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Papéis Legislativos

 
 
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Papéis Legislativos | n.1 | maio 2011

Observatório Político Sul-Americano


http://observatorio.iesp.uerj.br

Núcleo de Estudos sobre o Congresso


http://necon.iesp.uerj.br/  

Papel Legislativo 2011

(ano5, n.1, 2011)

Fabiano Santos
Mariana Borges
Marcelo Barata Ribeiro

O Congresso e o Governo Dilma

Papéis Legislativos (ano 5, n.1, maio. 2011)

Introdução

O governo Dilma pode ser considerado como de continuidade ao governo Lula,


sobretudo no que tange à composição de uma ampla e heterogênea coalizão de
partidos no seu ministério. Contudo, passados os 100 primeiros dias da nova
Presidente, algumas inovações foram feitas, desde o aumento significativo do
número de mulheres no gabinete até a mudança no perfil de alguns ministérios
estratégicos no governo Lula para a política externa. No Congresso, o ambiente
também é outro. Apesar da queda significativa da bancada dos partidos de
oposição e a saída de algumas de suas principais lideranças, como destacado na
edição passada deste Papel, Dilma terá que lidar com o Congresso mais
fragmentado do recente período democrático. Ao mesmo tempo, muitos são os
desafios que se colocam na agenda do governo e do Congresso, como a reforma
política, que está sendo discutida pelos Deputados e Senadores, a reforma
tributária, que é uma das prioridades da Presidente, e a continuidade da política
externa que busca consolidar o papel do Brasil como importante ator
internacional.

1
Papéis Legislativos | n.1 | maio 2011

Neste Papel Legislativo o objetivo será traçar um panorama de como será relação
Executivo-Legislativo através do perfil do primeiro gabinete de Dilma, do
Congresso e de suas comissões. Pretende-se também vislumbrar como e se as
mudanças introduzidas pelo novo gabinete da Presidente e a atual configuração
do Congresso influenciarão no andamento da agenda da política externa brasileira
e das principais pautas do Congresso.

1. O Gabinete Dilma e o aprendizado político do governo Lula

A fim de traçar o perfil do primeiro gabinete de Dilma, faremos uma


comparação com os que foram formados por seus predecessores, sobretudo os
padrões de governança que foram consolidados por FHC e Lula. Desde o fracasso
do governo Collor, que inicialmente montou seu gabinete com poucos ministros
endossados por partidos políticos, todos os presidentes utilizaram de sua
prerrogativa de nomearem livremente seus ministros de forma a consolidarem
sua base de apoio no Congresso. Apesar do poder discricionário que o Presidente
detém, a distribuição proporcional de pastas de acordo com o peso no Congresso
dos diferentes partidos do gabinete demonstrou ser uma importante moeda de
troca do chefe do Executivo para disciplinar os partidos de sua base (Amorim
Neto, 2002). Segundo Zucco (2009), ao lado da ideologia e das emendas
orçamentárias individuais, a distribuição de ministérios aos partidos é um dos
fatores que determinam o comportamento parlamentar no Brasil.

O governo FHC teria inaugurado o padrão de governança do presidencialismo


de coalizão brasileiro distribuindo de forma relativamente proporcional os
ministérios de acordo com a força legislativa dos partidos que compunham o seu
gabinete. De acordo com Amorim Neto (2007), FHC, no primeiro gabinete de seu
segundo mandato, formou o gabinete mais proporcional até hoje com o índice de
proporcionalidade (coalescência)1 de 0,70. Para fins de comparação, conforme
demonstra a Figura 1, o menos proporcional até hoje foi o último formado por
Itamar com um índice de coalescência de 0,22 (Amorim Neto, 2007). O gabinete
mais proporcional de Lula teve um índice proporcionalidade de 0,64 (Amorim
Neto, 2007). Porém, na média, em seu primeiro mandato o índice foi de 0,6
(Amorim Neto, 2007), e no seu segundo a média foi aproximadamente a mesma.
Os gabinetes de Lula foram menos proporcionais, conforme a Figura 1, que os de
FHC.

                                                                                                               
1
O índice de coalescência de Amorim Neto varia de 0 a 1 e mede a relação entre os ministérios
ocupados por um partido e sua contribuição à base legislativa do governo. O valor 1, portanto,
corresponde ao gabinete em que a porcentagem de pastas de cada partido corresponde exatamente à
sua força na Câmara dos Deputados.

2
_>>>
Papéis Legislativos | n.1 | maio 2011
Jornal Valor Econômico - CAD A - BRASIL - 10/3/2011 (21:5) - Página 6- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW

Enxerto

A6 | Valor | Quinta-feira, 10 de março 2011

Política Figura 1
Índice de Coalescência de Sarney a Dilma
 
A arte de recompensar os aliados
  Dilma segue padrão de Lula ao distribuir ministérios de acordo com o peso dos partidos na Câmara
Mandatos
Sarney Collor Itamar FHC I FHC II Lula I Lula II Dilma
Desde
Mar/85 a Mar/90 Mar/90 a Out/92 Out/92 a Dez/94 Jan/95 a Dez/98 Jan/99 a Dez/02 Jan/03 a Dez/06 Jan/07 a Dez/10
Jan/11

Índice de proporcionalidade dos gabinetes*


0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

Mar/85- Fev/86- Mar/90- Out/90- Jan/92- Abr/92- Out/92- Jan/93- Mai/93- Set/93- Jan/94- Jan/95- Abr/96- Jan/99- Mar/99- Out/01- Mar/02- Jan/03- Jan/04- Jun/05- Ago/05- Set/05- Abr/06- Jan/07- Abr/07- Ago/09- Mar/10- Desde
Fev/86 Mar/90 Out/90 Jan/92 Abr/92 Out/92 Jan/93 Mai/93 Set/93 Jan/94 Dez/94 Abr/96 Dez/98 Mar/99 Out/01 Mar/02 Dez/02 Jan/04 Jun/05 Ago/05 Set/05 Abr/06 Dez/06 Abr/07 Ago/09 Mar/10 Dez/10 Jan/11

Principais acontecimentos Collor atrai PSDB, PTB Saída do PTB No início do segundo PFL abandona o Lula incorpora o Após a reeleição, Lula Volta do PR e do PRB Taxa de 0,61 é
e PL e tenta consertar marca o mandato, FHC monta governo, e tucanos PMDB, mas lhe mantém patamar ao ministério Lula igual à média dos
o erro de um governo "fim de festa" do o ministério mais chamam ministros sem dá apenas duas semelhante de aumenta índice de gabinetes do segundo
minoritário. governo Itamar. proporcional até hoje. filiação partidária. pastas no governo. distribuição aos aliados. proporcionalidade. mandato de Lula.

