da Despesa


Total per Capita, quando ocorreu um baixo crescimento da população no período.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1031


Gráfico 18 - Região Norte Fluminense, Evolução da Despesa Total per Capita, 1997 - 2000 -
2008 (a preços constantes)

Norte Fluminense - Despesa Total Per Capita (a preços constantes)

R$
3.192

774
594

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Quissamã, Macaé e São João da Barra apresentaram as mais altas despesas totais per ca-
pita da Região, enquanto São Fidelis, São Francisco do Itabapoana e Conceição do Macabu
as menores.
Nenhum dos municípios reduziu as suas despesas totais per capita entre 2000 e 2008.

1032 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 21 - Região Norte Fluminense, Formação da Despesa Total Realizada, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)

Despesa Fiscal (a preços constantes) (MR$)


Municípios da Região Norte Custo Operacional Pessoal Serviço da Dívida Investimentos Total Realizada
Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
(1)
Campos dos Goytacazes 85.196 40.399 760.115 101.831 128.003 0 0 0 87.067 24.295 187.587 287.889 211.322 170.842 1.135.071
Carapebus 1.978 5.468 22.916 7.619 12.166 28.960 0 0 0 2.027 12.507 5.065 11.624 14.832 57.338
Cardoso Moreira 3.633 5.532 4.821 9.885 8.958 13.787 0 0 0 2.206 4.707 4.057 15.724 9.213 23.252
Conceição de Macabu 5.267 6.902 8.010 8.014 12.686 15.634 0 738 0 2.080 3.059 4.318 15.361 11.223 28.737
Macaé 50.073 61.997 335.650 84.189 125.112 450.624 0 2.230 0 15.359 61.679 86.881 149.622 120.464 898.418
Quissamã 2.007 4.684 77.792 24.445 37.502 77.191 0 0 25 6.809 32.323 41.183 33.261 35.757 196.221
São Fidélis 7.035 11.814 10.495 21.313 24.260 21.015 0 0 173 1.705 1.361 5.862 30.054 17.965 40.066
São Francisco de Itabapoana 7.996 9.204 16.428 8.063 11.009 36.123 0 0 0 4.058 6.662 2.424 20.118 12.897 55.960
São João da Barra 6.668 (259) 43.557 16.454 27.816 45.189 0 0 0 3.800 18.174 29.838 26.922 21.946 122.667
Região 169.853 145.743 1.279.783 281.814 387.513 688.522 0 2.968 87.265 62.340 328.059 467.517 514.007 415.140 2.463.055
% 33,04 35,11 51,96 54,83 93,35 27,95 0,00 0,71 3,25 12,13 79,02 18,01 100,00 99,91 98,59
(1)
No ano de 2008 foram utilizados os dados de 2007.
Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1033


Tabela 22 – Região Norte Fluminense, Evolução da Despesa Total per Capita, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)

Despesa (a preços constantes)


Municípios da Região Norte População Despesa Total Realizada (MR$) Despesa Per Capita (R$)
Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
(1)
Campos dos Goytacazes 392.849 406.989 431.839 211.322 170.842 1.135.071 538 420 2.628
Carapebus 8.463 8.666 11.671 11.624 14.832 57.338 1.373 1.711 4.913
Cardoso Moreira 11.865 12.595 12.502 15.724 9.213 23.252 1.325 731 1.860
Conceição de Macabu 18.511 18.782 20.505 15.361 11.223 28.737 830 598 1.401
Macaé 117.758 132.461 188.787 149.622 120.464 898.418 1.271 909 4.759
Quissamã 13.017 13.674 19.315 33.261 35.757 196.221 2.555 2.615 10.159
São Fidélis 36.979 36.789 39.057 30.054 17.965 40.066 813 488 1.026
São Francisco de Itabapoana 36.434 41.145 47.247 20.118 12.897 55.960 552 313 1.184
São João da Barra 28.619 27.682 30.348 26.922 21.946 122.667 941 793 4.042
Região 664.495 698.783 801.271 514.007 415.140 2.557.731 774 594 3.192
(1) No ano de 2008 foram utilizados os dados de 2007.

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

1034 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Despesas Pessoal
As despesas com Pessoal, Gráfico a seguir, mostram aumentos crescentes entre 1997 e
2000, e 2000 e 2008, respectivamente, 37,5% e 77,7%. Este crescimento é muito inferior ao
crescimento da economia regional. Em simultaneidade há iniciativas de modernização dos
serviços públicos oferecidos às populações, abrangendo a sua informatização, a formação
de rede(s), melhores condições e funcionalidade de trabalho, melhores instalações e mobili-
ários urbanos entre outras ações de efeito semelhante.
Gráfico 19 - Região Norte Fluminense, Evolução da Despesa com Pessoal, 1997 - 2000 - 2008
(a preços constantes)

Norte Fluminense - Despesa com Pessoal (a preços constantes)

MR$ 688.522

387.513
281.814

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

De maneira análoga, repete-se o padrão, crescimento com intensidade menor, neste caso
em relação à Despesa de Pessoal per Capita, Gráfico e Tabela a seguir, ou seja, há um in-
cremento no custo das pessoas que prestam serviços para cada cidadão ou habitante da
Região Norte Fluminense. A situação entre municípios é diversificada com os maiores valo-
res ocorrendo em Quissamã, Carapebus e São João da Barra (sem informação de Campos
dos Goytacazes) e os menores em São Fidelis, Conceição do Macabu e São Francisco do
Itabapoana.

