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n.1,
maio
2011
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Papéis Legislativos | n.1 | maio 2011
Fabiano Santos
Mariana Borges
Marcelo Barata Ribeiro
Introdução
1
Papéis Legislativos | n.1 | maio 2011
Neste Papel Legislativo o objetivo será traçar um panorama de como será relação
Executivo-Legislativo através do perfil do primeiro gabinete de Dilma, do
Congresso e de suas comissões. Pretende-se também vislumbrar como e se as
mudanças introduzidas pelo novo gabinete da Presidente e a atual configuração
do Congresso influenciarão no andamento da agenda da política externa brasileira
e das principais pautas do Congresso.
1
O índice de coalescência de Amorim Neto varia de 0 a 1 e mede a relação entre os ministérios
ocupados por um partido e sua contribuição à base legislativa do governo. O valor 1, portanto,
corresponde ao gabinete em que a porcentagem de pastas de cada partido corresponde exatamente à
sua força na Câmara dos Deputados.
2
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Papéis Legislativos | n.1 | maio 2011
Jornal Valor Econômico - CAD A - BRASIL - 10/3/2011 (21:5) - Página 6- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW
Enxerto
Política Figura 1
Índice de Coalescência de Sarney a Dilma
A arte de recompensar os aliados
Dilma segue padrão de Lula ao distribuir ministérios de acordo com o peso dos partidos na Câmara
Mandatos
Sarney Collor Itamar FHC I FHC II Lula I Lula II Dilma
Desde
Mar/85 a Mar/90 Mar/90 a Out/92 Out/92 a Dez/94 Jan/95 a Dez/98 Jan/99 a Dez/02 Jan/03 a Dez/06 Jan/07 a Dez/10
Jan/11
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
Mar/85- Fev/86- Mar/90- Out/90- Jan/92- Abr/92- Out/92- Jan/93- Mai/93- Set/93- Jan/94- Jan/95- Abr/96- Jan/99- Mar/99- Out/01- Mar/02- Jan/03- Jan/04- Jun/05- Ago/05- Set/05- Abr/06- Jan/07- Abr/07- Ago/09- Mar/10- Desde
Fev/86 Mar/90 Out/90 Jan/92 Abr/92 Out/92 Jan/93 Mai/93 Set/93 Jan/94 Dez/94 Abr/96 Dez/98 Mar/99 Out/01 Mar/02 Dez/02 Jan/04 Jun/05 Ago/05 Set/05 Abr/06 Dez/06 Abr/07 Ago/09 Mar/10 Dez/10 Jan/11
Principais acontecimentos Collor atrai PSDB, PTB Saída do PTB No início do segundo PFL abandona o Lula incorpora o Após a reeleição, Lula Volta do PR e do PRB Taxa de 0,61 é
e PL e tenta consertar marca o mandato, FHC monta governo, e tucanos PMDB, mas lhe mantém patamar ao ministério Lula igual à média dos
o erro de um governo "fim de festa" do o ministério mais chamam ministros sem dá apenas duas semelhante de aumenta índice de gabinetes do segundo
minoritário. governo Itamar. proporcional até hoje. filiação partidária. pastas no governo. distribuição aos aliados. proporcionalidade. mandato de Lula.
Fonte: Octavio Amorim (EPGE/FGV-Rio) e Núcleo de Estudos sobre o Congresso (Necon/Iesp-Uerj). *O indicador mede a relação entre os ministérios ocupados por um partido e sua contribuição à base legislativa do governo - também chamado de grau de coalescência.
GoverDados
Fonte: no Presidente distribuiu
de Amorim Neto noPastas de Valor
Jornal modoEconômico,
tão proporcional
Brasil,aos
A6,partidos quantode
10 de março antecessor
2011.