Fonte: Octavio Amorim (EPGE/FGV-Rio) e Núcleo de Estudos sobre o Congresso (Necon/Iesp-Uerj). *O indicador mede a relação entre os ministérios ocupados por um partido e sua contribuição à base legislativa do governo - também chamado de grau de coalescência.

 
GoverDados
Fonte: no Presidente distribuiu
de Amorim Neto noPastas de Valor
Jornal modoEconômico,
tão proporcional
Brasil,aos
A6,partidos quantode
10 de março antecessor
2011.

Ministério de Dilma segue cartilha de Lula


Uma das razões para a menor proporcionalidade dos gabinetes de Lula é a
grande
Cristian Klein concentração de
timo (0,60) e o último ministérios
(0,56) gabine- mais insatisfação do quenas
contenta- mãos docomoPT,
adoção de outro critério, o or- partido do Presidente. LEO PINHEIRO/VALOR

De São Paulo tes de Lula foi de apenas 0,04, o de mento ao novo parceiro. Ciente de çamento, também não captaria o
Segundo Amorim Neto (2007, p. 57) das 30 pastas do primeiro ministério de
Itamar Franco foi de 0,26 (com a saí- seu peso para o sucesso do governo, peso de pastas como Casa Civil e Re-
O PMDB reclamou, o PSB não fi- da do PTB) e o de Fernando Henri- o PMDB passou a cobrar pelo apoio e lações Exteriores, que formam a li-
cou muito contente, mas o primei- que registrou 0,31. O então PFL, a reivindicar ainda mais espaço. nha de frente do governo, mas têm
Lula, 60% delas eram do PT, que, contudo, somava apenas 35% das cadeiras do
ro ministério da presidente Dilma maior aliado do PSDB, abandonou o Geralmente, além da indicação baixa dotação orçamentária.
Rousseff é tão proporcional ao pe- governo tucano, num cisma que já de ministros, as moedas mais utili- O pesquisador considera que a
so das bancadas dos partidos alia- antecipava as dificuldades dos par- zadas em troca de apoio são as boa distribuição de ministérios aos
gabinete na Câmara dos Deputados. Mesmo o governo FHC sendo o mais
dos na Câmara dos Deputados ceiros em permanecer no poder. emendas parlamentares e os cargos aliados é uma questão prioritária.
quanto foi o do ex-presidente Luiz Collor é outra exceção, pois inver- de segundo e terceiro escalões. Ou Talvez mais que a formação de coali-
proporcional até então, o PSDB, partido do Presidente na época, chegou a estar
Inácio Lula da Silva. teu, duplamente, os movimentos mesmo pagamentos em espécie.
Esse éo resultado doscálculos fei- mais comuns. A proporcionalidade
zões supermajoritárias, que se trans-
Estaria aí uma das explicações formaram numa obsessão. Gover-
tos, a pedido do Valor, pelo cientista de seu ministério começou em que- para a origem do escândalo do nos minoritários, em sua opinião,
40% sobrerrepresentado no primeiro gabinete do segundo mandato, segundo
político Octavio Amorim, da Escola da acentuada em relação à de Sarney mensalão. Resistente em ceder mi- não deveriam ser descartados.
de Pós-Graduação em Economia, da e terminou em ascensão. Era uma nistérios, Lula teria trocado a estra- “É uma experiência que vale a pe-
Amorim Neto. Contudo, uma das explicações dadas para a exacerbação dessa
Fundação Getúlio Vargas do Rio. tentativa desesperada e tardia — ao tégia de negociar o apoio no ataca- na ser tentada. Há quem defenda
O índice de proporcionalidade do atrair PSDB, PTB e PL —de consertar a do e foi para o pior lado do varejo. que Lula não deveria ter chamado o
ministério Dilma — 0,61 — é exata- montagem de seu governo. “Jamais saberemos o que foi exa- PMDB, em 2004. Poderia ter conti-
tendência com o PT é o fato de que grande parte dos partidos que compuseram
mente o mesmo da média dos qua- Para Amorim, a formação do mi- tamente o mensalão. As informa- nuado sem uma maioria folgada no
tro gabinetes formados por Lula em nistério de Dilma foi bem feita. “O ções não são sólidas. Mas o descon- Parlamento. Negociaria ponto a
seu segundo mandato. Cada gabine- governo foi bem montado, nada in- tentamento da base tem a ver indire- ponto com a oposição, em bases
os gabinetes de Lula, com exceção a partir de 2004 do PMDB, serem partidos
te representa uma formação minis- dica que haverá riscos. Ele é muito tamente com o episódio”, diz Amo- programáticas, comofez nareforma
terial, marcada pela inclusão ou saí- parecido com o segundo gabinete rim. Só depois do escândalo, Lula da Previdência, em 2003”, diz.
pequenos. Dessa forma, apenas um ministério seria suficiente para equilibrar
da de um partido do governo. de Lula. Faz sentido, pois é um gover- rendeu-se à cartilha de FHC, ou ao
A distribuição mais ou menos no de continuidade”, afirma.
Uma das evidências de que pro-
“livro-texto do presidencialismo de blemas de governabilidade são ine-
equânime de ministérios entre os A proporcionalidade do ministé- coalizão”, segundo expressão cu- vitáveis — formando-se ou não um
com o seu peso no Legislativo (Amorim Neto, 2007).
parceiros da coalizão é tida como rioDilmaocorre apesardachamada nhada pelo cientista político inglês ampla base de apoio —é que, hoje, o
um dos principais indicadores de “tendência monopolista” do PT. O Timothy Power. Fernando Henrique, centro gravitacional do conflito te-
governabilidade, ao lado do tama- comportamento da legenda é con- além de ter costurado uma base am- ria se deslocado dos embates entre
nho da base parlamentar aliada. firmado pelos números. Compara- pla, a contentou com uma distribui- oposição e o governo para confron-
Entre janeiro e abril de 1992, ano do a outros partidos presidenciais, o ção proporcional, cujo índice, de tos no interior da base.
FHC também contou com gabinetes menos fragmentados e heterogêneos
de seu impeachment,Fernando Col- PT é o que mais ocupa ministérios. 0,70, no primeiro gabinete do se- Não é à toa, lembra Amorim, que
lor de Mello tinha um ministério cu- Enquanto no primeiro gabinete de gundo mandato, é o maior até hoje. a indisciplina do PDT — numa vota-
quando comparado com os do primeiro governo de Lula . Os gabinetes de FHC
jo índice de proporcionalidade era Sarney, o PMDBestava 17% sobrerre- Amorim reconhece que o indica- ção do salário mínimo em que o go- 2
de 0,30. Associado à falta de susten- presentado em relação aos parcei- dor de proporcionalidade tem limi- verno venceu por boa margem — te-
tação parlamentar — Collor contava ros, e o PSDB esteve 40%, no primeiro tações pois se baseia apenas no nú- nha recebido mais atenção do Palá-
foram compostos por, no máximo, 6 partidos. Já no primeiro governo Lula, na
com o apoio de apenas 26,3% da Câ- ministério de FHC, o PT, no governo mero de ministérios e não na impor- cio do Planalto do que os movimen-
mara — isso refletia um presidente Dilma, está 77% acima de uma situa- tância deles. Mas argumenta que a tos da enfraquecida oposição. Amorim: “Ministério de Dilma é muito parecido com o segundo gabinete de Lula”