Gráfico 20 - Região Norte Fluminense, Evolução da Despesa com Pessoal per Capita,
1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)

Norte Fluminense - Despesa com Pessoal Per Capita (a preços constantes)

859
R$

555

424

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1035


Tabela 23 - Região Norte Fluminense, Evolução da Despesa com Pessoal, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)

Despesa (a preços constantes)


Municípios da Região Norte População Despesa com Pessoal (MR$) Despesa com Pessoal Per Capita (R$)
Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
(1)
Campos dos Goytacazes 392.849 406.989 431.839 101.831 128.003 0 259 315 -
Carapebus 8.463 8.666 11.671 7.619 12.166 28.960 900 1.404 2.481
Cardoso Moreira 11.865 12.595 12.502 9.885 8.958 13.787 833 711 1.103
Conceição de Macabu 18.511 18.782 20.505 8.014 12.686 15.634 433 675 762
Macaé 117.758 132.461 188.787 84.189 125.112 450.624 715 945 2.387
Quissamã 13.017 13.674 19.315 24.445 37.502 77.191 1.878 2.743 3.996
São Fidélis 36.979 36.789 39.057 21.313 24.260 21.015 576 659 538
São Francisco de Itabapoana 36.434 41.145 47.247 8.063 11.009 36.123 221 267,57 765
São João da Barra 28.619 27.682 30.348 16.454 27.816 45.189 575 1.005 1.489
Região 664.495 698.783 801.271 281.814 387.513 688.522 424 555 859
(1) No ano de 2008 foram utilizados os dados de 2007.

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

1036 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Investimento

Como exposto na formação das despesas, os montantes de investimentos anuais pelas Mu-
nicipalidades da Região vem crescendo sistematicamente, sendo que, em 2008, os seus
valores atingem o seu pico, Tabela e Gráfico a seguir.
De fato, o que explica melhor a situação da Região é o valor do Investimento per Capita do
Norte: em 2000, antes da explosão da indústria do petróleo, as cifras do montante dos In-
vestimentos Totais e do Investimento per Capita haviam alcançado valores notáveis M-
MR$328.ano e R$469,00/Capita.ano o que representa uma incremento de 5,26x (cinco e
vinte e seis décimos vezes) e 4,99x (quatro e noventa e nove décimos vezes) em relação
aos valores de 1997, respectivamente. Os aumentos consecutivos, entre 2000-2008, ampli-
am esta condição, com taxas bem menores de 42,5% e 24,3%, no período, mas igualmente
expressivas.
Gráfico 21 - Região Norte Fluminense, Evolução do Investimento, 1997 - 2000 - 2008 (a preços
constantes)

Norte Fluminense - Investimento (a preços constantes)

MR$
467.517

328.059

62.340

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Gráfico 22 - Região Norte Fluminense, Evolução do Investimento per Capita, 1997 - 2000 - 2008
(a preços constantes)

Norte Fluminense - Investimento Per Capita (a preços constantes)


583
R$
469

94

1997 2000 2008 Ano

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1037


Fazendo-se uma comparação entre os dispêndios com Investimento e com Pessoal, Gráfico
e Tabela seguintes, observa-se claramente que, no ambiente da Região Norte Fluminense,
os Investimentos que ganharam força entre 1997 e 2000, passando de 22,12% para 84,65%
das Despesas de Pessoal, sofreram uma redução de 20 pontos entre 2008 e 2000, caindo
para 64,41%. Na verdade, os valores de Investimento cresceram, mas Pessoal cresceu mui-
to mais. O recuo das taxas de crescimento dos Investimentos, entre 2000 e 2008, está a-
quém das possibilidades se se considera o adicional representado pelo montante de “royal-
ties” recebidos, desde a eclosão da produção do petróleo, sinalizando para uma perda de
prioridade.
Gráfico 23 - Região Norte Fluminense, Evolução do Investimento x Pessoal, 1997 - 2000 - 2008
(a preços constantes)

Região Norte Fluminense - Despesa com Investimento e Pessoal


(a preços constantes)

MR$
688.522

387.513

443.505
281.814
328.059

62.340
1997 2000 2008 Ano

Despesa com Investimento Despesa com Pessoal

Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios

Chama atenção, da análise, um quadro entre as Municipalidades com muitas diferenças:


