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Zinco, imunidade, nutrição e exercício

ARTIGOS ORIGINAIS

Zinco, Imunidade, Nutrição e Exercício


Zinc, Immunity, Nutrition and Exercise

Patrícia Mendes Peres 1, Resumo


Josely Correa Koury2
Estudos têm observado os efeitos do exercício e do treinamento
1- Nutricionista. Instituto de Nutrição, Curso sobre o sistema imune de atletas de elite, os quais apresentam
de Especialização em Nutrição e Atividade grande incidência de infecções durante períodos de treinamento
Física – Universidade do Estado do Rio de intenso e prolongado. Os mecanismos fisiológicos responsáveis
Janeiro.
pelas alterações sobre o sistema imune induzido pelo exercício
2- Professora Adjunta. Instituto de Nutrição,
Departamento de Nutrição Básica e são influenciados pelo aumento da concentração de catecolaminas
Experimental – Universidade do Estado do e glicocorticóides no plasma. O exercício tem grande efeito so-
Rio de Janeiro bre o metabolismo de zinco, através da mobilização dos esto-
ques corporais e da excreção aumentada desse mineral, fato que
Autor para correspondência: JC KOURY pode influenciar o sistema imunológico que é dependente de
e-mail jckoury@gmail.com zinco, sendo este um co-fator de mais de 300 enzimas. Atletas
Telefone: (21) 2587-7218 que restringem ingestão dietética podem exacerbar os efeitos
Endereço: Universidade do Estado do Rio de
do exercício sobre a homeostase de zinco. A suplementação pode
Janeiro (UERJ) –
Rua: São Francisco Xavier, n° 524, sala ser benéfica em situações de exercício intenso e prolongado.
12032 D, 12° andar Porém, dosagens elevadas, acima das recomendadas internacio-
Maracanã, CEP: 20550-013 nalmente – Dietary Reference Intakes (DRI) – têm acarretado efei-
tos adversos. Poucos estudos têm verificado os efeitos da
suplementação de zinco sobre o sistema imunológico de atletas.
Este trabalho de revisão tem por objetivo destacar a importância
biológica e nutricional do zinco sobre o sistema imune afetado
pelo exercício intenso.

Termos de indexação: zinco, imunossupressão, suplementação, atletas,


nutrição.

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CERES : NUTRIÇÃO & SAÚDE

Abstract
The studies carried out on the effects on the immune system of
exercise and training have shown high incidence of infections in
elite athletes during intense and prolonged training periods. The
physiological mechanisms that cause changes in the immune
system as a result of exercise are affected by the increase in plas-
ma catecholamines and glucocorticoids. Zinc is a cofactor of over
300 enzymes, and is necessary for several cellular processes. Zinc
has an intense effect on the immune system. Exercise largely
affects zinc metabolism by altering body levels and the increased
excretion of this mineral. The effects of exercise on zinc
homeostasis may be intensified in those athletes with restricted
dietary intake. Supplementary intake of zinc may have a positive
effect in the case of intense and prolonged training periods.
However, intakes well above the Dietary Reference Intakes (DRI)
have shown adverse effects. Few studies have confirmed the effects
of a supplementary intake of zinc on the athletes’ immune systems.
This paper reviews the biological and nutritional significance of
zinc in the immune system affected by intense physical activity.

Index terms: immunosuppression, supplementation, athletes, and nutrition.

Introdução to-traço essencial para o desenvolvimento


normal e função de células imunes, tais
Evidências epidemiológicas demons- como os neutrófilos e as células natural killer,
tram que o exercício moderado aumenta para as funções de linfócitos T e produção
a resistência às infecções, enquanto que o de citocinas (Shankar e Prasad, 1998).
treinamento intenso pode induzir à
O exercício intenso e prolongado, prin-
imunossupressão e aumentar o risco de
cipalmente quando realizado em ambien-
infecções em atletas (Pedersen e Toft,
te quente, pode afetar o metabolismo do
2000). Os mecanismos pelos quais o exer-
zinco devido ao aumento de sua excreção
cício afeta a imunidade são desencadeados
pelo suor e urina. Este efeito pode ser
por alterações bioquímicas e fisiológicas
maior em atletas que seguem padrões rí-
que envolvem fatores neuroendócrinos
gidos de manutenção de peso e fazem uso
(Cordova e Alvarez-Mon, 1995).
crônico de dieta inadequada em zinco
O efeito do zinco sobre marcadores da (Ganapathy e Volpe, 1999). A ingestão ele-
imunidade tem sido estudado por várias vada de suplementos nutricionais que con-
décadas (Pedersen e Toft, 2000; Cordova e têm zinco leva ao consumo de doses supe-
Alvarez-Mon, 1995). O zinco é um elemen- riores à recomendada internacionalmente

