NECESSÁRIA
Resumo
O presente texto objetiva expor as reflexões e as ações sobre a avaliação da
aprendizagem escolar, realizadas no Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE, 2008/2009. Trata-se de um programa de Formação
Continuada dos professores da rede pública estadual do Paraná. Entende-se
que a partir dos anos 1990 as reformas educacionais incidiram sobre o trabalho
pedagógico - com novas formas de ensinar e avaliar. As mudanças em curso
exigiram novos procedimentos de avaliação, o que implicou em mudanças nos
métodos e instrumentos de observação e registro. Repercutiu no trabalho dos
profissionais que atuam na escola, demandando novas exigências, alterando
rotinas e hierarquias. Assim, tendo como ponto de partida a concretude escolar
do processo ensino-aprendizagem realizou-se no período citado reflexões,
estudos, produção de material didático e intervenção na realidade escolar.
Buscou-se compreender a avaliação da aprendizagem escolar em suas
dimensões teórico-práticas. Abordou-se o objeto de estudo em articulação com
o contexto mais amplo da sociedade. Concluiu-se que a avaliação da
aprendizagem e recuperação de estudos não se constituem separadas do
processo ensino e aprendizagem, necessitam vincular-se ao projeto Político-
Pedagógico e ao Plano de Trabalho Docente. Implica em definições coletivas
de trabalho e ampliação de espaços de estudos e reflexões, caminho possível
de transformação de práticas de avaliação em processos que propiciem a
aprendizagem.
Abstract
This present article aims to explain the reflection and actions about the school,
learning evaluation held in Educational Development Program - PDE,
2008/2009. This is a program of continuing education to the teachers from
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Professora QPM da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná, formada em Letras –
Português/Inglês e suas respectivas Literaturas pela FECILCAM em 1992, com Especialização
em Educação Especial pela FACINTER no ano de 2001. Atuou com Séries Iniciais do Ensino
Fundamental de 1985 a 1996 e no Ensino Fundamental e Médio desde o ano de 1993.
Atualmente é integrante da Equipe Pedagógica do NRE de Goioerê. No Programa de
Capacitação do Estado Paraná, desenvolveu este trabalho na Disciplina de Gestão Escolar
com orientação de Eliana Cláudia Navarro Koepsel, professora do Departamento em
Fundamentos da educação - DFE - UEM.
1
Public School in the State of Paraná. Understanding that from the 1990
educational reforms focused on the pedagogical work - with new ways to teach
and assess. The changes demanded new evaluation procedures, which
resulted in changes in methods and tools of observation and recording.
Reflected in the work of professionals who work at school, demanding new
requirements, changing routines and hierarchies. Thus, taking as its starting
point the school concrete of teaching-learning process took place during the
mentioned period reflections, studies, production of a didactic materials and
intervention in the school reality. We tried to undersdand the school learning
evaluation in its theoretical and practical dimensions. Dealing with the subject of
study in conjunction with the broader context of society. Concluded that the
learning evaluation and retrieval of studies do not constitute separate from the
teaching and learning process but they need to be bound by the Political-
Pedagogical Project and the Work Plan Teacher. Implies in collective definitions
of work and enlargement opportunities for studies and reflection, possible way
of turning evaluation practices into processes that favor learning.
Introdução
A rede pública educacional do Estadual do Paraná possui um programa de
Formação Continuada para os professores, trata-se do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE. As reflexões aqui expostas resultam do
processo de estudos realizados nesse programa no PDE, no período
2008/2009. Constituíram em ações desse programa reflexões, estudos,
produção de material didático e intervenção na realidade escolar, sobre a
avaliação da aprendizagem escolar.
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O termo em estudo vincula-se ao processo educativo escolar. Por decorrência,
não pode ser abordado a partir de experiências individuais ou apenas no
aspecto técnico, implica em compreendê-lo no seu contexto histórico-social e a
partir da teoria em que se fundamenta. Por isso, entende-se complexo. Tal
constatação levou a algumas indagações: o que é avaliação da aprendizagem?
Qual o amparo legal da avaliação escolar? Por que práticas e discursos não
coincidem? O que já se publicou sobre a avaliação da aprendizagem? Qual o
caminho para a mudança da prática de avaliação usual?
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Portanto no referido período “[...] a avaliação, só poderia servir para manter a
sociedade considerada ideal, a mais perfeita.” Pois a desigualdade entre os
homens era considerada normal (pensava-se que uns nasciam para pensar e
outros para serem escravos).(NAGEL, 1985)
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Socioculturais ou Histórico-Crítica – como denomina outros autores. (Luckesi,
2005).
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Diante do exposto, compreende-se que a avaliação da aprendizagem se
articula condicionada ao momento histórico-social, portanto, às condições de
existência material dos homens. A transformação da prática não se daria pelo
domínio ampliado ou acesso a técnicas, ao mesmo tempo, não depende
apenas da vontade individual.
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que a avaliação para cumprir sua finalidade educativa, “deverá ser contínua,
permanente e cumulativa.” (grifo nosso) (PARANÁ, 1992, p.2)
Mendez (2002) afirma que a avaliação deve ser formativa e estar sempre a
serviço da prática para melhorá-la, e também a serviço dos envolvidos,
constituindo assim um processo contínuo e integrado ao currículo, conforme
segue:
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didaticamente, percebendo os progressos reais de quem está aprendendo,
quais as dificuldades que encontra e o modo de superá-las. (grifo nosso)
(MENDEZ, 2002, p. 78).