• Carapebus, Cardoso Moreira e São Francisco do Itabapoana reduziram muito os
seus Investimentos, revelando comportamentos que lembram alguns dos munici-
ípios da Região Noroeste;
• Campos dos Goytacazes e São João da Barra aumentaram muito o montante de
seus Investimentos, acompanhados, em menor intensidade, por Quissamã e Ma-
caé;
• em alguns poucos municípios, os Investimentos foram direcionados para a im-
plantação de unidades produtivas, parques e distritos industriais, unidades edu-
cacionais profissionalizantes, fundos, plataformas de produção cultural, entre ou-
tros, ou seja, para a promoção do desenvolvimento sustentável, numa visão da
construção de futuro em longo prazo;
• tanto Campos dos Goytacazes, em iniciativa pioneira, quanto Macaé, em segui-
da, constituíram fundos de investimento capitalzados a partir de parcela dos mon-
tantes de royalties recebidos da exploração do petróleo. O FUMDECAM e o FUN-
DEC se destinam a promover a implantação de indústrias no território e ambos já
mostram resultados positivos ainda que acumulativamente pequenos.
• há outros fundos em estruturação, em outros municípios, consolidando-se a ex-
periência de sucesso de Campos dos Goytacazes;
• cabe ressaltar que tais fundos estão sendo constituídos ainda com uma concep-
ção mais geral, sem usar de direcionamentos que promoveriam os encadeamen-
1038 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
tos necessários ao desenvolvimento de sua cadeia produtiva, ou seja, naquela
que e predomina em sua economia.
• os municípios “produtores” ou ligados diretamente à produção do petróleo e que,
por conseguinte, compartilham os “royalties”, constituíram uma associação para
representá-.os e tratar dos assuntos de interesse comum: a Organização dos
Municípios Produtores de Petróleo, OMPETRO, que ainda tem uma atuação dis-
creta, com poucos resultados.
• praticamente, não há registro de intentos de resgate de um ou mais setores pro-
dutivos locais/regional que apresentam condições diferenciadas que poderiam
ser recuperadas para sustentar posições competitivas de mercado, dependendo
da escala e escopo com que se modelem seus projetos, numa perspectiva regio-
nal (integrada);
• outras atividades, que podem se articular e movimentar em conjunto, também se
organizam para realizar trabalhos integrados, como é o caso do lançamento re-
cente do Arranjo Produtivo Local, APL, da Cerâmica do Norte Fluminense reu-
nindo as empresas da Rota da Cerâmica, Campos-Cabo de São Thomé. Estas
associações por natureza das atividades desenvolvidas, poderá dar ensejo a as-
sociações físico-territoriais em que esta componente se mostre relevante aos
processo de decisão e desenvolvimento.
• Quissamã executou o maior Investimento per Capita, em 2008, R$2.132/hab.ano,
contra R$51/hab.ano de São Francisco do Itabapoana como situações extremas;
• As alternâncias para mais e /ou menos entre intervalos de tempo, expressam
condições erráticas de governança, com baixo teor de planejamento.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1039


Tabela 24 – Região Norte Fluminense, Evolução do Investimento, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)
Investimento (a preços constantes)
Municípios da Região Norte População Despesa com Investimento (MR$) Despesa com Investimento Per Capita (R$)
Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
Campos dos Goytacazes (1) 392.849 406.989 431.839 24.295 187.587 287.889 62 461 667
Carapebus 8.463 8.666 11.671 2.027 12.507 5.065 240 1.443 434
Cardoso Moreira 11.865 12.595 12.502 2.206 4.707 4.057 186 374 325
Conceição de Macabu 18.511 18.782 20.505 2.080 3.059 4.318 112 163 211
Macaé 117.758 132.461 188.787 15.359 61.679 86.881 130 466 460
Quissamã 13.017 13.674 19.315 6.809 32.323 41.183 523 2.364 2.132
São Fidélis 36.979 36.789 39.057 1.705 1.361 5.862 46 37 150
São Francisco de Itabapoana 36.434 41.145 47.247 4.058 6.662 2.424 111 162 51
São João da Barra 28.619 27.682 30.348 3.800 18.174 29.838 133 657 983
Região 664.495 698.783 801.271 62.340 328.059 467.517 94 469 583
(1) No ano de 2008 foram utilizados os dados de 2007.

Fontes: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - TCE

1040 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Tabela 25 – Região Norte Fluminense, Comparação Investimento e Despesa com Pessoal, 1997 - 2000 - 2008 (a preços constantes)
Investimento e despesa de Pessoal (a preços constantes)
Municípios da Região Norte Despesa com Investimento (MR$) Despesa com Pessoal (MR$) Investimento x Pessoal (%)
Fluminense 1997 2000 2008 1997 2000 2008 1997 2000 2008
Campos dos Goytacazes 24.295 187.587 263.876 101.831 128.003 0 23,86 146,55 0,00
Carapebus 2.027 12.507 5.065 7.619 12.166 28.960 26,61 102,81 17,49
Cardoso Moreira 2.206 4.707 4.057 9.885 8.958 13.787 22,32 52,54 29,43
Conceição de Macabu 2.080 3.059 4.318 8.014 12.686 15.634 25,96 24,12 27,62
Macaé 15.359 61.679 86.881 84.189 125.112 450.624 18,24 49,30 19,28
Quissamã 6.809 32.323 41.183 24.445 37.502 77.191 27,85 86,19 53,35
São Fidélis 1.705 1.361 5.862 21.313 24.260 21.015 8,00 5,61 27,89
São Francisco de Itabapoana 4.058 6.662 2.424 8.063 11.009 36.123 50,33 60,52 6,71
São João da Barra 3.800 18.174 29.838 16.454 27.816 45.189 23,09 65,34 66,03
Região 62.340 328.059 443.505 281.814 387.513 688.522 22,12 84,66 64,41

Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional, Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1041