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(Dietary Reference Intake/DRI) e pode causar 2000; Cordova e Alvarez-Mon, 1995;


danos à saúde, prejudicando o metabolis- Shankar e Prasad, 1998) Várias doenças
mo de ferro e cobre, e com isso limitar a associadas à resposta imune são caracteri-
participação do cobre no sistema imune. zadas pela hipozincemia ou por sua defi-
ciência marginal (Rink e Kirchner, 2000).
Poucos estudos relacionam a
Em indivíduos hipozincêmicos foram ob-
suplementação de zinco à resposta
servadas depressão na imunidade, altera-
imunológica em atletas. A quantidade óti-
ção no paladar e no olfato, diminuição da
ma de ingestão de zinco para minimizar
memória e espermatogênese prejudicada
os efeitos do exercício sobre o sistema
(Zalewski, 1996).
imunológico durante o treinamento inten-
so e prolongado ainda não foi estabelecida. O zinco exerce efeito direto na produ-
O conhecimento da relação entre exercí- ção, maturação e função dos leucócitos
cio e imunidade é necessário para melho- (Mocchegiani et al., 2000). A influência do
rar as prescrições de dietas e de suplemen- zinco sobre o sistema imune foi demons-
tos que reduzam a incidência de infecções trada a partir de estudos com ratos defici-
que possam comprometer o desempenho entes em zinco, o que levou à redução dos
do atleta. Este trabalho de revisão níveis do hormônio tímico, a timulina
objetivou destacar a importância biológi- (Fraker, 1978).
ca e nutricional do zinco sobre o sistema
O zinco afeta o sistema imune através de
imune afetado pelo exercício intenso.
diferentes mecanismos, pois exerce papel
extenso sobre a estabilidade da membrana
Zinco e o sistema imune dos linfócitos, assim como sobre diferentes
enzimas. Influi diretamente sobre as células
Nos últimos 25 anos, têm avançado os
imunes, aumentando a atividade das enzimas
estudos sobre as funções do zinco, que
DNA e RNA poli-merase, que são requeridas
desempenha várias funções biológicas
para replicação e transcrição de DNA, além
(Shankar e Prasad, 1998). Ele é co-fator
da timidina quinase e ornitina descar-
de mais de 300 enzimas (shankar e Prasad,
boxilase. Na membrana dos linfócitos tam-
1998) necessárias para o crescimento e de-
bém existem enzimas dependentes de zin-
senvolvimento normais, síntese de DNA,
co, tais como nucleosídeo fosforilase e pro-
imunidade, funções neurosensoriais e
teína C quinase. O zinco mantém a estabili-
antioxidantes, além de outros processos
dade da membrana celular, competindo com
celulares importantes (Wood, 2000).
os grupamentos tiol, prevenindo a lesão
Nas duas últimas décadas, diversos es- peroxidativa, protegendo a célula do estresse
tudos evidenciaram os efeitos do zinco oxidativo induzido pelas citocinas no pro-
sobre a função imune, resistência a doen- cesso pró-inflamatório (Mocchegiani et al.,
ças e melhoria da saúde (Pedersen e Toft, 2000; Koury e Donangelo, 2003).

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No sistema complemento, as células to de infecções no trato respiratório