De São Paulo tes de Lula foi de apenas 0,04, o de mento ao novo parceiro. Ciente de çamento, também não captaria o
Segundo Amorim Neto (2007, p. 57) das 30 pastas do primeiro ministério de
Itamar Franco foi de 0,26 (com a saí- seu peso para o sucesso do governo, peso de pastas como Casa Civil e Re-
O PMDB reclamou, o PSB não fi- da do PTB) e o de Fernando Henri- o PMDB passou a cobrar pelo apoio e lações Exteriores, que formam a li-
cou muito contente, mas o primei- que registrou 0,31. O então PFL, a reivindicar ainda mais espaço. nha de frente do governo, mas têm
Lula, 60% delas eram do PT, que, contudo, somava apenas 35% das cadeiras do
ro ministério da presidente Dilma maior aliado do PSDB, abandonou o Geralmente, além da indicação baixa dotação orçamentária.
Rousseff é tão proporcional ao pe- governo tucano, num cisma que já de ministros, as moedas mais utili- O pesquisador considera que a
so das bancadas dos partidos alia- antecipava as dificuldades dos par- zadas em troca de apoio são as boa distribuição de ministérios aos
gabinete na Câmara dos Deputados. Mesmo o governo FHC sendo o mais
dos na Câmara dos Deputados ceiros em permanecer no poder. emendas parlamentares e os cargos aliados é uma questão prioritária.
quanto foi o do ex-presidente Luiz Collor é outra exceção, pois inver- de segundo e terceiro escalões. Ou Talvez mais que a formação de coali-
proporcional até então, o PSDB, partido do Presidente na época, chegou a estar
Inácio Lula da Silva. teu, duplamente, os movimentos mesmo pagamentos em espécie.
Esse éo resultado doscálculos fei- mais comuns. A proporcionalidade
zões supermajoritárias, que se trans-
Estaria aí uma das explicações formaram numa obsessão. Gover-
tos, a pedido do Valor, pelo cientista de seu ministério começou em que- para a origem do escândalo do nos minoritários, em sua opinião,
40% sobrerrepresentado no primeiro gabinete do segundo mandato, segundo
político Octavio Amorim, da Escola da acentuada em relação à de Sarney mensalão. Resistente em ceder mi- não deveriam ser descartados.
de Pós-Graduação em Economia, da e terminou em ascensão. Era uma nistérios, Lula teria trocado a estra- “É uma experiência que vale a pe-
Amorim Neto. Contudo, uma das explicações dadas para a exacerbação dessa
Fundação Getúlio Vargas do Rio. tentativa desesperada e tardia — ao tégia de negociar o apoio no ataca- na ser tentada. Há quem defenda
O índice de proporcionalidade do atrair PSDB, PTB e PL —de consertar a do e foi para o pior lado do varejo. que Lula não deveria ter chamado o
ministério Dilma — 0,61 — é exata- montagem de seu governo. “Jamais saberemos o que foi exa- PMDB, em 2004. Poderia ter conti-
tendência com o PT é o fato de que grande parte dos partidos que compuseram
mente o mesmo da média dos qua- Para Amorim, a formação do mi- tamente o mensalão. As informa- nuado sem uma maioria folgada no
tro gabinetes formados por Lula em nistério de Dilma foi bem feita. “O ções não são sólidas. Mas o descon- Parlamento. Negociaria ponto a
seu segundo mandato. Cada gabine- governo foi bem montado, nada in- tentamento da base tem a ver indire- ponto com a oposição, em bases
os gabinetes de Lula, com exceção a partir de 2004 do PMDB, serem partidos
te representa uma formação minis- dica que haverá riscos. Ele é muito tamente com o episódio”, diz Amo- programáticas, comofez nareforma
terial, marcada pela inclusão ou saí- parecido com o segundo gabinete rim. Só depois do escândalo, Lula da Previdência, em 2003”, diz.
pequenos. Dessa forma, apenas um ministério seria suficiente para equilibrar
da de um partido do governo. de Lula. Faz sentido, pois é um gover- rendeu-se à cartilha de FHC, ou ao
A distribuição mais ou menos no de continuidade”, afirma.