Serviço da Dívida – Dívida Ativa

Os montantes da Dívida Ativa impressionam, havendo somente dois dos municípios que não
a possuem e um grupo que acumula montantes muito expressivos: esta situação que se
desenvolve no transcorrer dos anos deste século, sinaliza para a limitação/incapacidade de
pagamento dos habitantes/contribuintes inseridos no sistema socioeconômico e pode ter
respaldos culturais, o que caracteriza um estado de desequilíbrio estrutural em cada uma
das sociedades em que subsiste.
Tabela 26 – Região Norte Fluminense, Dívida Ativa, 2000 – 2008 (a preços constantes)
Dívida Ativa (a preços constantes)
Municípios da Região Norte
2000 2008
Fluminense
Campos dos Goytacazes 0 s/i
Carapebus 345.484 1.885.226
Cardoso Moreira 556.842 6.696.188
Conceição de Macabu 2.525.370 4.126.356
Macaé 24.649.421 0
Quissamã 1.063.623 0
São Fidélis 1.001.332 3.438.043
São Francisco de Itabapoana 0 35.737.772
São João da Barra 12.401.136 14.932.034
Região 42.543.209 66.815.620
Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional,
Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios

Serviço da Dívida – Exigível a Longo Prazo (Dívida Fundada)

No que diz respeito à Dívida Fundada que corresponde ao Exigível a Longo Prazo uma vez
que não há Exigível significativo de Curto Prazo, o seu montante total, na Região Norte
Fluminense, em 2008, representava 9,16% da Receita Total, ou seja, um grau de endivida-
mento baixo. Observa-se que o município mais comprometido é São Fidelis, seguido de São
João da Barra, Conceição do Macabu e Carapebus (não há informação de campos dos Goy-
tacazes).
Tabela 27 – Região Norte Fluminense, Exigível a Longo Prazo, 2000 - 2008 (a preços constan-
tes)
Passivo Exigível a Longo Prazo (a preços constantes)
Municípios da Região
2000 2008
Norte Fluminense
Campos dos Goytacazes 0 s/i
Carapebus 1.162.322 19.738.115
Cardoso Moreira 0 403.488
Conceição de Macabu 0 25.000.050
Macaé 12.263 93.983.234
Quissamã 0 78.613
São Fidélis 0 98.119.590
São Francisco de Itabapoana 0 2.859.147
São João da Barra 0 41.632.276
Região 1.174.585 281.814.512
Fonte: Ministério da Fazenda, Secretaria do Tesouro Nacional,
Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios

1042 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


6. DA ORDEM POLÍTICA

Organização Administrativa

A Região Norte Fluminense está constituída por municípios com extensão territorial variada:
quatro deles superam os 1.000 km2 e um, dentre estes, os 4.000 km2, no caso Campos dos
Goytacazes, Tabela a seguir. Os dois de maior área Campos dos Goytacazes e Macaé são
os que apresentam maior densidade demográfica 159,6 hab./km2 e 107 hab./km2, valores
estes que contém o viés das populações urbanas dos distritos sede. Como se pode ver, a
distância média do centro de gravidade da Região à capital, Rio de Janeiro, é de 213 km. O
processo de emancipação dura mais de três séculos, com três municípios tendo pouco mais
de uma década.
Tabela 28 – Região Norte Fluminense, Caracterização Básica, 2009
Caracterização dos Municípios - 2.009
Densidade
Municípios da Região Norte Distância da Autonomia
Área / km² Demográfica
Fluminense Capital / km Municipal
hab. / km²
Campos do Goytacazes 4.037,8 107,5 231,9 1.677
Carapebus 306,4 39,0 177,6 1.997
Cardoso Moreira 516,3 24,2 227,0 1.993
Conceição de Macabu 348,5 59,4 164,9 1.952
Macaé 1.218,1 159,6 157,3 1.813
Quissamã 717,7 27,7 199,0 1.990
São Fidelis 1.030,8 38,1 205,1 1.850
São Francisco de Itabapoana 1.117,6 42,8 291,8 1.997
São João da Barra 461,9 66,2 262,5 1.677
Total da Região Norte 9.755,1 83,1 213,0 NA
Total do Estado do Rio de Janeiro 43.797,4 365,6 NA 1.975

NA = Não se aplica
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, PNUD, 2003

Durante séculos, não obstante as distinções ambientais e colonizadoras, as regiões Norte e


Norte foram consideradas integradas. Em momentos diferentes, ambas enfrentaram a situa-
ção de ciclos econômicos que definharam, com perdas substantivas, ambas tiveram perso-
nagens notáveis na história do país, ou seja, acumulam experiências de modo comum, sem
perder a identidade individualizada em que comparece uma forte componente atávica em
cada uma delas.
No passado bem recente, a descoberta e exploração do petróleo na plataforma continental,
dos anos 70, e num futuro próximo, nas camadas inferiores do pré-sal, criou condições de
diferenciação maior entre os resultados da economia, particularmente em relação aos muni-
cípios da faixa litorânea, receptores da maior parcela de “royalties”.
Em decorrência de condições geohistóricas do processo de sua ocupação territorial ou de
seu povoamento e, igualmente, como uma condição cultural – na medida em que o parce-
lamento/desmembramento da terra sucede desde as Capitanias, a maior parte dos municí-
pios do Norte (e do Norte) está organizada política e administrativamente em distritos, pos-
suindo também diversas localidades (terceiro nível na hierarquia).