fagocíticas (neutrófilos e macrófagos) e as (Nieman e Pedersen, 1999). O exercício
células natural killer, constituem a primeira extenuante induz à diminuição na concen-
linha de defesa do corpo e são conhecidos tração de linfócitos, o que prejudica a imu-
como “resposta imune celular não-especí- nidade natural. Além disso, são encontra-
fica” (Bonham et al., 2002). Esses media- dos baixos níveis de imunoglobulina A na
dores são afetados pelo zinco durante sua saliva (Zalewski, 1996).
deficiência em animais e humanos (Fraker,
Os mecanismos associados ao exercício
1978; Singh et al., 1993).
que induzem alterações imunes são
A “resposta imune celular específica” multifatoriais e incluem fatores neuroen-
inclui o sistema de linfócitos T e B. Estas dócrinos, tais como a adrenalina, a
células são responsáveis pela síntese de noradrenalina, o hormônio de crescimento
anticorpos, pelo estabelecimento de resis- e o cortisol (Nieman e Pedersen, 1999).
tência ao microorganismo invasor e mor- Exercício intenso com VO 2 máximo aci-
te dos microorganismos (Bonham et al., ma de 60%, geralmente ativa os sistemas
2002). Prasad (1998) demonstrou que a endócrinos simpático-adrenal e pituitário-
função das células T foi afetada em huma- adrenocortical, acarretando aumento dos
nos com deficiência moderada de zinco. hormônios imunomodulatórios no plasma
As funções dos linfócitos T, tais como (Zalewski, 1996). A adrenalina e, em me-
hipersensibilidade retardada e atividade nor grau, a noradrenalina, são responsá-
citotóxica, são suprimidas durante a defi- veis pelo efeito do exercício agudo na di-
ciência de zinco, mas restauradas pela nâmica e função dos linfócitos, incluindo
suplementação (Chandra, 1990). A parti- efeitos na atividade de células natural killer
cipação do zinco na resposta imune celu- (Nieman e Pedersen, 1999).
lar específica é realizada através do seu
As alterações na distribuição e função
papel na expansão clonal de linfócitos
das células imunes em resposta ao exercí-
(Shankar e Prasad, 1998), pela inibição da
cio agudo são moderadas e transitórias,
apoptose (Zalewski, 1996) e pela manuten-
sendo restauradas em poucas horas.
ção da integridade da membrana celular,
Nieman et al. (1991) demonstraram a asso-
através da ligação do zinco ao grupamento
ciação entre 6 a 15 semanas de caminhada
tiol (King e Keen, 2003).
com: a presença de sintomas de infecção
no trato respiratório por poucos dias, o
Exercício e imunidade aumento da atividade de células natural
Evidências epidemiológicas sustentam killer e elevação dos níveis de
a idéia de que o exercício regular aumen- imunoglobulina sérica. Esses resultados
ta a resistência às infecções, porém o trei- confirmam o fato de o exercício modera-
namento intenso está associado ao aumen- do ter efeito benéfico sobre a imunidade.

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Após exercício extenuante, a quantida- Zinco, exercício e nutrição


de de linfócitos declina para níveis inferi-
ores aos basais, enquanto que a concentra- O zinco é distribuído por todo o orga-
ção de neutrófilos aumenta e os níveis de nismo, sendo que 85% estão no músculo
imunoglobulina A reduzem. Há um au- esquelético e ossos e 0,1% no plasma. Em
mento acentuado em citocinas pro-infla- humanos, a concentração plasmática de
matórias e antiinflamatórias. Todos esses zinco é mantida sem alterações notáveis
fatores levam à resposta inflamatória du- quando a ingestão é restrita ou aumenta-
rante exercício extenuante (Pedersen e da, diferentemente do que ocorre em ca-
Toft, 2000). Peters e Bateman (1983) estu- sos de deficiência grave e prolongada (King
daram 150 corredores de ultramaratona e e Keen, 2003).
demonstraram que a incidência de infec- Estados brandos a marginais de defici-
ção respiratória nos primeiros 14 dias foi ência são dificilmente detectados, pois não
significativamente maior naqueles corre- são observados aspectos clínicos específi-
dores que tiveram um programa de trei- cos da depleção de zinco (King e Keen,
namento pré-corrida mais intenso e cor- 2003). Atletas que restringem ingestão
reram por mais tempo. dietética global e conseqüentemente, zin-
Nieman et al. (1990) estudaram 2.311 co dietético, podem exacerbar os efeitos do
corredores, de ambos os gêneros, que par- exercício sobre o estado nutricional deste
ticiparam da Maratona de Los Angeles mineral. Reduzida ingestão dietética de
(1990). Os resultados demonstraram que zinco combinada com grande desprendi-
os corredores que percorreram longa dis- mento de energia em indivíduos envolvi-
tância (> 97 Km por semana) apresenta- dos em atividade física pode resultar em
ram maior risco de infecções do que aque- maior susceptibilidade à deficiência de zin-
les que correram quilometragem inferior co (Ganapathy e Volpe, 1999).
(< 32 Km por semana). Verde et al. (1992) A mobilização dos estoques de zinco
demonstraram que, após três semanas de corporal ocorre em condições de estresse,
treinamento pesado, corredores apresen- tais como infecção, inflamação e exercício
taram reduzida habilidade de resposta dos intenso de longa duração (Cordova e
linfócitos. Alvarez-Mon, 1995; ANDERSON et al.,
A partir das observações realizadas por 1984; Koury e Donangelo, 2003; Koury et
diferentes autores, pode-se afirmar que o al., 2004). Bordin et al. (1993) demonstra-
exercício físico extenuante é capaz de pre- ram aumento nas concentrações de zinco
judicar o sistema imune, enquanto que plasmático após exercício; Anderson et al.
exercício moderado e freqüente pode me- (1995) não observaram alterações imedia-
lhorar o quadro imunológico. tamente após o exercício, mas o efeito foi
notado várias horas após o exercício.