média, houve 7,6 partidos em cada gabinete, sendo que no quinto gabinete
isolado, vulnerável, cercado de mi- ção deigualdade em relaçãoao peso
nistros sem filiação partidária e mais das siglas que compõem a base.
propenso a serderrubado. “O gover- A bancada do PT na Câmara, de 88
houve 9 partidos. Tal variação refletiu a diferença nas bancadas no Legislativo
no Collor não era apenas minoritá- deputados, corresponde a 27% da
Presidente do Ibama critica relatório do Código Florestal
rio, mas também muito mal consti- base aliada de 326 parlamentares, Mauro Zanatta Mas espera-se que o bom senso im- os corredores para pedir a aprova- to da Amazônia, isso é de interesse
tuído. Não à toa as consequências fo- mas o partido ocupa 48% dos 37 mi- De Brasília 3 pere”, afirma Trennepohl. O executi- ção do relatório do deputado Aldo nacional, (o projeto) não limita a
dos partidos de direita e de esquerda em cada governo. A bancada na Câmara
ram desastrosas”, afirma Amorim. nistérios. O PMDB contribui com vo arrisca uma sugestão aos con- Rebelo (PCdoB-SP). Ambientalis- competência do Ibama”, avalia. “Na
Dilma, além de contar com ampla 24%, mas detém 17% das pastas. Às vésperas da mobilização na- gressistas: “Que, por exemplo, não se tas reforçaram teses científicas pa- regulamentação dessa nova lei, vai
dos Deputados dos partidos de centro-direita (PSDB e DEM) e de centro (PMDB)
base parlamentar saída das urnas, Amorim afirma que a maior pre- cional planejada por ruralistas no desobrigue a preservação de encos- ra rejeitar as mudanças propostas. ser estabelecido o que permanece
maior que a obtida por Lula, seguiu sença do PT no governo reflete al- Congresso, o novo presidente do tas.Está sabidoque desmatarencos- O Ibama também tem preocupa- como interesse nacional. Pantanal,
o padrão forjado pelo antecessor, guns traços característicos do parti- Instituto Brasileiro de Meio Am- tas e topos de morro leva a desastres ções com alterações na legislação Cerrado, devem permanecer sob
eram amplamente majoritárias nas legislaturas eleitas em 1994 e 1998, somaram
depois de erros eacertos. Em relação do, como a existência de várias fac- biente (Ibama), Curt Trennepohl, naturais”, afirma, em referência à re- que possam prejudicar suas atribui- responsabilidade federal”.
ao último gabinete de Lula, cuja taxa ções que precisam ser atendidas e o entrou no debate sobre a reforma cente tragédia na região serrana do ções. Um projeto em tramitação no Em defesa do Conama, do qual é
                                                                                                               
foi de 0,56, o ministério de Dilma é fato de ser uma organização muito do Código Florestal ao defender Rio. E completa: “Espera-se que não Senado (PLC 1) retira poderes do membro, o presidente do Ibama re-
2 até um pouco mais proporcional — forte, disciplinada, e que tem pre- “bom senso” e exigir mais “preser- haja tanta bondade na discussão e Ibama e do Conselho Nacional de jeita que o colegiado, principal alvo
Os dados
um aumento referentes
considerado normal e sençaà composição
também fora do Congresso, do vaciogabinete dos governo
nismo” das leis ambientais. aprovação do novoFHCcódigo”.e do primeiro governo
Meio Ambiente (Conama), delegan- Lula sãotenha
dos ruralistas, de“postura am-
Amorim Neto
cíclico, como ressalta (2007).
Amorim. com vários tentáculos na sociedade Recém-empossado no cargo, o Na avaliação de Trennepohl, o Có- do a Estados e municípios o papel de bientalista”, mas admite que é uma
3 Desde a redemocratização, as civil — no sindicalismo, nos movi- advogado gaúcho afirma que a digo Florestalprecisa mudarconcei- emissores de licenças ambientais. instância “preservacionista” neces-
Veja a nota de roda pé n. 7 e a figura n. 4 para a explicação sobre quais partidos são classificados
duas maiores quedas de proporcio- mentos sociais, no funcionalismo, eventual mudança nas regras não li- tos. “Ele trata bem mais da utilização Trennepohl afirma que o projeto li- sária. “Hoje, as resoluções do Cona-
como
nalidadede direita,
estão relacionadas a finsde esquerda
de entre os intelectuais, nae de
igreja etc. clientelistas
mitará a ação do Ibama,emas
atornará
evolução das do
de recursos naturais bancadas
que de sua mita desses
a competência de blocos.
fiscalização ma complementam essa legislação
governo em que o presidente não te- A tendência monopolista do PT, “menos exigentes”as leis ambientais preservação”, diz. “Mesmo quando é ao órgão licenciador. “Em primeiro que é nova e dinâmica. O Conama
ve direito a um novo mandato. Foi o contudo, tem sido posta à prova des- cujo cumprimento é sua atribuição. preservacionista, grande parte da lugar, rezo para que o Senado altere não pode desaparecer porque tere-
caso deItamar Franco ede Fernando de a chegada do partido ao poder “O Código Florestal não limita nossa preocupação é econômica”. Mas isso esse dispositivo específico”, diz. “De- mos que normatizar, por decreto,
Henrique Cardoso. em 2003. Em janeiro de 2004, Lula — competência, mas torna menos exi- não é, segundo ele, exclusividade pois, existe a possibilidade de a Pre- uma enormidade de matérias que
É o “fim de festa”, quando cada depois de ter se recusado a seguir, gente, é umpouco mais permissivo”, das florestas. “O código das águas, sidência vetar isso. Ou a regulamen- hoje tem seu aval. Ele é uma 3necessi-
partido está buscando seu caminho após a vitória na eleição, a sugestão disse ao Valor. por exemplo, diz que sua finalidade tação poderá deixar esses macropro- dade como forma de não engessar o
diante das possibilidades de reali- de seu futuro chefe da Casa Civil, José O governo tem evitado novas po- é preservar a água como insumo do cessos ainda fiquem sobre a atuação processo ambiental”, avalia. A fun-
nhamento numa nova eleição. Dirceu —resolveu finalmente incluir lêmicas com a bancada ruralista, já processo produtivo”. do Ibama”, afirma Trennepohl. ção do Conama, diz, é “compensar
A alta popularidade de Lula, no o PMDBno governo, o quemarcou o que negocia nos bastidores mudan- No Congresso, os lobbies estão a Mesmo com as alterações propos- ou mitigar” o custo ambiental. “Seu
entanto, criou uma exceção. Diante início de seu segundo gabinete. ças menos bruscas no código. O pre- mil. Ruralistas e ambientalistas tas,relatadas pelasenadoraruralista papel hoje é importante para nor-
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57,3 e 56% das cadeiras respectivamente. A ampla bancada de partidos