Para que isto ocorra, sugere que “tecnicamente, ao planejar suas atividades de
ensino, o professor estabeleça previamente o mínimo necessário a ser
aprendido efetivamente pelo aluno.” Salienta que alguns alunos ultrapassarão
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os mínimos exigidos, porém, “ninguém deverá ficar sem as condições mínimas
necessárias de competência para a convivência social.” (LUCKESI, 2005 p. 45)
Como ela mesma explica, numa perspectiva mais ampla, a avaliação formativa
buscaria “compreender o funcionamento cognitivo do aluno em face da tarefa
proposta.” E ainda: “Os “erros” do aluno constituem objeto de estudo particular,
visto que são reveladores da natureza das representações ou das estratégias
elaboradas por ele.” No que diz respeito à Recuperação de Estudos, perante a
avaliação formativa, a autora afirma que: “A finalidade da recuperação
pedagógica será ajudar o aluno a descobrir aspectos pertinentes da tarefa e
comprometer-se na construção de uma estratégia mais adequada”
(DEPRESBÍTERES, 2005, p. 67)
Para esse autor é possível imaginar que um dia não haverá mais nota ou
reprovação na escola, porém certamente “haverá a necessidade de
continuar existindo a avaliação”, pois, há a necessidade de se “acompanhar
o desenvolvimento e ajudá-los em suas eventuais dificuldades.”
( VASCONCELLOS, 2005, p. 54)
Para o autor, o maior sentido da avaliação é: “[...] avaliar para que os alunos
aprendam mais e melhor.” ( VASCONCELLOS, 2005, p. 57).
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se pauta por uma “pedagogia do exame”. Se os alunos estão
indo bem nas provas e obtêm boas notas, o mais vai [...]
(LUCKESI, 2005, p. 20)
Para Nagel (1985), a avaliação começa dentro da escola, sobre o mundo fora
da escola. E para que a avaliação escolar se efetive realmente, o professor
deve se perguntar o que sabe sobre o mundo dos homens fora da escola e se
perguntar também, o que anda avaliando. A autora confirma que:
E, ainda que,
Para Vasconcellos, não se pode deixar cair no voluntarismo: “achar que tudo é
uma questão de boa vontade, que depende de cada um; se cada um fizer a
sua parte, o problema se resolve.” Ou cair no determinismo: “achar que não dá
para fazer nada, pois o problema é estrutural, é do sistema; enquanto não
mudar o sistema, não adianta.” (VASCONCELLOS, 2005, p. 24)
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conhecimento e as quais atitudes são adotadas diante dele. “O conhecimento
deve ser o referencial teórico que dá sentido global ao processo de realizar
uma avaliação, podendo diferir segundo a concepção teórica que guia a
avaliação”. (MENDEZ, 2002, p.29).
Segundo Luckesi, para que a avaliação educacional consiga assumir seu papel
de instrumento dialético de diagnóstico para o crescimento “terá de situar e
estar a serviço de uma pedagogia que esteja preocupada com a transformação
social e não com a sua conservação.” (LUCKESI, 2005, p. 42).
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A autora também escreve que não existem receitas prontas, que possam
promover a formação ampla do aluno, porém faz uma alerta comum: “educação
é processo, avaliar esse processo é dever das instituições; ganhar espaços,
gerar mudanças, promover melhorias deve fazer parte integrante da
consciência do educador.” (DEPRESBÍTERES, 2005, p. 76).
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sustentam. No processo de estudo construiu-se o que se convencionou chamar
Material Didático Pedagógico – Unidade Temática - intitulado “Avaliação da
Aprendizagem Escolar: uma análise necessária”, registro dos estudos
realizados e suporte para estudos com professores e gestores da Rede
Estadual de Ensino no intuito de que o objeto de estudo em questão fosse
discutido e refletido visando a melhoria da prática pedagógica.
O curso foi organizado em 32 horas, no primeiro semestre de 2009. Os estudos
estruturaram-se em torno de alguns eixos: a relação entre sociedade, escola e
avaliação da aprendizagem escolar; os aspectos normativos e conceituais da
avaliação e as possibilidades de mudanças na prática avaliativa escolar. Para
essa tarefa utilizou-se o material didático produzido.
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ocorrerão no âmbito escolar de maneira lenta – um passo de cada vez –
porém, não impossível de ser realizada.
Considerações Finais
Após os estudos e reflexões, juntamente com os professores e gestores,
constatou-se que a avaliação da aprendizagem e a consequente recuperação
de estudos não devem ser separadas do processo ensino e aprendizagem, e
sim, precisam estar vinculadas ao projeto Político-Pedagógico e ao Plano de
Trabalho Docente. Depreende-se que as mudanças não acontecem de uma
vez; é necessário que se pense coletivamente como transformar as práticas de
avaliação em um processo que propicie a aprendizagem.
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proporcione discussão, proposição e materialização de um projeto político-
pedagógico coletivamente pactuado.
Referências bibliográficas
BRASIL – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 9394/96.
DEPRESBÍTERES, Lea. Avaliação da Aprendizagem – Revendo Conceitos
e Posições, in Avaliação do Rendimento Escolar, (Org. SOUZA, Clarilza
Prado), Campinas, SP. 13ª ed. Papirus Editora, 2005.
LIMA, Elvira Souza. Avaliação na Escola. São Paulo, SP: Sobradinho 107
Ltda ME, 2003.
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