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1043


No entanto, mesmo com a adoção da estrutura distrital, as administrações permanecem
centralizadas nos distritos sede.

A Tabela a seguir retrata a situação atual dos distritos existentes.

Tabela 29 – Região Norte Fluminense, Organização dos Municípios, 2010


Região Norte Fluminense – Estrutura de Organização Política dos Municípios
Município Distritos
Campos dos Goytacazes Sede, Dores do Macabu, Ibitioca, Morangaba, Morro do Coco,
Mussurepe, Santa Maria, Santo Amaro de Campos, Santo Edu-
ardo, São Sebastião de Campos, Serrinha, Tocos, Travessão e
Vila Nova de Campos
Carapebus Sede, Praia, Rodagem, Ubás
Cardoso Moreira Sede, São Joaquim
Conceição de Macabu Macabuzinho
Macaé Sede, Cachoeiras de Macaé, Córrego do Ouro, Glicério, Sana
Quissamã não possui
São Fidelis Sede, Cambiasca, Colônia, Ipuca, Pureza
São Francisco de Itabapoana Sede, Barra Seca, Maniva
São João da Barra Sede, Barcelos, Pipeiras
Total 9 municípios 37 distritos
Fonte: consulta aos portais e administrações municipais, acesso entre 11e 16.01.2010

A Região possui diversos municípios que já possuem portal ou “site” na Internet, conquanto
alguns ainda estejam em formação ou incompletos. Em alguns já consta a estrutura admi-
nistrativa em uso pela Municipalidade.

Tabela 30 – Região Norte Fluminense, Portais, 2010


Municípios da Região Norte Estrutura
Portal ou "Site" Oficial
Fluminense Administrativa
Campos dos Goytacazes sim sim
Carapebus sim sim
Cardoso Moreira sim sim
Conceicao de Macabu sim sim
Macaé sim sim
Quissamã sim sim
São Fidélis sim não
São Francisco de Itabapoana sim sim
São João da Barra sim sim
Fonte: consulta aos portais e administrações municipais, acesso entre 11 e 16.01.10

Em boa parte deles, os portais divulgam a legislação de referência e a estrutura administra-


tiva municipal, em alguns já consta o acompanhamento das contas públicas municipais, no
que se restringe a visibilidade do desempenho municipal.

1044 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Centralidade
Em termos da rede urbana brasileira, ela é constituída por nós de produção e distribuição,
de prestação de serviços, de gestão política e econômica, representando, portanto, a estru-
tura em que se organiza e se “definem os níveis da hierarquia urbana e a delimitação das
regiões de influência das cidades brasileiras” (IBGE, Regiões de Influências das cidades,
2007). Nela coexistem tanto redes hierárquicas quanto não hierárquicas, estas últimas origi-
nadas das condições das cidades ou municípios de também manterem relações horizontais,
de complementaridade, associadas à especialização produtiva e cultural, à divisão funcional
de atividades (encadeamentos ou “clusterização” ou arranjos produtivos) e pela oferta dife-
rencial de serviços.
A caracterização e classificação das cidades, neste caso, é feita mediante avaliações e aná-
lises para cada uma delas de suas interações, fluxos, pesquisas de origem e destino (inclu-
indo a compra e atendimento das necessidades das pessoas), em uma ampla e diversa ga-
ma de informações primárias, resultantes de investigação direta.
No que diz respeito às cidades ou municípios que compõem a Região Norte Fluminense, no
trabalho do IBGE do ano 2007, o mais recente, Campos dos Goytacazes constituia uma
Capital regional B, um dos 20 centros do país, os quais possuem medianas de 435.000 ha-
bitantes e 406 relacionamentos.
Seu papel abrange atividades de gestão mais complexas, imediatamente inferiores às das
metrópoles. Campos dos Goytacazes está na zona de influência direta da cidade do Rio de
Janeiro, como Metrópole nacional, que atua como o centro de mais alto nível.
Macaé constituía um Centro Sub-regional A (nível 4), isto é, cidade com medianas de
95.000 habitantes e 112 relacionamentos, relacionando-se diretamente a cidade do Rio de
Janeiro, na ascendência mais próxima. Na sua área de influência direta consta o município
de Rio das Ostras.
Todos os demais municípios constituem Centros Locais.
.A infra-estrutura aeroviária possui instalações em Campos dos Goytacazes (inclui o helipor-
to da Barra do Farol de São Tomé) e Macaé, sendo que as conexões mais freqüentes ocor-
rem com as capitais Rio de Janeiro, Vitória e Brasília, além do atendimento contínuo das
plataformas de petróleo com helicópteros.
Imbetiba, em Macaé, e São João da Barra possuem infra-estrutura portuária, estando pre-
vistas novas estruturas em Açu (São João da Barra) e Lagoa Feia/Barra do Furado (Quis-
samã/Campos dos Goyacazes). O sistema hidroviário não está em operação comercial.
Observa-se na Figura a seguir, que as centralidades dos dois municípios das Regiões Norte
– casos citados - se restringem, no momento, a polarizar as próprias regiões e circunvizi-
nhanças mais próximas, ou seja, possuem uma área, alcance e intensidades pequenos,
particularmente pelas limitações de acesso, seja pela natureza dos seus relacionamentos
associados a situações presenciais ou físicas.
As atuações predominantes estão calcadas na condição de coordenar espaços interiores,
muito mais do que operações em rede, que ocorrem em situações de vínculos e interdepen-
dências mais fortes em função de uma complexidade maior de serviços e produtos.
Naturalmente, a existência de tais situações subsiste em Macaé e no Farol, associada aos
serviços e à logística da indústria do petróleo o que deve se expandir e tornar bem mais
complexo com os empreendimentos em implantação e o pré-sal.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1045