ideologicamente mais próximos ao presidente, permitiu que FHC dependesse
menos do apoio dos partidos menores e com perfil mais clientelista para obter a
maioria no Congresso.

Já nos dois governos de Lula a bancada dos partidos de esquerda era menor
do que as dos partidos de direita e centro-direita durante o governo FHC. Com a
decisão inicial no primeiro gabinete de Lula de manter o partido de centro, o
PMDB, fora, ele ficou ainda mais dependente de compor com os partidos menores
e clientelistas e da cooperação do PSDB e PMDB, já que seu primeiro gabinete era
minoritário (Santos, 2003). Mesmo com a vinda do PMDB em 2004, a soma da
bancada desse partido mais a dos de esquerda ainda era minoritária, daí a
necessidade de Lula de compor com mais partidos e partidos ideologicamente
heterogêneos.

A distribuição das pastas ministeriais entre os diferentes partidos da coalizão


governamental garantiu aos dois governos, na maior parte do tempo, uma
maioria no Legislativo. A não ser no período pré-eleitoral de fim de governo em
2002, a base dos partidos governistas durante FHC contou sempre com mais de
50% das cadeiras. No primeiro governo Lula, apenas o seu primeiro gabinete,
que ainda não contava com o PMDB, foi minoritário na Câmara dos Deputados.

A maior dependência de Lula em compor com mais partidos em relação ao


FHC também pode ser verificada pela taxa de ministros sem filiação partidária,
que, segundo Amorim Neto (2007), costumam ser especialistas em alguma área
da administração pública. Enquanto que na média dos dois governos FHC houve
37% de ministros apartidários, no primeiro governo Lula tal média foi da apenas
18% (Amorim Neto, 2007). Outra variável relacionada ao capital político dos
ministros de um gabinete é a porcentagem deles que em algum momento de sua
carreira foram legisladores. Aqui também se verifica uma diferença entre os
padrões de FHC e de Lula. Como é de se esperar, já que no governo FHC houve
mais ministros sem vínculo partidário, na média de seus dois mandatos apenas
33% deles tinham experiência legislativa, enquanto que no primeiro governo Lula
tal média foi bem maior, de 52% (Figueiredo, 2007).

O primeiro gabinete formado pela Presidente Dilma seguiu em linhas gerais o


mesmo padrão do segundo governo Lula. Na Figura 2, há um resumo das
principais características desse gabinete. O índice de proporcionalidade é de 0,61,
o que é relativamente mais proporcional do que a média do primeiro governo Lula

4
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e mais próximo da média do segundo governo Lula. A continuidade da formação


de um ministério composto por políticos endossados pelos partidos na coalizão
também é verificada pelo pequeno número de ministros sem filiação partidária,
apenas 17%, quase o mesmo percentual do primeiro governo Lula. É também
alto o número de ministros que já passaram pelo Congresso como legisladores,
40%

Figura 2
Dados principais do primeiro gabinete de Dilma

%
Partidos no
Cadeiras Índice de % Ministros % Ministros %
Gabinete
Gabinete Proporcionalidade apartidários legisladores Ministras
(n. de pastas)
na CD
PT (17), PMDB
(6), PSB (2),
PCdoB (1), PDT 63,5 0,61 17 40 26
(1), PP (1),
PR (1)

No primeiro governo Lula, a má incorporação do PMDB com apenas dois


ministérios, proporcionalmente muito inferior ao seu peso no Legislativo, foi
corrigida no segundo governo, quando se alocou mais pastas ao partido (Amorim
Neto & Coelho, 2008). No governo Dilma, o PMDB está representado em seis
ministérios, ainda que em dois deles - de Minas e Energia e da Defesa - a
indicação não tenha sido do próprio partido4. Porém, a concentração de pastas no
PT também continua; ele detém dezessete pastas, equivalente a 49% do total,
sendo que representa apenas 27% das cadeiras do gabinete na Câmara dos
Deputados.

A coalizão de governo de Dilma possui sete partidos cujas bancadas na


Câmara dos Deputados somam 63,5%, amplamente majoritária, portanto. É
também menos fragmentada do que a do governo Lula. Além disso, a saída do
PTB da base governista conferiu a esta uma maior homogeneidade ideológica
relativamente ao governo anterior. Apesar disso, PP e PR, os outros partidos de
direita com perfil clientelista, ainda estão presentes no gabinete de Dilma. Eles
são, respectivamente, o terceiro e o quarto partido da coalizão no Legislativo,
ambos com quarenta e um deputados, sendo que cada um detém uma pasta. O
PSB, entretanto, que em cadeiras fica atrás do PP e PR, detém dois ministérios,

                                                                                                               
4
Artigo Jornal Folha de S. Paulo, disponível em http://www1.folha.uol.com.br/poder/855582-
conheca-os-ministros-do-governo-dilma-rousseff.shtml.

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em grande parte devido ao peso político que o partido conquistou ao controlar o


Executivo de seis Estados.

Dos trinta e cinco ministros5, nove deles estavam presentes no governo Lula,
quinze foram indicados por algum partido político da coalizão, doze por Dilma,
cinco por Lula e dois deles, Aloizio Mercadante e Paulo Bernardo por Dilma e Lula.
Vinte e dois ministros, ou seja, 63% deles, são filiados a partidos de esquerda.