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Córdova e Alvarez-Mon (1995) demonstra- da função imune, em atletas, ainda não


ram que a concentração plasmática de zin- foram verificadas em estudos longitudinais
co foi significativamente aumentada du- (Peake et al., 2003) A suplementação de zin-
rante exercício extenuante em ratos. A co tem sido recomendada para restaurar a
magnitude do aumento dos níveis função imune em humanos (Shankar e
plasmáticos de zinco seguido de exercício Prasad, 1998). Porém, poucos estudos re-
intenso não deve ser considerada uma sim- lacionam a suplementação de zinco com a
ples conseqüência da hemoconcentração. resposta imune em atletas (Shankar e
O aumento do zinco plasmático também Prasad, 1998; Peake et al., 2003; Chandra,
pode ser resultado do catabolismo muscu- 1984).
lar com liberação de zinco no fluido
O zinco é amplamente encontrado em
extracelular (Cordova e Alvarez-Mon,
alimentos de origem animal, ligado às pro-
1995; Koury et al., 2004).
teínas. Nozes e leguminosas são conside-
A depleção de zinco pode ocorrer em radas fontes relativamente boas de zinco,
atletas, já que o treinamento intenso au- cereais são fontes pobres deste mineral. A
menta a perda de zinco pelo suor e pela recomendação dietética diária de zinco
urina (Anderson et al., 1984). Singh et al. para adultos é de 8 mg.d-1 para mulheres
(1993) verificaram que corredores têm e 11 mg.d -1 para homens. Os níveis de
menor nível de zinco plasmático do que ingestão toleráveis para adultos são de 40
sedentários. A intensidade e duração do mg.d-1, valor baseado na redução da ativi-
exercício influenciam na quantidade de dade da enzima cobre-zinco superóxido
zinco no suor. A excreção aumentada de dismutase (Institute of Medicine, 2001). A
zinco pelo suor durante o exercício coin- dosagem para reverter deficiência de zin-
cide com a redução moderada do zinco co deve ser adaptada às recomendações
circulante e pode ser interpretada como atuais, para evitar efeitos negativos sobre
redistribuição de zinco corporal o sistema imune (Rink e Kirchner, 2000).
(Ganapathy e Volpe, 1999; Koury et al.,
Koury et al. (2004), estudando atletas
2004). O aumento do catabolismo muscu-
de elite de diferentes modalidades espor-
lar observado em atletas treinados por lon-
tivas (corredores de curta e longa distan-
go período pode estar associado a um au-
cia, triatletas e nadadores) observaram con-
mento das perdas urinárias, já que a quan-
sumo médio adequado de zinco e cobre e
tidade de zinco excretada na urina é sig-
não encontraram sinais de inflamação atra-
nificativamente correlacionada com o vo-
vés da contagem de leucócitos. No mesmo
lume urinário e a excreção de creatinina
estudo, foram encontradas relações nega-
(Ganapathy e Volpe, 1999).
tivas entre zinco plasmático com contagem
Alteração na concentração de zinco de leucócitos (r= - 0,50; r<0,01) e basófilos
plasmático e sua relação com marcadores (r= - 0,77;r=<0,01), demonstrando a pos-