Figura 1 – Região Norte Fluminense, Centralidades Urbanas, 2007

Fonte: IBGE – Regiões de Influência das Cidades, 2007

Existe ativa uma associação dos municípios da indústria do petróleo da Região, envolvendo
os governantes e gestores públicos. Os demais municípios não participam e nem possuem
vínculo a uma associação. Há igualmente organizações não governamentais muito atuantes
como é o caso do SEBRAE e FIRJAN, no ambiente empresarial, EMATER, PRODESMAR,
no terceiro setor, entre outras, assim como instituições governamentais como o INEA, INE-
PAC, etc. e subsidiariamente uma rede universitária jovem que se adensa, ainda de pouca
eficácia.
As Municipalidades da Norte adotam estruturas organizacionais hierarquizadas, tradicionais,
com as suas atividades distribuídas em secretarias, como um primeiro nível, podendo existir
casos, de um segundo nível, departamental. As secretarias reúnem um ou mais grupo de
atividades que variam, seja pela característica do Município, ou por pertencerem a assuntos
semelhantes, seja pelo modo como se concebe o modo de administração, todas as soluções
visando obter uma racionalidade programada individualizada.
Constata-se que:
• planejamento e desenvolvimento, enquanto funções integradoras e estratégicas,
individualizadas ou exercidas em conjunto, comparecem nas Municipalidades das
maiores aglomerações que as tem utilizado, em perspectivas de curto prazo e na
solução de problemas específicos. Os municípios menos estruturados não pos-
suem tais áreas especializadas;
• desenvolvimento quando existente, assume as formas das atividades focais em
que se manifesta: agricultura, comércio e indústria (nenhuma menciona especifi-
camente serviços, a atividade dominante);
1046 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro
• há poucos casos de secretarias de trabalho;
• meio ambiente e transportes constituem uma generalidade, com variantes que
incluem o resíduo sólido, trânsito e estradas vicinais e a defesa civil (rios e en-
costas);
• há alguns casos de fundações municipais, com atuação ativa e produtiva, em
especial nos assuntos ligados à condução da cultura;
• de maneira análoga, a menção ao urbanismo ou planejamento urbano, uma das
questões críticas das aglomerações do Norte, é pouco frequente; há casos que
explicitam a habitação, outra das questões essenciais das cidades desta Região;
• são raras as estruturas de integração formal, matriciais ou resultantes de cortes
diagonais na organização;
• em algumas, há Conselhos Municipais ativos, assim como há inativos, ou mes-
mo, inexistem.
• a maior parte das Municipalidades subsiste em mais de uma edificação, mesmo
com a existência de uma sede própria moderna ou restaurada;
• a informatização e digitalização vem crescendo entre as Municipalidades, mas
estão longe, na média, de alcançar um estado sustentável de mais longo prazo e
de maior eficiência, ambos com a redução de custos e da necessidade de mais
pessoal, continuamente.

Quadro de Pessoal
As informações sobre os quadros de pessoal das Municipalidades figuram na Tabela, com
todos os detalhes discriminados, e no Gráfico, somente a força de trabalho total, seguintes.
Deve-se atentar que, na sequência temporal, estão faltando os dados dos anos 2003 e
2007.
Constata-se:
• subsistem duas modalidades de contratação para os funcionários efetivos, CLT
e estatutário, esta última modalidade preponderante;
• as quantidades de funcionários comissionados vem crescendo assim como os
sem vínculo permanente, particularmente nos municípios de menor população ;
• coexistem aumentos, decréscimos e estabilidades do quadro de pessoal das mu-
nicipalidades no período considerado;
• o quadro de pessoal de Macaé vem crescendo sistematicamente enquanto Cam-
pos dos Goytacazes que também fazia o mesmo procedeu a um ajuste drástico
de seu pessoal, em 2008.;
• os demais municípios mostram pequenas variações dentro de um intervalo em
torno de ua média;
• nos demais municípios da Região, os valores variam para mais e para menos en-
tre os anos, mantendo-se em torno de um valor médio;
• as Municipalidades da Região Norte Fluminense empregaram, em conjunto,
20.014 funcionários, em 2008.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1047