A grande inovação do gabinete de Dilma foi o percentual de ministras


mulheres. Lula, em seu primeiro governo, já havia superado seus antecessores
com 11% de seu gabinete sendo composto de mulheres (Amorim Neto, 2007).
Dilma nomeou nove mulheres, um percentual de 26%, bem acima de Lula. É
interessante observar, contudo, que das nove ministras, cinco foram indicações
diretas de Dilma, uma de Lula e apenas três delas (Iriny Lopes, Ideli Salvatti e
Maria do Rosário) foram indicadas por um partido, o PT. Nenhum outro partido da
coalizão indicou uma mulher para a composição do gabinete de Dilma.

A distribuição das pastas entre os partidos também permaneceu


6
essencialmente a mesma do segundo governo Lula . A mudança que ocorreu foi
um rearranjo de pastas entre PT e PMDB. Este perdeu o controle dos Ministérios
da Saúde e das Comunicações, que foram os focos dos escândalos de corrupção
(FUNASA e Correios) no governo Lula, para o PT. Tais pastas passaram a ser
chefiadas, respectivamente, pelos ministros Alexandre Padilha e Paulo Bernardo,
ambos indicações diretas de Dilma. Isto mostra que a Presidente quer
acompanhar mais de perto esses dois ministérios. O PMDB, por sua vez, também
perdeu o Ministério da Integração Regional para o PSB. Em contrapartida,
angariou os ministérios da Previdência Social, Turismo e a Secretaria de Assuntos
Estratégicos. Já o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) chefiado por Sérgio
Rezende do PSB passou para Aloizio Mercadante do PT.

A montagem política do primeiro ministério de Dilma seguiu, portanto, o


padrão mais proporcional de divisão das pastas entre os partidos da coalizão que
houve durante o governo Lula. Com exceção do rearranjo de ministérios
considerados mais problemáticos no período anterior e o maior número de
mulheres no governo, Dilma segue o padrão de governança estabelecido por seu
antecessor. Apesar de continuar a maior concentração de pastas no PT, há um
grande percentual de ministros políticos, ou seja, endossados por algum partido
                                                                                                               
5
O número de 35 ministérios não engloba os titulares do Banco Central, Advocacia Geral da União e
Defensoria Pública da União, que possuem status de Ministros.
6
Os dados referentes à composição do gabinete do segundo governo Lula são de Amorim Neto &
Coelho (2008).

6
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como forma de garantir o apoio do governo no Congresso. Portanto, diante da


distribuição mais proporcional dos ministérios entre os partidos, Dilma deve
conseguir o apoio da bancada governista no Legislativo para seus projetos.
Mesmo que muitos partidos da base ainda esperem a nomeação de seus
indicados para grande parte dos postos do segundo escalão.

2. O Congresso

No Congresso, Dilma possui uma base de governo consolidada, que vem


crescendo desde a primeira eleição de Lula, como se observa na Figura 3. Em
2003, a coalizão de Lula era minoritária tanto na Câmara dos Deputados quanto
no Senado. Em 2006, já tendo incorporado o PMDB, o governo ainda enfrentava
dificuldades para conseguir aprovar emendas constitucionais no Senado. Em
2011, Dilma conta com ampla maioria nas duas casas. O enfraquecimento da
oposição deu-se, sobretudo, em virtude da grande perda de cadeiras dos partidos
de centro-direita, como foi destacada no Papel Legislativo anterior.
Principalmente o DEM, que no Senado chegou a perder dois terços de seus
senadores e diminuirá sua bancada em pelo menos 11 deputados com a criação
do novo partido do prefeito de São Paulo, o PSD, de Gilberto Kassab.

Figura 3
Evolução da base do governo na Câmara dos Deputados (2002-2011)

Na Figura 4, há a evolução das bancadas de acordo com blocos de direita,


centro, esquerda e partidos clientelistas juntamente com os chamados nanicos7.

                                                                                                               
7
São considerados partidos de (i) direita e centro-direita: DEM e PSDB; (ii) centro: PMDB; (iii)
esquerda e centro-esquerda: PT, PCdoB, PPS, PCdoB, PV, PDT, PSB e PSOL; (iv) clientelistas: PTB, PP

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Papéis Legislativos | n.1 | maio 2011

Além da queda acentuada da centro-direita e do crescimento contínuo da centro-


esquerda, o resultado das eleições de 2010 foi bastante favorável para os
partidos com perfil mais clientelista. Eles aumentaram significativamente a sua
bancada. Principalmente o PR, que saiu de menos de 5% de cadeiras para 8% e
os micro partidos, que ao todo somam 8% das cadeiras da Câmara dos
Deputados. A soma da bancada dos partidos nanicos é a maior desde 1994.

Figura 4
Evolução das bancadas segundo blocos na Câmara dos Deputados (1994-
2011)

A reconfiguração dessas bancadas, sobretudo a acentuada queda da direita e


o crescimento dos nanicos, está refletida no aumento da volatilidade eleitoral8 -
Figura 5 - em relação ao ano de 2006. Apesar desse incremento, é importante
frisar que a volatilidade eleitoral da Câmara dos Deputados está longe de indicar
que o sistema partidário brasileiro tornou-se instável. Como destaca Santos
(2008), o índice de volatilidade brasileiro não está muito acima do que se
encontra em democracias desenvolvidas que apresentam, como o Brasil,
representação proporcional. Os cinco maiores partidos representados na Câmara
continuam sendo, respectivamente, o PT, o PMDB, o PSDB, o PP e o DEM; com a
diferença que o PP é agora maior do que o DEM e que o PT, como em 2002,
voltou a ser o maior partido. Contudo, com a criação do PSD e a saída de 11

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           
e PR e micro partidos, que são todos aqueles que tiverem menos de 3% das cadeiras da Câmara dos
Deputados e cujo perfil ideológico não é definido.
8
O índice de volatilidade eleitoral varia de 0 a 1, em que o valor 0 representa a situação em que cada
partido repete a votação que teve na eleição anterior, enquanto 1 significa que cada voto foi dado a
partidos que não concorreram na eleição anterior.

8
Papéis Legislativos | n.1 | maio 2011

deputados do DEM, o PR deve se tornar o quinto maior partido na Câmara dos


Deputados.

Figura 5
Evolução do índice de volatilidade eleitoral na Câmara dos Deputados
(1994-2011)

Fonte: 1986-2006 Santos (2008)

O pequeno aumento da volatilidade, contudo, trouxe uma maior


fragmentação. Ao todo, em 2011, vinte e um partidos tem assento na Câmara
dos Deputados. O número efetivo de partidos passou de 9,3 (Anastasia & Melo,
2009) para 10,5. Se na Câmara eleita em 2006 os quatro maiores partidos
somavam 59,1% das cadeiras (Anastasia & Melo, 2009), em 2011, eles somam
apenas 51,1%. Apenas PT e PMDB elegeram entre 12 e 17% de deputados,
enquanto que três partidos (PSDB, PP e DEM) detém entre 8 e 12% das cadeiras
e oito deles entre 2 e 5% das cadeiras. No Senado, a fragmentação também
aumentou, indo o número efetivo de partidos em 2006 de 6,3 (Anastasia & Melo,
2000) para 7,75 em 2011.