Uma das evidências de que pro-
“livro-texto do presidencialismo de blemas de governabilidade são ine-
equânime de ministérios entre os A proporcionalidade do ministé- coalizão”, segundo expressão cu- vitáveis — formando-se ou não um
com o seu peso no Legislativo (Amorim Neto, 2007).
parceiros da coalizão é tida como rioDilmaocorre apesardachamada nhada pelo cientista político inglês ampla base de apoio —é que, hoje, o
um dos principais indicadores de “tendência monopolista” do PT. O Timothy Power. Fernando Henrique, centro gravitacional do conflito te-
governabilidade, ao lado do tama- comportamento da legenda é con- além de ter costurado uma base am- ria se deslocado dos embates entre
nho da base parlamentar aliada. firmado pelos números. Compara- pla, a contentou com uma distribui- oposição e o governo para confron-
Entre janeiro e abril de 1992, ano do a outros partidos presidenciais, o ção proporcional, cujo índice, de tos no interior da base.
FHC também contou com gabinetes menos fragmentados e heterogêneos
de seu impeachment,Fernando Col- PT é o que mais ocupa ministérios. 0,70, no primeiro gabinete do se- Não é à toa, lembra Amorim, que
lor de Mello tinha um ministério cu- Enquanto no primeiro gabinete de gundo mandato, é o maior até hoje. a indisciplina do PDT — numa vota-
quando comparado com os do primeiro governo de Lula . Os gabinetes de FHC
jo índice de proporcionalidade era Sarney, o PMDBestava 17% sobrerre- Amorim reconhece que o indica- ção do salário mínimo em que o go- 2
de 0,30. Associado à falta de susten- presentado em relação aos parcei- dor de proporcionalidade tem limi- verno venceu por boa margem — te-
tação parlamentar — Collor contava ros, e o PSDB esteve 40%, no primeiro tações pois se baseia apenas no nú- nha recebido mais atenção do Palá-
foram compostos por, no máximo, 6 partidos. Já no primeiro governo Lula, na
com o apoio de apenas 26,3% da Câ- ministério de FHC, o PT, no governo mero de ministérios e não na impor- cio do Planalto do que os movimen-
mara — isso refletia um presidente Dilma, está 77% acima de uma situa- tância deles. Mas argumenta que a tos da enfraquecida oposição. Amorim: “Ministério de Dilma é muito parecido com o segundo gabinete de Lula”
média, houve 7,6 partidos em cada gabinete, sendo que no quinto gabinete
isolado, vulnerável, cercado de mi- ção deigualdade em relaçãoao peso
nistros sem filiação partidária e mais das siglas que compõem a base.
