02/mar/2009
1. INTRODUÇÃO
Nacionalmente e sob a ótica acadêmica, o assunto foi pouco explorado, eis que em
São Paulo o uso do sistema de vigilância eletrônica antecede o aprofundamento
teórico. É desta imperfeita anteposição do agir sobre o pensar que nos acena a
importância do tema.
3. PROPOSTAS ACADÊMICAS
Ainda, aclarar sobre as propostas apresentadas nos diversos projetos de lei federal
em tramitação no Congresso Nacional e as inovações destes diante da lei de São
Paulo.
Ainda não destacada com muito valor nas discussões sobre o sistema prisional, esta
forma de vigilância representa para o Estado de São Paulo, em especial por sua
imposição legal (Lei Paulista nº 12.906, de 14 de abril de 2008), algo muito
importante academicamente e, é claro, para a Segurança Pública Estadual, dada a
mobilização de duas Secretarias Estaduais da área: Administração Penitenciária e
Segurança Pública, que ficaram com a obrigação da implantação gradativa do novo
sistema.
Trabalhar neste sentido se faz necessário não somente para que a análise teórica dê
melhores embasamentos para a aplicabilidade do sistema, que está em vias de ser
efetivada (fases de testes pela Secretaria de Estado da Administração
Penitenciária), mas essencialmente para que novas propostas de pretensas
melhorias não levem a cabo verdadeiras boas práticas.
Enfim, mister é dar vazão às novas propostas em relação ao tema, mediante o foco
reintegrador, o que significa gerar propostas para o evitamento dos efeitos
nefastos da utilização, sem precedentes, de formas de controle social/repressão
social em casos em que o uso do monitoramento eletrônico se faz desnecessário.
Diante deste cenário, que não pode ser considerado completamente vazio de
conteúdo, podemos citar o trabalho da Professora Nara Borgo Cypriano Machado,
em sua dissertação de mestrado intitulada “Crise no sistema penitenciário
brasileiro: o monitoramento eletrônico como medida de execução penal”, concluída
na Faculdade de Direito de Campos, no Rio de Janeiro.
Os projetos até agora propostos não contemplam tal hipótese, mas os objetivos de
ressocialização e diminuição de reincidência poderão ser mais facilmente
atingidos se o infrator tiver a oportunidade de participar de programas sócio-
educativos e até mesmo, seguindo o exemplo do Centro de Ressocialização de
Bragança Paulista, participar de terapia comunitária, cuja finalidade é, entre
outras, reduzir a exclusão dos detentos.
Os juristas apontam o uso desta tecnologia no intuito de gerar mais vagas nos
presídios, embora não haja a preocupação de um enfrentamento mais direto e mais
realista do assunto, como imaginar que o déficit de vagas hoje será o mesmo de
amanhã. Mais vagas, mais mandados de prisão podem ser cumpridos. Assim como
os casos dos substitutivos das penas privativas de liberdade e os diversos institutos
e penas alternativas ainda não atingiram a finalidade de diminuição da população
carcerária.
Ainda temos algumas referências de artigos, tais como os que seguem abaixo,
conforme a Professora Nara Machado cita em sua dissertação.
Maria Lúcia Karan escreve sob o ponto de vista do uso desta tecnologia como
controle social, criticando especialmente a invasão de privacidade que poderá gerar
o novo sistema, posição sustentada pela OAB Nacional. [3]
O professor Carlos Eduardo Adriano Japiassú também aborda o tema em artigo que
trata da crise do sistema prisional brasileiro e a experiência da vigilância eletrônica.
Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, Luiz Flávio
Borges D'urso, o monitoramento é importante por trazer a liberdade como
fundamento, evitando-se assim o cárcere, sem contar ainda as capacidades deste
novo sistema em reduzir custos do Estado e ser medida contra a impunidade. [4]
O raciocínio aqui utilizado não foi desenvolvido, diga-se de passagem, para dar
utilidade e fundamentar qualquer forma de manifestação de anomia ou de
abolicionismo do sistema penal. Pelo contrário, ele vem reforçar ainda mais o
resgate da proposta de ressocialização social amplamente divulgada, mas
praticamente utópica, por impropriedade do meio em que se pretende aplicá-la
(prisões). Reintegração social pressupõe sistema penal.
Neste passo, o norte teórico de futuros trabalhos não podem perder de vista o
posicionamento crítico da criminologia para dar a motivação dialética necessária
para a descoberta de possíveis impedimentos que se levantarão em relação à
aplicabilidade do que atualmente se define por reintegração social, diante da
vigilância eletrônica.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
NOTAS E REFERÊNCIAS
[1] REIS, Fábio André Silva. Monitoramento eletrônico de prisioneiros (as): breve
análise comparativa entre as experiências inglesa e sueca. Disponível em:
<www.fabioreis.org> Acesso em 18 jul. 2008.
[5] SÁ, Alvino Augusto de. Algumas ponderações acerca da reintegração social dos
condenados à pena privativa de liberdade. In: SÁ, A.A. Criminologia clínica e
psicologia criminal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007.