Mesmo com o aumento da fragmentação no Congresso Nacional, Dilma


montou um gabinete com menos partidos do que a média dos dois governos de
Lula. Com o aumento da bancada de esquerda e a forte queda dos partidos de
centro-direita na oposição, Dilma conseguiu poupar a distribuição política de
alguns ministérios. Ainda assim ela conta no Congresso com o apoio de partidos
não representados no gabinete, como é o caso do PTB e de outros nanicos, PRB,
PMN, PSC, PTdoB, PRTB, PRP, PTC e PSL, que, como se viu, em conjunto somam

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Papéis Legislativos | n.1 | maio 2011

uma bancada considerável. A oposição vai diminuir ainda mais com a


formalização do novo partido, o PSD, que abriga políticos que estavam
insatisfeitos com sua condição de oposição. Nesse contexto, é de se esperar uma
oposição com dificuldades de exercer seu papel de fiscalizador do governo. É
provável que os confrontos com o governo no Legislativo ocorram, sobretudo,
dentro da sua própria base, como foi o caso da alta taxa de infidelidade do PDT
na votação do novo salário mínimo.

Na próxima seção, analisaremos a distribuição das comissões entre os


partidos. Sendo as comissões um dos principais instrumentos que a oposição tem
para fiscalizar o governo, a sua estruturação é vital para vislumbrar os âmbitos
possíveis da sua atuação.

3. Os Ministérios e as Comissões do Congresso

As comissões exercem um papel fundamental na atividade legislativa,


sobretudo em relação à sua função de fiscalizar o Executivo. Para que tal papel
seja exercido em sua plenitude, o ideal é que para cada Ministério haja uma
correspondente comissão tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado. É
desejável também que os membros dessas comissões tenham alguma
experiência prévia no assunto para assim poderem bem exercer a função de
controle e de agenda em determinado assunto.

É buscando verificar em que medida o atual Congresso estruturou os


mecanismos de controle frente ao Executivo que essa seção irá analisar a
correspondência entre os Ministérios e as comissões da Câmara e do Senado.
Como se pode observar na Figura 6, da mesma forma como verificou Anastasia &
Melo (2009) para a Legislatura eleita em 2006, há um número muito maior de
ministérios do que comissões permanentes no atual Congresso eleito.

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Figura 6
Distribuição Partidária dos Ministérios e Comissões da Câmara dos Deputados e
Senado
Ministérios/Secretarias Comissão Permanentes Câmara dos Comissões Permanentes Senado
Deputados
Agricultura, Pecuária e Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Agricultura e Reforma Agrária
Abastecimento Desenvolvimento Rural
(PDT)
(PMDB) (DEM)
Cidades Desenvolvimento Urbano
-----
(PP) (PMDB)
Ciência e Tecnologia, Comunicação e Ciência, Tecnologia, Inovação,
Ciência e Tecnologia
Informática Comunicação e Informação
(PT)
(PSDB) (PMDB)
Ciência e Tecnologia, Comunicação e Ciência, Tecnologia, Inovação,
Comunicações
Informática Comunicação e Informação
(PT)
(PSDB) (PMDB)
Cultura Educação e Cultura Educação, Cultura e Esporte
(S.F.P) (PT) (PMDB)
Defesa Relações Exteriores e de Defesa Nacional Relações Exteriores e Defesa Nacional
(PMDB) (PSDB) (PTB)
Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Desenvolvimento Agrário Agricultura e Reforma Agrária
Desenvolvimento Rural
(PT) (PDT)
(DEM)
Desenvolvimento Social e
Seguridade Social e Família Assuntos Sociais
Combate à Fome
(PMDB) (DEM)
(PT)
Desenvolvimento, Indústria Desenvolvimento Econômico, Indústria e
Assuntos Econômicos
e Comércio Exterior Comércio
(PT)
(PT) (PR)
Educação Educação e Cultura Educação, Cultura e Esporte
(PT) (PT) (PMDB)
Esporte Turismo e Desporto Educação, Cultura e Esporte
(PCdoB) (PSB) (PMDB)
Finanças e Tributação
Fazenda (PT) Assuntos Econômicos
(PT) Fiscalização Financeira e Controle (PT)
(PSC)
Amazônia, Integração Nacional e de
Integração Nacional Desenvolvimento Regional e Turismo
Desenvolvimento regional
(PSB) (PP)
(PP)
Justiça Constituição e Justiça e de Cidadania Constituição, Justiça e Cidadania
(PT) (PT) (PMDB)
Meio Ambiente e Desenvolvimento Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e
Meio Ambiente
Sustentável Fiscalização e Controle
(S.F.P)
(PDT) (PSB)
Minas e Energia Minas e Energia Serviços de Infraestrutura
(PMDB) (PT) (PSDB)
Planejamento, Orçamento e Desenvolvimento Econômico, Indústria e
Assuntos Econômicos
Gestão Comércio
(PT)
(PT) (PR)
Previdência Social Seguridade Social e Família Assuntos Sociais
(PMDB) (PMDB) (DEM)
Relações Exteriores Relações Exteriores e de Defesa Nacional Relações Exteriores e Defesa Nacional
(S.F.P) (PSDB) (PTB)
Saúde Seguridade Social e Família Assuntos Sociais
(PT) (PMDB) (DEM)
Trabalho, de Administração e Serviço
Trabalho e Emprego Assuntos Sociais
Público
(PDT) (DEM)
(PTB)
Transportes Viação e Transportes Serviços de Infraestrutura
(PR) (PMDB) (PSDB)
Turismo Turismo e Desporto Desenvolvimento Regional e Turismo
(PMDB) (PSB) (PP)
Políticas para as mulheres Direitos Humanos e Minorias Direitos Humanos e Legislação Participativa
(PT) (PCdoB) (PT)
Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Pesca e Aquicultura Agricultura e Reforma Agrária
Desenvolvimento Rural
(PT) (PDT)
(DEM)
Especial de Direitos
Direitos Humanos e Minorias Direitos Humanos e Legislação Participativa
Humanos
(PCdoB) (PT)
(PT)
Política de Promoção de
Direitos Humanos e Minorias Direitos Humanos e Legislação Participativa
Igualdade Racial
(PCdoB) (PT)
(PT)
Especial de Portos Viação e Transportes Serviços de Infraestrutura
(PSB) (PMDB) (PSDB)