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sível a mobilização de zinco plasmático cobre causada pela competição entre esses
para síntese celular (resultados não publi- elementos-traço durante a absorção intes-
cados). tinal. A alta ingestão de zinco induz sínte-
se de metalotioneína na célula mucosa, a
O exercício físico pode induzir a
qual seqüestra cobre, tornando-o indispo-
hipozincemia, aumentando a necessidade
nível para transferência serosa, e assim
diária de zinco (Ganapathy e Volpe, 1999),
diminui a absorção do cobre (Chandra,
porém a ingestão excessiva de zinco tem
1990; Koury e Donangelo, 2003). Este
sido causa de efeitos adversos (Bonham et
metal parece ser também essencial para a
al., 2002). Koury et al. (2003) demonstra-
manutenção da função imune, já que
ram em um nadador de elite aumento sig-
marcadores imunológicos específicos são
nificativo na atividade da enzima cobre-
alterados na deficiência de cobre. A im-
zinco superóxido dismutase, concentração
portância de sua deficiência sobre o siste-
da metalotioneína e zinco nos eritrócitos
ma imune é similar à influência imunos-
após sete meses de suplementação com 22
supressora da deficiência marginal e mo-
mg de gluconato de zinco e ingestão
derada de outros elementos, tais como fer-
dietética de 20 mg.d- 1. Embora, os indica-
ro e zinco (Bonham et al., 2002).
dores de zinco tenham sido afetados pela
suplementação, não foram observadas al- O consumo em longo prazo de suple-
terações na contagem de leucócitos (resul- mentos de zinco excedendo 150 mg.d- 1
tados não publicados). Ficou demonstra- resultou em baixas concentrações séricas
do que a suplementação com gluconato de de HDL-colesterol, erosão gástrica e fun-
zinco (22 mg) é capaz de alterar os indica- ção imune deprimida (Fosmire, 1990).
dores de proteção antioxidante zinco-de- Chandra (1984) demonstrou que a ingestão
pendente dos eritrócitos, mas não altera o de 300 mg.d -1 de zinco suplementar por
perfil imunológico. As metaloproteínas, seis semanas causou resposta imune pre-
cobre-zinco superóxido dismutase e meta- judicada, bem como um decréscimo sig-
lotioneína são sensíveis ao impacto gera- nificativo na concentração de HDL-
do durante o movimento (Koury et al., colesterol. A suplementação de zinco na
2003), fato que sugere que atletas de moda- dosagem inferior a 50 mg.d-1 não resultou
lidades de elevado impacto, como corrida em deficiência de cobre e não afetou o
e triatlo, podem apresentar maior necessi- metabolismo lipoprotéico (Hackman e
dade de suplementação de zinco do que Keen, 1986).
atletas de modalidades de baixo impacto,
Peake et al. (2003) estudaram a relação
como natação, ciclismo, entre outras.
entre concentração de zinco plasmático,
A principal conseqüência da ingestão quantidade de leucócitos e proliferação de
elevada de zinco (50 mg) em longo prazo linfócitos em corredores durante o perío-
é a indução de deficiência secundária de do de treinamento intensivo por quatro

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semanas e demonstraram que os atletas Conclusão


apresentaram concentração de zinco
plasmático significativamente menor do O zinco tem papel essencial na manu-
que os não-atletas. No entanto, a concen- tenção da imuno-resistência através de
tração de zinco plasmático foi inalterada mecanismos diretos e indiretos, que foram
em resposta ao treinamento aumentado, demonstrados principalmente a partir de
mantendo fraca correlação com os marca- estudos em animais e humanos
dores do sistema imune. Este fato pode ser hipozincêmicos ou com deficiência mar-
explicado pela ausência de deficiência de ginal de zinco. Em condições de estresse,
zinco e possivelmente por esta razão, a como promovido pelo exercício físico in-
proliferação e formação das células imu- tenso, ocorrem alterações na concentração
nes não foram afetadas. Além disso, o au- de zinco plasmático, o que não pode ser
mento do volume do exercício pode ter interpretado como deficiência nutricional
sido inadequado para afetar o metabolis- de zinco. A suplementação de zinco pode
mo de zinco e das células imunes. ser benéfica em situações de treinamento
intenso e prolongado, com o objetivo de
Bonham et al. (2003) investigaram o efei-
minimizar os efeitos do exercício. No en-
to da suplementação de 30 mg.d-1 de zinco
tanto, a suplementação deve ser bem su-
por 14 semanas e de 3 mg.d -1 de cobre por
pervisionada e não podem ser recomen-
oito semanas sobre o sistema imune de
dadas doses excessivas (acima de 40 mg.d -
homens adultos saudáveis e não verifica- 1
) por período prolongado, o que tem acar-
ram efeitos adversos sobre a contagem de
retado efeitos adversos sobre a imunida-
leucócitos, a subsérie de linfócitos, a ativi-
de, o estado de cobre e o metabolismo de
dade da ceruloplasmina oxidase, a concen-
lipoproteína de alta densidade, prejudi-
tração da ceruloplasmina sérica e a ativi-
cando o desempenho físico e a qualidade
dade da cobre-zinco superóxido dismu-
de vida de atletas.
tase. Demonstraram, assim, que a razão
zinco:cobre utilizada na suplementação
não alterou o estado nutricional de cobre.
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