propenso a serderrubado. “O gover- A bancada do PT na Câmara, de 88
houve 9 partidos. Tal variação refletiu a diferença nas bancadas no Legislativo
no Collor não era apenas minoritá- deputados, corresponde a 27% da
Presidente do Ibama critica relatório do Código Florestal
rio, mas também muito mal consti- base aliada de 326 parlamentares, Mauro Zanatta Mas espera-se que o bom senso im- os corredores para pedir a aprova- to da Amazônia, isso é de interesse
tuído. Não à toa as consequências fo- mas o partido ocupa 48% dos 37 mi- De Brasília 3 pere”, afirma Trennepohl. O executi- ção do relatório do deputado Aldo nacional, (o projeto) não limita a
dos partidos de direita e de esquerda em cada governo. A bancada na Câmara
ram desastrosas”, afirma Amorim. nistérios. O PMDB contribui com vo arrisca uma sugestão aos con- Rebelo (PCdoB-SP). Ambientalis- competência do Ibama”, avalia. “Na
Dilma, além de contar com ampla 24%, mas detém 17% das pastas. Às vésperas da mobilização na- gressistas: “Que, por exemplo, não se tas reforçaram teses científicas pa- regulamentação dessa nova lei, vai
dos Deputados dos partidos de centro-direita (PSDB e DEM) e de centro (PMDB)
base parlamentar saída das urnas, Amorim afirma que a maior pre- cional planejada por ruralistas no desobrigue a preservação de encos- ra rejeitar as mudanças propostas. ser estabelecido o que permanece
maior que a obtida por Lula, seguiu sença do PT no governo reflete al- Congresso, o novo presidente do tas.Está sabidoque desmatarencos- O Ibama também tem preocupa- como interesse nacional. Pantanal,
o padrão forjado pelo antecessor, guns traços característicos do parti- Instituto Brasileiro de Meio Am- tas e topos de morro leva a desastres ções com alterações na legislação Cerrado, devem permanecer sob
eram amplamente majoritárias nas legislaturas eleitas em 1994 e 1998, somaram
depois de erros eacertos. Em relação do, como a existência de várias fac- biente (Ibama), Curt Trennepohl, naturais”, afirma, em referência à re- que possam prejudicar suas atribui- responsabilidade federal”.
ao último gabinete de Lula, cuja taxa ções que precisam ser atendidas e o entrou no debate sobre a reforma cente tragédia na região serrana do ções. Um projeto em tramitação no Em defesa do Conama, do qual é
foi de 0,56, o ministério de Dilma é fato de ser uma organização muito do Código Florestal ao defender Rio. E completa: “Espera-se que não Senado (PLC 1) retira poderes do membro, o presidente do Ibama re-
2 até um pouco mais proporcional — forte, disciplinada, e que tem pre- “bom senso” e exigir mais “preser- haja tanta bondade na discussão e Ibama e do Conselho Nacional de jeita que o colegiado, principal alvo
Os dados
um aumento referentes
considerado normal e sençaà composição
também fora do Congresso, do vaciogabinete dos governo
nismo” das leis ambientais. aprovação do novoFHCcódigo”.e do primeiro governo
Meio Ambiente (Conama), delegan- Lula sãotenha
dos ruralistas, de“postura am-
Amorim Neto
cíclico, como ressalta (2007).
Amorim. com vários tentáculos na sociedade Recém-empossado no cargo, o Na avaliação de Trennepohl, o Có- do a Estados e municípios o papel de bientalista”, mas admite que é uma
3 Desde a redemocratização, as civil — no sindicalismo, nos movi- advogado gaúcho afirma que a digo Florestalprecisa mudarconcei- emissores de licenças ambientais. instância “preservacionista” neces-
Veja a nota de roda pé n. 7 e a figura n. 4 para a explicação sobre quais partidos são classificados
duas maiores quedas de proporcio- mentos sociais, no funcionalismo, eventual mudança nas regras não li- tos. “Ele trata bem mais da utilização Trennepohl afirma que o projeto li- sária. “Hoje, as resoluções do Cona-
como
nalidadede direita,
estão relacionadas a finsde esquerda
de entre os intelectuais, nae de
igreja etc. clientelistas
mitará a ação do Ibama,emas
atornará
evolução das do
de recursos naturais bancadas
que de sua mita desses
a competência de blocos.