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Papéis Legislativos | n.1 | maio 2011

Com exceção das pastas não relacionadas a temas substantivos (Casa Civil,
Relações Institucionais, Secretaria Geral, Assuntos Estratégicos, Comunicações
Sociais e Gabinete de Segurança Institucional), são 29 o número de ministérios
que são fiscalizados pelas Comissões. Na Câmara dos Deputados, há 20
comissões permanentes e, atualmente, 6 comissões temporárias. Das
permanentes, duas delas não se relacionam diretamente a nenhum ministério
(Defesa do Consumidor e Legislação Participativa), fazendo com que haja na
média 1,6 ministério por Comissão Permanente na Câmara dos Deputados. No
Senado, esse número é ainda maior; com apenas 11 comissões permanentes, há
2,6 ministérios por comissão. O grande número de ministérios a ser
acompanhado por cada comissão dificulta o controle e a fiscalização que os
parlamentares devem exercer. Porém, deve-se ressaltar, que dentro de cada
comissão há subcomissões, as quais, atualmente, são 30 apenas no Senado. Há
inclusive um projeto de resolução do Senador Walter Pinheiro (PT/BA) para que
se limite a duas as subcomissões possíveis dentro de cada comissão.

De acordo com Santos & Almeida (2005), a teoria informacional indica que
um ator político moderadamente contrário a uma proposição legislativa será mais
informativo do que um extremamente contrário, favorável ou neutro. Levando
esse raciocínio para as comissões, a seleção de presidentes das comissões de
legisladores da oposição poderia sugerir agentes políticos com maior capacidade
de fiscalizarem o governo. Contudo, apenas 30% das comissões da Câmara dos
Deputados são controladas por partidos da oposição, enquanto que no Senado tal
percentual é de 18%. Como se pode observar na Figura 6, são presididos por
deputados oposicionistas as seguintes comissões: Relações Exteriores, Segurança
Pública e Combate ao Crime Organizado, Ciência e Tecnologia e a de Agricultura e
Pecuária. Já no Senado, são controladas pela oposição as comissões de Assuntos
Sociais e a de Serviços de Infraestrutura.

Mesmo que o governo conte com a maioria em todas as comissões e consiga


aprovar seus projetos, é nelas que a oposição pode oferecer mais resistência ao
governo, sobretudo naquelas por ela controladas. Esse foi o caso da Comissão de
Relações Exteriores do Senado (CRE) presidida pelo senador Eduardo Azeredo do
PSDB durante o segundo mandado do governo Lula. Não obstante o governo ter
aprovado a maioria de seus projetos, ele enfrentou grande resistência da
oposição para aprovar importantes matérias, sobretudo porque o governo não
contava com a maioria absoluta na Casa. Atualmente a CRE é presidida pelo
Senador Fernando Collor de Melo do PTB, partido que não faz parte da
composição do gabinete de Dilma, mas apoiou o governo em todas as votações

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Papéis Legislativos | n.1 | maio 2011

até agora e provavelmente deve ser beneficiado nos cargos de segundo escalão.
Além disso, o governo, atualmente, detém maioria absoluta no Senado. Nesse
sentido, é de se esperar que um dos principais focos de resistência da oposição
deixe de ser, no Senado, a CRE e passe para as comissões de Infraestrutura e
Assuntos Sociais. Sobretudo para a Comissão de Infraestrutura, porque é nela
que são discutidos alguns dos projetos prioritários de governo Dilma, como o
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as obras para as Olimpíadas e
Copa do Mundo que serão sediadas no Brasil.

Um último fator importante para medir a qualidade dos trabalhos das


comissões é o grau de expertise sobre políticas públicas de seus membros. De
acordo com Santos (2002), como a reeleição para a Câmara não é prioridade dos
deputados, há um padrão muito instável de nomeações para as comissões, o que
não permite aos seus integrantes especializarem-se em determinadas temáticas
durante seus mandatos. Diante dessa falta de especialização adquirida pela
experiência legislativa, ainda segundo o autor, a forma dos líderes partidários
aferirem o grau de especialização de um deputado em um tema relacionado a
uma comissão é verificar sua prévia experiência profissional. E conforme
demonstra Santos (2002), as nomeações dos membros das comissões pelos
líderes partidários para as duas principais comissões da Câmara dos Deputados, a
de Constituição e Justiça e a de Finanças e Tributação, estão positivamente
correlacionadas com a especialização profissional prévia dos parlamentares.

Com o intuito de verificar em que medida os membros das comissões da nova


legislatura contam com parlamentares com alguma prévia expertise, analisamos
o perfil biográfico dos presidentes de todas as comissões da Câmara dos
Deputados. A sua grande maioria, 70% deles, não está em seu primeiro mandato
como Deputado Federal e, portanto, já detém alguma experiência parlamentar.
Além disso, dos vinte presidentes de comissões, oito tem sua especialização
profissional prévia relacionada com o tema da comissão que presidem, ou seja,
40% deles podem ser considerados especialistas. Isso demonstra que, apesar da
alta taxa de renovação da Câmara dos Deputados, os líderes partidários,
responsáveis pelas nomeações dos membros das comissões, buscam garantir a
qualidade dos trabalhos legislativos nomeando parlamentares cuja especialização
profissional esteja relacionada aos temas das comissões.

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Papéis Legislativos | n.1 | maio 2011

4. A Agenda do Governo no Congresso, as grandes reformas e a política


externa

Em sua mensagem ao Congresso, Dilma destacou que entre as prioridades de


seu governo, além da luta pela erradicação da miséria, estão a reforma tributária
e a reforma política. Contudo, a Presidente preferiu deixar nas mãos do
Congresso a iniciativa para a reforma política, enquanto que ainda não
apresentou nenhuma proposta para a reforma tributária. Dilma ainda citou em
sua mensagem outras prioridades, como a desoneração dos investimos e dos
bens de consumo popular – que podem ser incluídos na reforma tributária - e a
criação de novos marcos legais para as agências reguladoras, para a distribuição
dos royalties do pré-sal e para a reforma universitária.