Tabela 31 – Região Norte Fluminense, Quadro de Pessoal das Municipalidades, 2002 - 2008
Composição do Quadro de Pessoal da Administração Direta - 2002, 2004, 2005, 2006, 2008
Ano
Municípios da Região Norte Fluminense Composição do Quadro de Pessoal da Administração Direta
2002 2004 2005 2006 2008
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 6993 10719 21528 22732 9295
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 5293 7155 7062 7772 8449
Campos dos Goytacazes Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 1238 2959 67 250 65
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 605 719 664 750
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 462 - 13680 14046 31
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 1210 1542 1151 1521 1613
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 1210 612 822 984 1049
Carapebus Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) - 930 0 0 0
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - - 321 518 564
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) - - 8 19 0
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 816 966 784 932 1089
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 776 728 741 819 722
Cardoso Moreira Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) - - 0 0 0
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 41 43 68 82
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 40 197 0 45 285
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 892 1532 764 1126 1319
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 639 1213 587 740 704
Conceição de Macabu Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 3 243 0 0 0
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 76 41 62 59
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 250 - 136 324 556
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 3429 7533 8746 9660 -
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 3213 5293 5853 6839 -
Macaé Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 121 815 38 42 -
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 109 1214 1395 -
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 95 1316 1641 1384 -

1048 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


(continuação)
Composição do Quadro de Pessoal da Administração Direta - 2002, 2004, 2005, 2006, 2008
Ano
Municípios da Região Norte Fluminense Composição do Quadro de Pessoal da Administração Direta
2002 2004 2005 2006 2008
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 1535 1904 1980 1916 2201
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) - - 0 0 0
Quissamã Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 1535 1801 1837 1688 1748
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 103 53 143 185
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) - - 90 85 268
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 1471 1917 1635 1808 2042
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 1253 1229 1186 1159 1440
São Fidélis Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 3 198 0 0 0
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 240 405 426 396
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 215 250 44 223 206
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 1386 1707 2142 1489 2224
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 1043 1180 1628 935 967
São Francisco de Itabapoana Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) - - 0 0 0
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 135 112 242 129
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 343 392 402 312 1128
Total de funcionários ativos da administração direta(1) 2064 2356 1830 1866 2432
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários(1) 148 116 94 96 118
São João da Barra Total de funcionários ativos da administração direta - CLT(1) 1420 1676 1265 1289 1628
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados(1) - 356 442 451 320
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente(1) 496 208 29 30 366

(1) Inclusive os sem declaração de escolaridade


Quanto às demais escolaridades, considerou-se apenas o curso completo.
-- = sem informação
Fonte: IBGE, Perfil dos Municípios Brasileiros - Gestão Pública 2001, 2002, 2004, 2005 e 2006
Site: http://www.ibge.gov.br/munic2008/index.php?uf=33&nome=&x=66&y=24
Acesso em 06/01/2010

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1049


Gráfico 24 – Região Norte Fluminense, Evolução do Quadro de Pessoal Próprio, 2002 - 2008

Norte Fluminense - Total de Funcionários da Administração Direta


Nº de Funcionários

22.732
21.528
10.719
9.660

9.295
8.746
7.533

6.993
3.429
2.356
2.432

2.201
2.224

2.142
2.064

1.980
2.042

1.904
1.916
1.917
1.866

1.808
1.830

1.707

1.613
1.635

1.542
1.521
1.532
1.535
1.471
1.489

1.386

1.319

1.210
1.151
1.089
1.126

966
932
892

816
784
764
-
Campos dos Carapebus Cardoso Conceição de Macaé Quissamã São Fidélis São Francisco São João da
Goytacazes Moreira Macabu de Itabapoana Barra

Municípios
2002 2004 2005 2006 2008

Fonte: IBGE, Perfil dos Municípios Brasileiros - Gestão Pública 2001, 2002, 2004, 2005 e 2006

1050 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Aspectos Relevantes do Custo do Pessoal

Os indicadores constantes na Tabela seguinte permitem constatações às remunerações