fiscalização ma complementam essa legislação
governo em que o presidente não te- A tendência monopolista do PT, “menos exigentes”as leis ambientais preservação”, diz. “Mesmo quando é ao órgão licenciador. “Em primeiro que é nova e dinâmica. O Conama
ve direito a um novo mandato. Foi o contudo, tem sido posta à prova des- cujo cumprimento é sua atribuição. preservacionista, grande parte da lugar, rezo para que o Senado altere não pode desaparecer porque tere-
caso deItamar Franco ede Fernando de a chegada do partido ao poder “O Código Florestal não limita nossa preocupação é econômica”. Mas isso esse dispositivo específico”, diz. “De- mos que normatizar, por decreto,
Henrique Cardoso. em 2003. Em janeiro de 2004, Lula — competência, mas torna menos exi- não é, segundo ele, exclusividade pois, existe a possibilidade de a Pre- uma enormidade de matérias que
É o “fim de festa”, quando cada depois de ter se recusado a seguir, gente, é umpouco mais permissivo”, das florestas. “O código das águas, sidência vetar isso. Ou a regulamen- hoje tem seu aval. Ele é uma 3necessi-
partido está buscando seu caminho após a vitória na eleição, a sugestão disse ao Valor. por exemplo, diz que sua finalidade tação poderá deixar esses macropro- dade como forma de não engessar o
diante das possibilidades de reali- de seu futuro chefe da Casa Civil, José O governo tem evitado novas po- é preservar a água como insumo do cessos ainda fiquem sobre a atuação processo ambiental”, avalia. A fun-
nhamento numa nova eleição. Dirceu —resolveu finalmente incluir lêmicas com a bancada ruralista, já processo produtivo”. do Ibama”, afirma Trennepohl. ção do Conama, diz, é “compensar
A alta popularidade de Lula, no o PMDBno governo, o quemarcou o que negocia nos bastidores mudan- No Congresso, os lobbies estão a Mesmo com as alterações propos- ou mitigar” o custo ambiental. “Seu
entanto, criou uma exceção. Diante início de seu segundo gabinete. ças menos bruscas no código. O pre- mil. Ruralistas e ambientalistas tas,relatadas pelasenadoraruralista papel hoje é importante para nor-
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Já nos dois governos de Lula a bancada dos partidos de esquerda era menor
do que as dos partidos de direita e centro-direita durante o governo FHC. Com a
decisão inicial no primeiro gabinete de Lula de manter o partido de centro, o
PMDB, fora, ele ficou ainda mais dependente de compor com os partidos menores
e clientelistas e da cooperação do PSDB e PMDB, já que seu primeiro gabinete era
minoritário (Santos, 2003). Mesmo com a vinda do PMDB em 2004, a soma da
bancada desse partido mais a dos de esquerda ainda era minoritária, daí a
necessidade de Lula de compor com mais partidos e partidos ideologicamente
heterogêneos.
4
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Figura 2
Dados principais do primeiro gabinete de Dilma
%
Partidos no
Cadeiras Índice de % Ministros % Ministros %
Gabinete
Gabinete Proporcionalidade apartidários legisladores Ministras
(n. de pastas)
na CD
PT (17), PMDB
(6), PSB (2),
PCdoB (1), PDT 63,5 0,61 17 40 26
(1), PP (1),
PR (1)
4
Artigo Jornal Folha de S. Paulo, disponível em http://www1.folha.uol.com.br/poder/855582-
conheca-os-ministros-do-governo-dilma-rousseff.shtml.
5
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Dos trinta e cinco ministros5, nove deles estavam presentes no governo Lula,
quinze foram indicados por algum partido político da coalizão, doze por Dilma,
cinco por Lula e dois deles, Aloizio Mercadante e Paulo Bernardo por Dilma e Lula.
Vinte e dois ministros, ou seja, 63% deles, são filiados a partidos de esquerda.
6
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2. O Congresso
Figura 3
Evolução da base do governo na Câmara dos Deputados (2002-2011)
7
São considerados partidos de (i) direita e centro-direita: DEM e PSDB; (ii) centro: PMDB; (iii)
esquerda e centro-esquerda: PT, PCdoB, PPS, PCdoB, PV, PDT, PSB e PSOL; (iv) clientelistas: PTB, PP
7
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Figura 4
Evolução das bancadas segundo blocos na Câmara dos Deputados (1994-
2011)
e PR e micro partidos, que são todos aqueles que tiverem menos de 3% das cadeiras da Câmara dos
Deputados e cujo perfil ideológico não é definido.