Mesmo sem ter ainda apresentado nenhum projeto de reforma tributária, a


Presidente anunciou em março que irá fatiá-la para facilitar a sua aprovação. No
Congresso, a opinião dos partidos do governo e da oposição já se divide.
Enquanto o líder do PSDB na Câmara, o deputado Duarte Nogueira (SP) destaca
como prioridade a desoneração da folha de pagamentos, o ex-presidente da
comissão de Finanças e Tributação, Pedro Eugênio (PT/SP), dá ênfase à
diminuição do caráter regressivo do atual sistema. O único consenso que parece
existir entre governo e oposição é sobre a necessidade de simplificação do
sistema. Contudo, se a simplificação vier pela unificação dos impostos em um
único, não há convergência entre os parlamentares. Como ocorreu na tentativa
de reforma em 2008, a perspectiva de unificação dos impostos existe traz o
temor de que as receitas concentrem-se na União e de que alguns estados
possam ser prejudicados com a nova repartição de receitas, não sendo
devidamente ressarcidos pela União. Como é sabido, na reforma tributária, além
das divergências entre os partidos, a questão da distribuição entre os entes
federados também tem que ser levada em consideração.

Enquanto o governo não apresenta nenhum projeto, o Congresso já começa a


se movimentar em torno da questão. Na Câmara, foi criada no fim de abril uma
subcomissão especial para tratar da Reforma Tributária a pedido do atual
presidente da comissão de Finanças e Tributação, Deputado Cláudio Puty (PT/PA),
que afirmou ser a prioridade da comissão a reforma. No Senado, por iniciativa do
Senador Aloysio Nunes (PSDB/SP), foi criada uma Subcomissão Permanente para
Avaliação do Sistema Tributário Nacional, que também está discutindo a reforma
tributária.

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Papéis Legislativos | n.1 | maio 2011

A reforma política está sendo discutida em duas Comissões Especiais


diferentes, uma na Câmara dos Deputados e outra no Senado. A Presidente Dilma
em sua mensagem ao Congresso apenas afirmou ser necessária uma reforma que
fortaleça o sentido dos partidos políticos no país. Enquanto a comissão da Câmara
ainda está realizando audiências regionais por todo o país visando escutar a
população, no Senado, a Comissão Especial já aprovou diversos pontos que, se
forem ratificados posteriormente, implicarão em uma substancial mudança do
sistema político brasileiro.

Dentre as principais mudanças que foram aprovadas pela Comissão do


Senado está a mudança do sistema eleitoral proporcional para o sistema de lista
fechada. Contudo, tal mudança não foi unânime: dos vinte senadores da
Comissão, nove votaram pela lista fechada, sete pelo sistema do “distritão” e
quatro abstiveram-se. Outros pontos menos controversos aprovados são o fim
das coligações partidárias para as eleições proporcionais, o financiamento público
das campanhas eleitorais, o estabelecimento de cotas para as mulheres (de 50%
caso seja aprovada a lista fechada) e uma cláusula de desempenho de três
representantes de diferentes estados para o partido possuir assento na Câmara
dos Deputados, entre outras modificações. Além disso, os Senadores também
aprovaram a realização de um referendo para que a população aprove as
mudanças. O texto da Comissão Especial ainda deve passar pela Comissão de
Constituição e Justiça e depois seguir para o Plenário e, se aprovado, para a
Câmara dos Deputados. Todavia, o sistema de lista fechada, que tem que ser
aprovado por emenda constitucional e, portanto, pela maioria absoluta do
Congresso, enfrenta ainda bastante resistência de muitos parlamentares e
dificilmente deve ser ratificado, sobretudo diante da maior fragmentação
partidária atual. São mais favoráveis à lista fechada os parlamentares de
esquerda, principalmente do PT, cuja legenda é a que conta com maior
identificação no eleitorado, mas que, como vimos acima, não atingem sozinhos a
maioria absoluta dos votos em nenhuma casa.

Finalmente, com relação à política externa, incialmente Dilma deve contar


com menor resistência da oposição. Além de ter uma maioria folgada no Senado
e na Câmara dos Deputados e da CRE não ser presidida pela oposição, a
Presidente vem adotando uma postura mais rígida sobre o respeito aos direitos
humanos nos foros internacionais. Notadamente, houve uma mudança de
posicionamento do Brasil em relação ao Irã e aos direitos humanos com o voto
favorável do Brasil na ONU à instalação de um investigador independente de
direitos humanos para o Irã. Há também os esforços da Presidente para uma

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Papéis Legislativos | n.1 | maio 2011

maior aproximação comercial com os Estados Unidos e com a China, como ficou
claro com a visita do Presidente Barack Obama ao Brasil e com a ida de Dilma à
China. Esses eram dois pontos que mais encontravam resistência da oposição
durante o governo Lula: a postura do Brasil em relação aos direitos humanos no
Irã e a prioridade para as relações comerciais Sul-Sul em detrimento das grandes
potências, como os Estados Unidos. Contudo, no que tange à política de
fortalecimento à integração regional, o governo ainda deve enfrentar resistência
da oposição, como vem ocorrendo com a revisão do Tratado de Itaipu.

Apesar dessas mudanças, o eixo da política externa do governo Lula, com o


fortalecimento do Mercosul e da Unasul, a diversificação das parcerias e a busca
por um maior protagonismo do país no cenário mundial, continua no governo
Dilma, segundo o Ministro Antonio Patriota. Em audiência na CRE no dia 27 de
abril, ele destacou que a prioridade nas relações exteriores no governo Dilma são
ainda os países sul-americanos, tanto que o primeiro país a ser visitado pela
Presidente foi a Argentina. O ministro também é entusiasta da política de
abertura de novas embaixadas no exterior, especialmente nas regiões antes
ignoradas como a África e o Oriente Médio. Segundo Patriota, isso seria uma
forma de sinalizar nos meios internacionais de decisão o crescente papel político
do Brasil.

E mesmo com o reposicionamento do Brasil acerca dos direitos humanos no


Irã, o governo Dilma continua mostrando autonomia em relação aos Estados
Unidos ao se abster de votação que chancelou o ataque à Líbia. A continuidade da
política externa do governo Lula com Dilma ocorre apesar das mudanças que
ocorreram em três dos quatro ministros que durante o governo Lula foram
responsáveis pela sua formulação, a saber, o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, o
Ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, o Ministro das Relações
Exteriores, Celso Amorim e o Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos
(SAE), Samuel Pinheiro Guimarães. Sobretudo, com a saída do último da SAE e a
nomeação de Moreira Franco, a pasta perdeu a parceria que tinha na formulação
da política externa. Nos outros ministérios, Nelson Jobim permanece e tanto
Antonio Patriota quanto Aloizio Mercadante, no MCT, são comprometidos com o
fortalecimento da integração regional buscada no governo Lula.

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5. Referências

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coalition discipline in Brazil”. In Legislative politics in Latin America, ed. Scott
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ZUCCO Jr. C. (2009) “Ideology or What? Legislative Behavior in Multiparty


Presidentialist Settings”. Journal of Politics, 71(3).

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