praticadas na sociedade regional e à empregabilidade pública das Municipalidades. No que
diz respeito ao primeiro deles, a remuneração, foram considerados os índices que mensu-
ram a remuneração média por pessoa ou por funcionário despendidas pelas Municipalida-
des, os salários médios do emprego formal e o PIB per Capita, todos eles a preços constan-
tes e referidos aos anos 2004 e 2008, este o último com dados disponíveis. Observa-se que
o custo médio anual por pessoa das Municipalidades da Região Norte Fluminense decres-
ceu no período alcançando 17.522 reais. Este valor está fortemente contingenciado pela
ausência das informações dos dois maiores municípios, o que certamente desloca a média
para baixo. Ainda assim, este valor é ligeiramente superior à média da remuneração anual
dos empregos formais 17.238 reais, mas bastante inferior ao agregado econômico per capi-
ta 45.570 reais (2007), os demais referidos a 2008. Na segunda vertente, a empregabilidade
pública, a oferta de postos de trabalho pelas Municipalidades na Região, correspondeu a
17,6% da PEA (média alta), o que se denomina como participação do emprego público, e a
Região operou com ua média de 28 funcionários públicos para cada 1.000 habitantes, cor-
respondendo então à medida da eficácia do emprego público. A participação do emprego
público se manteve estável entre 2004 e 2008, mas a sua eficácia foi objeto de uma redução
substantiva com os números dos quadros de pessoal diminuindo proporcionalmente aos
números da população (-32%). Em simultaneidade, os salários correspondentes das pes-
soas que constituem estes quadros ampliaram ainda mais a sua diferença em relação aos
percebidos pelas pessoas que trabalharam no emprego formal e em alguns casos supera-
ram os PIB per Capita dos municípios que compõem o grupo dos mais altos do país.
Analisando-se as variações internas da remuneração média das pessoas que integram os
quadros das Municipalidades, pode-se verificar que a diferença entre extremos ultrapassa
3x (três vezes): Quissamã o que mais remunerou, São Fidelis, o de menor, remuneração.
Quanto à participação do emprego público, as Municipalidades que mais empregam em re-
lação à PEA entre as respondentes, são Carapebus, 30%, Quissamã, 26,9% e Cardoso Mo-
reira 21,9%, enquanto as que menos empregam constituem Campos dos Goytacazes 4,9%,
São Francisco do Itabapoana 11,3% e São Fidelis 12,4%. Este quadro retrata a complexida-
de e as oportunidades oferecidas pelas economias municipais em função das políticas pú-
blicas que se focam em dispêndios em pessoal em relação a aplicações em investimento
que desenvolvam uma dinâmica para a economia municipal e regional.
Finalmente, no que diz respeito à eficácia do emprego público, os maiores indices, em 2008,
ficam por conta de Carapebus com 138 pessoas (funcionários) para cada 1.000 habitantes,
Quissamã com 114 pessoas para cada um de seus 1.000 habitantes e Cardoso Moreira com
87 pessoas para cada um dos seus 1.000 habitantes. Os que apresentaram menores índi-
ces são Campos dos Goytacazes com 22 pessoas por 1.000 habitantes, São Francisco do
Itabapoana com 47 pessoas por 1.000 habitantes e São Fidelis, com 52 pessoas para cada
1.000 habitantes. A comparação entre maiores e menores não se mostra proporcional às
populações respectivas, ou um ou outro pode estar com desempenho baixo ou mesmo, am-
bos. Está claro que a escala influencia, limitada diante do que se dispõe em termos de tec-
nologias e produtos de automação e racionalidade de recursos e instrumentos ligados à
prestação de serviços públicos no país. Há inúmeros municípios com índices menores do
que 10 pessoas para 1.000 habitantes.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1051


Tabela 32 - Região Norte Fluminense, Índices de Pessoal das Municipalidades, 2004 - 2008
Índices
Custo Médio Anual de Remuneração Média PIB Per Capita
Participação do Eficácia do Emprego
Municípios da Região Norte Pessoal Anual dos Empregos (a preços constantes)
Emprego Público (%) Público (%)
Fluminense (R$) Formais (R$) (R$)
2004 2008 2008 2004 2007 2004 2008 2004 2008
Campos dos Goytacazes s/i s/i 16.070 32.298 53.291 0,057 0,049 0,025 0,022
Carapebus 19.796 17.954 13.511 35.128 38.917 0,337 0,300 0,155 0,138
Cardoso Moreira s/i 12.661 12.627 6.608 7.882 0,195 0,219 0,077 0,087
Conceição de Macabu 8.836 11.853 9.941 6.964 7.425 0,185 0,151 0,079 0,064
Macaé 36.771 s/i 47.831 38.373 41.095 0,104 s/i 0,050 s/i
Quissamã 28.777 35.071 17.462 91.309 172.226 0,293 0,269 0,124 0,114
São Fidélis 8.953 10.291 12.455 8.876 8.857 0,120 0,124 0,051 0,052
São Francisco de Itabapoana 10.133 16.242 9.924 7.065 8.093 0,090 0,113 0,038 0,047
São João da Barra s/i 18.581 15.319 25.128 31.261 0,193 0,187 0,083 0,080
Região 18.878 17.522 17.238 30.698 45.570 0,175 0,176 0,041 0,028
s/i= sem informação

1052 Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro


Gráfico 25 – Região Norte Fluminense – Eficácia do Emprego Público, 2004 - 2008

Norte Fluminense - Eficácia do Emprego Público

0,155
0,138
0,124
0,114

0,087
0,083
0,080

0,079

0,077
0,064
0,052

0,051

0,050
0,047

0,038

0,025
0,022
-
Cam pos dos Carapebus Cardoso Conceição de Macaé Quissam ã São Fidélis São Francisco São João da
Municípios
Goytacazes Moreira Macabu de Itabapoana Barra

2004 2008

26

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1053


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D4D}&params=pMunicipio=79>. Acesso em: dezembro de 2009.

Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte do Estado do Rio de Janeiro 1055


“Entende-se por regulação de um sistema político, ao conjunto de princípios, normas,
regras e processos de decisão que viabilizam, asseguram a estabilidade e a coerência
aproximada dos diferentes atores de uma economia em uma dada geografia.
Esta geografia pode ser local, regional, setorial, nacional ou internacional, entre outras.
Dessa maneira, entende-se por modo de regulação de um sistema, ao conjunto de
procedimentos e de comportamentos, individuais e coletivos, que tem a propriedade de:
• reproduzir as relações sociais e culturais, ambientais e tecnológicas fundamentais
do modo de produção deste sistema por meio das formas institucionais que o
constituem, historicamente determinadas;
• sustentar e guiar/conduzir o regime de acumulação em vigor;
• assegurar a compatibilidade dinâmica de um conjunto de decisões descentralizadas,
sem que seja necessária a assimilação pelos atores econômicos dos princípios que
ajustam o sistema como uma unidade ativa e viva. (Boyer, 1986)”

Eduardo Nery, in Regulação, CIGRÉ Brasil, 2008

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