8
O índice de volatilidade eleitoral varia de 0 a 1, em que o valor 0 representa a situação em que cada
partido repete a votação que teve na eleição anterior, enquanto 1 significa que cada voto foi dado a
partidos que não concorreram na eleição anterior.
8
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Figura 5
Evolução do índice de volatilidade eleitoral na Câmara dos Deputados
(1994-2011)
9
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Figura 6
Distribuição Partidária dos Ministérios e Comissões da Câmara dos Deputados e
Senado
Ministérios/Secretarias Comissão Permanentes Câmara dos Comissões Permanentes Senado
Deputados
Agricultura, Pecuária e Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Agricultura e Reforma Agrária
Abastecimento Desenvolvimento Rural
(PDT)
(PMDB) (DEM)
Cidades Desenvolvimento Urbano
-----
(PP) (PMDB)
Ciência e Tecnologia, Comunicação e Ciência, Tecnologia, Inovação,
Ciência e Tecnologia
Informática Comunicação e Informação
(PT)
(PSDB) (PMDB)
Ciência e Tecnologia, Comunicação e Ciência, Tecnologia, Inovação,
Comunicações
Informática Comunicação e Informação
(PT)
(PSDB) (PMDB)
Cultura Educação e Cultura Educação, Cultura e Esporte
(S.F.P) (PT) (PMDB)
Defesa Relações Exteriores e de Defesa Nacional Relações Exteriores e Defesa Nacional
(PMDB) (PSDB) (PTB)
Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Desenvolvimento Agrário Agricultura e Reforma Agrária
Desenvolvimento Rural
(PT) (PDT)
(DEM)
Desenvolvimento Social e
Seguridade Social e Família Assuntos Sociais
Combate à Fome
(PMDB) (DEM)
(PT)
Desenvolvimento, Indústria Desenvolvimento Econômico, Indústria e
Assuntos Econômicos
e Comércio Exterior Comércio
(PT)
(PT) (PR)
Educação Educação e Cultura Educação, Cultura e Esporte
(PT) (PT) (PMDB)
Esporte Turismo e Desporto Educação, Cultura e Esporte
(PCdoB) (PSB) (PMDB)
Finanças e Tributação
Fazenda (PT) Assuntos Econômicos
(PT) Fiscalização Financeira e Controle (PT)
(PSC)
Amazônia, Integração Nacional e de
Integração Nacional Desenvolvimento Regional e Turismo
Desenvolvimento regional
(PSB) (PP)
(PP)
Justiça Constituição e Justiça e de Cidadania Constituição, Justiça e Cidadania
(PT) (PT) (PMDB)
Meio Ambiente e Desenvolvimento Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e
Meio Ambiente
Sustentável Fiscalização e Controle
(S.F.P)
(PDT) (PSB)
Minas e Energia Minas e Energia Serviços de Infraestrutura
(PMDB) (PT) (PSDB)
Planejamento, Orçamento e Desenvolvimento Econômico, Indústria e
Assuntos Econômicos
Gestão Comércio
(PT)
(PT) (PR)
Previdência Social Seguridade Social e Família Assuntos Sociais
(PMDB) (PMDB) (DEM)
Relações Exteriores Relações Exteriores e de Defesa Nacional Relações Exteriores e Defesa Nacional
(S.F.P) (PSDB) (PTB)
Saúde Seguridade Social e Família Assuntos Sociais
(PT) (PMDB) (DEM)
Trabalho, de Administração e Serviço
Trabalho e Emprego Assuntos Sociais
Público
(PDT) (DEM)
(PTB)
Transportes Viação e Transportes Serviços de Infraestrutura
(PR) (PMDB) (PSDB)
Turismo Turismo e Desporto Desenvolvimento Regional e Turismo
(PMDB) (PSB) (PP)
Políticas para as mulheres Direitos Humanos e Minorias Direitos Humanos e Legislação Participativa
(PT) (PCdoB) (PT)
Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Pesca e Aquicultura Agricultura e Reforma Agrária
Desenvolvimento Rural
(PT) (PDT)
(DEM)
Especial de Direitos
Direitos Humanos e Minorias Direitos Humanos e Legislação Participativa
Humanos
(PCdoB) (PT)
(PT)
Política de Promoção de
Direitos Humanos e Minorias Direitos Humanos e Legislação Participativa
Igualdade Racial
(PCdoB) (PT)
(PT)
