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O documento discute diversas concepções sobre o aborto. Aborda definições de aborto na legislação e em campos como medicina e direito. Também apresenta diferentes pontos de vista sobre o período gestacional em que o aborto pode ocorrer legalmente e as circunstâncias sob as quais é permitido.
O documento discute diversas concepções sobre o aborto. Aborda definições de aborto na legislação e em campos como medicina e direito. Também apresenta diferentes pontos de vista sobre o período gestacional em que o aborto pode ocorrer legalmente e as circunstâncias sob as quais é permitido.
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O documento discute diversas concepções sobre o aborto. Aborda definições de aborto na legislação e em campos como medicina e direito. Também apresenta diferentes pontos de vista sobre o período gestacional em que o aborto pode ocorrer legalmente e as circunstâncias sob as quais é permitido.
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A LIBERDADE DE ESCOLHA DA MULHER, EM RELACAO AO SEU
PROPRIO CORPO.
O ABORTO
Diversas são as concepções que definem o campo conceitual sobre o aborto:
“É a interrupção da gestação que há de ser intencional, uma vez que a legislação penal tipifica apenas o aborto na forma dolosa” (LIMA, 2010, p.53). As divergências conceituais são assim comentadas por Mirabete (2006, p. 62): Preferem alguns o termo de abortamento para a designação do ato de abortar, uma vez que a palavra aborto se referiria apenas ao produto da interrupção da gravidez. Outros entendem que o termo aborto é melhor, quer porque está no gênio da língua dar preferências as formas contraídas, quer porque o termo de uso corrente, tanto na linguagem popular como na erudita, quer, por fim, porque nas demais línguas neolatinas, com exceção do francês, diz-se aborto.
Ainda no campo afirmativo da natureza do aborto, busca-se seu sentido
etimológico, remetendo ao significado de “privação do nascimento” (JESUS, 2007, p. 119), enquanto que para Zainaghi (2007, p. 1090) refere-se à “cessação da gravidez por mera liberalidade da mulher, no mais das vezes crime”. No campo da caracterização do ato, coloca-se que: “interrompida a gravidez antes do seu termo normal, há o aborto, qualquer que seja a fase da gravidez (desde a concepção até o início do parto, isto é, até o momento do rompimento da membrana amniótico)” (HUNGRIA, 2006, p. 288). Em relação à delimitação do momento em que se configura o ato, Tandine Neto (2009, p. 129) “Considera-se abortamento a interrupção da gestação até a 20ª semana e ainda pesando menos de 500 g, o produto da concepção eliminado neste processo é denominado aborto”. Sobre o mesmo tema, há discordância quanto a esse período, considerando Burlacchine (2009, p. 34) que o aborto consiste na interrupção da gravidez “até por volta da 20 ou 22 semana, ou seja até o quinto mês de gestação”. Ainda quanto ao período, comenta-se que “O aborto é a morte de uma criança no ventre de sua mãe produzida durante qualquer momento da etapa de vida que vai desde a fecundação (união do óvulo com o espermatozóide) até o momento prévio ao nascimento” (GOMES, 2010, p. 33). Com relação aos agentes responsáveis, o aborto é “a interrupção da gravidez, o que pode acontecer naturalmente ou mediante a intervenção humana” (FUKUNISHI, 2007, p. 1). A perspectiva médico-legal considera o aborto como “a interrupção da prenhez, com a morte do produto, haja ou não expulsão, qualquer que seja o seu estado evolutivo, desde a concepção até o parto” (COELHO; JORGE JÚNIOR, 2008, p. 144). Das leituras e exposições conceituais, observa-se que Lima (2010) se posiciona conceituando aborto, em frente das situações nas quais o direito à vida intra-uterina cede diante dos direitos á saúde e á liberdade de autonomia produtiva da mulher. Caracteriza-se com uma interrupção da gestação, cessamento da vida humana, bem como sua intenção dolosa em cometê-la. Ampliando ainda no sentido mais específico, significa dizer a privação do nascimento. Disso resulta que a vida humana é o mais fundamental de todos os bens jurídicos, uma vez que é a partir dela que existirão todos os outros direitos. Por sua vez Noronha (1991) também define aborto como sendo a interrupção da gravidez, com a destruição do produto da concepção (ovo, embrião ou feto), classificando tal ato como a interrupção da gestação como de forma intencional, uma vez que a legislação penal tipifica apenas o aborto de forma dolosa. Verifica-se divergências quanto ao uso da palavra, pois o termo aborto no âmbito jurídico nem sempre tem o mesmo sentido para outros ramos do conhecimento humano. De modo que no campo científico, há preferência para o termo abortamento, designando o ato de abortar, enquanto que a palavra aborto designa o produto da interrupção da gestação (MIRABETE, 2006). Buscando-se a etimologia da palavra, aborto tem raiz latina, agregando os termos ab, que significa privação, e ortus, nascimento, como explica Jesus (2007). O autor entende que o Direito não pode ser indiferente ou neutro nos debates sobre a afirmação dos direitos fundamentais e da vida humana. A visão do aborto com a interrupção da gravidez reaparece em Burlacchine (2009), situando como problema o crescente conflito entre o direito do concepto e o direito a autonomia reprodutiva da mulher, contrariando o pólo oposto do sistema restritivo e os direitos da mulher sempre sobrepõem- se em detrimento dos direitos do concepto, pois em regra segundo a Constituição de 1988, a regra é a tutela do direito a vida. Somente em situações e circunstâncias específicas prevalecem outros direitos, sempre com base nos princípios de interpretação e aplicação dos direitos fundamentais.