Especial de Portos Viação e Transportes Serviços de Infraestrutura
(PSB) (PMDB) (PSDB)
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Com exceção das pastas não relacionadas a temas substantivos (Casa Civil,
Relações Institucionais, Secretaria Geral, Assuntos Estratégicos, Comunicações
Sociais e Gabinete de Segurança Institucional), são 29 o número de ministérios
que são fiscalizados pelas Comissões. Na Câmara dos Deputados, há 20
comissões permanentes e, atualmente, 6 comissões temporárias. Das
permanentes, duas delas não se relacionam diretamente a nenhum ministério
(Defesa do Consumidor e Legislação Participativa), fazendo com que haja na
média 1,6 ministério por Comissão Permanente na Câmara dos Deputados. No
Senado, esse número é ainda maior; com apenas 11 comissões permanentes, há
2,6 ministérios por comissão. O grande número de ministérios a ser
acompanhado por cada comissão dificulta o controle e a fiscalização que os
parlamentares devem exercer. Porém, deve-se ressaltar, que dentro de cada
comissão há subcomissões, as quais, atualmente, são 30 apenas no Senado. Há
inclusive um projeto de resolução do Senador Walter Pinheiro (PT/BA) para que
se limite a duas as subcomissões possíveis dentro de cada comissão.
De acordo com Santos & Almeida (2005), a teoria informacional indica que
um ator político moderadamente contrário a uma proposição legislativa será mais
informativo do que um extremamente contrário, favorável ou neutro. Levando
esse raciocínio para as comissões, a seleção de presidentes das comissões de
legisladores da oposição poderia sugerir agentes políticos com maior capacidade
de fiscalizarem o governo. Contudo, apenas 30% das comissões da Câmara dos
Deputados são controladas por partidos da oposição, enquanto que no Senado tal
percentual é de 18%. Como se pode observar na Figura 6, são presididos por
deputados oposicionistas as seguintes comissões: Relações Exteriores, Segurança
Pública e Combate ao Crime Organizado, Ciência e Tecnologia e a de Agricultura e
Pecuária. Já no Senado, são controladas pela oposição as comissões de Assuntos
Sociais e a de Serviços de Infraestrutura.
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até agora e provavelmente deve ser beneficiado nos cargos de segundo escalão.
Além disso, o governo, atualmente, detém maioria absoluta no Senado. Nesse
sentido, é de se esperar que um dos principais focos de resistência da oposição
deixe de ser, no Senado, a CRE e passe para as comissões de Infraestrutura e
Assuntos Sociais. Sobretudo para a Comissão de Infraestrutura, porque é nela
que são discutidos alguns dos projetos prioritários de governo Dilma, como o
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as obras para as Olimpíadas e
Copa do Mundo que serão sediadas no Brasil.
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maior aproximação comercial com os Estados Unidos e com a China, como ficou
claro com a visita do Presidente Barack Obama ao Brasil e com a ida de Dilma à
China. Esses eram dois pontos que mais encontravam resistência da oposição
durante o governo Lula: a postura do Brasil em relação aos direitos humanos no
Irã e a prioridade para as relações comerciais Sul-Sul em detrimento das grandes
potências, como os Estados Unidos. Contudo, no que tange à política de
fortalecimento à integração regional, o governo ainda deve enfrentar resistência
da oposição, como vem ocorrendo com a revisão do Tratado de Itaipu.
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5. Referências
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